Programa de Javier Milei para economia argentina é uma maluquice atrás da outra

Javier Milei é eleito presidente da Argentina

Milei venceu defendendo um programa econômico patético

André Martins
Exame

Javier Milei, presidente eleito neste domingo, promete recuperar a Argentina com um plano radical na economia: o fim do Banco Central argentino e a dolarização total da economia do país. Os eixos do plano de governo divulgado pelo partido La Libertad Avanza colocam como princípios a reforma econômica, a redução das despesas do Estado, a flexibilização do mercado de trabalho, setor comercial e financeiro e a privatização de empresas públicas.

O ultraliberal afirma que, se eleito, realizará um corte significativo das despesas públicas do país, com uma redução de número de ministérios e uma diminuição gradual de benefícios sociais. Hoje, a Argentina tem subsídios a transportes, tarifas públicas e programas de distribuição de renda.

REDUZIR IMPOSTOS – No campo fiscal, Milei promete acabar ou reduzir impostos, principalmente de exportação. A medida agrada o agronegócio argentino — que representa 20% do PIB do país — e paga altos impostos de exportação.

Outras promessas do ultraliberal que agradam o setor são o fim das exigências de abastecimento doméstico, com isso os agricultores poderão vender seus produtos para quem quiser, e o fim de controles cambiais.

Em seu último ato de campanha, em clara moderação de discurso, Milei prometeu não acabar com políticas públicas, como privatizar a saúde e educação.

“Não vamos privatizar a saúde, não vamos privatizar a educação, não vamos privatizar o futebol, não vamos reformar o INCUCAI (órgão responsável pela política de doação e transplante de órgãos), não vamos permitir o porte irrestrito de armas”, disse.

PLANOS ARRISCADOS – Ao analisar as propostas do ultraliberal a professora de economia do Inper, Juliana Inhasz, afirma que cortar as despesas públicas pode resolver o problema fiscal e melhorar a credibilidade, mas ressalva que o fim do Banco Central e a dolarização podem trazer problemas para o país.

“A dolarização da economia da Argentina pode ser um problema. Primeiro porque o país não tem dólar suficiente para fazer uma reserva toda sólida. Sem isso, a economia pode sofrer com ataques, inclusive especulativos. Além disso, se o dólar for referência, o produto argentino pode ficar mais caro para o resto do mundo de acordo com a valorização dessa moeda”, explica.

“E o fim do Banco Central pode causar problema, porque a política monetária é uma grande aliada para busca do equilibro fiscal. Com a economia dolarizada e sem o BC, o novo governo pode perder a chance de fazer política monetária”, conclui.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Uma coisa é falar; outra coisa, muito diferente é fazer. O novo presidente argentino segue as lições de Economia de Lula, que considera equivocados os compêndios e pretende reformá-los. E o presidente Javier Milei vai usar a teoria lulática de que” o dinheiro tem de sair de onde está para ser aplicado onde deveria estar”. Simples assim. E as agências de turismo estão excitadas com a campanha “Visite a Argentina antes que ela acabe”. (C.N.)

Cemitério nacional de obras inacabadas cresce sem parar e fica cada vez mais caro

Obra abandonada há uma década garantiria habitação para 448 famílias no  Coque - Marco Zero Conteúdo

Há um verdadeiro festival de obras, espalhadass pelo país

José Casado
Veja

O governo federal gasta cada vez mais com obras paralisadas.O cemitério nacional de obras públicas cresce e custa mais caro a cada ano. Em 2020, investiu R$ 76 bilhões em obras nas principais cidades. Agora, em 2023, o gasto vai a R$ 114 bilhões. No triênio, a despesa aumentou 50%.

A proporção de obras federais paralisadas, no entanto, aumentou muito nesse período. Em 2020, eram 29%, agora são 41% dos projetos iniciados, de acordo com o censo realizado pelo Tribunal de Contas da União.

TUDO COMO ANTES – O governo Jair Bolsonaro é responsável pelo quadro de “fragmentação e insuficiência” na gestão, segundo o TCU, que levou à multiplicação do desperdício de dinheiro público em obras paradas. E o governo Lula está terminando seu primeiro ano em situação similar.

O segmento mais prejudicado é o da educação básica, com 3.580 obras interrompidas. Segue-se o setor de transporte urbano com 1.854 empreendimentos parados. Contam-se, ainda, 318 projetos inacabados na área de saúde nos últimos três anos.

No conjunto, são 8,6 mil obras paralisadas entre 21 mil empreendimentos financiados com recursos federais em todo o país. Há casos de projetos parados que remontam ao primeiro governo Lula, no início do milênio.

NÃO HÁ CONTROLE – Fiscais do TCU vasculharam arquivos, analisaram processos de decisão e entrevistaram gestores da Casa Civil da Presidência e de vários ministérios, entre eles Educação e Saúde. Chegaram à conclusão de que o governo “desconhece quais obras são prioritárias e quais devem ser retomadas”.

Constataram, também, que não existem normas sobre como a burocracia federal deve agir e quais critérios devem adotar nos gastos com obras suspensas.

Em suma: o governo não sabe o que fazer para retomar antigos projetos interrompidos, nem como evitar que os novos acabem nesse cemitério nacional de obras paradas.

Jurisprudência do STF vai ajudar acusados de agredir filho de Alexandre de Moraes

O Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, concede entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), após reunião com ministros para discutir o Plano Nacional de Segurança - 05/01/2017

As alegações de Moraes agora serão usadas contra ele

Laryssa Borges
Veja

A ideia ainda está na categoria de armas a não serem utilizadas, mas a família Mantovani, cujos integrantes estão sendo investigados sob a acusação de terem agredido o advogado Alexandre Barci de Moraes, filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, recebeu recentemente um caso armazenado no acervo do STF que pode ajudá-la a copiar integralmente as gravações feitas no dia 14 de julho pelas câmeras de segurança ao aeroporto de Roma.

A defesa dos Mantovani recorreu da decisão do ministro Dias Toffoli de não permitir copiar as imagens do entrevero, mas enquanto uma eventual nova decisão do magistrado não é tomada, interlocutores dos acusados encontraram uma decisão judicial do próprio Alexandre de Moraes que pode lhes ser favorável.

RESTRIÇÃO À DEFESA – Em 2021, Moraes determinou a abertura de um procedimento disciplinar contra um juiz que não havia permitido que um advogado tivesse acesso a imagens armazenadas em um computador do seu cliente. O caso era rumoroso e envolvia acusações de pedofilia, exploração sexual e exposição de menores.

Um ano antes, haviam sido expedidos mandados de busca e apreensão de computadores e de todo o tipo de equipamento ligado à internet contra 219 suspeitos, e o magistrado do caso, ao descrever em detalhes a sensibilidade das provas encontradas com um acusado em específico, se recusou a fornecer à defesa dele todo o conteúdo analisado pela polícia.

Como relator do recurso no STF, Alexandre considerou que impedir àquela altura das investigações que os advogados tivessem amplo acesso às informações alvo de busca violava o direito de defesa do suspeito.

IGUAL A TOFFOLI – A exemplo de Dias Toffoli, que negou acesso às imagens, alegando, entre outras coisas, que a íntegra das gravações não seria disponibilizada para cópia para não expor pessoas alheias à investigação, como crianças que passavam pelo saguão do aeroporto no momento da discussão entre Barci de Moraes e os Mantovani, o juiz do caso de pedofilia considerou que bastavam alguns documentos selecionados dos autos, e não o material na íntegra.

