Bolsonaro posa como “amigo do rei” e demonstra estar superconfiante

Eufóricos, aliados de Bolsonaro dizem que STF não resistirá a "vento  contra" de Trump e deixará ex-presidente disputar as eleições de 2026

Bolsonaro sonha em reencontrar Donald Trump na América

Bruno Boghossian
Folha

Depois do tropeço nas urnas há algumas semanas, Jair Bolsonaro tentou tirar uma casquinha da vitória de Donald Trump. O brasileiro fez propaganda da relação com o republicano, disse que a eleição americana é um “passo importantíssimo” para sua volta ao poder e especulou: “Tenho certeza de que ele gostaria que eu viesse candidato”.

Bolsonaro não explicou o que Trump ganharia. Talvez o americano tenha interesse num governante que, no passado, esteve tão enamorado que ofereceu aos EUA mais benefícios do que receberia. Também é possível que o republicano queira apenas mais um bajulador. “Fui o último chefe de Estado a reconhecer a vitória do Biden, ele não esquece isso”, orgulha-se o brasileiro.

AVALIAÇÃO – Em entrevista à Folha, Bolsonaro fez uma avaliação ambiciosa do impacto da eleição americana sobre sua situação particular.

Deu voz à campanha que conecta a vitória do republicano à reversão de sua inelegibilidade e sugeriu que Alexandre de Moraes deveria liberá-lo para ir à posse de Trump: “Ele vai falar ‘não’ para o cara mais poderoso do mundo?”.

A mensagem tem poucas chances de ressoar no STF, mas o ex-presidente também está interessado em deixar um recado dentro da direita. Nas tensões internas desse campo, Bolsonaro recorre à pose de “amigo do rei” para tentar impressionar colegas e exibir prestígio num momento de questionamentos à sua liderança.

SUPERCONFIANTE – Bolsonaro precisa parecer um político influente e competitivo para que a direita (que inclui o centrão no Congresso) não se acostume com sua saída de cena e trabalhe para reabilitá-lo. Ostentar uma relação direta com o presidente americano passa por aí. Além disso, a vitória de um Trump praticamente sem freios abastece a ideia de que é possível eleger um radical novamente, reduzindo a urgência de fabricação de uma versão moderada.

Exagerando na confiança sobre o retorno às urnas, Bolsonaro chegou a citar a possibilidade de formar uma chapa com Michel Temer.

O emedebista negou os rumores (“achei esquisitíssimo”), disse que a eleição de Trump não muda nada e ainda afirmou que Moraes acertou ao condenar os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. 

Lula vira comentarista da própria gestão no campeonato de cortes

 

O ex-presidente Lula e o cantor e compositor Chico Buarque… | Flickr

Lula pretende  jogar, treinar o time e até fazer os comentários

Josias de Souza
Do UOL

Lula precisa decidir qual é o seu lugar no estádio em que é disputado o campeonato do ajuste fiscal. Pode ficar na tribuna de honra dando palpites e provocando os jogadores. Também pode escolher o time de sua preferência, vestir a camisa e descer ao gramado para disputar a bola. O que não pode é fazer as duas coisas.

Numa conversa com a Rede TV!, Lula se contrapôs à ideia de colocar nas costas do brasileiro pobre todo o peso do ajuste nas contas nacionais. “Não podemos mais jogar, toda vez que é preciso cortar alguma coisa, em cima do ombro das pessoas mais necessitadas”, declarou.

AS DÚVIDAS – Lula perguntou: “O Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores?” Borrifou na atmosfera uma segunda interrogação: “Os empresários que vivem de subsídio do governo vão aceitar abrir mão de um pouco para a gente poder equilibrar a economia brasileira?”

Por enquanto, a tesoura do governo roça o bolso do pobre: abono salarial, seguro desemprego, pensões do BPC, saúde e educação. As dúvidas de Lula são pertinentes. Emendas parlamentares custam R$ 50 bilhões por ano. Mimos tributários a empresários somam mais de R$ 500 bilhões anuais.

O problema é que o Brasil não elegeu Lula para lançar dúvidas em entrevistas. A maioria do eleitorado o escolheu para apresentar soluções. Privilégios de parlamentares e empresários, uma vez obtidos, viram religião no Brasil. Caberia ao Planalto incluir as castas no jogo do ajuste. Do contrário, Lula vira comentarista do seu próprio governo.

Musk e sobrinho de Kennedy devem assumir cargos no governo Trump

Who is Susie Wiles, Donald Trump's new White House chief of staff? - 6abc  Philadelphia

Suzie Wiles será a chefe do Gabinete de Donald Trump

Deu no R7

Ao vivo de Washington, o correspondente José Luiz Filho comentou, nesta sexta-feira (8), sobre os primeiros movimentos de Donald Trump após ser eleito presidente dos Estados Unidos. Segundo José Luiz Filho, Trump já começa a pensar em nomes para compor seu governo a partir de janeiro de 2025 e procura aliados de campanha para assumir os cargos.

Apoiadores como o empresário Elon Musk e o candidato independente Robert F. Kennedy Jr., que desistiu de sua campanha para declarar apoio ao republicano, são dois dos nomes cogitados para integrar o gabinete de Trump.

CHEFE DE GABINETE – Até o momento, Trump anunciou Susie Wiles, sua gerente de campanha, como chefe de gabinete — cargo semelhante ao de Ministro da Casa Civil. Susie é a primeira mulher a assumir este cargo nos Estados Unidos.

Paulo Velasco, professor de política internacional da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), disse no programa Conexão Record News desta sexta-feira (8) que a escolha de Wiles já era esperada, e que a tendência é que Trump se cerque de “pessoas confiáveis” nesse novo governo.

“Susie Wiles é um desses nomes. Ela teve um papel crucial na vitória eleitoral dele em 2016 e ajudou a blindá-lo, de certa forma, após o episódio do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021”, explicou Velasco.

ESTRATEGISTA – “Além disso, nesta campanha, ela foi fundamental como uma das principais estrategistas. Podemos atribuir em parte a ela a vitória esmagadora de Trump”, assinalou.

Quanto à possibilidade de o presidente Trump, após tomar posse, decidir perdoar os envolvidos no ataque ao Capitólio, isso significará o fortalecimento da impunidade nos EUA, podendo provocar grave crise político-institucional, diz o especialista.

Por fim, destacou que a vitória ampla de Trump deixa evidente a imprecisão das pesquisas eleitorais nos EUA.

Piada do Ano! Lula confirma que aceitará ser candidato em 2026

Lula diz que “justiça divina“ julgará ministros do STF que atuaram contra ele | CNN Brasil

Lula deu entrevista à CNN e confirmou candidatura em 2026

Caio Spechoto
Broadcast

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista à CNN dos Estados Unidos que poderá disputar a reeleição em 2026 contra um candidato de extrema direita, mas que espera não ser necessário. Ele afirmou que essa deve ser uma decisão dos partidos que o apoiam.

