Inelegível e indiciado, Bolsonaro não deixará Tarcísio ser candidato?

Bolsonaro admite que Tarcísio não conhecia São Paulo antes de ser governador – Política – CartaCapital

Tarcísio pretende acatar a decisão de Bolsonaro em 2026

Tales Faria
do UOL

Nem o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), nem ninguém, inclusive sua mulher, Michelle Bolsonaro (PL). O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pretende registrar seu próprio nome como candidato a presidente da República em 2026, mesmo estando inelegível ou até condenado nos processos que correm na Justiça.

É isso que ele tem confidenciado aos aliados mais próximos. E não é uma decisão impensada.

CONFUNDIR O ELEITOR -A estratégia do ex-presidente é colocar um de seus filhos como candidato a vice. No caso de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) indeferir o pedido de registro —o que é esperado— a chapa continuará encabeçada por “Bolsonaro”.

Isso servirá para confundir a cabeça de boa parte dos eleitores que pensará estar votando no Bolsonaro pai. E quanto mais tempo o TSE demorar para impugnar a candidatura, mais tempo o ex-presidente terá para fazer campanha como se fosse um candidato de verdade.

“Serei candidato de qualquer maneira”, tem dito Bolsonaro.

IGUAL A LULA – O ex-ministro do TSE Henrique Neves explica que a Justiça Eleitoral já viveu situação semelhante com o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, quando ele estava inelegível por conta da Lava Jato:

“Em 2018, Lula acabou substituído pelo [Fernando] Haddad. Em princípio, conseguiu fazer campanha até que o plenário do TSE indeferiu o registro. A substituição, em qualquer caso, só pode ocorrer até 20 dias antes da campanha. Naquela época, o TSE julgou o processo rapidamente, e o registro do Lula foi indeferido no final de agosto, logo no início da fase de propaganda no rádio e na TV.”

15 A 20 DIAS – Neves é um dos maiores especialistas do país em direito eleitoral. Questionado se acredita que Bolsonaro conseguirá fazer campanha por alguns dias, o ex-ministro do TSE respondeu:

“Há muito tempo defendo que todas essas questões —para saber se alguém pode ou não ser candidato— tinham que ser resolvidas antes mesmo das convenções partidárias. Até para dar segurança aos partidos no momento da escolha. Mas não creio que mudem muita coisa para 2026. Qualquer pessoa pode pedir o registro, mesmo sem ter nenhuma chance. A Justiça eleitoral negará, mas isso deve levar uns 15 a 20 dias.”

QUAL FILHO? – A coluna apurou que Bolsonaro ainda não decidiu qual de seus filhos será o candidato a vice. Hoje, o nome mais cotado é o do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), cuja possibilidade de candidatura ao Planalto já foi anunciada pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

O ex-presidente gostaria de ver o filho candidato a governador de São Paulo. Mas teria que descartar Tarcísio, que ele avalia já estar praticamente reeleito. Tarcísio pode servir melhor como cabo eleitoral da candidatura de Eduardo ao Planalto.

Se o filho de Bolsonaro perder, ele terá uma vaga no secretariado do governador de São Paulo.

MICHELLE – Michelle Bolsonaro também tem o sobrenome considerado adequado, mas o ex-presidente não cogita tê-la como candidata a vice-presidente. Bolsonaro só confia mesmo nos filhos.

Vale lembrar que o ex-presidente chegou a provocar um racha familiar quando sua primeira mulher, Rogéria, quis ser candidata a vereadora no Rio de Janeiro. Ele lançou o filho Carlos para impedir que os votos do sobrenome “Bolsonaro” fossem para Rogéria.

Se tudo ocorrer como espera o ex-presidente, em 2026, o nome “Bolsonaro” constará nas urnas eleitorais de todo o país.

Era impossível matar Jeca, Joca e a Professora na data marcada

Lula assina acordos com catadores de materiais recicláveis e doa imóvel da  União

Lula estava assim, no encontro com catadores de lixo

Weslley Galzo
Estadão

O general e os conspiradores “kids pretos” presos nesta terça-feira, 19, pela Polícia Federal (PF) escolheram o dia 15 de dezembro de 2022 para executar o plano que previa assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, segundo as investigações.

Na data escolhida pelos militares para realizar o golpe de Estado, as três autoridades – apelidadas de Jeca, Joca e Professora – estavam em agendas públicas fora das sedes dos Poderes.

NATAL DOS CATADORES – Lula, na ocasião, presidente eleito, estava na Associação Nacional dos Catadores, em São Paulo, onde participou de uma confraternização de Natal. A associação fica localizada no centro da capital paulista, na Rua 24 de maio, no bairro da República.

Já Alckmin participou do evento “Pacto pela Aprendizagem”, organizado pela Unesco e pela ONG Todos pela Educação, no B Hotel, localizado na área central de Brasília, e despachou da sede do governo de transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), também na capital federal, que mantinha algumas atividades abertas ao público durante aquele período.

O ministro Alexandre de Moraes, que à época exercia o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), participou de um evento em um condomínio de luxo na Asa Norte de Brasília. O Condomínio ION, onde foi realizado o 4º Seminário STF em Ação, conta com uma série de salas de conferência e escritórios. Os organizadores do encontro venderam ingressos ao público interessado em assistir às palestras de Moraes e outros ministros do STF.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Entre planejar e executar, há quilômetros de distância. Justamente por isso, a lei não considera crime o mero planejamento, sem haver, pelo menos, a tentativa de cometê-lo. No caso, como matar Lula, Alckmin e Moraes no mesmo dia? Nem Osama Bin Laden conseguiria. (C.N.)

Mauro Cid explodiu com seu advogado e o obrigou a se desmentir

Tenente-coronel Mauro Cid fala com advogado Cezar Bitencourt

Advogado inventou uma declaração que Mauro Cid não fez

Igor Gadelha
Metrópoles

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid explodiu com seu advogado, Cezar Bitencourt, após prestar novo depoimento ao ministro do STF Alexandre de Moraes na tarde da quinta-feira (21/11).

O motivo da irritação, segundo aliados, foram as entrevistas dadas pelo advogado para falar sobre a oitiva. Em uma delas, Cezar afirmou que Cid teria dito que Bolsonaro sabia do plano para matar o presidente Lula envenenado.

O ex-ajudante de ordens negou a interlocutores que tenha dado essa informação no depoimento. O militar ressaltou, nos bastidores, que ele próprio negou a Moraes que tivesse conhecimento sobre o suposto plano para matar Lula.

TUDO ERRADO – Na oitiva, Cid confirmou que houve uma reunião na casa do general Braga Netto, em Brasília, no dia 12 de novembro de 2022 com outros militares para tratar de um plano golpista. Ele reiterou, porém, que teria ido embora mais cedo.

Irritado com as entrevistas, o ex-ajudante de ordens ligou para seu advogado na tarde da sexta-feira (22/11) e pediu que ele recuasse da declaração de que Bolsonaro saberia do plano para matar Lula. O advogado Cezar Bittencourt assim fez.