Os advogados então bateram às portas do STF afirmando que o magistrado de primeira instância estava desobedecendo o Supremo, que, em ordem anterior do próprio Moraes, havia determinado que outro acusado tivesse acesso aos elementos de prova.

DIREITO DO DEFENSOR – Disse Alexandre de Moraes na época: “constitui direito do defensor ter acesso aos elementos de prova já documentados e que digam respeito ao representado, sob pena de vulneração aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Nada, absolutamente nada, respalda ocultar de envolvido – como é o caso do reclamante – dados contidos em autos de procedimento investigativo ou em processo alusivo à ação penal, pouco importando eventual sigilo do que documentado”.

O ministro afirmou ainda que “embora o reclamado tenha justificado a negativa de acesso integral aos documentos já juntados para preservar as imagens das vítimas (crianças), entre outras, não cabe a ele apontar quais seriam ‘os documentos essenciais e específicos a cada um’ dos investigados, tampouco escolher quando e quais documentos serão enviados por e-mail para o advogado da parte”.

No caso que coloca Alexandre de Moraes e os Mantovani em lados opostos, Dias Toffoli permitiu que a defesa da família assista às gravações em uma sala no STF, mas se recusou a autorizar que seja feita cópia para eventual perícia e, conforme revelou Veja, ainda autorizou que o colega de Supremo, ainda nesta fase da atue como assistente de acusação do Ministério Público. A procuradoria-geral da República recorreu.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Essa é boa! Nesse processo vexaminoso, o advogado pode usar contra Moraes os argumentos exibidos em juízo pelo próprio Moraes. Nada como um dia após o outro. (C.N.)

PT esquece que, às vezes, é um candidato que perde, não o outro que ganha…

Lula, um homem branco de barba e cabelos da mesma cor, está de perfil, vestido com terno azul, as palmas das mãos juntas diante do corpo. Ao fundo, um homem careca de terno azul aparece desfocado

Lula e o PT estão alimentando um candidato de oposição

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Nas eleições presidenciais, é comum que um candidato saia vitorioso muito mais pela fraqueza do adversário do que pelo vigor de sua proposta. Em 2022 e em 2018, as vitórias de Lula e de Bolsonaro deveram-se mais à vulnerabilidade do derrotado. Em 2022 houve mais votos contra Bolsonaro do que a favor de Lula. Em 2018, com Bolsonaro havia acontecido o contrário. Ele prevaleceu, ajudado muito mais por um sentimento antipetista do que por suas ideias, que eram poucas e confusas.

O primeiro ano de mandato de Lula está para terminar, com um desempenho que cultiva a agenda negativa. A situação da economia e as amarras políticas dificultam-lhe a agenda positiva, mas uma certa autoconfiança típica de quem está no poder mostra-se como fonte alimentadora do voto contra.

EPISÓDIOS RECENTES – Primeiro, a classificação dos crimes de guerra de Israel em Gaza como atos “terroristas”. Para um presidente que assumiu com áulicos sonhando em levá-lo ao Prêmio Nobel da Paz, da Venezuela à Ucrânia, Lula atravessou continentes para escorregar em cascas de bananas.

Na guerra de Israel contra o Hamas, uma frase palanqueira desperdiçou o prestígio adquirido pela diplomacia brasileira no Conselho de Segurança da ONU.

Num segundo caso, o governo transformou uma limonada em limão com o episódio dos acessos de Madame Tio Patinhas aos escalões do Ministério da Justiça.

“DAMA DO TRÁFICO” – Indo-se aos fatos: em março passado a senhora, mulher de um chefe do Comando Vermelho, visitou hierarcas e, na manhã de segunda-feira (13), ela foi exposta. À tarde, o Ministério da Justiça mudou o seu protocolo de acesso a autoridades.

Houve um erro e foi corrigido. Seria o prenúncio de uma agenda positiva. Desde então, contudo, marchou-se heroicamente em busca de uma agenda negativa.

Quem reclama é fascista, a madame tinha o direito de apresentar seus pleitos humanitários, inclusive com passagens pagas pela Viúva.

PLANOS FRACASSADOS – A segurança pública tornou-se um assunto relevante na agenda nacional e as mazelas da Bahia tisnam o desempenho dos governos petistas do estado.

Até agora o Planalto respondeu com planos ambiciosos e notoriamente fracassados.

Talvez possam dar certo, mas chamar de fascista quem critica a ida de Madame Tio Patinhas aos gabinetes do Ministério da Justiça serve apenas para levar água ao monjolo da agenda negativa que já serviu de semente para o bolsonarismo.

Biden quer reunificar Gaza e Cisjordânia sob o comando da Autoridade Palestina

Presidente americano Joe Biden em discurso após o ataque terrorista do Hamas, 07 de outubro de 2023.

Em busca da paz, Biden começa a falar grosso com Israel 

Deu no Estadão
Agência France Presse

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sugeriu que a Faixa de Gaza e a Cisjordânia sejam reunificadas sob o comando da Autoridade Palestina, em artigo publicado neste sábado, 18, no Washington Post. No momento em que Israel enfrenta a pressão internacional pelo impacto aos civis no meio da guerra contra os terroristas do Hamas, o líder americano voltou a defender a solução de dois Estados para a paz prolongada na região.

“Enquanto lutamos pela paz, Gaza e Cisjordânia deveriam se reunificar sob uma única estrutura de governança, essencialmente sob uma Autoridade Palestina revitalizada, enquanto todos trabalhamos com vistas a uma solução de dois Estados”, escreveu Biden em alusão à criação de um Estado palestino ao lado de Israel.

PREOCUPAÇÃO – Washington é o principal aliado de Tel-Aviv, que responde ao ataque perpetrado por terroristas do Hamas em 7 de outubro, quando 1.200 pessoas foram mortas e 240 levadas como reféns.

No entanto, à medida em que o número de mortos aumenta do lado palestino, já chegando a 15 mil, os EUA têm expressado preocupação com a situação em Gaza.

“Uma solução de dois Estados é a única forma de garantir a segurança a longo prazo tanto para israelenses como para palestinos. Embora neste momento possa parecer que esse futuro esteja mais distante que nunca, a crise o torna ainda mais imperativo”, acrescentou Joe Biden.

DISSE BIDEN – O presidente americano também criticou a violência de colonos judeus contra palestinos na Cisjordânia, que se intensificou em meio à guerra, e ameaçou com sanções.

 “Tenho sido enfático com os líderes de Israel no sentido de que a violência extremista contra os palestinianos na Cisjordânia deve acabar e que aqueles que cometem a violência devem ser responsabilizados”, afirmou Biden.

“Os Estados Unidos estão preparados para adotar as próprias medidas, incluindo a proibição de vistos contra extremistas que atacam civis na Cisjordânia”, acrescentou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Biden está falando grosso com Israel e isso é muito bom. O plano que ele oferece é reprise do apresentado por Donald Trump em 2000 e Netanyahu elogiou, na ocasião. E a Autoridade Palestina já indicou aos EUA que pode assumir em Gaza se a solução de dois Estados for retomada. (C.N.)

Israel fica isolado, porque até os EUA acham que já morreram palestinos demais

Blinken diz que 'já morreram palestinos demais' e é preciso fazer mais para proteger os civis em Gaza

Blinken, secretário de Estado dos EUA, já está horrorizado

Roberto Nascimento

Segunda-feira passada, dia 13, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, fez um desabafo: ”Já morreram palestinos demais!”. Pela importância do cargo de Secretário de Estado, que nos EUA funciona como um superchanceler, com poderes especiais, especialmente em tempo de guerra, a afirmação soa como uma ordem.

