Credibilidade das Forças Armadas cai devido ao apoio militar ao golpe

Charge do André Dahmer (Piauí)

Eliane Cantanhêde
Estadão

No ano do julgamento da tentativa de golpe, a dias do parecer da Procuradoria sobre os golpistas e na véspera da ida do presidente Lula a uma cerimônia da Marinha no Rio, pesquisa Atlas apontou que 72% dos entrevistados não confiam nas Forças Armadas.

Mesmo militares que consideram esse percentual exagerado admitem que a imagem da instituição vem sofrendo desgaste e que nenhum outro presidente foi tão pernicioso para as FA do que o capitão insubordinado Jair Bolsonaro.

POR UMA PORTA… – “Quando a política entra por uma porta no quartel, a ordem e a disciplina saem pela outra”, diz a máxima jogada no lixo por Bolsonaro, que entupiu o Planalto de generais e acentuou privilégios da carreira que um dia foi a sua. Enquanto “comprava” militares no varejo, ele infiltrava a política nos comandos e nas tropas de uma forma jamais vista após a redemocratização.

O presidente Lula, que não tinha motivo para ser amigão de generais, brigadeiros e almirantes, soube conviver muito bem com eles nos seus dois primeiros mandatos e investiu no atacado: renovação dos caças da FAB, dos submarinos da Marinha e dos tanques do Exército, além de estabelecer a Estratégia Nacional de Defesa.

MILITARES ENVOLVIDOS – O que se tem depois de Bolsonaro são 28 militares, inclusive de altas patentes, entre os 40 indiciados na tentativa de golpe.

Não há dúvida de que o procurador-geral Paulo Gonet vai deixar muito clara a responsabilidade de cada um, com base na minuciosa investigação da PF, mensagens de internet, planos impressos, reuniões, delações e depoimentos, inclusive de ex-comandantes.

Gonet foi implacável com sete ex-integrantes do comando da PM do Distrito Federal que já foram para a Praça dos Três Poderes no 8/1 dispostos a lavar as mãos. Se foi assim com PMs, como o PGR será com o ex-presidente e os generais que articularam o golpe a partir do Planalto?

UMA RESSALVA – A área militar considera a pesquisa Atlas muito triste, mas previsível, com uma ressalva: Datafolha e IPEC de dezembro de 2024 detectaram perda de aprovação das FA, mas elas se mantinham como instituição mais bem avaliada do País. Isso pode continuar se houver separação entre CPFs (culpados) e CNPJ (FA), como diz o ministro da Defesa, José Múcio.

Não depende de Supremo, governo e mídia, mas sim do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que não devem, jamais, defender qualquer um que tenha imaginado, discutido e articulado o assassinato de um presidente legitimamente eleito, seu vice e o então presidente do TSE.

Quanto mais distantes desse tipo de gente e quanto mais baterem a porta para a política nos quartéis, melhor para as Forças Armadas.

Paradoxo brasileiro: pouca corrupção trivial e muita corrupção institucional

Charge Benett

Charge do Benett (Folha)

Marcus André Melo
Folha

Como mensurar a corrupção em um país? Através de pesquisa de opinião sobre a extensão da corrupção, como muitos alegaram após a divulgação do desempenho pífio do país no Relatório Anual da Transparência Internacional 2025? Elas aferem a centralidade do tema na opinião pública, tema obviamente de grande interesse, mas não a extensão da corrupção real.

Aqui a distinção entre o que a literatura chama de pequena (petty) e de grande (grand) corrupção. A pequena corrupção envolve transações singulares, individualizadas, e não institucionalizadas de pequeno valor; a grande, é institucionalizada, envolvendo burocracias públicas, partidos políticos, estatais, sendo recorrente e de elevado valor.

PAGANDO PROPINA – As pesquisas de vitimização são as mais relevantes sobre a extensão da corrupção. As perguntas relevantes típicas referem-se a se no último ano o/a respondente pagou propina. Há técnicas para mitigar o problema de respostas em temas sensíveis: além do anonimato, a pergunta pode ser feita com referência a tentativas de se cobrar propina em vez de pagamento efetivo.

E mesmo aqui há viés. As pessoas têm experiência direta —mas seletiva— apenas da pequena corrupção. Ela vem de sua experiência com a polícia, o serviço de saúde, fiscais, alfândegas, prefeituras.

Ela não envolve experiência em participar de licitações, emendas parlamentares, investimentos de fundos de pensão etc. E mesmo esta experiência deve ser calibrada.

PONDERAÇÕES – A opinião sobre quem não usa diretamente um serviço —por exemplo, o SUS— é desconsiderada, ou as respostas ponderadas pela frequência do uso (maior frequência, maior peso).

No caso da grande corrupção —aquela que efetivamente impacta a economia e subverte a democracia ao garantir vantagens aos incumbentes—, os envolvidos são o alto escalão de empresas multinacionais e altos funcionários. Eles são os principais agentes envolvidos e suas respostas são uma das fontes mais importantes.

O tamanho das amostras e pesquisas utilizadas —em geral milhares de observações e agregação de resultados de pesquisas para a maioria dos países— permite que as respostas extremas (outliers) sejam controladas. As opiniões de especialistas que monitoram a corrupção nos países são outra fonte de dados para os índices internacionais utilizados.

PETTY E GRAND – A pequena corrupção no país é similar à média da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e à menor da América Latina. A porcentagem de brasileiros que declararam ter pago propina (a policiais, fiscais, provedores de serviço etc.) aumentou de 2011 a 2019. Passou de 4% (12% na Argentina, 21% no Chile e 31% do México) para uma média de 11%.

Quanto aos dados sobre “tentativas de obtenção de propina”, as mais recentes (2021), As percentagens de pessoas que responderam positivamente à pergunta “alguma vez nos últimos 12 meses algum funcionário público lhe pediu uma propina” foram de 4.8% (Brasil), 26,2% (México), 19% (Paraguai), 13,9% (Peru) e 7,7% (Argentina).

A grande corrupção vem à tona através da exposição pública de casos como o da leniência da Odebrecht, nos EUA, que permitiu comparações sobre a distribuição das propinas entre 11 países na região e a razão entre propina/vantagem obtida. Aqui o Brasil ocupou a segunda razão mais baixa (18%), após a Argentina. Mas em valores absolutos somos o campeão da América Latina.

Conheça as três causas da baixa aprovação de Lula, segundo o Planalto

Presidente Lula e Janja no Palácio do Planalto

Desaprovação a Janja também pode prejudicar Lula

Lauro Jardim
O Globo

Essa era para ser uma semana em que o governo pensou que surfaria no desgaste da oposição, uma vez que está previsto o oferecimento nos próximos dias da denúncia da Procuradoria-Geral da República ao Supremo dos acusados de tentarem dar um golpe de estado. Entre esses denunciados, estará Jair Bolsonaro, o líder maior da oposição.

Só que a semana começa com os ecos da pesquisa do Datafolha divulgada na sexta-feira, que mostrou o Lula no seu pior momento em dez anos como presidente.

RECORDE NEGATIVO – Nem no auge do mensalão, lá por 2005, tão poucos brasileiros aprovaram o governo. Hoje, segundo o Datafolha, apenas 24% acham o governo Lula bom ou ótimo.

