Embate de Haddad contra a cúpula do PT vai muito além das aparências

EM ALTA - Haddad: mesmo com a derrota, desempenho foi celebrado por Lula -

Haddad é “criticado” pelo PT porque a economia está bem

José Casado
Veja

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, começou o ano disposto a discutir sua relação com uma parte da cúpula Partido dos Trabalhadores, representada por Gleisi Hoffmann, presidente do partido.

O ministro queixou-se em entrevista ao repórter Alvaro Gribel sobre um jogo partidário no qual os resultados considerados favoráveis na condução da economia são celebrados e atribuídos a Lula. A ele, o planejador, o negociador e o executor, sobram críticas — como a do “austericídio”, novidade no léxico político.

TUDO ERRADO, DIZ O PT – O embate Haddad x Gleisi vai muito além do que aparenta nas declarações públicas. O ministro, por exemplo, acha que a cúpula do seu partido opera com a premissa de que “está tudo errado” na política econômica.

A presidente do PT nega, e alega a preocupação se resume à “política fiscal contracionista”.

Eles não estão mentindo. O grupo petista no comando acredita, sim, que está “tudo errado” na economia. Julga perigoso o empenho de Haddad, ainda que formal, para alcançar um mínimo de equilíbrio nas contas públicas, porque o considera um flerte com a recessão. Como insinua a deputada Gleisi Hoffmann, parte da cúpula do PT suspeita que a política de Haddad seja “contracionista”.

MEDO DA INFLAÇÃO – Idiossincrasias à parte, ambos não têm alternativas. Haddad joga o jogo de Lula, o verdadeiro ministro da Fazenda do governo Lula, que em três mandatos e 34 anos de campanhas presidenciais já viu quase tudo, inclusive governos aleijados pela inflação descontrolada por causa de déficits significativos nas contas públicas.

Gleisi Hoffmann comanda o partido de Lula, o mais organizado do país, mas que, até agora, não conseguiu uma proposta de política econômica coerente e consistente, como alternativa à de Haddad-Lula.

Na crítica pública, ela e os seus trabalham com uma dificuldade extra, inimaginável em outras organizações partidárias: o dogma petista da infalibilidade de Lula. Daí, sobra para Haddad.

APOSENTADORIA DE LULA – Para esse grupo, é oportuno ter e manter Haddad no alvo. O partido começou a debater o “Day after” — na definição do ministro ao repórter Alvaro Gribel — de uma possível aposentadoria de Lula no ofício de candidato permanente do PT à presidência da República. Se isso, algum dia, vier realmente a acontecer.

Pensar sobre essa possibilidade, acha Haddad, “é um desafio”. Grande o suficiente para Gleisi Hoffmann, simplesmente, evitar discuti-lo em arenas públicas.  Até porque, se Haddad conseguir demonstrar que seus críticos no PT estão errados sobre a política econômica, ele será um dos nomes inevitáveis na lista de possíveis sucessores de Lula.

Em 2018, Haddad foi candidato do PT à presidência no lugar de Lula, que estava preso. Lançado um mês antes da eleição, obteve um terço dos votos no primeiro turno. Quinze dias depois, na segunda rodada, recebeu 45% da votação.

BELO DESEMPENHO – Seu desempenho surpreendeu políticos experientes, como José Dirceu, antecessor de Gleisi Hoffmann na Casa Civil e na presidência do partido.

Dias atrás, numa reunião em que se discutia o futuro do PT, Dirceu lembrou do episódio. Estava preso em Curitiba e, no segundo turno, chegou a acreditar que Haddad poderia ganhar o páreo.

Ambos perderam para Jair Bolsonaro, que na época catalisou o antipetismo.

Lembre-se de que hoje é o Dia dos Santos Reis, quando se encerra a Folia de Reis

Folia de Reis, tradição da antiguidade que faz parte da história brasileira

Folia de Reis, uma tradição que ainda resiste no interior

Paulo Peres
Poemas & Canções

A Folia de Reis faz parte do Natal no folclore brasileiro, a festa popular se inicia na noite de 24 de dezembro e se estende até 6 de janeiro, com a Festa de Reis. A letra desta folia pertence ao folclore da cidade de Urucaia, MG.

FOLIA DE REIS

Porta aberta, luz acesa,
Recebei com alegria
A visita dos Reis Magos
Com sua nobre folia

Lá vai a garça voando,
Lá no céu bateu as asas
Vai voando e vai dizendo
Viva o dono desta casa

Entra, entra, minha bandeira,
Por essa porta adentro
Vai fazer sua visita
À senhora lá de dentro

Os três reis quando saíram
Cantando sua folia
Eles cantavam de noite
E de dia recolhia

Quando era boca da noite
A estrela aparecia
Os três reis se alevantava
Em seu caminho seguia

Foram saudar o Deus Menino
Que nasceu pro nosso bem
Ô bendito louvado seja,
Para todo sempre Amém   

Tribuna da Internet despreza a polarização e prefere seguir o “caminho do meio”

Charge, tirinha e notícia – Cadernos Virtuais

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

Quem está por aqui há mais tempo sabe que não adianta pressionar a Tribuna da Internet, porque não nos desviaremos do curso que seguimos. Buscamos a possibilidade de viver sob o signo da liberdade, pairando acima de ideologias, partidarismos, crenças políticas ou religiosas. Com esse utópico modo de vida, ferimos os interesses de todos aqueles que seguem algum partido ou corrente do pensamento, como se pode constatar na variedade dos comentários recebidos diariamente.

Paga-se um preço alto pela liberdade, é claro. Não foi por mera coincidência que a Tribuna da Internet se tornou um dos espaços mais hackeados da web. Um dos objetivos desses ataques é desformatar nossos arquivos. Com isso, muitas denúncias exclusivas ficaram sepultadas. Hipoteticamente, temos contrato de garantia com o servidor UOL para preservação do chamado “back up” dos arquivos, mas na prática isso não funciona.

VAMOS EM FRENTE– Lamentamos a danificação dos importantes arquivos, que pulverizaram  trabalhos de Helio Fernandes, Carlos Chagas, Sebastião Nery, Pedro do Coutto e outros jornalistas verdadeiramente imortais, mas isso não nos desanima e vamos em frente, ligados no presente e no futuro.

Por ser livre, nossa linha editorial sofre muitos ataques, sobretudo em tempos de polarização, porque não apoiamos incondicionalmente nenhuma das vertentes predominantes, mantendo a liberdade aplaudir o que elas têm de certo e criticar seus erros.

Vamos continuar sempre assim, buscando o “caminho do meio”, popularizado inicialmente por Sidarta Gautama, um dos 24 Budas do Oriente, nascido no Nepal 583 anos antes de Cristo, e depois seguido pelos sábios gregos Sócrates, Platão e Aristóteles, todos também precursores de Cristo, que acompanharia a mesma vertente de dar a César o que é de César, mas apoiar o que é certo e questionar o que é errado.

EQUILÍBRIO DO HOMEM – Para Sócrates, cujos ensinamentos foram seguidos por todas as grandes religiões do mundo, inclusive o Espiritismo, o meio-termo era o equilíbrio do homem, que não deveria nem ser covarde, nem audacioso, mas corajoso; nem mesquinho, nem perdulário, mas generoso.  Para ele “a virtude deve ter a qualidade de visar ao meio-termo”.

Seus discípulos Platão e Aristóteles lembravam que só por meio do equilíbrio e da moderação é que podemos ser felizes.

Conforme a ética aristotélica, o meio-termo deve ser buscado por todas as pessoas como principal caminho para uma vida virtuosa, tanto nas ações como nas paixões humanas, a fim de se equilibrarem os vícios, tanto os decorrentes do excesso como aqueles que resultam da escassez.

BALANÇO DE DEZEMBRO – Assim, não adianta reclamar e pressionar a Tribuna da Internet para mudar de rumo, porque seguiremos essa utopia, tentando apoiar o que é certo e desfazer o que é errado, não importa quem esteja no poder. Aqui, o pensamento é livre, porém não permitimos ofensas nem escárnios, como aconteceu recentemente com Nélio Jacob, um comentarista de altíssimo nível, que deve ser respeitado por todos os participantes.

Só estamos aqui e conseguimos abrir esse espaço livre, porque há quem nos entenda e nos apoie, contribuindo para a manutenção da Tribuna, que não tem patrocinadores fixos.