Por coincidência ou não, durante a semana as Forças de Defesa de Israel reduziram sensivelmente os ataques, que estão destruindo a imagem de Israel perante o mundo e propiciando um novo crescimento do antissionismo ou antissemitismo.

UM BASTA – Até os Estados Unidos já se convenceram de que os crimes de guerra já foram longe demais. A Faixa de Gaza está sendo destruída por bombas devastadoras, que derrubam prédios em questão de segundos.

É ponto pacífico de que o governo de Israel, com suas ações bélicas, excedeu-se em sua reação contra o Hamas e está praticando sucessivos crimes contra a humanidade. Trata-se de uma limpeza étnica, um massacre sem precedentes.

O objetivo de caçar e matar os radicais do Hamas passou a segundo plano. Os terroristas não estão sendo encontrados, mas, os mortos na população indefesa – crianças, mulheres, idosos e doentes – já passam de 12 mil, sem contar outros cerca de 3 mil desaparecidos, enterrados nos escombros dos prédios.

SEM ATENDIMENTO – Os hospitais das maiores cidades da Faixa de Gaza estão sendo destruídos ou já ficaram absolutamente sem função, por falta de remédios, insumos, combustível, água, enfim, falta tudo. Os doentes morrem sem condições de serem atendidos.

O mundo assiste a tudo, incrédulo. Nada detém o primeiro ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, nem apelos, nem pressões. Quer expulsar todos os palestinos da Faixa de Gaza, aqueles, que sobreviverem aos ataques indiscriminados, que iriam para o Egito, na Península do Sinai. Mas o governante egípcio, general Abdel Fattah el-Sisi, é contra. O que fazer?

Era só o que faltava! Sérgio Cabral diz que vai concorrer a deputado em 2026

Ex-governador Sérgio Cabral anuncia intenção de se candidatar a deputado  federal: 'Caso a Justiça me permita'

Cabral acha que será eleito, se disputar a Câmara Federal

Deu na Folha

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral afirmou que pensa em se candidatar a deputado federal nas eleições de 2026. A declaração foi dada ao jornalista Eduardo Tchao, que a publicou em seu perfil no Instagram.

No vídeo, Cabral é questionado sobre qual cargo pensa em disputar. O ex-governador responde: “Deputado federal, caso eu possa e a Justiça me permita. É um cargo que nunca exerci e que eu gostaria de ver a pluralidade brasileira, conhecer mais o Brasil profundamente. Com mais de 500 deputados federais, você vai entender mais o Brasil e defender o Rio de Janeiro”.

LEVE E SOLTO… – Preso em 2016 na Operação Lava Jato, Cabral deixou a cadeia em dezembro de 2022, por ordem do Supremo Tribunal Federal, após mais de seis anos detido.

Em fevereiro, a Justiça revogou a última ordem de prisão domiciliar que havia contra o ex-governador, e ele cumpre hoje apenas medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica.

Mesmo livre, porém, o político não está apto a disputar uma eleição por causa da Lei da Ficha Limpa, já que ele foi condenado em segunda instância.

PAPO COM CABRAL – Desde que foi solto, Cabral tem apostado no engajamento nas redes sociais, tentando atuar como um influenciador, e voltou a circular entre os políticos do Rio. No YouTube, criou um programa chamado “Papo com Cabral”, em que fala, por exemplo, de acontecimentos de sua carreira política.

O tom de Cabral é bem diferente de quando concedeu entrevista na prisão à Folha, em 2021. Na ocasião, contou que se desfiliou de seu partido, o MDB, disse que não era mais “um agente político” e que não queria mais envolvimento com a política. “É uma decisão de vida.”

Duas das 21 condenações contra Cabral que ainda permanecem válidas já tiveram decisão definitiva por órgão colegiado. Desde que foi preso, o ex-governador chegou a acumular cinco mandados de prisão, 37 ações penais (sendo duas sem relação com a Lava Jato) e 24 condenações a penas que, somadas, ultrapassaram 400 anos de prisão.

JUIZ AFASTADO – Algoz de Cabral, o juiz federal Marcelo Bretas, que era o responsável pela maior parte dos processos contra o ex-governador, foi afastado de suas funções neste ano pelo Conselho Nacional de Justiça para investigar supostas irregularidades na condução das ações.

Entre as acusações a que Cabral responde, há a denúncia de que ele cobrava 5% de propina nos grandes contratos de seu mandato à frente do Governo do Rio de Janeiro (2007-2014). As investigações da época também descobriram contas com cerca de R$ 300 milhões no exterior em nome de laranjas, além de joias e pedras preciosas usadas, segundo o Ministério Público Federal, para lavagem de dinheiro.

Na trajetória política de Cabral, ele nunca assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados. Antes de ser governador do Rio por dois mandatos seguidos, o político foi senador (2003 a 2006) e deputado estadual (1991 a 2003). No período que esteve na Assembleia Legislativa do Rio, Cabral foi presidente da Casa e sucedido pelo aliado Jorge Picciani, também preso na Lava Jato.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A comparação é necessária e até imperiosa. Se Lula foi solto e conseguiu se candidatar, porque Sérgio Cabral não poderia? Essas carreiras políticas de Lula e Cabral demonstram que o Brasil, definitivamente, não pode ser considerado um país sério. Como dizia o espertalhão húngaro Peter Kellemen, o Brasil não é um país para principiantes. (C.N.)

Washington Post anuncia que Hamas já aceita liberar 50 reféns, com cessar-fogo

Rakyat Palestin hargai PAS angkat isu Masjid Al-Aqsa

Porta-voz do Hamas diz que Israel ainda resiste ao acordo

Deu no Metrópoles

Israel, Hamas e Estados Unidos teriam chegado a um acordo para a liberação de 50 reféns do grupo extremista em troca de uma pausa de cinco dias de ofensivas armadas por parte dos exércitos dos dois países, segundo o jornal The Washington Post. O acerto, porém, é negado por autoridades de Israel e dos Estados Unidos.

A publicação afirma ter recebido a informação de fontes familiarizadas com os termos do acordo, que tem, conforme divulgou o veículo de comunicação, seis páginas e prevê a liberação de 50 reféns, em 24 horas, em troca do congelamento das operações militares. Acredita-se que haja um total de 239 reféns nas mãos do Hamas.

AJUDA HUMANITÁRIA – Segundo o jornal, o acordo visa permitir “aumento significativo” na quantidade de ajuda humanitária, incluindo combustível, pela fronteira com o Egito. O acerto foi esboçado durante “semanas de negociações” em Doha, entre Israel, Estados Unidos e Hamas.

De acordo com o The Washington Post, não está claro até agora se Israel concordaria em interromper a ofensiva em Gaza. Acionado pelo jornal, o porta-voz da embaixada de Israel em Washington não quis comentar o assunto.

Por meio de suas redes sociais, a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, compartilhou a reportagem do veículo de comunicação e afirmou: “Não chegamos a um acordo ainda, mas continuamos a trabalhar duro para consegui-lo”.

NETANYAHU NEGA – O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse em entrevista coletiva à imprensa que “circulam muitos rumores infundados” e que, “no momento, não há acordo”. Mas neste domingo (19/11), o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed Bin Abdulrahman al-Thani, afirmou que faltam apenas detalhes para que seja firmado o pacto.

Ao Metrópoles, o porta-voz do Hamas, Muslim Imran, afirmou que “Israel é o principal obstáculo a qualquer acordo de troca de prisioneiros”.

Segundo o membro do gabinete internacional do grupo extremista, o governo de Benjamin Netanyahu se nega a firmar qualquer pacto por acreditar que a operação militar na Faixa de Gaza resolverá o conflito, que já dura mais de um mês.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A guerra não pode se eternizar. A simples busca de um acordo já é um grande avanço. Chega de matança. (C.N.)