Dentro do governo, a explicação para o resultado ruim é que ele consequência de três causas principais.

* A alta do dólar ocorrida entre novembro e dezembro. Embora tenha refluído a partir de janeiro, trouxe consequências para os preços em geral e para o humor da população.

* A crise do PIX, que nem necessita de maiores explicações.

* E a terceira causa é o grande ponto de vulnerabilidade do governo: a inflação de alimentos, que castiga justamente o que sempre foi a base mais forte do eleitorado do Lula, a população mais pobre.

JANJA EM ROMA – A viagem de Janja para representar oficialmente o governo Lula — a convite do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, no evento Aliança Global contra a Fome e a Pobreza —, sem que a primeira-dama tenha cargo público, virou alvo de uma notícia de fato no Ministério Público Federal.

A peça, apresentada pelo advogado Jefrey Chiquini e pelo vereador Guilherme Ferreira Kilter Lira, aponta eventual “improbidade administrativa cometida por servidores públicos”. Janja não tem cargo público e levou doze servidores para acompanhá-la. Até o momento, os gastos preliminares com a comitiva que acompanha a primeira-dama são de R$ 140 mil.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Pegando uma carona no texto de Lauro Jardim, as estrepolias de Janja no Brasil e no mundo certamente também estão contribuindo para jogar a popularidade de Lula na lata do lixo. União de homem velho com mulher mais nova e espalhafatosa é coisa que nunca dá certo. Como diz a comediante Gorete Milagres, “Ah, coitado!”. (C.N.)

O jornalismo decidiu inventar que agora rico gosta de bancar o pobre

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Nada mudou e os ricos gostam mesmo é de ostentação

Mario Sabino
Metrópoles

Existe o jornalismo e existe o mundo real, e existem poucos vasos comunicantes entre um e outro. O jornalismo agora tirou do seu boné puído a história de que rico deixou de se comportar como rico. A historieta surgiu no jornalismo americano e está sendo reproduzida pelo jornalismo nacional.

A adesão ao “subconsumo”, com o perdão da palavra, estaria bem documentada em comunidades nas redes sociais que praticariam este novo hobby de rico: o de viver como pobre — pobre, aqui, entendido como alguém de classe média.

FRANCAMENTE… – É o “menos é mais”. Ricos teriam renunciado a comprar roupas de grife, passado a dirigir carros usados e descoberto o prazer de cozinhar pratos à base de alimentos congelados, muito mais em conta. Francamente…

Sempre houve rico disposto a não parecer tão rico. Sempre foi uma minoria insignificante e sempre será. Em geral, são ricos mais intelectualizados, de fortuna mais antiga.

Eles estão longe de comportar como se fossem de classe média, mas não ostentam tanto a sua riqueza como milionário árabe, oligarca russo, empresário comunista chinês e essa gente do agronegócio brasileiro que acha que São Paulo é igual a Nova York, com a vantagem de não ter de saber inglês.

RECORDE NA CRISE – Se rico está deixando de se comportar como rico, o jornalismo deveria explicar como é possível que a LVMH, o maior conglomerado de luxo do mundo, pertencente ao bilionário francês Bernard Arnault, tenha tido um lucro recorde de 84,7 bilhões de euros em 2024, apesar do contexto mundial difícil.

Aqui neste fim de mundo, o jornalismo teria de explicar também como é possível que se multipliquem em São Paulo, nos “bairros nobres” da cidade, lançamentos de prédios com apartamentos vendidos a R$ 40 mil o metro quadrado ou mais.

Não é possível que jornalistas achem que apartamentos como esses serão decorados com móveis da Tok&Stok ou equipados com eletrodomésticos comprados no Magazine Luiza.

EXIBIR A RIQUEZA – É intrínseco a gente rica mostrar a sua riqueza. Eram de ricos as joias exibidas nos museus de arte romana e medieval. Eram de ricos, principalmente, as casas com arquitetura, afrescos e mosaicos maravilhosos de Pompeia, na Itália, ou de Delos, na Grécia.

Vem sendo assim desde a aurora dos tempos, e o motivo é humano, demasiado humano, como resumido pelo ensaísta e analista de riscos libanês-americano Nassim Taleb, no livro “A Cama de Procusto”:

“As pessoas o invejarão pelo seu sucesso, por sua riqueza, por sua inteligência, por sua aparência, por seu status — mas raramente por sua sabedoria”.

GOSTO DO DINHEIRO – Outro aforismo de Nassim Taleb: “Você é rico se o dinheiro que você recusa tem um gosto melhor do que o dinheiro que você aceita”.

O tal “subconsumo”, a modinha restrita que o jornalismo acha que é tendência geral, parece ter esse gosto para os seus adeptos.

Mas eles voltarão ao velho normal no lançamento da próxima bolsa Hermès (e, por favor, pronuncie o “s” final do nome da marca).

Um mundo hostil para o negro, na poesia realista de Cruz e Sousa

Tribuna da Internet | Não há nada que domine e vença a alma romântica do  poeta, dizia Cruz e SousaPaulo Peres 
Poemas & Canções

O poeta João da Cruz e Sousa (1861-1898) nasceu em Desterro, atual Florianópolis, tornou-se conhecido como o “cisne negro” de nosso Simbolismo, seu “arcanjo rebelde”, seu “esteta sofredor”, seu “divino mestre”. Procurou na arte a transfiguração da dor de viver e de enfrentar os duros problemas decorrentes da discriminação racial e social, características contidas no soneto “Vida Obscura”.

VIDA OBSCURA
Cruz e Sousa

Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
Ó ser humilde entre os humildes seres,
Embriagado, tonto dos prazeres,
O mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes
Tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração te apunhalou no mundo.

Mas eu que sempre te segui os passos
Sei que cruz infernal prendeu-te os braços
E o teu suspiro como foi profundo!

Michelle já aparece empatando com Lula em pesquisa encomendada pelo PL

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Michelle ultrapassa Lula, mas fica no empate técnico

Bela Megale
O Globo

O desgaste de Lula com a crise de credibilidade do Pix e o aumento da inflação rendeu frutos para Michelle Bolsonaro, ao menos na nova pesquisa contratada pelo PL.

Pela primeira vez, a ex-primeira-dama aprece numericamente à frente do presidente nas intenções de voto do levantamento da Paraná Pesquisas, que vêm sendo feitos há mais de um ano.

SEGUNDO TURNO – No cenário estimulado em um eventual segundo turno, Michelle está com 42,9% da preferência e, Lula, com 40,5%. Há empate técnico entre ambos devido à margem de erro. Declararam votar em branco ou nulo 12,4% e não opinaram 4,2%.

No primeiro turno da pesquisa estimulada, porém, Lula aparece na dianteira. O presidente tem 34,1% da preferência e Michelle, 27,2%.

O terceiro colocado é Ciro Gomes (9%), seguido por Gusttavo Lima (8,7%), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (4,7%), o governador do do Grande do Sul, Eduardo Leite (3,1%), e do Pará, Helder Barbalho (1,3%).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É conveniente dar um belo desconto nesses números, porque a pesquisa foi paga pelo PL, partido de Lula e de Michelle. Vocês sabem que pesquisa política jamais é confiável, porque sempre tem de agradar a quem está pagando a conta. Outro detalhe: é preciso incluir a ministra Simone Tebet na lista de candidatos. (C.N.)

