Decisões de Toffoli incentivam que haja leniência diante da corrupção

Dias Toffoli anula todos os atos da Lava Jato contra Marcelo Odebrecht –  Justiça – CartaCapital

O estilo Toffoli de fazer justiça deixa muito a desejar

Deu em O Globo

Faz um ano que o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), vem anulando decisões da Operação Lava-Jato e de outras operações de vulto contra a corrupção em decisões individuais, com a anuência da maioria da Segunda Turma da Corte. A última, anunciada na semana passada, beneficiou Leo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS. Réu confesso, Pinheiro relatou propinas na Petrobras e as reformas no apartamento do Guarujá e no sítio de Atibaia que levaram aos processos, depois anulados, contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Toffoli acatou a versão da defesa, segundo a qual Pinheiro, condenado a mais de 30 anos de prisão, foi vítima de “ilegalidades processuais”. Sozinho, cancelou todas as ações contra ele.

OPERAÇÃO DESMONTE – Tem sido esse o procedimento-padrão no desmonte da maior operação contra corrupção da História do Brasil. Nada de debate no plenário, nenhuma possibilidade de a população ouvir opiniões divergentes. É difícil pensar que isso contribua de algum modo para a confiança dos brasileiros no Judiciário.

Em setembro do ano passado, Toffoli invalidou as provas do acordo de leniência firmado pela Odebrecht (hoje Novonor). Tornou nulos todos os dados obtidos pelos sistemas de informação do “departamento de propinas” da empreiteira. Cinco meses depois, suspendeu o pagamento das multas. Em maio, anulou as decisões da Lava-Jato contra o também réu confesso Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira.

Ele baseou seu despacho nas mensagens trocadas pelo então juiz Sergio Moro e integrantes do Ministério Público. Obtidas de forma ilegal, elas mostraram cooperação entre os responsáveis pela acusação e o juiz.

UMA AVALANCHE – A partir da decisão que beneficiou a Odebrecht, sabia-se que haveria uma avalanche de pedidos de condenados. De acordo com a advogada de defesa de Pinheiro, Maria Francisca dos Santos Accioly, “todas as barbáries e ilegalidades processuais sofridas por Marcelo Odebrecht vitimizaram igualmente Leo Pinheiro”.

Ao concordar com essa tese, Toffoli voltou a mencionar as conversas obtidas ilegalmente. “Diante do conteúdo dos frequentes diálogos entre magistrado e procurador especificamente sobre o requerente, fica clara a mistura da função de acusação com a de julgar, corroendo-se as bases do processo penal democrático”, disse o ministro.

Na semana passada, a defesa do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró protocolou pedido a Toffoli para também ser beneficiado. A lista é grande.

REPERCUSSÃO – Como era de esperar, as decisões tomadas no STF têm repercutido nas instâncias inferiores. Em agosto, o juiz Guilherme Roman Borges, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, arquivou uma ação penal por organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo executivos da Braskem.

No início de setembro, mandou a União devolver R$ 25 milhões pagos em multa por Jorge Luiz Brusa, que fechara acordo com o Ministério Público. A lista de recuos da Justiça também é grande — e só faz crescer.

Não resta dúvida de que a Lava-Jato cometeu excessos. Mas as decisões de Toffoli livrando de punição réus confessos transmite a mensagem contrária à necessária num país com o histórico de impunidade do Brasil. Pela importância, elas mereceriam um debate mais aprofundado no plenário da Corte, capaz de avaliar se, por mais que haja justificativas processuais, a anulação de todos os casos e provas é a melhor forma de combater a corrupção.

Eleições mostra que Lula e Bolsonaro são menos influentes do que pensam

Bolsonaro e Lula se enfrentam em último debate nesta sexta-feira | CNN  Brasil

Como tudo na vida, Lula e Bolsonaro vão passar…

William Waack
Estadão

O primeiro turno da eleição municipal paulistana traz um problema para Lula e Bolsonaro, os donos das duas grandes bolhas. Eles parecem menos influentes do que se supunha. O cenário mais provável de um segundo turno continua sendo o da polarização “normal” da política brasileira (é considerada pequena a probabilidade de que o candidato da esquerda não chegue lá). Ainda assim permanecerá a sensação de desgaste das duas figuras.

A decadência de Lula é mais evidente até mesmo na sua disposição física de encarar campanhas eleitorais domésticas, diante de um mundo lá fora a ser salvo por ele. A questão central para o petista, porém, é o notável enfado que causam suas ideias antigas e seu apego a um passado que existiu sobretudo na sua própria cabeça.

E BOLSONARO? – Bem, o desgaste de Bolsonaro é produzido não só pela perspectiva de longas batalhas jurídicas morro acima sem chances de se tornar elegível (talvez escape da cadeia). Ele deixou de ser uma “novidade” na vitrine das surpresas políticas e sua notória dificuldade de se concentrar em eixos claros de atuação política diminuíram consideravelmente sua capacidade de ungir candidatos.

É bastante óbvio que políticos disputando eleições ainda têm de se referir de uma forma ou outra aos donos das grandes bolhas. Mas é muito mais pelo “constrangimento” que tanto Lula quanto Bolsonaro ainda têm capacidade de criar.

Reza a doutrina que “toda política é local”, o que parece ter menos validade quando é imenso o número de eleitores (como São Paulo) e são muito complexos os fatores econômicos e sociais, que refletem e influenciam condições “nacionais”. Nesse sentido, as eleições municipais paulistanas são preocupantes para Lula e Bolsonaro.

GRAU DE DISSOLUÇÃO – Elas sugerem algum grau de dissolução da calcificação das bolhas descritas por analistas e acadêmicos, e calçadas em convincente material empírico. O mais explícito foi o racha na bolha da “direita”, onde ficou claro que Bolsonaro não foi capaz de consagrar um sucessor inconteste. Mas também na esquerda, com o candidato em São Paulo se esforçando para atingir um eleitorado além do tradicional reduto petista, Lula tem se mostrado incapaz.

Há alguns padrões “novos” incorporados na luta política que nem Lula ou Bolsonaro estão sendo capazes de “conduzir”. Em parte são valores como empreendedorismo ou religião, que as estratégias políticas de esquerda têm dificuldades de entender e atingir.

Em parte são uma busca por sentido e direção, no campo de centro direita, que não se enxerga no bolsonarismo ou mesmo o repele abertamente. É muito difícil prever como esses padrões impactarão as eleições de 2026, mas o que acontece em São Paulo indica que serão diferentes do que se pensava ainda no ano passado.

Solução de dois Estados pode consolidar golpe de Israel contra Hamas e Hezbollah

Um homem em um terno escuro, com uma gravata azul, está em pé em um palco, segurando dois cartazes. O cartaz à esquerda tem o título 'THE CURSE' e mostra um mapa, enquanto o cartaz à direita tem o título 'THE BLESSING' e também apresenta um mapa com uma linha vermelha. Ao fundo, outras pessoas estão visíveis, mas não são claramente identificáveis

Netanyahu exibe os mapas da “Maldição” e da “Benção”

Thomas L. Friedman
Folha (NYTimes)

Para entender por que e como o golpe devastador de Israel no Hezbollah é uma ameaça tão devastadora para o mundo do Irã, Rússia, Coreia do Norte e até mesmo China, você tem que colocá-lo no contexto da luta mais ampla que substituiu a Guerra Fria como a estrutura das relações internacionais hoje.

Após a invasão de Israel pelo Hamas em 7 de outubro, argumentei que não estávamos mais na Guerra Fria, ou no pós-Guerra Fria. Estávamos no pós-pós-Guerra Fria: uma luta entre uma “coalizão de inclusão” —países decentes, nem todos democracias, que veem seu melhor futuro entregue por uma aliança liderada pelos EUA, empurrando o mundo para uma maior integração econômica, abertura e colaboração para enfrentar os desafios globais, como as mudanças climáticas— versus uma “coalizão de resistência”, liderada pela Rússia, Irã e Coreia do Norte: regimes brutais e autoritários que usam sua oposição ao mundo de inclusão liderado pelos EUA para justificar a militarização de suas sociedades e manter um controle de ferro sobre o poder.

A China tem se mantido em dois campos porque sua economia depende do acesso à coalizão de inclusão, enquanto a liderança do regime compartilha muitos dos instintos e interesses autoritários da coalizão de resistência.

LUTA GLOBAL – Você tem que ver as guerras na Ucrânia, na Faixa de Gaza e no Líbano no contexto dessa luta global. A Ucrânia estava tentando se juntar ao mundo da inclusão na Europa —buscando ter liberdade da órbita da Rússia e se juntando à União Europeia— e Israel e a Arábia Saudita estavam tentando expandir o mundo da inclusão no Oriente Médio normalizando as relações.