“Se chegar na hora [em 2026] e os partidos entenderem que não tem outro candidato para enfrentar uma pessoa de extrema direita, que seja negacionista, que não acredite na medicina, que não acredite na ciência, obviamente eu estarei pronto para enfrentar. Mas eu espero que não seja necessário. Espero que a gente tenha outros candidatos e que a gente possa fazer uma grande renovação política no País e no mundo”, declarou ele.

COM TRUMP – Lula também afirmou que ele e o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, precisam ter uma convivência “civilizada”. Segundo ele, divergências entre chefes de Estado são superadas pelos interesses de Estado.

Além disso, o petista defendeu a taxação dos super-ricos. Lula afirmou esperar que o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) trate os países com respeito.

E também criticou Israel por seus ataques ao território palestino depois dos atentados do Hamas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Está fechada a equação para 2026. Se a direita apresentar um candidato forte, e a esquerda não tiver outro nome, Lula e Janja “aceitam” concorrer. Como a direita tem dois fortes candidatos (Bolsonaro e Tarcísio), Lula e Janja “aceitam” duplamente. E a vaga mais disputada será de vice de Lula. Uma brigalhada mais dura do que o Ultimate Fighter, e o neosocialista Geraldo Alckmin, que já esperou tanto, estará proibido de concorrer. (C.N.)

Trump inspira direita e acende alertas no governo Lula

Como fez com Bolsonaro, | Metrópoles

Congresso impõe pautas e vende caro seu apoio a Lula

Caio Sartori e Renata Agostini
Folha

Guardadas as peculiaridades de cada país, a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos deu recados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, provável candidato à reeleição em 2026, e animou a extrema direita brasileira, que demonstrou euforia com o triunfo trumpista.

No cerne do alerta a Lula está a necessidade de melhorar a percepção das pessoas sobre a economia, que não acompanha o bom desempenho do governo em indicadores macroeconômicos — assim como ocorreu com a gestão Joe Biden, da qual a derrotada Kamala Harris era vice.

MUITOS COMPONENTES – Em outra frente, especialistas ouvidos pelo Globo acreditam que “não é só a economia, estúpido”, para parafrasear a célebre máxima do estrategista democrata James Carville. Na eleição dos EUA, entraram em cena componentes como migração e aborto.

O caso americano ilustraria, segundo essa visão, uma mudança no comportamento do eleitorado no mundo todo, com novos temas em jogo e convicções mais consolidadas. Lula, então, até poderia melhorar a avaliação entre os que hoje consideram o governo regular, mas dificilmente vai conquistar quem o avalia como negativo.

No campo econômico, criou-se nos Estados Unidos o termo “vibecession” para se referir ao descompasso entre os indicadores e o que a população de fato sente no dia a dia.

EFEITO PANDEMIA – O neologismo junta as palavras “vibe” e “recessão” para indicar que o país estaria em clima de crise econômica, apesar de os números dizerem o contrário. Trata-se sobretudo de um reflexo da pandemia, período em que a inflação disparou — e é sentida até hoje, a despeito de ter estabilizado.

— Os preços estabilizaram, mas lá em cima — observa o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, especialista em pesquisas eleitorais. — Tem que ver o filme completo: houve um aumento de preços lá atrás, a maior inflação de 50 anos (nos EUA), e hoje os preços não crescem, mas também não caem. E a renda não acompanha, apesar do índice de desemprego baixo.

A pressão sobre os preços já vem sendo utilizada pela oposição para atacar o governo Lula. O preço da picanha — em alusão a uma frase do presidente durante a campanha — é constantemente motivo de embates entre bolsonaristas e esquerda nas redes. Na quarta-feira, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) avaliou que a economia será decisiva em 2026, sobretudo inflação e poder de compra.

EXEMPLO DE SARNEY – Analistas como Lavareda costumam colocar a inflação, ou o preço dos produtos de maneira geral, como o componente econômico mais decisivo para o voto. Um exemplo no Brasil, diz, é o do governo José Sarney. Com o país enfrentando a chaga da hiperinflação, que fez do emedebista um presidente impopular, ninguém se lembra do crescimento médio do PIB de mais de 4% ao ano naquele período.

A disputa presidencial americana teria sido um embate entre o “sim” e o “não” para a continuidade de um governo, assim como tende a ser a brasileira em 2026. Lavareda, no entanto, coloca Lula em situação menos problemática que a de Biden. Nas pesquisas, o petista chega a ter mais avaliação positiva do que negativa, ao contrário do americano.

CENÁRIO APERTADO — Mas não está confortável, claro. Continua um cenário apertado no cálculo de aprovação versus desaprovação. Isso porque a eleição de 2022 não terminou. As redes sociais, hoje, fazem as campanhas não terminarem — pondera.

Assim como Biden, Lula não vê a percepção econômica melhorar, mesmo com PIB surpreendendo, inflação controlada e desemprego baixo. Em setembro, cresceu na pesquisa Quaest o percentual dos que acham que a economia vai piorar nos próximos 12 meses: 41%, contra 33% que acreditam que haverá melhora.

— O nível de desemprego está muito menor, mas o nível de salários está mais baixo. A inflação está sob controle, mas a inflação dos pobres, do feijão, do arroz, da carne, subiu. Não adianta fazer o discurso de números se as pessoas não acham que a vida está melhorando — diz o jornalista Thomas Traumann, ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social. — Afinal, ninguém come PIB.

Trump eleva tensão na Europa, mas deixa Israel e a Rússia “exultantes”

Donald Trump durante evento de campanha em Nova York em 27 de outubro

Trump silencia e ninguém sabe o que ele realmente vai fazer

Deu no Estadão

Os aliados dos EUA, que haviam sinalizado preferências pela continuidade, mostraram-se resignados, com os líderes europeus dizendo que estavam prontos para trabalhar com Trump. As autoridades russas pareciam satisfeitas com a notícia de uma vitória de Trump, enquanto o presidente da Ucrânia foi um dos primeiros a parabenizar o presidente eleito e manifestou sua esperança de que o apoio dos EUA à Ucrânia em sua guerra contra a Rússia continuasse. A China, por sua vez, não revelou muita coisa.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, estava claramente ansioso pelo apoio incondicional de Trump – e pelo fim de sua disputa com o governo Biden sobre as guerras em Gaza e no Líbano.

RÚSSIA FESTEJA – As autoridades russas tentaram fingir indiferença antes das eleições nos EUA, mesmo com acusações de que o Kremlin dirigiu várias campanhas de desinformação contra Kamala Harris. Mas na manhã de quarta-feira, muitos deles não conseguiram conter a alegria, saudando as perspectivas de um reinício nas relações entre os EUA e a Rússia e o fim da guerra na Ucrânia – nos termos de Moscou.