A interlocutores, Cid relatou ter contado no depoimento ao STF que Bolsonaro tinha conhecimento sobre o plano golpista defendido por militares para evitar a posse de Lula, o que não envolveria a morte do atual chefe do Palácio do Planalto.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Com um advogado desse nível, que só trabalha em Justiça Militar, Mauro Cid nem precisa de inimigos. Agora, o tenente-coronel vai bater de frente com o general Braga Netto, que desmente a reunião em sua casa no dia 12 de dezembro, quando os “kids pretos” barbarizaram Brasília, tentando invadir a sede da Polícia Federal, incendiando carros e ônibus e promovendo o caos. Braga Netto diz que pode provar que não houve a reunião e exige uma acareação.(C.N.)       

A antítese de Castro Alves, em sua incansável luta abolicionista

Um desesperado poema de Castro Alves, que morria de amor pela belíssima  atriz Eugênia Câmara - Flávio ChavesPaulo Peres
Poemas & Canções

O poeta baiano Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), símbolo da nossa literatura abolicionista, motivo pelo qual é conhecido como “Poeta dos Escravos”, no poema Antítese, justifica o emprego do título pela descrição oposta, contrária entre homem branco (livre) e o negro (escravo).

ANTÍTESE
Castro Alves

Cintila a festa nas salas!
Das serpentinas de prata
Jorram luzes em cascata
Sobre sedas e rubins.
Soa a orquestra … Como silfos
Na valsa os pares perpassam,
Sobre as flores, que se enlaçam
Dos tapetes nos coxins.

Entanto a névoa da noite
No átrio, na vasta rua,
Como um sudário flutua
Nos ombros da solidão.
E as ventanias errantes,
Pelos ermos perpassando,
Vão se ocultar soluçando
Nos antros da escuridão.

Tudo é deserto. . . somente
À praça em meio se agita
Dúbia forma que palpita,
Se estorce em rouco estertor.

— Espécie de cão sem dono
Desprezado na agonia,
Larva da noite sombria,
Mescla de trevas e horror.

É ele o escravo maldito,
O velho desamparado,
Bem como o cedro lascado,
Bem como o cedro no chão.
Tem por leito de agonias
As lájeas do pavimento,
E como único lamento
Passa rugindo o tufão.

Chorai, orvalhos da noite,
Soluçai, ventos errantes.
Astros da noite brilhantes
Sede os círios do infeliz!
Que o cadáver insepulto,
Nas praças abandonado,
É um verbo de luz, um brado
Que a liberdade prediz.

Braga Netto nega o golpe e diz que manteve a lealdade a Bolsonaro

PF indicia Bolsonaro, Braga Netto, Augusto Heleno e mais 34 pessoas por  participação na tentativa de golpe de Estado em 2022

Braga Netto responde através do advogado de defesa

Sarah Teófilo
O Globo

O general Braga Netto, ministro (Casa Civil e Defesa) no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou neste sábado, por meio de sua defesa jurídica, ter sido um dos poucos que se manteve leal ao lado do ex-chefe, Jair Bolsonaro.

O ex-presidente, Braga Netto e outros 35 homens, a maioria militares, foram indiciados pela Polícia Federal nesta semana por tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa.

“Durante o governo passado [Braga Netto] foi um dos pouco, entre civis e militares, que manteve a lealdade ao Presidente Bolsonaro até o final do governo, em dezembro de 2022, e a mantém até os dias atuais, por crença nos mesmos valores e princípios inegociáveis”, escreveu a defesa em uma nota publicada nas redes sociais de Braga Netto.

CORREÇÃO ÉTICA – A nota ressalta ainda que o militar “sempre primou pela correção ética e moral na busca de soluções legais e constitucionais”.

“A defesa do general Braga Netto acredita que a observância dos ritos do devido processo legal elucidarão a verdade dos fatos e a responsabilidades de cada entende envolvido nos referidos inquéritos, por sujas ações e omissões”.

O ex-ministro escreveu, junto com a nota, que “nunca se tratou de golpe e muito menos de plano de assassinar alguém”. Segundo investigação da PF, o plano de tomar o poder e manter Bolsonaro na presidência envolvia matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no fim de 2022.

DIZ A PF – Ex-ministro e candidato a vice na chapa à reeleição de Bolsonaro, Braga Netto teria atuado na incitação contra membros das Forças Armadas que não aderiram à tentativa de golpe, conforme apuração da PF. Mensagens mostram que ele ordenou críticas aos então comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior.

Além disso, a casa de Braga Netto teria usada para reunião no dia 12 de novembro de 2022, quando, segundo a PF, foi discutido o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes. De acordo com a investigação, o monitoramento do ministro do STF começou a ser feito “logo após a reunião”.

Também depois desse encontro, os investigadores descobriram que os militares à frente do plano compartilharam um documento com uma estimativa de gastos para “possivelmente viabilizar as ações clandestinas que seriam executadas”.

GABINETE DA CRISE – As investigações identificaram ainda que o grupo alvo da operação previa que Braga Netto e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno ficassem no comando de um “gabinete de crise”.

Documentos apreendidos pelos investigadores apontam que a ideia era que esse gabinete fosse formado imediatamente após os assassinatos serem concretizados.

A Polícia Federal também aponta Braga Netto como elo entre o ex-presidente e integrantes dos acampamentos montados em frente aos quartéis do Exército que pediam intervenção militar após a vitória de Lula.

DELAÇÃO DE CID – A apuração tem como base a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. De acordo com o relato dele à PF, Braga Netto costumava atualizar Bolsonaro sobre o andamento das manifestações golpistas e fazia um elo entre o ex-presidente e integrantes dos acampamentos antidemocráticos.

Em nota divulgada na quinta-feira, a defesa do general repudiou a difusão de informações do inquérito e disse que aguardaria o recebimento oficial “dos elementos informativos para adotar um posicionamento formal e fundamentado”.

Putin e Trump adotam o ‘manda quem pode’, e Zelensky fica em maus lençóis

Trump lança oficialmente campanha pela reeleição em 18 de junho | Agência  Brasil

Trump quer parar a guerra logo no início de seu governo

Wálter Maierovitch
do UOL

O direito internacional público não incorporou o ditado popular do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. O autocrata russo Vladimir Putin e o antidemocrático Donald Trump adotam o “manda quem pode”. Referentemente à paz na Ucrânia, ambos estão com divergências mínimas.

Volodymyr Zelensky, por sua vez, está em situação complicada. Em breve, ficará sem o apoio de Joe Biden. E a recente autorização dada para usar mísseis de longo alcance (até 300 km) made in USA será cassada por Trump. Certamente, Zelensky terá de pensar em poupar os civis da fúria de Putin.

MANDA QUEM PODE – As normas do direito internacional, o chamado direito das gentes, são conhecidas, e a carta constitutiva das Nações Unidas continua em pleno rigor, apesar de constantemente desobedecida — por exemplo, na invasão da Ucrânia pelos russos, em 24 de fevereiro de 2022.

Da parte de Trump, o “manda quem pode” estará em vigor a partir de 20 de janeiro, data da posse presidencial. Trump e Putin, pelo que se sabe, já teriam acertado, pelos seus prepostos diplomáticos e telefonema secreto revelado pelo Washington Post, um plano de paz para colocar fim à guerra na Ucrânia.

Trump prometeu em campanha eleitoral resolver a guerra entre Rússia e Ucrânia, em 24 horas, daí a busca de acerto com Putin. Isso não é mais novidade para os 007 dos serviços de inteligência.

