André Martins
Exame
Javier Milei, presidente eleito neste domingo, promete recuperar a Argentina com um plano radical na economia: o fim do Banco Central argentino e a dolarização total da economia do país. Os eixos do plano de governo divulgado pelo partido La Libertad Avanza colocam como princípios a reforma econômica, a redução das despesas do Estado, a flexibilização do mercado de trabalho, setor comercial e financeiro e a privatização de empresas públicas.
O ultraliberal afirma que, se eleito, realizará um corte significativo das despesas públicas do país, com uma redução de número de ministérios e uma diminuição gradual de benefícios sociais. Hoje, a Argentina tem subsídios a transportes, tarifas públicas e programas de distribuição de renda.
REDUZIR IMPOSTOS – No campo fiscal, Milei promete acabar ou reduzir impostos, principalmente de exportação. A medida agrada o agronegócio argentino — que representa 20% do PIB do país — e paga altos impostos de exportação.
Outras promessas do ultraliberal que agradam o setor são o fim das exigências de abastecimento doméstico, com isso os agricultores poderão vender seus produtos para quem quiser, e o fim de controles cambiais.
Em seu último ato de campanha, em clara moderação de discurso, Milei prometeu não acabar com políticas públicas, como privatizar a saúde e educação.
“Não vamos privatizar a saúde, não vamos privatizar a educação, não vamos privatizar o futebol, não vamos reformar o INCUCAI (órgão responsável pela política de doação e transplante de órgãos), não vamos permitir o porte irrestrito de armas”, disse.
PLANOS ARRISCADOS – Ao analisar as propostas do ultraliberal a professora de economia do Inper, Juliana Inhasz, afirma que cortar as despesas públicas pode resolver o problema fiscal e melhorar a credibilidade, mas ressalva que o fim do Banco Central e a dolarização podem trazer problemas para o país.
“A dolarização da economia da Argentina pode ser um problema. Primeiro porque o país não tem dólar suficiente para fazer uma reserva toda sólida. Sem isso, a economia pode sofrer com ataques, inclusive especulativos. Além disso, se o dólar for referência, o produto argentino pode ficar mais caro para o resto do mundo de acordo com a valorização dessa moeda”, explica.
“E o fim do Banco Central pode causar problema, porque a política monetária é uma grande aliada para busca do equilibro fiscal. Com a economia dolarizada e sem o BC, o novo governo pode perder a chance de fazer política monetária”, conclui.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Uma coisa é falar; outra coisa, muito diferente é fazer. O novo presidente argentino segue as lições de Economia de Lula, que considera equivocados os compêndios e pretende reformá-los. E o presidente Javier Milei vai usar a teoria lulática de que” o dinheiro tem de sair de onde está para ser aplicado onde deveria estar”. Simples assim. E as agências de turismo estão excitadas com a campanha “Visite a Argentina antes que ela acabe”. (C.N.)