De início, agradecesmos as contribuições na Caixa Econômica Federal:

DIA  REGISTRO   OPERAÇÃO           VALOR
05    050912       DP DIN LOT…………60,00
13    131306       DP DIN LOT……….100,00
22    000001       CRED TED……………30,00
27    271442       DP DIN LOT…………60,00

Agora, os depósitos na conta do Itaú/Unibanco:

01   PIX TRANSF PAULO R…………….100,00
04   PIX TRANSF JOSE FR…………….100,00
05  TED 001.5977.JOSE APJ…………300,05
05   PIX TRANSF JOAO AN……………..50,00
15  TED 001.4416.MARIO ACR…….300,00
26  TBI 7028.28905-1 DUBER………150,00
28  TED 033.3591.ROBER SN……….200,00
28  PIX TRANSF ISABEL ……………….100,00

Por fim, na conta do banco Bradesco:

20  DEP TRANSF JF DANTAS………….60,00

Agradecendo muito aos amigos e amigas que nos acompanham nessa utopia, vamos em frente, sempre juntos. (C.N.)

Na Restinga da Marambaia, Lula ligou para agradecer o apoio de Sarney e FHC 

Sigilo total: Lula usará telefone com tecnologia antigrampo | Brasil | Pleno.News

Lula tem em Sarney e FHC dois apoiadores muito fiéis

José Carlos Werneck

Para agradecer a inestimável ajuda recebida de José Sarney, em recentes articulações políticas, notadamente a que levou o ministro da Justiça, Flávio Dino, ao Supremo Tribunal Federal , o presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ao ex-presidente, em 31 de dezembro, para desejar-lhe um Feliz Ano Novo.

Lula, que estava na Restinga da Marambaia aproveitando os dias de recesso, e não usa celular, serviu-se do aparelho de sua mulher para telefonar para a Sarney.

DESEJOS MÚTUOS – Segundo interlocutores, a conversa foi em tom extremamente amigável e o presidente da República fez a Sarney seus agradecimentos e teve desejos mútuos de um 2024 melhor.

No mesmo dia, Lula também telefonou para com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para desejar-lhe um bom Ano Novo. Assim como Sarney, também FHC apoiou Lula no segundo turno das eleições de 2022, contra Jair Bolsonaro.

Come se vê tudo continua como “dantes no Quartel de Abrantes”. É essa é a chamada “Nova Política”… País divertido o Brasil! Pena que seja para tão poucos.

Desde agora, Haddad e Gleisi já estão disputando a sucessão de Lula em 2030

Gleisi defende Haddad para disputar prefeitura de SP em 2020 | Bela Megale  - O Globo

Gleisi e Haddad brigam com sete anos de antecedência

Eliane Cantanhêde
Estadão

O ministro prestigia a arrecadação, e a presidente do PT, os gastos; entre eles, há o interesse do PT em usar a caneta e o governo nas eleições de outubro

Fernando Haddad, o sobrevivente, vai evoluindo para Fernando Haddad, o “austericida”, confirmando a avaliação de um assessor próximo, que vive o dia a dia do Ministério da Fazenda: “Centrão? Que nada! Duro mesmo é conversar com o PT e a Gleisi Hoffmann”. O embate fratricida tem três frentes: a visão econômica, a conveniência eleitoral e a disputa pelo coração do presidente Lula e pela indicação para a eleição presidencial de 2030.

O PT e Gleisi, que foi chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, têm visão econômica mais para Dilma do que para Lula 1 e 2. Haddad evoluiu para mais pragmatismo e respeito aos indicadores macroeconômicos e à responsabilidade fiscal como fatores fundamentais para o crescimento do País e também para a justiça social.

UMA BRIGA FEIA – O embate vem desde o início de 2023, passando pela desoneração dos combustíveis, âncora fiscal e agora o déficit zero, além da tática de combate aos juros estratosféricos.

Nos juros, Gleisi, PT e Lula atacaram diretamente o presidente do BC, enquanto Haddad se esfalfava para abrir canais com Congresso, setor privado e o próprio Roberto Campos Neto – sem deixar de cobrar queda dos juros.

No déficit zero, Gleisi e Haddad se enfrentaram num encontro do PT, ambiente favorável a Gleisi, que tem apoio também de Rui Costa, da Casa Civil. Para ela, o que importa é o crescimento econômico, e rigidez fiscal só atrapalha. Haddad rebateu: “Não é verdade que déficit faz crescer. De dez anos para cá, o Brasil fez um R$ 1,7 trilhão de déficit e a economia não cresceu”.

FOCOS DIFERENTES – Haddad prestigia a arrecadação, e Gleisi, os gastos. Entre eles, há o interesse do PT em usar a caneta e o governo nas eleições municipais de outubro. O partido, em 11º lugar no ranking de prefeituras em 2022, sem nenhuma de capital, quer tirar o atraso. Já Haddad e Lula focam nas eleições gerais de 2026.

A terceira frente é direta entre Haddad e Gleisi, e também não é de agora. Em 2018, preso, Lula tinha três nomes para a eleição presidencial: Jaques Wagner, que recusou, Gleisi, descartada, e Haddad, que foi para o sacrifício. Com Lula disputando a reeleição em 2026, a projeção para 2030 é de Gleisi versus Haddad novamente.

O fato é que nem Lula, nem Haddad, Gleisi e o PT ganham nada com enfrentamentos, debates em público, briguinhas e ciúmes, principalmente num ano em que o governo tem embates contratados com o Congresso na economia, como reoneração da folha de salários, regulamentação da reforma tributária, segunda fase dessa reforma (que Haddad já descarta para 2024) e vai por aí afora. Se o governo vai bem, o PT também vai. Se não…

Moraes fala em “enforcamento” e desvia atenções para esconder o caso Mynd8

Carol on X: "A empresa por trás da mynd8 https://t.co/Mmn4xqx2Jp" / X

Agência Mynd8 vem orientando os influenciadores do PT

Rodrigo Constantino
Gazeta do Povo

Que timing mais adequado! Todos nas redes sociais falando da tal Mynd, agência que controla a conta de centenas de influenciadores de esquerda num esquema para lá de suspeito, e eis que o ministro Alexandre de Moraes revela a “bomba” numa entrevista ao Globo: havia um plano para enforcá-lo! E em praça pública!

Quando o mesmo ministro esteve no epicentro de um “escândalo” no aeroporto de Roma, que levou até a Polícia Federal à casa dos supostos agressores, o timing também fora bem interessante: um dia depois de Barroso confessar, num evento da extrema esquerda com a UNE: “Nós derrotamos Bolsonaro!”

APENAS NARRATIVAS – Da mesma forma que ainda aguardamos as imagens do aeroporto italiano, acredito que estaremos por muito tempo esperando as provas do tal plano mirabolante de enforcar um ministro do STF num domingo de recesso da corte, com Brasília às moscas e ele em Paris. Mas que a revelação bombástica é pertinente para uma narrativa forçada na véspera do 8 de janeiro, isso é…

Narrativas. Basicamente o que temos até aqui são apenas narrativas. Narrativas que justificam, na cabeça de tiranos, um poder absoluto, a censura, prisões ilegais de inocentes etc. Ou o ministro pretende comprovar algum elo entre os presos em si e esse plano nefasto de enforcá-lo?

É preciso puxar o fio e seguir o dinheiro. O foco deve ser a Mynd8, não o plano do enforcamento de Taubaté…

AJUDA A ENTENDER? – A assessoria de imprensa, ainda que não oficial, já alimenta a narrativa: diz que a “revelação” de Moraes ajuda a entender gravidade dos “atos golpistas”. Mas ajuda mesmo? Ou ajuda a entender o grau de arbítrio e subjetivismo a que chegou a nossa, risos, República?

Afinal de contas, se for verdade mesmo que existiu tal plano criminoso, isso não seria mais um motivo para Alexandre, o Alvo, afastar-se das investigações por se considerar claramente suspeito?

Um juiz que é vítima ao mesmo tempo, que atua como promotor, que vai atrás dos seus próprios inimigos, isso não é algo que combina com Estado de Direito. Até um advogado do grupo Prerrogativas é capaz de entender isso. Caramba! Até mesmo a OAB pode entender algo tão óbvio assim!