GENERAL INVERNO – Como notado no final de semana pelos especialistas militares em geoestratégia, Putin recoloca, bombardeando pesadamente Kiev, o seu plano de ataque de inverno. Pretende enfraquecer ao máximo o poder de resistência da população ucraniana. Deixar os ucranianos sem fonte de aquecimento e luz é, de novo, o objetivo do presidente russo.

Os pesados ataques de final de semana miraram na infraestrutura civil de sustentação à cidade de Kiev. As forças russas dispararam, entre sábado e domingo passados, 120 mísseis e utilizaram 90 drones.

Uma outra estação invernal privada de aquecimento e com alargamento dos limites dos territórios apossados, darão a Putin maior musculatura numa negociação de paz.

REFERENDO – Putin, que já fez um referendo nas zonas ocupadas, com soldados a intimidar e distribuir cédulas nas casas, já considera, como integrantes da Federação Russa, os territórios de Lugansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson. Para a apropriação, baseou-se no tal referendo.

Com o plano de paz costurado a quatro mãos, o presidente Zelensky, a União Europeia e a Otan serão avisados apenas para engolir o sapo, sem nem poder cortar as unhas dele ao deglutir.

Trump estaria disposto a deixar com os russos os territórios já ocupados: hoje os russos controlam cerca de 20% do território ucraniano.

ZONA DESMILITARIZADA – Sua ideia, além daquelas de terminar com as ajudas econômica e militar à Ucrânia, seria criar uma zona-tampão, desmilitarizada.

Essa zona desmilitarizada teria 1 km e caberia a vigilância a uma força de paz europeia, com despesas cobertas apenas pela Europa.

Zelensky, sem Biden, até já concorda em ceder territórios, mas quer o ingresso da Ucrânia na Otan, para o país ter segurança. Mas Trump e Putin não querem a Ucrânia na Otan. O presidente eleito deseja que Ucrânia seja um “Estado neutro” e desmilitarizado.

FUTURO DISTANTE – Pelo seu lado, a Otan diz estar disposta a aceitar a Ucrânia, num futuro distante e o prazo de deliberação a começar a contar após o fim da guerra.

Para surpresa, a Otan já emite sinais de concordar com as anexações da Criméia e boa parte de Donbass. Certamente, a ponte de ligação entre Crimeia e o Donbass, no mar de Azov, não precisará mais ser mantida em super vigilância por Putin.

A Europa teme o avanço da Federação Russa e volta a lembrar uma eventual tentativa russa de anexação do enclave da Transnistria, na Moldávia.

NOVA BIELORRÚSSIA – Os governos europeus, Alemanha, Itália e França à frente, temem que a Ucrânia transforme-se numa Bielorrússia, onde Putin manda e desmanda no ditador Alexandre Lukashenko

Ao invadir a Ucrânia, o presidente russo justificou a ação bélica. Segundo sustentou, seria para colocar fim ao nazismo na Ucrânia, tudo em defesa de cidadãos russos dos enclaves, de fala russa.

Agora, a jogar de mão com Trump, Putin já poderá pensar na consolidação da parte meridional, de Mariupol ao mar do Azov. Também na parte oriental da região de Kherson, e cerca de 90% de Zaporizhzhia e 75% do Donbass. Isso tudo daria 20% da Ucrânia. Enfim, um novo mapa da Federação Russa.

Bolsonaro ironiza a “historinha de golpe”, como “narrativa” de Moraes

Vídeos: Bolsonaro corta cabelo e acaba cercado por moradores no interior de  AL - Portal do Alex Braga

Jair Bolsonaro corta do cabelo no interior de Alagoas

Patrícia Nadir
da CNN

O ex-presidente Jair Bolsonaro chamou o inquérito que apura um plano de golpe para mantê-lo no poder de “historinha”. Segundo ele, a investigação é uma “narrativa inventada” pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) com a Polícia Federal (PF).

“Não acredito nessa historinha de golpe. Golpe em que ninguém viu um soldado sequer na rua. Um tiro. Ninguém sendo preso. Alexandre de Moraes fica inventando narrativa com a Polícia Federal bastante criativa”, disse em conversa com apoiadores em Alagoas neste sábado (23).

PLANTAR BATATA – A PF indiciou Bolsonaro e mais 36 pessoas por supostamente tramar a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre Moraes. O relatório aponta crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

“O que eles estão fazendo agora com essa historinha de golpe. Iam sequestrar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes para que? E depois envenenar? Vai plantar batata onde você bem entender. Pelo amor de deus. Deixa de perseguir as pessoas por interesse pessoal”, declarou Bolsonaro.

Sobre o 8 de Janeiro, o ex-presidente afirmou que os investigados pelos atos “são pobres coitados, inocentes, chefes de famílias, que não têm culpa de nada”. Segundo ele, uma minoria invadiu e entrou na Câmara, Senado e Supremo.

CULPAR OS MILITARES – Bolsonaro afirmou ainda que o pacote de corte de gastos do governo federal envolvendo o Ministério da Defesa é uma forma do governo Lula “culpar” as Forças Armadas pela suposta tentativa de golpe de Estado.

“O governo está indo para cima dos militares para tirar mais dinheiro da previdência deles. No tocante aos projetos estratégicos, foram congelados. Eles querem culpar as forças armadas e a mim a tentativa de golpe, como se Lula fosse defensor da democracia”, disse Bolsonaro.

A equipe econômica do governo Lula tem discutido medidas para conter as despesas para manter a viabilidade das regras fiscais e equilibrar as contas públicas. Na proposta, o governo prevê alterações nos gastos com a aposentadoria dos militares. Ainda está em fase de ajustes a progressão de carreira dos militares, que ocorre em cadeia.

Se Bolsonaro for preso, o país pode enfrentar uma convulsão social?

Tribuna da Internet | Medo de Bolsonaro ser preso está na origem e no desfecho da trama do golpe

Charge do Lattuff (Brasil de fato)

Diogo Schelp
Estadão

As digitais de Jair Bolsonaro estão por toda parte nas evidências levantadas pela investigação da Polícia Federal que embasou seu indiciamento, nesta quinta-feira, 21, junto com outras 36 pessoas, por suspeita de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado, em 2022. O relatório da PF precisa ser analisado pela Procuradoria-Geral da República, que decide se apresenta denúncia.

Se sim, caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF) transformar Bolsonaro em réu, se avaliar que há elementos para isso. Até que se obtenha uma eventual condenação e, aí sim, a detenção do ex-presidente, podem-se passar muitos meses. Antes disso, só se houver o entendimento de que ele está interferindo no processo ou se houver risco de fuga, entre outras razões que justificam, na lei, uma prisão preventiva.

AINDA NÃO – Não há, portanto, sinais, por ora, de que uma prisão de Bolsonaro seja iminente. Mas é essa possibilidade que está na cabeça de todos os brasileiros – e, certamente, na de Bolsonaro, pois ele próprio já mencionou esse risco em alguns instantes cruciais das investigações que se desenrolaram contra ele nos últimos dois anos.

 Nessas horas, Bolsonaro e seus aliados sempre tratam de difundir a ideia de que enfiá-lo na cadeia levará o País a um estado de caos social.

Mesmo antes das eleições de 2022, Bolsonaro recorria a um manjado espantalho contra uma eventual vitória de Lula: o de que isso jogaria o País em uma guerra civil.

PLANO VIOLENTO – Mal sabíamos que logo depois disso, supostamente, ele tramou para que militares colocassem em prática um plano violento para impedir a troca de governo.

