Ditaduras somente são derrubadas pela violência, jamais por eleições

Pesquisa: 63% dos brasileiros não acreditam na vitória de Maduro |  Metrópoles

De que adiantam as eleições ness ditadura de Maduro?

João Pereira Coutinho
Folha

É lindo sonhar. É triste quando o sonho acaba. Colegas meus, acadêmicos respeitados, acreditaram durante uns tempos que Nicolás Maduro seria afastado do poder pela força do voto popular. Fiz o que pude. Argumentei contra. Ironizei. Recomendei banhos frios. Nada os demovia. Nas suas cabeças, Maduro iria reconhecer a derrota, abandonar o palácio presidencial e dedicar o resto dos seus dias à contemplação e à poesia.

Vieram os “resultados”. Maduro era o “vencedor”. Vieram também as repressões e as mortes. Bateu uma depressão geral. Querem ver que a Venezuela não é uma democracia? Quando escutei essa pergunta, mandei entrar os enfermeiros. Já nada estava nas minhas mãos, exceto aconselhar descanso e, já agora, a leitura do mais recente livro da historiadora Anne Applebaum, “Autocracy, Inc.: The Dictators Who Want to Run the World”.

SÓ COM VIOLÊNCIA – Vamos ao que interessa: um regime autocrático e cleptocrático, regra geral, só cai com violência. Moderada? Severa? Não interessa. Violência. Mas a “vitória” de Maduro não se explica apenas pela natureza do seu regime, que jamais deixaria de controlar a narrativa com a fraude e a brutalidade.

Explica-se por um outro pormenor, que Anne Applebaum expõe com detalhes: a oposição não lutava apenas contra Maduro. Lutava contra ele, contra a Rússia de Putin, a China de Xi, o Irã de Khamenei, a Turquia de Erdogan e todos os regimes que, de uma forma ou de outra, mantêm a Venezuela a funcionar.

Uma derrota em Caracas seria sentida em Pequim, Moscou e outras capitais. Como tolerar isso? Eis o ponto de Applebaum: o autoritarismo do século 21 deve ser entendido como uma empresa multinacional que, em nome do poder e da riqueza, vai partilhando informações, pessoal, tecnologia e recursos.

NA VENEZUELA – Só para ficarmos na Venezuela, veja só o cosmopolitismo do lugar: o dinheiro é russo; a tecnologia é chinesa; os jagunços são cubanos; até os tratores vêm da Belarus. Não é caso único. Na Rússia em guerra, por exemplo, os drones são iranianos; os mísseis são norte-coreanos; a defesa diplomática fica a cargo de vários países africanos na ONU; o gás e o petróleo são comprados, a preços amigos, pela China e pela Índia.

No século 20, a ideologia comandava a política entre dois blocos perfeitamente reconhecíveis. Hoje? Sim, a ideologia ainda serve de verniz para justificar a “multipolaridade” do mundo pós-Guerra Fria. Mas, raspando esse verniz, a principal preocupação dos líderes do conglomerado é afastar dos seus rebanhos qualquer tentação democrática.

Você sabe: aquelas ideias perigosas como “transparência”, “direitos humanos”, “separação de Poderes”, “liberdade de expressão”, “multipartidarismo” e outras fantasias que só atrapalham o abuso e a pilhagem.

UM ARCO-ÍRIS – É isso que explica o arco-íris de regimes que fazem parte da multinacional autocrática. Tem para todos os gostos: comunistas, capitalistas, nacionalistas, monárquicos, teocratas. O negócio é mais importante que as filosofias.

E, naturalmente, há falsos democratas também, que ajudam a compor o quadro nas lavanderias do Ocidente. São aqueles que “não fazem perguntas”, escreve Applebaum, com ironia. São os banqueiros ocidentais que não perguntam de onde vem o dinheiro que cai em certas contas.

São os agentes imobiliários ocidentais que não perguntam de onde vem o dinheiro que compra propriedades em Londres ou na Riviera Francesa. São os empresários ocidentais que não perguntam de onde vem o dinheiro que compra as suas empresas. São os clubes de futebol ocidentais que não perguntam de onde vem o dinheiro que traz jogadores a preços estratosféricos para alegria das torcidas. E são os governos ocidentais, claro, que colocam nas mãos da China ou da Rússia a sua segurança energética ou tecnológica.

LEVAR A SÉRIO? – Exemplo: em 2014, Putin invadiu a Crimeia. Em 2015, assinava-se o contrato para a construção do gasoduto Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha. Isso é para levar a sério?

Ler Anne Applebaum é um exercício de demolição. Quando muitos discutem seriamente conceitos eruditos de geopolítica —”hegemonia imperialista”, “Sul Global” etc.—, eis que surge alguém com números, nomes e fatos.

Só para mostrar como a mais velha profissão do mundo continua unindo ocidentais e não ocidentais, conservadores e progressistas, colonizadores e colonizados.

Galípolo sabe que essas expectativas de juros baixos acabam gerando juros altos

Gilmar : Charge Juros altos

Charge do Gilmar (Arquivo Google)

Bernardo Guimarães
Folha

Para mostrar força a outros machos, elefantes saem correndo derrubando árvores e o que mais encontram pelo caminho. Essa exibição de força consome preciosa energia. Por que esse comportamento passou no difícil teste da seleção natural? A explicação é que essas exibições de força, em geral, poupam energia. Um elefante que percebe que o outro é muito forte, em geral, desiste de lutar. Assim, conflitos por território ou posições hierárquicas são frequentemente resolvidos sem briga.

Isso me traz à lembrança os dilemas da política monetária que se aproximam. A principal arma do Banco Central contra a inflação é a taxa de juros. Juros mais altos ajudam a reduzir a inflação, mas afetam negativamente a produção e o emprego. Então o Banco Central gostaria de controlar a inflação sem ter que aumentar muito os juros.

EXPECTATIVA – Quão grande tem que ser o aumento nos juros para controlar a inflação? Isso depende de muitas variáveis, mas uma delas é a expectativa de inflação. Com expectativas de inflação mais alta, o dólar fica mais caro e as empresas ficam mais preocupadas em reajustar seus preços. Isso tudo pressiona a inflação para cima.

Portanto, assim como a um paquiderme interessa reduzir o ímpeto de outros machos, a diretoria do Banco Central quer diminuir a expectativa de inflação. O elefante reduz o ímpeto de concorrentes exibindo sua força física. Diretores do Banco Central reduzem expectativas inflacionárias mostrando que não têm medo de aumentar juros para conter a inflação.

Como fazer isso? Aumentando a taxa de juros um pouco mais que o necessário logo no início do mandato. Na hora, é ruim, assim como correr pela savana derrubando árvores, mas evita problemas maiores depois.

TEORIA E PRÁTICA – Stephen Hansen e Michael McMahon analisaram os dados de votos de membros do Comitê de Política Monetária do Banco da Inglaterra (o banco central britânico) e mostraram que isso de fato acontece na prática.

Com um trabalho estatístico muito bem executado, eles mostraram que os membros do Comitê de Política Monetária são mais durões no início do mandato. Os resultados indicam que o objetivo parece ser mesmo mostrar não ter medo de aumentar juros.

Um ponto importante que corrobora essa tese é que, quando a pessoa chega ao comitê com expectativa de ser menos dura com a inflação, mais ela se distancia de suas preferências na direção de juros altos, no início do mandato. Um elefante muito grande não precisa mostrar força. No caso da política monetária, o elefante grandão é aquele que veio do mercado financeiro e tem cara de mau. Quem precisa mostrar força é quem sobe ao trono com a tarefa dada pelo presidente da República de reduzir a taxa de juros.

GALÍPOLO À ESPERA – Gabriel Galípolo é o nome mais cotado para assumir a presidência do Banco Central no ano que vem. Foi colocado no ano passado na diretoria do BC com esse objetivo. O presidente Lula não poderia ter sido mais explícito sobre isso. A retórica política precisaria que a saída de Roberto Campos Neto do BC fosse seguida por juros mais baixos.

