Se conseguir cumprir 50% das suas promessas, Trump sairá consagrado

Trump impõe tarifas a China, México e Canadá - 01/02/2025 - Mercado - Folha

Excêntrico, devasso e pedante, Trump é um bom político

Denis Lerrer Rosenfield
Estadão

É Donald Trump “louco”? Bravateiro? A seguir boa parte da cobertura midiática e jornalística, o mundo estaria à beira da falência.

Outros o qualificam como “colonialista”, “imperialista”. Todavia, tais apelações apenas expõem a perplexidade da esquerda e de autointitulados “especialistas”, que procuram tão só aferrar-se a suas ideologias.

FINO ESTRATEGISTA – A questão consiste, porém, em que. quando não se entende um fenômeno, a única alternativa reside na repetição de velhas fórmulas e ações infrutíferas. Se há loucura em Trump, é a que se faz com método.

Apesar de seu estilo desagradar a muitos, Trump é um fino estrategista. Sabe utilizar as armas que tem à sua disposição: a força militar e o poderio econômico. Não se atém nem a tratados internacionais com nações amigas, como o tratado de livre comércio com o México e o Canadá. Terminou a era em que o discurso democrata politicamente correto simulava ditar as cartas, que eram simplesmente desrespeitadas. O diálogo, agora, torna-se subsequente à ameaça, que pode tornar-se realidade a qualquer momento.

NOVO PARADIGMA – Trump está introduzindo um novo mindset, um novo paradigma geopolítico. E a partir dessas novas ideias, novas ações surgirão. Em nosso continente, os resultados já se fazem sentir. Na Colômbia, o governo esquerdista de Gustavo Petro tentou enfrentar Trump e foi literalmente humilhado.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, ao dar-se conta de que Trump não recuaria no aumento da tributação dos produtos importados de seu país, comprometeu-se a controlar a imigração ilegal e o narcotráfico.

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, tentou fazer frente ao presidente americano. Retrocedeu imediatamente na visita de Marco Rubio, ministro de Relações Exteriores, inclusive saindo da Rota da Seda.

CHINA E BRASIL – Assinale-se, ainda, duas atitudes que destoam dessas reações iniciais: China e Brasil. A China respondeu moderadamente e, pasme-se, recorreu à Organização Mundial do Comércio. Os comunistas recorreram a uma agência internacional criada para regrar o livre comércio internacional segundo uma lógica liberal!

Lula da Silva foi igualmente comedido. Não teve nenhum arroubo e orientou a diplomacia brasileira a evitar qualquer atrito. Mudou o seu discurso anterior de enfrentamento com Trump. Igualmente emitiu uma nota, muito bem elaborada, condenando o antissemitismo e relembrando os horrores do Holocausto. Parece aí sinalizar para uma trégua com o Estado de Israel, a depender de seus próximos passos.

O CASO DE GAZA – Trump pensa fora das ideias recebidas. Sua postura relativa ao Oriente Médio é uma prova disso. De nada adianta repetir as mesmas fórmulas e os mesmos fracassos. Reconstruir Gaza! Como? Reerguendo a estrutura do terror?

Quando Ariel Sharon saiu de Gaza em 2005, coube aos palestinos exercerem a sua autodeterminação. O que fizeram? Primeiro, entraram em uma guerra civil entre o Hamas e o Fatah, com a vitória do primeiro, lançando centenas dos membros do segundo de altos edifícios.

Posteriormente, o Hamas não se preocupou com o bem-estar material dos palestinos. Pior, veio a utilizá-los como escudos humanos. A ajuda humanitária foi desviada para a construção de túneis e a aquisição de armamentos.

CONQUISTA DO HAMAS – A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês) tornou-se um mero instrumento do terror. A destruição de Gaza é uma das grandes conquistas do Hamas. E querem eles agora ditar os termos de um acordo que lhes permita voltar à situação anterior?

A retórica de Trump não deixa de ser desconcertante ao propor uma nova “Riviera do Oriente Médio”. Para além da imagem, o problema colocado é importante.

A reconstrução de Gaza não pode ser feita sem um deslocamento populacional, salvo se essas pessoas ficarem expostas a tendas e às intempéries durante um período de 10 a 15 anos.

SEM DOIS ESTADOS – Claro que qualquer deslocamento deve ser voluntário, com garantias a serem estabelecidas entre as partes. Se essa ideia não for aceitável, que outros atores apresentem soluções factíveis.

Clamar pela solução de dois Estados está agora fora do horizonte após o massacre de 7 de outubro. Historicamente, os árabes recusaram a partição da Palestina conforme a proposta da Comissão Peel nos anos 1940, não aceitaram tampouco a partição da ONU em 1947, tendo como único objetivo a destruição do Estado de Israel.

Tentaram novamente eliminar o Estado judeu nas guerras de 1967 e 1973. Yasser Arafat recusou a criação de um Estado palestino, com pequenas correções territoriais, proposto pelo ex-presidente Bill Clinton e pelo ex-primeiro-ministro israelense Ehud Barak. As guerras do Hamas são apenas o epílogo desse longo processo destrutivo.

ESTILO PORTO RICO – Trump busca novas soluções. Se ganhar 50% do que está propondo, já é uma grande vitória. Talvez tenha em vista a proposta do ex-embaixador americano em Israel, David Friedman, visando a criar uma entidade palestina juridicamente semelhante à associação de Porto Rico aos EUA.

Gozo pleno da cidadania, Estado de bem-estar social, liberdade de trabalho e estudo, sem, no entanto, ter independência em questões de defesa, de relações exteriores e tributárias.

O objetivo é uma vida digna.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGInstigante matéria, enviada por Mário Assis Causanilhas, que aumenta a polêmica sobre Trump. (C.N.)

Maior culpado pela anistia chama-se Alexandre de Moraes, vulgo “Xandão”

Tribuna da Internet | Moraes não aprende com os erros e está envergonhando o Supremo

Charge reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton

A anistia aos envolvidos na repressão e na luta armada na ditadura de 64 foi discutida em profundidade, mostrou-se absolutamente necessária, e o país conseguiu permanecer 45 anos seguidos em normalidade democrática.

Agora, o Congresso se prepara para votar outra anistia, em função dos acontecimentos do final de 2022 e início de 2023. Mas a situação é muito diferente, a anistia atual jamais deveria sequer ser cogitada, embora já caminhe para se tornar realidade.

MAIOR CUJPADO – Se existem alguns culpados por essa desnecessária e incômoda anistia, não há dúvida de que o principal deles é o ministro Alexandre de Moraes, que passou a ser chamado de “Xandão” devido ao inconveniente rigor nas condenações, que foram absurdamente seguidas pela maioria dos ministros do Supremo.

Se Moraes não tivesse chamado a si a responsabilidade de julgar os envolvidos no 8 de Janeiro, deixando que os juízes federais de primeira instância cuidassem do assunto, não teria havido tanta injustiça, a ponto de levar os parlamentares a apoiar esse novo projeto de anistia.

Em reação ao destempero de Moraes, o presidente da Câmara Hugo Motta, logo após assumir, foi claro ao considerar exagerada a dosimetria das penas.

FALSOS TERRORISTAS – Moraes cometeu erros seguidos. Um deles foi declarar “terroristas” todos os réus. Na Praça dos Três Poderes foram presos 243 suspeitos – 161 homens e 82 mulheres. No dia seguinte, a PM prendeu mais 1.927 que não tinham deixado o acampamento.

Os verdadeiros terroristas, que se infiltraram na manifestação, eram os militares “kids pretos”, que lideram o quebra-quebra, mas nenhum deles foi preso. Mas também poderiam ser considerados terroristas os três trapalhões que foram presos depois, por tentar explodir no aeroporto um caminhão-tanque na véspera de Natal – George Washington Oliveira, Alan Diego dos Santos e Wellington Macedo de Souza.

PENAS PEQUENAS – George Washington, o líder, foi condenado a nove anos e quatro meses de regime fechado; Alan Diego pegou cinco anos e quatro meses de reclusão; e Wellington Macedo de Souza foi condenado a seis anos de prisão. Todos já estão em liberdade condicional.