A tal guerra civil não aconteceu, ainda que as mentiras de Bolsonaro a respeito da lisura do processo eleitoral tenham tido a capacidade de mobilizar bloqueios em estradas e acampamentos diante de quartéis, com pequenas multidões ansiosas por uma reviravolta armada.

Aliados de Bolsonaro classificavam essas iniciativas como “manifestações pacíficas e democráticas”, mas fato é que desembocaram no ato de vandalismo de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, com claro intuito de provocar uma intervenção militar que resultasse na deposição de Lula, recém-empossado.

Em meio às detenções que ocorreram nas semanas seguintes ao fracassado levante golpista, falava-se também na possibilidade de Bolsonaro acabar preso.

CONVULSÃO SOCIAL – Seus apoiadores mais próximos passaram a pintar com tintas fortes um cenário de convulsão social generalizado no país, caso isso acontecesse. A quebradeira de 8 de janeiro seria brincadeira de criança perto do que poderia acontecer se Bolsonaro fosse parar atrás das grades.

O senador Flávio Bolsonaro chegou a dizer, em fevereiro de 2023, que a prisão de seu pai seria “burrice” e que o transformaria em um “mártir” da direita.

Quase dois anos depois, dois indiciamentos (pelas suspeitas de fraude de cartão de vacinação e de venda de joias da Presidência) e duas condenações na Justiça Eleitoral depois, a probabilidade de que a prisão de Bolsonaro, se e quando ocorrer, resulte em uma guerra civil ou até mesmo em uma grande convulsão social é muito remota.

DESTINO CARCERÁRIO – É possível que ele consiga produzir imagens de milhares de apoiadores indo às ruas em protesto ou carregando-o nos braços antes de se entregar à polícia, como fez Lula em abril de 2018. Mas isso não será capaz de mudar seu destino carcerário, como não mudou o de Lula, que ficou 580 dias preso.

Há pelo menos três motivos pelos quais é baixo o risco de convulsão social caso Bolsonaro seja preso. O primeiro é que seu capital político e sua capacidade de mobilizar multidões se desgastou nos últimos dois anos.

 Mesmo os bolsonaristas mais arraigados podem ter sentido sua fé no mito abalada em alguns momentos ao serem confrontados com detalhes sórdidos sobre as suspeitas que resultaram nos seus dois primeiros indiciamentos e, agora, sobre o suposto envolvimento em um complô que incluía matar três figuras importantes da República.

EM QUEDA – Inelegível, Bolsonaro se tornou um líder sem perspectiva de poder. A adesão aos atos públicos convocados por ele está em queda. A última manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 7 de setembro, teve 45,4 mil pessoas no auge, em comparação com o público de 185 mil pessoas registrado em fevereiro deste ano, convocado após a operação da PF que expôs a hipótese de uma possível participação dele e de pessoas próximas em uma tentativa de golpe.

Se ele for preso, Bolsonaro até pode ver revigorada sua capacidade de reunir multidões. Mas daí a uma guerra civil, vai uma grande distância.

Bolsonaro e seu entorno querem fazer crer que o Brasil é um barril de pólvora e que sua prisão seria a faísca capaz de levar tudo pelos ares. Mas é só um fósforo molhado.

Caso de Rose, amante de Lula, enfim será julgado na Comissão de Ética

Rosemary Noronha, ex-assessora de Lula, em foto de 2009

Lula criou uma cargo para a amante com carro e motorista

Mônica Bergamo
Folha

Um caso envolvendo a ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha e outros três alvos de uma operação de 2012 da Polícia Federal entrou na pauta de julgamentos da Comissão de Ética Pública, ligada à Presidência da República. O processo é de 2013 e está entre os que serão analisados na reunião desta segunda-feira (25), podendo levar à pena de censura ética.

Além de Rosemary, que foi assessora especial do presidente Lula (PT) e trabalhou com ele durante décadas, o caso envolve o ex-advogado-geral adjunto da União José Weber Holanda Alves e os irmãos Paulo Vieira e Rubens Carlos Vieira, ex-diretores da ANA (Agência Nacional de Águas) e da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

VENDA DE PARECERES – Todos foram investigados pela PF na Operação Porto Seguro, que mirou um esquema de venda de pareceres de órgãos públicos a empresas privadas. Em 2021, a Justiça Federal em São Paulo considerou nulas as provas obtidas na época e encerrou ações penais do caso que tinham os quatro como réus.

A reportagem não conseguiu contato com as defesas deles para comentar o caso da Comissão de Ética.

O processo corre em sigilo e chegou a entrar na previsão da sessão de julgamentos do mês passado, mas foi retirado da pauta por solicitação do relator, o advogado Manoel Caetano Ferreira Filho, que também é o presidente do órgão.

CENSURA ÉTICA – A pena máxima aplicada pelo colegiado é a chamada censura ética, uma advertência que fica disponível nos registros oficiais e pode ter consequências na nomeação para cargos, por exemplo. Quando a apuração veio à tona, os alvos foram exonerados ou afastados de seus postos.

A Operação Porto Seguro foi deflagrada em novembro de 2012 e incluiu buscas no escritório da Presidência da República em São Paulo.

Na época, a presidente era Dilma Rousseff (PT). Nos mandatos anteriores de Lula (2003-2010), Rosemary foi também nomeada para cargos de assessoria.

DEFESA NEGA – Desde o período da abertura da ação, a defesa da ex-assessora nega as suspeitas de irregularidades.

Uma decisão da CGU (Controladoria-Geral da União) em decorrência das investigações impediu Rosemary de ocupar cargos públicos, sob a justificativa de prática de improbidade administrativa.

Em 2023, segundo a revista Veja, ela teve negado um recurso para que a punição fosse revista, após usar como argumento sua absolvição na esfera penal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A matéria requer tradução simultânea. Rosemary, secretária do Sindicato dos Bancários de São Paulo, era amante de Lula desde os anos 90. Ao ser eleito, Lula criou o cargo de chefe de Gabinete da Presidência em São Paulo, montou para ela um escritório luxuoso, com secretárias, assessores, carro oficial, motorista e combustível liberado. Para serviços de cama e mesa, Lula levou a amante ao exterior 34 vezes, pagando diárias em dólar. Os acusados de vender pareceres na Agência Nacional de Águas e na Aviação Civil eram primos de Rose. Eles não foram absolvidos. O processo foi anulado por quebra de sigilo irregular. Lula nomeou também a filha de Rose, que dizem ser filha dele, pois nasceu quando os dois já eram amantes. Em qualquer país minimamente civilizado, Lula teria sido expulso da vida pública por comprar serviços da amante pagando com recursos públicos. Mas aqui tudo é festa. (C.N.) 

Sucessão de hostilidades indica que a Terceira Guerra está no ar

Veículo verde com um tubo para carregar míssil nuclear passa à frente do Kremlin

Um míssil transcontinental teria sido usado por Moscou

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Discursando no G20, Lula foi genérico: “não é preciso esperar uma nova guerra mundial ou um colapso econômico para promover as transformações de que a ordem internacional necessita”.

Há duas semanas, o jornalista americano George Will foi específico em sua coluna no Washington Post: “a Terceira Guerra Mundial já começou”. Will é um veterano conservador, independente e erudito. Ele lembra que a Segunda Guerra começou cronologicamente em setembro de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha, depois de uma “cascata de crises”.