OAB e Defensoria se indispõem com as restrições de Moraes ao direito de defesa

Alexandre de Moraes é reconduzido e ficará mais dois anos como ministro do TSE | O TEMPO

Moraes diz que apenas seguiu o Regulamento do Supremo

José Marques
Folha

Entidades como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a Defensoria Pública se indispuseram nos últimos meses com Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), por recusas do ministro em atender a pedidos que consideram fundamentais para a ampla defesa de seus representados.

Esse tipo de situação tem relação principalmente com o extenso uso do plenário virtual em vez de manifestações presenciais dos advogados em julgamentos e levou a Ordem a divulgar duas manifestações públicas, assinadas pelo presidente da entidade, Beto Simonetti.

SEM ACESSO – Somado a isso, advogados e defensores vêm se queixando de negativas do ministro para pedidos das classes. Uma das reclamações recentes é a de advogados de alvos da ação da Polícia Federal que investiga suspeita de uso ilegal da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), sob o governo Jair Bolsonaro (PL), para monitorar celulares de jornalistas e de adversários do ex-presidente.

A operação está sob a relatoria de Moraes, e os advogados dizem que não tiveram sequer acesso à decisão do caso ou ao pedido de diligências feito pela PF.

Apesar dos atritos, a OAB não mostra pretensão de entrar em conflito direto com o ministro e vem tentando no último ano mostrar que simpatiza com as ações do STF contra os acusados de participarem de atos antidemocráticos desde a gestão de Bolsonaro. Desde essa época, porém, vem esperando reciprocidade do ministro com os pleitos dos advogados.

AMPLA DEFESA – Procurado, o ministro disse por meio da assessoria do STF que “a ampla defesa é plenamente garantida no plenário virtual, não havendo prejuízo com as sustentações orais lá realizadas”.

Uma das reações recentes ao ministro aconteceu em um julgamento da Primeira Turma do Supremo, presidida por Moraes, no último dia 7, e mobilizou tanto a OAB quanto a Defensoria.

A turma julgaria um caso que estava em plenário virtual e foi levado para o julgamento presencial a pedido do ministro Cristiano Zanin. Na ação, a Defensoria pedia que um réu por contrabando de cigarro firmasse acordo para não responder a uma ação penal.

REGIMENTO INTERNO – Um defensor queria se manifestar antes da votação dos ministros para a chamada “sustentação oral”, quando as representações da parte apresentam seus argumentos. Moraes negou a solicitação sob o argumento de que o regimento não permitia.

“A Primeira Turma já tem pacificado que nos agravos internos não cabe sustentação oral. O Regimento Interno do Supremo tem força de lei. Lei específica, prevalecendo sobre a norma geral”, disse o ministro ao defensor.

A negativa não agradou a OAB, que elaborou uma nota na qual manifestou “preocupação com a flexibilização ou supressão do direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa pelo Supremo Tribunal Federal”.

PRERROGATIVA – Segundo a Ordem não houve “reconhecimento da prerrogativa da advocacia de proferir sustentações orais de forma presencial, durante as sessões, nas hipóteses previstas em lei”.

A nota assinada por Simonetti diz que a sustentação oral é parte do direito de defesa, uma garantia constitucional que “não se submete a regimentos internos, mesmo o do STF”.

“Tais regimentos regulamentam o funcionamento dos tribunais e não podem corrigir ou suprimir direitos constitucionais regulamentados por leis federais. A negativa de proferimento de sustentações orais previstas em lei representa violação da lei processual e da Constituição”, diz a manifestação.

DIZ O DEFENSOR – Dentro da Defensoria Pública da União, a decisão de Moraes também repercutiu, já que o réu era representado por um defensor. À reportagem o defensor público da União Gustavo de Almeida Ribeiro, que atua perante o Supremo, diz que a sustentação oral tem ganhado importância porque “cada vez mais, os processos em trâmite no STF são julgados no sistema virtual e decididos de maneira monocrática, principalmente os habeas corpus”.

Por isso, acrescenta ele, quando há ações que discutem temas em que há controvérsias e são levados para o sistema presencial, é fundamental “que seja permitida a sustentação oral, porque ela permite que a defesa leve ao conhecimento dos julgadores questões importantes, que muitas vezes devem ser observadas para análise daqueles casos”.

A Defensoria, assim como a OAB, tem entendido que cabia sustentação oral no caso em questão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moraes não pode ser demonizado. A respeito da negativa para a sustentação oral, Moraes afirma que apenas aplicou uma decisão unânime da Primeira Turma, tomada em 2022 na ação originária 2.666, que não cabe sustentação em agravo regimental. (C.N.)

Para Campos Neto, os juros do rotativo são um problema muito complexo

Charge do Fernandão (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

Na edição de O Globo deste sábado, matéria de Mariana Rosário e João Sorima Neto, inclui declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante encontro na Federação Brasileira de Bancos, de que os juros rotativos dos cartões de crédito são um problema muito complexo e que é preciso ser equacionado sem prejuízo para os lojistas e para os compradores.

Realmente o problema dos juros do crédito rotativo, que passam de 400% ao ano, são uma questão altamente complexa. Com essa porcentagem,  é impossível qualquer resgate por parte dos consumidores. Os juros altos, acompanhados pelo fato de os salários perderem sempre para a inflação, formam o caminho que leva ao endividamento das pessoas físicas. Um endividamento que abrange, como a Operação Desenrola revelou,74 milhões de trabalhadores e trabalhadoras do país.

O consumo é forçado pela realidade inflacionária na medida em que os rendimentos do trabalho não acompanham os índices do IBGE. O recurso para o consumo, seja  de que tipo for, é o recurso ao crédito. E as taxas agravam ainda mais o problema. É uma declaração espantosa do presidente do BC sobre a questão.

URNAS –  Num quadro indefinido, os argentinos votam hoje para a escolha do novo presidente da República. As informações de Buenos Aires indicam que há um equilíbrio e o resultado ainda é imprevisível.

Informações de última hora poderão ser decisivas para o desfecho. O governo Lula torce para Sergio Massa, consequência das agressões desferidas por Javier Milei.

TRABALHO – Cristiane Gercina, Folha de S. Paulo, destaca o início de um movimento na Câmara Federal para tornar sem efeito a portaria do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que condiciona o trabalho aos domingos e feriados à necessidade de inclusão da perspectiva  em convenção coletiva.

A portaria é considerada como um fator de fortalecimento dos sindicatos, uma vez que as convenções coletivas só podem ser firmadas através de entidades sindicais representativas das categorias profissionais. Os críticos da portaria acham que ela criou um problema adicional desnecessário em relação ao quadro atual.

Governo e oposição estão conseguindo transformar o país numa usina de crises

Chage do Nielsen (O Dia/PI)

Dora Kramer
Estadão

O Ministério da Justiça tem exibido especial vocação para atrair polêmicas e divergências. Seja pela personalidade algo provocativa do ministro Flávio Dino, que faz a festa dos adversários, seja por acontecimentos que o colocam no centro da arena onde se dá o embate ideológico entre governo e oposição.

O mais recente, todo mundo sabe, foi a descoberta de que uma mulher casada com um preso chefão do tráfico no Amazonas esteve em audiências com secretários e diretores da pasta, na condição de presidente de uma ONG financiada pelo Comando Vermelho, facção do marido. Condenada por lavagem de dinheiro, ela recorre em liberdade e, assim, pôde transitar por gabinetes oficiais em Brasília.

