Matheus Teixeira
Folha
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirmou nesta sexta-feira (25) que desvios cometidos por militares serão repudiados. A declaração foi dada em discurso na cerimônia de comemoração do Dia do Soldado, que contou com a presença do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro Alexandre de Moraes, que é relator no STF (Supremo Tribunal Federal) de investigações que atingem militares próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ele também afirmou que as Forças Armadas conquistaram respeito devido ao cumprimento à Constituição. “Esse comportamento coletivo não se coaduna com eventuais desvios de conduta, que são repudiados e corrigidos, a exemplo do que fez Caxias, o forjador do caráter militar brasileiro”, disse.
ATIVISTAS MILITARES – Paiva discursou na manhã desta sexta-feira por ocasião da cerimônia do Dia do Soldado, realizada no Quartel-General do Exército, em Brasília. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, também participou do evento.
Todas as investidas contra o sistema eleitoral no governo Bolsonaro têm ou tiveram alguma participação de integrantes da ativa ou reserva das Forças Armadas.
A constatação, como mostrou a Folha, é possível ao analisar capítulo a capítulo da escalada de ataque às urnas patrocinada pelo presidente derrotado nas eleições deste ano.
EM PLENO TURBILHÃO – A fala de Tomás Paiva acontece no momento em que o Exército e as Forças Armadas, em geral, se encontram no centro de um turbilhão por causa do envolvimento das cúpulas militares no governo Bolsonaro.
Também acontecem em meio ao avanço das investigações relacionadas aos atos golpistas do dia 8 de janeiro e das suspeitas de irregularidades envolvendo o ex-presidente e seus auxiliares, em particular o tenente-coronel Mauro Cid.
Nos bastidores do Exército, como mostrou a Folha, é dado como certo que Cid vai para o barro. A gíria da caserna, usada por um oficial que comentou a situação, é sinônimo de que um militar será punido.
CID PODE SER EXCLUÍDO -No caso do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, a aposta é que ele será excluído da corporação e perderá sua patente caso condenado na Justiça comum – hipótese também considerada muito provável diante dos fatos já revelados nas investigações em que Cid está envolvido.
Cid está preso há três meses e meio num batalhão da Polícia do Exército em Brasília sob suspeita de ter falsificado cartões de vacinação de Bolsonaro e familiares e é investigado em outros casos, como o do vazamento de dados sigilosos sobre a urna eletrônica e os ataques golpistas do 8 de janeiro.
Além disso, participou da venda das joias que pertenceriam à Presidência.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O Exército é tão corporativista quanto a Justiça. Se for condenado, o oficial é declarado morto e a esposa (ou filha) fica recebendo a pensão. Ou seja, o oficial é condenado a se reformar (aposentar) mais cedo… Parece brincadeira, mas é verdade. Igual ao que acontece com juízes corruptos. (C.N.)