HOSTILIDADES – Àquela altura, o Japão já havia ocupado a Manchúria (1931). Some-se a isso que o Terceiro Reich já havia engolido a Áustria (março de 1938) e um pedaço da Tchecoslováquia (dezembro de 1938). A Itália atacou a Abissínia em 1935 e invadiu a Albânia em abril de 1939.

Will lembra que a Rússia anexou a Crimeia em 2014 e invadiu a Ucrânia em 2022. Para ele, a participação americana na Segunda Guerra começou em 1940, quando a Marinha patrulhou as rotas marítimas do Atlântico Norte.

Já a mobilização dos Estados Unidos nesta Terceira Guerra começou antes mesmo da remessa para Israel de um escalão de cem soldados para operar um sistema de defesa antimísseis. Os Estados Unidos abastecem com informações os governos da Ucrânia e de Israel.

CRISE EM ALTA – Depois do artigo de Will, a crise escalou. O presidente Joe Biden autorizou as forças ucranianas a disparar mísseis americanos de médio alcance contra tropas russas que estão em seu território. Na outra ponta, hierarcas russos falam no risco de uma guerra, e as tropas de Vladimir Putin receberam um reforço de 10 mil soldados norte-coreanos.

Para Will, a cascata de crises se espalha por 6 dos 24 fusos horários do planeta, indo da fronteira ocidental da Rússia até os mares da Ásia, onde a China aperta as Filipinas. Enquanto isso, nenhum dos dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos parecia perceber o tamanho do problema.

Para o americano comum, a Segunda Guerra só começou em dezembro de 1941, quando os japoneses atacaram a base naval de Pearl Harbor, no Pacífico. Para os russos, ela começou seis meses antes, em junho, quando o aliado alemão invadiu a falecida União Soviética. Eram os maremotos da cascata de crises.

EIXO DO MAL – Will fala de um eixo que junta a Rússia, China, Irã e a Coreia do Norte. Tratando da China, o falecido Henry Kissinger escreveu, em 2012, que o país e os Estados Unidos construíam uma rivalidade semelhante à da Inglaterra e da Alemanha nos primeiros anos do século passado. A Primeira Guerra Mundial começou em 1914.

A cascata de crises está na mesa. Talvez a Terceira Guerra ainda não tenha começado. Caso ela comece, os primeiros anos desta década serão vistos como se olha hoje para a segunda metade dos anos 30 do século passado.

Todos os maus augúrios não levam em conta que, em janeiro, Donald Trump assumirá a Presidência dos Estados Unidos. George Will foi republicano e, em 2020, votou em Joe Biden. Na última eleição, anunciou que votaria em Kamala Harris.

Mourão diz que plano é ‘fanfarronada’ e não houve tentativa de golpe

Mourão diz que não existe golpe sem apoio do Exército

Thaísa Oliveira
Folha

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente da República de Jair Bolsonaro (PL), afirmou que o plano revelado pela Polícia Federal é “sem pé nem cabeça” e rechaçou que o país tenha sofrido uma tentativa de golpe após a vitória de Lula (PT).

A declaração do senador foi dada ao último episódio do podcast dele, “Bom dia com Mourão”, publicado nesta sexta-feira (22). Esta foi a primeira manifestação pública de Mourão após a revelação de um plano para matar Lula, Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes.

DIZ MOURÃO – “Nós temos um grupo de militares, pequeno, a maioria militares da reserva, que em tese montaram um plano sem pé nem cabeça. Não consigo nem imaginar como uma tentativa de golpe. É importante que as pessoas compreendam que tentativa de golpe tem que ter o apoio expressivo das Forças Armadas”, disse.

Desde as primeiras informações sobre os planos para que Bolsonaro, mesmo derrotado, continuasse no poder —como a minuta para mudar o resultado das eleições—, o senador busca minimizar as revelações com o argumento de que as ideias ou não seriam factíveis ou não teriam respaldo militar.

CRÍTICAS IRÔNICAS – Ao falar sobre o encerramento do inquérito da PF sobre o caso, o senador classificou o plano como “fanfarronada” e disse que “não houve o deslocamento de tropa”. Mourão também afirmou que o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes era “sem pé nem cabeça”.

A investigação aponta, com vários indícios, que militares do Exército com formação em forças especiais se mobilizaram de fato em dezembro de 2022 nas imediações de endereços onde estariam Moraes com o objetivo de prendê-lo, sequestrá-lo ou assassiná-lo. A operação foi abortada.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mourão tem razão. O golpe, em si, é uma bobajada. Acrescentando-se a morte de Lula, Alckmin e Mourão, passa a ser uma tremenda insanidade. Todos sabem que o Estado Maior do Exército recusou o golpe. E se o Exército não aceitou o golpe, logicamente iria reprimi-lo, se fosse tentado. Isso só aconteceu na cabeça do Moraes, onde não tem nada – nem cabelos nem ideias. (C.N.)

As poéticas chuvas de verão do mestre Fernando Lobo, pai do Edu

O rádio faz história: Fernando Lobo: radialista boêmio

Fernando Lobo, um grande compositor

Paulo Peres
Poemas & Canções 

O jornalista, radialista e compositor pernambucano Fernando de Castro Lobo (1915-1996), ao compor “Chuvas de Verão”, retratou na letra o clima de confissões amorosas que prolongavam ou encerravam romances iniciados nos anos 40 e 50.

A música, gravada originalmente por Francisco Alves, em 1949, pela Odeon, talvez não se tornasse um clássico, conforme reconheceu o próprio Fernando Lobo, não fora a versão gravada por Caetano Veloso, vinte anos depois.

Caetano Veloso, juntou a beleza já existente na composição ao clima de rompimento amoroso, com uma delicadeza de tratamento que faltou à gravação original; a canção tem seu momento culminante no verso que repete o título, definindo com lirismo e precisão a transitoriedade dos romances de ocasião.

CHUVAS DE VERÃO
Fernando Lobo

Podemos ser amigos simplesmente
Coisas do amor nunca mais
Amores do passado, do presente
Repetem velhos temas tão banais

Ressentimentos passam como o vento
São coisas de momento
São chuvas de verão
Trazer uma aflição dentro do peito.
É dar vida a um defeito
Que se extingue com a razão

Estranha no meu peito
Estranha na minha alma
Agora eu tenho calma
Não te desejo mais

Podemos ser amigos simplesmente
Amigos, simplesmente, nada mais

É comovente a excitação jornalística com o indiciamento de Bolsonaro

Charges irônicas e críticas ao terrorismo de 8 de janeiro no DF – Sindicato  dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes

Charge do Céllus (Arquivo Google)

Mario Sabino
Metrópoles

Os jornalistas brasileiros estão excitadíssimos com o indiciamento de Jair Bolsonaro et caterva. Chega a ser comovente. Um deles comparou o que não existiu com o que existiu e disse que o “golpe de Bolsonaro seria mais violento do que o de 1964” (peço desculpas pelo arroubo do colega aos parentes das centenas de torturados e mortos pela ditadura militar).

Outro aventou que o nome “Punhal Verde Amarelo”, escolhido pelos kids pretos para a sua ação golpista, poderia ser uma referência à “Noite dos Longos Punhais” — que ele definiu como “o maior expurgo de opositores e pessoas que não compartilhavam da ideologia nazista” (o expurgo foi principalmente interno ao partido nazista, com a eliminação de Ernst Röhm, chefão das SA, e os seus asseclas, mas história não é o forte dos jornalistas brasileiros).