É INACEITÁVEL – Grave? Muito. Aceitável? De jeito nenhum. Mas, daí a dizer que isso é sinal de conivência do governo com o crime organizado há uma distância abissal. Manipulam os fatos os autores da tese. Bem como manobram com a realidade aqueles que, a pretexto de defender o ministro de uma acusação injusta, pretendem dar ao caso ares de invencionice conspiratória.

Ambas as versões são falsas, embora se misturem nesse mundo de escaramuças vazias em que o importante é emplacar o relato mais conveniente aos narradores.

A falha do ministério ocorreu, houve o reconhecimento do descaso na filtragem dos visitantes, foi criado um protocolo de atendimento e poderíamos ter ficado por aí, mas não. A necessidade de alimentar a dinâmica da exorbitância das redes incorporada pela política se impõe de parte a parte.

BRIGAR OU GOVERNAR? – Ocorre, contudo, que os eleitos para os exercícios de governo e oposição têm objetivos a serem cumpridos, compromissos assumidos na urna que não podem nem devem se conduzir pela lógica do descompromisso dos pelejadores de internet.

Portanto, conviria a suas altezas baixarem as respectivas bolas, parar de lacrar e agir no sentido de providenciar algo de melhor para o Brasil. Vale para direita e esquerda. 

No fim, o que resta da poesia é apenas “um verso, um pensamento ou uma saudade”

Veredas da Língua: Alberto de Oliveira - PoemasPaulo Peres
Poemas & Canções

O farmacêutico, professor e poeta Antonio Mariano Alberto de Oliveira (1857-1937), nascido em Saquarema (RJ), no soneto “Horas Mortas” revela a satisfação que sente, após um longo dia de trabalho, por poder enfim se entregar à poesia.

HORAS MORTAS
Alberto de Oliveira

Breve momento, após comprido dia
De incômodos, de penas, de cansaço,
Inda o corpo a sentir quebrado e lasso,
Posso a ti me entregar, doce Poesia.

Desta janela aberta, à luz tardia
Do luar em cheio a clarear o espaço,
Vejo-te vir, ouço-te o leve passo
Na transparência azul da noite fria.

Chegas. O ósculo teu me vivifica.
Mas é tão tarde! Rápido flutuas, 
Tornando logo à etérea imensidade;

E na mesa em que escrevo, apenas fica
Sobre o papel – rastro das asas tuas,
Um verso, um pensamento, uma saudade.

É inacreditável que Davi Alcolumbre possa controlar o Senado, como “aliado” de Lula

Davi Alcolumbre desviou R$ 2 milhões em esquema de rachadinha, diz revista

Sabe-se lá como, Alcolumbre é hoje um vice-rei no Senado

Vicente Limongi Netto

Colunistas amestrados estão sendo vitaminados com notas colocando o sinistro Davi Alcolumbre na porta do céu, como aliado ao governo Lula. No Senado, o sabichão do Amapá tem o costume de engavetar, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), pautas de interesses do governo. Libera a conta-gotas, na medida que as demandas pessoais dele são atendidas.

Na base do jogo baixo, sorriso triunfalista e abraços de urso, Alcolumbre articula nova candidatura à presidência do Senado. Recorde-se que Davi já ocupou o cargo, quando venceu, em eleição fraudada, disputando com o senador Renan Calheiros, que desistiu, quando percebeu a mutreta.

CAPO DAS RACHADINHAS – Nessa linha, recordo e saliento traços marcantes de Alcolumbre, revelados, há dois anos, pela revista “Veja”.

A publicação trouxe informações e detalhes minuciosos e irretocáveis das ações nada republicanas do capo das “rachadinhas” no senado, o destrambelhado filósofo de beira de estrada.

Na época, Alcolumbre estrilou, exibiu falsa indignação, mas não convenceu ninguém com desmentidos capengas. O aforismo criado pelo senador correu o Brasil: “Eu te ajudo e você me ajuda”. 

CULPA DO MORDOMO – Mesmo diante de denúncias e fatos apurados e comprovados pela revista, com contracheques e depoimentos das ex-funcionárias que eram obrigadas a entregar a maior parcela dos salários, o franciscano Alcolumbre blasfemou, jurando que o idealizador das “rachadinhas” era o chefe de gabinete dele, o advogado Paulo Boudens.

Como nos filmes de mistério, Boudens virou o mordono das insanas peraltices do chefe. “Veja” lamentou, como muitos de nós, que Davi acabe como santo de pau oco da escabrosa história, deixando a fama de bandido para o operoso chefe de gabinete, que recebe salários de 24 mil reais.

HUMILHAÇÃO – Nada mais triste, cruel e humilhante, para brasileiros e para o Brasil, a enorme quantidade de crianças passando fome, pedindo esmolas nas esquinas.  Com pais desempregados, agoniados, sem nada para comer em casa.

A quadro de miséria gera inseguranças dramáticas e perigosas.  O governo anuncia planos que não saem do papel. Até quando, Santo Deus? 

Aproxima-se mais um Natal e os governantes não tiram das ruas as crianças abandonadas.

Reforma tributária só se justifica se tiver redistribuição de renda e incluir os ricos

Charge do Cazo (Blog do AFTM)

José Carlos Werneck

No governo passado, os menos favorecidos foram convocados a dar sua contribuição para que fosse feita a reforma da Previdência. Agora chegou a vez de os setores realmente bilionários também contribuírem, porque uma reforma tributária só se justifica se for destinada a reduzir nossa cruel distribuição de renda e representar um fator importante de inclusão social.

Por exemplo, é de “urgência-urgentíssima” que seja feita a correção da Tabela de Imposto de Renda da Pessoa Física, que está completamente defasada, como reconhecido pelos próprios auditores da Receita Federal, que entendem a fundo do assunto.

NADA EM TROCA – O contribuinte brasileiro paga muito e não recebe nada em troca. Os impostos que incidem sobre itens básicos de alimentação são profundamente injustos e fazem o trabalhador que ganha um salário mínimo pagar o mesmo que uma pessoa com renda de R$ 500 mil mensais.

No caso das pessoas jurídicas, notadamente as instituições bancárias, a taxação chega a ser risível quando comparada à das pessoas físicas, que vêm sendo vítimas da sanha arrecadatória de sucessivos governos.

O Brasil precisa enfrentar de frente esse problema, de maneira séria e responsável, se de fato quiser corrigir nossa perversa distribuição de renda, pois uma reforma tributária justa é, primordialmente, um importante fator de inclusão social.

NA HORA H – Este é o momento ideal para que nossos homens públicos, que se dizem tão preocupados com o “social”, façam alguma coisa de verdadeiramente útil para o povo, notadamente aquela enorme parcela que as dezenas de milhões de brasileiros menos favorecidos!

Sem levar em conta essas prioridades, tudo mais é balela e perda de tempo e dinheiro. Não adianta fingir que se está fazendo uma reforma tributária, se os mais ricos não derem sua contribuição.

Bolsonaro faz menção gordofóbica a Dino: ‘Única baleia que não gosta de mim”

MPF e PF investigam se Bolsonaro 'molestou' baleia-jubarte em São Sebastião

Bolsonaro agora é acusado de se aproximar de uma baleia

Luísa Marzullo
O Globo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou neste sábado a decisão do Ministério Público Federal de acompanhar um inquérito da Polícia Federal que investiga se ele importunou uma baleia jubarte em uma visita à São Sebastião, em São Paulo, em junho deste ano. Em evento do PL Mulher em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o ex-mandatário aproveitou a ocasião para fazer um comentário gordofóbico contra o ministro da Justiça Flávio Dino:

—Todo dia tem uma maldade em cima de mim, a de ontem foi que estou perseguindo baleias. A única baleia que não gosta de mim na Esplanada é aquela que está no ministério, é aquela que diz que eu queria dar golpe, mas some com vídeos — disse o ex-presidente.