Enquanto isso, os 1.430 eternos suspeitos do 8 de Janeiro pegaram entre 13 e 17 anos e continuam presos. A comparação mostra condenações injustas de Moraes, que prendeu como “terrorista” até um morador de rua.

O ministro errou também ao julgar crimes dos quais alegava ser vítima. Deveria ter se considerado “suspeito”, mas quem se interessa?

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P.S. 1
Os parlamentares do PT, PSOL e PCdoB estão unidos contra a anistia, mas a maioria do Congresso acha que é medida necessária e muitos querem dar um jeito de livrar Bolsonaro, como aconteceu na ilegal descondenação de Lula da Silva. Se isso ocorrer, não tenham dúvidas, a culpa é de Moraes e da grande maioria do Supremo, que se curva diante de suas decisões ditatoriais.  

P.S. 2 – Mas o castigo vem a cavalo. Agora, o poderoso Xandão passa pelo constrangimento de ser inquirido pelo relator especial para liberdade de expressão da OEA, o colombiano Pedro Vaca Villarreal. Teria sido muito melhor votar na forma da lei do que bancar o machão. (C.N.)

Gaza como Riviera do Oriente Médio devia ser o projeto palestino

Costa da Faixa de Gaza que pode ser usada para corredor humanitário marítimo -- Metrópoles

Israel e EUA querem se apossar do território palestino

Mario Sabino
Metrópoles

Leitores cobram deste colunista, pobre de mim, um comentário sobre a fala de Donald Trump a respeito de os palestinos serem evacuados da Faixa de Gaza, de ela passar a ser administrada pelos Estados Unidos e da sua transformação em Riviera do Oriente Médio.

É um factoide, mais um, do presidente americano, que guarda proporcionalidade no seu absurdo com os gritos dos antissemitas sobre a eliminação de Israel e a formação de uma Palestina que iria do Jordão até o Mediterrâneo, embora pouquíssimos deles saibam dizer tanto o nome do rio como o do mar.

APOIO A ISRAEL – A declaração abilolada de Donald Trump deve ser levada em consideração pelo seu subtexto: o de reafirmar que o presidente americano está fechado com a direita radical israelense, não fará nenhuma pressão pela criação de um estado palestino e, pelo contrário, apoiará a política de Benjamin Netanyahu e dos seus asseclas de continuar a estabelecer colônias israelenses na Cisjordânia.

Quando Donald Trump disse o troço, fui além dessa constatação e perguntei a mim mesmo, visto que não poderia perguntar ao meu cachorro, por que não ocorre aos próprios palestinos transformar a Faixa de Gaza na Riviera do Oriente Médio, o que geraria benefícios também para a Cisjordânia?

É POSSÍVEL – Por que não admitem a realidade incontornável de ter de conviver com Israel, não chutam o Hamas do poder, não dão uma banana para o Irã e não abraçam o projeto de desenvolver o seu território?

Não sou tão ingênuo a ponto de achar que tudo isso é fácil, mas o caminho difícil não significa que ele é impossível, como já demonstraram outros povos, que superaram dificuldades internas e saíram da pobreza para a prosperidade.

Imagino que, com um projeto de desenvolvimento ousado, os palestinos poderiam contar com o apoio da Arábia Saudita, por exemplo, que veria na Faixa de Gaza um ótimo negócio financeiro e também geopolítico para se contrapor aos iranianos. Em um segundo momento, os Estados Unidos também não perderiam a oportunidade de investir na região, e até os Trump ergueriam um hotel por lá.

GRANDE POTENCIAL – Uma Palestina disposta a usar o seu potencial turístico e avançar economicamente, abandonando ódios ancestrais e renunciando ao terrorismo, teria mais apoio internacional para ser reconhecida como estado independente e se mostraria suficientemente confiável para que Israel aceitasse o fato. Interesses econômicos comuns são o melhor caminho para a paz.

Gaza como a Riviera do Oriente Médio deveria ser o projeto palestino. Mas eles precisariam se livrar da servidão voluntária aos canalhas do Hamas e aos corruptos da Autoridade Palestina.

Câmara precisa punir Nascimento, um deputado covarde e desprezível

Caso Elmar Nascimento: Vice-presidente da Câmara xinga repórter e pode responder por falta de decoro - Ultima Hora Online

Fotomontagem  do Arquivo Google

Vicente Limongi Netto

Deplorável, covarde, desprezível e injustificável a agressão do estrupício fantasiado de parlamentar, Elmar Nascimento (União-BA) contra a repórter do site UOL, Natália Portinari. A estupidez do energúmeno engomado atinge toda a classe jornalística.

Entidades como Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e Sindicato de Jornalistas de São Paulo têm o dever de protestar contra a estupidez de um destemperado parlamentar que chegou a ser cotado para presidente da Câmara.

CONTINUA COTADO – E, agora, com a nova Mesa Diretora eleita, o idiota é falado para presidir o órgão técnico mais importante da Casa, a Comissão de Constituição e Justiça.

A agressão do canalha não pode ser esquecida. Elmar enlameia a classe política já tão desmoralizada junto à opinião pública. O insano deputado envergonha Ruy Barbosa, respeitado, saudoso e amado baiano. Elmar que sofra as consequências pelo seu medonho desatino no Conselho de Ética da Câmara.

As patadas e os coices de Elmar Nascimento também merecem providências enérgicas do presidente recém eleito e empossado, Hugo Motta.

COMPOSTURA – O papel do jornalista, é fazer perguntas.  O entrevistado responde, se quiser. Mas que mantenha a compostura que o cargo que ocupa exige.

O jovem presidente da Câmara, que também é médico, precisa receitar forte purgante para o desprezível Elmar Nascimento. Para que ele passe a vomitar suas asneiras com seus aspones.  Menos com jornalistas.

O grupo Folha de São Paulo, para o qual a repórter Natália Portinari trabalha, deve presentear o grotesco e infame Elmar Nascimento, por merecimento, com um par de ferraduras e um título de sócio atleta do Jóquei Clube.

COMÉRCIO EM ALTA – O Distrito Federal fechou 2024 com 1.010.153 empregos formais. Resultado da criação de 42.371 novas vagas ao longo do ano.

O número representa um aumento de 4,4% em relação a 2023. O setor de comércio e serviço foi o grande destaque, respondendo por 91,4% desse saldo de novas vagas (38.723) sendo 26.628 no setor privado.

STF cobra Lula por agravamento da mortandade na tribo Yanomami

Atendimento médico na Terra Indígena Yanomami

Governo alardeia melhoras que não chegam às aldeias

Johanns Eller
O Globo

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, deu um prazo de dez dias para o governo Luiz Inácio Lula da Silva explicar o agravamento do quadro de emergência sanitária na Terra Indígena Yanomami. Barroso atendeu a um pedido da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que acionou a Corte no último dia 24 denunciando um aumento nos casos de malária, desnutrição infantil e infecções respiratórias agudas.

Com a decisão, tomada nesta quinta-feira (6), o Ministério da Saúde e a Casa Civil terão de se manifestar até o próximo dia 16. A crise dos ianomâmis se arrasta desde o governo Jair Bolsonaro e a pandemia de Covid-19.

EMERGÊNCIA PÚBLICA – Logo após a posse de Lula, em janeiro de 2023, o governo decretou emergência pública na Terra Yanomami e se comprometeu a combater o garimpo ilegal na região, responsável pela poluição dos rios e também por levar doenças contagiosas ao território ianomâmi em Roraima.

Os números indicam que mais da metade da população de 32.012 indígenas padeceu de malária: em 2024 houve 18.310 casos da doença reportados na Terra Yanomami contra 14.450 em 2023. Nove deles morreram da patologia no ano passado, enquanto outros dez faleceram por desnutrição e 22 por infecções respiratórias agudas – condições que, conforme alertou a Apib junto ao STF, são agravadas pela malária.

OUTRAS DOENÇAS – Os casos de infecção respiratória aguda também cresceram 300% no intervalo de um ano: saltaram de 3.113 em 2023 para 11.484 no ano passado. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, esteve no território dos ianomâmis no dia 10 de janeiro.