POLÍTICO MORTO? – Há também aqueles que já declaram Jair Bolsonaro morto politicamente, esquecendo que as ressurreições e encarnações são milagre cotidiano neste Brasil espírita.

A excitação é tão grande, que ninguém está nem aí, outra vez, com o fato de uma das vítimas na mira dos golpistas ser o juiz que os sentenciará — uma dessas inovações jurídicas que só cabem no Estado de Direito tabajara sob o qual vivemos.

Os jornalistas que não se incomodam com a inovação — pelo contrário, até a aplaudem entusiasticamente — são os mesmos que ficaram indignadíssimos com o fato de o então juiz Sergio Moro conversar fora dos autos da Lava Jato com o então procurador Deltan Dallagnol, o que constituiria gravíssimo atentado contra o Estado de Direito.

DESVÃOS TABAJARAS – O Estado de Direito, porém, não faltou ao chamamento dos filhos deste solo e de mãe gentil.

Nos seus desvãos tabajaras, o hackeamento do aplicativo de mensagens do procurador produziu provas cuja ilegalidade foi contornada com muita criatividade, coragem e determinação pelo nosso STF para soltar Lula e anular outras condenações no maior esquema de corrupção da história brasileira e quiçá mundial.

Quem acabou punido foi Deltan Dallagnol, cujo registro de candidato a deputado federal foi cassado também criativamente pelo TSE. Quanto a Sergio Moro, ele que fique esperto com a clava engenhosa da Justiça.

NOBRE REVANCHISMO – Os jornalistas estão excitadíssimos e alguns deles, armados do mais nobre revanchismo nascido em 1964, comemoram a humilhação a que Jair Bolsonaro e os kids pretos submeteram as Forças Armadas, que se deixaram enredar nessa história suja.

Que tenham sido elas a fazer-se de surdas aos apelos golpistas de integrantes seus, garantindo a manutenção da democracia, dentro do seu papel constitucional, isso é coisa de somenos, assim como a Constituição.

Tabajaras nascemos, tabajaras morreremos.

Polícia Federal mostra que Bolsonaro era o chefe da trama golpista

Former Army Commander Complicates Bolsonaro - 05/03/2024 - Brazil - Folha

Bolsonaro deve ser considerado chefe da conspiração

Bruno Boghossian
Folha

O indiciamento de Jair Bolsonaro, ex-ministros e generais atinge em cheio o alto comando da trama golpista. As investigações reuniram provas de uma ação orquestrada, articulada dentro do Palácio da Alvorada, com a participação direta do então presidente. Mais do que isso: sobram elementos para enquadrar o capitão como chefe da conspiração.

As provas colhidas pela Polícia Federal apontam que Bolsonaro exercia o papel de líder da tentativa de golpe. Ele foi responsável por dar forma final ao decreto que deveria melar as eleições e lançar o país num estado de exceção. O então presidente convocou comandantes militares para discutir uma intervenção armada e se reuniu pessoalmente com o general que coordenava um plano terrorista.

VOZ DE COMANDO – Bolsonaro deu voz de comando para a execução de pontos críticos daquele esquema. Ordenou a confecção do relatório das Forças Armadas que deveria disseminar falsas desconfianças sobre as urnas, pressionou o PL a apresentar uma ação para tentar anular a eleição e fez declarações calculadas para inflamar protestos que serviriam como estopim para uma operação militar.

O ex-presidente ainda aparece como ponto central de ações concretas que tinham a finalidade de desencadear o golpe.

O general Mario Fernandes, que elaborou um plano para matar Lula e Alexandre de Moraes, esteve com Bolsonaro e, depois, enviou uma mensagem celebrando o fato de o capitão ter concordado com o “nosso assessoramento”.

DEIXOU A BOMBA – A PF também aponta que o núcleo golpista atuou de maneira aplicada para incentivar manifestações em frente aos quartéis, com o objetivo declarado de justificar uma insurreição. Bolsonaro teve participação fundamental na preparação dessa bomba. Ele pode ter voado para os EUA, mas deixou por aqui o artefato que explodiria no dia 8 de janeiro.

As investigações enterram as fábulas usadas por Bolsonaro e seus comparsas para pintar a tentativa de golpe como uma mera meditação jurídica do candidato derrotado ou uma aventura dominical de senhorinhas frustradas.

Houve um esforço real para deflagrar um levante armado, transformar uma eleição em pó, sequestrar, matar e instalar um regime que tinha toda a cara de uma ditadura.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGComo todo o respeito ao excelente colunista, acredito que haja espaço para uma dúvida. Bolsonaro seria mesmo o chefe ou acabaria sendo escanteado por Braga Netto? Eis a questão. (C.N.)

Recriminações confundem a análise sobre a derrota democrata nos EUA

Análise: o quão diferente será o segundo governo de Donald Trump? | CNN Brasil

Trump aproveitou os desentendimentos entre democratas

Lúcia Guimarães
Folha

O defunto não estava enterrado, e já explodiu a briga entre os herdeiros. Enquanto Kamala Harris discursava concedendo a derrota, no último dia 6, o senador Bernie Sanders atacava com veemência a campanha democrata.

Sanders, um independente que se desfiliou do Partido Democrata em 2016, mas que ainda vota com eles, disse que a derrota de Kamala não era surpresa, porque o partido abandonou a classe trabalhadora e falou demais em raça e orientação sexual.

BASE DEMOCRATA – Trabalhadores formaram a base democrata até os anos 1990, quando, sob Bill Clinton, os Estados Unidos formaram o Nafta, acordo de livre comércio com México e Canadá.

O Nafta é hoje o espantalho na troca de acusações pela tripla derrota democrata neste ano. Aos 30 anos, o acordo epítome da globalização é citado frequentemente por democratas veteranos como o pecado original na alienação da classe trabalhadora.

De acordo com um velho adágio apócrifo —equivocadamente atribuído a John Steinbeck, autor de “As Vinhas da Ira”—, o socialismo não emplacava no país porque os trabalhadores americanos se viam não como proletários, mas como milionários sofrendo um embaraço temporário.

MOBILIDADE SOCIAL – A citação ilustra argumentos de economistas sobre a mobilidade social americana, que não acham viável implementar uma agenda política de classe neste país onde 59% dos republicanos de alta renda se identificam como trabalhadores e mais da metade da população geral diz pertencer à classe média.

Na onda de análises instantâneas que tem dominado os comentários políticos, o outro inimigo dos democratas seria a política de identidade.

Nos confusos estágios de luto com a derrota recente, centristas e parte da esquerda voltaram a sugerir que há uma escolha de Sofia entre privilegiar classe econômica e direitos humanos.

30% DOS ADULTOS – Trump é o 44º colocado em margem de vitória no voto popular entre as 51 eleições presidenciais nos últimos 200 anos. No momento, ele está abaixo de 50% dos votos —recebeu 49,89% contra 48,24% de Kamala.

A estimativa de abstenção em 2024 é de 36%, cerca de 90 milhões de americanos com idade para votar —uma população maior do que a que votou em Trump ou Kamala. Trump volta, então, à Casa Branca com os votos de 30% dos adultos, o que não é incomum neste país onde o voto não é obrigatório.