VERNIZ DE LEGITIMIDADE – Não obstante, eis o grau de normalização do absurdo em que o Brasil chegou: o maior veículo de comunicação do país entrevista o ministro supremo que alega ter sido alvo de um plano terrível para enforcá-lo, tudo isso dando aquele verniz de legitimidade às prisões arbitrárias e ilegais, sendo que uma delas culminou na morte de um inocente.

E por falar em morte de inocente, voltamos ao caso da Mynd8, que pelo visto é bem mais relevante para se compreender a morte da jovem que se suicidou ao ser alvo de mentiras do que a página petista Choquei. Tem caroço nesse angu. É preciso puxar o fio e seguir o dinheiro. O foco deve ser a Mynd8, não o plano do enforcamento de Taubaté…

(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

Déficit aumenta, dívida pública sobe; mesmo assim, Haddad merece elogios

XP: dívida pública colossal e desequilíbrio fiscal vão manter Selic em alta - Capitalist

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Hamilton Ferrari
Poder360

O deficit primário do setor público consolidado foi o maior para o mês de novembro em sete anos O resultado primário do governo é formado pelo saldo entre as receitas e as despesas, mas exclui o pagamento dos juros da dívida.

O setor público consolidado – formado por União, Estados, municípios e estatais – registrou deficit primário de R$ 37,3 bilhões em novembro. Esse foi o maior saldo negativo para o mês desde 2016. Já a DBGG ((Dívida Bruta do Governo Geral) subiu para 73,8% do PIB (Produto Interno Bruto), alta de 0,1 ponto percentual. O BC (Banco Central) divulgou os dados nesta sexta-feira (5.jan.2024).

SEGUNDO PIOR – O resultado primário do governo é formado pelo saldo entre as receitas e as despesas, mas exclui o pagamento dos juros da dívida. Na avaliação do BC, o deficit registrado foi o segundo maior para esse período do ano da série histórica para meses de novembro, iniciada em dezembro de 2001.

Os dados do BC mostram que o deficit de novembro subiu 85,5% em comparação com o mesmo mês de 2022. O rombo foi puxado pelo governo central, que registrou saldo negativo de R$ 38,9 bilhões nas contas.

As estatais também ficaram no vermelho, mas em menor valor: R$ 343 milhões. Já os governos estaduais tiveram superavit primário de R$ 2 bilhões.

DÍVIDA BRUTA – Segundo o BC, o setor público consolidado teve deficit primário de R$ 131,4 bilhões no acumulado de 12 meses até novembro, o que equivale a 1,22% do PIB.

A dívida bruta do país subiu para 73,8% do PIB em novembro, o que representa uma alta de 0,1 ponto percentual em relação a outubro.

Em valores, equivale a R$ 8 trilhões. A dívida bruta está no maior patamar desde setembro de 2022, quando alcançou 74,15% do PIB.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Houve resultados positivos, como a balança comercial ter atingido US$ 98,8 bilhões, com saldo recorde em 2023, mas este ano estima-se uma queda nas exportações, que pode até ser revertida, porque os Estados Unidos retiraram a sobretaxa de 103,4%, que vinha prejudicando as exportações de aço. Mesmo com a preocupante elevação do déficit primário do governo federal e da dívida pública, pode-se dizer que a economia vai bem, o ministro Haddad merece elogios, mas ele não está agradando ao PT, que parece ter inveja da crise que está acontecendo na Argentina. (C.N.)

Taiwan está sem defesa contra a China e os EUA querem vender mais armas

Como Taiwan poderia se defender contra a China? – DW – 02/08/2022

Exército de Taiwan tem pouco efetivo e está mal equipado

Rupert Wingfield-Hayes
BBC News, Taiwan

Após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinar recentemente uma doação de US$ 80 milhões (R$ 400 milhões) a Taiwan para a compra de equipamento militar americano, a China condenou “fortemente” o gesto de Washington.

Para um leitor pouco familiarizado, a soma não parece exorbitante. É inferior ao custo de um único caça a jato moderno, e Taiwan já encomendou mais de US$ 14 bilhões em equipamento militar americano. Será que US$ 80 milhões a mais fazem diferença?

ALGO NO AR – Embora a fúria seja a resposta padrão de Pequim a qualquer apoio militar a Taiwan, havia algo diferente no ar. Os US$ 80 milhões não se tratam de um empréstimo. Vêm dos contribuintes americanos. Pela primeira vez em mais de 40 anos, os Estados Unidos tiraram dinheiro do próprio bolso para enviar armas a um país que oficialmente não reconhece, no âmbito de um programa chamado Financiamento Militar Estrangeiro (FMF, na sigla em inglês).

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, no ano passado, o FMF já foi usado para enviar cerca de US$ 4 bilhões em ajuda militar a Kiev, por exemplo.

Foi usado também para enviar outros bilhões ao Afeganistão, Iraque, Israel e Egito. Mas até aqui só havia sido usado para apoiar países e organizações reconhecidos pela Organização das Nações Unidas. Não é o caso de Taiwan.

VENDENDO ARMAS – Mesmo após os EUA transferirem o reconhecimento diplomático de Taiwan para a China em 1979, os americanos seguiram vendendo armas à ilha nos termos da Lei de Relações com Taiwan.

A chave era vender apenas a quantidade suficiente para que Taiwan pudesse defender-se de um possível ataque chinês, mas não suficiente para desestabilizar as relações entre Washington e Pequim. Durante décadas, os EUA confiaram nessa chamada ambiguidade estratégica para fazer negócios com a China, enquanto continuavam a ser o aliado mais fiel de Taiwan.

Na última década, porém, o equilíbrio militar do Estreito de Taiwan pendeu fortemente a favor da China, e a velha fórmula não funciona mais. Washington insiste que a sua política não mudou, mas, essencialmente, foi isso o que aconteceu. O Departamento de Estado dos EUA rapidamente negou, no entanto, que o uso do FMF signifique qualquer reconhecimento de Taiwan.

UM PAÍS FRACO – No entanto, em Taipei, é evidente que os EUA estão redefinindo sua relação com a ilha, especialmente dada a urgência com que Washington pressiona por armamento. E Taiwan, com capacidade militar inferior à China, precisa de ajuda.

“Os EUA estão enfatizando a urgência de melhorar a nossa capacidade militar. Estão enviando uma mensagem direta de clareza estratégica a Pequim de que estamos juntos”, afirma Wang Ting-yu, legislador do partido no poder, que possui laços estreitos com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, e com os chefes do Congresso dos EUA.

Ele diz que os US$ 80 milhões são apenas a ponta do que pode ser um enorme iceberg e observa que, em julho, o presidente Biden usou poderes discricionários para aprovar a venda de serviços e equipamentos militares para Taiwan no valor de US$ 500 milhões.

TREINAR NOS EUA – Wang diz que Taiwan deve enviar dois batalhões de tropas terrestres para treinar nos EUA, a primeira vez desde a década de 1970. Mas o dinheiro é a chave da questão, o início do que, diz ele, poderá chegar a US$ 10 bilhões nos próximos cinco anos.

Os acordos militares envolvendo equipamentos podem levar até 10 anos, diz Lai I-Ching, presidente da Prospect Foundation, um think-tank com sede em Taipei. “Mas, com a FMF, os EUA estão enviando armas direto de suas próprias reservas e é dinheiro dos EUA — então não precisamos passar por todo o processo de aprovação.”

Um ponto importante dado que o Congresso, dividido, já reteve bilhões de dólares que seriam enviados em ajuda à Ucrânia, por mais que Taiwan pareça ter muito mais apoio bipartidário.

GUERRA DE GAZA – Mas a guerra em Gaza irá, sem dúvida, pressionar o fornecimento de armas dos EUA a Taipei, tal como aconteceu com a guerra na Ucrânia. O presidente Biden busca ajuda de guerra para Ucrânia e Israel, o que inclui mais dinheiro para Taiwan também.

Pergunte ao Ministério da Defesa Nacional em Taipei onde será usado o dinheiro dos EUA e a resposta será um sorriso consciente e lábios cerrados. Mas o Dr. Lai diz que é possível fazer suposições informadas: mísseis antiaéreos Javelin e Stinger — armas altamente eficazes, que as forças podem aprender a usar rapidamente.