A Rússia tentou impedir a Ucrânia de se juntar ao Ocidente (UE e Otan) e o Irã, o Hamas e o Hezbollah tentaram impedir Israel de se juntar ao Oriente (laços com a Arábia Saudita). Porque se a Ucrânia se juntasse à UE, a visão inclusiva de uma Europa “inteira e livre” estaria quase completa e a cleptocracia de Vladimir Putin na Rússia quase completamente isolada.

E se Israel tivesse permissão para normalizar as relações com a Arábia Saudita, isso não só expandiria enormemente a coalizão de inclusão naquela região —uma coalizão já expandida pelos Acordos de Abraão que criaram laços entre Israel e outras nações árabes— como isolaria quase totalmente o Irã e seus representantes imprudentes do Hezbollah no Líbano, os houthis no Iêmen e as milícias xiitas pró-iranianas no Iraque, todos os quais estavam levando seus países a Estados falidos.

BASE IRANIANA – De fato, é difícil exagerar o quanto o Hezbollah e seu líder, Hassan Nasrallah, que foi morto por um ataque israelense na sexta-feira (27), eram detestados no Líbano e em muitas partes do mundo árabe sunita e cristão pela maneira como sequestraram o Líbano e o transformaram em uma base para o imperialismo iraniano.

Eu estava falando no fim de semana com Orit Perlov, que rastreia a mídia social árabe para o Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel. Ela descreveu a enxurrada de postagens nas redes sociais de todo o Líbano e do mundo árabe celebrando a queda do Hezbollah, pedindo ao governo libanês que declarasse um cessar-fogo unilateral para que o Exército libanês pudesse tomar o controle do sul do Líbano do Hezbollah e, então, trazer tranquilidade à fronteira.

Os libaneses não querem que Beirute seja destruída como Gaza e estão realmente com medo de um retorno da guerra civil, Perlov me explicou. Nasrallah já havia arrastado os libaneses para uma guerra com Israel que eles nunca quiseram, mas o Irã ordenou.

REDE DE ALIANÇAS – A administração Biden-Kamala vem construindo uma rede de alianças para dar peso estratégico à coalizão de inclusão —do Japão, Coreia do Sul, Filipinas e Austrália no Extremo Oriente, passando pela Índia e Arábia Saudita, Egito, Jordânia e então pela UE e Otan.

A pedra fundamental de todo o projeto foi a proposta da equipe do presidente Joe Biden de normalizar as relações entre Israel e Arábia Saudita, o que os sauditas estão prontos para fazer, desde que Israel concorde em abrir negociações com a Autoridade Palestina na Cisjordânia sobre uma solução de dois Estados. E aqui vem o problema.

Preste muita atenção ao discurso do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, perante a Assembleia-Geral da ONU na sexta-feira. Ele entende muito bem a luta entre as coalizões de resistência e de inclusão das quais estou falando. Na verdade, isso foi central para seu discurso nas Nações Unidas.

DOIS MAPAS – Como assim? Netanyahu levantou dois mapas durante seu discurso, um era intitulado “A Bênção” e o outro “A Maldição”. “A Maldição” mostrava a Síria, o Iraque e o Irã em preto como uma coalizão de bloqueio entre o Oriente Médio e a Europa. O segundo mapa, “A Bênção”, mostrava o Oriente Médio com Israel, Arábia Saudita, Egito e Sudão em verde e uma seta vermelha de duas vias cruzando-os, como uma ponte conectando o mundo da inclusão na Ásia com o mundo da inclusão na Europa.

Mas se você olhar atentamente para o mapa da “Maldição” de Netanyahu, ele mostra Israel, mas sem fronteiras com Gaza e a Cisjordânia ocupada (como se ela já tivesse sido anexada —o objetivo desse governo israelense).

E esse é o problema. A história que Netanyahu quer contar ao mundo é que o Irã e seus representantes são o principal obstáculo ao mundo da inclusão que se estende da Europa, passando pelo Oriente Médio até a Ásia-Pacífico. Discordo. A pedra fundamental de toda essa aliança é uma normalização saudita-israelense baseada na reconciliação entre Israel e os palestinos moderados.

GOLPE DIPLOMÁTICO – Se Israel agora avançar e iniciar um diálogo sobre dois Estados para dois povos com uma Autoridade Palestina reformada, que já aceitou o tratado de paz de Oslo, esse seria o golpe diplomático que acompanharia e solidificaria o golpe militar que Israel acabou de dar contra o Hezbollah e o Hamas. Isso isolaria totalmente as forças de resistência na região. Nada abalaria mais o Irã, o Hamas, o Hezbollah e a Rússia —e até mesmo a China.

Mas para fazer isso, Netanyahu teria de assumir um risco político ainda maior do que o risco militar que ele acabou de assumir ao matar a liderança do Hezbollah, também conhecido como “Partido de Deus”.

Netanyahu teria que romper com o “Partido de Deus” israelense —a coalizão de supremacistas e messianistas de extrema direita que querem que Israel controle permanentemente todo o território do Rio Jordão ao Mediterrâneo, sem linhas de fronteira entre eles, assim como no mapa da ONU de Netanyahu.

PARTIDOS DE DEUS – Esses partidos mantêm Netanyahu no poder, então ele precisaria substituí-los por partidos centristas israelenses, que eu sei que colaborariam com ele em tal movimento.

Então aí está o grande desafio do dia: a luta entre o mundo da inclusão e o mundo da resistência se resume a muitas coisas, mas nenhuma mais —hoje— do que a disposição de Netanyahu de dar continuidade ao seu golpe no “Partido de Deus” no Líbano, desferindo um golpe político semelhante no “Partido de Deus” em Israel.

Crime organizado, caixa 2 e porrada são os grandes marcos desta eleição

Datena x Marçal: Quais as implicações jurídicas da cadeirada?

Cadeirada de Datena em Marçal exibe a nova política

Bruno Boghossian
Folha

Aconteceu em Alagoas. Uma semana antes do primeiro turno, um juiz eleitoral mandou suspender a campanha no município de Taquarana. Ele relatou “agressividade exagerada”, “denúncias de perseguições” e “uso de arma de fogo” na disputa. Proibiu carreatas, passeatas e comícios. Pediu o reforço de tropas federais e determinou: ninguém poderá comemorar o resultado da votação em locais públicos.

Nos gabinetes da Justiça Eleitoral, muita gente acreditou que a inteligência artificial seria o maior desafio desta campanha. Mas uma boa parte da política do país está mais próxima de tempos medievais do que de qualquer revolução tecnológica.

CRIME & POLÍTICA – As disputas deste ano provaram a presença escancarada do crime organizado na política dos municípios. A corrupção e o dinheiro vivo viraram parte da paisagem. O jogo baixo e a porradaria se tornaram armas comuns na campanha. Em Taquarana, aliados de um candidato desfilaram com a foto do rival pregada num caixão, de acordo com o UOL. Do outro lado, um militante avisou aos adversários que era hora de “apanhar e ficar calado”.

O tráfico, as milícias e o garimpo ilegal abraçam a atividade política como parte dos negócios. Lançam candidatos próprios e patrocinam outros nomes para controlar contratos, aprovar leis de seu interesse e acumular poder. As ferramentas das quadrilhas são conhecidas: assassinatos, ameaças, bloqueio de territórios e coação de eleitores.

DINHEIRO VOANDO – Bolos de dinheiro viajam em porta-malas para abastecer o caixa dois das campanhas ou simplesmente para comprar votos. Às vezes, a grana voa pelos ares. Em Coari (AM) um candidato foi detido depois de fazer uma chuva de dinheiro em praça pública. A lei e as restrições ao financiamento de campanhas não assustam tanta gente. Prisões são tratadas como efeitos colaterais.

A corrida pelo comando da maior cidade do país ficou marcada por uma cadeirada e um soco na cara. Seriam só asteriscos pitorescos se o eleitor pudesse ter a certeza de que o próximo prefeito terá um programa para resolver o transporte público cruel, o ar irrespirável, a degradação apavorante de bairros inteiros e outras tragédias urbanas.

Três assuntos: “Kids pretos”; genocídio no Oriente; e a volta da rede social X

Tribuna da Internet | Celular de general pode identificar “kids pretos”  infiltrados que lideraram o vandalismo

Os “kids pretos” se infiltraram e comandaram a invasão

José Perez

O Comando de Operações Especiais do Exército (COPESP), quartel dos “kids pretos”, era no Rio de Janeiro e foi transferido para Goiânia porque o tráfico de drogas estava recrutando os ex-alunos deste curso de comandos. Armas, drogas, jogos, pornografia e agiotagem legalizada (instituições financeiras) dominam o mundo, pois produzem lucros estratosféricos e compram qualquer pessoa ou instituição.