Contudo, Galípolo sabe que não pode fazer o que Lula lhe pede. Juros menores serão interpretados como fraqueza. Se não se mostrar durão no início de seu mandato, as expectativas se refletirão em inflação maior em 2026, ano de eleição.

Para o barco não perder o rumo, ele precisará incomodar muita gente.

Prazo de Moraes acaba e o X diz que espera ser logo bloqueado no Brasil

X, antigo Twitter, vai acabar no Brasil? Entenda o embate judicial entre  Musk e Moraes - Rádio Itatiaia

A grande derrotada foi a liberdade de expressão

Mariana Muniz
O Globo

Após expirar o prazo dado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que o X indicasse um representante legal no Brasil, a rede social publicou uma nota dizendo esperar que tenha seus serviços suspensos no país. Em nota publicada na própria plataforma, o perfil da empresa chama as decisões de Moraes de “ilegais” e “censura”.

“Em breve, esperamos que o Ministro Alexandre de Moraes ordene o bloqueio do X no Brasil – simplesmente porque não cumprimos suas ordens ilegais para censurar seus opositores políticos. Dentre esses opositores estão um Senador devidamente eleito e uma jovem de 16 anos, entre outros”, diz o texto.

SÉRIE DE EMBATES – Moraes intimou o empresário Elon Musk, por meio da própria rede social da qual é dono, a fazer a indicação de um representante legal após uma série de descumprimentos de decisões judiciais dadas pelo ministro do STF. A possibilidade de suspensão da rede social é mais um capítulo de uma série de embates entre o magistrado e o empresário sul-africano.

“Quando tentamos nos defender no tribunal, o Ministro ameaçou prender nossa representante legal no Brasil. Mesmo após sua renúncia, ele congelou todas as suas contas bancárias. Nossas contestações contra suas ações manifestamente ilegais foram rejeitadas ou ignoradas. Os colegas do Ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal estão ou impossibilitados de ou não querem enfrentá-lo”, diz a empresa no comunicado.

O X diz ainda que não está “absolutamente insistindo que outros países tenham as mesmas leis de liberdade de expressão dos Estados Unidos. A questão fundamental em jogo aqui é que o Ministro Alexandre de Moraes exige que violemos as próprias leis do Brasil. Simplesmente não faremos isso”.

ENCERRAMENTO – Em 18 de agosto, a rede social anunciou que encerraria as operações no Brasil. Segundo o comunicado, a posição foi tomada depois de uma decisão de Moraes, com quem Musk vem travando uma série de embates. No início do mês, o X já havia divulgado um ofício, enviado por Moraes, que determinava o bloqueio de perfis investigados por suposta disseminação de conteúdo antidemocrático. Entre os alvos da decisão estavam o senador Marcos do Val (PL-ES) e a esposa do ex-deputado Daniel Silveira (PL-RJ), Paola Daniel. No comunicado em questão, a empresa classificou as decisões como “censura”.

Em novo despacho, Moraes informou que a empresa “deixou de atender a determinação judicial” de bloqueio dos perfis, e apontou indícios de que a representante do X, “agindo de má-fé, está tentando evitar a regular intimação” por oficial de justiça para o cumprimento da decisão.

Ao anunciar o encerramento de suas operações no Brasil, o X citou esta nova decisão de Moraes e alegou que a “equipe brasileira” da plataforma não teria “responsabilidade ou controle sobre o bloqueio de conteúdo”. No comunicado, a empresa informou que “para proteger a segurança de nossa equipe, tomamos a decisão de encerrar nossas operações no Brasil, com efeito imediato”, e alegou que as decisões do ministro seriam “incompatíveis com um governo democrático”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
E agora, José? A festa não há mais. Se o X acabar, o que mais Moraes vai aprontar? E quem se interessa? (C.N.)

Moraes bloqueia contas da Starlink, uma empresa de Musk, vital ao país

Starlink: saiba mais sobre internet via satélite de alta performance

Starkink tem contratos até com as Forças Armadas

Valdo Cruz
GloboNews.

Diante da falta de um representante legal da rede social X no Brasil, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes bloqueou contas da empresa Starlink Holding, que também pertence ao bilionário Elon Musk.

Na semana passada, Moraes considerou a existência de um “grupo econômico de fato” sob comando de Musk e, em 18 de agosto, mandou bloquear todos os valores financeiros deste grupo no Brasil, para garantir o pagamento das multas aplicadas pela Justiça brasileira contra a rede X.

ANTENAS DIGITAIS – Segundo assessores do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, a outra empresa sob comando de Elon Musk no país — além do X — é justamente a Starlink, que atua no Brasil na venda de serviços de internet por satélite, principalmente na região Norte e tem contrato com as Forças Armadas e muitas instituições públicas.

Os dirigentes da Starlink no Brasil já foram notificados e intimados a responder também pelos valores devidos à Justiça brasileira pelo X.

O empresário Elon Musk decidiu, segundo foi anunciado no último dia 17, fechar o escritório do X no Brasil e manter a Starklink.

AS MULTAS – O motivo das brigas é o fato de a empresa não concordar com as multas aplicadas pelo STF nem com a determinação de retirada de conteúdos publicados por usuários na rede social que afrontam o Estado Democrático de Direito e a legislação brasileira.

Desde então, o ministro Alexandre de Moraes passou a solicitar que o empresário estabelecesse um representante legal para responder oficialmente pelos atos da plataforma.

Nesta quarta (28), Moraes deu 24h para que a rede social volte a ter um representante legal no país, sob pena de suspensão do serviço.

POSTADO NO X – A decisão foi divulgada durante a noite, em um post no perfil do STF no X, em resposta à postagem da empresa feita em 17 de agosto sobre o fechamento do escritório.

Naquela ocasião, além de anunciar o fechamento do escritório e a retirada de sua representante do país, a plataforma informou que a rede continuaria podendo ser usada no país. ]

“Estamos profundamente tristes por termos sido forçados a tomar essa decisão. A responsabilidade é exclusivamente de Alexandre de Moraes. Suas ações são incompatíveis com um governo democrático. O povo brasileiro tem uma escolha a fazer — democracia ou Alexandre de Moraes”, afirmou a companhia.

PRENDER A CHEFE – No mesmo post, o X publicou um despacho do ministro, dizendo que ele teria ameaçado multar e prender a então responsável pelo X no Brasil, Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição. O documento atribuído a Moraes incluía um trecho que dizia: “Multa diária de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) à administradora da empresa, RACHEL DE OLIVEIRA VILLA NOVA CONCEIÇÃO, CUMULATIVA ÀQUELA IMPOSTA À EMPRESA, bem como DECRETAÇÃO DE PRISÃO por desobediência  determinação judicial”.

“Apesar de nossos inúmeros recursos ao Supremo Tribunal Federal não terem sido ouvidos, de o público brasileiro não ter sido informado sobre essas ordens e de nossa equipe brasileira não ter responsabilidade ou controle sobre o bloqueio de conteúdo em nossa plataforma, Moraes optou por ameaçar nossa equipe no Brasil em vez de respeitar a lei ou o devido processo legal”, disse o X.

“Como resultado, para proteger a segurança de nossa equipe, tomamos a decisão de encerrar nossas operações no Brasil, com efeito imediato. O serviço X continua disponível para a população do Brasil.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Tudo soa ridículo e faz lembrar o filme “O Rato que Ruge” (The Mouse That Roared), com Peter Sellers fazendo o papel de governante de um ducado europeu independente, que decide declarar guerra aos Estados Unidos. Moraes é uma espécie de Sellers sem uniforme de guerra, que multa o governo americano em 20 mil reais diários (o equivalente a menos de 4 mil dólares) e fica sentado, esperando o Federal Reserve ir à falência. Como o filme é em longa metragem, recomenda-se que comprem pipocas, porque Moraes vai demorar muito a levar Musk à bancarrota com essas multas de rato que ruge… (C.N.)