Após a publicação da reportagem, o Planalto emitiu uma nota na qual destacou que o governo Lula conduziu a “maior operação já realizada pelo Estado na Terra Indígena Yanomami” com o objetivo de “reverter o abandono herdado e garantir a proteção e a recuperação das condições de vida dos povos indígenas”.

A Apib, porém, sustentou na manifestação ao Supremo que a malária, a desnutrição e as infecções respiratórias pioraram a despeito dos números alardeados pelo governo federal e do crédito extraordinário de R$ 1,06 bilhão autorizado pelo Congresso no ano passado para que a gestão Lula enfrentasse a crise dos ianomâmis.

AÇÃO DESARTICULADA – Para a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, o quadro reflete “uma ação desarticulada do governo federal, uma vez que os dados sobre o ‘sucesso’ da operação em Yanomami são completamente destoantes à situação de saúde ali observada, de forma a indicar que inexiste um diálogo interno que gere uma ação estrutural dentro do território”.

A entidade também pediu ao Supremo que a União informasse o número de cestas básicas enviadas à Terra Yanomami e os critérios adotados para a distribuição de fórmulas para o combate à desnutrição infantil, bem como o esclarecimento pelo Tribunal de Contas da União (TCU) se o crédito extraordinário autorizado pelo Congresso foi aplicado de forma eficiente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Um tremendo vexame para Lula e o governo. Eles dizem que amparam os índios e a televisão exibe cenas dantescas, que mais parecem emergir de um campo de concentração. Nem mesmo as cestas básicas chegam à tribo Yanomami, ficam no meio do caminho. Apesar das imagens, a Secom insiste que os índios estão bem tratados. Ou seja, a desfaçatez dessa gente é uma arte, diria Ataulfo Alves. (C.N.)

Recorde! Brasil cai ainda mais no ranking de combate à corrupção

Tribuna da Internet | Sociedade brasileira está aprisionada à corrupção do  caráter, uma forte pandemia

Charge do Tacho (Jornal NH)

Gustavo Côrtes
Estadão

O Brasil ficou na 107ª posição na edição de 2024 do Índice de Percepção da Corrupção (IPC), da Transparência Internacional, empatado com Argélia, Malauí, Nepal, Níger, Tailândia e Turquia. É a pior colocação na série histórica, iniciada em 2012.

De acordo com o relatório da entidade lançado junto com o ranking, o decréscimo da nota do País se deveu a fatores como o silêncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a pauta anticorrupção e a manutenção do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no cargo mesmo após ser indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, fraude em licitação e organização criminosa. O caso foi revelado pelo Estadão em janeiro de 2023.

HÁ 30 ANOS – Desde 1995, o IPC avalia 180 países e territórios e atribui notas entre 0 e 100 para medir o nível de integridade das nações com base em dados que trazem a percepção de acadêmicos, juristas, empresários e especialistas acerca do nível de corrupção no setor público.

Os melhores resultados desta edição vieram de Dinamarca (90 pontos), Finlândia (88), Cingapura (84) e Nova Zelândia (83).

Em 2014, o Brasil chegou a figurar na 69ª posição, ao lado de Bulgária, Grécia, Itália, Romênia e Senegal. Agora, com 34 pontos, o País demonstrou piora que o colocou abaixo da média de seus pares regionais, de 42 pontos, e da média global, de 43 pontos. Aproximou-se, assim, do grupo de países de regimes antidemocráticos, a exemplo da Turquia, que teve a mesma pontuação.

LAVA JATO – No grupo do G20, o Brasil ficou à frente de apenas dois países: México e Rússia.

O relatório cita pontos de enfraquecimento do combate à corrupção como a renegociação dos acordos de leniência da operação Lava Jato, em que réus se comprometeram a pagar multas para ressarcir danos causados por desvios éticos.

Também menciona a retomada da influência de empresários que confessaram ilícitos junto ao governo. Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do Grupo J&F são citados. Em maio, eles chegaram a participar de uma reunião no Palácio do Planalto na presença de Lula.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Aqui no Brasil é tudo Piada do Ano. Os irmãos Joesley e Wesley Batista, por exemplo, são inexpugnáveis. Agora mesmo, o Itamaraty colocou sob sigilo de cinco anos os telegramas diplomáticos sobre os irmãos Joesley e Wesley Batista e a ditadura de Nicolás Maduro, na Venezuela. Como diz o ex-presidente Michel Temer, “tem de manter isso, viu!” (C.N.)

Moraes diz a relator da OEA que há 28 bloqueados nas redes

Brasil espera equilíbrio de relator de comissão da OEA - 11/02/2025 -  Painel - Acre Notícias

Relator da OEA foi recebido por Barroso e por Moraes

Mônica Bergamo
Folha

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes disse, nesta segunda (10), ao relator especial para liberdade de expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA (Organização dos Estados Americanos), o colombiano Pedro Vaca Villarreal, que 1.900 pessoas foram denunciadas após os ataques de 8 de janeiro.

Deste total, segundo ele, 28 investigados tiveram os perfis em redes sociais bloqueados por ordem da corte.

COM BARROSO – Moraes participou do encontro com o advogado a convite do presidente do STF, Luís Roberto Barroso.

Na conversa, o ministro explicou o contexto das investigações e deu detalhes sobre os motivos que levaram à suspensão da plataforma X, de Elon Musk, no Brasil: porque a empresa fechou sua representação legal no país e com isso deixou de cumprir a legislação brasileira e pelo descumprimento reiterado de outras decisões do STF.

Ele também afirmou que, ao longo dos últimos cinco anos, cerca de 120 perfis foram bloqueados no país. Em todos os casos, disse, houve acompanhamento da defesa e da Procuradoria-geral da República (PGR), sendo que mais de 70 recursos foram julgados em colegiado.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO – O objetivo foi mostrar ao relator da OEA que não há um quadro generalizado de bloqueio de perfis e afronta à liberdade de expressão no Brasil.

Com encontros agendados também com parlamentares e lideranças bolsonaristas, a visita de Pedro Vaca ao Brasil entusiasma o grupo, que enxerga a oportunidade de convencer o organismo internacional de que não existe mais democracia nem liberdade de expressão no país.

A expectativa dessas lideranças é a de que o advogado faça um relatório contundente contra Moraes, considerado o maior algoz do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

ATAQUE À DEMOCRACIA – Durante o encontro, Barroso falou sobre como o Brasil sofreu um forte ataque à democracia, inclusive com tentativa de golpe de Estado, o que exigiu a atuação do  Supremo.  

Ele citou situações de risco, como a politização das Forças Armadas e o incentivo a acampamentos bolsonaristas que pediam golpe de Estado. Lembrou ainda discursos de parlamentares defendendo a agressão a ministros do STF.

Barroso afirmou também que novas investigações da Polícia Federal descobriram um plano para matar o então presidente eleito, Lula (PT), o vice, Geraldo Alckmin (PSB), e Moraes.

Pedro Vaca tem outras conversas marcadas com jornalistas e organizações de Direitos Humanos e da sociedade civil.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Foi uma tremenda saia justa. Barroso e Moraes fizeram uma tabelinha e tentaram dar o drible da vaca no relator da OEA, mas não deu. As provas contra Moraes são muitas e indefensáveis, como o inquérito do fim do mundo, que não acaba nunca, a censura e o bloqueio de perfis e de contas bancárias, sem assegurar o direito de defesa dos investigados. Para disfarçar, Moraes liberou Monark, mas ficou devendo muitas decisões autoritárias. (C.N.)

STF decidirá se a Lei da Anistia perdoou matadores de Rubens Paiva

Dino suspende benefício retroativo a juízes e critica “vale-tudo”

Dino afirma que a ocultação do cadáver jamais prescreve

Rayssa Motta
Estadão

O Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar se a Lei de Anistia, que perdoou crimes políticos cometidos durante a ditadura militar (1964-1985), se aplica aos casos de desaparecidos políticos.