No 8 de janeiro, os “kids pretos” sequer se hospedaram em hotéis na sua grande maioria. Apenas os que vieram antes, para colher informações de inteligência. Chegaram de Goiânia, incentivaram e comandaram o quebra-quebra e foram embora. Nenhum deles foi preso em flagrante. Vieram de carro em grupo de 4 militares em cada “viatura”.

Os PMs que fazem lobby no congresso por salários (todos Bolsonaristas) contaram essa história com detalhes no cafezinho da Câmara, sem nenhum constrangimento. Abertamente. Também houve depoimentos de PMs na Polícia Federal sobre os “kid pretos”. Ainda não investigaram a participação deles no 8 de Janeiro porque não há interesse.

O MÁXIMO  –  O ministro Alexandre de Moraes estava se achando o máximo e pensava ter dado uma lição no empresário Elon Musk, que caminha para se tornar o primeiro trilionário do mundo.

Para alguns, aqui em Pindorama, pode até parecer que foi isso mesmo, que Musk levou a pior. Mas na verdade Moraes está fazendo papel ridículo perante o mundo, ao impor censura a milhões de usuários do X em um país dito democrático. Por isso, já entrou na mira do Capitólio e da Casa Branca.

Quando o X voltar ao ar, este que agora aqui escreve provavelmente será preso. Vou postar no X o que deve ser dito, sem ofensas pessoais, dó ou piedade! Vou colocar o dedo na ferida (cancro) do Supremo Tribunal Federal.

ELOGIO A LULA – Verdade seja dita. Não tenho a menor admiração a Lula, muito pelo contrário. Mas é preciso reconhecer que ele é um dos poucos políticos que está metendo o malho nesse massacre absurdo. O mundo quase todo está dando sinal verde para o massacre dos palestinos.

Imaginem se houvesse terroristas na Rocinha (RJ) ou em Heliópolis (SP) e o governo bombardeassem toda a comunidade para matar um ou dois líderes. Não tem cabimento! É como se matar árabe não tivesse nenhum problema, ou como se todos lá fossem terroristas e merecessem morrer.

Obviamente, condenamos qualquer tipo de ato terrorista ou violência de toda espécie. Que capturem esses terroristas, julguem, condenem e prendam. Destruir cidades inteiras e matar civis não pode acontecer em hipótese alguma. Estão praticando vingança desenfreada. Matam qualquer um – idosos, mulheres e crianças. É uma situação inaceitável.

Troca de hostilidades e bombas entre Israel e o Irã impactam milhares de civis

Confrontos ignoram qualquer tipo de regra ou respeito à vida

Pedro do Coutto

Agrava-se a crise no Oriente Médio com a troca de hostilidades e bombas entre Israel e o Irã. A população civil sofre o impacto de uma situação verdadeiramente catastrófica no Líbano, com cerca de um milhão de pessoas impactadas. O ritmo de deslocamento da população excedeu os piores cenários desde 23 de setembro. Israel aumentou drasticamente os bombardeios, matando mais de 500 pessoas em um único dia, segundo o governo libanês. O nível de trauma e de medo na população é extremo.

Israel defende que sua ofensiva contra o Hezbollah — grupo fortemente armado e apoiado pelo Irã — tem como objetivo garantir o retorno para casa de israelenses retirados de regiões próximas à fronteira libanesa, em consequência de praticamente um ano de ataques do Hezbollah contra o norte de Israel. O governo libanês diz que cerca de 1,2 milhão de pessoas tiveram de deixar suas casas por causa dos ataques israelenses. Algumas morreram em ataques israelenses após deixarem seus lares.

Procuradoria pede que Daniel Silveira passe ao semiaberto, mas Moraes reluta

Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou que as contas bancárias do X sejam desbloqueadas

Agora, Moraes só falta pedir um laudo do Vaticano…

Deu no UOL

A Procuradoria-Geral da República (PGR) argumentou a favor da progressão de pena do ex-deputado federal Daniel Silveira para o regime semiaberto nesta quarta-feira, 2. A decisão final sobre a recomendação está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Silveira está preso desde fevereiro de 2023, um dia após o término de seu mandato. Ele foi condenado, em abril de 2022, a oito anos e nove meses de prisão por ameaça e incitação à violência contra ministros do STF.

O agora ex-parlamentar chegou a receber o indulto presidencial de Jair Bolsonaro (PL) um dia após ser condenado, mas a Suprema Corte anulou a medida no ano passado.

LAUDOS FAVORÁVEIS – A posição da Procuradoria foi manifestada após a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) do Rio de Janeiro, onde Silveira está preso, apresentar laudos que autorizam a progressão de regime.

“Cumpridas as diligências e confirmado o atendimento aos requisitos de caráter subjetivo, impõe-se a concessão do benefício”, avaliou o vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand Filho.

Uma comissão instituída pela secretaria se posicionou favoravelmente ao pedido da defesa do ex-deputado após analisar laudos de profissionais de psicologia, psiquiatria e serviço social.

RECONHECIMENTO – Respondendo a questionamentos apresentados por Moraes, o laudo psicológico afirma que Silveira “reconhece que tenha adotado uma postura ofensiva e que não deveria insuflar terceiros através do próprio discurso sendo uma figura pública”.

O documento também afirma que o ex-parlamentar não teve “manifestações de agressividade” e que “parece não haver relatos desse tipo de comportamento no ambiente do cárcere”. Na mesma avaliação, Silveira informou que já tem uma proposta para trabalhar em uma academia e para estagiar em um escritório de advocacia.

Em abril, o STF negou dois pedidos de progressão de pena feitos pela defesa do do ex-deputado bolsonarista. Em um deles, Silveira foi multado por litigância de má-fé em razão de repetidos pedidos de habeas corpus.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É bom repetir: “Impõe-se a concessão do benefício”, avaliou o vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand Filho. Em tradução simultânea, Silveira está preso ilegalmente há vários meses. No entanto, o ministro Moraes insiste em mantê-lo na prisão e fica tentando inventar uma falsa justificativa. Moraes não serve para ser juiz, porque tem alma de verdugo. É lamentável. (C.N.)

“Eu desisto, não existe essa manhã que eu perseguia”, cantava Taiguara

Taiguara: a voz mais censurada pela ditadura, por Carlos Motta -

Taiguara foi o cantor mais censurado…

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor Taiguara Chalar da Silva (1945-1996) nascido no Uruguai durante uma temporada de espetáculos de seu pai, o bandoneonista e maestro Ubirajara Silva, foi um dos melhores compositores da MPB e considerado um dos símbolos da resistência à censura durante a ditadura militar, tanto que teve, aproximadamente, 100 músicas vetadas, razão que o levou a se auto-exilar na Inglaterra em meados de 1973.

A letra da música “Universo No Teu Corpo” foi feita para o Brasil, no período em que ele esteve exilado, em que “gente amarga, mergulhada no passado ” significa os governantes da época, ou seja, a ditadura militar que imperava em nosso país e que “triste mundo antigo” significa a Europa (velho mundo) onde ele estava refugiado.

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UNIVERSO NO TEU CORPO
Taiguara

Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
Uma gente que não viva só pra si

Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida sem amor que eu aprendi

Por uns velhos vão motivos
Somos cegos e cativos
No deserto do universo sem amor
E é por isso que eu preciso
De você como eu preciso
Não me deixe um só minuto sem amor

Vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se une em versos a canção

Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos

Vem…

Vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se une em versos a canção

Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo

São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos

Imagens dos “kid pretos” no 8 de Janeiro mostram como a democracia apodreceu

PGR aciona STF contra lei que instituiu o 8 de janeiro como | Política

Os “kids pretos” se infiltraram e lideraram o vandalismo

Carlos Newton

Como se dizia nos anúncios fúnebres de antigamente, cumprimos hoje o doloroso dever de comunicar a morte da verdade, que é a primeira vítima das guerras e também das ditaduras. Aqui na Tribuna da Internet, muitos articulistas e comentaristas têm manifestado a opinião de que ainda estamos em regime de democracia plena, porque, se estivéssemos numa ditadura, esse espaço livre na internet jamais existiria.

É preciso concordar com esse raciocínio, mas podemos e devemos ressalvar que o limite entre uma ditadura e uma democracia pode ser muito tênue. Acredito que estejamos costeando o alambrado, como dizia Leonel Brizola, porque já existem determinadas evidências concretas de uma derrocada do regime democrático.

UM BOM EXEMPLO – Desde o 8 de Janeiro, temos defendido aqui na Tribuna a tese de que o vandalismo em Brasília foi incentivado por um grupo de baderneiros profissionais, digamos assim, que estavam armados de porretes e barras de ferro, conseguiram se infiltrar na multidão e lideraram concretamente a invasão dos palácios.

Depois, divulgamos outra informação importante, dando conta de que, às vésperas da invasão da Praça dos Três Poderes, chegou a Brasilia um grupo de militares das tropas de elite, apelidados de “kid pretos”, que se hospedaram em hotéis da capital e se infiltraram para liderar a baderna.