“Não temos o suficiente e precisamos de muitos”, diz ele. “Na Ucrânia, os Stingers esgotaram-se muito rapidamente e a forma como o país os tem utilizado sugere que precisamos talvez de 10 vezes a quantidade que temos atualmente.”

DESPREPARADA – A avaliação de observadores de longa data é contundente: a ilha está lamentavelmente mal preparada para um ataque chinês.

E a lista de problemas é extensa. O exército de Taiwan tem centenas de tanques de batalha antigos, mas poucos sistemas modernos de mísseis leves. A estrutura de comando do exército, tácticas e doutrina não são atualizadas há meio século. Muitas unidades da linha de frente têm apenas 60% da mão de obra que deveriam ter.

As operações de contra-espionagem de Taiwan na China são sabidamente inexistentes e o seu sistema de recrutamento militar está falido.

ACAMPAMENTO DE VERÃO – Além disso, em 2013 Taiwan reduziu o serviço militar de um ano para apenas quatro meses, antes de o restabelecer para 12 meses, medida que entrará em vigor neste ano. E os desafios não param por aí. O serviço é chamado de “acampamento de verão” pelos jovens que por lá passam.

“Não havia treinamento regular”, diz um recém-formado. “Íamos a um campo de tiro uma vez a cada duas semanas e usávamos armas antigas, da década de 1970. Atirávamos em alvos. Mas não havia nenhum treinamento adequado sobre como mirar, então todos continuavam errando. Não fazíamos exercício físico. Há um teste físico no final, para o qual não éramos preparados.”

Um estudo feito no ano passado concluiu que, num conflito com a China, a marinha e a força aérea de Taiwan seriam exterminadas nas primeiras 96 horas de batalha. Em Washington há uma forte sensação de que o tempo é curto para que Taiwan reforme e reconstrua as suas forças armadas. E, assim, os EUA também começam a treinar novamente o exército de Taiwan.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGAs Forças Armadas de Taiwan são uma piada. A China reincorpora a ilha pela força, no momento que bem entender. O ideal seria uma saída negociada, dando a Taiwan uma semi-índependência. O resto é folclore, como diz Sebastião Nery. (C.N.)

Direção do PT cria núcleos para estudar como se aproximar do eleitor evangélico

Campanha de Lula vai imprimir carta aos evangélicos e distribui-la nas  portas de templos e igrejas do país

Lula tem procurado os evangélicos, mas sem muito sucesso

Deu na Folha

Principal centro de estudos ligado ao PT, a Fundação Perseu Abramo vai criar em 2024 um núcleo dedicado a estudar temas religiosos e a relação do partido com as diversas crenças. Embora todas as religiões sejam objeto de análise do novo núcleo, as evangélicos receberão atenção especial, devido às eleições municipais deste ano.

Chamados de NAPPs (Núcleos de Acompanhamento de Políticas Públicas), esses grupos se dedicam hoje a temas como economia, segurança, agricultura, educação, saúde e outros.

ATUALIZADA – “Precisamos dar uma atualizada no comportamento dos religiosos no Brasil, refletir sobre o que pensam e como podem se relacionar conosco”, diz o presidente da Fundação, Paulo Okamotto.

Segundo ele, há um bom entendimento do partido quanto à Igreja Católica, mas ainda não existem fortes ligações com relação aos evangélicos.

A ideia é produzir estudos e pesquisas e dar sugestões sobre como se relacionar com o segmento. “Existem diversos pentecostais e neopentecostais que simpatizam com o PT e pertencem ao partido”, afirma Okamotto.

DETERMINAÇÃO DE LULA – A decisão da Fundação Perseu Abramo vem a atender diretriz dada pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que discorreu sobre o assunto na conferência eleitoral do partido no começo de dezembro, em Brasília.

Na ocasião, Lula recomendou que os petistas se aproximem do eleitorado evangélico, no qual políticos conservadores têm aceitação bem maior.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O problema é que desde sua criação o PT fez uma opção clara pela Igreja Católica, ligando-se à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e às chamadas Pastorais no campo e nas cidades, que sempre lhe renderam expressivas votações. O PT jamais se interessou verdadeiramente pelo voto dos evangélicos, embora houvesse oportunidades abertas por Benedita da Silva e outros petistas das religiões pentecostais. Agora, está difícil fazer uma nova aproximação, porque tem as digitais do oportunismo. (C.N.)

Governo Lula quer reativar estatal que deu altos prejuízos, mas tem viabilidade

Fachada da Ceitec, em Porto Alegre (RS)

Governo está convicto de que é preciso reativar a Ceitec

Mario Cesar Carvalho
Poder 360

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu reativar uma estatal que ficou conhecida pelos prejuízos em série que causou desde que foi criada, em 2008, e por erros comerciais. É a Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada), uma fábrica de semicondutores localizada em Porto Alegre (RS) que era chamada por seus críticos com um apelido jocoso: a fábrica do “chip do boi”. Nos seus 15 anos, a empresa recebeu cerca de R$ 790 milhões. Faturou R$ 64,2 milhões com a venda de semicondutores. O que entrou corresponde a 8% dos valores gastos.

A estatal tinha sido liquidada em dezembro de 2020 pelo programa de privatização do governo de Jair Bolsonaro (PL). Mas havia tantos problemas jurídicos na desestatização que o TCU paralisou o processo. Em janeiro de 2023, o governo retirou a Ceitec do programa de privatização. De concreto sobre a desestatização, há dois dados: a fábrica ficou parada por dois anos; o quadro de funcionários caiu de 179 para 76 – para retomar as atividades, serão contratados entre 50 e 60 profissionais.

NICHO DE MERCADO – A ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, deu detalhes da retomada da fábrica em uma live com o presidente, em 5 de dezembro.

“O chip é usado em toda a cadeia produtiva. Não pode o Brasil ficar fora disso. A gente vai buscar um nicho de mercado, que será o setor automotivo e o setor energético”, afirmou. Ela disse que a Ceitec não tem pretensões de concorrer com gigantes asiáticos ou americanos de chip.

A ministra falou em nicho de mercado porque a história da Ceitec é um desastre comercial. A empresa foi criada com a ideia de que haveria encomendas estatais garantidas para que pudesse aprender a fabricar chip, um processo extremamente complexo que requer instalações avançadas, mão de obra de alto nível e uma cadeia de suprimentos. Só o Brasil tem uma fábrica dessas na América Latina.

MÃO DE OBRA – Das três exigências mínimas, a Ceitec só conseguiu cumprir uma delas: mão de obra. Pesquisadores vindos de da UFRGS e da PUC-RS conseguiram projetar chips que atraíram a atenção de empresas globais. Hoje, a mão de obra brasileira é disputada globalmente e três empresas de semicondutores se instalaram em Porto Alegre.

Há exemplos variados do fiasco comercial. A Casa da Moeda e os Correios encomendaram projetos de chip para a Ceitec, para serem usados no passaporte e na identificação de malotes, respectivamente. Depois de dois anos de pesquisa para chegar ao chip do passaporte, a Casa da Moeda preferiu comprar o dispositivo de um fornecedor da Itália.

Isso também aconteceu com os Correios e com o Ministério da Justiça, que queria um chip de identificação pessoal, deixou a pesquisa correr e depois desistiu do projeto.

NOVA REALIDADE – O “chip do boi” que tornou a empresa famosa, para o bem e para o mal, também teve a produção interrompida depois que a União Europeia afrouxou as regras de rastreabilidade do gado. O chip permitia saber se o gado veio de uma região que teve febre aftosa ou de uma área da Amazônia que foi desmatada. O Brasil tem um rebanho com 234 milhões de bois e vacas, segundo dados do IBGE, de 2022, mas a Ceitec só vendeu 1,84 milhão de chips para esse fim –o equivalente a 0,7% dos animais.

Agora tudo será diferente, segundo Henrique de Oliveira Miguel, secretário de Ciência, Tecnologia para Transformação Digital do ministério.

“A fábrica não vai voltar a operar por si só. Ela fará parte de uma política industrial maior. Se a fábrica não estiver integrada com as demais políticas, não faria sentido a retomada. Isso a iniciativa privada poderia fazer”, afirmou em entrevista ao Poder360.