SUMIÇO DAS IMAGENS – Durante a CPI do 8 de janeiro, a comissão solicitou as imagens de câmeras de segurança internas do Ministério da Justiça e Segurança Pública, mas Dino informou que elas haviam sido apagadas. Segundo o ministro, o contrato de prestação de serviço com a empresa responsável pela segurança da pasta — que monitora as imagens —, não prevê o armazenamento das filmagens por um longo período.

Nesta sexta-feira, o MPF divulgou em seu Diário Oficial a decisão de investigar Bolsonaro. De acordo com a procuradora Marília Soares Ferreira Iftim, vídeos e fotos publicados em redes sociais mostraram o momento em que a mota náutica, de motor ligado, chegou a 15 metros da baleia, que estava na superfície.

“Considerando que as imagens foram feitas a partir de outra embarcação e é possível identificar que há uma única pessoa na moto náutica, que está pilotando e gravando um vídeo no celular ao mesmo tempo. Atribui-se a identidade desta pessoa, supostamente, ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro”, disse, afirmando que ainda há necessidade de melhor elucidação dos fatos.

CORPUS CHRISTI – Em junho deste ano, durante o feriado de Corpus Christi, Bolsonaro a cidade de São Sebastião, quando se hospedou em uma casa na Praia de Maresias e posou para fotos com apoiadores.

Em agosto deste ano, um vereador foi multado em R$ 2,5 mil pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por ‘molestar intencionalmente’ uma baleia jubarte justamente nesta região. Wagner Teixeira (Avante) publicou, em suas redes sociais, um vídeo em que está ao lado do animal no dia 12 de junho.

De acordo com a legislação brasileira, ‘molestar de forma intencional qualquer espécie de cetáceo’ é uma infração administrativa contra o meio ambiente. ” É vedado a embarcações aproximar-se de qualquer espécie de baleia com motor ligado a menos de 100 metros de distância do animal”, diz uma portaria do Ibama.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Essa investigação a Bolsonaro é de um ridículo atroz. Fica parecendo que a Polícia Federal e o Ministério Público não têm mais o que fazer. Sinceramente, é lamentável a acusação boba, assim como é deplorável a afirmação de Bolsonaro sobre o Dino. (C.N.)

Na política, os preconceitos correm soltos e você pode escolher o que lhe cai melhor

PM pede 'esclarecimento' a colégio por usar charges críticas à polícia em  prova | Combate Racismo AmbientalLuiz Felipe Pondé
Folha

Caro, leia com atenção a citação abaixo, e, depois, voltaremos a falar. “Curiosa esta ciência, a política, ao alcance de qualquer pessoa, sem necessidade de estudos. Paraíso de preconceitos, terreno fértil para dogmas em que o pensamento superficial, inseparável da convicção, cresce como cogumelo no esterco”.

Esta citação é do romance “Quando os Pássaros Voltarem”, lançado pela editora Intrínseca, do escritor basco espanhol, que vive na Alemanha, Fernando Aramburu. O caráter basco não pode ser simplesmente apagado das referências a Aramburu, visto que ele é autor do premiado “Pátria”, livro que virou série da HBO. Recomendo fortemente este livro ou série para quem quer ter uma visão consistente de parte do drama basco.

PRÉ-SUICIDA – Este novo romance não se trata do tema basco, mas sim de algo mais universal. Toni, um professor de filosofia de escola, deprimido, abandonado pela detestada ex-mulher Amalia, que o deixa por uma mulher, figura medíocre e ressentida como 99% da humanidade, decide, na abertura do romance, se matar dali a um ano — isso não é spoiler porque está posto no começo.

A citação acima é já no último quarto do romance e está inserida no desprezo que o personagem tem pela política espanhola —seus comentários sobre o assunto também são universais, claro. Fato a notar que este personagem se inscreve na longa tradição de pessoas nas quais a depressão se torna um forte componente motor da lucidez decorrente do fracasso.

Raro encontrar tamanha lucidez no que se refere a política como na citação acima. Vejamos passo a passo.

CURIOSA CIÊNCIA – De cara, ao reconhecer essa “curiosa ciência, a política, ao alcance de qualquer pessoa, sem necessidade de estudos”, o autor já aponta para um dos traços mais intrigantes da prática política. Pressupõe-se que nela haja alguma ciência, mas esta mesma ciência, que todos podem ter para si, não necessita de qualquer estudo.

Democrática, portanto, e estúpida ao mesmo tempo. Nenhum esforço cognitivo é necessário para tê-la, já que todos podem tê-la, sem esforço de qualquer tipo. Daí que sua estupidez nasce do seu caráter democrático. Ruim, né? A política está à mão de todos.

“Paraíso de preconceitos…” é lindo. Na política, os preconceitos correm soltos. Você pode, inclusive, escolher o que melhor veste em você. Ao mesmo tempo, esta ciência curiosa, que reúne democracia e estupidez — seriam elas inseparáveis? —, serve como justificativa ideológica para todo tipo de preconceito travestido de discussão histórica, social. E, claro, política. Ódios belos correm livres pelas veias abertas da política.

REDUNDÂNCIA LÓGICA – “Terreno fértil para dogmas” é quase uma redundância lógica da afirmação anterior. Em política, encontramos um terreno perfeito para criarmos nosso jardim de dogmas. A irracionalidade se sente em casa diante de crenças absurdas, mas que se apresentam como fórmulas complexas da realidade.

“Em que o pensamento superficial, inseparável da convicção…”, diz Aramburu. As convicções, normalmente, dependem de você pensar de forma miseravelmente superficial. Esta afirmação convive com uma das hipóteses mais antigas acerca de uma das principais decorrências da prática cética em filosofia —a saber, a incerteza, a insegurança com relação a ter convicções políticas profundas.

Só estúpidos têm convicções fortes. Os demais mortais soçobram no mar de incertezas. Sobre isso, você não precisa ser um filósofo cético de formação, basta ler mais de dois livros na vida.

NO ESTERCO – Quando o autor diz “cresce como cogumelo no esterco”, não precisamos buscar sinônimos comuns para “esterco”. Todos os têm em mente ao ler essa frase.

A velocidade e a quantidade como cogumelos crescem em meio ao esterco nos oferece o ambiente estético perfeito, tanto para a visão quanto para o olfato, do que significa esse crescimento democrático, amplo e furioso de convicções políticas entre nós.

Perguntará o leitor desavisado: “Como sair dessa situação?” Claro, há graus nesse jardim de cogumelos, mas a qualidade de fundo permanece a mesma. A política, ainda que necessária, fede.

Assessores de Dino que recepcionaram a “Dama do Tráfico” escondem agendas

Miinstério assume que pagou por viagem da “dama do tráfico”

A “Dama do Tráfico” gosta de andar nos corredores do poder

Tácio Lorran e André Shalders
Estadão

Dois auxiliares do ministro da Justiça, Flávio Dino, que participaram de reuniões com a dirigente de uma ONG ligada ao Comando Vermelho, conforme revelou o Estadão, descumprem a Lei de Conflitos de Interesses e não divulgam publicamente seus compromissos. Luciane Barbosa Farias, de 37 anos, é apontada como o braço financeiro da facção Comando Vermelho no Amazonas e, mesmo assim, foi recebida por quatro autoridades da Pasta em março e maio deste ano.