“Kamala Harris estava certa quando citou o Salmo 30:5: ‘O choro pode perdurar à noite, mas a alegria vem pela manhã’”, escreveu a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, no Telegram. “Aleluia, eu acrescentaria”.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, foi mais cauteloso, dizendo que o Kremlin estava aguardando “ações concretas” e que não sabia se o presidente Vladimir Putin ligaria para Trump para parabenizá-lo. Os Estados Unidos, acrescentou, “são um país hostil que, direta e indiretamente, está envolvido em uma guerra contra nosso Estado”.

TRUMP E PUTIN – Trump sempre falou com admiração de Putin, até ficando ao lado do presidente russo em vez de suas próprias agências de inteligência na questão da interferência da Rússia na eleição de 2016. E criticou a assistência dos EUA à Ucrânia, dando esperança ao establishment russo de que, sob a presidência de Trump, a Rússia conseguiria chegar a um acordo em seus termos.

Leonid Slutski, chefe do comitê de relações exteriores do parlamento russo, disse que a vitória de Trump poderia levar ao colapso do governo do presidente ucraniano Volodmir Zelenski e ao fim da ajuda ocidental à Ucrânia.

“A julgar pela retórica pré-eleitoral”, disse ele, ‘a equipe republicana não vai enviar cada vez mais dinheiro do contribuinte americano para a fornalha da guerra por procuração contra a Rússia’.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
De repente, aumentam as esperanças de um posicionamento favorável a um cessar-fogo na Ucrânia, mas Trump não pretende trabalhar em nada por um cessar-fogo no Oriente Médio. O mundo continua em ritmo de guerra e paz, sem novidades no front ocidental. (C.N.)

Com superpoderes, Trump vive ‘profecia’ e testará a democracia americana

Donald Trump se convierte por segunda vez en presidente

Trump é um ameaça ou mais um presidente fora da validade?

Jamil Chade
do UOL

Quando Donald Trump assumir o poder em 2025, ele retornará à Casa Branca não apenas com um mandato reforçado por uma ampla vitória do voto popular. Mas também com o controle do Senado americano e, possivelmente, com uma maioria na Câmara de Deputados.

Sua presidência, portanto, testará a própria democracia e a capacidade das instituições de barrar uma concentração de poder que ameace o Estado de direito e a república. Não por acaso, em seu discurso reconhecendo a derrota, Kamala Harris fez um apelo aos americanos a manter a lealdade à constituição americana, e não a um presidente.

INIMIGO DE DENTRO – Acusado de ser um “fascista” por parte dos democratas, Trump alertou que poderia usar as forças armadas contra manifestantes e que lutaria contra o “inimigo de dentro”, num recado a dissidentes americanos.

Trump ainda avisou: colocaria seus inimigos políticos na cadeia e, se necessário, seria um “ditador por um dia”.

Desde a eclosão de seus resultados, na madrugada entre terça-feira e quarta-feira, os analistas políticos dos EUA constatam que, apesar de suas aberrações, Trump mostrou que não foi um ponto fora da curva na eleição de 2016. Alimentado por um sistema de desinformação, ele ganhou agora com um movimento de massa, não com uma campanha de propostas políticas.

DIAS MELHORES – Usou a situação econômica e prometeu dias melhores para milhões de americanos abandonados pelo país. Para a surpresa das alas progressistas, Trump conseguiu atrair uma parcela dos votos de latinos e afro-americanos, tradicionais eleitores dos democratas.

Para o senador Bernie Sanders, não há motivo para que o partido de Harris se surpreenda com o abandono de seu eleitorado da classe trabalhadora. Para ele, foi o partido que se distanciou de sua base. As urnas foram as consequências disso.

Sanders não foi o único a denunciar que o rei estava nu. Sua declaração reabriu o debate nos EUA sobre o papel dos movimentos políticos e sua relação com os trabalhadores. Movimentos sociais e ativistas também trocaram acusações, enquanto a autópsia da derrota era realizada.

UM ALERTA – Nada, porém, é exatamente novo. No final dos anos 90, Richard Rorty constatou que, “os membros de sindicatos e os trabalhadores não qualificados não organizados perceberão, mais cedo ou mais tarde, que o governo não está nem tentando impedir que os salários afundem ou que os empregos sejam exportados”.

“Na mesma época, eles perceberão que os trabalhadores de colarinho branco dos subúrbios – eles próprios desesperadamente temerosos de serem reduzidos – não permitirão que sejam tributados para fornecer benefícios sociais a ninguém mais”, disse, numa referência à obra do escritor Edward Luttwak.

“Nesse momento, algo vai acontecer”, alertou. “

HOMEM FORTE – O eleitorado não suburbano decidirá que o sistema fracassou e começará a procurar um homem forte em quem votar – alguém disposto a garantir que, uma vez eleito, os burocratas presunçosos, os advogados complicados, os vendedores de títulos superpagos e os professores pós-modernistas não estarão mais dando as ordens”, disse.

Ele lembrou como estudos apontavam para o risco de que democracias industrializadas caminhassem para um período semelhante ao de Weimar, no qual os movimentos populistas provavelmente derrubarão governos constitucionais. O fascismo, assim, poderia ser o futuro americano.

As transformações iriam além. Segundo ele, os ganhos obtidos nos últimos quarenta anos pelos americanos negros e pelos homossexuais seriam eliminados. “O desprezo jocoso pelas mulheres voltará à moda. As palavras “nigger” voltarão a ser ouvidas no local de trabalho. Todo o sadismo que a esquerda acadêmica tentou tornar inaceitável para seus alunos voltará com força total”, disse. “Todo o ressentimento que os americanos mal educados sentem por terem suas maneiras ditadas por graduados universitários encontrará uma saída”, sentenciou. Resta saber se a democracia sobreviverá.

Trump empoderado é esperança de Bolsonaro e desafio para Lula

Donald Trump será presidente mais velho a tomar posse nos Estados Unidos.

Trump tem apenas 4 anos de mandato e metas demais para cumprir

Malu Gaspar
O Globo

Na manhã seguinte à vitória de Donald Trump, Brasília amanheceu tensa, mas as reações no governo Lula seguiram uma espécie de protocolo. O primeiro a falar em nome do governo foi o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, batendo na tecla de que, entre o que é dito em campanha e o que se faz no governo, pode haver um largo espaço.

— Após os primeiros resultados, já é um discurso mais moderado que o da campanha — tentou aliviar Haddad.

O assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, foi na mesma toada, evocando a boa relação que Lula mantinha com George W. Bush em seu primeiro mandato e dizendo que o Brasil fará o “possível para ter uma conversa pragmática”. Nas redes sociais, Lula, que na semana passada afirmou torcer por Kamala Harris por ser “muito mais seguro para fortalecer a democracia”, cumprimentou Trump e pediu diálogo.

