Flávio Dino festeja um aprimoramento da segurança pública que só ele consegue ver

Saiba quem é Flávio Dino, ministro da Justiça indicado para o STF

E com vocês, Flávio Dino, realmente o primeiro e único!!!

Vicente Limongi Netto

O ainda ministro da Justiça e futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, continua deitando falação sobre o quadro caótico da segurança no Brasil (Correio Braziliense – 29/01).  O falante e espaçoso Dino quer deixar a Esplanada dos Ministérios com a fama do mais bonitão e o mais sabido dos ministros. Ninguém na administração federal, sabe mais do que ele.

Mas ele exibe dados sobre aprimoramento da segurança pública tirados de alguma cartola de mágico de circo mambembe, digamos assim, com todo respeito aos circos mais pobres.

MORTES VIOLENTAS – De acordo com números recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no primeiro semestre de 2023 foram 20.435 mil mortes violentas. Com taxas por 100 mil habitantes, o Brasil está entre as maiores do mundo. Em média, foram 110 assassinatos por dia, nos primeiros 6 meses de 2023. No primeiro semestre de 2023 foram 19.742 assassinatos.

Crescem, todos os dias, estupros, sequestros e assaltos com mortes. Feminicídios são milhares que humilham o Brasil aos olhos do mundo.

Portanto, antes de se exibir com a toga preta do paraíso chamado Supremo, Flávio Dino precisa voltar de Marte para o Brasil real, que continua turbulento e amedrontador.

DIZ MARCO AURÉLIO – As opiniões do ministro aposentado Marco Aurélio Mello, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), devem sempre ser levadas em conta, pela firmeza e clareza dos argumentos expostos por ele.

A seu ver, é inaceitável um ministro aposentado da Suprema Corte – no caso, Ricardo Lewandowski – aceitar ser auxiliar do presidente da República, como ministro da Justiça e Segurança Pública.

“O caminho deve ser o inverso, do Ministério para o Supremo. No caso de Lewandowski, ele é demissível a qualquer hora”, observou Marco Aurélio Mello. E completou, pesaroso: “Mas esse é o Brasil desarrumado”.

A FALTA DO PAI – Felizes daqueles que dispõem do pai para uma conversa descontraída, disponível para almoçarem juntos, num final de semana com futebol, abraçar os netos e a nora. Sentar para um chope, um sorvete. Traçar planos para uma viagem.

Não perca seu pai de vista. Sejam parceiros. Troquem boas e más lembranças. Bronca de pai afasta desleixos. De muitas maneiras o pai é importante no crescimento e educação do filho. Todo pai vibra com o sucesso pessoal e profissional do filho, é incansável na busca da sua felicidade. O pai costuma ser bom conselheiro. Procure não ser ingrato nem áspero com seu pai.

Com idade avançada, pai geralmente é teimoso. Paciência dobrada com ele. Muitos deles gostariam de ver e abraçar os filhos com mais frequência. Jamais a correria da vida atribulada pode tornar-se parceira do desamor, do desapego familiar. O amor do pai agrega. Meu pai foi grandioso. Forjou minha decência, lealdade e firmeza.

Depoimento de Carlos Bolsonaro à PF foi um fracasso e total perda de tempo

Carlos Bolsonaro deixa sede da PF no RJ após 40 minutos - 30/01/2024 -  Poder - Folha

Carlos Bolsonaro deixa a PF após depoimento frustrado

Deu em O Tempo

O vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) ficou cerca de 45 minutos na Superintendência da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, onde prestou depoimento na manhã desta terça-feira (30). Ele chegou ao local às 10h e falou sobre uma publicação que fez no X (antigo Twitter) em 27 de agosto do ano passado e que foi tida como uma ofensiva ao diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

O depoimento aconteceu um dia depois da operação de busca e apreensão em três endereços ligados a ele, no âmbito da investigação sobre o esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). As ações foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Esse assunto, porém, não foi abordado.

DAMA DE FERRO – Carlos explicou aos agentes sobre uma imagem que compartilhou em alusão ao seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). como se ele tivesse morrido. O post, originalmente do perfil “Dama de Ferro”, tinha o seguinte comentário: “zero busca e apreensão, zero inquérito, zero perfis bloqueados, zero reportagem em repúdio, pessoas presas: zero”. No título da postagem, a frase “tudo pela manutenção da democracia”.

O filho 02 do ex-presidente acrescentou a seguinte legenda: “O seu guarda diretor aqui enxerga com outros olhos!”. Nesta terça, a publicação continua disponível na rede social. O caso culminou na abertura de um inquérito que está em segredo de justiça.

Antes de ir à PF, ele publicou no X o motivo de seu depoimento para desmentir qualquer relação com a ação da PF sobre a Abin. “Atualizando: indo depor por causa disso aqui. Qualquer outra linha de desinformação diferente disso é mais uma FAKE NEWS! Tire suas conclusões! Um abraço!”, escreveu.

ALVO PRINCIPAL – A operação da PF foi uma continuação à Vigilância Aproximada, deflagrada na última quinta-feira e que teve como alvo principal o ex-diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, que hoje é deputado federal pelo PL do Rio.

Esta nasceu da operação Última Milha, realizada em outubro de 2023 e que revelou a espionagem pelo uso de um software de geolocalização. Teriam sido vigiadas autoridades, além de opositores do governo Bolsonaro. O esquema foi interrompido em 2021.

“Nesta nova etapa, a Polícia Federal busca avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas. Nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público”, informou por meio de nota.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGCaramba, que fracasso! Fazem um estardalhaço, enchem a imprensa de denúncias, o principal alvo vai depor e fala somente sobre uma brincadeira que fez nas redes sociais. Aqui, como dizia Nelson Rodrigues, não se leva nada a sério e o Maracanã vai até um minuto de silêncio. (C.N.)

Na ideologia oficial de Lula, a imprensa só é livre para falar bem da gestão petista

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante evento no Palácio do Planalto

Lula acredita que a liberdade de imprensa é para elogiá-lo

J.R. Guzzo
Estadão

O presidente Lula não tem nada a reclamar da imprensa brasileira desde que saiu da cadeia, onde cumpria pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e começou a sua subida de volta à presidência da República. Desde então só teve alegria na maioria da mídia.

A um certo momento, a principal rede de televisão do País chegou a emitir a sua própria sentença sobre as desventuras penais de Lula. “O senhor não deve nada à justiça”, disseram.

INGRATIDÃO – Mas a gratidão nunca fez parte da estrutura mental do presidente. Foi só aparecerem algumas críticas mais consistentes a decisões do governo e ele já voltou automaticamente para a sua habitual posição de rancor contra a imprensa, a quem acusa há 40 anos por tudo o que existe de ruim no Brasil, junto com “as elites” e os demais inimigos imaginários que cria em seu proveito.

Essa retomada da neura oficial contra a mídia se espalha governo afora. O ministro da “Comunicação Social”, que administra os bilhões de reais do orçamento de propaganda do governo, também está indignado com as críticas.

A presidente do PT falou em “donos mesquinhos” da imprensa, que estariam incomodados com a miragem de um “protagonismo internacional” de Lula. No seu momento mais agitado, chamou os editoriais que têm opiniões diferentes de “censura”; na ideologia oficial de hoje a imprensa só é livre para falar bem do governo. Não basta ser a favor; tem de ser a favor sempre. Acham que isso é um direito adquirido.

ANÁLISES NEGATIVAS – Incomodam o governo, especialmente, as análises negativas da mídia sobre os investimentos da Petrobras. Não admitem, ali, que alguém possa ter um ponto de vista diferente em relação aos bilhões que a empresa decidiu enterrar na área em que funciona pior – o refino, onde opera um parque industrial obsoleto, ineficaz e principalmente fracassado.

Após 70 anos de monopólio praticamente total na operação das refinarias, a Petrobras não consegue produzir o suficiente para atender as necessidades internas de combustível.

