Mônica Bergamo
Folha
O general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, se afastou de Jair Bolsonaro (PL) depois que o filho foi para a prisão. O clima entre ele e o grupo próximo do ex-presidente, formado em sua maior parte por militares, é de tensão.
O general — que sofreu operação de busca e apreensão na semana passada por ajudar a vender nos EUA joias que Bolsonaro recebeu de presente de autoridades estrangeiras — sempre foi amigo próximo e fiel ao ex-presidente.
COMO PODE? – Há algumas semanas, porém, ele começou a reclamar com interlocutores sobre o fato de o filho estar preso desde maio, enquanto Bolsonaro e outros auxiliares do ex-presidente seguem levando uma vida normal.
Na visão do general, o peso dos erros da equipe está caindo quase que exclusivamente nos ombros do tenente-coronel Mauro Cid, investigado por falsificar cartões de vacina e por viabilizar a
A tensão foi aumentando na medida em que a permanência do filho atrás das grades se prolonga. O general Lourena Cid acreditava que ele seria solto poucas horas depois de ser detido.
A SITUAÇÃO PIOROU – A prisão, no entanto, já dura três meses. E a situação só piora. Não apenas o tenente permanece preso como o próprio general foi envolvido no escândalo sob a suspeita de ajudar na venda das joias e de guardar US$ 25 mil em cash para entregar posteriormente a Bolsonaro.
Apoiadores do ex-presidente creditam a frustração e a tensão do general ao fato de ele não ter nenhuma noção de política e de, portanto, não entender os rumos que as coisas tomaram. Há uma aposta também de que, depois de ter o nome estampado nas manchetes na condição de investigado, o general Lourena Cid passe a entender que é melhor ficar próximo de Bolsonaro do que entrar no jogo de cada um por si e Deus por todos.
Apesar do clima tenso, a possibilidade de uma delação premiada ainda parece distante: o tenente-coronel contratou o advogado Cezar Bittencourt para a sua defesa. Ele sempre criticou os processos de colaboração.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O general Lourena Cid está parecendo Emílio Odebrecht. Na Lava Jato, indignado com a prisão do filho Marcelo, o empresário se aproximou da força-tarefa, ofereceu-se para ser preso no lugar do filho, não aceitaram e ele iniciou a delação premiada. Marcelo Odebrecht ficou revoltado, disse que “cadeia é para homem”, e desde então estão brigados. Domingo foi Dia dos Pais. Emilío Odebrecht não pôde abraçar os filhos e beijar os netos. De que adianta ser rico numa família destroçada? (C.N.)