Pesquisamos as fotos do tumulto e realmente encontramos esses “kids pretos” em ação no 8 de Janeiro, usando inclusive máscaras contra gás lacrimogêneo, e publicamos diversos artigos cobrando que o Supremo e a Polícia Federal investigassem essas gravíssimas denúncias.

NINGUÉM OUVIU – Infelizmente, nada aconteceu, os investigadores da PF e da força-tarefa do ministro Alexandre de Moraes simplesmente desconheceram o assunto, não requisitaram as listas de hospedagem nos hotéis nem as relações de passageiros das companhias aéreas nos três dias que antecederam a invasão.

Mais de um ano depois de termos feito essas graves denúncias, o comentarista José Guilherme Schossland, sempre atento ao lance, nos envia uma coletânea de filmagens feitas por celular que mostram os “kids pretos” liderando a invasão e o vandalismo, enfrentando os PMs e tudo o mais.

Uma imagem vale mais do que mil palavras, dizia o pensador chinês Confúcio, dois mil e trezentos anos antes de o francês Joseph Nicéphore Niépce ter inventado a fotografia. E a coletânea enviada por Schossland traz até o rosto de um dos infiltrados e uma imagem de outro “kid preto” com máscara contra gases e fone de ouvido para receber instruções.

UMA COMÉDIA – Isso significa que a apuração da Polícia Federal e do Supremo é apenas uma comédia, uma farsa mal ensaiada.

O ministro Moraes também não quer apurar nada e prefere curtir seu sadismo condenando aqueles pés de chinelo a 17 anos de cadeia, e sendo carimbados como “terroristas”, algo que nem sabem o que significa, quando o único crime que cometeram foi acreditar em políticos falsos e oportunistas, que pensavam mais em seus interesses do que nos verdadeiros interesses do país.

Os “kids pretos” estão escapando impunes, e isso explica muita coisa.

(Clique no endereço abaixo para comprovar a ação dos “kids pretos”, que estão sendo chamados no vídeo de “Esquerda”, mas de esquerdistas eles não têm nada)

https://www.facebook.com/share/p/55t7nkWYP6t66Kpv/?mibextid=qi2Omg

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P.S. –
Foi por isso que o então ministro da Justiça, Flávio Dino, apressou-se em sumir com as gravações das câmaras situadas no seu ministério, em frente ao Congresso e ao lado do Planalto, onde os “kid pretos” agiram. Como no dia 8 as Forças Armadas já respondiam a Lula, os “kid pretos” tinham de ser investigados e presos, mas não há interesse. Foi por isso, também, que o poético general Gonçalves Dias nem foi investigado, embora tivesse sido filmado percorrendo o palácio e fazendo relato por celular, depois confraternizando com os invasores e até mandando servir água mineral a eles. O fato é que o país apodreceu e a Justiça mergulhou fundo no lamaçal. Ainda não estamos numa ditadura, mas é como se já estivéssemos. (C.N.)

Entenda o maior desafio que Filipe Luis tem pela frente ao treinar o Flamengo

 Filipe Luís, técnico do Flamengo, durante jogo contra o Corinthians

Pé-quente, Filipe Luís já estreou vencendo o Corinthians

Milly Lacombe
Do UOL

Quando Pep Guardiola assumiu o Barcelona em 2008 ele deu início a uma revolução. Como todos sabemos, revoluções não são eventos, são processos que podem levar meses, anos e até décadas. Guardiola começou a sua em 2008 no clube em que atuou como jogador. Ele tinha 38 anos. É tentador avaliar que a revolução de Guardiola foi tática. Afinal, seu Barcelona jogava de um modo diferente em relação a todos os outros clubes, numa espécie de ciranda totalizante em que o time corria o campo inteiro com a bola nos pés e marcava sob pressão desde a saída de jogo do adversário. Eu vi esse time jogar a final da Champions em 2009, no estádio de Wembley, e observar das cadeiras a movimentação era perceber a revolução em toda a sua beleza.

Messi já era o cara e ele não parou de correr nem por um minuto. E aí temos a base da revolução: o preparo físico. Ao assumir o time principal, em 2008, Guardiola fez isso: uma completa reformulação na preparação física. Não foi tática ou técnica sua imediata atuação; foi física.

MAIOR DESAFIO – Se Filipe Luis quiser executar seu estilo de jogo no Flamengo, vai ter que fazer a mesma coisa. E, nessa trilha, abrir mão de alguns nomes que talvez não possam fazer parte desse futuro.

Vocês lembram quem Guardiola não quis mais em seu time em 2008, imagino. Ele mesmo: Ronaldinho Gaucho, que ainda era, sob qualquer ângulo que se analisasse, um craque. Mas um craque que corria pouco e que não servia às ambições de Pep. Imagino que tenha sido uma escolha bastante difícil a de deixar ir o gaúcho.

Acredito que Filipe Luis possa ter vida longa como treinador do Flamengo e consiga implementar seu estilo. Mas, para isso, não vai poder ter medo de fazer escolhas que passam, inclusive, por se fazer respeitar pelos executivos que estão acima dele.

Faz sentido que Sérgio Cabral esteja solto e a cabeleireira Débora continue presa?

Sérgio Cabral posa com um drink em um restaurante do Rio - Metrópoles

Cabral curte o que restou dos R$ 300 milhões que roubou

J.R. Guzzo
Estadão

Esqueça por alguns instantes as suas posições, ideias ou crenças políticas e faça, caso estiver interessado, o teste de lógica comum sugerido nas linhas a seguir. Trata-se, basicamente, de comparar dois tipos de situação e dizer se faz nexo que os dois existam ao mesmo tempo.

Considere num primeiro caso, por exemplo, o fato de que o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi condenado a 400 anos de cadeia por corrupção a céu aberto, provada e confessa. Chegou a dizer, a um certo ponto, que roubava por ter compulsão por dinheiro. Cabral está solto para continuar a sua a vida em plena liberdade.

“PERDEU, MANÉ” – Considere, agora, o caso da cabeleireira Débora dos Santos, que está presa há um ano e meio por ter escrito “perdeu, mané”, com batom, na estátua da Justiça em Brasília. Ela é acusada, entre vários outros crimes, de “golpe de Estado”, “associação criminosa armada”, “abolição violenta do Estado de Direito” e dano contra o patrimônio da União com uso de “substância inflamável”. Débora não entrou em nenhum dos prédios invadidos na baderna do 8 de janeiro. Acaba de ter negado, pelo ministro Alexandre de Moraes, o seu terceiro pedido de soltura.

A pergunta do teste vai a seguir. Honestamente, sem levar em conta se você é a favor ou contra Bolsonaro, se é a favor ou contra Lula, ou se não é nenhuma das duas coisas: faz algum nexo, pelas regras elementares do pensamento racional, que Cabral esteja solto e Débora esteja presa?

Mais: ao negar pela terceira vez a soltura, o ministro alegou que Debora é pessoa de alta “periculosidade”. De novo, pela lógica mais rasa, quem é mais periculoso para a sociedade — o ex-governador ou a cabeleireira?

CONTANDO A PIADA – Digamos, agora, que você esteja contando essa história para um amigo estrangeiro. Vai se sentir à vontade para dizer que Cabral saiu da prisão, mas não foi absolvido de nada? Que a suprema corte de Justiça do seu país considera que um batom é “substância inflamável”? Que alguém possa dar um golpe de Estado pichando uma estátua de granito — e com uma frase dita e confirmada pelo presidente do STF?

Uma questão muito sugestiva que a comparação entre Cabral e Débora nos apresenta é qual o grau de respeito que o STF, o Ministério Público e os demais órgãos de repressão política do Brasil de hoje têm pela sua inteligência básica. Querem que você acredite, quando falam em “substância inflamável”, que a cabeleira poderia provocar um incêndio ou uma explosão numa escultura de pedra usando o seu batom.

Então: as autoridades acham que você é ou não é capaz de pensar?

ANISTIA DE TOFFOLI – Uma segunda parte do teste inclui questões que dizem respeito ao ministro Dias Toffoli e à corrupção, de um lado, e a discutida anistia para os presos e condenados do dia 8 de janeiro, de outro.

Toffoli vem anulando, um depois do outro, todos os processos de corrupção por atacado dos governos Lula-Dilma. Não falhou em nenhum caso até agora. Todo ladrão que bateu à sua porta, mesmo ladrão confesso, foi transformado em vítima, levou um atestado de bons costumes e recebeu de volta dinheiro roubado — as somas que tinha devolvido ao Erário e as multas que aceitou pagar para sair do xadrez. É a maior anistia para a corrupção que já se viu na história universal da roubalheira.