O resultado é que o Brasil, hoje, é um grande exportador mundial de petróleo, pelo sucesso que tem na área de maior competência da Petrobras – a extração de óleo em alto mar, onde mantém parcerias estratégicas com o que há de melhor do mundo em termos de produção. Mas tem de importar gasolina e diesel.

Quem impediu Mantega de presidir a Vale foi um “Tribunal” que funciona

Charge do Néo Correia (Veja)

Mario Sabino
Metrópoles

A notícia é exemplar, no sentido de ilustrativa. Lula desistiu de presentear Guido Mantega com a presidência da Vale. Ou melhor, de retribuir o ex-ministro da Fazenda com um salário de 59 milhões de reais por ano pela lealdade demonstrada durante a Lava Jato.

É que Lula descobriu que a Vale não é mais do governo e que não poderia, assim, “reparar uma injustiça” com dinheiro alheio. Quer dizer, ele sabe disso, mas não se conforma que a empresa tenha outros donos.

PATRIMONIALISTA – É difícil mesmo convencer político patrimonialista, com o perdão da redundância, de que nem tudo no Brasil lhe pertence. Ainda mais político patrimonialista de esquerda, daqueles que acordam e vão dormir pensando em salvar a humanidade dela própria. O governo detém apenas 8% do capital da mineradora, ainda assim de forma indireta, por meio da Previ.

Os acionistas da Vale tiveram de pagar caro pelo capricho frustrado de Lula. Foi só o jornalista Lauro Jardim noticiar que o ministro de Minas e Energia havia ligado para investidores graúdos da Vale para dizer que o inquilino do Planalto queria que Guido Mantega presidisse a empresa, já que dotado de toda aquela radiosa incompetência que lhe é peculiar, e as ações da Vale despencaram.

O valor de mercado da mineradora encolheu 39 bilhões de reais.

CARTA NA MANGA – No curto espaço de tempo em que o sonho de Lula e de Guido Mantega durou, jornalistas noticiaram despudoradamente que o governo tinha uma carta na manga para dobrar os acionistas da Vale: as licenças ambientais de que a mineradora precisa para funcionar.

É isto aí, malandragem: para colocar o amigo lá, Lula recorreria à chantagem, caso fosse preciso. Mas o “Superior Tribunal do Mercado”, a única instituição do país que ainda funciona, evitou que a vigarice fosse adiante. Eu disse que esses jornalistas noticiaram despudoradamente a chantagem, mas o advérbio correto é “candidamente”.

Eles não sabem o que dizem, coitados. Bom era o tempo em que a maioria dos jornalistas tinha viés político forjado na militância, companheiros. O sujeito, aliás, orgulhava-se de dizer que “militava no jornalismo”. Hoje, a maior parte é só mesmo ignorante, de uma ignorância da moralidade que a torna imoral, para não falar do mau português igualmente escandaloso. Ainda bem que não é o caso das moças já não tão moças que leem mensagens de autoridades amigas na TV com a certeza de que estão dando notícia em primeira mão.

EXEMPLO DA VEJA – Jornalista que militava no jornalismo, sem tentativa de parecer imparcial, pelo menos não muita, era uma beleza. A Vale, ela própria, ensejou uma das melhores histórias de que fui testemunha ocular e auricular. A coisa ocorreu no século cada vez mais passado, quando eu era um simples editor da Veja.

A equipe do então diretor-adjunto da revista fez uma reportagem enorme sobre os benefícios da privatização da Vale, antes de ele entrar em férias bem tiradas como a deste colunista. Só que o redator-chefe na época, petista mais intransponível do que as águas do São Francisco, não se resignou.

No comando de um escrete de bravos rapazes, o redator-chefe aproveitou a ausência do diretor-adjunto e publicou na semana seguinte — literalmente, apenas sete dias depois — uma reportagem do mesmo tamanho da primeira sobre o insucesso da privatização da Vale.

APENAS UM DETALHE – Os leitores da Veja não entenderam nada desse estranho contraditório, mas jornalista que milita não tem preocupação com esse detalhe, os leitores.

Você há de perguntar: e o diretor de redação da revista, onde estava? Estava lá na sala dele. A reportagem positiva sobre a privatização da Vale — a correta — era homenagem ao patrão; a reportagem negativa sobre a privatização da Vale — a errada — era satisfação à redação povoada de petistas, entre os quais o diretor figurava como impávido colosso.

Sem Guido Mantega na presidência da Vale, Lula e os seus sequazes voltaram a falar de Brumadinho, como se a tragédia fosse necessariamente decorrência da privatização da empresa. Entende-se: é que o Estado brasileiro cuida tão bem dos cidadãos, que é culpa do “racismo ambiental” tantos pobres morrerem soterrados em seus casebres a cada tempestade de verão em janeiro.

Brasil cai para 104ª posição no ranking internacional de combate da corrupção

charge-corrupção-política.jpg :: Charges e Livros

Charge do Tiago Recchia (Charge Online)

Marlen Couto
O Globo

Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil registrou piora na percepção de corrupção e caiu dez posições no ranking anual elaborado pela Transparência Internacional, movimento global com foco no tema. A nota brasileira ficou em 36 pontos, dois a menos que o contabilizado em 2022, e o país ficou na 104ª colocação entre 180 nações avaliadas. Os dados foram divulgados nesta terça-feira.

Com o resultado, o Brasil ficou abaixo da média global (43 pontos), das Américas (43) e de países com democracias consideradas “falhas”. Também atingiu índice semelhante aos da Ucrânia, Argélia e Sérvia e inferior aos da Etiópia, Bielorrússia, Marrocos, Índia, Vietnã e Cazaquistão.

DINAMARCA É EXEMPLO – A pontuação considera uma escala que vai de 0 a 100. O indicador agrega dados de diferentes fontes e traduz as percepções de empresários e especialistas sobre o setor público dos países. O ranking é liderado pela segunda vez seguida pela Dinamarca, que atingiu 90 pontos.

Gerente da Transparência Internacional Brasil, Guilherme France afirma que os fatores negativos que contribuem para o resultado abaixo da média não ficam restritos apenas a um Poder, mas envolvem tanto o governo federal quanto o Legislativo e Judiciário do país.

O resultado também não sofre influência apenas de acontecimentos de 2023, mas é “reflexo de um processo histórico mais amplo” de desestruturação de marcos legais e institucionais de combate à corrupção no período recente.

DESDE A LAVA JATO – O Brasil registrou piora no combate à corrupção nos últimos anos frente a 2012 e 2014, com a Lava Jato, quando atingiu seus melhores desempenhos no índice, segundo a série histórica do levantamento. A nota brasileira é hoje sete pontos menor, na comparação com o pico alcançado pelo país nos dois anos.

— O processo de reestruturação e reconstrução não acontece do dia para a noite, mas demanda tempo e a atuação proativa das instituições — pontua France.

Em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o relatório da organização defende que “o país vem falhando” na reconstrução dos mecanismos de controle jurídico e político, após desmontes no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao mesmo tempo que “vem demonstrando avanços na recuperação do controle social da corrupção”.

ZANIN E GONET – Como pontos negativos, a Transparência Internacional lista a nomeação de Cristiano Zanin, advogado pessoal de Lula, para a primeira vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) e a opção do presidente por ignorar a lista tríplice da categoria na escolha de Paulo Gonet como novo procurador-geral da República.

O movimento afirma que Lula “preferiu repetir o método de escolha política de Bolsonaro, cujos efeitos desastrosos ainda são sentidos no país”. Também critica a pressão do governo pelo afrouxamento da Lei das Estatais.

“Os efeitos já começaram a ser sentidos na principal empresa brasileira e foco de macro esquemas de corrupção, a Petrobras, com afrouxamento de regras de blindagem política no estatuto da companhia e nomeações de gestores atropelando vetos do departamento de compliance, inclusive indivíduos investigados por corrupção”, diz o documento.

LIÇÕES NÃO APRENDIDAS – Na avaliação de France, problemas evidenciados pela Lava-Jato, que tem sofrido reveses e críticas por parcialidade, não foram endereçados de forma sistêmica e há reversão de reformas que haviam sido implementadas.