‘Jabutis’ das eólicas podem gerar 25 anos de conta de luz escorchante

Existe apreensão de que parlamentares derrubem os vetos na lei

Pedro do Coutto

Os custos adicionais às tarifas de energia da população, causados pelos “jabutis” da lei das eólicas offshore, podem ser equivalentes a 25 anos de “bandeira vermelha”, conforme estudo divulgado pela Frente Nacional dos Consumidores de Energia. Apesar dos “jabutis”, trechos inseridos em uma proposição sem que tenha relação com o tema, terem sido vetados pelo presidente Lula no começo deste ano, ainda existe apreensão de que parlamentares derrubem os vetos na lei.

Os cálculos da entidade é que os jabutis teriam um custo anual de R$ 20 bilhões até 2050. Foi utilizado uma comparação de que 12 meses de bandeira vermelha 2 levariam a cerca de R$ 20 bilhões em tarifas adicionais aos brasileiros. Caso os vetos do presidente Lula sejam derrubados pelos senadores e deputados, haverá custo adicional de R$ 7,63/100kwh às tarifas. O valor estabelecido pela  Agência Nacional de Energia Elétrica para bandeira vermelha 2 é de R$7,87/100kwh.

BANDEIRA VERMELHA – “Ao contrário das bandeiras tarifárias legítimas, que se ajustam tão logo os reservatórios retomam os níveis seguros, se as emendas entrarem em vigor, veremos o Congresso impor à população um aumento na conta de luz equivalente à Bandeira vermelha 2. Só que esse aumento permanecerá vigente por 25 anos, faça chuva ou faça sol”, disse a FNCE em nota.

Os jabutis no PL 576/21 consideravam uma prorrogação nos contratos das usinas térmicas a carvão até 2050, bem como a contratação obrigatória de quase 5 mil megawatts em pequenas centrais hidrelétricas, mesmo sem demanda. Além disso, eles também flexibilizavam a contratação compulsória de 8 mil MW de usinas a gás natural.

Em matéria de legislação, todo cuidado é pouco. Muitas vezes o dispositivo colocado numa linha pouco relevante, produz efeitos extremamente importantes. A questão é que em todos os projetos de energia, sejam eles de petróleo ou de energia eólica, a leitura tem que ser feita com extremo cuidado, pois caso contrário em vez de se fazer um avanço, poder-se-ia promovendo uma ação contrária, especialmente em relação aos consumidores.

Por um Brasil sem Lula e Bolsonaro, dando chance a novos candidatos

Datafolha: vantagem de Lula contra Bolsonaro cai dois pontos nos votos válidos

O Brasil agradeceria caso conseguisse se livrar desses dois

Fabiano Lana
Estadão

Neste exato momento político o Brasil conta com uma janela de oportunidade. De superar, de deixar definitivamente para trás, poderosos líderes políticos que, a sua maneira, se pautaram pelo populismo e por dividir o país entre os “bons”, no caso os que os apoiam, e os “maus”, os da oposição.

Políticos que vieram de uma conjuntura internacional pré-muro de Berlim e possuem uma visão antiquada do mundo. Que em 2025 olham muito mais para trás do que para o futuro.

ESGOTAMENTO – Sim, os políticos em questão são Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. De um lado as seguidas pesquisas mostram que há uma rápida erosão da popularidade de Lula – temos o Datafolha como o exemplo mais recente.

O estilo petista de gerir o Estado por meio de aumento contínuo dos gastos públicos parece ter encontrado um esgotamento. A sociedade simplesmente não quer mais pagar a conta de uma gestão que vê ineficiente, como ficou comprovado com a chamada crise do Pix. Não se trata de um problema de comunicação, mas de concepção.

De outro lado, há um ex-militar que nunca se deu ao trabalho de esconder sua paixão pela ditadura brasileira. Que abusou de verbos como torturar, fuzilar, estuprar, para se referir aos adversários políticos. Que fez da grosseria e da vulgaridade um dos pilares da sua carreira.

E MAIS…  – Bolsonaro é um político que bajula e se inferioriza frente a mais poderosos como o presidente americano Donald Trump. Que por décadas votou juntinho com o Partido dos Trabalhadores contra qualquer proposta que significasse modernizar o Estado brasileiro – tome-se como maior exemplo o Plano Real. Que, por provável tentativa de golpe, corre gigantesco risco de passar uma temporada razoável na prisão.

Ambos, sempre a sua maneira, são nostálgicos de ditaduras, mesmo que sejam com sinais ideológicos trocados. Souberam manipular e conduzir bem uma multidão capaz de defender qualquer um dos seus atos e palavras, por mais bizarras que tenham sido em algumas ocasiões – e muitas vezes com notável agressividade.

Tome-se o exemplo as falas de Bolsonaro do auge da pandemia da Covid.

FALAS DE LULA – Vamos observar agora como os acólitos irão se comportar com as falas do Lula, perigosamente próximas daquele incompreensível dialeto proferido pela ex-presidente Dilma, o dilmês (vocês ouviram a digressão de Lula sobre o ovo de ema no Amapá?).

Muito diferentes entre si, Bolsonaro e Lula trabalham com o medo do outro. Política é como nuvem, diz o clichê, você olha e está de um jeito e pouco depois está diferente. Mas nesse período o País só ganharia se a classe política e os segmentos atuantes da sociedade começassem a trabalhar com novos candidatos, com novas cabeças mais arejadas – antes que oportunistas de ocasião como os Gusttavos Limas e Pablos Marçais da vida ocupem este espaço.

Enquanto isso, o PSDB, que antes representava o centro ideológico brasileiro, segue indeciso se irá se suicidar ou não.

Governo Lula desesperado é um perigo e aumenta risco Brasil

Avaliação do governo Lula é negativa para 90% do mercado - BPMoney

Encurralado, Lula não sabe o que fazer, e isso é um perigo

Carlos Andreazza
Estadão

Importam mais as reações à pesquisa do que aquilo fotografado pelo levantamento. Governo sem firmeza, que não tem identidade, que é desprovido de projeto, responde à impopularidade oscilando entre desânimo e desespero.

Desespero é um perigo. Como sentimento de quem controla o Tesouro, é mesmo uma ameaça. O governo Lula está desesperado. Condição essencial para se fazer o diabo. O tiro é curto até o ano eleitoral e a caixa de ferramentas já está aberta. Será arreganhada.

PERPLEXIDADE – No caso do governo popular impopular, do presidente que deveria ser – que já foi – quase unanimidade, o desespero vai robustecido pela perplexidade. A turma do Planalto, que não sabe o que fazer ante a novidade da desaprovação espalhada, fica mais suscetível aos cantos das respostas rápidas, repetidas e erradas.

Por exemplo: a retomada – de novo – da indústria naval brasileira. Filme já visto; a rapaziada voltando ao local do… A rapaziada voltando ao set. A Transpetro em cena. A Petrobras mais uma vez usada para revitalizar um setor que não compete sem estímulos estatais.