ESTRAGOS PARA LULA – Nos bastidores, porém, todo mundo sabe que haverá estragos para Lula, tanto na dimensão política como na econômica. Primeiro, porque a agenda de Trump — aumentar tarifas de importação para dificultar a entrada de produtos estrangeiros, cortar impostos e reduzir a entrada de imigrantes ilegais, aumentando o custo da mão de obra — tende a provocar inflação e retardar a queda dos juros por lá.

É uma agenda péssima para o Brasil, que tem pela frente um espinhoso ajuste fiscal para implementar. A tarefa se torna ainda mais complicada quando não se sabe ao certo a extensão do que vem por aí.

No discurso da vitória, Trump fez questão de dizer que as “promessas feitas serão cumpridas”, e o histórico mostra que não convém subestimar sua disposição.

EMPODERADO – Ao longo da campanha, ele deixou bem claro que tiraria de seu caminho todo e qualquer obstáculo, em especial a burocracia que o impediu de fazer estripulias mais drásticas no primeiro mandato.

Sua enorme votação, a conquista do controle da Câmara e do Senado pelos republicanos e a maioria que já tem na Suprema Corte tornaram Trump um presidente superpoderoso. Não há por que supor que ele aliviará logo agora que pode pegar pesado.

Na política brasileira, isso significa injetar um aditivo no estado de ânimo da direita, especialmente no cercadinho de Jair Bolsonaro. No primeiro mandato de Trump, a relação entre os dois foi bem assimétrica. Bolsonaro bancava o fã, e Trump um ídolo distraído — quem não lembra o dia em que ele disse que amava o americano e recebeu de volta um “legal te ver de novo”?

MUSK NA BRIGA – De lá para cá, as derrotas e processos judiciais aproximaram o bolsonarismo do trumpismo. Elon Musk, o dono do X, entrou de sola no cenário político e comprou briga com o Supremo Tribunal Federal, em especial com Alexandre de Moraes, que mandou suprimir postagens de personagens de direita da rede social.

Noutra frente, parlamentares republicanos apresentaram ao Congresso um projeto de lei para barrar a cooperação financeira e jurídica com instituições brasileiras e o financiamento a entidades de combate à desinformação que venham a assessorar a Justiça Eleitoral brasileira, além de um pedido para que o Departamento de Estado cancele o visto americano de Moraes.

 O senador que capitaneou essas iniciativas, Rick Scott, se reelegeu com larga vantagem e tem boas chances de ser líder da maioria.

AMEAÇA A MORAES – Na noite da vitória, estavam todos confraternizando com Eduardo Bolsonaro no jantar que Trump ofereceu a poucos convidados durante a apuração, em seu resort na Flórida.

Bolsonaro acredita que a vitória de Trump abrirá uma porta para reverter a inelegibilidade e lhe dar fôlego para retomar o espaço que começava a perder na direita depois das derrotas na eleição municipal. Tudo isso depende de variáveis que nem o poderoso Trump será capaz de controlar, mas não dá para negar que seu próximo mandato alterará o rumo da geopolítica mundial.

O que Lula fará a respeito, talvez nem ele saiba. Bolsonaro e seus aliados, estes estão prontos para surfar essa onda até 2026, provocando ainda mais instabilidade num cenário que já não é de calmaria.

Vitória de Trump protege blogueiros bolsonaristas que Moraes persegue

Allan dos Santos vira motorista de app e provoca Moraes

Allan dos Santos vira motorista de app e provoca Moraes

Teo Cury
CNN

Vitória de Trump pode dificultar cooperação jurídica internacional com Brasil. Processos com componente político envolvido devem ser afetados; mas o impacto não deve ser significativo na maioria dos casos – considerados técnicos e menos sensíveis

A avaliação de procuradores e integrantes do governo que atuam na área é de que, em casos específicos, nos quais há componente político envolvido, a tendência é que a cooperação seja mais difícil. O impacto, no entanto, não deve ser significativo em casos considerados técnicos e menos sensíveis.

ALLAN DOS SANTOS – Um dos casos de repercussão lembrados é o de Allan dos Santos. O blogueiro está foragido da Justiça brasileira e vive nos Estados Unidos desde 2021.

Fontes ouvidas pela CNN avaliam que na relação entre países com governos ideologicamente contrários há impacto maior em casos com teor político. Processos como esses tendem a ser colocados “na geladeira”.

Há um pedido de extradição de Allan dos Santos em aberto desde o ano passado, ainda na gestão do democrata Joe Biden. O blogueiro é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por calúnia, injúria, ameaça e organização criminosa.

RESPOSTA DOS EUA – Os Estados Unidos responderam ao Brasil no ano passado que não vão analisar o processo de extradição com base nos crimes de honra: calúnia, injúria e difamação.

O governo Biden informou que esses crimes não estão contemplados no tratado de extradição entre os dois países porque podem ser interpretados como liberdade de expressão.

Um desafio adicional é a interpretação da primeira emenda da constituição americana. O texto impede o Congresso de elaborar leis que restrinjam, entre outras medidas, a liberdade de expressão. O princípio é caro aos norte-americanos e é seguido independentemente do governo.

OUTROS CRIMES – O Ministério da Justiça e Segurança Pública pretende reforçar o pedido de extradição do blogueiro sustentando que ele também é investigado por ameaças contra delegados da Polícia Federal e formação de quadrilha com intenção de atacar autoridades.

A maioria dos pedidos de cooperação jurídica internacional, no entanto, não tem repercussão no noticiário. Justamente por isso, o impacto sobre eles não deve ser significativo.

Procuradores e integrantes do governo ponderam que a cooperação é sempre baseada na reciprocidade de tratamento entre dois países. E que fechar as portas para pedidos de cooperação não é considerada uma opção inteligente.

Trump é risco menor perto de avanço da dívida pública, adverte Meirelles

Henrique Meirelles anuncia que será candidato a senador por Goiás em 2022 |  Política | Valor Econômico

A austeridade de Meirelles é vista como negativa por Lula

Julio Wiziack
Folha

A vitória de Donald Trump nos EUA não preocupa mais do que o ajuste fiscal necessário para conter o avanço da dívida pública brasileira. Para Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda de Michel Temer e ex-presidente do Banco Central no governo Lula (2003-2011), a turbulência no câmbio gerada pelo retorno de Trump não preocupa tanto quanto a projeção do aumento da dívida.

Nos últimos dez anos, a dívida pública saltou de R$ 2,7 trilhões, 53,7% do PIB, para R$ 8 trilhões, o 74,4%. Cálculos da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado indicam que ela pode romper a barreira de 80% do PIB neste ano.

PROBLEMAS – “O país não vai conseguir conviver com esse déficit sem ter problema econômico lá na frente”, disse Meirelles em entrevista ao Painel S.A.

O ex-ministro da Fazenda considera que haverá barreiras tarifárias erguidas por Trump a importados como forma de reverter a desindustrialização. Nesse processo, acha difícil que o Brasil seja prejudicado.