Piada do Ano! Justiça condena coronel que defendeu o golpe e ameaçou Dino

CORONEL DEFENDE GOLPE E DESAFIA FLAVIO DINO

A maior piada é a pena que o coronel terá de cumprir…

Deu em O Dia
Estadão Conteúdo

O coronel do Exército José Placídio Matias dos Santos foi condenado a quatro meses de detenção, em regime aberto, por defender nas redes sociais que os militares dessem um golpe no dia 8 de Janeiro. Ele poderá recorrer em liberdade. Quatro generais do Conselho Especial de Justiça Militar subscrevem a sentença com a juíza Flávia Ximenes Aguiar de Sousa.

A condenação foi decretada com base em no artigo 216 artigo do Código Penal Militar — “injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro” — com agravante de que a infração foi cometida na internet.

ASSESSOR DO GSI – José Placídio foi assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na gestão do ministro-general Augusto Helene durante o governo Jair Bolsonaro (PL). No dia 8 de Janeiro de 2023, já no início do governo Lula, quando apoiadores radicais do ex-presidente invadiram a Praça dos Três Poderes, ele defendeu que coronéis se rebelassem e “entrassem no jogo, desta vez do lado certo”.

O oficial publicou um post se dirigindo diretamente ao então comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, para que ele se colocasse à frente de um golpe de Estado. As publicações foram feitas no antigo Twitter.

“General Arruda, o Brasil e o Exército esperam que o senhor cumpra o seu dever de não se submeter às ordens do maior ladrão da história da humanidade. O senhor sempre teve e tem o meu respeito. FORÇA!!”, escreveu na época.

OUTRAS MENSAGENS – “Brasília está agitada com a ação dos patriotas. Excelente oportunidade para as FA [Forças Armadas] entrarem no jogo, desta vez do lado certo. Onde estão os briosos coronéis com a tropa na mão?”, dizia outra publicação feita pelo coronel José Placídio Matias dos Santos.

O militar ainda ameaçou o ministro Flávio Dino, que na época estava à frente do Ministério da Justiça. “Sua purpurina vai acabar.”

As postagens também geraram um processo criminal. Ele foi denunciado pelo Procuradoria-Geral da República (PGR) e será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É uma Piada do Ano atrás da outra. Ninguém cumpre pena de quatro meses de detenção em regime aberto. Em tradução simultânea, significa que os juízes decidiram assim: “Vá para casa, coronel, vista o pijama de bolinha, calce as sandálias do Mickey e fique quietinho assistindo o Big Brother, e aguarde seu próximo julgamento”.  Agora, o ilustre chefe militar será julgado pelo Supremo, e o respeitável público quer saber se o ministro Alexandre de Moraes terá coragem de condená-lo a 17 anos e multa-parte de RS 30 milhões de reais. O certo é que o Supremo está chegando àquela situação: Se cobrir, vira circo; se trancar a porta, vira hospício, com Moraes dizendo que é Napoleão e colocando os pacientes em ordem unida. (C.N.)

STF começa a julgar na sexta-feira os recursos do X contra bloqueio

Elon Musk's X misleads users with blue checks, EU charges

Musk diz que o Brasil está promovendo censura prévia

Lucas Mendes
da CNN

O Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar a partir de sexta-feira (30) uma série de recursos que contestam decisões de bloqueios de perfis e contas nas redes sociais. Parte dos recursos foi apresentada pelo X (antigo Twitter). Os casos serão analisados em sessão virtual da primeira turma do STF que vai até 6 de setembro. Fazem parte da primeira turma os ministros: Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Os recursos em questão foram apresentados em processos relatados pelo ministro Alexandre de Moraes. A maioria tramita em segredo de Justiça. As decisões do ministro determinam o bloqueio das contas de alvos de apurações que tramitam na Corte ou de usuários que tenham feito publicações com discurso de ódio ou de teor golpista.

CASO MONARK – Um dos recursos que será analisado foi apresentado no inquérito que apura a suposta omissão de autoridades durante os atos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.

Nesta investigação, o X e as plataformas Discord e Rumble recorreram de decisões de bloqueio de contas. No caso do X, o recurso contesta a decisão de Moraes que determinou, em julho de 2023, o bloqueio integral da conta do influenciador Bruno Aiub, conhecido como Monark, no Twitter.

Em recursos do tipo, a big tech costuma argumentar que bloquear todo o perfil, no lugar de publicações específicas que tenham irregularidades, configura “censura prévia”.

DISSE O X – Em 17 de agosto, ao anunciar que encerraria as operações no Brasil, o X citou os “inúmeros recursos” ao STF que não teriam “sido ouvidos”. 

medida foi tomada pela empresa depois de decisão em que Moraes determinou a prisão da representante da plataforma no país, caso não fosse cumprida a ordens de bloqueios de perfis.

Uma das contas que segue no ar, apesar de decisão pela derrubada, é a do senador Marcos do Val (Podemos-ES).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Vejam como são as coisas. O próprio Alexandre de Moraes vai votar no julgamento de recursos contra  suas decisões. Será que ele é também o relator, tipo Piada do Ano??? E ainda chamam isso de Justiça. Mas minha ironia não chega a tanto. (C.N.)

Procurador engaveta inquéritos de Bolsonaro até depois das eleições

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, durante sessão do STF

Paulo Gonet não quer problemas e toca o barco devagar

Daniel Gullino
O Globo

Após a Polícia Federal (PF) indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por um suposto esquema de venda de joias desviadas do acervo presidencial, a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou nesta sexta-feira que sejam apresentados mais documentos, incluindo laudos sobre as peças comercializadas.

Em julho, a PF concluiu a investigação e indiciou Bolsonaro e mais 11 pessoas. Os crimes atribuídos ao ex-presidente foram peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O relator do caso no STF, Alexandre de Moraes, enviou o relatório final à PGR, que decidirá se apresenta ou não uma denúncia.

INFORMAÇÕES FALTANTES – Na manifestação enviada nesta sexta ao STF, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que retomará a análise do relatório “após o envio dos documentos e das informações faltantes”.

Gonet declarou que “documentos importantes, mencionados e parcialmente transcritos no relatório conclusivo das investigações, ainda não foram juntados em sua integralidade ao processo”, e que é essencial que a PGR “tenha acesso à íntegra de todos os elementos informativos” antes de decidir sobre uma eventual denúncia. Foram solicitados, por exemplo, os documentos e depoimentos colhidos como parte do acordo firmado entre a PF e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Gonet ainda pediu laudos de merceologia pendentes sobre algumas das joias.

Como o Globo mostrou, a PGR somente irá apresentar alguma conclusão sobre as investigações envolvendo Bolsonaro após as eleições municipais. Nos bastidores do órgão, a avaliação é a de que Gonet vem buscando manter a cautela com relação a todos os casos que possam ter grande impacto político.

Exército abriu inquérito contra quatro oficiais que defendiam o golpe militar

Ministro da Defesa José Múcio Alerta: "Estamos à Beira de Marinheiros Sem  Navios e Soldados Sem Equipamentos" - DefesaNetMarina Demorida
CNN, Brasília

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse nesta quarta-feira(28) que o Exército vai seguir investigando os militares apontados como autores de uma carta que sugeria golpe após o resultado das eleições de 2022. E disse que os responsáveis, mesmo de alta patente, serão punidos.

“Não é porque é de alta patente que está livre, e tem obrigações com a disciplina das Forças Armadas. Foram militares de alta patente, que resolveram estimular o fracionamento do bom equilíbrio do exército. Desestimular o trabalho do general, e ele prontamente, competentemente, abriu o inquérito, descobriu os culpados e vão ser punidos¨, disse Múcio.

CELULAR DE CID – O documento foi encontrado no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante as investigações da Polícia Federal, e foi considerado pelo comandante da Força Terrestre na época, general Marco Antônio Freire Gomes, como uma pressão para que ele aderisse a uma tentativa de golpe de Estado.

Segundo o Exército, 37 militares assinaram a carta. Inquéritos foram abertos para investigar a conduta de quatro deles. Entre os identificados, já foram punidos, com base no regulamento Disciplinar do Exército (RDE), 12 coronéis, 9 tenentes-coronéis, 1 major, 3 tenentes e 1 sargento.