Os ministros acordaram que é necessário emitir uma decisão de alcance nacional sobre o assunto. Por isso, aprovaram o julgamento do tema em repercussão geral. Isso significa que o posicionamento do STF deverá ser seguido por todos os juízes e tribunais do País.

Foi o ministro Flávio Dino quem propôs que a Corte se pronuncie sobre a aplicação da Lei da Anistia. Dino argumentou que, nos casos de ocultação de cadáver, o crime “se prolonga no tempo” e, por isso, na avaliação dele, não poderia receber perdão.

DISSE O MINISTRO – “A manutenção da omissão do local onde se encontra o cadáver, além de impedir os familiares de exercerem seu direito ao luto, configura a prática do crime, bem como situação de flagrante”, defendeu.

Na ocasião, o ministro citou o filme “Ainda Estou AquI”, de Walter Salles, que retrata o drama da família do ex-deputado Rubens Paiva após o seu desaparecimento durante a ditadura.

“No momento presente, o filme ”inda Estou Aqui” (…) tem comovido milhões de brasileiros e estrangeiros. A história do desaparecimento de Rubens Paiva, cujo corpo jamais foi encontrado e sepultado, sublinha a dor imprescritível de milhares de pais, mães, irmãos, filhos, sobrinhos, netos, que nunca tiveram atendidos os seus direitos quanto aos familiares desaparecidos.”, escreveu Dino.

OUTRO CASO – Flávio Dino é o relator de um recurso do Ministério Público Federal (MPF) contra uma decisão do Tribunal Regional da 1.ª Região (TRF1), em Brasília.

O julgamento anistiou os coronéis Lício Augusto Ribeiro Maciel e Sebastião Curió Rodrigues de Moura, este último já falecido, pelas mortes e ocultação dos cadáveres de André Grabois, João Gualberto Calatrone e Antônio Alfredo de Lima na guerrilha do Araguaia.

É com base neste processo que o Supremo vai analisar o alcance da Lei da Anistia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
São acusados pela morte de Paiva o major José Antônio Nogueira Belham, que hoje é general, e os militares Rubens Paim Sampaio (que já morreu), Raymundo Ronaldo Campos (que também já morreu), Jurandyr Ochsendorf e Souza e Jacy Ochsendorf e Souza. A denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) foi aceita em primeira e segunda instância há dez anos. (C.N.)

O tempo é um fio bastante frágil, na poesia de Henriqueta Lisboa

www.antoniomiranda.com.br - Brasil Sempre - Poesia Henriqueta Lisboa

Henriqueta, retratada por Nássara

Paulo Peres
Poemas & Canções

A poeta mineira Henriqueta Lisboa (1901-1985), em 1963, foi a primeira mulher eleita membro da Academia Mineira de Letras. Em 1984, recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra. Intelectual sensível, dedicou sua vida à poesia e sustentava que “O Tempo é Um Fio” e com bastante fragilidade  precisa ser sustentado e vivido.

O TEMPO É UM FIO
Henriqueta Lisboa

O tempo é um fio
bastante frágil
Um fio fino
que à toa escapa.

O tempo é um fio.
Tecei! Tecei!
Rendas de bilro
com gentileza.

Com mais empenho
franças espessas.
Malhas e redes
com mais astúcia.

O tempo é um fio
que vale muito.

Franças espessas
carregam frutos.
Malhas e redes
apanham peixes.

O tempo é um fio
por entre os dedos.
Escapa o fio,
perdeu-se o tempo.

Lá vai o tempo
como um farrapo
jogado à toa.

Mas ainda é tempo!

Soltai os potros
aos quatro ventos,
mandai os servos
de um pólo a outro,
vencei escarpas,
voltai com o tempo
que já se foi!…

Sou do tempo em que a esquerda acusava a Usaid, que Trump vai demolir

Donald Trump e Elon Musk -- Metrópoles

Não dá para acreditar que eles vão acabar com a Usaid

Mario Sabino
Metrópoles

Havia quase 50 anos que eu não ouvia falar em Usaid, a agência americana de ajuda para o desenvolvimento internacional. Ela voltou à ordem do dia por causa de Donald Trump. A Usaid foi responsável por eu nunca ter sido aluno de ginásio. O ginásio, que vinha depois do primário e antes do colegial, foi extinto por causa do acordo do MEC com a agência americana, durante a ditadura militar. Primário e ginásio passaram a ser o primeiro grau e o colegial, o segundo grau.

Assim, o 1º ano do ginásio, que significava a promoção a um estágio superior da vida aos olhos de quem estava para entrar na adolescência, foi substituído pela 5ª série, reles continuação do 4º ano primário.

NOVO CURRÍCULO – O acordo MEC-Usaid, que começou a ser implementado em 1968, não apenas reestruturou as séries escolares, como mudou o currículo tradicional, eliminando matérias como filosofia e latim, instituindo o ensino obrigatório de inglês, aumentando a carga horária de matemática e introduzindo a Educação Moral e Cívica.

A esquerda, que sempre teve nas escolas e nas universidades os seus principais centros de doutrinação ideológica, denunciou o acordo como ingerência americana e um primeiro passo para a privatização da escola pública.

Acabou conseguindo que ele fosse suavizado nas suas premissas, mas nunca engoliu a coisa totalmente. Na faculdade, eu ainda ouvia professores acusando a Usaid de ser um braço do imperialismo americano.

PARADO NO TEMPO – É por isso que, em um primeiro momento, soou paradoxal para este senhor aqui a grita da esquerda contra a demolição da Usaid promovida por Donald Trump. Eu estava parado no tempo e, além disso, sou meio bobinho.

O presidente americano se empenha em desmontar a Usaid, porque a agência, veja só, foi colonizada pela esquerda, assim como boa parte dos organismos e instituições filantrópicas do mundo. Estava patrocinando programas que se chocam com o pensamento e os valores da direita representada por Donald Trump.

Estava gastando uma montanha de dinheiro do pagador de impostos americano para sustentar essa gente que ama a humanidade acima de tudo.

NINHO DE VERMES – O escudeiro presidencial Elon Musk, encarregado de passar a tesoura nos custos do governo americano, da mesma forma que fez no Twitter, foi quem deu o primeiro apito contra a Usaid.

Ele publicou que “ficou evidente que não se trata de uma maçã com um verme dentro, o que temos é simplesmente um ninho de vermes. Temos que nos livrar de tudo, está além de qualquer conserto. Vamos fechá-la”.

A oposição está indignada, evidentemente. Ao responder aos adversários democratas, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, loira e raivosa como uma apresentadora da Fox News, deu alguns exemplos da “longa lista de porcarias que este governo está cortando, como desperdício e financiamento federal”.

GASTOS DENUNCIADOS – “Dois milhões de dólares para mudanças de sexo na Guatemala, US$ 6 milhões para financiar turismo no Egito. US$ 20 milhões em um novo programa Vila Sésamo no Iraque, US$ 4,5 milhões para combater desinformação no Casaquistão”, listou Karoline Leavitt, que continuou:

“Quando você olha para o desperdício e para o abuso que perpassaram a Usaid, nos últimos anos, estas são algumas das prioridades insanas nas quais essa organização tem gastado dinheiro: US$ 1,5 milhão para promover políticas de diversidade, equidade e inclusão em locais de trabalho na Sérvia, US$ 70 mil para a produção de um musical de diversidade, equidade e inclusão na Irlanda, US$ 47 mil para uma ópera transgênero na Colômbia, US$ 32 mil para um gibi transgênero no Peru.”

O New York Times, que a direita americana gosta de chamar de “The Pravda on the Hudson” resolveu fazer um fact-checking para desmentir a lista de Karoline Leavitt. Não conseguiu totalmente.

APENAS EXAGERANDO – O máximo que os editores do jornal conseguiram foi dizer que ela estava exagerando em 5 dos exemplos que deu e que certas iniciativas foram do Departamento de Estado, como se isso mudasse alguma coisa para o pagador de impostos.