“No caso da desindustrialização americana, ele quer arrebentar. Isso afeta mais os países da Ásia. O alvo maior dele é a China. Agora, o Brasil exporta preferencialmente commodities. Até que ponto vai querer produzir café nos EUA? Na soja, eles são produtores. Mas o aumento da capacidade de produção lá pode gerar pressão inflacionária. É difícil”, disse.

ALTA DO DÓLAR – Para Meirelles, a valorização do dólar logo após a vitória é esperada e reflete ainda uma aposta de investidores de que será mais seguro investir em títulos dos EUA do que de emergentes, uma situação que tende a se acomodar à medida que seu governo tiver início.

“O dólar subiu contra alguns países e foi só isso. É uma pressão de curto prazo. Temos de ver como isso se acomoda.”

A alta do dólar é um problema menor perto do avanço da dívida pública.

DÍVIDA PÚBLICA – “O problema é a dívida pública continuar subindo com esse tipo de déficit [fiscal]. Vai chegar num momento que ficará insustentável. O primeiro problema, a alta do dólar no curto prazo, coloca uma pressão de percepção de curto prazo, de impacto na inflação, taxa de juros etc. Agora, o mais importante, e tem que resolver, é a trajetória da dívida. O país não vai conseguir conviver com esse déficit sem ter problema econômico lá na frente.”

Para ele, a condução da economia pela equipe de Fernando Haddad (ministro da Fazenda) “não é excepcional, nem ruim”, mas conseguem equilibrar a pressão do PT, de um lado, e, de outro lado, com o que precisa ser feito.

“Não dá. Tem que enfrentar [corte de gastos]. Acho que Haddad e Simone Tebet [ministra do Planejamento] estão certos. Tem que ser logo [o anúncio do pacote].”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enfim, aparece alguém preocupado com a dívida pública. Infelizmente, no Brasil a irresponsabilidade reina, junto com a impunidade e a imunidade. Temos todos os motivos do mundo para sermos pessimistas, e Trump nada tem a ver com isso. (C.N.) 

Com Trump de volta à Casa Branca, o conservadorismo avança

Preste atenção, o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos, tão mesquinho…

Cartola e Beth Carvalho, parceria fundamental para o samba (Foto: arquivo pessoal)

Beth Carvalho fez a primeira gravação

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor carioca Agenor de Oliveira (1908-1980), mais conhecido como Cartola, considerado por diversos músicos e críticos como o maior sambista da história da música brasileira, ao compor “O Mundo é um Moinho” originou algumas discussões sobre o significado da letra.

Segundo alguns críticos, Cartola teria feito essa música para sua enteada, filha de Dona Zica, que teria o propósito de sair de casa para se prostituir. Ao ouvir os versos escritos pelo mestre, percebe-se o quão plausível pode ser essa versão da lenda. Contudo, há quem defenda que a letra seja mesmo para a enteada, mas motivada por uma decepção amorosa dela.

O samba “O Mundo é um Moinho” foi gravado por Beth Carvalho e depois por Cartola.

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O MUNDO É UM MOINHO
Cartola

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés

“Analistas” consideram Trump muito pior do que Armagedon e Apocalipse

Um partido desesperadamente corrupto | Exame

Trump em cena, fazendo o papel de presidente na Casa Branca

Carlos Newton

Sinceramente, em quase 60 anos de jornalismo, em exercício diário, posso dizer que jamais se viu nada igual. A vitória de Donald Trump está sendo encarada como se estivéssemos à beira do abismo, para o qual estamos sendo empurrados pelo ex futuro presidente americano, como se ele representasse as forças do mal incorporadas e somadas ao Armagedon e aos quatro cavaleiros do Apocalipse.

É tanto exagero, tanta notícia ruim, que a gente fica até com medo de sair de casa. Mas quando chega na rua, descobre que nada mudou. As crianças saem para ir à escola, os adultos vão trabalhar, os aposentados batem o ponto no boteco para tomar uma gelada, fica até parecendo que nada mudou, e na verdade é justamente isso que espanta, porque nada mudou, mesmo.

PODEM AGUARDAR – Nos jornais da velha imprensa, nos portais e redes sociais, nas rádios e televisões, realmente nada mudou, mas logo irá mudar, porque o assustador Trump vai tomar posse dia 20 de janeiro.

Portanto, esperem mais um pouco que a nova ordem mundial vem por aí, e o maior sinal é Caetano Veloso estar se tornando evangélico, para acompanhar dois de seus filhos já convertidos.

Há outros sinais acontecendo, que precisam estar em linha, como na astrologia. Um deles foi a reeleição dos cinco congressistas americanos que pretendem proibir que o ministro Alexandre de Moraes pise em território norte-americano, igualando-o ao ex-deputado Fernando Gabeira, que até hoje é meio complexado por não conhecer a Disneylândia nem o personagem Pateta.

OUTROS SINAIS – O fato é que a opinião pública aqui no Brasil estará esperando o pior quando Trump tomar posse dia 20 de janeiro, mais bronzeado do que Aristóteles Onassis. Nesse histórico dia, vão surgir outros sinais.

Se Jair Bolsonaro estiver lá, será o significado A; se continuar com o passaporte retido, o significado será B, mas o sábio Olavo de Carvalho não está mais entre nós para destrinchar toda a mensagem.

Outros sinais estarão contidos no pronunciamento de Trump, que o mundo vai parar para ouvir e a imprensa vai fazer um escarcéu danado.

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P.S. –
Quanto a mim, prometo ficar atento aos sinais de que alguma coisa está fora da ordem. Por enquanto, confesso que não estou vendo nada, apenas a posse de um velho cafajeste de 78 anos, já bastante consumido pelo tempo, com uma extraordinária vocação de ator, que não foi aproveitada na hora certa, mas ele seguiu em frente como eterno aprendiz, até se julgar capaz de fazer papel de presidente da república. Ganhou quatro anos de mandato e não fez nada que prestasse, absolutamente nada. Mesmo assim, pediu bis e ganhou mais quatro anos para desenvolver melhor o papel. A única coisa que se sabe é que o único Oscar que pode ganhar é o de Efeitos Especiais, por causa da plataforma de laquê que usa para manter o extravagante topete na posição viagra. (C.N.)

Republicanos que querem barrar ministros do Supremo foram reeleitos

O ministro totalitário

Deputada Maria Salazar perguntou: “É um socialista ou um tolo?”

Sérgio Lima
Poder360

Os cinco congressistas do Partido Republicano dos Estados Unidos que haviam pedido a revogação do visto dos 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em setembro deste ano foram reeleitos para um novo mandato no legislativo no legislativo norte-americano.

No pedido, endereçado ao secretário de Estado Antony Blinken, Alexandre de Moraes e os demais ministros do STF foram mencionados como “cúmplices de práticas antidemocráticas”.

SEM VISTOS – O projeto de lei apresentado pela deputada norte-americana Maria Salazar tem como proposta barrar a emissão de vistos para os EUA de autoridades que tenham “censurado” norte-americanos.