CONVERSÃO ENERGÉTICA – O foco dessa política é a conversão energética, diz Miguel. A passagem da energia baseada em combustíveis fósseis para as novas modalidades vai exigir uma grande quantidade de chips para automóveis elétricos, painéis solares e pás eólicas. Serão investidos R$ 300 milhões nos próximos três anos, de acordo com o secretário.

“Há uma perspectiva de retorno rápido e de parcerias com o setor privado”, disse. O diretor da fábrica, o engenheiro eletricista Augusto Gadelha, afirma que espera ter lucro num prazo que vai de 5 a 7 anos.

Apesar da trajetória atribulada, o secretário rejeita a ideia de que a Ceitec seja um elefante branco, como a chamam os seus críticos: “A Ceitec produziu 160 milhões de chips e depositou 45 patentes. Como é que uma empresa assim pode ser chamada de elefante branco?”.

DIZ O ESPECIALISTA – Um dos principais pesquisadores de semicondutor no país, Marcelo Zuffo, livre-docente do departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da USP, elogia o incentivo fiscal:

“É um programa bom e pouco prestigiado. Hoje o Brasil tem 13 empresas de semicondutores e 7 de encapsulamento. Temos mais empresas de encapsulamento do que os Estados Unidos. Encapsulamento é um estágio importante na cadeia de valores. Não é só colocar uma casquinha. É um estágio quase tão sofisticado quanto imprimir um chip”.

O incentivo visa a reduzir o deficit comercial. A importação de semicondutores é uma das principais causas pelo fato de essa conta ser negativa. Em 2022, o deficit só para componentes chegou a US$ 22,2 bilhões, de acordo com a Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Quando se computa equipamentos eletrônicos, chega a US$ 38,6 bilhões. O professor Zuffo diz que prefere não opinar sobre a Ceitec por não conhecer em detalhes do projeto.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A não ser que as fábricas nacionais de semicondutores possam produzir os chips, possibilidade que a matéria não aborda, trata-se de um projeto que merece ser tocado. Logo haverá alguma nova peste bovina, suína ou avícola, e esses chips serão importantíssimos para produtores e consumidores. A própria J&F deveria bancar o projeto, se os irmãos Joesley e Wesley Batista tivessem um mínimo de amor ao país que financiou a expansão do Friboi através do BNDES. Infelizmente, porém, eles não têm essa grandeza. (C.N.)

Carta de um humilde devoto de Dom Bosco para o Padre Julio Lancellotti

Padre Júlio Lancellotti é conhecido nacionalmente pelo trabalho que realiza com a população em situação de rua na capital paulista

Padre Júlio é coordenador da Pastoral do Povo dd Rua

Jorge Béja

Padre Júlio, o senhor é descendente de italiano. A vocação pelo sacerdócio brotou e se concretizou em sua vida. Certamente, o Padre Júlio conhece a biografia de um outro sacerdote italiano. Giovanni Melchior Bosco (15.8.1815-31.1.1888).

Dom Bosco nasceu, cresceu, viveu e também dedicou toda a sua vida missionária à proteção dos meninos pobres, desvalidos, que aos bandos assaltavam, roubavam, matavam…. O ópio era a droga maligna naquela Itália dividida em reinos.

BATINA ENCARDIDA – Sozinho, sem ajuda da classe chamada de “nobre”, sem ajuda dos políticos, sem ajuda do reino, Dom Bosco deles cuidou. Eram os chamados “birichinis”. O primeiro a se aproximar de Dom Bosco foi Bartolomeu Garelli. Dias depois Garelli trouxe outros, muitos outros, todos os outros. Sujos, descalços, desnutridos, violentos, Dom Bosco de todos foi cuidando.

A elite do Piemonte, os “nobres”, os políticos, todos sentiam ódio de Dom Bosco “aquele padre de batina preta suja e encardida que anda acompanhado de um bando de jovens criminosos”. Era como viam e descreviam Dom Bosco.

E Dom Bosco deles fez homens de bem. Deu-lhes profissões. Apenas um empresário italiano de nome Pinardi colaborou com Dom Bosco. Entregou ao padre o seu imenso galpão em que guardava animais, charretes, produtos agrícolas, ferramentas, madeiras…Esvaziou tudo e doou ao sacerdote que passou a morar com os “birichiniis” naquele galpão que passou a ser chamado de “Casa Pinardi”.

CPI Á ITALIANA – Saiba o senhor, Padre Julio Lancellotti, que Dom Bosco também foi alvo de uma espécie de “CPI”, então chamada de “Commissione d’Inchiesta del Regno”. Era para investigar a conduta de Dom Bosco com os menores. Mas a bem da verdade era repulsa, ódio, vingança, covardia da classe política e da “nobreza” contra Dom Bosco.

Mas o efeito foi adverso para o parlamento do Piemonte. Da tal “CPI”, o investigado foi reconhecidamente proclamado Benfeitor dos Jovens. E a notícia teve tanta repercussão noutros países da Europa que o Papa Pio IX passou a contribuir, fortemente com a obra de Dom Bosco. Devoto de São Francisco de Salles, Dom Bosco criou a Congregação Salesiana, hoje a terceira mais numerosa do mundo.

Padre Julio Lancellotti, caso esta odiosa e nefasta CPI venha mesmo ser criada no parlamento da Cidade de São Paulo, dela o senhor sairá muito mais fortalecido. Sairá com todas as condições de continuar sua abençoada obra.  E até mesmo recuperar com melhores condições todos aqueles que Padre Julio atende, cuida, ensina e faz retornar à trilha do caminho certo da vida.

Moraes devia fornecer nomes de quem pretendia enforcá-lo em praça pública

Tales of the Tarot: Chapter 12 - The Hanged Man - Liminal 11

Moraes virou personagem do baralho do Tarô

Mario Sabino
Metrópoles

Às vésperas do primeiro aniversário do quebra-quebra bolsonarista na Praça dos Três Poderes, o ministro Alexandre de Moraes deu uma entrevista aos jornalistas Mariana Muniz e Thiago Bronzatto. Está causando estardalhaço. Na entrevista, Alexandre de Moraes afirma que havia planos contra ele:

Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio. E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição. Houve uma tentativa de planejamento. Inclusive, e há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão.”

SUJEITO OCULTO – As afirmações são gravíssimas e, por serem gravíssimas, o ministro tem a obrigação de dizer quem planejou assassiná-lo. Se ninguém perguntou, é preciso perguntar. Se perguntou, e ele não respondeu, é imperativo que Alexandre de Moraes o faça. O sujeito das suas frases não pode permanecer indeterminado ou oculto, porque os planos seriam contra a instituição STF, na pessoa do ministro.

Passado um ano, supõe-se que os investigadores tenham reunido elementos suficientes para que Alexandre de Moraes possa apontar publicamente os cidadãos que tramaram executá-lo e desovar o seu cadáver no mato ou pendurá-lo na Praça dos Três Poderes.

Não convence alegar, por exemplo, que o inquérito é sigiloso e que os suspeitos poderiam fugir se tiverem os seus nomes revelados. Por muito menos, o ministro determinou prisões preventivas.

“ESTÁ TUDO BEM” – O aspecto curioso é que o próprio Alexandre de Moraes minora a gravidade das suas afirmações. Na sequência, ele diz que “tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido. Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso. E nada disso ocorreu, então está tudo bem”.

Se o ministro não levou tão a sério as ameaças a ele, por que nós deveríamos? Isso não está certo, claro. É preciso que Alexandre de Moraes forneça nomes. A sociedade tem o direito de saber quem, precisamente, quis atentar contra a democracia que ela conquistou a duras penas.

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P.S.
Na entrevista, o ministro confirma o que eu sempre disse: o Exército não flertou em nenhum momento com a ideia de aderir a um golpe. Alguém diga isso para a Janja. (M.S.)

Após um ano dos ataques golpistas, Lula deve reafirmar a importância do quadro democrático

Uso de câmeras por soldados da PM aumenta segurança e atrapalha corrupção 

Por que Tarcísio de Freitas é contra o uso de câmeras?

Conrado Hübner Mendes
Folha

“Qual a efetividade da câmera corporal na segurança do cidadão? Nenhuma”. Tarcísio de Freitas não é burro, nem cínico, nem charlatão. É apenas mais um governador paulista, com dinheiro no banco, em tom tecnocrático, resumindo a política de segurança pública brasileira: matar pobres, preferencialmente pretos. E crianças por bala “perdida”, código para irresponsabilização do Estado gravado com sangue na cartilha retórica da polícia.