— A Lei das Estatais vem em resposta à Lava-Jato, colocando restrições à indicação de políticos para altos cargos. A gente viu no último ano uma decisão liminar monocrática que suspendeu a aplicação dessas restrições, reintroduzindo a estatais no jogo político de disputa por apoio político no Congresso. É como se a gente não tivesse aprendido as lições que os grandes casos de corrupção evidenciam. — afirma o gerente da Transparência Internacional Brasil, que acrescenta:

— Criou-se uma estigmatizarão da discussão sobre a luta contra a corrupção como se fosse algo pertencente a um determinado lado do espectro político, quando deveria ser uma missão e um propósito de todos os atores do espectro político e política de Estado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Detalhe importante: o levantamento do ranking foi feito antes de Lula tentar impor a escolha de Guido Mantega para presidir a Vale, uma empresa privada. Recorde-se que Mantega foi condenado pelo Tribunal de Contas da União e não pode ter cargo público até 2030. Se pudesse, teria sido nomeado por Lula desde o início do governo. (C.N.)

Lula cobra PF, diz nunca estar seguro com a Abin e já admite demitir Moretti

Lula nega que ofereceu cargo para Tabata desistir da Prefeitura de SP

Lula diz que a Polícia Federal trabalha com muita pirotecnia

Matheus Teixeira
Folha

O presidente Lula (PT) rebateu nesta terça-feira (30) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse que ele falou uma “grande asneira” ao afirmar que a operação da Polícia Federal foi uma perseguição. Em entrevista à rádio CBN Recife, Lula afirmou que a polícia “não pode exorbitar em fazer pirotecnia” e precisa respeitar a presunção de inocência de investigados, o que ele diz não ter tido direito quando foi alvo de investigações na Lava Jato.

“Todo mundo sabe, tanto PF quanto MP [Ministério Público], quer investigar, investigue, mas não faça show pirotécnico, não fique divulgando nome da pessoa antes de ter prova concreta, não fique destruindo imagem das pessoas antes de investigar”, disse.

DEMITIR MORETTI – Lula também disse que deixará o diretor-adjunto da Abin, Alessandro Moretti, se defender no cargo, mas que, se acusações da PF forem verdadeiras, não haverá “clima” para ele seguir no governo.

Moretti foi citado na operação da polícia que mirou o chefe da agência durante o governo Bolsonaro, Alexandre Ramagem (PL-RJ), sob suspeita de um esquema de arapongagem na montagem da chamada “Abin paralela”.

Na ação policial da semana passada contra Ramagem, que atualmente é deputado federal, a PF diz que o atual número dois da agência teria afirmado que a apuração sobre o caso tinha “fundo político e iria passar”. Moretti é delegado da PF. No pedido, a entidade diz que a postura de Moretti não é a esperada de um delegado que, até dezembro de 2022, ocupava a função de diretor de Inteligência da Polícia Federal.

MAIS INVESTIGAÇÃO – Lula, porém, afirmou que não se pode ler “apenas a manchete do jornal” e ponderou. “Antes de você fazer simplesmente a condenação, é importante investigar corretamente”, declarou.

Na entrevista desta terça-feira, Lula demonstrou insegurança em relação à Abin. “A gente nunca está seguro”, disse. No entanto, afirmou que confia no diretor-geral do órgão, Luiz Fernando Corrêa.

“O companheiro que indiquei para ser diretor-geral da Abin é companheiro que foi meu diretor geral da PF entre 2007 e 2010, é pessoa que tenho muita confiança e por isso chamei, já que não conhecia ninguém dentro da Abin. E ele montou a equipe dele e dentro da equipe tem cidadão que está sendo acusado que mantinha ligação com Ramagem, que é ex-presidente da Abin do governo passado”, resumiu.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lula tem razão. A Polícia Federal faz pirotecnia, incentivada pelo ministro Alexandre de Moraes, que conduz o inquérito do fim do mundo, que não acaba nunca e onde cabe tudo. É preciso trabalhar com menos sensacionalismo e com mais responsabilidade. Vamos ver se atendem ao presidente. (C.N.)

General Augusto Heleno precisa ser ouvido e responsabilizado pela arapongagem

Charge do Aroeira | Metrópoles

Charge do Aroeira (Brasil247)

Roberto Nascimento

A quem o diretor-geral da ABIN, delegado federal Alexandre Ramagem, era subordinado? Seu chefe imediato, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, era o general Augusto Heleno ou o vereador Carlos Bolsonaro, filho 02 do então presidente da República?

A paranóia referente a uma suposta conspiração contra o governo Bolsonaro ocorreu desde a posse até o final da gestão. Até aliados do próprio governo na Câmara e no Senado foram monitorados pela Abin institucional ou pela paralela.

ATÉ CIRO NOGUEIRA – Parece brincadeira, mas até o ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, Ciro Nogueira, foi monitorado, assim como Gustavo Bebiano, secretário-geral da Presidência, e o general Santos Cruz, secretário de Governo. Os dois foram demitidos, sem dó nem piedade, após o presidente receber relatórios paralelos.

A dúvida é, se eram confiáveis esses relatórios. Se foram feitos pela Abin ou se tratava de fake news colhidas pelo grupo palaciano liderado por Carlos Bolsonaro. Os bisbilhoteiros costumam levar ao soberano apenas aquilo que interessa a eles.

O próprio Bolsonaro, naquela reveladora reunião ministerial de 22 de abril de 2020, admitiu que montara um serviço particular de informações “que funcionava”. Se o então presidente fez essa afirmação naquela época, como poderá se desdizer quando começam a aparecer provas materiais? Fica difícil.

ARAPONGAGEM – A República, de 2019 até 2022 foi um festival de fakes news e de arapongagem. O general Augusto Heleno, do GSI, a quem a Abin estava subordinada, deve ser chamado para depor. É impossível que ele nada saiba sobre essa bagunça generalizada.

O problema é que os arapongas, incrustados nas Agências de Informações, hipoteticamente têm que respeitar a Constituição e as leis, simples assim. Ninguém está acima da Lei. Todos são iguais perante o arcabouço legal.

Quanto aos excessos cometidos por arapongas da CIA, da KGB, do Mossad e de todos outros órgãos, trata-se de problemas de seus respectivos países e não podem servir de justificativa.

PAGAR PELOS CRIMES – Se as investigações em curso comprovarem que os dirigentes da Abin agiram fora da curva, terão que pagar pelos seus crimes. Quanto aos servidores subalternos, não devem ser incriminados, pois apenas obedeciam a ordens;

Caso os envolvidos não sejam punidos, uma porta se abrirá para qualquer governo agir do mesmo modo.

E ficou uma dúvida. Será que Arthur Lira e Rodrigo Pacheco também foram monitorados pela Abin paralela? O programa FirstMile, de espionagem israelense, teria funcionado também para os presidentes da Câmara e do Senado? Logo saberemos.

Abin paralela: criminosa, inaceitável, resquício ditatorial

Charge do Miguel Paiva (Brasil247)

Marcelo Copelli

Cada vez mais os fatos apontam que aliados do ex-mandatário derrotado nas urnas de 2022, infiltrados na Agência Brasileira de Inteligência, integravam um amplo grupo cuja responsabilidade era a de manter um serviço clandestino de “contrainteligência”.  De acordo com a Polícia Federal , indícios ratificam que além da espionagem ilegal de desafetos e adversários políticos, os sistemas de inteligência do Estado podem ter sido usados para conseguir informações sobre investigações sigilosas da própria PF.

Uma conversa recuperada no celular de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência, mostra que uma assessora do vereador Carluxo pediu informações sobre inquéritos de interesse da família Bolsonaro. A servidora diz a uma auxiliar de Ramagem que precisa “muito de uma ajuda”, informa o número das investigações e acrescenta que elas envolveriam o presidente da República e três filhos.