Em 2016 e 2020, nenhum democrata venceu a eleição para senador num estado que deu vitória ao republicano. Neste ano, quatro senadores democratas levaram estados em que o republicano venceu, o que sugere uma redução do “efeito Trump”.

MENOR MAIORIA – Na Câmara, a maioria republicana, mesmo com três assentos ainda não definidos, será a menor desde a década de 1950, quando os EUA passaram a ter 50 estados. É inegável que as urnas mostraram um realinhamento demográfico. Mas, em números, a vitória republicana não reflete um mandato esmagador.

A onda de recriminações que domina o debate político, além de consumir oxigênio que seria mais bem usado para enfrentar o tsunami autoritário em curso, ignora um fator decisivo: a captura das redes sociais pela ultradireita, não só com a interferência de Elon Musk.

Os americanos, com sua dieta pobre de informação, foram às urnas nutridos por uma apocalíptica realidade paralela sobre inflação, crime, imigração e pessoas transgênero. O octogenário Bernie Sanders não oferece uma estratégia para este cenário.

Se houver denúncia, a soma das penas de cada um pode chegar a 28 anos

Fernando Neisser, Autor em PRERRÔ

Neisser explica como é a dosimetria da pena

Mônica Bergamo
Folha

A pena máxima do crime de tentativa de golpe de Estado é de 12 anos de reclusão, a de tentativa de abolição do Estado de Direito é de 8 anos e a de organização criminosa é de 8 anos. Ou seja, a soma chega a 28 anos de prisão.

Esse total não leva em consideração eventuais pedidos de acréscimo de pena em razão de circunstâncias agravantes e combinação de condutas criminosas apontadas pela PF.

INELEGIBILIDADE – Segundo Fernando Neisser, advogado e professor de direito eleitoral da FGV (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo, depois de cumprida a pena, conta-se ainda oito anos de inelegibilidade em razão da aplicação de punição prevista na Lei da Ficha Limpa.

Hoje Bolsonaro tem 69 anos. Na hipótese de ser condenado em definitivo nesse caso e nessas condições em 2025, por exemplo, ele ficaria inelegível até 2061, quando teria 106 anos.

Um dos fatos mais graves atribuídos ao ex-presidente pela PF foi a atuação na elaboração da minuta de um decreto para dar uma roupagem formal às ações golpistas e impedir a posse do presidente Lula (PT). Na atual etapa de investigação, foi determinado apenas o recolhimento do passaporte de Bolsonaro e que ele não se comunique com outros investigados.

ANULAR AS ELEIÇÕES – Segundo uma das decisões do caso, expedida em janeiro pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a minuta “consubstanciava medidas de exceção, com detalhamento de ‘considerandos’ acerca de suposta interferência no Poder Judiciário no Poder Executivo, para decretar a prisão de diversas autoridades e a realização de novas eleições em vista de supostas fraudes no pleito presidencial”.

O rascunho do decreto teria sido objeto de reuniões convocadas pelo então presidente Bolsonaro que envolveram tanto integrantes civis do governo quanto militares da ativa, de acordo com a PF.

“Quanto ao ponto, a autoridade policial destaca a ocorrência de monitoramento de diversas autoridades, inclusive do relator da presente investigação [Moraes], no sentido de assegurar o cumprimento da ordem de prisão, em caso de consumação das providências golpistas”, completa a decisão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É preciso entender que o procurador pode se recusar a fazer a denúncia e pedir arquivamento se não houver provas materiais suficientes. Mesmo assim, o juiz pode tocar o processo e condenar o réu que o MP quer absolver. O artigo 385 do Código de Processo Penal tem a seguinte redação: “Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.” (C.N.)

Planalto liberou acesso a computadores do grupo que planejou matar Lula

Computadores e Desktops - Planalto, Natal - Rio Grande do Norte

Dados da impressão incriminam o general Mário Fernandes

Vinícius Valfré
Estadão

A Polícia Federal obteve registros de acesso e utilização de computadores do Palácio do Planalto na investigação sobre o grupo que planejou matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2022.

Relatório da PF revela que, a partir dos arquivos encontrados na Presidência da República, foi possível descobrir que militares tinham produzido o plano e impresso uma das versões dentro do Planalto.

Com 221 páginas, o relatório traz as provas levantadas pelos investigadores.

DADOS DE IMPRESSÃO – Os policiais federais solicitaram ao Palácio do Planalto os “logs” e o “spooling” de impressoras da sede do governo e do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, em 2022. Eles guardam dados sobre os trabalhos de impressão nos equipamentos. A Presidência autorizou que os investigadores pudessem ter acesso aos registros.

Nessa investida, a PF descobriu que um documento contendo o planejamento operacional denominado “Punhal verde amarelo” foi impresso às 17h09, de 9 de novembro de 2022, pelo general Mário Fernandes em uma impressora da Secretaria-Geral da Presidência.

A investigação recorreu aos registros de entrada e saída nas portarias dos prédios oficiais. A análise apontou que a portaria do Alvorada registrou a entrada do general Mário Fernandes, às 17h58 de 9 de novembro de 2022, ou seja, 41 minutos após a impressão do documento no Planalto.

PERÍCIA EM DIGITAL – No trabalho para identificar quem estava por trás de um dos números de celular usados por militares em grupo de conversas, a Polícia Federal enviou à perícia uma foto que estava no aparelho e na qual aparecia o indicador de um dos investigados.

Por meio da imagem, a apuração do Instituto Nacional de Identificação (INI) identificou o major Rafael Martins de Oliveira. Ele havia usado, segundo o relatório da PF, dados de um homem que se envolvera em acidente de trânsito com ele semanas antes. O militar havia armazenado foto da CNH e do documento do carro do condutor.

Segundo a PF, o grupo habilitou linhas em nomes de pessoas sem qualquer relação com os fatos “como forma de dificultar o rastreamento das atividades ilícitas”.

COORDENADAS GEOGRÁFICAS – Para apontar onde a foto em que aparece o indicador foi feita, a polícia recorreu às coordenadas geográficas do local do clique, armazenadas nos metadados da imagem. A foto foi feita na BR-060, no sentido Brasília a Goiânia, próximo a um restaurante.

O endereço bate com o local do acidente registrado pelo condutor que teve dados usados. A PF também recuperou o boletim de ocorrência registrado pelo motorista. Ele relatou que o carro do major Rafael Oliveira “estava em baixíssima velocidade”, “quase parado”, e, por isso, não conseguiu frear a tempo.

“Conversamos e acionamos a seguradora para retirar os veículos da via”, disse.

PF investiga se o quarto alvo “Juca” seria o ministro Flávio Dino

Flávio Dino dá 15 dias para governo se mobilizar e combater incêndios |  Radioagência Nacional

Por que Dino sumiu com as fitas de gravações do 08/01?

Elijonas Maia
da CNN

A Polícia Federal (PF) suspeita que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino seria um quarto alvo no plano de assassinato contra os eleitos Lula da Silva e Geraldo Alckmin, além do ministro do STF Alexandre de Moraes, em 15 de dezembro de 2022.

Quatro militares “kids pretos” do Exército e um policial federal foram presos nesta terça-feira (19) como organizadores de um plano de golpe e mortes contra essas três autoridades antes da posse presidencial.