O petismo pressiona por radicalização. Será objetivamente atendido, com Gleisi Hoffmann ministra palaciana.

ESQUERDIZAÇÃO – O discurso – pela guinada ainda mais à esquerda – é delirante: para que se interrompa a agenda de “ajuste fiscal”. Agenda que nunca teve lugar neste Dilma III – governo fundado pela gastadora PEC da Transição. Governo do pacotinho fiscal. Do Auxílio Gás, prometido gratuitamente para 22 milhões de famílias, à margem do Orçamento.

Delirante também é a reação da Fazenda à impopularidade. A pasta ora preocupada com os riscos de um “cavalo de pau” na economia. A mãe do arcabouço natimorto fiscal, da meta cumprida com bilhões despejados parafiscalmente, de repente preocupada com a possibilidade de Lula radicalizar na gastança.

A mãe de um programa educacional – o Pé de Meia – que, custando R$ 15 bilhões, só tem previsto R$ 1 bilhão na proposta orçamentária, preocupada com barbaridades fiscais.

CORTE DE DESPESAS – Cavalo de pau seria o presidente ordenar corte de despesas – um verdadeiro – para 2025. Não rolará, pedalada a bomba para 2027. Acelerar gastos, em variadas frentes, é apenas dar novo ritmo à continuidade. É dobrar a aposta. Para – encharcando os pobres de créditos estatais (e endividando as famílias) – sustentar o voo de galinha até 2026.

No Pará, na sexta, o presidente deu a letra sobre como bancará a corrida de cobre-descobre com a inflação: “O Brasil vai crescer mais, porque tem uma coisa acontecendo nesse país. Temos o menor nível de desemprego da história, crescimento da massa salarial e a quantidade de crédito que nunca teve. E vamos anunciar mais três políticas de crédito nesse país”.

A radicalização, na economia, está contratada.

Equipe de Alcolumbre não cabe no gabinete e terá de haver um revezamento

Novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP)

Alcolumbre promete exigir respeito entre os três poderes

Vicente Limongi Netto

Duas primorosas notícias da premiada colunista Denise Rothenburg no Correio Braziliense (14/02), sobre o monumental Davi Alcolumbre, enchem de orgulho o noticiário político. Denise é esmerada em notas interessantes e profundamente jornalísticas. A emoção é imensa, para este veterano repórter, ao tratar do tema. As pernas tremem, as mãos enfraquecem.

Denise mostra que o colunismo impresso continua vivo. Iluminando as letras do jornal. Na primeira espetacular e interessante nota, Denise destaca a felicidade de Alcolumbre por Lula pisar com ele solo do Amapá. Por pouco Denise não disse que Lula não vive sem Davi. Dois fofos. 

VAI SE REELEGER – Denise completa a maravilhosa informação revelando para o Brasil e para o mundo que, desde já, Alcolumbre é pule de dez para se reeleger. para a presidência do Senado, na próxima legislatura.

A segunda nota de Denise, sempre adoçando o leitor com sensacionais revelações em primeira mão sobre Alcolumbre, diz que a numerosa equipe do senador não cabe toda no gabinete da presidência do senado. Para evitar briguinhas e ciumeiras, os servidores vão fazer sorteio e revezamento para saber quais serão os felizardos que ficarão ao lado do divino chefe e os outros que ficarão em casa.

O próprio Alcolumbre cunhou o seguinte lema para as servidoras fantasmas e rachadistas do gabinete dele, no primeiro mandato como presidente do Senado: “Vocês me ajudam e eu ajudo vocês”. Os arquivos da revista Veja não mentem.  Quem perder, ficará longe do cativante sorriso do pançudo Davi. A depressão será enorme. 

UM NOVO BONÉ – Com fogos e banda de música, a coluna Eixo Capital ( 09/02) informa que vice-governadora Celina Leão abriu garbosamente a temporada dos bonés, em Brasília. Com um vistoso boné azul, Celina foi taxativa: “Nosso compromisso é com o DF”. Bom saber. Fico aliviado.   

Como acredito na sinceridade da vice-governadora, sugiro que ela mande fazer outros sugestivos lindos bonés, para circular pelo Distrito Federal. O sucesso e o apoio popular estarão garantidos:  “Brasília esburacada”, “Brasília mal iluminada”, “Caos completo na saúde do DF”, “Estacionamento medonho”, “Insegurança dói na alma”, “Crianças com fome nas ruas” e “Feminicídio, praga que não acaba”. 

Bonés de Celina e do fracassado governador Ibaneis iluminam o céu de Brasília. 

ILANA DE NOVO – Cumprimentos â nova Mesa Diretora do Senado pela confirmação da competente servidora, Ilana Trombka, como Diretora-Geral da Câmara Alta. Há 10 anos na função, Ilana dedica seu tempo em benefício da valorização do servidor do Senado.

Faz palestras, escreve artigos para jornais, revistas e redes sociais, publica livros e comanda a eficiente e exemplar “Liga do Bem”, iniciativa que ajuda famílias carentes de todo o Brasil, com a participação efetiva de funcionários do Senado e voluntários. Atitude marcante, que ilumina corações grandiosos.

Senadores e senadoras só têm elogios à atuação vigilante e atenciosa de Ivana Trombka. 

Bolsonaro se prepara para virar réu no golpe e também nas joias

Aproximação com Trump "racha" defesa de Bolsonaro às vésperas de denúncia da PGR | Brasil 247

Jair Bolsonaro teria sido “líder” de um golpe desarmado

Igor Gadelha
Metrópoles

Auxiliares de Jair Bolsonaro preveem que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, deve denunciar o ex-presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF) nos próximos dias.

Com a expectativa da denúncia iminente, auxiliares do ex-presidente já começam a preparar reação. Bolsonaro, inclusive, deve permanecer em Brasília durante a semana para alinhar sua defesa.

DENÚNCIA IMEDIATA? – Conforme noticiou a coluna, a expectativa no Ministério Público é de que Gonet denuncie o ex-presidente antes do jantar que o presidente Lula terá com ministros do STF nesta quarta-feira (19/2).

A avaliação a é de que a denúncia sairá antes do jantar para não dar brechas a interpretações de que Lula teria discutido a peça da Procuradoria com os ministros do STF e com o próprio procurador Gonet, que foi convidado para o encontro.

Como noticiou a coluna, integrantes da defesa de Bolsonaro esperam que Gonet faça um gesto ao ex-presidente em pelo menos um dos inquéritos nos quais ele foi indiciado pela Polícia Federal.

DUAS DENÚNCIAS – Nos bastidores, advogados de Bolsonaro já dão como certo que o ex-presidente será denunciado por Gonet para virar réu em dois inquéritos: o que apura a tentativa de golpe e o que investiga a fraude em certificados de vacinação.

A defesa de Bolsonaro tem esperança, no entanto, que o procurador-geral da República não denuncie o ex-presidente no caso das joias sauditas que ganhou de presente e vendeu no exterior.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGO caso das joias é uma bobagem, porque Bolsonaro recuperou o único relógio vendido e devolveu à Presidência sem que à época se soubesse se era bem pessoal dele ou não. A denúncia mais grave é do golpe, que foi planejado, porém não chegou a ser tentado. Mesmo assim, o ministro Moraes pretende condenar Bolsonaro ao máximo possível de anos de prisão, por considerar o 8 de janeiro como terrorismo e tentativa de golpe. Ou seja, Bolsonaro teria sido “líder” de um golpe desarmado. (C.N.)