INFORMAÇÕES SIGILOSAS – Por mais que meia dúzia de fanáticos seguidores do ex-presidente ainda tentem justificar sem argumentos comprovações de que a última gestão alinhava-se pelos tortuosos caminhos da ilegalidade, utilizando-se de práticas da época da ditadura, as provas cada vez mais contundentes  confirmam que aliados de Bolsonaro tinham acesso direito ao ex-diretor da Abin e usavam o canal para conseguir informações sigilosas e sobre “ações não totalmente esclarecidas”.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) sinalizou que outros episódios de interferência na Abin ocorreram enquanto Alexandre Ramagem esteve à frente da agência. Em fevereiro de 2020, por exemplo,um dossiê com dados de inquéritos eleitorais em tramitação na PF no Rio teria sido impresso por Ramagem; outro indício mencionado pela Polícia Federal ao pedir autorização do STF para deflagrar a nova fase ostensiva da investigação.

CONDUTAS ILEGAIS – Não trata-se apenas de ideologias políticas ou disputas polarizadas no cenário em debate, mas de, comprovadas as condutas ilegais, apurar de forma ágil e transparente todas as ações que atentaram contra a democracia, utilizando-se do aparato governamental.

A existência de uma organização criminosa cujos efeitos podem ter sido muito maiores que as provas iniciais demonstram, requerem uma profunda apuração e responsabilização dos envolvidos. Não há democracia quando o próprio agente público, representantes eleitos e servidores manipulam opositores através de práticas que deveriam ter sido abolidas e nunca mais repetidas.

Para a Polícia Federal, Ramagem agia a mando de Bolsonaro na “Abin paralela”

Alexandre Ramagem foi diretor da Abin no governo de Jair Bolsonaro; suspeita é de que órgão investigou políticos e outras autoridades

Ramagem trabalhava para Bolsonaro, e não para a Abin

Eliane Cantanhêde
Estadão

Ao anunciar que tinha um “sistema particular de inteligência”, naquela reunião ministerial tenebrosa de maio de 2020, o então presidente Jair Bolsonaro não estava apenas sendo arrogante, mas também confessando um crime, admitindo a manipulação das instituições e jogando luzes sobre uma velha mania dos poderosos de plantão: a confusão entre o público e o privado, levada ao limite na era Bolsonaro.

O sistema de inteligência do Estado não é propriedade de presidentes que entram e saem dos palácios e nunca, jamais, em tempo algum, poderia ser considerado “particular”, nem mesmo, ou muito menos, por aquele que se referia ao Exército Brasileiro como “meu Exército”.

FOCO DE BOLSONARO – Mas, naquela reunião ministerial, Bolsonaro confirmou que fazia uso da Polícia Federal e dos órgãos de informação a seu bel prazer e/ou para projetos inconfessáveis.

Como ele mesmo admitia não entender e não estar nem aí para economia, educação, energia, gestão…, o foco estava nos sistemas que ele quis transformar em “particulares”: os de inteligência, como PF e Agência Brasileira de Inteligência (Abin); os armados, principalmente o Exército, mas também Marinha, Aeronáutica, Polícia Rodoviária Federal e até forças policiais estaduais; e os de investigação e controle, como Receita Federal, responsável pelos impostos, e Coaf, que vigia operações financeiras “atípicas”.

Conclusão óbvia diante das operações de busca e apreensão da PF que sacudiram a semana em Brasília: na direção da Abin, o delegado e agora deputado Alexandre Ramagem não usava por decisão própria e para consumo próprio os instrumentos espiões e ilegais da agência contra ministros do Supremo, presidente da Câmara e até promotora do caso Marielle, mas sim a mando do chefe Bolsonaro e para atender aos interesses “particulares” dele: contra os que considerava ameaças a seus devaneios golpistas e a favor, por exemplo, dos filhos.

RAMAGEM NA PF – Poderia ser ainda pior. Bolsonaro chegou a nomear Ramagem para a direção geral da PF e, se a Abin é órgão de inteligência, a PF é também operacional, de execução, com mão na massa – e no revólver.

Apesar de muito criticado, o ministro do STF Alexandre de Moraes alegou “desvio de finalidade” e impediu a ida de Ramagem para a PF. E não foi por “perseguição”, “interesses políticos” ou qualquer outra coisa, mas por informação, a especialidade do ministro.

Ramagem assumiu a Abin em julho de 2019. Em abril de 2020, Bolsonaro discursou, com o QG do Exército ao fundo, num ato golpista que pedia fechamento do Congresso e do Supremo e a volta da ditadura militar. Um escândalo.

Como era domingo, o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, recebia em casa, socialmente, o ministro do STF Gilmar Mendes e, aos dois casais, veio se juntar o ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública Raul Jungman.

“CONSPIRAÇÃO” – Bolsonaro concluiu que era resistência ao ato golpista e rapidamente e alardeou o almoço dominical como “conspiração”, deixando uma dúvida: como ele sabia do encontro?

Já havia o monitoramento de localização de celulares pelo sistema FirstMile da Abin e, quando Bolsonaro assinou a nomeação de Ramagem para a PF, Moraes a vetou. Como a história e a PF mostram, estava certíssimo.

Monitorar os passos e atividades de cidadãos e autoridades por motivos políticos, como faziam a Abin e o Ministério da Justiça, não é apenas crime previsto no artigo 5º da Constituição (sobre direitos individuais), como método clássico de ditaduras e de “caça às bruxas”. É assim que Nicolás Maduro acaba de prender 32 críticos do regime na Venezuela.

RUMO AO GOLPE – As investigações sobre a ações secretas da Abin dos tempos de Ramagem e Bolsonaro não são isoladas. Ao contrário, são parte do processo de desvendar e desbaratar o aparato montado para controle de cidadãos e preparação de um eventual golpe de Estado.

Uma conexão concreta é com o Ministério da Justiça, que listou 579 nomes de professores e funcionários públicos federais e estaduais “antifascistas” (contrários a Bolsonaro). Com que finalidade?

Só para lembrar, o ministro era Anderson Torres, também delegado de carreira da PF, que foi preso, guardava em casa uma minuta de golpe, coordenou a ação criminosa da PRF para dificultar a chegada de eleitores petistas às urnas no segundo turno das eleições presidenciais de 2022 e foi estrategicamente colocado na Segurança Pública do DF para deixar rolar o 8 de janeiro de 2023, sem importunar os golpistas que destruíram Planalto, Congresso e Supremo.

MÁS COMPANHIAS – Um Ramagem daqui, um Anderson Torres dali, um Mauro Cid acolá…. Sem contar generais, de um lado, e figuras muito suspeitas, de outro: Fabrício Queiroz, Daniel Silveira, Walter Delgatti, Marcos do Val… Onde o Brasil foi se meter?

É exatamente para descobrir que Brasil era esse, quem eram os executores e os mandantes e o que ainda há de infiltração nas instituições que PF, Supremo e agora a Procuradoria-Geral da República (PGR) estão e vão continuar agindo.

Há ainda muitas frentes e muitos nomes a serem investigados.

O modo exato de se desculpar poeticamente, segundo Flora Figueiredo

Flora Figueiredo - a poética da vivência | Templo Cultural Delfos

Flora Figueiredo, em curtas palavras, o poema

Paulo Peres
Poemas & Canções

A tradutora, cronista e poeta paulista Flora Figueiredo, no poema “Atitude”, mostra como se pode pedir desculpas poeticamente.

ATITUDE
Flora
Figueiredo

Esse seu silêncio
soa como um grito,
abafado em panos.
Só faz denunciar os danos que causei.
Desculpe o mau-jeito,
mas comporto, em minha quota de defeitos,
não levar junto os enganos que eu amei.

Polícia Federal apura um “conluio” com atual direção para blindar investigações

Charge

Charge do Fernandão (Arquivo Google)

Pepita Ortega, Fausto Macedo e Rayssa Motta
Estadão

A conduta do alto escalão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em meio às diligências da Operação Vigilância Aproximada, que apura suposto monitoramento ilegal para atender a interesses do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, também é alvo de investigação da Polícia Federal.

A cúpula da Agência convocou uma reunião extraordinária enquanto a PF saia às ruas no dia 25 – e agora os investigadores ouvem depoimentos de servidores para identificar o teor do encontro.