Enquanto outros governadores falavam “quem não reagiu está vivo” e “a polícia vai atirar para matar”, Tarcísio adota o idioma da efetividade. Só faltou revelar para qual fim. Câmeras corporais instaladas em uniformes policiais dificultam o projeto histórico de “efetividade” da letalidade.

MENOR LETALIDADE – Desde o “Programa Olho Vivo” para adoção de câmeras corporais, a redução da letalidade policial tem sido da ordem de 75%, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A transparência faz a polícia menos efetiva em matar, mais efetiva em prover segurança.

Difícil imaginar número tão superlativo em qualquer política pública, em qualquer nível da federação, em período tão curto, pela adoção de um simples dispositivo tecnológico. Além de diminuir mortes, protege policiais corretos contra acusações de abuso e contribui na investigação de crimes.

Essa política virtuosa começa a despencar quando se deflagra, em julho de 2023, a “Operação Escudo” na Baixada Santista. Desenhada para reagir à morte de um policial, a operação matou 30 civis, a mais mortal desde o massacre do Carandiru. Subterfúgios foram invocados para não se utilizar câmeras de forma adequada.

TUDO ENCOBERTO – Investigações dos eventuais crimes, na melhor tradição do autoritarismo brasileiro, dispõem dos depoimentos dos próprios policiais. Quando muito, dos testemunhos amedrontados, sob ameaça de morte, de familiares de vítimas.

O Instituto Sou da Paz mostrou que, em três meses da Operação Escudo, o estado de São Paulo registrou aumento de 41% da letalidade policial, comparado a 2022. Foram 153 mortes registradas em 92 dias. Tarcísio desconversa sobre a efetividade das câmeras para proteção de vidas. A Defensoria Pública ajuizou ação civil pública para exigir uso de câmeras em operações desse tipo.

O juiz Renato Augusto Maia acolheu o pedido. O governo recorreu ao TJ-SP. O presidente do tribunal, Ricardo Anafe, numa canetada de “suspensão de segurança” (dispositivo pré-constitucional do autoritarismo magistocrático), derrubou a decisão. Seu argumento papagueou a alegação orçamentária do governo, segundo o qual a adoção de câmeras exigiria gasto excessivo e não previsto.

PERICULUM IN MORA – Nas palavras de Anafe: “À luz das razões de ordem e economia públicas, ostenta periculum in mora inverso de densidade manifestamente superior àquela”.

Se você não entendeu o palavrório desse português estrangeiro, não se preocupe. Ele não é feito para o entendimento, mas para o ofuscamento. Ele não argumenta, apenas grita. Não explica o cálculo do “manifestamente superior”, apenas afirma de dedo em riste. Não desconfia da alegação orçamentária, apenas dá uma piscadela. Sequer pergunta se a aquisição de novas câmeras era necessária para a operação.

Análise orçamentária da Plataforma Justa indica que não há escassez de recursos para investimento em câmeras, mas escolha consciente e disfarçada por política contra transparência.

TEM RECURSOS – Em 2022, o valor empenhado para câmeras foi de R$ 69 milhões, 0,47% do orçamento das polícias. Só em “créditos adicionais”, o orçamento policial recebeu R$ 885 milhões. Em “publicidade institucional”, foram gastos R$ 104 milhões.

Segundo o governo de Tarcísio, o “Programa Olho Vivo” teria sido incorporado pelo “Programa Muralha Paulista”, mas não especifica que lugar câmeras corporais terão nessa política.

Na verdade, a linguagem da história toda se destaca pela cruel literalidade.

MURALHAS E ESCUDOS – O Tribunal de Justiça “suspende a segurança” do programa “olho vivo” que, depois da operação “escudo”, é incorporado pela operação “muralha”.

Muralhas e escudos têm sido historicamente interpostos para suspender qualquer segurança de comunidades vulneráveis.

E por que polícias resistem a mecanismos de transparência que não afetam sua capacidade operacional? Responder essa pergunta é a grande encruzilhada da política de segurança pública no Brasil.

Um erotismo avassalador vem dominar os poemas de amor do genial Castro Alves 

Bendito aquele que semeia livros e faz o... Castro Alves - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções 

O poeta baiano Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), símbolo da nossa literatura abolicionista, motivo pelo qual é conhecido como “Poeta dos Escravos”, era um revolucionário também no amor. Em meados do século 19, mostrando ousadia para à época, escreveu “Boa-Noite”, para a mulher por quem estava apaixonado, um poema arrebatadoramente erótico.

BOA-NOITE
Castro Alves

Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde…é tarde…
Não me apertes assim contra teu seio.

Boa-noite!…E tu dizes – Boa-noite.
Mas não digas assim por entre beijos…
Mas não mo digas descobrindo o peito,
– Mar de amor onde vagam meus desejos.

Julieta do céu! Ouve…a Calhandra
Já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?…pois foi mentira…
…Quem cantou foi teu hálito, divina!

Se a estrela d’alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d’alvorada:
“É noite ainda em teu cabelo preto…”

É noite ainda! Brilha na cambraia
– Desmanchado o roupão, a espádua nua –
O globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua…

É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores,
Fechemos sobre nós estas cortinas…
– São as asas do arcanjo dos amores.

A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos…
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.

Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!

Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora…
Marion! Marion!…É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!…

Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo…
E deixa-me dormir balbuciando:
– Boa-noite! – formosa Consuelo!…

Gilmar pode recriar o marco temporal e resolver crise entre os Três Poderes

Em nova decisão, Gilmar Mendes reafirma inocência de Lula – CartaExpressa – CartaCapital

Gilmar sabe que o STF fez uma lambança e precisa consertar

Carlos Newton

Em pleno recesso, a crise institucional se complica cada vez mais com a decisão do PT, que está movendo ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a validade da lei que estabelece o marco temporal para demarcação de terras indígenas. O pedido foi protocolado pelo PT junto com PCdoB e PV, porque as três legendas integram uma única federação partidária.

A ação é repetitiva e desnecessária, porque o PSOL, a Rede e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) já haviam questionado a lei no Supremo. Ou seja, a nova petição encabeçada por PT, PCdoB e PV serve apenas como uma provocação ao Congresso.

Para aumentar a crise, os três partidos de oposição ao governo (PP, PL e Republicanos) também recorreram ao Supremo, pedindo que seja reconsiderada a constitucionalidade do marco temporal, sob o argumento de que a última palavra deve ser do Legislativo.

ESCULHAMBAÇÃO – Durante 35 anos, o marco temporal esteve em vigor, sem contestação, mas a lei que o regulamentou só foi aprovada pelo Congresso em setembro, no mesmo dia em que o Supremo rejeitou a tese de que apenas as terras ocupadas por povos indígenas em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição, podiam ser demarcadas.

O presidente Lula da Silva vetou esse trecho, mas o Congresso derrubou o veto no mês passado e a norma foi promulgada no final de dezembro.

Agora, reina a esculhambação, porque não se sabe o que está em vigor nem se os indígenas podem reivindicar outras terras que já ocupavam antes de 1988, quando a Constituição foi aprovada.

DISPUTA DO RELATOR – As três ações têm como relator o ministro Gilmar Mendes, embora os partidos aliados do governo argumentassem que as petições deveriam ser distribuídas “por prevenção” ao ministro Edson Fachin, por ter sido relator da declaração de inconstitucionalidade do marco temporal.

Tanto Fachin como Gilmar votaram contra a tese do marco temporal, mas a grande diferença é que, enquanto Fachin atendeu integralmente aos indígenas e não quis discutir a indenização dos proprietários em caso de remoção, Gilmar fez ressalvas à amplitude das terras demarcadas e disse que “não falta terra”, mas “falta apoio”.

“É preciso que tenhamos essa dose de realidade no nosso raciocínio, sob pena de estarmos a oferecer soluções ilusórias. Pode ser revogado o marco temporal, e a dificuldade vai continuar”, ressalvou o ministro quando votou, em setembro.

APOIO A CONTRAGOSTO – A verdade é que Gilmar Mendes sabe que acabar com o marco temporal é uma irresponsabilidade, porque os índios poderão requerer a posse de cidades inteiras, caso não haja uma ressalva impeditiva.