Inocentado de assédio pelo Planalto, Silvio Almeida agora diz querer justiça

Silvio Almeida: “Sou homem preto e não vou abrir mão de ser ministro”

Silvio Almeida afirma que foi vítima de uma “armação”

Deu na Folha

O ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida publicou neste sábado (15) um manifesto nas redes sociais sobre as acusações de assédio sexual que levaram à sua demissão do governo Lula (PT) em setembro do ano passado.

“Eu estou vivo, continuo indignado e não quero compaixão nem ‘segunda chance’. Eu quero justiça”, diz ele na publicação.

FORTE REAÇÃO – No texto divulgado em sua conta no Instagram, Almeida afirma que tentaram apagar sua história e transformá-lo em um monstro.

“Queriam me apagar. Apagar o professor respeitado e tantas vezes homenageado pelos alunos. O advogado diligente. O companheiro, o amigo, o pai. Tentaram me transformar repentinamente em um monstro, um homem que sempre enganou milhares de pessoas, um ‘abusador’ de mulheres”, afirmou.

As acusações contra Almeida foram recebidas pela organização Me Too Brasil. As vítimas relataram uma série de casos de assédio que teriam acontecido em 2023.

SEGREDO DE JUSTIÇA – Dois inquéritos foram abertos para investigar o caso, um pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) e outro no STF (Supremo Tribunal Federal), a pedido da PF. A investigação, que tem o ministro André Mendonça como relator, está sob segredo de Justiça.

Uma das vítimas seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Ela confirmou a acusação em depoimento à PF em outubro passado. Segundo seu relato, as “abordagens inadequadas” de Almeida, como definiu, começaram no fim de 2022, quando os dois passaram a fazer parte do grupo de transição de governo nomeado por Lula antes da posse dele como presidente da República.

Almeida nega as acusações. Na época, falou que elas seriam “ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro”.

VOLTA ÀS ATIVIDADES -Na postagem deste sábado, ele afirma que irá retomar suas atividades públicas. Cita o retorno de seu canal no YouTube e o lançamento de uma nova edição, revisada e ampliada, de sua principal obra, “Racismo Estrutural”, além do lançamento de outros quatro livros.

“Eu vou continuar escrevendo. Eu vou continuar falando. Eu vou continuar acreditando que esse país tem jeito. Eu vou continuar acreditando no povo brasileiro. Eu vou continuar advogando em alto nível para quem pode e para quem não pode me pagar”, afirmou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A matéria tem uma falha absurda. Não cita o fato de que há alguns meses Silvio Almeida foi inocentado na investigação da Comissão de Ética da Presidência da República. Lula ficou tão constrangido que não aparece mais em público ao lado da ministra Anielle Franco, que já está recolhida à sua insignificância. Tudo indica que houve um tórrido caso de amor entre os dois ministros, sem nenhum episódio de assédio sexual. (C.N.)

Malafaia manda bolsonaristas desistirem do impeachment de Lula

Silas Malafaia defende candidatura de Bolsonaro no Twitter

Bispo Malafaia manda mais do Bolsonaro e dá as ordens

Igor Gadelha e Gustavo Zucchi
Metrópoles

Responsável por organizar algumas das manifestações pró-Jair Bolsonaro nos últimos anos, o pastor Silas Malafaia deu um “pito” nos aliados do ex-presidente que defendem que os atos de 16 de março tenham o “impeachment” de Lula entre as pautas.

À coluna, Malafaia defendeu a postura de Bolsonaro, que anunciou que participará da manifestação no Rio de Janeiro para defender o projeto de anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro, e não para pedir o impeachment do atual presidente da República.

ENTRA ALCKMIN – “O que o sistema quer é isso, derruba Lula e entra (Geraldo) Alckmin. Essa conversa fiada de que impeachment de Dilma ajudou Bolsonaro, é para quem não conhece a história. O povo deu uma resposta, não foi para o impeachment de Dilma que ajudou Bolsonaro, foi para o desgoverno e a corrupção, tá certo? De 14 anos de governo do PT. Quem está falando isso ou desconhece a história ou quer se ou quer se aproveitar de momento político. Acho que nós temos que ter uma visão lá na frente”, afirmou Malafaia.

O pastor defendeu que Lula e Alckmim “têm que ser derrotado é nas urnas”. “Não tem que dar prêmio para Alckmin substituir Lula. Eles (bolsonaristas que defendem o impeachment) só veem o momento e são pautados pela opinião de redes sociais”, declarou o religioso.

NAS REDES SOCIAIS – A crítica de Malafaia é direcionada principalmente ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). O parlamentar mineiro tem usado as redes sociais para defender o impeachment de Lula como principal pauta dos atos marcados para 16 de março, em São Paulo.

“O que fizeram na campanha de prefeito, estão fazendo de novo: desmoralizando Bolsonaro. Não é a mim, não. Desmoralizam Bolsonaro. E depois vêm com ‘aí que eu morro, que dou minha vida, que o que ele quer, eu faço’. Isso é conversa de hipócrita, de soberbo e vaidoso. Não têm a dignidade de ligar para o cara e dizer: ‘Presidente, é isso mesmo? Vamos, vamos marchar nisso? Então, OK.’”, disse o pastor à coluna.

BOLSONARO NO RIO – Como a coluna noticiou no sábado (15/2), Bolsonaro pretende ir à manifestação no Rio de Janeiro, e não em São Paulo.

O ex-presidente disse que sua principal pauta será o projeto de anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro, e não o impeachment de Lula.

“É previsão, não é certeza porque preciso acertar com mais gente… eu gostaria de ir ao Rio de Janeiro, no dia 16. E a pauta lá seria anistia e as questões nacionais”, disse Bolsonaro à coluna.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Essa conversa de pedir impeachment de Lula é mais uma irresponsabilidade. Lula não tem feito nada no governo. Ora, se não tem feito nada, isso não pode ser motivo para impeachment. Não fazer nada é uma especialidade que Lula cultiva desde o sindicalismo, quando era conhecido como Barba, o informante da Polícia Federal. (C.N.)

Petista denuncia Anielle Franco e diz que ela age como “santa de bordel”

Anielle Franco pede que PT tome medidas após Quaquá defender Brazão

Anielle comprou briga com Quaquá e agora tem de aturar

Paulo Cappelli e Augusto Tenório
Metrópoles

Vice-presidente do PT e prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá está denunciando a ministra da Igualdade Racial do governo Lula, Anielle Franco, ao Conselho de Ética do partido. O dirigente petista disse à coluna ter encontrado indícios de que um suposto funcionário fantasma da prefeitura foi indicado por ela na gestão passada. A titular da pasta nega e argumenta que é alvo de “perseguição e violência política”.

Quaquá narrou: “Me mandaram um recado que havia sido contratado um funcionário fantasma a pedido dela. Sendo ou não dela, eu mandei abrir inquérito. Eu fui ver se esse caso de Maricá era verdadeiro, e descobri que, além de tudo, o cara era ‘consultor’ dela enquanto ainda estava em Maricá. Infelizmente, na esquerda e na direita, temos esses santos de bordel. É por isso que o povo anda tão descrente em política”.