O mesmo STF de Toffoli e de Moraes faz saber que não admite em nenhuma hipótese a anistia para os barbeiros, encanadores e motoboys presos no dia 8 de janeiro. Suspeitam que Bolsonaro possa se beneficiar, embora ele não faça parte do processo — e têm certeza de que uma anistia para crimes que não foram cometidos, coisa jamais vista em lugar nenhum, vai ser um perigo para a democracia no Brasil.

OUTRA QUESTÃO – Faz sentido, de novo pela lógica de curso primário, que os corruptos que confessaram seus crimes sejam perdoados e que pessoas que não cometeram qualquer crime — salvo destruição de patrimônio da União — não possam receber perdão? Outra questão, no quesito “destruição de patrimônio público”: quem destruiu mais patrimônio comum — os corruptos anistiados por Toffoli ou quem violou as poltronas do STF?

O teste pode continuar por horas. Faz nexo dizer que alguém quis dar um golpe de Estado armado com estilingues? Faz nexo dizer que outro golpe foi provado com as “minutas” de um tenente-coronel do Exército — umas folhas de papel com divagações incoerentes sobre a possível aplicação de um “estado de sítio”, ou de “emergência?”

Faz nexo que os ministros julguem causas defendidas por escritórios de advocacia onde suas mulheres trabalham? É daí para o infinito.

Quem será a favor de aluno poder usar o celular em plena sala de aula?

Celular em sala de aula: veja as vantagens e desvantagens

É incrível que esse tipo de coisa ainda continue a acontecer…

Marcelo Coelho 
Poder360

Há assuntos que são chamados de “polêmicos” sem que eu veja por quê. A ideia de banir o uso de celulares nas escolas, francamente, é tão óbvia para mim que eu nem consigo imaginar que precisasse de lei para ser implantada. Sou radical – depois de alguns avisos, o aluno que usar celular em aula deveria receber o conhecido tratamento israelense para esse tipo de transgressão.

Ora essa. Se eu sou um professor, entro na classe e começo a dar uma aula, como é que vou tolerar alguém teclando no telefoninho e rindo do que encontra no TikTok? Será que algum professor admite que o aluno esteja na sala ouvindo música no fone de ouvido? É um verdadeiro absurdo. Pausa para uma confissão.

INSEGURANÇA – No tempo em que eu dava aula numa faculdade, não das piores, minha insegurança era tamanha que não tomei nenhuma atitude ao ver, lá no fundão, um aluno com fone de ouvido. Mas é claro que eu era um banana; no mínimo um banana.

O zunzum na classe começava discretamente, mas, por uma conhecida lei da comunicação humana, logo se tornava um ruído de fundo razoavelmente alto, exigindo que todo novo ingressante na comunidade dos tagarelas tivesse que aumentar a própria voz para ser ouvido; o som geral subia de patamar, até que para ter seu comentário ouvido pelo aluno ao lado o fofoqueiro tinha de interpelá-lo aos urros.

E eu dando aula no meio da baderna. Depois de alguns semestres, criei coragem para cortar a falação assim que começasse; aprendi a ser firme sem perder a gentileza. Culpo-me ainda de não ser suficientemente bom para prender a atenção de uma plateia como deveria.

É O PONTO – É verdade que também vi professores brilhantes, verdadeiras estrelas, artistas da retórica docente, às voltas com falação no meio da aula. E esse é o ponto. Estudiosos, teóricos, educadores, psicólogos e sacerdotes concordam que o uso do celular e das redes sociais destruiu a capacidade de concentração das crianças e adolescentes.

Querem banir o celular das salas de aula porque a capacidade de aprendizado das novas gerações regrediu a níveis paleolíticos. Não. Proibir o celular nas salas de aula é uma questão de respeito, e mesmo de lógica: não faz sentido que professores e alunos prossigam numa atividade enquanto o que se faz, na verdade, é uma atividade diferente. É como se estivéssemos debatendo se jogadores de futebol podem usar o celular durante a partida.

Agora, tenho poucas esperanças de que a capacidade de concentração melhore muito sem o celular. Afinal, aqueles professores extraordinários que conheci nas décadas de 1970 e 1980 já enfrentavam, sem sucesso, a desatenção dos estudantes.

DURAÇÃO – Numa palestra feita há anos, antes que o celular virasse uma praga, Mário Sérgio Cortella já perguntava por que razão, afinal, estabeleceu-se que uma aula deveria ter 50 minutos. Dizia, ao que me lembro, que esse tempo se baseava em estudos sobre a capacidade média de se manter fixa a atenção humana – estudos realizados, sabe-se lá, na década de 1920 ou 1930.

O prazo máximo da atenção de uma pessoa já se reduzira a frangalhos muito antes do celular. Os filmes de Hollywood, segundo os estudiosos, reduziram a duração de cada tomada ao longo dos anos: era de 12 segundos em 1930; em 2010, passou a 2,5 segundos. Que dizer de um professor falando durante 50 minutos ou mais?

O próprio sistema das aulas e das escolas em geral teria de ser mudado completamente. Podemos ver tudo de um prisma negativo – ninguém vai aprender mais nada, e, de resto, aprender o quê, exatamente? E aprender para quê, exatamente? Mas imagino que também exista algo de bom nessa transformação humana.

FICAR QUIETOS? – Um dos pressupostos da aula que “funcionava bem” com o professor falando e os alunos quietinhos era simplesmente o de que as pessoas eram muito mais passivas do que hoje em dia. O aluno contemporâneo não aguenta ficar quieto ouvindo alguém falar.

Seria necessária alguma mágica para fazê-lo intervir, clicar, reagir, ainda que com kkkkks e emojis, ao que vê em aula. Sou a favor, como disse, de que se proíbam os celulares em classe hoje em dia. Ah, seria bom que os adultos também tivessem de se submeter à mesma disciplina na sua vida diária. E quem abusar que fique de castigo.

Mas também gostaria que, nas classes de 1970 ou antes ainda, os alunos pudessem ter sempre um celular à mão. Gravariam e mandariam para as redes tudo o que eu próprio assisti de bullying, de autoritarismo, de burrice e de injustiça que acontecia nas escolas daquela época.

Complexo Militar que manda nos EUA não permitirá que haja paz no Oriente

Pesquisas mostram Kamala e Trump empatados em nível nacional

Trump e Kamala são apenas faces de uma mesma moeda

Roberto Nascimento

Não se pode destruir uma nação soberana, como o Líbano, sob o pretexto de aniquilar uma milícia instalada no Sul do país, que ameaça a segurança do invasor, sabidamente muito mais poderoso militar e economicamente, pois Israel é uma potência detentora de ogivas nucleares. Não bastou a destruição em 2006, agora Israel volta a atacar o Líbano com sua poderosa aviação lançando bombas na capital Beirute.

Dizem que são ataques cirúrgicos, para matar líderes do Hezbollah, mas essa precisão não existe. As bombas atingem prédios e pessoas naquele círculo definido pelas aeronaves como provável alvo. Nesta quarta-feira, por exemplo, num ataque cirúrgico, morreram mais de dez moradores da capital, sem contar os feridos e os desabrigados.

NOVO ÊXODO – Sob ataque, os moradores do Sul do Líbano estão deixando suas casas e se dirigindo para a capital, onde a maioria ficará desabrigada e morando nas ruas. É triste abandonar os bens construídos durante toda uma vida, deixar tudo para trás e seguir com a vida, pois as bombas destroem o que ficar, como aconteceu em Gaza.

Estima-se que mais de um milhão de libaneses vão migrar do Sul para o norte para fugir das bombas e dos combates. Numa população de 6 milhões de pessoas, pode-se dizer que um milhão deles vão se tornar moradores de rua. Uma tragédia anunciada, repetindo o ocorrido em Gaza, hoje reduzida a escombros.

Tudo isso ocorre sob as bençãos dos Estados Unidos. Resumindo: quem acredita nos acordos e na palavra dos políticos e militares americanos, significa comprar um passaporte para o inferno.

DEPOIS DO XÁ – O regime persa se tornou inimigo dos EUA, quando o Xá Reza Parhlevi foi derrubado. O Aiatolá Khomeini tornou o Irá uma potência do Oriente Médio. Em 1980. o presidente Jimmy Carter, dos EUA, ordenou uma invasão ao Irá, que foi um fracasso. Os helicópteros americanos caíram derrubados por tempestades de areia, coisas ridículas assim.

O governo de Bush pai preferiu instar o ditador do Iraque, Saddam Hussein, a declarar guerra ao Irá. A refrega durou oito longos anos. A economia do Iraque e do Irá chegou a colapsar, obrigando os dois países ao cessar-fogo.

Mas, quem mais sofreu com o esforço da guerra foi o Iraque. Para recuperar o país, Saddam resolveu invadir o vizinho Kuwait para tomar posse das reservas de petróleo. Os EUA aparentemente deram aval. Mas quando as tropas do Exército sunita do Iraque entraram no Kuwait, os EUA invadiram o país e obrigaram as tropas de Saddam a recuar.