A direita brasileira aproveitou a deixa para propagar que a Usaid meteu o bedelho indevidamente nas eleições brasileiras. Quer instalar CPI, a pretexto de que a agência teria usado estratégias para promover “censura, regulação das redes sociais e promoção de debates políticos direcionados e atuação na construção de narrativas midiáticas que favorecem agendas políticas específicas, não necessariamente alinhadas aos interesses do povo brasileiro”.

Para um sujeito da minha idade, é divertido.

AÇÃO HUMANITÁRIA – Levando-se em conta que a Usaid é responsável por 40% da assistência humanitária mundial, com um orçamento (congelado) de US$ 40 bilhões, tendo a crer que a sanha destruidora de Donald Trump (e Elon Musk) se arrefecerá.

O mais provável é que sejam mantidos os programas realmente importantes financiados pela agência, como os de combate à fome e a doenças infecciosas e os de caráter estritamente educacional.

Afinal de contas, a Usaid é o braço caridoso do imperialismo americano, como estava claro quando me tirou a chance de ser um aluno de ginásio. O outro braço segura o porrete.

O impacto da taxação de aço e alumínio brasileiros por Trump

Situação pode gerar um confronto diplomático com os EUA

Pedro do Coutto

O presidente americano Donald Trump anunciou que iria impor tarifas sobre o aço e alumínio brasileiros a partir desta segunda-feira, e com a medida atingirá diretamente as exportações do Brasil para o mercado norte-americano. A ação gerou repercussões negativas na economia nacional e poderá impactar no aumento dos preços tanto internamente quanto na redução da produção. Economicamente, o aço e o alumínio vão ficar mais caros, pois exportaremos menos e produziremos menos.

Com isso, o Brasil enfrentará uma sobrecarga interna desses produtos, o que levaria a uma queda nos preços domésticos, impactando diretamente a indústria e o mercado de trabalho. Diante deste cenário, poderemos assistir a uma série de desdobramentos negativos para a economia brasileira, refletidos por menos crescimento, menos arrecadação e menos emprego. Da mesma forma, a taxação pode ainda levar o Brasil a buscar uma solução no âmbito da Organização Mundial do Comércio, onde poderá processar os Estados Unidos e exigir reparações.

TENSÕES DIPLOMÁTICAS – Além do impacto econômico, a medida pode acirrar as tensões diplomáticas entre os dois países, uma vez com os Estados Unidos fazendo a primeira agressão econômica, a resposta do governo brasileiro poderá vir a seguir em uma escalada que não convém a ninguém e uma disputa comercial só trará prejuízos para ambos os lados. Ou seja, uma briga na qual todos saem perdendo.

Por um lado, a taxação também traz à tona uma nova dinâmica geopolítica, pois o governo americano está se isolando no cenário global. É uma oportunidade para o Brasil fortalecer os laços com Europa e Ásia, demonstrando que a ação de Trump pode se revelar um tiro no pé.

Ao mesmo tempo, em relação à competitividade da indústria brasileira, o Brasil é mais eficiente na produção de aço e alumínio do que os EUA. Eles não conseguem produzir aos mesmos preços brasileiros, uma vez que somos mais eficientes. No fundo da questão, a taxação visa proteger os industriais norte-americanos e não a indústria dos Estados Unidos. No entanto, a longo prazo, os impactos dessa decisão devem ser sentidos tanto no campo econômico quanto no campo diplomático. Por fim, resta saber como os governos reagirão a essa escalada de tensões e quais serão as medidas do Brasil na OMC.

Musk é imprudente e apoia Trump nestas decisões nada republicanas

Elon Musk na capa da revista Time, publicação norte-americana

Na capa. a revista Time põe Musk na cadeira presidencial

Carlos Newton

Havia uma aura positiva em torno do bilionário americano Elon Musk, devido à importância de seu trabalho em prol do desenvolvimento econômico e social da humanidade. A começar pela Starlink. Sem essa empresa praticamente não existiria comunicação imediata nas regiões menos desenvolvidas do mundo, como a Amazônia, e não é preciso dizer mais nada.

Há outras atividades positivas desenvolvidas por Musk, que merecem apoio, mas ele está metendo os pés pelas mãos na gestão do DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), especialmente no caso da extinção da USAID, a maior agência de apoio humanitário do mundo.

SATÉLITES EM PROFUSÃO – Um dos êxitos de Musk é a Starlink, a subsidiária do grupo aeroespacial SpaceX que mantém em órbita cerca de sete mil satélites, uma enormidade, pois ainda não há nem dez mil no espaço. E a empresa planeja adicionar mais 7,5 mil satélites de baixa órbita somente no Brasil, segundo a solicitação já encaminhada à Anatel, nossa agência de telecomunicações. 

Esse trabalho de Musk gera lucro, mas é importantíssimo para o mundo. Da mesma forma, as viagens espaciais da SpaceX para pesquisar Marte também são uma forma de preparar a indústria espacial para evitar a proximidade de asteroides com mais de 200 metros de diâmetro, capazes de arrasar a vida na Terra, como já aconteceu no passado remoto, na era dos dinossauros.

E há a empresa de pesquisas médicas Neuralink, que estuda conexão de cérebros a computadores, para tratamento de gravíssimas doenças neurológicas.

CONTRA CENSURA – Também é altamente proveitosa a luta de Musk contra a censura nas redes sociais. Especialmente agora, quando todos precisam saber o real significado dessas medidas drásticas que o empresário vem levando o presidente Trump a tomar.

É sintomática a capa da edição da revista Time, com uma fotomontagem de Musk sentado na famosa cadeira presidencial do Salão Oval, na Casa Branca.

Sob o título “Dentro da Guerra de Elon Musk em Washington”, a reportagem da Time mostra como Musk opera afoitamente no governo a partir do DOGE (Departamento de Eficiência Governamental).

TRABALHO DURO – Trata-se de um trabalho duríssimo, porque os Estados Unidos são uma esculhambação e têm mais servidores do que o Brasil, proporcionalmente. Reduzir as despesas com funcionalismo e outros gastos é tarefa meritória, que o Brasil também precisa fazer com a maior urgência.

Em tradução simultânea, Musk trabalha para aprimorar o serviço público e acabou pegando como exemplo a Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), principal entidade da ajuda humanitária do mundo.

Existem flagrantes irregularidades na ação da Usaid, mas a função da dupla seria sanar os problemas, jamais extinguir essa importantíssima agência, criada por John Kennedy para mostrar que os Estados Unidos não somente se dedicavam a explorar o resto do mundo, pois também se dedicavam a ajudar os países e regiões mais carentes.

A USAID VIVE – Esse ensandecido e injustificável esforço para extinguir a USAID não terá êxito, porque a agência foi criada pelo Congresso. Deveria ser enxugada e redirecionada para suas funções originais, de apoio a países carentes, epidemias e calamidades.

A revista Time diz que Musk e Trump tentam implodir o serviço público. É o que parece, e significaria criar o caos permanente na maior potência mundial. Portanto, espera-se que eles acordem e se limitem a reduzir gastos e aprimorar os serviços, ao invés de destruí-los.

A Justiça já despertou e começa a bloquear Trump, que confia na bancada republicana no Congresso. Mas essa maioria é frágil e será diluída pelas atitudes ditatoriais que Trump vem tomando, a demonstrar sua falta de preparo e seu desequilíbrio emocional. Trump e Musk vão aprender que na vida tudo tem limites.

Harmonia entre os Poderes é artificial, uma tremenda conversa fiada

OPINIÃO - Começa hoje era de equilíbrio entre os três poderes. Jogo será  legalizado - Portal de Notícias

Charge do Nani (nanihumor.com)

Dora Kramer
Folha

Harmonia foi a palavra campeã nas falas dos comandantes dos Três Poderes por ocasião da reabertura dos trabalhos do Legislativo e do Judiciário. Os recados detectados nas entrelinhas ficam na conta livre das interpretações.

A se enxergar o ambiente pelo prisma dos discursos de Luiz Inácio da Silva (PT), Hugo Motta (Republicanos), Davi Alcolumbre (União) e Luís Roberto Barroso, a conclusão seria a de que o perfeito entendimento reinaria sobre a República.