A fala do ministro ocorreu após cerimônia em comemoração aos 25 anos do Ministério da Defesa, em Brasília. “As forças armadas, para serem fortes, não podem trabalhar sobre a aérea da suspeição. Tudo tem que ser esclarecido”, acrescentou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O ministro José Múcio Monteiro fala em “punição”, mas o Padre Quevedo diria que isso “non ecziste”. A imensa maioria dos militares é antipetista. A vitória de Lula da Silva foi aceita a contragosto, porém muitos oficiais, especialmente os da reserva, não aceitam Lula de jeito algum. Em tradução simultânea, a punição é apenas uma advertência, no caso dos oficiais da ativa. Os da reserva não estão nem aí, porque não há como puni-los. Aliás, essa história de “punição” é uma tremenda conversa fiada. (C.N.)

Dono do X, Elon Musk ironiza intimação que Alexandre de Moraes lhe enviou

Elon Musk chama Moraes de 'ditador' e dispara: 'Lula na coleira'

Musk chama Moraes de ditador com Lula na coleira

Rafaela Gama
O Globo

O empresário americano Elon Musk, dono do X, reagiu à intimação feita pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que deu 24 horas para que a rede social indique um representante legal no país. Em uma série de postagens feitas na madrugada desta quinta-feira, o bilionário acusou o magistrado de “quebrar a lei que ele jurou cumprir” e

Em decisão divulgada pelo perfil do STF no X, Moraes afirma que Musk deve cumprir a determinação no prazo estipulado, sob pena de “imediata suspensão das atividades até que as ordens judiciais sejam efetivamente cumpridas e as multas diárias quitadas”.

SABER A VERDADE – O empresário, em resposta à intimação, repostou tweets de perfis que criticavam o magistrado. Ao republicar um post que detalhava o embate entre os dois, Musk sugeriu que Moraes desrespeitou a legislação brasileira, que ele deveria cumprir juiz. Em um segundo post, que sugeria que o X era a única fonte confiável no Brasil, o bilionário comentou que as “pessoas queriam saber a verdade”

Elon Musk também publicou uma imagem gerada por Inteligência Artificial que comparava Moraes a vilões das sagas de filmes Star Wars e Harry Potter.

O embate entre Elon Musk e Moraes se acirrou em 18 de agosto, quando a rede social anunciou que encerraria as operações no Brasil. Segundo o comunicado, a posição foi tomada depois de uma decisão de Moraes, com quem Musk vem travando uma série de polêmicas.

CENSURA – No início do mês, o X já havia divulgado um ofício, enviado pelo ministro, que determinava o bloqueio de perfis investigados por suposta disseminação de conteúdo antidemocrático. Entre os alvos da decisão estavam o senador Marcos do Val (PL-ES) e a esposa do ex-deputado Daniel Silveira (PL-RJ), Paola Daniel. No comunicado em questão, a empresa classificou as decisões como “censura”.

Em novo despacho, Moraes informou que a empresa “deixou de atender a determinação judicial” de bloqueio dos perfis, e apontou indícios de que a representante do X, “agindo de má-fé, está tentando evitar a regular intimação” por oficial de justiça para o cumprimento da decisão.

Ao anunciar o encerramento de suas operações no Brasil, o X citou esta nova decisão de Moraes e alegou que a “equipe brasileira” da plataforma não teria “responsabilidade ou controle sobre o bloqueio de conteúdo”. No comunicado, a empresa informou que “para proteger a segurança de nossa equipe, tomamos a decisão de encerrar nossas operações no Brasil, com efeito imediato”, e alegou que as decisões do ministro seriam “incompatíveis com um governo democrático”. Mesmo sem representante legal no país, a rede social continuou disponível para usuários brasileiros até o momento.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moraes não tem medo do ridículo. Apanhado em flagrante delito pelos jornalistas Glenn Greenwald e Fabio Serapião, o ministro deveria ficar quieto no seu canto, mas ele precisa aparecer na mídia a qualquer custo, com arroubos infantis. (C.N.)

Moraes intima Musk para nomear seu representante, sob pena de suspensão

Musk x Moraes: Treta entre bilionário e STF pode acabar banindo "X" no Brasil

Elon Musk tem 24 horas para responder a Moraes

José Marques
Folha

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), intimou nesta quarta-feira (28) o empresário Elon Musk, dono da rede social X (o antigo Twitter), a indicar em 24 horas um novo representante legal da empresa no Brasil, sob pena de suspensão das atividades da rede social. A intimação foi feita em postagem na página oficial do Supremo do próprio X, na qual o perfil do empresário e do Global Government Affairs da rede social foram marcados.

Na decisão, Moraes determina a Musk “a indicação, em 24 horas, do nome e qualificação do novo representante legal da X Brasil, em território nacional, devidamente comprovados junto à Jucesp [Junta Comercial do Estado de São Paulo]”. Caso não apresente um representante legal, diz o ministro, a rede social será suspensa “até que as ordens judiciais sejam efetivamente cumpridas e as multas diárias quitadas”.

AMEAÇA DE PRISÃO – No dia 17, a rede social X acusou Moraes de ameaçar de prisão seus funcionários e, diante disso, anunciou o fechamento do escritório no Brasil. A empresa afirmou na postagem que encerraria suas operações no país em decorrência da ação do ministro, mas que a rede social continuaria disponível para os brasileiros.

Em sua conta, Musk disse que a “decisão de fechar o escritório X no Brasil foi difícil”. “Se tivéssemos concordado com as exigências de censura secreta (ilegal) e entrega de informações privadas de @alexandre, não haveria como explicar nossas ações sem ficarmos envergonhados”. “Não há dúvidas de que Moraes precisa sair. Ter um ‘justiceiro’ que viola a lei repetidamente e flagrantemente não é justiça nenhuma”, afirmou em outra postagem.

Isso aconteceu depois que a rede social publicou o que seria decisão sigilosa de Moraes na qual ele determina a intimação dos advogados regularmente constituídos pelo X no Brasil para que tomem as providências necessárias e bloqueiem contas de usuários da rede.

OFICIAL DE JUSTIÇA – Na decisão judicial publicada pela empresa, Moraes narra a tentativa do oficial de Justiça de comunicação com a rede social, para que cumprisse outra determinação, de bloqueio de contas de usuários, do dia 7 deste mês. Aplicou então multa de R$ 50 mil e intimou quem acreditava ser o administrador da empresa no Brasil, Diego de Lima Gualda.

Posteriormente, narra, tomou conhecimento de que Gualda não era mais o representante da empresa no Brasil. O oficial de Justiça teria entrado em contato com uma profissional de relações públicas da empresa, que pediu a formalização da demanda por email.

O encerramento das operações do X no Brasil dificultou ainda mais o cumprimento de decisões judiciais, uma vez que não haverá representantes no país para serem notificados. Por essa falta de representante legal, Moraes decidiu intimar pela própria plataforma, em publicação feita pelo perfil do STF no X. A situação pode se assemelhar a casos recentes de outras plataformas, como o Telegram, que vinha escapando de ordens e pedidos de autoridades brasileiras, inclusive do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do STF, que faziam tentativas de contato sobre demandas envolvendo publicações na rede social, no período eleitoral.

OUTRAS BRIGAS – O dono da rede social é investigado em um inquérito que apura suspeitas de obstrução de Justiça, organização criminosa e incitação ao crime. Essa investigação é um desdobramento do chamado inquérito das milícias digitais. À época da inclusão de Musk em inquérito, em abril, Moraes disse que a medida se justificava pela “dolosa instrumentalização criminosa” da rede, em conexão com os fatos investigados nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos.

Ele tinha determinado ainda que a provedora da rede X devia se abster de realizar qualquer reativação de página cujo bloqueio foi determinado pelo STF, sob pena de multa diária de R$ 100 mil por perfil e responsabilidade por desobediência à ordem judicial dos responsáveis legais pela empresa no Brasil.