NUM BURACO – Saddam passou a ser caçado pelas tropas americanas. Se escondeu num buraco por várias semanas. Quando o acharam, em 2005, estava destruído, parecendo um mendigo. Seu julgamento durou quase 13 meses. O ex-ditador foi condenado por crimes cometidos durante o regime que comandou no Iraque entre 1979 e 2005, como o massacre de 148 xiitas no povoado de Dujail, em 1982.

O ex-ditador foi condenado juntamente com seu meio-irmão Barzam Ibrahim al Tikriti e Awad al Bandar. A sentença foi confirmada pela corte de apelações do Iraque em dezembro de 2006. Foi enforcado em praça pública.

O julgamento foi considerado uma forma de “justiça dos vitoriosos”, uma vez que os Estados Unidos acompanharam o processo. Resultado, o que restou da elite do Exército iraquiano, de maioria sunita, foi para a clandestinidade, formando o núcleo do Estado Islâmico (Isis), que está ativo até hoje, cortando cabeça de quem não cumpre a Lei da Sharia.

ELEIÇÃO NOS EUA – Os norte-americanos se sentem donos do Oriente Médio. Republicanos ou democratas são o mais do mesmo. Ambos são reféns do Complexo Industrial Militar, que estimula as guerras para vender seus armamentos. Por isso, todo o esforço para a mediação dos conflitos, cessar-fogo e paz, enfim, quase sempre se transformam num rotundo fracasso.

Vejam como o governo de Joe Biden foi conivente com a reação de Israel. Espera-se dele uma atuação pró-ativa, mas isso não aconteceu em momento algum.

Entendo que na hipótese de vitória de Donald Trump, as guerras podem se tornar generalizadas. Assim, a ampliação da guerra no Oriente Médio deve servir de poderoso combustível para Trump derrotar Kamala Harris.

Nova presidente do México manda sinais preocupantes para o mundo

Claudia Sheinbaum, ao centro, e o presidente cessante, Andrés Manuel López Obrador, à direita, diante dos legisladores na sua posse no Congresso na Cidade do México.Andrés Oppenheimer
Estadão

A presidente-eleita do México, Claudia Sheinbaum, mandou sinais preocupantes dias antes de assumir o cargo: assustou investidores ao apoiar uma polêmica reforma judicial, apoiou uma disputa desnecessária com a Espanha e convidou os ditadores de Cuba e Venezuela para sua cerimônia de posse, no dia 1.º de outubro. Sheinbaum, a candidata apoiada pelo atual presidente populista, Andrés Manuel López Obrador, dificilmente poderia se dar ao luxo de se desentender com investidores ou com os principais parceiros comerciais do México.

Em parte devido à inépcia do presidente de saída, a previsão de crescimento econômico do México foi recentemente rebaixada pelo Banco Central do país para mero 1,5% em 2024 e 1,2% em 2025.

ACORDO COMERCIAL – Ainda mais importante, o México terá de iniciar negociações no próximo ano para atualizar seu acordo de livre-comércio com os Estados Unidos e o Canadá, que expira em 2026. Mais de 80% das exportações do México vão para o mercado americano.

Sheinbaum deveria pelo menos ter ficado em silêncio sobre a reforma judicial de López Obrador. A reforma dará ao governo efetivamente controle sobre o Poder Judiciário, o que faz investidores temerem a possibilidade de não ter proteção legal contra possíveis expropriações ou outras medidas que considerem injustas.

Em vez de se manter calada a respeito do assunto, Sheinbaum apoiou entusiasticamente a reforma judicial, mesmo depois de a agência de classificação de crédito Moody’s e grandes bancos, como o Morgan Stanley, terem alertado que isso poderia afastar o investimento. O embaixador dos EUA no México, Ken Salazar, disse que a reforma judicial “ameaça a relação comercial histórica” entre México e EUA.

NADA A TEMER? – Numa entrevista concedida na semana passada, o presidente do Senado do México, Gerardo Fernández, do partido de esquerda radical no poder, Morena, disse-me que “os investidores não têm nada a temer” em relação à reforma judicial.

Mas é fato que, independentemente do que digam as autoridades mexicanas, os investidores acreditam muito mais no que as agências de crédito e os meios de comunicação financeiros lhes dizem. O Wall Street Journal informou que a reforma judicial poderia fazer com que as multinacionais congelem cerca de US$ 35 bilhões em investimentos planejados no México.

Os convites de Sheinbaum a vários ditadores são difíceis de explicar: a presidente-eleita convidou os autocratas de Cuba, Venezuela e Rússia, mas não estendeu os convites ao rei da Espanha ou aos presidentes constitucionais do Equador e do Peru. O presidente russo, Vladimir Putin, já disse que não poderá comparecer e enviará um alto funcionário em seu lugar. O ditador de Cuba, Miguel Díaz-Canel, pretende aceitar o convite, e o governante da Venezuela, Nicolás Maduro, ainda não confirmou sua presença, mas é possível que vá.

REI DA ESPANHA – Sheinbaum não convidou o rei da Espanha, Felipe VI, porque ele não respondeu a uma carta de López Obrador de 2019, na qual o presidente mexicano exigia que a Espanha pedisse desculpas pelos crimes cometidos durante a Conquista. O governo espanhol respondeu que a exclusão do rei é “absolutamente inaceitável” e que não enviará nenhuma delegação oficial para a posse de Sheinbaum.

Faz sentido que Sheinbaum exclua o rei espanhol por queixas de 500 anos de idade e, ao mesmo tempo, dê boas-vindas com tapete vermelho aos ditadores de Cuba e Venezuela, que cometem graves violações dos direitos humanos hoje?

Claro que não. Igualmente inconsistente, ou mais, é o fato de Sheinbaum não ter convidado os presidentes constitucionalmente eleitos do Equador e do Peru. López Obrador afirmou falsamente que eles não são legítimos, e Sheinbaum apoiou essa narrativa. Por mais difícil que lhe seja politicamente, ela deveria se distanciar do seu antecessor e se concentrar em atrair investimentos e reduzir a pobreza.

Juíza que esculhambou a eleição de Lula já está cumprindo a pena de suspensão

Rede Marco on X: "O CNJ julgará na próxima terça-feira a juíza Ana Cristina  Paz Neri Vignola, do TJSP, que nas redes sociais XINGOU Lula e ATACOU  NORDESTINOS Vignola é alvo de

Juíza manteve suas pesadas declarações

Frederico Vasconcelos
Blog Interesse Público

O Tribunal de Justiça de São Paulo colocou em disponibilidade por 60 dias, a partir desta terça-feira (1º), a juíza Ana Cristina Paz Neri Vignola, de Sorocaba (SP), que publicou nas eleições presidenciais de 2022 manifestações consideradas de cunho preconceituoso, homofóbico, racista e de caráter político-partidário.

No último dia 26, o presidente do TJ-SP, desembargador Torres Garcia, cumpriu a decisão unânime do plenário do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) tomada em 20 de agosto último.

JUÍZA FALADORA – Ana Cristina Paz Neri Vignola é juíza da Vara do Juizado Especial Criminal e de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Sorocaba. No segundo turno das eleições, ela fez críticas ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Partido dos Trabalhadores (PT), à comunidade LGBTQIA+ e a nordestinos. Incentivou seguidores a não aceitarem o resultado das eleições.

Segundo o relator, conselheiro João Paulo Schoucair, “a juíza não manteve a conduta que se espera de um magistrado”, e admitiu ter feito as publicações “em um período em que o país vivia entre as maiores turbulências da sua história”. No total, ela publicou 12 manifestações com críticas a um dos candidatos e a seus eleitores.

O então corregedor nacional, ministro Luis Felipe Salomão, determinara a suspensão dos perfis utilizados pela magistrada, sobretudo depois da apuração do 2º turno das eleições. Salomão entendeu que Ana Cristina Paz Neri Vignola ultrapassou os limites de sua liberdade de expressão.

TRECHOS DESTACADOS – O corregedor citou menção jocosa a ministro do Supremo Tribunal Federal (Alexandre de Moraes), “além de manifestação possivelmente questionadora da autoridade institucional e democrática do STF”. Eis trechos destacados em seu relatório:

– “Vossas Excelências” estão causando uma indignação e revolta na população jamais vista!”

– “O final de semana promete ser de muito sol, clima agradável e agitado…”

– “Temos 60.122.166 milhões de Brasileiros cúmplices de um ladrão. Prestem atenção com que vs farão negócios e quem vocês colocam dentro de suas casas”.

– “Democracia é poder chamar de genocida quem não é. Ditadura é proibir chamar de ladrão quem é”.