É O QUE FALTA – Ocorre que a necessidade de reafirmar afinidades com tanta veemência e insistência já demonstra que suas excelências falaram justamente do que faz falta.

A amizade com os chefes da Câmara e do Senado preconizada por Lula, a promessa de ajudar o governo feita por Motta e Alcolumbre e as loas à convivência entre pessoas “que se querem bem”, tecidas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, contrastam com a realidade dos ruídos e disputas por protagonismo constantes no convívio das instituições.

No chão do Parlamento vimos a guerra de bonés e palavras de ordem entre governistas e oposicionistas num clima que antecipa dificuldades para a construção de consensos em torno de pautas caras ao Planalto.

AVISO DE MOTTA – O presidente da Câmara, Hugo Motta, já avisa: se não mudar o rumo da gastança, Lula não terá apoio no Congresso e pior, tende a se dar mal na eleição de 2026. Na agenda do STF os temas não falam exatamente a respeito de convergências. No meio dos embates, o Executivo se posiciona de forma hesitante para não desagradar a nenhum dos dois.

A sintonia da teoria não existe na prática. O desequilíbrio entre os Poderes é patente e a tensão permanente. Não se pode falar em normalidade num cenário em que o Planalto escora sua fragilidade no Judiciário que, por sua vez, serve como estuário de contestação a decisões do Legislativo que desagradam o lado perdedor.

Os ditos na reabertura serão testados no decorrer dos trabalhos, a começar pelo enrosco das emendas de cuja solução dependem a reforma ministerial e a aprovação do Orçamento.

O recado de Musk e Milei para Barroso e os togados do Supremo

Ser magistrado no Brasil é tão absurdo que é injustiça. :  r/concursospublicos

Charge do Nef (Jornal de Brasília)

Bruno Carazza
Valor Econômico

“Tribunal de Rondônia garante salários acima de R$ 400 mil a juízes”. “Em Minas, 32 magistrados receberam salários de mais de R$ 300 mil em 2024”. “Todos os juízes do Tribunal de Justiça de Sergipe receberam salários acima do teto”. “Tribunais usam ‘dezembrada’ para pagar benefícios e penduricalhos milionários a juízes”. “Ministério Público de São Paulo autoriza penduricalho de até R$ 1 milhão a promotores”.

Apesar de todas essas evidências factuais, coletadas em manchetes de jornais publicadas apenas no último mês, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal, mais uma vez minimizou os absurdos remuneratórios no Poder que dirige.

FARRA DO BOI – Dados do Conselho Nacional de Justiça informam que os cerca de 18 mil magistrados brasileiros receberam em 2023 um total de R$ 9,76 bilhões em subsídios – o que representa uma média de R$ 41,9 mil mensais, incluindo o 13º. No entanto, houve ainda um montante de R$ 8,44 bilhões em pagamentos eventuais e indenizatórios, os famosos “penduricalhos”.

Feitos os descontos de imposto de renda, previdência social e outros abatimentos, o magistrado médio brasileiro levou para casa, líquidos, R$ 742,2 mil naquele ano – uma média mensal de R$ 57,1 mil.

Para além do custo fiscal, que Barroso relativizou argumentando que o Judiciário brasileiro é um dos mais produtivos do mundo (mesmo tendo 80 milhões de processos pendentes), há um risco muito maior decorrente da ganância e da insensibilidade social que grassa entre juízes, desembargadores, promotores e procuradores.

EFEITO MILEI – Empunhando uma motosserra como símbolo de campanha, Javier Milei teve ascensão meteórica na Argentina prometendo desbancar a “casta” – expressão repetida à exaustão para designar a classe de políticos e outras autoridades que sangram os cofres públicos em proveito próprio.

Há mais de um ano no poder, o presidente argentino não moderou o discurso. Em entrevista à revista The Economist, Milei descreveu o Estado como “uma violenta organização criminosa que vive de uma fonte coercitiva de renda, chamada imposto, que é um remanescente da escravidão”.

Essa visão extremamente negativa sobre o setor público também orienta as ações de Elon Musk à frente do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês) nas primeiras semanas da presidência de Donald Trump nos Estados Unidos.

CORTES DE GASTOS – Os conflitos de interesses na atuação governamental de Musk são inúmeros, devido a seus contratos com órgãos públicos. Ainda assim, Musk goza de imenso prestígio junto a Trump e sua equipe recebeu livre acesso para acessar bases de dados, analisar as contas e implementar ações para reduzir as despesas.

Em nome do ajuste fiscal ou da eficiência governamental, tanto Milei quanto Musk têm revisado contratos, fechado órgãos, eliminado serviços públicos e transferências governamentais e dispensado servidores públicos. Para além da economia de gastos visada, porém, há uma clara orientação política nas decisões tomadas.

“Meu desprezo pelo Estado é infinito”, provoca Milei. Nas primeiras ações tomadas pelo DOGE de Musk, os principais alvos são servidores e programas não alinhados ideologicamente com o trumpismo. As vítimas, em ambos os casos, são as populações marginalizadas, até então beneficiadas por políticas públicas, transferências de renda e ações afirmativas que estão sendo drasticamente reduzidas ou mesmo desativadas.

SERVIR DE ALERTA – O que vem acontecendo nos Estados Unidos e na Argentina deveria servir de alerta para os agentes do Judiciário brasileiro.

O presidente do STF, porém, se nega a reconhecer que a cada manchete noticiando pagamentos de centenas de milhares ou até mesmo milhões a seus integrantes, o próprio Poder Judiciário mina sua credibilidade e o respeito que ainda recebe do cidadão brasileiro.

Essa desconexão com a realidade do brasileiro comum, assalariado ou microempreendedor, para quem cada penduricalho supera uma vida de suor e trabalho, cria o caldo de cultura que permite a ascensão de Mileis e de Trumps com seus Musks a tiracolo. Quando a motoserra chegar, palavras bonitas não protegerão a casta.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Excelente artigo, enviado por Mário Assis Causanilhas. Mostra que a expropriação de recursos públicos por servidores é tão danosa quanto a corrupção e acabará sendo cobrada, não tenham dúvidas. Esses penduricalhos são um escárnio, um verdadeiro deboche ao cidadão-contribuinte-eleitor, como dizia Helio Fernandes.
(C.N.)

Hugo Motta faz ferver o caldeirão, ao dizer que não houve golpe

Quem é Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados | Política | Valor  Econômico

Hugo Motta sinaliza que vai fazer tramitar a anistia

Vicente Limongi Netto

O presidente da Câmara Federal, deputado e médico Hugo Motta (Republicanos-PB), está com o bisturi nas mãos. Motta tem pressão de garoto. É a nova dor de cabeça do Executivo. Causou insônia e polvorosa nos arraias do governo Lula, ao declarar que o 8 de Janeiro não foi golpe de Estado.

Com a explosiva afirmação, trouxe alento aos corações bolsonaristas. O caldeirão político vai ferver. Alguns já foram escalados para os enfadonhos bate bocas de praxe. Tomara que Hugo Motta também não invente de usar ridículos boné sobre o tema. 

AMOR A BRASÍLIA – Mineiro de Lavras, brasiliense de alma, coração e prazer. O empresário e ex-senador Paulo Octávio, completando 75 anos de idade, sempre dedicado ao Distrito Federal. Cuida com carinho da cidade que adotou e que ama ardorosamente. Edifícios e diversos shopping do grupo Paulo Octávio embelezam a cidade.

Deputado Federal, senador, e vice-governador, Paulo Octávio honrou e dignificou todos as funções públicas que exerceu, com invulgar espírito público. A política está no sangue de Paulo Octávio. Atualmente é presidente do PSD em Brasília. A construtora Paulo Octávio, por sua vez, comemorando vitoriosos 50 anos de existência.

CANALHA NAS RUAS – Atenção, senhores pais de crianças e adolescentes: a formidável Justiça colocou de volta nas ruas o graduado e engomado petista Vilmar Lacerda, acusado de pedofilia. O pulha ficou apenas três semanas preso, acusado de abusar de duas meninas menores de idade. Passou a usar tornozeleira eletrônica.