Ele sabe que o marco temporal deve valer nos casos das terras que não estivessem sendo reivindicadas pelas tribos antes de 1988. Sabe também que, nas situações mais polêmicas, será preciso indenizar os produtores rurais.

Gilmar está corretíssimo ao dizer que há muita terra, porque nada impede que as tribos possam ganhar  áreas em outros locais, no caso de disputas que causem convulsão social.

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P.S. 1
Gilmar Mendes é uma figura paradoxal. O ministro domina o Supremo e cresce nos momentos de crise. Não será surpresa se ele encontrar uma saída conciliadora, que atenda a todos os envolvidos (indígenas, produtores rurais, governo e Congresso), como deveria ter acontecido lá atrás, ao invés de o Supremo fazer essa lambança de revogar um marco temporal sem substituí-lo por nenhuma outra regra. O Brasil já está cheio de crises, de vez em quando é bom encontrar soluções. (C.N.)

Piada do Ano! Diretor da PF diz que vai identificar os “enforcadores” de Moraes

O delegado da PF Andrei Passos

O diretor Andrei Passos faz suspense: “Saberemos em breve”

Deu em O Globo

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), delegado Andrei Passos, afirmou nesta quinta-feira que a partir de mensagens aprendidas durante as investigações sobre os ataques terroristas de 8 de janeiro do ano passado será possível identificar os responsáveis pelo plano de enforcar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Moraes falou sobre a existência do plano em entrevista publicada nesta quinta-feira pelo Globo.

— A partir dessas mensagens a gente tem a possibilidade de identificação dos responsáveis — afirmou Andrei, em entrevista à GloboNews.

EM BREVE – Indagado quem são os responsáveis, o chefe da Polícia Federal respondeu:

— Saberemos em breve.

De acordo com o diretor-geral, a PF já tinha conhecimento do plano revelado por Moraes ao Globo.

— Isso são informações extraídas de troca de mensagens, das prisões, de todo o trabalho que está sendo feito – resumiu Andrei Passos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Vivemos tempos estranhos, em que as pessoas lutam para ser famosas por 15 minutos, como dizia Andy Warhol, famoso animador cultural e artista plástico norte-americano. As autoridades parecem não ter medo do ridículo. Esta declaração do diretor da Polícia Federal, por exemplo, conseguiu ser pior do que a entrevista do ministro Moraes. E já podemos antever a cena, com o diligente delegado federal reunindo a imprensa para exibir a corda em que o ministro seria pendurado e explicando se os perigosos terroristas iriam usar o sistema do cadafalso, preferiam o velho pontapé na cadeira ou iam proceder como o Exército no caso de Vladimir Herzog, fingindo suicídio com uso da “cinta do macacão que o preso usava”. (C.N.)

Crise faz governo argentino suspender salários que pagava a bispos católicos

Governo Milei suspende por um ano verbas de publicidade aos meios de  comunicação

Porta-voz de Milei anuncia a suspensão dos salários

Deu no MSN
(Agência EFE)

O Estado argentino deixou de pagar os salários mensais dos bispos da Igreja Católica, anunciou a hierarquia eclesiástica num comunicado divulgado esta quarta-feira que reflete uma decisão que começou a tomar forma em 2018, quando a lei do aborto foi aprovada.

Manuel Adorni, porta-voz presidencial de Javier Milei,  confirmou em coletiva à imprensa que a Conferência Episcopal Argentina realmente tomou a decisão de não mais pagar dotação mensal através da qual o Estado era responsável pelos salários de alguns bispos e arcebispos.

“Isso coincide com as diretrizes deste Governo: austeridade nos gastos e defesa da liberdade religiosa. Entendemos que o Estado não precisa dar tratamento desigual a uma religião ou culto em detrimento de outro”, comentou Adorni.

55 MIL DÓLARES – O subsídio financeiro, quantificado globalmente em cerca de 55 mil dólares por mês (R$ 275 mil), deixou de ser aplicado em 1º de janeiro. A ajuda vinha sendo paga em virtude do disposto no artigo 2º da Constituição da Nação Argentina, pelo qual “o Governo federal apoia o culto católico apostólico romano”.

Mas há mais de cinco anos, a Conferência Episcopal Argentina reuniu-se com o governo do então presidente Mauricio Macri (2015-2019), no meio de um clima político que exigia a separação entre Igreja e Estado.

As partes concordaram que a medida entraria em vigor no final do governo Alberto Fernández (2019-2023), conforme acaba de acontecer.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Boa matéria, enviada pelo José Guilherme Schossland. Perto dos penduricalhos das autoridades brasileiras, a ajuda de custo aos bispos argentinos é uma micharia. Perguntem ao bispo Macedo, ao RR Soares, ao Malafaia ou ao Waldemiro Santiago, que faliu mas já está novamente rico. (C.N.)

Polarização calcificada que divide o País é pior do que a antiga “luta de classes”

Iotti: polarização | GZH

Charge do Iotti (Gaúcha/Zero Hora)

William Waack
Estadão

Não há muitas chances de o Brasil escapar no ano que vem da armadilha que se fechou em 2023, a da calcificação da polarização política. Até aqui ela funciona como uma espécie de coleira de choque antilatido – que o digam o governador Tarcísio de Freitas ou o ministro Fernando Haddad.

As duas bolhas cobram dos políticos que delas fazem parte (ou são vistos como fazendo parte) uma espécie de disciplina de comportamento centrada na pessoa dos respectivos chefes, Lula e Bolsonaro. Faz sentido: a coleira antichoque tem como objetivo impor uma lealdade do tipo canina.

TRANSFERIR VOTOS? – Esse é o aspecto menos relevante no fenômeno da calcificação. Nem mesmo o razoavelmente bem organizado PT é capaz de impor condutas monolíticas. Bolsonaro, como é notório, nunca foi capaz de criar uma estrutura hierarquizada que transformasse comandos em ações.

Significa, no caso do grande evento político de 2024, o das eleições municipais, que as peculiaridades locais terão peso importante, não importa a “nacionalização” do pleito.

Por mais relevante que seja do ponto de vista do eleitor o grande embate nacional, Lula e Bolsonaro terão severas dificuldades em transferir votos automaticamente para seus ungidos nas grandes capitais.

DIVISÃO NACIONAL – Preocupante no fenômeno da calcificação das bolhas são seus aspectos políticos e sociais mais amplos, em termos de abrangência, profundidade e regionalização.

O fenômeno tomou conta do País inteiro e já tem características de divisão geográfica bem mais complexas do que a surrada divisão antiga “cidade-campo” ou “de classes”.

Numa simplificação grosseira, essa divisão geográfica abrange um grande arco mal descrito como “Centro Oeste” (pois vai do Sul até o interior do Piauí e Bahia) e que corresponde em parte a áreas dinâmicas ligadas à agroindústria. Sua expressão própria, porém, não é a da celebração de resultados econômicos da balança comercial, mas, sim, uma “cultura” e “valores” próprios.

CAIU NA ARMADILHA – Quanto ao grau de penetração na sociedade, a calcificação oferece aspectos graves abrangendo raça, religião, hábitos de consumo, esporte, educação, relações familiares e pessoais, descritas em detalhes preocupantes no recém lançado “Biografia do Abismo”, de Felipe Nunes e Thomas Traumann. Os dados sugerem um País que está aprofundando a armadilha.

É muito difícil prever a duração de um fenômeno tão amplo como a polarização calcificada, que tem na selvageria e virulência das redes sociais o principal componente dessa coleira antilatido.

Depende da capacidade de jovens lideranças, em todos os espectros políticos, aprenderem a livrar o próprio pescoço.

Moraes diz que queriam enforcá-lo, mas com 100 PMs ele dominaria a situação…

Revelação de Moraes ajuda a entender a gravidade dos atos de 8/1

Moraes deveria se declarar suspeito para o julgamento…

Mariana Muniz e Thiago Bronzatto
O Globo

Na estreia da série de entrevistas e reportagens do GLOBO sobre os ataques do 8 de Janeiro, que estão prestes a completar um ano, o ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre a investida golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), detalha, em entrevista, os desdobramentos das apurações sobre o episódio. O magistrado, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conta que a investigação desvendou três planos contra ele, que envolviam até homicídio.