Naquele período, Musk vinha fazendo uma série de posts relacionados ao Brasil. Ele disse que estava “levantando restrições” impostas por decisão judicial de sua rede e defendeu que Moraes deveria renunciar ou sofrer impeachment.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lembrando que foi Musk quem denunciou as ilegalidades praticadas por Moraes, ao abrir inquéritos sem queixa crime, sem ouvir a Procuradoria-Geral da República e sem denúncia oficial ou anônima. Além disso, não garantiu o devido processo legal e o direito de defesa e de recurso. E as acusações estão todas confirmadas pelas conversas do vazamento. (C.N.)

No caso Marielle, o engavetamento era à base da propina

Lessa disse que policiais civis faziam inquéritos “sumir”

Pedro do Coutto

As declarações de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018, apontam que policiais civis do Rio de Janeiro faziam inquéritos “sumir” caso alguém lhes pagasse R$ 50 mil.  

O caso assumiu um caráter terrivelmente impressionante, a partir do que ele acrescentou, deixando em péssima situação péssima a justiça do Rio, demonstrando os fortes indícios de corrupção. Lessa foi adido da Polícia Civil, ou seja, emprestado pela PM às delegacias.

CONTAMINAÇÃO – Durante o depoimento, o réu colaborador afirmou que as polícias do Rio “estão contaminadas há décadas”. “Talvez hoje, se tivesse uma intervenção, uma coisa séria, e aparecesse um cara para denunciar, provando que deu dinheiro a tantos delegados, ia ter que abrir concurso. Não ia ter espaço. Meia dúzia que iria se salvar. Essa é a realidade da Polícia Civil. E não é diferente da PM, não. É a mesma coisa”, apontou o ex-policial.

De acordo com Lessa, muitos inquéritos físicos foram incinerados. Nos últimos anos, os procedimentos foram digitalizados, mas isso não impedia os policiais de “tentar manipular o processo” e desviar o foco das investigações.

INFLUÊNCIA – Outro ponto levantado pelo colaborador foi a influência de políticos — como os irmãos Chiquinho (deputado federal) e Domingos Brazão (conselheiro do Tribunal de Contas estadual), acusados de serem mandantes do assassinato de Marielle e Anderson — para indicar ou retirar policiais de determinados postos e, assim, ajudar a encobrir seus crimes. No depoimento, Lessa também reiterou que os irmãos Brazão ordenaram a execução da vereadora.

Os pagamentos eram feitos em espécie de acordo com os pedidos que definiam os montantes. No caso do crime em questão, o mercado de forma surpreendente é que balizava os valores. Quase inacreditável. Pior ainda era a aceitação de tais fatos que extrapolavam todos os limites da ética. É preciso que sejam tomadas as providências imediatas. Mas foi feita a confissão e agora é aguardar os novos rumos deste caso lamentável.

A poesia singela e forte de Fernando Brant na homenagem à mãe de Milton

Orquestra Ouro Preto: live para Milton e Brant - Blima Bracher

Brant e Milton, amigos para sempre

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado e poeta mineiro Fernando Rocha Brant (1946-2015) foi um dos melhores letristas do país. Em “Maria, Maria” a singela beleza poética de Brant evoca uma personagem feminina de personalidade forte, chamada Maria, “que ri quando deve chorar e não vive, apenas aguenta” e que “mistura dor e alegria”.

Maria, que significa “senhora soberana” em hebraico, é um dos nomes femininos mais comuns em todo Brasil, e, portanto, a protagonista da canção pode estar representando todas as mulheres batalhadoras do país. Por outro lado, Maria é o nome da mãe biológica de Milton Nascimento, uma empregada doméstica que morreu quando ele tinha apenas quatro anos de idade.

Originalmente, esta música não tinha letra e foi composta, em 1977, para o espetáculo de dança “Maria, Maria” do “Grupo Corpo” de Belo Horizonte (MG). A música com letra foi lançada no LP Clube da Esquina 2, em 1978, pela gravadora EMI.

MARIA, MARIA
Milton Nascimento e Fernando Brant

Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece
Viver e amar
Como outra qualquer do planeta

Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri
Quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta

Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria

Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida

Com seus teleféricos, Pablo Marçal mostra ter ideias que são velhas, estranhas e ruins

Marçal diz que 'usa o PRTB' e que afastaria aliado acusado por políciaElio Gaspari
O Globo/Folha

Pablo Marçal, segundo as pesquisas, é uma novidade na política de São Paulo. Na noite de segunda-feira, o candidato a prefeito foi entrevistado na GloboNews. A primeira pergunta tratava de sua proposta para o sistema de transportes numa cidade onde os ônibus se movem a 16 quilômetros por hora. Ele respondeu criticando as promessas do prefeito Ricardo Nunes, prometendo empregos. De transporte mesmo, falou rapidamente de teleféricos.

Mais adiante, cobrado, revelou que transportariam os passageiros a 22 quilômetros por hora, em linha reta. Lembrado que São Paulo é uma cidade plana, não elaborou o tema. Topograficamente, um teleférico paulistano poderia levar os banqueiros da avenida Paulista às suas casas nos Jardins.

NOVAS TECNOLOGIAS? – Esse foi o melhor momento propositivo da entrevista. Fosse qual fosse o tema, Marçal repetia que suas ideias serão testadas com novas tecnologias. Um exemplo: Londres tem bons números de segurança porque usa programas de inteligência artificial. A velha cidade tem segurança há mais de um século, graças à inteligência craniana.

Quando o tema passou para as ligações documentadas de seu partido com o crime organizado, defendeu-se dizendo que não é dono da sigla e reconheceu que o fato “é constrangedor”. Marçal mencionou três vezes as acusações e os processos movidos contra Lula e expôs uma visão universalista: “Se for para moralizar, tem que moralizar direito”. E se não for? “Tem que limpar o país inteiro.” Concluindo: “Meu partido é o Brasil”. (Não, é o PRTB).

De uma maneira geral, propõe testar ideias antigas, progressivamente. O novo de Marçal é velho como a Sé de Braga. Promete criar 2 milhões de empregos, enxugar a máquina, melhorar a arrecadação.

CAUSAS E EFEITOS – A qualidade do ar é ruim? Plantaremos árvores. Ensinou por três vezes que os problemas têm causas e efeitos. Assim, a cracolândia resulta de migrações internas, com os efeitos conhecidos. Entre um e outro, nada. Tangencialmente, disse que é preciso desenvolver o esporte nas escolas.

Marçal propõe a criação de um “Paço Municipal” e promete estimular centros gastronômicos. Mais adiante, Bingo! Revisará todos os contratos de transporte da prefeitura. (O doutor é novo na política. Até hoje, essa proposta só serviu para azeitar a revi$ão.)

Marçal é um caso raro de coitadinho profissional agressivo. Em geral, essa espécie é mansa, até a hora do bote. “Está todo mundo contra mim” e esclareceu “agradeço a perseguição”.

ASTEROIDE – De onde saiu esse asteroide? Em parte, do eleitorado que não confia em políticos. Em outra parte, do voto de quem não gosta da administração de Ricardo Nunes, nem da biografia de Guilherme Boulos. Numa terceira parte, estão os eleitores desencantados.

Gente que viu o carro da Lava Jato atropelar larápios do andar de cima e acabou obrigada a assistir a concessão de indulgências plenárias a gatos e lebres.

Comparar o vigor de sua campanha ao voto para vereador dado ao rinoceronte Cacareco em 1959 é impróprio. Ninguém pretendia botar o animal na prefeitura onde estava Adhemar (“Rouba mas Faz”) de Barros. No ano seguinte, ao escolher o novo prefeito, São Paulo recolocou na cadeira o engenheiro Prestes Maia, um dos melhores da galeria.

Permanência de Moraes no Supremo vai ser decidida pela Polícia Federal

Concurso PF: confira os requisitos para 2.599 vagas - Farol de Notícias - Referência em Jornalismo de Serra Talhada e Região

Esse inquérito será uma prova de fogo para a Polícia Federal

Carlos Newton

Muita coisa já mudou desde o vazamento das mensagens entre as equipes que assessoram o ministro Alexandre de Moraes na Suprema Corte e no Tribunal Superior Eleitoral. Logo no início, ainda houve dúvidas, porque Moraes inventou uma narrativa de que todas as investigações tinham sido feitas mediante queixa-crime ou denúncia anônima sobre suspeitos que já estavam sob investigação.