COMISSÃO DE ÉTICA – O vice-presidente do PT completou: “Vou pedir Comissão de Ética para ela na reunião do Diretório Nacional. Ele ainda citou que foi alvo de uma denúncia semelhante por parte de Anielle.

“Ela pediu Comissão de Ética pra mim por ter defendido que o Brazão é inocente e não teve o devido processo legal no caso Marielle”, afirmou o prefeito, em referência ao deputado Chiquinho Brasão, preso preventivamente como suposto mandante do assassinato da vereadora do PSol, irmã da ministra.

O servidor citado por Quaquá é Alex da Mata Barros, lotado na autarquia Serviços de Obras de Maricá (Somar). Ele foi admitido em 1º/6/2021 e deixou o cargo de assessor especial em 1º/1/2025.

GENTE NEGRA – Quaquá sustenta que ele, nesse período, também prestou serviços para o Ministério da Igualdade Racial (MIR). O funcionário foi contratado como consultor do Projeto Gente Negra “Reconstrução e Desenvolvimento”, da pasta chefiada por Anielle, em 17 de maio de 2024.

Procurada, a assessoria de Anielle negou as acusações de Quaquá e afirmou que os consultores do projeto foram contratados e remunerados diretamente pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (Banco CAF), com apoio do ministério.

VEJA A NOTA – “Não há ilegalidade em nenhuma consultoria de apoio ao Ministério da Igualdade Racial. Os consultores participantes do projeto são contratados e remunerados diretamente pelo Banco CAF em apoio e fortalecimento do Ministério da Igualdade Racial. O edital de seleção foi elaborado seguindo os critérios e padrões internacionais informados pelo banco.

A consultoria é financiada com recursos de cooperação internacional, seguindo os parâmetros legais do padrão de apoio institucional do Governo Federal.

A Ministra Anielle Franco afirma que perseguição política e violência política não serão toleradas e toda e qualquer tentativa de desinformação e fake news serão respondidas à altura, por medidas cabíveis”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Anielle Franco deveria ser submetida à Comissão de Ética também por ter acusado o então ministro Silvio de Almeida de assédio sexual. Ela o denunciou à Comissão de Ética do Planalto que analisou o caso e inocentou Almeida, cuja imagem já estava destroçada. Agora, o ex-ministro pretende processar Anielle por denunciação caluniosa. Como dizia Tom Jobim, é a lama, é a lama, é a lama… (C.N.)

Lula vai desabando e acha que o problema do Brasil é Donald Trump

Tarifaço de Trump: o aço esquentou! | Jornal de Brasília

Charge do Baggi (Jornal de Brasília)

J.R. Guzzo
Estadão

Há uma diferença, como muita gente sabe, entre números e realidades. Nem sempre os algarismos são um espelho dos fatos, e nem sempre os fatos se demonstram através dos algarismos. Já não é fácil, mesmo num governo razoavelmente alfabetizado, definir o balanço entre as duas coisas.

Com a ignorância sistêmica do atual governo brasileiro, então, o melhor é já chamando o padre para dar a extrema-unção. É o caso, agora, da crise de nervos do Brasil diante das demandas de reciprocidade de tarifas comerciais feitas pelo novo governo americano Donald Trump.

NÃO ENTENDE NADA – O presidente Lula não entende nada de números. Em compensação, também não entende nada de realidades – em sua fase atual, acha que a culpa pela inflação é do povo que fica comprando comida cara, ou que vai resolver os seus infortúnios de “imagem” fazendo uma caravana com Janja pelo Brasil.

A soma dessas duas incapacidades leva o governo brasileiro a se comportar, tontamente, como um bando de galinhas agitadas quando acontece alguma coisa diferente perto delas.

Lula, como os cachorros de Pavlov que ficavam com água na boca todas as vezes em que tocavam uma sineta associada à hora de comer, entra automaticamente em crise de nervos a cada vez que topa com a palavra “Trump”.

CAINDO AOS PEDAÇOS -Desde que ele ganhou a eleição, Lula não perde uma única oportunidade de fazer todo o tipo de insulto ignorante, colérico e despeitado contra o governo e o país que tem o dever de respeitar e tratar com cortesia – para atender ao interesse nacional, e não à sua coleção de ideias mortas.

Seu governo está caindo aos pedaços há dois anos, e ele acha que o problema do Brasil são os Estados Unidos. A chegada de Trump à presidência pode realmente dar início a mudanças estruturais na comunidade das nações tal qual ela é hoje.

Na verdade, Trump já está provocando mudanças brutais – na política, na diplomacia, na economia, na segurança internacional, na entrada com força máxima da tecnologia de vanguarda no governo, na política e na operação da máquina estatal nos Estados Unidos, na agenda “progressista”.

SEM PREPARAÇÃO – É para esse tipo de mudanças que o Brasil teria, já, de estar se preparando. Mas Lula não tem a menor ideia sobre tais realidades. Não entendeu nem o prefácio – imaginem o pré-difícil. 

Tarifas são tema para profissionais do ramo. O Brasil, para começo de conversa, é um dos países que aplica as taxas de importação mais altas do mundo – tem de andar sempre com muito cuidado quando lida com esse assunto. Lula, em vez disso, fica gritando que vai “retaliar”.

Não tem ideia, por exemplo, que o açúcar brasileiro paga 70% de tarifa para entrar nos Estados Unidos; os 25% que Trump propõe seriam uma beleza. Mas e daí?

“Escrever versos sem pensar, que sejam puros e inocentes como princípio do amor”

Dante Milano, retratado por Portinari

Dante Milano, retratado por Portinari

Paulo Peres
Poemas & Canções

O poeta Dante Milano (1899-1991), que nasceu em Petrópolis (RJ), no poema “Descobrimento da Poesia” deseja escrever versos sem pensar, mas que sejam puros e inocentes como princípio do amor.


DESCOBRIMENTO DA POESIA
Dante Milano

Quero escrever sem pensar.
Que um verso consolador
Venha vindo impressentido
Como o princípio do amor.

Quero escrever sem saber,
sem saber o que dizer,
Quero escrever uma coisa
Que não se possa entender,

Mas que tenha um ar de graça,
De pureza, de inocência,
De doçura na desgraça,
De descanso na inconsciência.

Sinto que a arte já me cansa
E só me resta a esperança
De me esquecer do que sou
E tornar a ser criança.

É muita estranha essa movimentação de Elon Musk para derrubar Lula

Elon Musk a ameaça Lula após bloqueio do X

Musk passa dos limites ao defender impeachment de Lula

Roberto Nascimento

Assisti aqui no Rio ao filme “Trilha Sonora para um Golpe de Estado”, do cineasta belga Johan Grimonprez, um dos favoritos ao Oscar de Melhor Documentário deste ano, vencedor do Prêmio Especial do Júri por Inovação Cinematográfica no Festival de Sundance.