Onde o senhor estava no dia 8 de janeiro?
Após a posse do presidente Lula, viajei com a minha família para a Europa e estava em Paris dia 8 de janeiro. Meu filho me mostrou imagens de pessoas invadindo o Congresso. Liguei imediatamente para o ministro Flávio Dino (Justiça). Perguntei a ele como tinham entrado, porque havia ocorrido uma reunião de órgãos de segurança em que tinha ficado proibida a entrada de manifestantes na Esplanada dos Ministérios. Num determinado momento, o presidente também falou comigo. Ele e o Dino conversaram sobre a possibilidade de intervenção federal ou GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Quem decidiu foi o Poder Executivo, mas eu relembrei que no tempo do presidente (Michel) Temer, houve a possibilidade de intervenção só na área da segurança, e talvez isso fosse melhor.

O que o senhor fez?
O que chocava era a inação da Polícia Militar. Fui secretário de Segurança Pública em São Paulo e ministro da Justiça. Afirmo sem medo de errar: não precisaria de cem homens do Batalhão de Choque para dispersar aquilo. O que precisávamos ver era qual gravidade e a sequência. Fiquei aguardando a provocação da Polícia Federal e da Advocacia-Geral da União (AGU) para decidir (no inquérito). Achei importantes três decisões: as prisões do então secretário (Anderson Torres) e do comandante geral da Polícia Militar (Fábio Augusto Vieira), para evitar efeito dominó em outros estados. Eu me certifiquei que as demais polícias militares estavam tranquilas, mas não podíamos arriscar. Ao mesmo tempo, o afastamento do governador (Ibaneis Rocha), para evitar que pudesse ocorrer algo extremista em outros estados, eventualmente outro governador apoiar movimento golpista. E a determinação de prisão em flagrante imediata de quem permanecesse em frente a quartéis pedindo golpe.

O que poderia ter acontecido?
Se tivéssemos deixado mais pessoas em frente a quartéis (no dia seguinte), poderia gerar mais violência, com mortes e distúrbios civis no país todo. Se não houvesse a demonstração clara e inequívoca de que o Supremo Tribunal Federal não iria admitir nenhum tipo de golpe, afastaria qualquer governador que aderisse e prenderia os comandantes de eventuais forças públicas que aderissem, poderíamos ter um efeito dominó que geraria caos no país.

Havia os acampamentos nos quartéis e outros episódios de violência, como a tentativa de atentado a bomba nos arredores do aeroporto de Brasília. Era possível prever o que houve?
Foi um erro muito grande das autoridades deixar, durante o ano passado, aquelas pessoas permanecerem na frente dos quartéis. Isso é crime e agora não há mais dúvida disso. O Supremo Tribunal Federal recebeu mais de 1.200 denúncias contra quem estava acampado pedindo golpe militar, tortura e perseguição de adversários políticos. No dia do segundo turno, também tivemos um problema grave com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), objeto de inquérito, que inclusive gerou a prisão do ex-diretor (Silvinei Vasques). Houve a greve dos caminhões tentando parar o país. A violência estava numa crescente. No dia da diplomação, 12 de dezembro de 2022, houve prisões após a (tentativa de) invasão da Polícia Federal. Como na posse não houve nada, infelizmente as pessoas da área de segurança talvez tenham ficado mais otimistas. O grande erro doloso foi permitir a entrada (dos golpistas) na Esplanada dos Ministérios. O 8 de Janeiro foi o ápice do movimento: a tentativa final de se reverter o resultado legítimo das urnas.

O que a investigação já delineou sobre o plano golpista?
Nas investigações e nos interrogatórios de vários desses golpistas, temos que os discursos nos quartéis onde estavam acampados diziam que deveriam vir para Brasília. De vários financiadores, (a ordem era que) deveriam vir, invadir o Congresso e ficar até que houvesse uma GLO para que o Exército fosse retirá-los. E, então, eles tentariam convencer o Exército a aderir ao golpe. O que mostra o acerto em não se decretar a GLO, porque isso poderia gerar uma confusão maior, e sim a intervenção federal. Não que o Exército fosse aderir, pois em nenhum momento a instituição flertou (com a ideia). Em que pese alguns dos seus integrantes terem atuado, e todos eles estão sendo investigados.

Os executores já foram condenados, os financiadores estão sendo denunciados e há outras linhas da apuração da participação de militares e dos autores intelectuais. Até onde a investigação vai chegar?
Não há limite. Todos aqueles que tiverem a responsabilidade comprovada, após o devido processo legal, serão responsabilizados.

Já se chegou a alguns financiadores, divulgadores e instigadores.
Obviamente, é possível chegar aos organizadores, inclusive intelectuais. Em menos de um ano, já temos mais de 30 condenados pelo plenário do Supremo Tribunal Federal. Não poderíamos deixar que aqueles que tentaram romper com a democracia no Brasil continuassem achando que uma eventual impunidade pudesse encorajá-los a atentar novamente.

O ex-presidente Jair Bolsonaro fez uma série de ataques às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral. Qual é a responsabilidade dele?
Todas as pessoas sobre as quais a Polícia Federal encontrar indícios serão investigadas, desde os executores até eventuais políticos. Mas isso a investigação é que vai demonstrar.

Qual foi a influência das plataformas no 8 de Janeiro?
A regulamentação das redes sociais vai ser uma bandeira importante do Tribunal Superior Eleitoral no primeiro semestre de 2024. Elas falharam e foram instrumentalizadas no 8 de Janeiro. Proliferaram o discurso de ódio, antidemocrático, permitindo que as pessoas se organizassem para a “festa da Selma”, que era o nome utilizado (para o 8 de Janeiro).

O senhor foi alvo desse discurso de ódio e se deparou na investigação com planos para prendê-lo.
Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio. E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição. Houve uma tentativa de planejamento. Inclusive, e há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão. Tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido. Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso. E nada disso ocorreu, então está tudo bem.

O senhor precisou reforçar a sua própria segurança?
Ela continua a mesma desde o momento em que eu assumi a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (em 2014). Eu já recebia ameaças da criminalidade organizada. O esquema é o mesmo há quase nove anos. Em relação à minha família, aumentei a segurança. Esses golpistas são extremamente corajosos virtualmente e muito covardes pessoalmente. Então, chegam muitas ameaças, principalmente contra minhas filhas, porque até nisso eles são misóginos. Preferem ameaçar as meninas e sempre com mensagens de cunho sexual. É um povo doente.

Há críticas em relação às prisões feitas no dia 8 de janeiro. São justas?
Nunca vi alguém preso achar que a sua prisão é justa. Analiso as críticas construtivas, mas ignoro as destrutivas. Nenhum desses golpistas defende que alguém que furtou um notebook não possa ser preso. E eles, que atentaram contra a democracia, não podem? Os presos são de classe média, principalmente do interior, e acham que a prisão é só para os pobres. A Justiça tem que ser igual para todos.

Os críticos também dizem que as penas aos primeiros condenados foram altas.
Quem faz a pena não é o Supremo Tribunal Federal, é o legislador. O Congresso aprovou uma legislação substituindo a Lei de Segurança Nacional exatamente para impedir qualquer tentativa de golpe. Se as penas máximas fossem aplicadas em todos os cinco crimes, pegariam mais de 50 anos, mas pegaram 17 (no máximo). Se não quisessem ser condenados, não praticassem nenhum crime.

Qual é a lição que fica do 8 de Janeiro?
A primeira é impedir a continuidade dessa terra sem lei das redes sociais. Sem elas, dificilmente (os atos golpistas) teriam ocorrido de forma tão massiva. Na parte criminal eleitoral, todos os políticos, quando houver comprovação de participação, devem ser alijados da vida política, além da responsabilidade penal. Quem não acredita na democracia não deve participar da vida política do país.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Moraes faz o estilo Cazuza, porque é muito exagerado em tudo o que faz ou que diz. E é contraditório. Na sua concepção, 100 soldados PM teriam resolvido a situação contra aqueles milhares de perigosos terroristas… Devia pensar melhor antes de dar declarações tolas, desse tipo. Na verdade, ele não correu o menor perigo de vida e nenhum militar será processado por ele, só o Mauro Cid. Nota zero para a entrevista. Moraes está envolvido demais com o assunto, deveria se declarar suspeito, porque vítima não pode julgar. (C.N.)