Sua justificativa parecia perfeita, a ponto de o presidente Luís Roberto Barroso e o decano Gilmar terem saído em defesa de Moraes, de forma entusiástica. Mas era conversa fiada, que Moraes criara no calor do momento, sem a menor base em fatos, e todas as evidências e provas era de que o ministro estava criando criminosos sob medida, com relatórios “encomendados às equipes do Supremo e do TSE, muitas vezes por combinação entre os assessores, mas sempre a pedido expresso de Moraes.

DOIS PASSOS – Assim que o inquérito for reaberto, a pedido da Procuradoria-Geral da República, na forma da lei que Moraes descumpria, os próximos passos serão decisivos para incriminar o ministro. Um deles será dado pelo Supremo, que definirá se Moraes continuará sendo o relator do inquérito que investigará os vazamentos.

Será um escândalo, mas o STF realmente pode decidir que a relatoria será dele, porque é caso único, sem jurisprudência ou precedente, e tudo é possível nesse mar de lama, como em 1954 dizia Carlos Lacerda sobre Getúlio Vargas, injustamente.

O outro passo quem dará será a Polícia Federal. Se houver leniência, também será um escândalo, é claro, porém nada impede que apenas o vazamento   das conversas seja investigado, sem que se apure também o criminoso papel de Moraes na condução dessas investigações sob medida no eixo STF/TSE, fato mais do que comprovado desde as denúncias do empresário americano Elon Musk, é bom lembrar

PREVARICAÇÃO – Com toda certeza, a decisão mais importante será da Polícia Federal. Mesmo que o Supremo (leia-se: o presidente Luís Roberto Barroso) mantenha Moraes na relatoria, a investigação será conduzida pela PF, que pode e deve apurar com todo rigor as ilegalidades do ministro.

Se não o fizer, tentando blindar Moraes, a própria equipe policial pode ser indiciada e processada por prevaricação, crime cometido por funcionário público que dificulta ou deixa de cumprir os deveres do seu cargo, ou que pratica atos de ofício para atender interesses pessoais, exatamente um dos crimes em que está incurso Moraes, com detenção de três meses a um ano e multa.

Se ficar evidenciado que o ministro não agia sozinho e fazia parte de uma organização criminosa, o crime de prevaricação é agravado, com pena de 3 a 8 anos de reclusão. 

E nada disso é especulação. Tudo rigorosamente verdadeiro, pois estamos apenas informando em que pé está a situação de Moraes e quais serão os próximos desdobramentos desse estranhíssimo caso policial que agita as entranhas da cúpula da Justiça no Brasil.

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P.S. 1 –
Por fim, é preciso lembrar que a primeira denúncia contra as ilegalidades cometidas por Moraes (agir de ofício, sem queixa-crime e negando o devido processo legal e direito de recurso) foi feita por Elon Musk nos Estados Unidos. Isso significa que haverá repercussões também no Congresso norte-americano, depois das eleições presidenciais, é claro.

P.S. 2E ainda há quem não acredite na possibilidade de impeachment de Moraes, que pode ser a consequência final do trabalho da Polícia Federal nas investigações deste estranho caso do ministro que perdeu o juízo. Se não houver prevaricação, é claro. (C.N.)

Em pé de guerra, indígenas abandonam as negociações sobre o marco temporal

Após STF derrubar marco temporal, o que acontece se Congresso aprovar tese?

Chefes indígenas não aceitam nenhum tipo de marco

Leonardo Ribeiro
da CNN

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) solicitou, nesta quarta-feira (28), a saída da Comissão Especial de Conciliação criada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir a tese do marco temporal para a demarcação de terras indígenas. O anúncio foi feito no início da segunda reunião marcada para tratar do assunto.

O fato de a lei do marco temporal continuar em vigor é visto pelos representantes indígenas como uma situação de desigualdade negocial. A Apib chegou a pedir ao ministro Gilmar Mendes a suspensão cautelar da norma, mas não foi atendida.

INDÍGENAS IRREDUTÍVEIS – “A Apib requereu a suspensão da lei com intuito de garantir condições minimamente equânimes de participação dos povos indígenas na Comissão de Conciliação, já que a vigência da lei tem acarretado incremento da violência nos territórios, como amplamente noticiado nos autos”, alega.

Além disso, a Apib pediu que fosse reconhecida a voluntariedade e a autonomia da vontade nos processos de conciliação para que seja respeitada a posição dos povos indígenas na construção de qualquer acordo sobre seus direitos.

“O pedido foi negado. Foi determinado que a Comissão Especial de Conciliação não trabalharia por consenso, mas por maioria. Informou ainda que a oposição dos povos indígenas a um eventual acordo não teria o condão de interromper seu prosseguimento, ainda que dispusesse sobre direitos dos povos indígenas”, justifica a Abip.

PRÓS E CONTRAS – As audiências foram convocadas pelo ministro Gilmar Mendes, relator das ações protocoladas pelo PL, o PP e o Republicanos para manter a validade do projeto de lei que reconheceu o marco e de processos nos quais entidades que representam os indígenas e partidos governistas contestam a constitucionalidade da tese.

Mais do que levar o caso para conciliação, Mendes negou pedido de entidades para suspender a deliberação do Congresso que validou o marco, decisão que desagradou aos indígenas. As reuniões estão previstas para seguir até 18 de dezembro deste ano, mesmo sem a participação da Apib.

Na prática, a realização das audiências impede a nova decisão da Corte sobre a questão e permite que o Congresso ganhe tempo para aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para confirmar a tese do marco na Carta Magna. Em dezembro do ano passado, o Congresso Nacional derrubou o veto do presidente Lula ao projeto de lei que validou o marco. Em setembro, antes da decisão dos parlamentares, o Supremo decidiu contra o marco. A decisão da Corte foi levada em conta pela equipe jurídica do Palácio do Planalto para justificar o veto presidencial.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Já era previsto. Os indígenas não querem marco temporal. Querem mostrar que os demais brasileiros são invasores. Essa irredutibilidade prejudica as demarcações, mas eles não aceitam nem negociar. É pena. (C.N.)

Seus problemas acabaram! Lula indica Galípolo para presidir o Banco Central

Bancos Centrais vão reagir à inflação mais alta em tempos distintos, afirma  Galípolo | Jovem Pan

Galípolo defende juros altos “até em festa de debutante”

Deu na Folha

Gabriel Galípolo é o nome indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir a presidência do Banco Central, anunciou o ministro Fernando Haddad (Fazenda) nesta quarta-feira (28) no Palácio do Planalto. “O presidente da República me incumbiu de fazer um comunicado aqui de que hoje [quarta] ele está encaminhando ao Senado Federal, ao presidente [Rodrigo] Pacheco e para o senador Vanderlan [Cardoso], presidente da CAE, o indicado dele para a presidência do Banco Central, que vem a ser o Gabriel Galípolo, que hoje ocupa a diretoria de Política Monetária do banco”, disse o ministro.

Se aprovado pelo Senado, Galípolo assume o comando da instituição com a missão de angariar a confiança do mercado financeiro, que teme um BC leniente no combate à inflação em 2025, quando o Copom (Comitê de Política Monetário) terá maioria dos integrantes indicados pelo presidente Lula.

31 DE DEZEMBRO – O atual diretor de Política Monetária do BC vai suceder Roberto Campos Neto, à frente da instituição desde 2019 por indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e cujo mandato termina em 31 de dezembro. Ao lado de Haddad, Galípolo celebrou a indicação ao comando do BC e disse que não responderia a nenhuma pergunta dos jornalistas por “respeito ao processo e à institucionalidade”.

“Na mesma magnitude, uma honra, um prazer e uma responsabilidade imensa ser indicado à presidência do Banco Central do Brasil pelo ministro Fernando Haddad e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, afirmou Galípolo, sorridente. “É uma honra enorme, uma grande responsabilidade e eu estou muito contente”, complementou.