Três funcionários da Abin foram convocados para depor sobre o episódio. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmada pelo Estadão. A averiguação da PF sobre a reunião interna se dá no bojo do braço da investigação sobre suposto ‘conluio’ entre a atual gestão do órgão e servidores que já estavam na mira da PF.

DURANTE A OPERAÇÃO – A reunião sob suspeita ocorreu no final da manhã da quinta-feira, 25, antes de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, levantar o sigilo da decisão que mobilizou agentes da PF para cumprirem 21 mandados de busca e apreensão.

O principal alvo da ofensiva foi o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a agência na gestão Bolsonaro e hoje é pré-candidato à prefeitura do Rio com o apoio do ex-chefe do Executivo.

A linha investigativa que tem a cúpula da Abin na mira apura se, a pretexto de proteger informações “sensíveis”, a agência estaria dificultando acesso a dados necessários ao avanço da investigação. Como mostrou o Estadão, a PF entende que a cúpula da agência estaria preocupada, na verdade, com a exposição da espionagem clandestina de autoridades.

AVANÇO DA APURAÇÃO – “A preocupação de ‘exposição de documento’ para segurança das operações de ‘inteligência’, em verdade, é o temor da progressão das investigações com a exposição das verdadeiras ações praticadas na estrutura paralela, anteriormente, existente na Abin”, diz um trecho do relatório da PF que culminou na Operação Vigilância Aproximada.

A PF crava que a conduta prejudicou a investigação. “A direção atual da Abin realizou ações que interferiram no bom andamento da investigação sem, contudo, ter sido possível identificar o intento das ações.”

Luiz Fernando Corrêa, atual chefe da Abin, responsável por convocar a reunião no dia 25, também teria estado presente, segundo a PF, na reunião em que o ex-diretor da agência e sucessor de Ramagem, Alessandro Moretti, afirmou que a investigação tinha “fundo político e iria passar”. A PF ouviu dos investigados que a direção atual da Abin teria se comprometido a “construir uma estratégia em conjunto” e “convencer o pessoal que há apoio lá de cima”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGÉ claro que houve apoio lá de cima – e bota apoio nisso. O mais impressionante é acharem que essas atuações ilegais não viriam a público, mais cedo ou mais tarde, como aconteceu com as torturas e atrocidades do regime de 1964. Os assassinatos de Rubens Paiva e Stuart Angel Jones, por exemplo, são conhecidos hoje em detalhes. O mais curioso é a atual direção estar metida no rolo, querendo blindar a atual cúpula da espionagem pátria. (C.N.)

Precatórios elevam rombo para R$ 230,5 bilhões, no pior resultado desde 2020

Onde é que está o rombo?? - Bancários Jundiaí

Charge do J. Cézar (Arquivo Google)

Idiana Tomazelli e Adriana Fernandes
Folha

No primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as contas do governo central tiveram um rombo de R$ 230,5 bilhões em 2023, o equivalente a 2,12% do PIB (Produto Interno Bruto). Trata-se do pior resultado desde 2020, ano da pandemia de Covid-19.

O resultado foi influenciado pela regularização dos precatórios, dívidas judiciais que haviam sido adiadas pela gestão de Jair Bolsonaro (PL). No fim do ano passado, o governo Lula obteve autorização do STF (Supremo Tribunal Federal) para quitar um passivo de R$ 92,4 bilhões. Mesmo sem o pagamento dos precatórios, o déficit teria sido de R$ 138,1 bilhões —o equivalente a 1,27% do PIB.

DO TIPO DILMA – Nesta comparação, apenas o segundo mandato de Dilma Rousseff (PT) teve um resultado pior no primeiro ano da gestão. Em 2015, o rombo foi de R$ 183,1 bilhões devido à regularização das chamadas pedaladas fiscais. Em 2019, primeiro ano da gestão Bolsonaro, o déficit foi de R$ 122,6 bilhões. Os valores foram atualizados pela inflação.

O resultado de 2023 foi pior do que a meta traçada pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), que prometeu entregar um déficit de até 1% do PIB no primeiro ano da administração.

Antes mesmo da posse de Lula, o governo atuou no Congresso Nacional para aprovar uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que autorizou a ampliação de até R$ 168 bilhões nos gastos em 2023 para recompor ações do Orçamento que estavam estranguladas por cortes de até 95%.

RECEITA CAIU – A elevação dos gastos deflagrou uma piora nas expectativas em relação à trajetória fiscal. A equipe econômica chegou a lançar, ainda em janeiro, medidas para recompor as receitas de 2023, mas boa parte não rendeu o esperado ou foi desidratada após longa negociação com o Congresso. A arrecadação federal teve uma queda real de 0,12% no ano passado, já descontada a inflação.

O déficit indica que o governo gastou mais do que arrecadou no ano passado. O dado divulgado nesta segunda-feira (29) agrega estatísticas do Tesouro Nacional, Banco Central e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Para a aferição oficial do cumprimento da meta fiscal, o STF autorizou o governo a descontar os gastos com a regularização dos precatórios.

VALORES ABANDONADOS – Por outro lado, o resultado fiscal ainda vai ter uma piora adicional de R$ 26 bilhões, referentes ao resgate de valores abandonados nas contas do Fundo PIS/Pasep.

O BC, órgão responsável pelas estatísticas oficiais das finanças públicas, não considera os recursos do fundo como receita primária —uma metodologia distinta da adotada pelo Tesouro Nacional. Por isso, na verdade o rombo a ser anunciado pelo BC será ainda maior.

Ainda assim, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) autoriza um rombo de até R$ 213,6 bilhões, o que corresponde a 2% do PIB. Portanto, os números não devem indicar um descumprimento formal da regra.

DISSE HADDAD – Em seu discurso de posse, em janeiro de 2023, Haddad disse que não iria aceitar um resultado “que não seja melhor do que os absurdos R$ 220 bilhões de déficit previstos no Orçamento”.

A partir daí, a Fazenda traçou a meta informal de 1% do PIB —que em março chegou a virar 0,5%, um objetivo ainda mais ambicioso, mas que logo foi abandonado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Palavras, o vento as leva, diz o ditado. Se depender de nossos governantes, a dívida pública explode e o Brasil se transforma numa enorme Argentina. É lamentável que sejam tão irresponsáveis. (C.N.)

Após o impeachment, Lula e o PT tiveram três derrotas ao tentar reabilitar Mantega

Mantega deixa equipe de transição de Lula e acusa 'adversários interessados em tumultuar'; Veja a carta na íntegra

Mantega é uma mala sem alça que Luta tenta carregar

Roseann Kennedy
Estadão

Desde que foi eleito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT têm feito um esforço constante para reabilitar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Mas já colecionam três derrotas nessa missão. A mais recente foi nesta sexta-feira, 26.

Sem apoio, exceto da ala mais à esquerda do partido e do governo, e com a forte reação negativa do mercado devido a interferência numa empresa privada, o jeito foi o governo recuar na tentativa de pôr Mantega para presidir a Vale.

SILVEIRA NEGA – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, negou nesta sexta que Lula tenha interferido na sucessão da Vale.

Nos últimos dias, no entanto, Silveira acompanhou calado as informações de ter sido escolhido pelo presidente para intermediar conversas com os conselheiros em favor do ex-ministro petista, e políticos próximos comemoravam que ele estava “bem na fita” com o presidente, como mostrou a Coluna do Estadão.

“Infelizmente se tornou uma grande especulação. Lula em nenhum momento tratou comigo sobre a indicação de nome para a Vale”, afirmou Silveira em entrevista coletiva.

SEM CARGO PÚBLICO – Além disso, outra derrota foi Guido Mantega estar impedido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de ocupar cargos públicos até 2030 por seu envolvimento nas “pedaladas fiscais”, o mecanismo de maquiagem nas contas públicas que custou o mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.

Mas o presidente Lula e o PT consideram o ex-ministro um “injustiçado” pela história brasileira.