– “Um bandido sai direto da prisão, e vai direto para a presidência; como explicar isso?”

– “O vírus agora é outro”.

– “Se votar no PT fosse um bom negócio, o Nordeste seria uma Dubai do Brasil….”

– “Bolsonaro também é foda (sic), foi falar na Bahia que ia gerar um milhão de empregos.”

– [Bolsonaro] “assustou essa gente que gosta de viver de assistencialismo e que vota no PT! Quero distância desses preguiçosos!!!!”

SEM RETRATAÇÃO – Ainda segundo Salomão registrou, “mesmo diante de todo o quadro exposto, não houve sequer uma tentativa de justificativa ou retratação por parte da magistrada”.

Ana Cristina Paz Neri Vignola ratificou a autoria das postagens e reiterou o seu conteúdo, atribuindo-lhes a feição de “convicção pessoal” afeta ao seu conceito de família e opinião sobre o candidato vencedor das eleições presidenciais.

Em sua defesa prévia, a magistrada alegou que o pluralismo político e as manifestações públicas de opinião são autorizadas pela Constituição, e não caracterizam dedicação a atividade político-partidária.

BANHEIRO FEMININO – Afirmou que tem o direito de ensinar suas filhas a utilizarem o banheiro feminino e que o compartilhamento de “memes” em que defende que não sejam impostas pautas com as quais não concorda à sua família, não pode ser considerado como manifestação preconceituosa ou racista.

Nos autos, a defesa também sustentou que a magistrada nunca incentivou o voto em determinado candidato. “Somente criticou aquele outro que, baseado em fatos notórios, havia sido processado e condenado inclusive à reclusão, com cumprimento parcial da pena, após julgamentos sucessivos em duas instâncias e também sob o crivo dos tribunais superiores”.

“Fatos são inexoráveis e contra eles não há argumentos”, alegou a defesa.

“Só me declarei culpado de ter feito jornalismo”, ressalva Julian Assange

A imagem mostra um homem com cabelo claro e barba, usando um terno escuro e uma gravata. Ele está olhando para o lado, com uma expressão pensativa, em um ambiente com fundo azul e texto visível que menciona 'Assembly'.

Assange deu sua primeira declaração desde a soltura

Deu na Folha
AFP e Reuters

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, afirmou nesta terça-feira (1º), em pronunciamento ao Conselho da Europa, que foi libertado apenas depois de se declarar “culpado de fazer jornalismo”. Esta foi sua primeira fala pública desde sua libertação em junho, após cumprir pena em uma prisão no Reino Unido. “Não estou livre hoje porque o sistema funcionou, mas sim porque, após anos de encarceramento, me declarei culpado de ter feito jornalismo”, disse Assange, que passou os últimos 14 anos recluso entre a Embaixada do Equador em Londres e a prisão britânica. “Escolhi a liberdade em vez de uma justiça irrealizável.”

Assange, 53 anos, quebrou o silêncio pela primeira vez desde sua saída em junho da prisão londrina de Belmarsh, perante uma comissão do Conselho da Europa em Estrasburgo, no nordeste da França, que examina as condições e o impacto de sua detenção.

LEI DA ESPIONAGEM – Em 2010, o WikiLeaks divulgou centenas de documentos militares secretos dos Estados Unidos sobre as guerras de Washington no Afeganistão e no Iraque —as maiores violações de segurança desse tipo na história militar dos EUA. Assange foi acusado anos depois sob a Lei de Espionagem.

Sua libertação ocorreu em virtude de um acordo com a Justiça americana, no qual se declarou culpado de obter e divulgar informações sobre defesa nacional, incluindo relatos de assassinatos extrajudiciais e informações sobre aliados.

“Declarei-me culpado de buscar informações de uma fonte e declarei-me culpado de informar o público sobre a natureza dessas informações. Não me declarei culpado de nenhuma outra acusação”, disse nesta terça o australiano.

DIZER A VERDADE – Libertado, Assange voltou à Austrália e reencontrou sua família. Desde então, não tem sido visto muito em público, embora o WikiLeaks e sua mulher Stella (com quem ele se casou na prisão), que o acompanha em seu testemunho, já tenham fornecido algumas informações sobre ele.

Assange disse esperar que seu testemunho possa “ajudar aqueles cujos casos são menos visíveis, mas são igualmente vulneráveis” e declarou que existe cada vez “mais impunidade, mais sigilo, mais represálias” contra aqueles que dizem “a verdade”.

O australiano diz não estar totalmente preparado para falar sobre seu período de encarceramento. “O isolamento teve seu preço, o qual estou tentando desfazer”.

PRESO POLÍTICO – O Conselho da Europa é uma organização de 46 países não vinculada à União Europeia e dedicada a promover os direitos humanos naquele continente.

A Assembleia Parlamentar do órgão debateu nesta quarta (2) um relatório, elaborado pela islandesa Thorhildur Sunna Aevarsdottir, que considera “desproporcionadas as ações judiciais e condenações” contra o australiano, a quem qualifica como “preso político”.

Este documento é também a base de um projeto de resolução que incentiva os EUA a “investigar os supostos crimes de guerra e violações de direitos humanos revelados por ele e pelo WikiLeaks”.

OBTER INDULTO – O momento e o local escolhidos por Assange para falar em público surpreenderam pelo fato de ele estar numa tentativa de obter o indulto presidencial nos Estados Unidos por sua condenação sob a Lei de Espionagem.

O presidente americano, Joe Biden, que provavelmente concederá alguns indultos antes de deixar o cargo em janeiro, qualificou no passado o australiano como um “terrorista de alta tecnologia”.

Assange foi preso na Grã-Bretanha em 2010 por um mandado europeu após acusações de crimes sexuais na Suécia, que foram retiradas. Refugiou-se na Embaixada do Equador em Londres por sete anos para evitar extradição. Em 2019, foi removido da representação diplomática e levado para a prisão de Belmarsh por violação de fiança.

Ao dizimar o Hamas e o Hezbollah, Israel faz um favor aos países árabes

Bahia Já - Política - ISRAEL INVADE SUL DO LIBANO PARA DESTRUIR BASES  MILITARES DO HEZBOLLAH

Israel entra com força total no território do Líbano

Mario Sabino
Metrópoles

Os protestos contra a reação militar de Israel ao Hamas e, agora, ao Hezbollah misturam antissemitismo, ignorância e boa dose de hipocrisia. O antissemitismo e a ignorância já foram abordados mais de uma vez neste espaço. Chegou a vez da hipocrisia. Sob as manifestações indignadas sobre o que seria uma resposta desproporcional dos israelenses ao Hezbollah, há aplausos tanto de países ocidentais como de nações árabes.

Por questão de sobrevivência, Israel está fazendo, por esses indignados, o “trabalho sujo” de decapitar a cúpula do Hamas e a do Hezbollah. A limpeza promovida por Israel nos antros terroristas despiu completamente o Irã.

IRÃ ATÔNITO – Graças a Israel, o regime iraniano está nu. Ele não tem capacidade para enfrentar Israel. O Hamas e o Hezbollah, que lhe servem para guerrear por procuração contra os israelenses, estão sendo dizimados, e o mesmo vai acontecer com os houthis, no Yêmen, sem que Teerã possa fazer muita coisa, a não ser ameaçar.

E chorar, como fez o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, depois da morte do seu grande amigo, o facínora Hassan Nasrallah, atingido pelo bombardeio israelense em Beirute — a localização precisa do líder do Hezbollah foi outra proeza da inteligência de Israel.

O Irã não consegue proteger nem mesmo os seus próprios mastins ou o seu próprio território. Em abril, Israel bombardeou o anexo da embaixada iraniana em Damasco, capital da Síria, matando o brigadeiro-general Mohammad Reza Zahedi, então comandante da Força Quds, unidade especial do exército iraniano que dá suporte a terroristas, além de sete oficiais. Em julho, uma segunda humilhação: Israel matou Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, em uma casa de hóspedes da Guarda Revolucionária, em Teerã.

HORA MARCADA – Quando o regime iraniano decidiu atacar o território israelense, em resposta ao bombardeio em Damasco, ele marcou hora com os interessados. Dessa forma, praticamente todos os mísseis e drones lançados pelo Irã puderam ser interceptados. A coisa só não foi ridícula porque poupou vidas, mas deixou claro como o Irã não tem condição de sustentar uma guerra de alta intensidade contra Israel.

Os países ocidentais estão todos muito felizes com a dizimação por Israel da cúpula do Hezbollah, grupo que está por trás de diversos atentados que os vitimaram. O enfraquecimento de um dos braços armados do Irã é um favor maior aos países árabes, para os quais a grande ameaça no Oriente Médio são os aiatolás iranianos exportadores de revolução, não Israel.