Quanto à sabatina da Galípolo, Haddad disse que essa é uma atribuição do Senado e que Lula “chegou a discutir a melhor oportunidade” com Pacheco. “Isso cabe ao Senado marcar e decidir, mas eu quero crer que estão sintonizados os presidentes Pacheco e Lula em relação à importância dessa indicação”, disse.

MELHOR MOMENTO – “O presidente Lula já vinha conversando com o presidente Pacheco a respeito disso e nós vamos respeitar a institucionalidade da Casa. A Casa tem o seu ritmo, tem os seus afazeres e vai saber julgar o melhor momento de fazer a sabatina”, acrescentou. A expectativa é de que a sabatina do futuro presidente do BC possa ocorrer em setembro.

A escolha por Galípolo no comando do BC já era dada como certa pelo mercado financeiro e por integrantes do Senado Federal, responsável pela sabatina e pela aprovação dos nomes indicados à autoridade monetária pelo chefe do Executivo. Ainda segundo Haddad, o governo Lula vai começar a partir de agora a trabalhar os outros três nomes que vão compor as diretorias do BC que ficarão vagas ao fim do ano.

MENINO DE OURO – Aos 42 anos, Galípolo foi um dos conselheiros de Lula na campanha presidencial de 2022 e atuou como número dois de Haddad. Desde que assumiu o posto no BC, ele manteve canal direto com o chefe do Executivo. Os dois conversam até sobre as contas públicas e a antecipação de riscos fiscais pelo mercado financeiro.

A habilidade de uma comunicação direta e sem tom professoral, o que costuma irritar o presidente, foi reconhecida até mesmo pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), quando Galípolo era secretário-executivo da Fazenda.

Aos olhos de Lula, Galípolo é um “menino de ouro”, “competentíssimo” e “de uma honestidade ímpar”. “Obviamente ele tem todas as condições para ser presidente do Banco Central”, disse o chefe do Executivo em junho.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Para quem pensa que daqui para frente seus problemas acabaram, como essa solução Tabajara, é bom lembrar que Galípolo estava afinadíssimo com Campos Neto, para aumentar os juros até em festa de debutante, conforme disse recentemente. Na verdade, para Lula e o PT, a troca de presidente no BC será um grande problema, porque eles não terão mais ninguém para culpar pelos problemas econômicos. (C.N.)

Ao atuar como mediador, Supremo enfraquece sua missão de julgador

Tribuna da Internet | Enfim, uma boa notícia: Supremo parece estar  iniciando uma autocrítica

Charge do Duke (O Tempo)

Dora Kramer
Folha

Encontros como o que reuniu representantes dos três Poderes para tratar do uso abusivo de emendas parlamentares atendem aos ditames da civilidade e, por isso, parecem adequados. Convém, no entanto, observar o evento com olhar mais detido antes de aceitar – e, sobretudo de celebrar – a versão oficial de que o problema está objetivamente bem encaminhado.

Para início de conversa, há que se observar o desacerto institucional no fato de o Supremo Tribunal Federal atuar como mediador quando seu papel é o de julgador constitucional. Ao se sentar naquela mesa, o STF flexibilizou o que decidira por unanimidade.

TUDO É RELATIVO – Mas, vá lá, estamos no Brasil, onde a relativização de conceitos é vista como qualidade. Por aqui não pareceu estranho que os ministros assumissem o lugar de “poder moderador”, enquanto lhes cabia apenas aguardar o cumprimento da exigência de transparência posta na Constituição.

A fim de envernizar a coisa, saíram todos ressaltando a concordância em suspender a obscuridade das chamadas emendas Pix, que seguem impositivas, assim como permanece intocado o volume de recursos sob manejo do Congresso Nacional.

Não se recuou em relação ao poder crescentemente adquirido de 2015 para cá. Pareceu mais uma carta de intenções —daquelas que o Brasil assinava antigamente com o FMI para não cumprir— do que propriamente um compromisso sólido.

CONTORNAR VETO – Já vimos o Parlamento contornar o veto do Supremo ao orçamento secreto e não está fora de cogitação que vejamos de novo manobras semelhantes.

Ficou acertado que os procedimentos relativos às emendas de bancada e de comissões serão negociados entre o Legislativo e o Executivo. Ou seja, entre congressistas fortalecidos, e nada dispostos a abrir mão dessa força, e um governo enfraquecido e que nesses assuntos não conta sequer com o apoio de aliados.

Portanto, não há chance de melhorar enquanto persistir a dinâmica disfuncional do sistema.

Candidatura de Pablo Marçal depende de diversos pedidos de “impugnação”  

Ex-coach, influenciador e 'azarão': quem é Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo

Pablo Marçal está respondendo a vários processos eleitorais

Rafael Moraes Moura
O Globo

Uma ação que pode provocar um “efeito dominó” no PRTB e implodir a candidatura de Pablo Marçal à prefeitura de São Paulo está parada há 20 dias no gabinete da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, sem previsão de quando o plenário da Corte Eleitoral vai julgá-la.

A ação, assinada por três ex-ministros do TSE – Sérgio Banhos, Carlos Eduardo Caputo Bastos e Carlos Horbach – é movida pela administradora de empresas Aldineia Fidelix, viúva de Levy Fidelix. O ex-marido dela, morto em 2021, disputou duas vezes a presidência da República e se notabilizou pela defesa do aerotrem e por declarações de cunho homofóbico.

ACORDO DESFEITO – Na ação, Aldineia alega que o atual presidente nacional do PRTB, Leonardo Avalanche, desrespeitou um acordo que havia sido acertado em fevereiro deste ano para pacificar o partido, como lhe conceder a vice-presidência nacional da agremiação, seis cargos na comissão executiva nacional e outros 20 cargos do diretório nacional, além de lhe garantir o comando político dos diretórios em cinco Estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Roraima e Rio Grande do Norte.

Como na época o PRTB vivia uma guerra interna, com trocas de acusações e disputa de poder, o então presidente do TSE, Alexandre de Moraes, designou um interventor para a legenda, que teve a responsabilidade de convocar uma nova eleição para a definição de presidente, diretório nacional, comissão executiva e delegados do partido. O indicado para organizar o processo foi o ex-secretário-geral do TSE Luciano Fuck, próximo do ministro Gilmar Mendes.

Embora não seja mencionado na ação da viúva de Levy Fidelix, Marçal será diretamente afetado caso ela ganhe o processo, já que foi uma comissão provisória do PRTB em São Paulo alinhada a Avalanche que chancelou em agosto deste ano a candidatura do coach.

DIZ A VIÚVA – Aldineia alega que, pelo acordo entre eles, ela é quem deveria ter comandado o diretório do partido em São Paulo nesse período. Por isso, ela pede a anulação dos atos de Avalanche que desrespeitaram o acordo, o que implodiria a comissão provisória que validou a candidatura de Marçal.

Aliado de Marçal, Avalanche disputou o cargo de deputado federal por Goiás nas eleições de 2018 pelo Podemos – acabou em centésimo lugar, com apenas 173 votos. Conforme informou a Folha, Avalanche disse a um correligionário que mantém vínculos com integrantes da facção criminosa PCC, segundo áudio obtido pelo jornal.

Aldineia alega ao TSE que o acordo firmado com Avalanche, assinado à mão pelo pelo adversário, tem sido sistematicamente desrespeitado pelo dirigente partidário, acusado agir “ao arrepio do Estatuto partidário”, com “grave violação à democracia interna do partido, à soberania de suas convenções, à segurança jurídica, à boa-fé objetiva e à proteção à confiança legítima”.

DONO DO PARTIDO – “Não bastasse, o Sr. Leonardo Alves de Araújo não só está descumprindo o acordo como também tem deliberado sobre o processo eleitoral de 2024 como se fosse ‘dono’ do partido, fazendo acordos e indicando candidatos ao arrepio das normas estatutárias”, afirma.