Os cinco congressistas republicanos que assinaram o pedido de veto do visto dos 11 ministros do STF são: senador Rick Scott (Flórida); deputada Maria Salazar (Flórida); deputado Carlos Giménez (Flórida); deputado Rich McCormick (Georgia); deputado Chris Smith (Nova Jersey).

Os republicanos expressam, no pedido direcionado a Blinken, uma “profunda preocupação quanto à supressão alarmante da liberdade de expressão orquestrada pela Suprema Corte brasileira sob a liderança do ministro Alexandre de Moraes”. Todos os 5 congressistas tiveram reeleição confirmada na eleição de 3ª feira (5.nov.2024).

SEGURANÇA NACIONAL – “É do interesse da segurança nacional dos EUA garantir que qualquer visitante no nosso país não busque ativamente erodir processos ou instituições democráticas. Moraes e seus pares do Supremo Tribunal Federal estão fazendo exatamente isso”, argumentaram os congressistas no projeto.

“Nós, respeitosamente, apelamos para que o senhor [Blinken] negue qualquer aplicação para vistos dos Estados Unidos ou admissão [entrada] nos EUA, incluindo a revogação de qualquer visto existente, no nome do ministro Alexandre de Moraes e de outros integrantes da Suprema Corte do Brasil cúmplices destas práticas antidemocráticas”, diz um trecho do pedido.

O projeto de lei, que leva o nome de “Sem censuradores nas nossas praias”, determina que qualquer estrangeiro que atue como agente de algum governo e que seja considerado responsável por ações que violem a 1ª Emenda da Constituição dos EUA, que estipula a liberdade de expressão, terá a permissão para entrar no país vetada.

SOCIALISTA OU TOLO – Em maio deste ano, a deputada Maria Salazar havia mencionado Alexandre de Moraes durante uma sessão da subcomissão de assuntos exteriores, referenciando-se ao ministro como “tolo“. Ela disse:

“Nós não sabemos se o ministro é um socialista, ou se ele é um tolo, ou se ele é um tolo útil para os socialistas. Mas sabemos que ele está cerceando um dos direitos fundamentais de uma democracia que é a liberdade de expressão”.

Na ocasião, a deputada exibiu aos jornalistas uma foto ampliada de Alexandre de Moraes.

Afinal, por que Lula e Bolsonaro apoiam Alcolumbre para presidência do Senado?

Cursos 'facilitam' mau uso de diárias

Charge do Benett (Folha)

Vicente Limongi Netto

Em março, o presidente Lula da Silva fez questão de se antecipar e anunciou apoio do PT a Davi Alcolumbre para a presidência do Senado. Agora, Jair Bolsonaro e Rodrigo Pacheco embarcam na mesma canoa furada. É a importância constitucional do Senado indo para o ralo da insensatez.  É a qualificação pessoal e profissional do bom político indo para a lata do lixo. É o apoio velado entre cretinos e dissimulados.

Rodrigo Pacheco, com a cara manjada de bebê chorão no carnaval dos Bonecos de Olinda, não engana ninguém.  É um esmerado demagogo, num trio de vestais grávidas. A grandeza política da cadeira outrora ocupada por eminentes figuras como Nelson Carneiro, José Sarney, Humberto Lucena, Jarbas Passarinho, Antônio Carlos Magalhães, Mauro Benevides, tudo indica que novamente será ultrajada pelo torpe, medonho e desqualificado senador pelo Amapá. É o fim da picada.

BATORÉ DE NOVO – O balofo Alcolumbre, vulgo “senador Batoré”, como é conhecido no Amapá, voltará a deslustrar a presidência do Senado e do Congresso. Alcolumbre é inoperante, farsante, incapacitado. Sujeito ruim. Incapaz de gestos de grandeza. A Câmara Alta será vilipendiada. O busto de Rui Barbosa, no plenário, fechou os olhos, envergonhado.

Custo a crer, é inacreditável, que entre 81 senadores não existam nomes melhores para presidir a Casa.  Bolsonaro, por sua vez, deixa claro que o apoio velado ao roliço Davi, objetiva cargos na futura Mesa Diretora da Câmara Alta, para senadores apaniguados do ex-presidente inelegível.

É o fim da picada. Bolsonaro, Pacheco e Alcolumbre seguem a cretina cartilha que depõe contra a saudável e boa política, a descarada e desprezível barganha por cargos e vantagens.

Não foi Trump quem inaugurou, mas ele aprofunda a era das incertezas

Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos pela segunda vez

Donald Trump, um personagem a ser estudado a fundo

William Waack
Estadão

Uma das imagens mais poderosas que orientou os estrategistas republicanos nas três últimas eleições foi a do voo 93, título de um famoso (para a direita americana) artigo publicado em 2016. “Voo 93″ se refere ao episódio, durante os ataques terroristas do 11 de setembro, no qual os passageiros de um dos voos sequestrados se rebelam contra os terroristas e tentam invadir a cabine.

Os republicanos tinham de tomar o cockpit do avião Estados Unidos ou morrer, pregava a doutrina eleitoral. Pois eles acabam de conseguir exatamente isso. Tomaram o Legislativo, o Executivo e a Suprema Corte já era conservadora antes das últimas eleições. Mas assumiram o comando do voo no meio de uma era das incertezas.

O SONHO ACABOU – A primeira delas é doméstica e tem profundas raízes culturais, daí a gravidade da crise política americana. Trata-se da perda do consenso sobre o que é ser americano, reflexo direto de visões contrárias e irreconciliáveis sobre o que de fato constitui o país.

É esse fenômeno abrangente que explica em boa parte a desconfiança em relação às instituições, ao sistema eleitoral, mídia, políticos, “a Washington” e, especialmente, às elites tecnocráticas, liberais e ideológicas dissociadas do “homem comum”.

A segunda grande incerteza vem de fora e na sua expressão mais simples é o desafio apresentado pela China à potência até aqui hegemônica. Não há diferenças entre republicanos e democratas sobre o fato da China ser considerada uma inimiga, e não apenas uma competidora, nem quanto as ferramentas para “sufocá-la”. Mas não existe uma estratégia “comum”.

HOMEM ERRÁTICO – O voto popular e o colégio eleitoral têm como vencedor a figura de um “homem forte” que construiu em boa medida seu sucesso pregando o desrespeito à regra e ao que se poderia chamar de convencional.

Em seu primeiro mandato, porém, Donald Trump exibiu comportamento errático, mudanças abruptas de julgamento e opiniões, um estilo no mínimo caótico de administração do próprio pessoal e uma profunda desconfiança quanto ao próprio aparato de Estado montado para servi-lo (como os serviços secretos, por exemplo).

Pode-se discutir ad infinitum quanto Trump é responsável ou apenas sintoma do que os acadêmicos passaram a chamar de “políticas do ressentimento cultural”.