Vilmar é ex-presidente do PT em Brasilia. Foi solto pelo monumental Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Por muito tempo o patife foi chefe de gabinete do PT no senado, até ser preso.

Costumava frequentar o plenário e comissões técnicas. Um horror completo. Por pouco, não acabou suplente de Cristovam Buarque. Pelo prontuário, o canalha engravatado acaba entrando na lista de ministeriáveis.  Com méritos inegáveis. 

Jovens, fujam, porque o PT está inviabilizando o país por 100 anos!

Nani Humor: Lula + Imperador Júlio Cesar + Taxi Driver

Charge do Nani (nanihumor.com)

Luiz Felipe Pondé
Folha

São os homens e mulheres de poder psicopatas? Não há pesquisas que verifiquem essa suspeita, mas temo que sim. Trump fez uma proposta para Gaza que soa pura zoação de mau gosto. Vale salientar que, tão de mau gosto quanto isso, é o tesão que inteligentinhos sentem pelo Hamas, levando muitos a suspeitar que, no fundo do coração, gostariam de transar com terroristas.

Os políticos zoam com a nossa cara? Temo que sim, e não só os políticos eleitos, mas muitos que detêm o poder na república. Passar a vida mentindo 24 horas por dia já seria um indício de psicopatia —uso o termo aqui no sentido comum, não pretendo “roubar” o mercado dos especialistas.

TOMATE AO ALVO – Fácil xingar Trump e sua ideia absurda sobre Gaza. Suponho que, no jardim da infância nas escolas brasileiras, os amantes do bem colocam fotos do Trump na parede para as crianças treinarem a tomate ao alvo —como formação de consciência crítica.

Mas muitos dos poderosos zoam com a nossa cara. Quer ver exemplos? Lula. Ele afirma com a cara limpa que todos terão picanha no prato. Nega frontalmente que haja inflação na comida, e, se houver, a culpa é do mercado, da má comunicação do governo, que agora iniciou uma nova era de inteligência de marketing com os “bonés dos brasileiros”. Ou culpa do Elon Musk, do Zuckerberg, dos “golpistas”. Enfim, ele faz tudo certo, o mundo é que torce contra.

O PT é uma grande zoação. Uma gangue em vias de inviabilizar o país por cem anos, desfila com ares de amante da democracia.

NEGACIONISMO – Nada de controle fiscal. Cadê a claque que chama todo mundo de que não gosta de negacionista? Lula é um negacionista fiscal, cara de pau, mas tudo bem, porque a inteligência pública o aprecia.

Mas seria uma injustiça vincular apenas o Lula à zoação geral com a nossa cara. O Legislativo é uma vergonha. Desvia verbas, cuspindo na cara de quem tem, pelo menos, dois neurônios. Emendas Pix, ou seja lá o nome que derem, são um roubo e uma zoação clara com a nossa cara.

O Legislativo sequestra o poder que tem dentro da estrutura da república para negociar, chantagear, inviabilizar qualquer iniciativa do executivo —que, como vemos, tampouco presta para muita coisa.

PURA ZOAÇÃO – Os discursos são pura zoação. Retórica vazia, cheia de clichês. Ver sessões do Legislativo é como ver um espetáculo de circo barato. Só falta a mulher de barba, o selvagem que come frango com os dentes, engolindo as penas, a cobra que fala, o trapezista que morre quebrando o pescoço.

Sei, sei. Há exceções, todos sabemos, mas a máquina é podre. Tentar posar do contrário é parte da zoação.

O poder Judiciário não fica atrás, mas a zoação com a nossa cara é mais sofisticada. Além do claro alinhamento de setores do Judiciário com o governo federal, empenando o jogo político e ideológico na república das bananas que se transformou o Brasil, o tema “salários e afins” é claramente um abuso.

Não importa a justificativa, do ponto de vista “técnico”, é pura zoação. Intocáveis como são, todos morremos de medo do seu poder absoluto.

RUMO À TIRANIA – Aqui vale um aparte conceitual. Muitos grandes filósofos já apontaram a vocação natural do Estado se transformar —mesmo na democracia— em um tirano. Tocqueville no século 19, Robert Nisbet e Bertrand de Jouvenel no século 20 —este vale uma discussão à parte, para não o deixar cair sob as críticas de inteligentinhos ignorantes que se acham sábios e cultos— sempre apontaram que, sem corpos intermediários fortes e relacionados, o Estado sempre revelaria sua face de Leviatã.

Portanto, discursos pomposos sobre como “a corte” se preserva de paixões políticas —porque não é eleita via voto— só colam para quem não tem olhos para ver: o STF é pura paixão política.

A tendência natural do Estado é se fazer poder absoluto, mesmo com a separação dos poderes —que podem convergir num happy hour facilmente ou numa troca de amantes.

TUDO DOMINADO – Corpos intermediários —justamente o que encantava Tocqueville na jovem democracia americana em 1831— são uma rede poderosa de igrejas autônomas, a própria Igreja Católica, sindicatos, conselhos de bairros e municípios, escolas e universidades, organizações de comerciantes; enfim, associações da sociedade que podiam fazer frente ao Estado. As frentes ideológicas destruíram tudo isso porque submeteram os corpos intermediários às militâncias partidárias.

E a oposição? Meu Deus, que catástrofe. Bolsonaro e seus idiotas de plantão são a zoação encarnada. Destruíram qualquer reação racional à gangue de sempre.

A cacofonia da direita hoje é uma humilhação à inteligência. Temo que o Brasil esteja perdido por cem anos. Jovens, fujam

Trump, o grileiro de Gaza, é um Narciso que não precisa de espelho nem de juízo

Moradores de Gaza buscam alívio na praia, como faziam antes da guerra - SWI swissinfo.ch

Esta será a nova Riviera imaginada por Donald Trump

Wálter Maierovitch
do UOL

No palácio Barberini, em Roma, está exposto um dos quadros mais badalados do célebre pintor Caravaggio, elaborado por volta de 1597 e a expressar o mito de Narciso. O quadro, óleo sobre tela (112 x 92), leva o título de “Narciso allo specchio” (Narciso ao espelho). Representa o jovem caçador que se enamora da própria imagem refletiva.

A lembrança desse quadro veio-me em dois momentos distintos. Quando o neopresidente Donald Trump anunciou a sua disposição de grilar a faixa geográfica de Gaza e bradou “Fora, Palestinos!”. Depois, quando difundiu-se pela internet a montagem da revista Time com Ellon Musk atrás da escrivaninha de presidente dos EUA.

Trump e Musk são dois narcisos, mercantilistas e mitômanos. O presidente Trump, detentor, pelas reviravoltas, de narcisismo patológico. Musk, um narcísico argentário.

AMBIÇÃO E IDEOLOGIA – Trump quer ser o centro das atenções e mistura ambição e ideologia, além de confundir público com privado. Gosta, na sua equipe, de sabujos e não de contestadores. Diz coisas contraditórias. Por exemplo, antes da posse, demonstrou desinteresse pelo Oriente Médio: “precisamos nos retirar e cortar todo o nosso empenho no Oriente Médio”.

Sem comunicar à assessoria ao Pentágono, enviou um general à Ucrânia para verificar a possibilidade, em curto tempo no caso de eventual trégua, de uma eleição presidencial: o mandato do presidente Volodymyr Zelensky está prorrogada por força da impossibilidade de eleições livres, com o país em guerra.

O general, segundo noticiado pela imprensa norte-americana, concluiu pela impossibilidade, diante do quadro de destruição e da quantidade de ucranianos que fugiram a outros países.

RIVIERA EM GAZA – Na semana passaDa, com o premiê israelense Benjamim Netanyahu ao lado e a sorrir de felicidade, Trump externou o desejo em ter a faixa geográfica de Gaza nas suas mãos e arrematou: “os EUA trabalharão com as melhores equipes para aquilo que se tornará um dos lugares mais maravilhosas da Terra”. Aí, falou da Riviera, do balneário da fortuna.

Trump esqueceu do externado antes da posse: “Precisamos retirar todo o nosso apoio e empenho no Oriente Médio”.