O secretário Nacional de Assuntos Legislativos, Elias Vaz, e o Diretor de Inteligência Penitenciária, Sandro Abel Sousa Barradas, não divulgam suas agendas desde o início do ano, apesar de estarem obrigados por lei a publicá-las.

SEM TRANSPARÊNCIA – Já o Secretário Nacional de Políticas Penais (Senappen), Rafael Velasco Brandani, costuma publicar seus compromissos num sistema da Controladoria-Geral da União (CGU), mas o nome de Luciane Farias não está registrado na agenda dele.

Procurado, o Ministério da Justiça afirmou, em relação a Elias Vaz, que a Secretaria de Assuntos Legislativos é uma pasta “nova” e que a não divulgação se deve a um problema operacional que está sendo corrigido. Vaz foi nomeado há quase 11 meses.

Por sua vez, a Senappen, que responde por Velasco e Barradas, alegou que “algumas hipóteses são dispensadas de divulgação, incluindo aquelas cujo sigilo seja imprescindível à salvaguarda e à segurança da sociedade e do Estado”. E a ouvidora Nacional de Serviços Penais, Paula Cristina da Silva Godoy, que também se reuniu com Luciane Barbosa em 2 de maio, não está na lista de autoridades que a lei obriga ter a agenda divulgada.

MULHER DO PATINHAS – Luciane Barbosa foi condenada em segunda instância a 10 anos de prisão por organização criminosa, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. Ela é casada há 11 anos com o traficante Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, um dos líderes da facção no Amazonas que responde também por uma série de homicídios em Manaus. A presença dela no Ministério da Justiça só veio à público após o Estadão noticiar.

Assim como não é possível saber com quem essas autoridades do Ministério da Justiça se reuniram ao longo desse período, tornam-se ocultos os assuntos das reuniões, os locais para onde elas viajam e possíveis presentes recebidos.

A divulgação dessas informações está prevista na Lei 12.813, de 16 de maio 2013, também conhecida como a Lei de Conflito de Interesses. “Os agentes públicos mencionados nos incisos I a IV do art. 2º deverão, ainda, divulgar, diariamente, por meio da rede mundial de computadores – internet, sua agenda de compromissos públicos”, diz o texto.

AGENDAS OCULTAS – Para o advogado Bruno Morassuti, membro do Conselho de Transparência Pública da Controladoria-Geral da União (CGU), a não divulgação dos compromissos desses agentes públicos representa um descumprimento do decreto de regulamentação do E-Agendas, sistema do governo federal que reúne as agendas das autoridades, e também significa um enfraquecimento da política de controle de conflito de interesses.

“É muito importante que essas autoridades façam a devida publicação pois assim fortalece o dever de transparência”, avalia.

Um manual da Controladoria-Geral da União (CGU), publicado neste ano, ressalta também que a divulgação das agendas propicia avanços da prevenção ao conflito de interesses, no controle social e na promoção da ética e dos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e da publicidade na Administração Pública.

“A ‘Transparência de Agendas’ visa assegurar maior isonomia de tratamento aos diferentes grupos de interesse; garantir o princípio ético nas relações público-privadas, e separar o diálogo legítimo de atividades obscuras e corruptas, possibilitando que essas últimas sejam combatidas com maior efetividade e firmeza”, diz a CGU.

CABE À PRESIDÊNCIA – De acordo com a Lei de Conflito de Interesses, cabe à Comissão de Ética Pública da Presidência da República fiscalizar o descumprimento da Lei de Conflito de Interesses. Em 2018, o órgão colegiado advertiu o então ministro da Saúde, Ricardo Barros, por ter omitido da agenda eventos de campanha eleitoral no Paraná.

Após o Estadão revelar os encontros de Luciane Barbosa com quatro auxiliares de Flávio Dino, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu a abertura de uma investigação sobre as reuniões e a adoção das necessárias para investigar “possíveis condutas atentatórias à moralidade administrativa” e “em eventual desvio de finalidade no uso das dependências do Ministério da Justiça” para a recepção de Luciane.

“Qualquer que fosse o interesse público alegado para justificar o encontro, certamente não se tratava da única via disponível, cabendo ao órgão público selecionar interlocutores que respeitem a moralidade pública exigida das instituições oficiais”, diz o subprocurador Lucas Furtado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O ministro Dino diz que não pode demitir os assessores que não divulgam as agendas. E quando o Ministério da Justiça descumpre a lei assim tão acintosamente, é sinal de estamos nos últimos dias de Pompéia, como se dizia antigamente. (C.N.)

A economia esfriou no terceiro trimestre, mas ainda há condições de virar esse jogo

Charge do Quinho (Twitter)

Vinicius Torres Freire

A economia brasileira desaqueceu no terceiro trimestre, a julgar pelos dados disponíveis. Não parece dramático nem imprevisto. Há até fumaça de possíveis boas notícias. Mas parece que o tempo do PIB, ao menos, esfriou. Quanto a sinais de alívio, ressurgiu a perspectiva de que o aperto financeiro (juros altos etc.) nos Estados Unidos pare por aqui, dada a queda da inflação deles.

Faz mais de ano, o humor com os EUA tem variado muito, com paniquitos e pequenas euforias, como a desta terça-feira. Mas a perspectiva agora é mais benigna, embora um nível mais alto de juros no mundo ainda seja a expectativa para os próximos anos, o que nos afeta também (taxas maiores aqui, menos influxo de capital etc.).

PODE-SE RECUPERAR – Dá para melhorar, com remédio caseiro. Aprovar a reforma tributária. Não chutar o pau da barraca, que é a meta fiscal, meta que sustenta um arcabouço fiscal meio fraquinho. Ter um plano inteligente de desenvolvimento “verde”.

E daí que se derramou o leite do terceiro trimestre? Dá para pensar no que fazer, no curto prazo, e principalmente no que não fazer, como se sugere mais acima.

O setor de serviços cresceu 0,4% no terceiro trimestre em relação ao anterior, quando crescera 0,5%. Poderia ser o bastante para manter o PIB no azul, excluído o desempenho da agropecuária, que tende a vir no vermelho —e corre risco com um El Niño e uma El Niña na sequência.

COMÉRCIO E INDÚSTRIA – As vendas do comércio não cresceram (houve alta de 1,7% no trimestre anterior). A produção da indústria também ficou estagnada (alta de 0,4% no segundo trimestre). São contas feitas com base nos dados do IBGE. Os números não são tão completos quanto os do PIB, que será divulgado em 5 de dezembro, note-se.

O total de salários (“massa de rendimentos”) ainda cresce. Mas taxas de juros bancários altas, ora caindo mui ligeiramente, complicaram vendas de bens duráveis, que dependem de crédito.

O crédito, no caso o total de dinheiro emprestado via bancos, anda de lado, se tanto. Mas a inadimplência das pessoas físicas tem caído faz alguns meses, de leve. O desemprego continua baixo, em termos históricos, e salários não têm pressionado a inflação, aparentemente crescendo abaixo da produtividade.

CAI O INVESTIMENTO – Mais preocupante é a queda do investimento, as despesas em novas máquinas, equipamentos e em construção civil. O instituto federal de pesquisa econômica, o Ipea, tem um indicador de desempenho do investimento, “formação bruta de capital fixo”. No trimestre encerrado em agosto, dado mais recente, caiu 2,7% (depois de baixa de 0,2% no trimestre até julho e quase estagnação no trimestre até junho).

Juros altos, bidu, e incerteza quanto à economia doméstica e internacional fizeram estrago.

