
Tarifas de importação contra o Canadá e o México foram suspensas
Pedro do Coutto
O presidente Donald Trump suspendeu por um mês a aplicação de tarifas de 25% sobre as importações do México e do Canadá, que deveriam entrar em vigor nesta terça-feira. As suspensões foram anunciadas depois que os dois países se comprometeram a reforçar o combate ao narcotráfico, sobretudo de fentanil, em suas fronteiras com os Estados Unidos.
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, prometeu enviar dez mil soldados para a fronteira. Segundo Sheinbaum, os EUA também se comprometeram a evitar o tráfico de armas pesadas para o México, onde abastecem os cartéis da droga. O premiê canadense, Justin Trudeau, afirmou que o Canadá vai “nomear um czar encarregado da questão do fentanil e acrescentar os cartéis mexicanos na lista de entidades terroristas”.
IMPOSTO – O presidente do Equador, Daniel Noboa, anunciou um imposto adicional de 27% sobre as importações do México. Em uma mensagem na rede social X, Noboa disse ser favorável a um acordo de livre comércio entre os dois países, “mas não quando há abuso”. O anúncio ocorre na esteira da adoção pelos EUA de uma política de elevação de tarifas de importação e às vésperas da eleição presidencial no Equador, em que Noboa é o favorito.
No ano passado, o México rompeu relações diplomáticas com o Equador, após Noboa ordenar a invasão da embaixada mexicana em Quito e a prisão do ex-vice-presidente Jorge Glas, ligado ao ex-presidente Rafael Correa e condenado em um processo a partir de provas levantadas pela Operação Lava Jato.
AMEAÇA – Trump voltou a ameaçar a União Europeia com tarifas de importação adicionais, mas não avançou com datas finais, apenas afirmando que chegarão “brevemente”. Em declarações aos jornalistas, o presidente americano disse: “Eles não aceitam os nossos carros, não aceitam os nossos produtos agrícolas, quase não aceitam nada, e nós aceitamos tudo deles. Milhões de carros, quantidades enormes de alimentos e produtos agrícolas.”
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse que a UE iria “responder de forma firme” caso as ameaças de tarifas se concretizem. Entretanto, no meio desta troca de ameaças e avanço e recuo de tarifas, está uma indústria automóvel (e outras) a ter de lidar com elevados níveis de imprevisibilidade e até volatilidade.
RETALIAÇÃO – Já a China anunciou tarifas e restrições a importações de produtos americanos a partir de segunda-feira. As medidas são uma retaliação contra as tarifas de 10% impostas por Donald Trump às compras de produtos chineses, que entraram em vigor ontem. Carvão e gás liquefeito de petróleo americanos pagarão uma taxa de 15% para entrar na China. Petróleo, máquinas agrícolas, picapes e outros veículos pesados terão sobretaxa de 10%. A China também abrirá uma investigação sobre práticas monopolísticas do Google e imporá controles sobre a exportação para os EUA de 25 metais raros.
O cenário de idas e vindas demonstra o quanto Trump é imprevisível. Diz uma coisa hoje e faz outra amanhã. É impressionante como um líder da maior potência mundial se porta diante do cenário internacional, deixando todos sem saber o rumo certo que irá tomar. Mas, no fundo, deve ser isso o que deseja, mantendo-se no noticiário através dos avanços e recuos que promove. Vejamos qual será o seu próximo passo.