Ninguém está realmente preocupado com o Líbano. Nem os próprios libaneses, sejamos sinceros, visto que deixaram o Hezbollah infiltrar-se no seu tecido social e político e não se importam que o seu território seja usado como base de ataques contra o vizinho israelense.

ACORDOS DE ABRAHÃO – A constatação a ser feita é que os Acordos de Abraão não foram rasgados: Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão continuam a manter relações diplomáticas normais com Israel. A paz dos israelenses com os egípcios e os jordanianos também resiste a essa prova de fogo.

Israel e Arábia Saudita estavam prontos a assinar um acordo quando o Hamas, patrocinado pelo Irã, cometeu o massacre de 7 de outubro. É probabilíssimo que israelenses e sauditas retomem as conversações quando o fogo baixar. Assim como a Jordânia, a Árabia Saudita ajudou na interceptação dos mísseis e drones lançados pelo Irã contra Israel, em abril. Os inimigos são os aiatolás. O resto é hipocrisia.

Guerras são cruéis, e a crueldade da guerra, experimentada repetidas vezes pelo Líbano, deveria tê-los feito entender que a existência do Hezbollah é inadmissível.

Depoimento do general Santos Cruz sobre Abin Paralela é mantido sob sigilo na PF

Santos Cruz diz que deixará o Podemos se partido apoiar a reeleição de Bolsonaro

Santos Cruz depôs na PF durante apenas 45 minutos

Elijonas Maia e Daniel Trevor
CNN Brasília

Ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL), o general Carlos Alberto dos Santos Cruz prestou depoimento no começo da tarde desta quarta-feira (2) à Polícia Federal, em Brasília. O general foi chefe da Secretaria de Governo de Bolsonaro e prestou depoimento como testemunha no âmbito da investigação da chamada “Abin Paralela”.

Durante 45 minutos, os investigadores questionaram o ex-ministro a respeito de uma suposta estrutura montada no Palácio do Planalto para monitorar adversários políticos do então governo.

CARLOS BOLSONARO – A PF também quis saber se o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que é investigado nesse inquérito, comandava “Abin paralela” no Planalto. O filho do ex-presidente nega.

O general Santos Cruz começou a ser ouvido às 14h30, pontualmente no horário marcado para o início depoimento, que terminou às 15h15, e logo foi liberado. Segundo fontes com acesso ao caso, o ex-ministro respondeu a todas as perguntas da PF. A íntegra do questionário, porém, é mantida sob sigilo.

A expectativa da PF é que, com esse e outros depoimentos que serão colhidos ao longo do mês, possa reunir os elementos finais para concluir a investigação.

FILHO SOB INVESTIGAÇÃO – Em outubro do ano passado, o filho do ex-ministro foi um dos alvos da Operação “Última Milha”, que apura um suposto monitoramento ilegal realizado por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Caio Cesar dos Santos Cruz, de acordo com a investigação, seria representante da empresa israelense Cognyte, que vendeu o sistema FirstMile para o governo federal no final da gestão do ex-presidente Michel Temer. Ele prestou depoimento no mesmo dia e negou irregularidades.

Procurado, o advogado do general, Matheus Milanez, disse que não vai comentar sobre o depoimento do ex-ministro.

Três fatores podem desatar o nó da eleição de São Paulo, na última hora

Indecisos: “Tem muito jogo ainda em Campo Grande” | Política - Conteúdo MS  | Mato Grosso do Sul | Brasil

Charge do Edra (Arquivo Google)

Bruno Boghossian
Folha

Três fatores vão desatar o nó da disputa pela Prefeitura de São Paulo: o voto de última hora, o eleitor silencioso e a abstenção. O apelo final dos candidatos vai levar em conta quem são esses paulistanos e o que eles pensam. As últimas pesquisas dão pistas importantes. Há um atalho para entender esses votos e ausências que serão decisivos.

É o grupo de entrevistados que, poucos dias atrás, não sabiam citar um candidato de forma espontânea, sem ver uma cartela com as opções. Segundo o Datafolha, eles eram 28% dos paulistanos na semana anterior à votação.

JOGO EMBOLADO – A indefinição do voto, representada por esse segmento, é bem maior entre as mulheres (35%) do que entre os homens (20%), assim como entre os mais pobres (39%) em comparação com os mais ricos (17%). O grupo se distribui de maneira equilibrada pelas regiões da cidade, sem distinção relevante entre católicos e evangélicos.

Quando observa a cartela com os nomes dos candidatos, esse grupo de eleitores mantém o jogo embolado. Há apenas uma desvantagem para Guilherme Boulos e Pablo Marçal, que pontuam abaixo da média nesse segmento.

A volatilidade desses eleitores é a chave da questão. Uma maioria notável escolhe um candidato (82%) ou declara voto nulo (8%) após ver a cartela, mas essa é uma decisão frágil: 72% do segmento diz que pode mudar de ideia até o dia da eleição.

É UMA TRADIÇÃO – Em disputas competitivas, três de cada dez eleitores costumam escolher candidatos a prefeito na última semana de campanha. Foi assim nas disputas de 2020 em São Paulo e no Rio.

Os candidatos têm uma barreira um pouco mais baixa para tentar conquistar esses eleitores. A rejeição a Marçal cai de 48%, na pesquisa geral, para 39% nesse grupo de indecisos. Boulos passa de 38% para 29%, e Ricardo Nunes marca míseros 12% de rejeição.

O grupo que “não sabe” em quem votar também oferece uma amostra dos eleitores envergonhados, um desafio para as pesquisas de intenção de voto. Alguns se recusam a falar com os entrevistadores, e outros omitem suas escolhas ou exibem uma indecisão maior.

VOTO SILENCIOSO – Uma fatia do voto silencioso está nesse segmento. A principal suspeita recai sobre potenciais eleitores de Marçal, uma vez que esse comportamento costuma ter uma correlação maior com candidaturas de questionamento à política tradicional e maiores índices de rejeição.

A característica final é a falta de interesse: 36% desse grupo de eleitores dizem ter pouca ou nenhuma vontade de votar. Cruzando os dois números, os indecisos e desinteressados representam 10% do eleitorado total.

Nunes pode sofrer o grande desfalque da abstenção no primeiro turno. Seus eleitores são os menos decididos e seu melhor desempenho está entre os paulistanos de baixa renda, grupo que tem, tradicionalmente, menores índices de comparecimento.

Com a ofensiva lançada contra Israel, o Irã abre novo capítulo dramático no Oriente Médio

Ataque direto atingiu principalmente Tel Aviv

Pedro do Coutto

O ataque do Irã a Israel e a resposta de Netanyahu, garantindo retaliação, formam um novo capítulo dramático da guerra no Oriente Médio que agora pode ser expandida. O Irã disparou cerca de 200 mísseis balísticos em direção ao território israelense nesta terça-feira, no primeiro ataque direto após a escalada de tensão entre Israel e o Hezbollah, grupo extremista, embora atue no Líbano, é financiado pelo regime iraniano.

Na última segunda-feira, um dia antes da ofensiva iraniana, Israel lançou uma ofensiva terrestre no Líbano mirando alvos específicos do Hezbollah. A invasão ocorreu após mais de uma semana em que Israel vem bombardeando diferentes regiões do Líbano, inclusive a capital, Beirute, em uma ação que marcou um novo conflito na guerra do Oriente Médio.

TENSÃO – Há quase um ano, Israel luta também contra o Hamas na Faixa de Gaza, desde que o grupo terrorista invadiu o sul do país, matou 1,2 mil pessoas e sequestrou outras centenas. O Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel desde então, em apoio ao Hamas. A tensão na região escalou nos últimos dias, com bombardeios de Israel contra alvos do Hezbollah em vários pontos do Líbano, incluindo a capital Beirute. Um dos ataques provocou a morte do chefe do grupo extremista, Hassan Nasrallah, na sexta-feira.

Em apenas 12 minutos, os mísseis iranianos atravessaram os céus de pelo menos dois outros países do Oriente Médio e chegaram em Israel. Cerca de 20 minutos após uma primeira onda de mísseis, uma segunda leva de artefatos foi lançada. Parte dos artefatos foi abatida pelo Domo de Ferro, um dos poderosos sistemas antimísseis israelenses.

ESPAÇO AÉREO – Alguns mísseis atingiram locais controlados por Israel na Cisjordânia. Além de Israel, Jordânia e Iraque também fecharam seus espaços aéreos, posteriormente reabertos. O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou também que o ataque desta terça representa somente parte da capacidade ofensiva do Irã, e disse: “não entrem em confronto com o Irã”. Já o porta-voz do Exército israelense disse que o ataque foi “sério” e que “haverá consequências”.

Não já sinalização de nenhum parte envolvida nas ações bélicas de um possível recuo ou acordo de cessar fogo. Novamente, o mundo prende a respiração e se coloca de prontidão diante dos próximos passos da temida guerra no Oriente Médio.