O roteiro mistura jazz e descolonização nesta passagem histórica, que reescreve o episódio da Guerra Fria que levou os músicos Abbey Lincoln e Max Roach a invadirem o Conselho de Segurança da ONU em protesto contra o assassinato de Patrice Lumumba — político que liderou a independência da República Democrática do Congo.

CONGO E BRASIL – Pensando aqui, sobre a queda da popularidade de Lula, repentina e violenta, divulgada pelo Datafolha, de 42 para 24 por cento, comparei o cenário com o vivido por Patrice Lumumba.

A luta do líder nacionalista congolês foi um grito de dor para salvar seu povo do colonialismo belga.
Assumiu o cargo de Premier em 30 de junho de 1961 e assassinado cinco meses depois, a mando do rei belga e do presidente americano Eisenhower.

Houve de tudo, assassinatos, destruição de aldeias inteiras, mercenários pagos pelos belgas e traidores da pátria, como o coronel Desirée Mobutu, um genocida corrupto, que roubou as riquezas minerais do Congo dividindo com belgas e americanos..
Não foi diferente dos assassinatos na América Latina, nas décadas de 60 e 70.

QUEDA DE JANGO – Aqui em 1964, Jonh Kenedy ordenou à CIA para preparar a queda de João Goulart. Iniciou-se uma sequência de paralisações na atividade produtiva, greves, aumento de alimentos e falta de arroz e feijão nas feiras e mercados.

Agora, me parece que o processo de desmantelamento do governo Lula está a todo vapor. Até o assunto impeachment entrou na pauta, após a fala do deputado Sóstenes Cavalcante, da bancada da Bíblia e líder do PL na Câmara.
O deputado Hugo Motta, presidente da Câmara e unha e carne de Eduardo Cunha, que pautou o impeachment de Dilma não é confiável.

Não se justifica, a alta nos preços do café, da laranja e de outros produtos essenciais, um absurdo. O empresário Elon Musk, número dois de Trump, trabalha para derrubar Lula e implodir o STF, ao impulsionar suas plataformas sociais.

NOVO RETROCESSO – Não se trata de defender o governo ou qualquer personagem sentado no trono presidencial, mas de deixar um alerta sobre a marcha para um novo retrocesso no Brasil, através de um golpe parlamentar ou mesmo de uma intervenção militar com apoio de Donald Trump, assim como Kenedy atuou contra João Goulart.

Os motivos são de ordem estratégica para os americanos, remeto à liderança do Brasil nos BRICS, à proximidade diplomática e ao crescente comércio com a China; à fala sobre a substituição do dólar pelas moedas locais nas transações comerciais; e principalmente à captura das riquezas minerais intocadas da Amazônia para exploração pelos novos detentores do poder nos EUA.

O Brasil vai virar o Congo, se as elites do agro e da Indústria embarcarem em nova intervenção militar. É melhor deixar o povo escolher seus representantes nas urnas para o bem ou para o mal. Na próxima eleição, tira o elemento ruim e bota outro lá no Planalto. No golpe, são sempre os mesmos e matam a gente sem pudor algum e com requintes de crueldade.

Ipec desestimula o PT, pois 62% acham que Lula não deve tentar reeleição

Pesquisa aponta que 62% da população é contra à reeleição de Lula

Pedro do Coutto

Pesquisa Ipec divulgada no último sábado aponta que 62% dos brasileiros avaliam que o presidente Lula da Silva não deveria se candidatar à reeleição em 2026. Outros 35% avaliam que Lula deveria buscar um quarto mandato, enquanto 3% não sabem ou não responderam ao levantamento.

Pesquisa realizada pelo mesmo instituto em setembro de 2024 mostrava que 58% dos brasileiros opinavam desfavoravelmente a uma nova candidatura, enquanto 39% avaliavam positivamente. Assim, houve oscilações dentro da margem de erro do levantamento de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

NOVO MANDATO – Entre quem declara que votou em Lula contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022, 32% avaliam que o petista não deveria buscar um novo mandato. A proporção dos que avaliam negativamente a busca por um novo mandato é maior entre quem declara que votou em Bolsonaro (95%), em branco/nulo (68%) e não votou/não sabe/não lembra/não respondeu (56%).

O levantamento do Ipec também coletou, em pesquisa espontânea, as razões para o eleitorado brasileiro desfavorável a um novo mandato de Lula desaprovar uma eventual tentativa.

A análise vai de encontro à pesquisa Datafolha divulgada na última semana, que mostrou um tombo na popularidade de Lula, puxado por segmentos que formam a base de sustentação do presidente. A atual gestão atingiu o menor índice de avaliação positiva de todos os mandatos do petista na série histórica do levantamento e o percentual do eleitorado que considera que Lula 3 é ótimo ou bom caiu 11 pontos percentuais em apenas dois meses, de 35% para 24%.

AVALIAÇÃO – No grupo que declara ter votado em Lula no segundo turno das eleições de 2022, a queda é ainda maior, de 20 pontos. A avaliação negativa do governo (ruim ou péssima) também é recorde e subiu, no período, de 34% para 41%. Já o percentual da população que considera a gestão regular variou de 29%, em dezembro, para 32% no levantamento mais recente.

Mais um golpe para o governo Lula que tentará emplacar um novo mandato. Os números expressam uma realidade que se divide entre o projeto de Lula e o que, efetivamente, reflete-se na opinião pública. A piora de sua imagem é sensível e pode levar a uma mudança no cenário eleitoral. Enfim, temos que aguardar o surgimento de outras pesquisas para que novas tendências confirmem ou não os últimos resultados.

Apesar do desgaste, o presidente segue liderando todos os cenários eleitorais testados por institutos de pesquisa para 2026. Segundo o levantamento mais recente da AtlasIntel, em um eventual primeiro turno contra Bolsonaro, o petista venceria por 44% a 40%. Contra Tarcísio de Freitas, o placar seria 41,1% contra 26,2%. Já um levantamento da Quaest, divulgado no início do mês, indica que Lula tem entre 28% e 33% das intenções de voto, dependendo dos adversários.

Maior absurdo de Trump é pretender expulsar os palestinos de Gaza

Enfurecido com impeachment, Trump diz que pedirá para China investigar Biden - Jornal O Globo

Assessores de Trump têm medo de contestar suas ideias

Thomas Friedman
Folha/New York Times

O plano do presidente Donald Trump de assumir Gaza, remover seus 2,2 milhões de palestinos e transformar a faixa costeira desértica num tipo de Club Med prova apenas uma coisa: como é curta a distância entre o pensamento fora da caixa e o pensamento desvairado.

Posso dizer com segurança que a proposta de Trump é a iniciativa de “paz” para o Oriente Médio mais absurda e perigosa jamais apresentada por um presidente americano.

APROVAÇÃO IMBECIL – Ainda assim, não tenho certeza do que é mais assustador: a proposta de Trump para Gaza, que parece mudar a cada dia, ou a velocidade com que seus conselheiros e autoridades do gabinete — quase nenhum informado sobre os planos com antecedência — balançaram a cabeça em aprovação à ideia, como uma coleção de bonecos bobbleheads.

Prestem atenção, senhoras e senhores: essa proposta não trata apenas do Oriente Médio. É também um microcosmo do problema que enfrentamos neste momento enquanto país.