Quanto aos ânimos das empresas, parece ter havido alguma melhora a partir de junho, ao menos a julgar pelas captações no mercado de capitais. São empréstimos via títulos de dívida, como debêntures, e venda de ações, grosso modo; é dinheiro usado em capital de giro, investimento, melhora da dívida etc.

PODE  MELHORAR – O ano havia sido horrível até maio, com média mensal de captação de R$ 21,5 bilhões, graças ao efeito de trambiques como o das Americanas, entre outros problemas em empresas, e por causa da taxa de juros, claro. De junho a setembro, a captação média mensal foi a R$ 45,8 bilhões. Os dados são da Anbima.

Ainda se está muito longe dos anos de 2019 a 2022, alguns muito excepcionais, decerto. Quanto a novas ofertas de vendas de novas ações (“IPOs”), a seca continua, mistura de incerteza com ações valendo pouco.

Trata-se aqui apenas de curto prazo, do período daqui a um ano. Trata-se do jogo, não do campeonato. Dá para virar a partida. Mais importante é não fazer gol contra.

Parentes, palestras e penduricalhos formam o PPP da nata da magistocracia

Juízes auxiliares do STF ganham mais que os ministros da corte | Espaço  Vital

Charge do Alpino (Yahoo Notícias)

Conrado Hübner Mendes
Folha

Entre as festividades da proclamação da República, evento histórico de intenções duvidosas, a homenagem aos modos mui republicanos da magistocracia já conquistou seu lugar. Em vez de separar o público do privado, convida-os para dançar.

Todo magistocrata persegue a vida boa. Vida boa não exatamente no sentido ético e republicano. Na busca dessa vida boa, construiu uma vantajosa parceria público-privada. Parentes, palestras e penduricalhos sintetizam o PPP da magistocracia. Desenhou todo um repertório de fugas disfarçadas da lei, uma tecnologia da ilegalidade para executar seu PPP.

TUDO PELA FAMÍLIA – Comecemos pelos parentes. Um magistocrata raiz vive pela “família acima de tudo”. Há muitas formas de enriquecer a dinastia. Enquanto o STF se orgulha de sua súmula vinculante contra o nepotismo, faz vista grossa para outras formas de parentismo.

O STF decidiu nesse ano, por exemplo, que uma regra impedindo ministros de julgar caso de empresa cliente de parente próximo é inconstitucional. Sob o pretexto de que a regra era rigorosa demais e de difícil operacionalização, em vez de dar a ela uma interpretação adaptativa, que pelo menos protegesse o essencial e fácil de aplicar, resolveu revogar.

Assim, ninguém fica impedido: se o ministro é pai, contrate o filho; se é marido, contrate a mulher; se é irmão, contrate a irmã. A porta do tribunal será mais família, ainda que custe honorários extras (a taxa do parente). Não há conflito de interesses, nem corrupção. Há apenas prerrogativas de um tipo especial de advogado, as prerrogativas dos laços de família.

PAÍS & FILHOS – Todo magistocrata quer futuro brilhante para os filhos. Por isso não hesita em ajudar a colocar o filho na carreira. Aos filhos estudiosos que passam em concurso, ajudam na promoção. Aos filhos não concurseiros, oferecem a entrada direta em tribunal de segunda instância. Até ministro do STF já fez lobby pela filha. Só não inaugurou a prática.

Há também os convites para “dar palestras” e “assistir palestras”. Em regra, em lugares glamorosos, onde se bebe o melhor vinho e se aprecia paisagens contemplativas. Sob “patrocínio” dos agentes econômicos mais poderosos do país, com grandes interesses em casos de tribunais em todos os níveis.

Acontece em Lisboa, todo ano. Ou numa ilha do Mediterrâneo.

Avanço da política criminosa de Netanyahu representa uma derrota moral de Israel

Turquia vai ao TPI contra Netanyahu por genocídio na Faixa de Gaza - Brasil 247

Reação mundial contra Netanyahu aumenta a cada dia

Marcos Augusto Gonçalves
Folha

É um sinal de que as coisas não andam bem no mundo do sionismo real, quando vemos porta-vozes de Israel se desdobrando para tentar explicar a diferença entre o morticínio de crianças e civis provocado pelo Hamas e o morticínio de crianças e civis provocado por Binyamin Netanyahu.

Lembro-me aqui de atrocidades do socialismo soviético, vistas por intelectuais comunistas como efeitos colaterais da luta inarredável contra os inimigos da grande revolução. Eram claros os sinais, então, de que havia algo de podre no reino do socialismo real.

ERROS DE ISRAEL – Já escrevi que Israel não é um Hamas às avessas, mas o país e seus aliados precisam querer manter essa diferença. Não borrá-la, no final das contas, a favor do antissemitismo e das desconfianças consideráveis que rondam a criação de um estado judeu na Palestina. A colonização acintosa da Cisjordânia é outro parafuso central dessa engrenagem ideológica que gira em falso.

Sob o fundamentalista e autocrático Bibi, o aperto metódico do cerco aos palestinos tem provocado reações expressivas mesmo na opinião pública judaica.

A deriva radical e inescrupulosa para a extrema direita, que não poupa nem mesmo hospitais, vem erodindo o que restava de consenso moral em torno da defesa de Israel. Os tempos estão mudando e argumentos tradicionais estão em crise.

ATÉ BIDEN SENTIU – A “rua árabe” que se abriu no Ocidente, as periferias influentes do Sul Global e as desigualdades no coração do sistema chamam ao mínimo de realismo governos que dormitavam no piloto automático com Israel.

Até Biden sentiu o bafo, baixou uma oitava em sua retórica, passou a falar em pausa humanitária no Vietnã de Bibi e agora aprovou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que basicamente repete a proposta brasileira, que estava na vanguarda, vetada por eu país.

O entendimento dessa guerra se inscreve no contexto de um anunciado “turning-point” da geopolítica internacional; ela é apenas mais um capítulo do rearranjo em curso das relações de força globais, a falada e perturbadora transição para um mundo multipolar.

FAZIA SENTIDO -As reivindicações que embasaram a defesa da criação do Estado de Israel são respeitáveis e se tornaram incontrastáveis depois do Holocausto e do histórico sinistro de perseguições que antecedeu a atrocidade nazista. Tudo então parecia fazer muito sentido para grande parte da opinião humanista do século 20.

Hoje, com a eternização do conflito, ganha mais projeção uma revisão historiográfica consistente do sionismo e de suas associações com o projeto colonialista inglês de criar um país judeu naquela parte do mundo. As evidências de que se procedeu a uma prévia limpeza étnica na região, entre outros episódios sombrios, são um segredo de polichinelo.

Bem, diante de tudo isso, caberia também perguntar: que Estado nacional não tem atrás de sua formação um rastro de violência? Guerras, colonialismo, escravidão, genocídios ou barbáries outras? O nosso querido Brasil? Os Estados Unidos? O Irã? La France? Por que Israel deveria ter uma história impoluta? Porque são judeus?

LEMBRANDO MARX – Na juventude intelectual, um filho de rabino chamado Karl Marx viu no seu ainda recente século 19 uma humanidade se debatendo com a pré-história. Eu adoraria ter nascido no futuro. Mas o que veria? Judeus e palestinos pescando e fazendo crítica literária no reino da sociedade sem classes? Ou o triunfo distributivo do capitalismo pós-financeiro numa pós-Los Angeles sem barracas nas ruas? Sabe-se lá.

Agora, Israel está perdendo a guerra que importa. Não será mais possível sustentar esse estado de coisas. Podemos esperar pelo milagre de uma mudança política profunda?

Só me arrisco a dizer, neste final acaciano, que o caminho será longo e tortuoso.