MAIS UM CODINOME – Além dos alvos “Jeca” (Lula), “Joca” (Alckmin) e “Professora” (Moraes), também o codinome “Juca” consta no relatório da PF enviado ao STF, que autorizou a operação de ontem.

“Ao final, o último codinome utilizado é de JUCA. Citado como “iminência parda do 01 e das lideranças do futuro gov”, o autor indica que sua neutralização desarticularia os planos da “esquerda mais radical””, aponta a PF.

A investigação da PF, porém, diz que não obteve elementos para precisar quem seria o alvo dessa ação violenta planejada. As investigações continuam para atestar.

CONJUNTURA – A suspeita de que seria Flávio Dino é pela “conjuntura da época”, segundo investigadores ouvidos pela CNN.

Dino, hoje no STF, havia sido eleito senador pelo Maranhão e anunciado como ministro da Justiça e Segurança Pública no terceiro governo Lula. O ministro já foi filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Após ser anunciado como futuro ministro, tomou frente em relação aos ataques antidemocráticos do dia 12 de dezembro, em Brasília, quando a sede da Polícia Federal foi atacada por vândalos, uma delegacia da Polícia Civil do Distrito Federal foi invadida e ônibus foram queimados no centro da capital.

DISSE O MINISTRO – “Inaceitáveis a depredação e a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal em Brasília”, escreveu na internet. “Ordens judiciais devem ser cumpridas pela Polícia Federal. Os que se considerarem prejudicados devem oferecer os recursos cabíveis, jamais praticar violência política”, escreveu Dino pelo Twitter. O futuro ministro também concedeu entrevista coletiva à imprensa e condenou os atos bolsonaristas.

O dia 12 de dezembro foi a data da diplomação da chapa Lula-Alckmin no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Procurado, o ministro Dino disse que não vai se pronunciar.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O mais estranho de tudo isso é que foi Flávio Dino quem ocultou a atuação dos “kids pretos”, ao sumir com as fitas de gravações feitas no Palácio da Justiça. Por que o ministro de Lula teria protegido os golpistas? Essas contradições fedem a quilômetros de distância. (C.N.)

Para manter delação, Mauro Cid incrimina Braga Netto na tentativa de golpe 

Mauro Cid

Mauro Cid chegou a preparar uma “maleta da prisão”

Aguirre Talento, Mateus Coutinho, Laila Nery e Bruno Luiz
Do UOL

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), teve sua delação premiada mantida nesta quinta-feira (21) após prestar um novo depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo o UOL apurou, o acordo foi mantido porque Cid deu novas informações envolvendo o general Braga Netto nas articulações golpistas.

Delação premiada estava em risco. O acordo podia ter sido anulado se Moraes concluísse que Cid não tinha cumprido com as obrigações da colaboração.

NOVAS INFORMAÇÕES – Segundo o UOL apurou, o acordo foi mantido porque Cid deu novas informações envolvendo o general Braga Netto nas articulações golpistas.

O ministro Alexandre de Moraes considerou que o depoimento foi suficiente para esclarecer as omissões e contradições apontadas pela PF e, por isso, Cid pôde voltar para casa.

Cid falou em reunião para discutir tentativa de golpe. Ele narrou no depoimento ao ministro do STF uma reunião no apartamento de Braga Netto para discutir o assunto. O militar da alta cúpula foi indiciado hoje, assim como outras 36 pessoas e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Cid também integra essa lista.

BRAGA NETTO REAGE – A defesa de Braga Netto vai aguardar”o recebimento oficial dos elementos informativos para adotar um posicionamento formal e fundamentado”.

Após o indiciamento, os advogados do general disseram que “destacam e repudiam veementemente, e desde logo, a indevida difusão de informações relativas a inquéritos, concedidas “em primeira mão” a determinados veículos de imprensa em detrimento do devido acesso às partes diretamente envolvidas e interessadas”.

PF havia relatado a Moraes que Cid tinha violado cláusulas da delação premiada. Como o acordo foi homologado pelo ministro, cabia a ele analisar se houve algum descumprimento nos termos firmados.

DELAÇÃO MANTIDA – Os investigadores, no entanto, não pediram a rescisão da delação. Moraes pediu ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, um parecer sobre a validade do acordo. Mas manteve os benefícios ao final do depoimento de hoje.

Depoimento durou 3 horas. Ele chegou ao Supremo por volta das 13h30 pela garagem do subsolo. Ele não estava de farda e foi acompanhado por seus advogados, Cezar Bittencourt e Vania Adorno Bitencourt. Foi a segunda vez em oito meses em que ele foi chamado a dar explicações.

Após as três horas de oitiva, o tenente-coronel retornou à sua casa e manteve seus benefícios.

CONTRADIÇÃO – O advogado fala em ‘audiência positiva’. Cezar Bittencourt comentou, na saída do STF, que o depoimento havia sido “positivo” e “deu uma satisfação ao ministro” sobre os temas apontados. Entretanto, na saída da oitiva, ele negou que Cid tenha feito novas revelações. “Cid foi questionado apenas sobre as condições da delação”, disse.

O tenente-coronel foi intimado por Moraes a explicar contradições e omissões em depoimento à Polícia Federal na terça (19).

Para investigadores, Cid tinha deixado de informar à corporação detalhes sobre o plano de golpe de militares que incluiria o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do próprio Moraes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Na verdade, esse tipo de matéria não é confiável, porque repassa informações manipuladas2 pela equipe de Moraes no Supremo. Deve ser isso que chamam de “desinformação”.  (C.N.)

Fama de fofoqueiro livrou ex-ministro de Bolsonaro de indiciamento

Fama de "Maria Fofoca" livrou general do indiciamento - Montedo.com.br

General Luiz Eduardo Ramos era chamado de “Maria Fofoca”

Bela Megale
O Globo

A lista de 37 indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado deixou de fora um dos militares que chegou a despontar como um dos ministros mais poderosos do governo Bolsonaro, o general da reserva Luiz Eduardo Ramos.

Ramos entrou no governo como ministro-chefe da Casa Civil, mas, em 2021, foi desalojado em um movimento de Bolsonaro para fidelizar o Centrão. Ele passou para o comando da Secretaria-Geral da Presidência, deixando o posto da Casa Civil para Ciro Nogueira (PP-AL).

FALAVA DEMAIS – O general, porém, tinha fama de falar demais, o que lhe levou a ter muitos desafetos na Esplanada, entre eles o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que chegou a lhe dar a alcunha de “Maria Fofoca”.

Ex-integrantes do governo Bolsonaro relataram à coluna que foi justamente a fama de fofoqueiro que fez ele ficar de fora de debates sobre os planos de golpe.

Como revelou a investigação da Polícia Federal, o general Mário Fernandes, número dois de Ramos na Secretaria-Geral, foi um dos articulares do plano de golpe que incluía o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

BLINDAR BOLSONARO – Na decisão que determinou a prisão de Fernandes, o ministro chegou a citar o nome de Ramos e a expor mensagens do militar encaminhadas ao então chefe.

A PF mostrou que, entre os dias 15 e 16 de novembro de 2022, Fernandes enviou um áudio pedindo para Ramos “blindar” Bolsonaro contra o desestímulo de apoio ao que chamou de “atos antidemocráticos”, em referência aos acampamentos em frente aos quartéis.

Ele também enviou conteúdos para estimular o discurso de que houve fraude na eleição. Ramos não faz parte do rol de indiciados.