O republicano — pelo lado narcísico e de mitômano — não enxerga o refletido no direito internacional, pois, se vier a tentar ou executar o seu plano de grilagem, estará a cometer crime contra a humanidade.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
A decisão mais aguardada continua sendo o fim da guerra na Croácia, que Trump reiteradamente prometeu na campanha. De concreto, nada. Apenas disse que a guerra teria de terminar em 100 dias. Ainda este mês, ele terá de ir a Moscou para se reunir com o presidente russo Vladimir Putin, que está impedido de sair da Rússia pelo Tribunal Penal Internacional. Haverá mesmo esse encontro? (C.N.)

Dino derruba um penduricalho, mas tem de engolir os super-salários

O ministro Flávio Dino, durante sessão do STF

Dino fica desanimado diante da desfaçatez dessa gente

Mariana Muniz e Daniel Gullino
O Globo

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou um benefício concedido a um juiz pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais e criticou a concessão de benefícios não previstos em lei a magistrados, o que classificou de “inaceitável vale-tudo”.

Na ação original, um ex-juiz aponta que exerceu o cargo entre 2007 e 2012, mas que só passou a receber o auxílio-alimentação em 2011, quando foi editada uma resolução do CNJ sobre o assunto. Por isso, solicitou o pagamento retroativo. O pedido foi aceito pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG).

COM CORREÇÃO – Na sentença da primeira instância, foi determinado o pagamento de R$ 26.327,77 ao ex-magistrado, com correção monetária. Um recurso da União chegou a ser aceito pelo TJ-MG, mas acabou sendo derrubado e a decisão original foi restabelecida.

Na decisão de agora, Dino atendeu a um pedido feito pela União, que apontava uma discrepância entre a equiparação feita pela Justiça mineira entre o ex-magistrado e o Ministério Público. Segundo a União, vários artigos da Lei Orgânica da Magistratura foram descumpridos, além de dar “ingerência do Poder Judiciário sobre o Legislativo”.

De acordo com o ministro do STF, não é possível atender a infinitas demandas por “isonomia” entre as várias carreiras jurídicas, “impedindo que haja organização, congruência e previsibilidade no sistema de remuneração quanto a tais agentes públicos”.

TETO INEXISTENTE – “Hoje é rigorosamente impossível alguém identificar qual o teto efetivamente observado, quais parcelas são pagas e se realmente são indenizatórias, tal é a multiplicidade de pagamentos, com as mais variadas razões enunciadas (isonomia, “acervo”, compensações, “venda” de benefícios etc)”, afirma Dino.

O ministro lembra que a carreira da magistratura é nacional e regida por lei própria de iniciativa do STF. “Enquanto não revista, a LOMAN deve ser observada, salvo o que for incompatível com a Constituição Federal, conforme decisões do CNJ e do STF”, ressaltou.

Por isso, o ministro deu um recado sobre os supersalários, o que classificou como “abusos”.

SUPER-SALÁRIOS – Disse o ministro Flávio Dino: “Trata-se de orientação fundamental para evitar abusos, como rotineiramente tem sido noticiado acerca de pagamentos denominados de ‘super-salários’. Até mesmo ‘auxílio-alimentação natalino’ já chegou a se anunciar, exatamente em face desse contexto de pretendido e inaceitável vale-tudo”, aponta.

Ao atender ao pedido da União, a decisão de Dino suspende o benefício concedido pela Justiça mineira e torna improcedentes os pedidos feitos pelo ex-magistrado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Flávio Dino agiu bem, mas terá de baixar a crista, porque todos os demais penduricalhos foram aprovados pelo Supremo com imenso prazer. O STF é o verdadeiro causador dos super-salários, legalizou todos os penduricalhos, um após o outro, apesar de a Constituição ter proibido terminantemente a alegação de direito adquirido. Para que não houvesse dúvidas, fê-lo em dois artigos diferentes, diria Jânio Quadros. Mesmo assim, o Supremo não cumpriu a Constituição. (C.N.)

Nação em que a prioridade é combater anistia está em falência moral

ANISTIA É O CA**LHO!!! #anistia #terrorismo #bolsonarismo #democracia

Charge do Seri (Arquivo Google)

J.R. Guzzo
Estadão

Pense durante alguns minutos nos fatos objetivos, documentados nos registros oficiais e materialmente comprovados que serão descritos em seguida. Decida, depois, se isso faz algum sentido lógico para você – sobretudo do ponto de vista moral. De um lado, há no Brasil, vivendo nas alturas mais confortáveis da sociedade, pessoas que cometeram os crimes de homicídio, assalto a banco, roubo à mão armada, sequestro de pessoas e explosão de bombas.

De outro, estão na cadeia, cumprindo penas de até 17 anos, pessoas que apenas tomaram parte num quebra-quebra em Brasília.

ANISTIA AMPLA – O primeiro grupo recebeu anistia plena do Estado brasileiro; até hoje seus integrantes são tratados como mártires. O segundo grupo, pelos critérios da democracia tal como ela é praticada no Brasil do presente, não pode receber anistia nunca.

Tanto os primeiros como os segundos praticaram crimes políticos – e, portando, passíveis de anistia. A diferença é que os anistiados, que praticaram crimes de sangue e penalmente considerados hediondos, como o sequestro, são de esquerda.

Os “sem anistia”, acusados de um golpe armado que não tinha armas, não tinha apoio do Exército e não tinha meios objetivos para derrubar a diretoria de um grupo escolar, são de direita.

LUTA ARMADA – Os brasileiros que receberam anistia queriam derrubar a ditadura militar, através da “luta armada”, para impor a sua própria ditadura no país. Os brasileiros que não podem receber anistia, de acordo com as exigências do regime em vigor, não foram além de uma baderna.

Têm de ser punidos, obviamente, porque cometeram crimes de vandalismo. Mas ficar 17 anos na prisão por isso, enquanto homicidas e assaltantes de banco são anistiados – uma assaltante, aliás, tornou-se presidente da República – significa que há dois tipos de cidadão no Brasil.

É possível que o Brasil tenha um encontro marcado, no futuro, com as infâmias do seu presente. Se tiver, a jihad que hoje grita “sem anistia” ficará registrada como um dos piores momentos de treva, de insulto à razão e de crueldade gratuita da história política do país.

FALÊNCIA MORAL – Uma nação em que a grande causa do governo, dos tribunais e das elites é o combate à anistia está em situação de bancarrota moral – sobretudo quando os que foram perdoados por crimes de morte não perdoam os que pintaram uma estátua com batom.

O poeta Eugeni Yevtushenko, num dos seus melhores momentos, escreveu que quando a verdade é substituída pelo silêncio, o silêncio torna-se uma mentira. O Brasil de hoje ficou assim – por força da ilegalidade militante do regime, do culto à repressão policial e da criminalidade oficial.

Para o cidadão decente, porém, calar-se não é uma opção.

“Pensando em Ti”, uma canção imortal, de Herivelto Martins e David Nasser

David Nasser era capaz de produzir uma letra de música em questão de  minutos - Jornal Opção

Herivelto e Nasser, grandes compositores

Paulo Peres
Poemas & Canções

O  jornalista, escritor e letrista, nascido em Jaú (SP), David Nasser (1917-1980), autor de diversos clássicos do nosso cancioneiro popular, entre os quais “Pensando em ti “, cuja letra, através de hipérboles, destaca uma paixão desmesurada. Este samba-canção, em parceria com Herivelto Martins, foi gravado por Nelson Gonçalves, em 1957, pela RCA Victor.

PENSANDO EM TI
Herivelto Martins e David Nasser

Eu amanheço pensando em ti
Eu anoiteço pensando em ti
Eu não te esqueço,
É dia e noite
Pensando em ti

Eu vejo a vida
Pela luz dos olhos teus
Me deixe ao menos
Por favor pensar em Deus

Nos cigarros que eu fumo
Te vejo nas espirais
Nos livros que tento ler
Em cada frase tu estás

Nas orações que eu faço
Eu encontro os olhos teus
Me deixe ao menos
Por favor pensar em Deus