Sem poder colocar Guido Mantega no seu time de maneira formal, primeiro Lula indicou o ex-ministro para a área econômica da equipe de transição de governo, logo após ser eleito em 2022. Houve uma chuva de críticas e o ex-ministro pediu para deixar a equipe, a qual havia integrado de forma voluntária, para ajudar no processo de mudança do governo.

DISSE MANTEGA – “Essa minha condição (a decisão do TCU) está sendo explorada pelos adversários, interessados em tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo. Diante disso, resolvi solicitar meu afastamento da Equipe de Transição, no aguardo de decisão judicial que irá suspender os atos do TCU que me afastaram da vida pública.”, disse na carta enviada a Geraldo Alckmin, que na época era coordenador geral da transição.

Nesse mesmo período, houve uma articulação petista para colocar Mantega no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A presidente do PT, Gleisi Hoffmann pressionou para o BID adiar as eleições para a presidência da instituição, para que o governo eleito de Lula pudesse apresentar um novo nome à vaga.

A instituição não adiou e o ministro da Economia, Paulo Guedes, responsável pela indicação, oficializou o nome do então diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, Ilan Goldfajn.

CONSELHEIRO – Mesmo sem cargo formal, Guido Mantega atua como conselheiro do governo Lula.

Informalmente, o ex-ministro da Fazenda presta assessoria ao presidente petista e chegou até a participar de almoços para discutir a manutenção da meta fiscal.

Na época, ele se alinhou ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ao presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, em defesa do déficit zero.

Carlos Bolsonaro não tem competência para criar “Abin paralela”, ironiza Mourão

Hamilton Mourão é eleito senador pelo Rio Grande do Sul | Eleições 2022 |  Valor Econômico

Mourão acha que Carlos Bolsonaro não tem capacidade

Eduardo Barretto
Metrópoles

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente de Jair Bolsonaro, afirmou nesta segunda-feira (29/1) que o vereador Carlos Bolsonaro não tem “competência e capacidade” para montar uma “Abin paralela”. Mais cedo, Carlos foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) contra supostos monitoramentos ilegais feitos contra pessoas consideradas adversárias dos Bolsonaro.

Questionado pela coluna se sabia do suposto plano do vereador para fundar uma Abin paralela no governo Bolsonaro, conforme acusação do ex-ministro Gustavo Bebianno durante a gestão, disse Mourão: “Não tenho conhecimento disso, por outro lado julgo que o Carlos não tem competência e capacidade para isso”.

DISSE BEBIANO – Em 2 de março de 2020, Gustavo Bebianno, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência de Bolsonaro, afirmou em entrevista ao programa Roda Viva:

“Um belo dia, o Carlos me aparece com um nome de um delegado federal e de três agentes que seriam uma Abin paralela, porque ele não confiava na Abin. O general Augusto Heleno [então ministro do GSI, a quem a Abin é subordinada] foi chamado, ficou preocupado com aquilo, mas Heleno não é de confronto. A conversa acabou comigo e com o Santos Cruz [então ministro da Secretaria de Governo]. Aconselhamos ao presidente que não fizesse aquilo de maneira alguma. Muito pior que o gabinete de ódio, aquilo também seria motivo para impeachment. Depois eu saí, não sei se isso foi instalado ou não”.

A PF suspeita de que Carlos Bolsonaro e aliados tenham recebido informações de inteligência obtidas ilegalmente. A operação é um desdobramento do cumprimento de mandados de busca na última quinta-feira (25/1) contra o ex-chefe da Abin na gestão Bolsonaro e atual deputado federal Alexandre Ramagem, que também é delegado da PF. Ramagem e Carlos Bolsonaro são amigos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG  – Mourão pode estar enganado. O vereador Carlos Bolsonaro, pessoalmente, não tem capacidade para montar a Abin Paralela, mas o assessor Tércio Arnaud tem totais condições. Arnaud era um dos expoentes do Polo de Informática de Campina Grande, foi contratado por Carlos Bolsonaro e montou o Gabinete do Ódio. Nesta segunda-feira, quando a Polícia Federal chegou, encontrou o assessor Arnaud na casa de Bolsonaro, que tinha ido pescar e andar de jet-ski com o filho Carlos. (C.N.)

Organização criminosa atuava em três núcleos dentro da Abin, denuncia a PF

Charge do Dia – JP Revistas

Charge do Miguel Paiva (Brasil247)

Gabriela Coelho e Carlos Eduardo Bafutto
R7, em Brasília

A Polícia Federal (PF) apontou a atuação de três núcleos de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo a PF, os investigados criaram uma estrutura paralela dentro da agência.

De acordo com a corporação, o grupo utilizou ferramentas e serviços da agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da PF.

TRÊS NÚCLEOS – Foram identificados os seguintes núcleos de atuação:

1. Cúpula: formado por delegados federais cedidos para Abin exercendo funções de direção e utilizaram o sistema First Mile “para monitoramento de alvos e autoridades públicas, bem como serviço de contrainteligência e criação de relatórios apócrifos que seriam divulgados com o fim de criar narrativas falsas”. Neste grupo estão o deputado Alexandre Ramagem, à época diretor-geral da Abin, e o delegado da PF Carlos Afonso Gonçalves, ex-diretor do Departamento de Inteligência Estratégica. Policiais federais cedidos à Abin e servidores monitoravam alvos e produziam relatórios.

2. Evento-Portaria 157: responsáveis pelas diligências que resultaram na tentativa de vinculação de parlamentares e ministros do Supremo a organizações criminosas. Segundo a PF, foram identificadas anotações que remete à tentativa de associação de deputados federais e ministros do STF à organização criminosa conhecida como PCC (Primeiro Comando da Capital).

3. Tratamento-Log: responsável pelo tratamento dos logs disponíveis desde do início da investigação.

INCRIMINAÇÃO – Caso os crimes sejam comprovados, os suspeitos podem responder por invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas. As informações foram repassadas à RECORD por uma fonte da corporação.

A suspeita é que os investigados usavam “técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG Caramba, amigos! O mais incrível é pensar (?) que um esquema desse porte jamais fosse descoberto. A irresponsabilidade dessa gente é uma arte, como diria o magistral Ataulfo Alves. (C.N.)

De volta ao futuro, Mercadante quer fazer o quarto polo naval, após os três fracassos

Aloízio Mercadante, o atual presidente do BNDES

Lula obrigou Mercadante a criar o novo programa naval

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Não deu outra, 24 horas depois do anúncio do programa Nova Indústria, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, anunciou que a Viúva poderá botar pelo menos R$ 2 bilhões num projeto de recriação da indústria naval. Assim, a geração de Lula será a única que financiou quatro polos navais. Os três anteriores foram a pique.

Mercadante diz que “nós precisamos fazer navios, já fizemos.” Tem toda razão. No século XVII, na Ilha do Governador, construiu-se o galeão Padre Eterno, que pode ter sido o maior barco do mundo. Na mesma fala o doutor informou: “Tivemos uma indústria pujante de construção naval nos anos 70.” Pujante ela era, mas quebrou. Os polos navais quebram porque quando se lança um novo programa não se revisita a causa da ruína dos anteriores.

POLO DE JK – O primeiro polo naval da segunda metade do século XX foi criado por Juscelino Kubitschek. Afundou, mas uma parte da conta foi para os estaleiros. O segundo polo, “pujante”, surgiu no governo Costa e Silva e cresceu com Ernesto Geisel. Danou-se, mas a conta fez um percurso interessante.

Os bancos que financiavam o plano recebiam papéis avalizados pela Viúva. Era um negócio tão bom que um burocrata deu um chá de cadeira de 40 minutos no banqueiro Leopold Rothschild. A primeira denúncia de que alguns desses contratos eram extorsivos vinha de 1971.

Do outro lado do balcão, os bancos emprestaram a estaleiros que iam mal das pernas. Como os papéis eram garantidos pela Viúva, um só banco brasileiro emprestou 100 milhões de dólares a empresas que iam mal. Em 1984 o polo quebrou, e a Viúva não honrou seus avais. Um armador carioca matou-se.