FRASE DO CAPITÃO – O fato é que ele soube melhor do que qualquer outro personagem político expressar a raiva frente às elites privilegiadas (à qual sempre pertenceu, aliás), o tal “campo progressista” e seu apego às ideias identitárias, a mídia, aos circuitos da educação superior e até mesmo à indústria do entretenimento e, claro, o governo federal.

Daí a realizar as promessas empenhadas, dentro e fora dos Estados Unidos, é também uma grande incerteza. E já que se trata de tomar o cockpit, paira sobre tudo isso a frase do capitão Sully, quando pousou seu Airbus no Rio Hudson: “Brace for impact”

O que atrapalhará Bolsonaro a ter aval do STF para ir à posse de Trump

Bolsonaro nega à CGU que pediu ação da PRF nas Eleições 2022 | Metrópoles

Jair Bolsonaro tem de se explicar bastante perante o Supremo

Guilherme Amado e Eduardo Barretto
Metrópoles

Ministros do STF avaliam que o fato de Jair Bolsonaro ter passado duas noites na Embaixada da Hungria em Brasília em fevereiro, na mesma semana em que teve o passaporte apreendido pela Polícia Federal (PF), é um precedente negativo para autorizar a saída do ex-presidente do país. Bolsonaro pretende ir à posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, em 20 de janeiro.

A apreensão do passaporte de Bolsonaro foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes e mantida pela Primeira Turma do STF em outubro.

ISOLADO – O ex-presidente também está proibido de fazer contato com outros investigados sobre as supostas tentativas de golpe de Estado e venda irregular de joias recebidas pelo Estado brasileiro.

Em fevereiro, Bolsonaro foi alvo de uma operação da PF. Além do passaporte retido, o ex-presidente teve ex-assessores presos. Quatro dias depois dessa operação, Bolsonaro passou duas noites na Embaixada da Hungria em Brasília.

PLANO DE FUGA – Em tese, ele não poderia ser alvo de uma ordem de prisão sem o aval da Hungria, por estar em um prédio com imunidade diplomática.

Segundo Bolsonaro, ele recebeu um “convite” da embaixada para “manter contato com autoridades” da Hungria, governada por Viktor Orbán, aliado de Bolsonaro e Trump.

A estada na embaixada não foi um crime, como avaliou o STF na época. Foi, contudo, um indicativo ruim de que o ex-presidente pode ter plano de fuga das autoridades brasileiras. É esse fator o principal a impedir que o STF autorize Bolsonaro a deixar o país em janeiro.

Seja bem-vindo à era de Trump, com sua estranha ordem mundial

What could possibly go wrong? | Nov 2nd 2024 | The EconomistThe Economist

Se Trump destruiu a velha ordem, o que tomará seu lugar? Enquanto a velha América defendia o livre comércio, Trump acelerará o retorno ao mercantilismo pré-guerra. Ele é um firme defensor das tarifas. Déficits comerciais, ele afirma, são prova de que os estrangeiros estão tratando os americanos como tolos e perdedores.

Sob sua supervisão, os EUA provavelmente serão perdulários, enquanto ele e seu partido pressionam por cortes de impostos, o que aumentará ainda mais o déficit orçamentário.

Trump prometeu desregulamentação massiva. Isso pode muito bem trazer benefícios, mas o próximo presidente anseia por bajulação. Há um risco de que ele consiga acordos especiais para seus apoiadores, como Elon Musk, o homem mais rico do mundo.

PODE CONSEGUIR – Nossa esperança é que Trump consiga evitar essas armadilhas, e reconhecemos que em seu primeiro mandato ele conseguiu. Nosso medo é que durante esta presidência ele esteja no seu momento mais radical e desenfreado, especialmente se, como o presidente mais velho dos EUA, suas faculdades mentais começarem a falhar.

Tendo aprendido com Trump 1, sua equipe se empenhará para garantir que ninguém que provavelmente o conteria seja nomeado para o governo. Trump, portanto, poderá usar ao máximo seu controle do Congresso e seu mandato popular.

GANHAR DINHEIRO – Nas décadas após Franklin Delano Roosevelt, a política externa americana funcionou por meio de alianças de longa data. Em contraste, os instintos de Trump são tratar cada encontro como um acordo onde se pode ganhar dinheiro.

Ele gosta de dizer que é tão imprevisível que os adversários dos EUA ficarão intimidados demais para tentar qualquer coisa. Ele pode realmente conseguir fechar um acordo com Vladimir Putin em relação à Ucrânia que não acabe com tanques russos em Kiev.

Ele também pode conseguir pressionar o Irã e impedir a China de usar o poder militar para dominar a Ásia. Mas, se mandar quem pode, as dúvidas em relação à confiabilidade de Trump podem igualmente incitar a agressão chinesa e russa.

CUSTOS AOS ALIADOS – O que é certo é que sua imprevisibilidade imporá custos aos aliados dos EUA, especialmente na Europa. Se temerem que não poderão depender de Trump para apoiá-los se forem ameaçados, eles tomarão medidas para se proteger.

No mínimo, os aliados dos EUA precisarão gastar mais em sua própria defesa. Se eles não conseguirem reunir armas convencionais suficientes para deter o agressor local, mais deles, além do Reino Unido e da França, podem obter armas nucleares.

Parte da liderança global dos Estados Unidos se deu pelo poder do exemplo. Em sua própria política e em sua conduta internacional, eles estavam atentos aos precedentes que estavam estabelecendo. O que era notável não era que os presidentes americanos às vezes quebravam as regras, mas o quanto eles as seguiam. Com Trump, o inverso será verdadeiro. Sua vitória terá um efeito de demonstração em outros lugares.

EXEMPLO PERIGOSO – No Brasil, Jair Bolsonaro foi eleito dois anos depois que Trump venceu em 2016. Na França, Marine Le Pen agora parece uma presidente mais provável em 2027.

O movimento internacional de populistas nacionalistas que parecia estar diminuindo após 2020 será revivido, e Trump inspirará novos imitadores. Se ele usar o sistema de justiça contra seus oponentes, como prometeu, isso dará um exemplo perigoso.

A vitória de Trump mudou os Estados Unidos, e o mundo precisará entender o que isso significa. Os EUA continuam sendo o poder preeminente.

PODER ECONÔMICO – Apesar da degradação de sua política, sua economia continua a superar o mundo — pelo menos por enquanto. O país domina a inteligência artificial. É rico, e suas forças armadas são inigualáveis, mesmo que o Exército de Libertação Popular tente alcança-as.

No entanto, sem o interesse próprio esclarecido americano como princípio organizador, a temporada de caça estará aberta para os valentões. Os países serão mais capazes de intimidar seus vizinhos, econômica e militarmente, sem medo das consequências. Suas vítimas, incapazes de recorrer aos EUA em busca de alívio, estarão mais propensas a fazer concessões ou capitular. Iniciativas globais, desde o combate às mudanças climáticas até o controle de armas, acabaram de ficar mais difíceis.