A viúva de Levy Fidelix argumenta que o processo de escolha de candidatos em um partido político “é crucial para a representatividade e o fortalecimento democrático como um todo”, “seja sob a perspectiva interna do partido, seja à luz das candidaturas submetidas ao crivo dos eleitores”, o que exige um “rigoroso cumprimento das orientações estabelecidas na Convenção Nacional e no Estatuto”.

No último dia 2, no entanto, a relatora do caso, ministra Cármen Lúcia, negou o pedido de medida liminar, afirmando não ter identificado ter “havido incorporação do acordo à ata da convenção” do PRTB de fevereiro. Desde então, o caso segue parado no gabinete da presidente do TSE, sem que a ministra tenha solicitado parecer do Ministério Público Eleitoral ou encaminhado para o referendo dos colegas.

OUTROS CASOS – Desde o início do mês, o registro de candidatura do coach já foi alvo de três impugnações na Justiça Eleitoral, que alegam que ele não respeitou o estatuto do seu próprio partido, que exige no mínimo seis meses de filiação para poder confirmar um candidato em convenção partidária. No caso de Marçal, ele se filiou ao PRTB em 5 de abril deste ano – e teve o seu nome confirmado como o candidato à prefeitura de São Paulo em convenção realizada em 4 de agosto, ou seja, apenas quatro meses depois.

O registro também é contestado na Justiça Eleitoral pelo PSB, partido da deputada federal e também candidata à prefeitura Tabata Amaral – e por outros dois integrantes do próprio PRTB, o que expõe as fissuras internas da legenda com o coach: o secretário-geral do partido, Marcos André de Andrade; e uma empresária de Bragança Paulista, Lilian Costa Farias, também filiada à sigla de Marçal.

Já o PSB e o Ministério Público Eleitoral entraram com ações na Justiça Eleitoral para que Marçal seja investigado por abuso de poder econômico, tenha o registro cassado e seja declarado inelegível por pagar seguidores por divulgar corte de vídeos nas redes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Caramba! Esse Marçal é um alvo ambulante. Está na mira de tanta gente que sua candidatura corre altos riscos. Quanto a seu partido, a legenda não tem ninguém que tenha votos e quer expulsar o único filiado que realmente tem. Não dá para entender essa gente. (C.N.)

São Paulo já elegeu um rinocerante,  mas não se deve brincar com eleição

Quais animais já concorreram a eleições? | Super

Em 1959, “Cacareco” teve 100 mil votos em São Paulo

Dora Kramer
Folha

É de se lembrar aos que porventura se entusiasmem pelo personagem encarnado na figura de Pablo Marçal (PRTB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo: em 1959, a cidade “elegeu” para vereador, com 100 mil votos, “Cacareco,” rinoceronte fêmea residente no zoológico. A rebeldia daquele eleitorado de 65 anos atrás não provocou efeito prático algum. Apenas marcou a entrada do episódio na história dos protestos contra os políticos tradicionais.

E daí? Daí que os rebeldes se acreditaram engajados pela via do repúdio, mas jogaram no lixo a oportunidade de fazer uma boa escolha. São Paulo é a maior, mais rica, mais poderosa e mais complexa cidade da América do Sul.

MELHORES OPÇÕES – São Paulo merece e carece de melhores opções para governantes por parte de seus residentes, interessados que deveriam estar em manter esse lugar de destaque.

Paulistanos orgulham-se da posição que também é motivo de admiração no restante do país. O estado é a locomotiva-mestre do desenvolvimento, como se diz, e a cidade tem papel preponderante nessa pujança.

A capital paulista não deve ser governada na base da galhofa, da subversão de regras de legalidade e civilidade. Necessita ser levada a sério, com governantes e governados que se deem ao respeito.

SEM “CACARECOS” – Não pode ser objeto de piadas ou de escárnio, muito menos de disputas que obedeçam à dinâmica de brigas de foice no escuro, como os atritos entre o clã Bolsonaro e o histriônico Marçal. Caberia aos candidatos adversários, aos partidos, aos organizadores de debates, às campanhas, à Justiça Eleitoral e, sobretudo, ao eleitorado, dar um jeito de encontrar a melhor maneira de retomar o rumo adequado desse debate político.

Se não for assim, estaremos mal. Vamos nos arriscar, absolutamente todos, a aceitar a lógica da contestação vazia contida na preferência por um similar de “Cacareco” que só nos leva ao fundo do poço da negação da política.

Moraes acumula apurações em que é o maior afetado ao abrir inquéritos

DeFato.com - Politica

Moraes tanto fez que virou uma espécie de homem-bomba

José Marques
Folha

O inquérito aberto pelo ministro Alexandre de Moraes sobre o vazamento de mensagens trocadas entre seus auxiliares se soma a outras investigações conduzidas pelo ministro que tratam de assuntos relacionados a ele próprio, circunstância que o tornaria impedido ou suspeito para operar ou julgar.

Ao abrir mais recente inquérito, de ofício (sem provocação externa), Moraes atribuiu o vazamento e a publicação das comunicações informais feitas entre seu gabinete no STF (Supremo Tribunal Federal) e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a uma organização criminosa que teria o objetivo de desestabilizar instituições, fechar a corte e conseguir “o retorno da ditadura”.

ALEGAÇÃO FALSA – Essa menção a um suposto ataque às instituições tem servido como argumento para que o ministro acumule apurações sob o seu comando desde 2019, quando se originou o controverso inquérito do fim do mundo, que apura as fake news e múltiplos desdobramentos, que incluem até terrorismo e golpe de estado.

Quando foi aberto, o inquérito das fake news dizia que tinha como intenção “investigar a existência de notícias falsas, denunciações caluniosas, ameaças e roubos de publicação sem os devidos direitos autorais, infrações que podem configurar calúnia, difamação e injúria contra os membros da Suprema Corte e seus familiares”. Acabou servindo de motivação para diversas decisões do ministro.

Moraes agora associou o inquérito do vazamento ao das fake news. Assim, manteve-se como relator, até ser obrigado a desfazer o inquérito e transformar a “decisão” anterior em simples “petição”.

SEM RITOS – Essa nova investigação foi aberta após a Folha revelar que o gabinete do ministro no Supremo ordenou por mensagens e de forma não oficial a produção de relatórios pelo TSE para embasar decisões do próprio Moraes contra bolsonaristas no âmbito do Supremo. À época das mensagens, ele era o presidente do TSE.

Os assessores de Moraes, segundo é demonstrado pelas mensagens, sabiam do risco dessa informalidade. Um deles demonstrou em conversa gravada essa preocupação. “Formalmente, se alguém for questionar, vai ficar uma coisa muito descarada, digamos assim. Como um juiz instrutor do Supremo manda [um pedido] pra alguém lotado no TSE e esse alguém, sem mais nem menos, obedece e manda um relatório, entendeu? Ficaria chato.”

Assim, o ministro no STF ordenava de forma não oficial e ilegal a produção de relatórios pelo TSE para embasar decisões que ele já resolvera tomar, sem que houvesse queixa ou mesmo denúncia anônima. Procurado por meio da assessoria, Moraes não se manifestou. Seu ato mais recente foi desfazer o inquérito e pedir que seja aberto, ouvida a Procuradoria-Geral da República, conforme é o rito processual e regimental.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, Moraes foi apanhado com batom na cueca e não adianta dizer à esposa que estava na igreja, numa missa de sétimo dia. Não adianta negar nem contratar o melhor advogado do mundo, porque a prova é irrefutável. No desespero, ele tentou um recuo, cancelando a abertura do inquérito. Mas era tarde demais e a marca do batom já tinha endurecido. Agora, o jogo virou. É Moraes quem está no banco dos réus, sob ataque de um escritório especializado em criminologia. Barroso pode dizer que não há razões para impedimento e suspeição, mas existem, e por de mais. Ao mesmo tempo, vai ruindo a acusação contra o idoso Roberto Mantovani, que está passando de agressor a vítima no processo do Aeroporto de Roma. Portanto, se você encontrar uma careca de meia idade na rua, abraçado a um poste, cantando “Meu Mundo Caiu”, não tenha dúvidas, é Alexandre de Moraes. (C.N.)