Depois do naufrágio, o mico dos chamados “papéis podres” foi reciclado, virou moeda real e serviu para arrematar empresas estatais de boa qualidade. Assim, o banqueiro que investiu num mau negócio dos estaleiros protegidos pela Viúva, assenhoreou-se de boas empresas da própria senhora.

MALFEITORIAS – O terceiro polo, de Lula 01, nasceu em 2003 e tinha dois braços. Um construiria navios e o outro daria plataformas marítimas para a Petrobras. A primeira denúncia de malfeitoria partiu em 2004 e veio de José Eduardo Dutra, presidente da Petrobras. Tratava-se de uma disputa na qual estavam de um lado a estatal e a Odebrecht. Do outro, as empreiteiras Camargo e Andrade Gutierrez.

Os estaleiros nacionais tiveram dias de esplendor, chegaram a empregar milhares de pessoas. Criou-se uma empresa para construir dezenas de plataformas oceânicas para a Petrobras e ela se chamou Sete Brasil. Armadores estrangeiros entraram no negócio e chegou-se à gracinha de dar agrément ao presidente de um estaleiro de Cingapura para a função de embaixador de seu país no Brasil.

Na Petrobras, as licitações foram cartelizadas e as encomendas foram superfaturadas. Essa história da Lava-Jato mostrou e acabou em mais de uma dúzia de confissões e cadeias. Uma delas foi a de Antonio Palocci, o ex-ministro da Fazenda de Lula. Ele contou à Polícia Federal que propinas de fornecedores eram canalizadas para o Partido dos Trabalhadores.

SEM INVESTIGAR – A colaboração de Palocci foi divulgada às vésperas da eleição presidencial de 2018 pelo juiz Sergio Moro. Moro viria a ser ministro do presidente Jair Bolsonaro. Suas revelações, algumas das quais eram irresponsáveis, não foram investigadas direito.

O primeiro navio do polo de Lula 01 adernou quando entrou no mar. As roubalheiras resultaram na desmoralização do projeto, no colapso de três grandes estaleiros. Um deles devia R$ 4 bilhões. Cerca de 82 mil trabalhadores perderam seus empregos.

Passou o tempo, o Supremo Tribunal Federal julgou Sergio Moro um juiz suspeito e, nos anos seguintes, decidiu invalidar sentenças, confissões e multas. Assim como no desastre do polo naval da ditadura, a responsabilidade ficou difusa, mas o prejuízo ficou concentrado na Bolsa da Viúva.

SEM RESPONSABILIZAR – Mercadante tem razão quando diz que o Brasil sabe fazer navios, o que o andar de cima do Brasil não faz é responsabilizar burocratas delirantes e larápios contumazes que corroem as iniciativas dos governos.

O Brasil já soube fazer navios. Uma das lendas de uma História mal contada é a de que Portugal proibia a existência de indústrias no Brasil. Até hoje não se explicou como um estaleiro da Ilha do Governador, no Rio, construiu em 1665 o galeão “Padre Eterno”.

Segundo uma edição do jornal Mercúrio Portuguez da época, era “o mais famoso baixel de guerra que os mares jamais viram”. O “Padre Eterno” naufragou anos depois na rota das Índias, e Salvador de Sá ficou injustamente esquecido.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGCom todo o respeito a Elio Gaspari, não é Mercadante que deseja um novo polo naval. Trata-se de ordem direta de Lula, que o presidente do BNDES foi obrigado a acatar, mas só destinou R$ 2 bilhões, que não dão para nada, mas servem para embromar o presidente lunático. (C.N.)

Lula precisa cair na real e demitir a cúpula da Abin, que está deixando furo

ABIN – MoisesCartuns

Charge do Moisés (Arquivo Google)

Roberto Nascimento

Os fatos envolvendo a Abin são tão graves que uma mudança geral na cúpula é medida que se impõe com urgência. Segundo as investigações em curso na Polícia Federal, a Abin Paralela, à margem da Lei, é Inconstitucional, conforme o artigo 5ª, inciso X: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Logo, os mais de 1,5 mil cidadãos monitorados pelos arapongas na denominada Abin Paralela têm assegurado o direito à indenização, se comprovados os danos decorrentes da violação, que não foi executada segundo o devido processo legal, que exige uma decisão judicial.

DIVERSOS PROPÓSITOS – Importante salientar que esse monitoramento serviu para diferentes propósitos, mas um deles, em particular, precisa ser esmiuçado pelos investigadores – se o golpe de Estado tivesse o êxito pretendido, logo na primeira semana o governo ditatorial teria em suas mãos a lista de 1,5 mil desafetos, para prender, cassar e até outras maldades que me recuso a citar.

Eis, aí, o perigo de um órgão de informações paralelo, sem controle do Estado. Vivemos numa corda bamba, sem saber do dia seguinte, podendo acordar com uma patrulha nos esperando para levar, sei lá para onde.

Vejam bem, não se trata de devaneios ou teoria da conspiração, porque já há exemplos na história recente do Brasil. O golpe de deflagrado no dia 31 de março de 1964 depôs o presidente João Goulart, que fugiu para o Uruguai para não ser morto. Pois bem, no dia 9 de abril de 1964, saiu a lista das primeiras cassações de deputados e senadores e houve ordens de prisões para adversários políticos. Óbvio que a lista dos monitorados pelos órgãos de informações das Forças Armadas já estava pronta.

SEM CONTROLE – Eis aí o perigo de um órgão de informações paralelo, sem controle do Estado. Vivemos numa corda bamba, sem saber do dia seguinte, podendo acordar com uma patrulha nos esperando para levar, sei lá para onde.

O fato concreto e que a Abin, como agência de Informações, falhou ao não informar dos atos preparatórios do 8 de Janeiro. Tudo bem que só tinha poucos dias de governo, que ainda estava se estruturando, mas não valeu de nada o longo tempo de transição?

Me parece que vão deixar a poeira baixar, para diminuir a pressão sobre o diretor, que é apadrinhado pelo ministro da Casa Civil, o ex-governador baiano Rui Costa, que afinal, não vem atuando muito bem na pasta e tem deixado a desejar.

PÉSSIMA ESCOLHA – Creio que foi uma péssima escolha nomear Rui Costa para um cargo de extrema importância. Mas o presidente Lula não pretende substituí-lo, pois é da sua natureza ir até o final com suas escolhas.

Lula comporta-se como se jamais errasse em suas escolhas, somente substituirá Rui Costa se aparecer algum escândalo incontornável.

Já Bolsonaro tirava imediatamente, quando era contrariado, como fez com Gustavo Bebiano e o general Santos Cruz. Para continuar no Poder com Bolsonaro, havia uma regra fundamental – sempre dizer amém para o verdugo da vez, caso contrário, rua. Itamar Franco também agia assim, mas recontratava quem provasse ser inocente.

Mercado tranquilo, mas sem entusiasmo com as perspectivas do Brasil neste ano

Dificuldades para o ministro Fernando Haddad emplacar a pauta econômica repercutem pouco em um mercado que vê com alívio que Lula continua mais pragmático do que se poderia imaginar na área

O problema é que Lula não aceita tetos nem ajustes fiscais

Silvio Cascione
Estadão

Quando se fala em risco político e economia, 2024 começou morno para o Brasil. O mercado está relativamente tranquilo, mas sem entusiasmo. Duas notícias recentes descrevem bem esse quadro, que permite algumas reflexões sobre a agenda política deste ano.

A primeira notícia foi a bem-sucedida captação de US$ 4,5 bilhões pelo Tesouro na última segunda-feira (22), com forte demanda. O Brasil tem encontrado portas abertas na comunidade financeira internacional, mesmo com o grande ceticismo a respeito da meta de déficit zero em 2024. As dificuldades de Fernando Haddad para emplacar novas medidas de arrecadação, como o fim da desoneração da folha de pagamentos, têm repercutido pouco no mercado nos últimos meses.