Trump sem dúvida retrucaria que esse é um problema do mundo, não dos EUA. Sob ele, os americanos podem seguir com suas vidas livres do peso das responsabilidades estrangeiras. No entanto, duas guerras mundiais e o colapso ruinoso do comércio na década de 1930 dizem que os EUA não podem se dar esse luxo. Por um tempo — possivelmente por anos — os EUA podem se sair bem. Em algum momento, o mundo vai alcançá-los

Trump ofereceu o caos, exigiu mais poderes e os americanos toparam

Trump no poder: Por que a vitória do republicano impacta o Bitcoin e as  criptomoedas?

Vitória de Trump impacta também o Bitcoin e as criptomoedas

Bruno Boghossian
Folha

No discurso de vitória, Donald Trump reivindicou “um mandato poderoso e sem precedentes”. Durante a campanha, o republicano pediu para voltar à Casa Branca com autoridade expandida. Explorou com destreza o rancor de setores abalados por transformações econômicas e sociais, prometendo ultrapassar os limites que fossem necessários para atendê-los.

Os americanos toparam fechar mais um negócio com o magnata. Os EUA deram a Trump uma eleição confortável até nos estados-pêndulo que haviam sido responsáveis por sua demissão em 2020. Ofereceram ao republicano uma maioria no Congresso para cumprir suas promessas mais perigosas.

MESMA ESTRATÉGIA – Trump voltou a capturar uma classe trabalhadora frustrada, desinteressada em esperar por uma mudança que os democratas não foram capazes de entregar, a despeito de bons números da economia.

O republicano reuniu um grupo mais diverso do que em sua primeira eleição, melhorando o desempenho entre eleitores latinos e homens negros.

Esses americanos puseram de lado os riscos e os efeitos do caos oferecidos por Trump. Eleitores que se sentem deixados para trás julgaram que a ideia de vingança era mais sedutora do que os apelos à identidade ou a direitos como o acesso ao aborto e a preservação de uma democracia que, na visão deles, não os atende.

NARCISISMO – Trump fará de tudo para tirar proveito desses sentimentos. Dará vazão ao próprio narcisismo para retaliar aqueles que o transformaram num criminoso condenado. Abusará de pendores autoritários para derrubar obstáculos que a democracia impõe.

Terá o prazer de manipular a raiva do eleitorado para atropelar consensos civilizatórios sobre o clima, as guerras, o comércio, o trabalho e a imigração.

A vitória coroa uma mutação que transferiu o controle da direita americana para as mãos da extrema direita trumpista. Num ciclo de oito anos, Trump liderou uma revolução que deu aos republicanos a preferência do eleitorado de baixa renda, sem que fosse preciso sair da cama dos bilionários fiéis que bancam seu plano de poder.

ECOS PELO MUNDO – A sobrevivência desse modelo político dos Estados Unidos terá ecos desastrosos em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Estabelecerá uma nova âncora para o negacionismo ambiental, a brutalidade social, as divisões políticas e as doutrinas anticientíficas, para ficar em alguns exemplos.

Para completar, Trump volta ao poder depois de tentar um golpe de Estado para desafiar de maneira escancarada a própria ideia de democracia.

Ilusão marca primeiras reações de Brasília ao triunfo de Trump

Folha do Estado | Lula abre processo contra comentarista político

Lula está preocupado com a nova situação criada pelos EUA

Josias de Souza
do UOL

A vitória graúda de Donald Trump na sucessão presidencial dos Estados Unidos deixou o governo Lula zonzo. As primeiras manifestações de autoridades graduadas de Brasília destoaram da realidade. Foram tisnadas pela marca da ilusão.

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) avaliou que “o dia amanheceu mais tenso”, pois Trump disse na campanha “coisas que causam apreensão no mundo inteiro.” Enxergou, porém, motivos para otimismo na primeira manifestação formal do eleito. “Já é um discurso mais moderado do que a campanha”, declarou.

Celso Amorim, o assessor internacional do Planalto, também soou otimista ao afirmar numa entrevista ao Valor que acha possível que Lula mantenha com Trump “uma relação normal”. Lembrou o pragmatismo que embalou o relacionamento de Lula nos seus dois primeiros mandatos com o então presidente americano George W. Bush.

PAPAI NOEL – A moderação que Haddad detectou no discurso inaugural do presidente eleito tem muita semelhança com Papai Noel.

Assim como o bom velhinho, um Trump moderado é ficção. Retornou à Casa Branca um criminoso condenado, já indiciado por tentar melar a eleição anterior e às voltas com inéditas pendências judicias.

O novo Trump é idêntico ao velho. Haddad talvez não tenha prestado atenção ao trecho do discurso em que o personagem disse coisas assim: “Os Estados Unidos nos deram um mandato poderoso e sem precedentes”. Ou assim: “Vou governar com um lema simples: promessas feitas, promessas mantidas.”

MAIS VINGANÇAS – No palanque, Trump prometeu vingar-se de opositores, livrar-se de servidores públicos incômodos, deportar milhões de imigrantes e fechar a economia dos Estados Unidos. Deixou claro que usará sua segunda Presidência como um meio para a realização dos seus fins autocráticos.

Submetido a essa plataforma distópica, o eleitor americano disse “sim”. Supor que Trump vai descumprir o que prometeu é um flerte com o ilusório. Sobretudo quando são levados em conta os flashbacks alucinantes da administração anterior, a maioria conquistada no Congresso e o salvo conduto já concedido em julho por uma Suprema Corte de viés conservador que deu ampla imunidade às ações de Trump na Presidência.

É verdade que Lula relacionou-se muito bem com Washington em seus mandatos anteriores. Mas Celso Amorim esqueceu de lembrar —ou lembrou de esquecer—que a diferença da conjuntura é abissal. George W. Bush era um presidente conservador que tinha apreço pela democracia. Trump é um político arcaico e antidemocrático.

FOI PULVERIZADO – Aquele Partido Republicano da era Bush não existe mais. Foi pulverizado por Trump.

Considerando-se o protocolo, Haddad e Amorim talvez não pudessem declarar em público nada além do que disseram. O próprio Lula, que na véspera tornara pública sua torcida por Kamala Harris, foi compelido pelas circunstâncias a parabenizar o eleito numa postagem nas redes sociais.

Lula anotou no seu post que o mundo precisa de “diálogo e trabalho conjunto”. Certo, muito certo, certíssimo. Mas ninguém ignora que a reviravolta americana jogou água no chope das duas principais ações do governo brasileiro na política externa.

COP30 E G20 – O negacionismo ambiental de Trump esvazia a COP30, que ocorrerá em Belem, no final do ano que vem.

Acertos da cúpula do G20, marcada para meados deste mês de novembro, tendem a ser solenemente desprezados por Trump.

Ignorar os fatos infelizmente não fará com que a nova realidade desapareça.