Em seu primeiro mandato, o presidente Trump esteve cercado por mitigadores: conselheiros, secretários de gabinete e generais que muitas vezes evitaram e contiveram seus piores impulsos. Agora está cercado somente por amplificadores: conselheiros, secretários de gabinete, senadores e membros da Câmara que vivem com medo de sua ira ou de serem atacados por multidões online atiçadas por seu fiscal, Elon Musk, caso saiam da linha.

SEM AMARRAS – Essa combinação de Trump sem amarras, Musk sem restrições e grande parte do governo e do establishment empresarial vivendo com medo de ser tuitado por qualquer um dos dois,  é uma receita para o caos, domesticamente e no exterior.

Trump opera mais como o Poderoso Chefão do que como o presidente: “Belo pequeno território que vocês têm aí (Groenlândia, Panamá, Gaza, Jordânia, Egito). Seria uma pena se algo ruim acontecesse por lá…”.

Isso pode funcionar nos filmes, mas na vida real, se o governo Trump realmente tentar forçar a Jordânia e o Egito ou qualquer outro Estado árabe a aceitar os palestinos que vivem em Gaza — e fazer o Exército israelense prendê-los e deslocá-los, já que Trump disse que a transferência não envolveria tropas dos EUA e não custaria nenhum centavo aos contribuintes americanos.

DESEQUILÍBRIO — A transferência massiva desestabilizará o equilíbrio demográfico na Jordânia entre os habitantes da Cisjordânia e os palestinos, desestabilizará o Egito e desestabilizará Israel.

Por mais que os israelenses odeiem o Hamas, estou certo de que muitos soldados, fora os de extrema direita, se recusarão a fazer parte de qualquer operação que possa ser comparada à captura e transferência de judeus de suas casas durante a 2ª Guerra.

Conforme opinou o jornal israelense Haaretz: “Não há soluções mágicas capazes de dissolver simplesmente o conflito. A audácia de apresentar tal solução — que ecoa termos como transferência, limpeza étnica e outros crimes de guerra — é um insulto tanto aos palestinos quanto aos israelenses”.

REAÇÃO EM CADEIA – Trump também criará uma reação contra embaixadas e interesses dos Estados Unidos em todo o mundo árabe muçulmano, com muitos muçulmanos indo às ruas na Europa, no Oriente Médio e na Ásia se manifestar contra palestinos sendo forçados a deixar suas terras em nome de Trump, criando um resort litorâneo na Faixa de Gaza — que Trump disse que “possuirá” e para onde os palestinos não teriam direito de retornar.

Isso seria o maior presente que Trump poderia dar para o Irã se reerguer no Oriente Médio e envergonharia todos os regimes sunitas pró-EUA.

Empresas americanas como McDonalds e Starbucks, que já enfrentaram boicotes em razão do armamento fornecido pelos EUA a Israel na guerra de Gaza, seriam prejudicadas ainda mais duramente.

ALGUMA RAZÃO – Trump tem alguma razão? Bem, sim. Ele está certo ao afirmar que o Hamas é uma organização enlouquecida e perversa, que, ao massacrar de cerca de 1,2 mil pessoas em 7 de outubro de 2023 e sequestrar cerca de 250, desencadeou o impiedoso ataque israelense contra o Hamas, escondido no subsolo em Gaza, sem nenhum respeito aos civis de Gaza.

O Hamas transformou seus vizinhos palestinos em objetos de sacrifício humano com intenção de deslegitimar Israel em todo o mundo. Para muitos jovens que só recebem notícias por meio de vídeos no TikTok, funcionou, embora a estratégia não pudesse ter sido mais cínica.

Trump também está certo ao afirmar que, como resultado, Gaza transformou-se em um inferno. E também está certo ao afirmar que o problema dos refugiados palestinos foi mantido vivo durante muito tempo por cínicos, no mundo árabe e em Israel, e por líderes palestinos incompetentes.

SEM LIMPEZA ÉTNICA – Sair do 7 de Outubro para qualquer tipo de processo de paz não será fácil, a ideia de que tudo já foi tentado e a única opção que resta é limpeza étnica está errada.

Mas é isso que a direita israelense e o Hamas querem que todos acreditem.

Por fim, Egito e Jordânia reafirmam unidade contra plano de Trump para realocar em seus territórios os palestinos expulsos de Gaza.

Assim como Lula interditou a esquerda, Bolsonaro quer interditar a direita

Ipec: rejeição a Bolsonaro é de 46%; Lula é rejeitado por 38% | Metrópoles

Bolsonaro e Lula, as duas faces da mesma moeda sem valor

Carlos Pereira
Estadão

O slogan “Lula Livre”, que ganhou força quando o ex-presidente estava preso por condenações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, serviu essencialmente aos interesses de Lula e do PT. A narrativa, ao invés de fortalecer a esquerda como um todo, aprisionou o campo progressista à candidatura do próprio Lula em 2018. Agora, a história se repete na direita.

A pauta da anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro e a tentativa de reduzir o prazo de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa de oito para dois anos interessam apenas a Bolsonaro, não à direita de forma geral.

PROTAGONISMO – São medidas que reforçam seu protagonismo e minam o surgimento de novas lideranças conservadoras e comprometidas com a democracia no País.

Em 2018, mesmo preso, Lula conseguiu se manter politicamente relevante e praticamente inviabilizou a construção de candidaturas alternativas e competitivas na esquerda. A percepção de que apenas ele teria força eleitoral para derrotar Bolsonaro consolidou sua hegemonia e interditou o caminho para candidatos alternativos.

Agora, a defesa da anistia aos envolvidos nos ataques às instituições democráticas e a proposta de flexibilização da inelegibilidade têm o mesmo efeito para Bolsonaro.

SEM RENOVAÇÃO – Essas pautas impedem a direita de se renovar, mantendo-o no centro da discussão política e garantindo sua influência na eleição de 2026, seja como candidato, seja como fiador de uma candidatura de sua estrita confiança.

O maior beneficiado por essa movimentação é o próprio ex-presidente. Se anistiado, ele pode disputar as eleições novamente. Mas, mesmo sem concorrer, seguirá como líder incontestável da direita, dificultando o surgimento de novos nomes competitivos.

Construir uma candidatura viável à Presidência da República em um sistema presidencialista multipartidário já é um grande desafio. Além de exigir um nome carismático e com projeção nacional, a empreitada demanda altos investimentos e um grande esforço político dos partidos.

MENOS RISCOS – Muitas legendas preferem focar em candidaturas legislativas ou estaduais, que oferecem menor risco e retorno eleitoral mais previsível. Nesse cenário, figuras carismáticas de perfil populista como Bolsonaro bloqueiam o surgimento de alternativas.

O novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), parece ter caído nessa armadilha. Ao minimizar os eventos de 8 de janeiro e considerar legítima a proposta de flexibilizar a Lei da Ficha Limpa, ele reforça a ideia de que apenas Bolsonaro teria condições de derrotar Lula.

No fim das contas, a anistia e a flexibilização da inelegibilidade não servem à direita, mas a Bolsonaro. O que está em jogo não é o futuro do campo conservador, mas a manutenção de um projeto político personalista, que impede a renovação e mantém o ex-presidente como peça central do jogo eleitoral.