MAIS PREVISÍVEL – Uma das razões é a maior disposição dos fundos em assumir investimentos de maior risco. Mas outra razão, também verdadeira, é o alívio com o primeiro ano do governo Lula. Isso fica claro nas conversas com investidores internacionais. No fim das contas, a leitura de que Lula continua a ser pragmático e evitaria grandes rupturas na política econômica provou-se correta, e o Brasil voltou a ser visto como mais previsível do que outros países em desenvolvimento.

Mas uma segunda notícia, divulgada poucos dias antes, ajuda a manter os pés no chão. Segundo a consultoria PwC, em pesquisa com mais de 4 mil CEOs, o Brasil caiu para a 14ª posição entre os países mais importantes para o crescimento dos negócios empresariais.

Ou seja, nas grandes multinacionais, cada vez menos executivos estão animados com o Brasil, ou mesmo atentos ao que acontece por aqui. Dez anos atrás, o Brasil estava na 4ª posição, e, desde então, só caiu no ranking. A pesquisa foi divulgada no Fórum Econômico Mundial de Davos, onde ficou claro, em outros momentos, o fato de que o Brasil ocupa hoje uma posição secundária na agenda global.

LIMITAÇÕES CRÔNICAS – Isso tem muito a ver com as limitações crônicas da economia brasileira. Mesmo com todas as reformas feitas nos últimos anos, inclusive a reforma tributária de 2023, e com todo o esforço dos governos federal e estaduais para vender projetos ambientais e de infraestrutura, o fato é que ainda há muita incerteza entre as empresas a respeito da insegurança jurídica, tributária, e problemas de mão-de-obra, entre outros.

Por causa de sua privilegiada posição geográfica, o Brasil deveria ser um bom candidato a participar do chamado “nearshoring”: a busca de multinacionais por fornecedores e mercados mais perto de suas bases, e mais longe da China e de zonas de conflito.

Mas, está claro que, por causa de seus defeitos estruturais, o Brasil tem tido até agora uma participação muito tímida nesse movimento.

INCERTEZAS CRESCERÃO – E então? O copo está meio cheio ou meio vazio? Para aqueles que enxergam o mundo em preto e branco, presos à polarização política, é fácil responder. Mas a verdade é muito mais complexa. É questão de tempo, talvez semanas ou meses, para que o bom momento dos mercados globais seja interrompido, e então as incertezas sobre a política fiscal de Haddad cobrarão um preço maior.

Os próximos meses tendem a ser mais difíceis para o governo do que 2023, e a relação com o Congresso pode sofrer novos abalos. Mas, mesmo em meio a tudo isso, o Brasil continuará avançando em reformas importantes, como as próximas etapas da reforma tributária, e começa até a discutir uma reforma administrativa – algo imprescindível, mas há muito adiada.

O Brasil terá ainda novas oportunidades de chamar a atenção, com o G20 oferecendo uma boa vitrine.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGExcelente análise do Silvio Cascione. Realmente o mercado está tranquilo. A única preocupação é a insistência de Lula em se intrometer na Vale. Às vezes, tenho a impressão de que Lula está meio desequilibrado, com um parafuso meio frouxo, como se dizia antigamente. (C.N.)

CGU recupera 120 GB de dados da ‘Abin paralela’, inclusive os arquivos apagados

Abin paralela - Miguel Paiva - Brasil 247

Charge do Miguel Paiva (Brasil247)

Luís Augusto Evangelista e Ana Isabel Mansur
R7, em Brasília

A CGU (Controladoria-Geral da União) conseguiu recuperar 120 GB (gigabytes) de documentos da chamada Abin (Agência Brasileira de Inteligência) “paralela”. Os dados, que incluem 8 GB de material apagado, foram obtidos em sindicância administrativa da controladoria em agosto do ano passado. A Record apurou que a ação da CGU foi capaz de identificar não só quem abriu e imprimiu os arquivos, mas também o conteúdo das informações.

Na investigação administrativa, as autoridades descobriram que os relatórios produzidos pela “Abin paralela”, além de não conter o logo oficial da agência, tinham como alvo pessoas sem qualquer relação com as atribuições da agência ou dos trabalhos em curso.

CURRÍCULOS – Entre os documentos impressos, a CGU encontrou um resumo do currículo da promotora de Justiça do Rio de Janeiro Simone Sibilio, responsável por investigar a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

A CGU vai abrir PADs (processos administrativos disciplinares) para investigar os policiais federais da “Abin paralela” que agiam durante a gestão do agora deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) à frente da agência de inteligência, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Esses agentes da PF foram afastados por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes na quinta-feira (25), dia em que uma operação da PF fez buscas em endereços ligados a Ramagem.

OUTRAS PROVAS – Ainda no ano passado, durante a sindicância, a CGU encontrou provas de outros crimes, que ultrapassavam suas responsabilidades, e encaminhou todo o material para a Polícia Federal.

A partir daí, a PF deflagrou as duas fases da operação — na última quinta (25) e em outubro do ano passado. Entre os autores dos materiais produzidos na “Abin paralela”, estão os policiais federais afastados na quinta (25).

A Record e o R7 também apuraram que a atual cúpula da Abin tentou dificultar o trabalho dos agentes federais durante a operação de quinta (25) na sede da agência.

VEM COLABORANDO? -Os policiais teriam sido questionados a respeito do alcance dos mandados de busca e apreensão e foram impedidos de acessar todos os documentos necessários. A intrusão teria levado os agentes a entrar em contato com Alexandre de Moraes para um novo despacho.

Em nota ao R7, a Abin afirmou que “há 10 meses a atual gestão vem colaborando com inquéritos da Polícia Federal e do STF sobre eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021. A Abin é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações.”

(Reportagem enviada por José Guilhereme Schossland)

Augusto Heleno desafia a Polícia Federal a incriminá-lo sobre espionagem da Abin 

Coronavírus: General Heleno, ministro do GSI, está com covid-19

Heleno mente, ao dizer que explicou tudo em depoimento

Juliana Braga, Andréia Sadi
g1 Brasília

Ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) durante todo o governo de Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno nega ter participação no uso do First Mile, ferramenta empregada para espionar autoridades. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), na época, era subordinada à pasta que o general comandava.

“Não tenho nada a declarar. O que eu tinha para declarar eu já declarei em duas CPI’s que eu já respondi. Não vou ficar alimentando isso daí porque não tenho participação nenhuma”.

ME DÊ MOTIVO… – O blog conversou com Heleno na última quinta-feira, quando a Polícia Federal (PF) realizou buscas nos endereços ligados a Ramagem. Na ocasião, o ex-ministro disse que não havia motivos para a PF intimá-lo a depor porque ele já havia prestado esclarecimentos à CPMI do 8 de janeiro e ao colegiado homônimo na Câmara Legislativa do DF.

“A PF já tem essas declarações. Não tem por quê”.

Contudo, o blog consultou as notas taquigráficas das duas comissões e não há nenhuma declaração de Heleno sobre a Abin paralela.

ELOGIO A TODOS – Em um trecho na CPMI no Congresso, ele afirma nunca ter pedido a Ramagem nada com interesse político. Em outro, elogia o então diretor-geral da Abin e, em uma crítica à conduta do general Gonçalves Dias no 8 de janeiro, destaca como funcionava a relação entre os dois.

“Eu tive, durante o meu mandato, dois Diretores da Abin da melhor qualidade, o Dr. Ramagem, que hoje é Deputado Federal, e depois o Dr. Victor, que é muito bom e que ficou interino durante um certo tempo, porque o Diretor, durante o tempo dele… Porque o Diretor da Abin precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional, então, o Victor ficou na situação de interino, é da melhor qualidade. E eles me traziam as informações que eram importantes, que me interessavam. É lógico que, se chegasse uma informação desse tipo, tinha que ter alguma atitude, não há como não ter atitude”, disse no depoimento.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Augusto Heleno já revelara sua falta de caráter, ao participar de reunião com a advogada de Flávio Bolsonaro, para traçar a estratégia de usar a máquina administrativa federal para ajudar na defesa dele. Essa nova revelação sobre o general não deve causar surpresa a ninguém. (C.N.)