Desconfiança faz investimento estrangeiro no Brasil despencar 40% neste ano

Charge 08/12/2018 | Um Brasil

Charge do Jean Galvão (Um Brasil)

Fernando Jasper
Gazeta do Povo

O investimento estrangeiro no setor produtivo do Brasil despencou 40% neste ano, segundo relatório publicado nesta segunda-feira (6) pelo Banco Central. De janeiro a setembro, o país recebeu US$ 41,6 bilhões, já descontadas as saídas de capital, ante US$ 68,8 bilhões no mesmo período do ano passado.

O valor acumulado do Investimento Direto no País (IDP) nos nove primeiros meses de 2023 é o segundo pior dos últimos 14 anos. Supera apenas o de 2020 (US$ 31,2 bilhões), primeiro ano da pandemia de Covid-19.

QUEDA BRUTAL – Segundo as estatísticas do setor externo divulgadas nesta segunda-feira, o saldo do Investimento Direto no País no mês de setembro foi de US$ 3,8 bilhões, 61% abaixo do registrado um ano antes (US$ 9,6 bilhões).

Todas as cifras se referem a valores destinados à “economia real” – compras de participação em empresas brasileiras, empréstimos de multinacionais para filiais no país, entre outros. Não entram nessa conta os investimentos “em carteira”, isto é, valores aplicados em ações e títulos do mercado financeiro.

Em comparação ao tamanho da economia brasileira, o investimento estrangeiro direto vem caindo desde o início do ano. No fim de 2022, o saldo em 12 meses correspondia a 4,54% do Produto Interno Bruto (PIB). Em setembro de 2023, segundo o BC, essa relação baixou para 2,89% do PIB, a menor desde março de 2022 (2,82%).

JUSTIFICATIVA – “O declínio no saldo de Investimento estrangeiro direto no Brasil decorre da desaceleração econômica e menor lucratividade corporativa, tanto no Brasil quanto no exterior”, apontou a XP Investimentos em relatório. A corretora prevê que 2023 termine com entrada de US$ 62 bilhões em IDP, ou 2,9% do PIB.

APÓS O RECORDE – O Banco Central e o mercado reduziram as projeções para investimento estrangeiro. Antes mesmo da divulgação dos novos números, o BC já havia reduzido sua projeção para o investimento direto em 2023. Em relatório publicado no fim de setembro, a autoridade monetária reduziu o valor esperado em todo o ano de US$ 75 bilhões para US$ 65 bilhões.

Com algum atraso, o mercado financeiro começou a baixar suas estimativas em meados de outubro. A mediana das projeções de bancos e consultorias para o IDP em 2023 estava em US$ 80 bilhões desde o início do ano. Agora, o ponto central das expectativas é de US$ 70 bilhões, segundo o relatório Focus divulgado nesta segunda.

No ano passado, o saldo do investimento direto foi de US$ 87,2 bilhões, um recorde.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Importante artigo, enviado por Mário Assis Causanilhas. Mostra que há falta de confiança no governo Lula, que ainda não disse a que veio. Mas deve-se destacar que existe hoje um clima de expectativa na economia mundial, que pode se agravar com o prosseguimento das guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Oremos. (C.N.)

Investigadores pressionam STF a derrubar decisão que pode libertar chefões do crime

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Charge do Frank e Paulo Eugênio

José Marques e Fabio Serapião
Folha

Um processo à espera de decisão do ministro Cristiano Zanin no STF (Supremo Tribunal Federal) pode definir o rumo, segundo investigadores, de casos que vão de ações sobre o 8 de janeiro aos da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

A ação que está com Zanin questiona decisão da Sexta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que entendeu que a polícia não pode solicitar dados diretamente ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sem autorização da Justiça.

IMPUNIDADE TOTAL – Como mostrou a Folha, a decisão do STJ tem potencial, segundo investigadores, para anular investigações de crimes financeiros, lavagem de dinheiro e corrupção.

A possibilidade de que essa decisão não seja suspensa já causa preocupação generalizada tanto entre integrantes das polícias como dos Ministérios Públicos, que temem anulação em série de casos em andamento. Delegados da área de combate à lavagem de dinheiro da Polícia Federal fizeram um périplo com ministros do STF nas últimas semanas, para apresentar seus argumentos.

O Ministério Público de São Paulo, também pelo receio do impacto nas investigações, solicitou o ingresso na ação como amicus curiae (entidade interessada), para que possa peticionar e fornecer subsídios ao processo. O MP-SP pede ao ministro Zanin a suspensão da decisão.

MISSÃO DO STJ – “Não se pode ignorar que o Superior Tribunal de Justiça goza de credibilidade inerente à sua missão constitucional e legal de uniformizar a aplicação e a interpretação do direito em todo o território nacional”, diz uma peça assinada por Mario Sarrubbo, procurador-geral de Justiça de SP.

Segundo Sarrubbo, é urgente a necessidade de suspender a decisão do STJ, sob risco de prescrição do caso em julgamento.

Zanin ainda não decidiu sobre a reclamação. É possível que recursos sejam feitos ao Supremo também por outros meios processuais, que têm tramitação mais lenta.

No geral, pessoas que atuam em investigações têm tentado manter em sigilo quais casos serão impactados para evitar uma avalanche de pedidos de anulações por parte de alvos com base na decisão do STJ.

LÍDER DO PCC – A Folha conseguiu levantar alguns casos que podem ter reveses, se a decisão for mantida. Um dos casos  com risco de ser derrubado é o que gerou uma denúncia, em fevereiro de 2022, contra Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como um dos líderes da facção criminosa PCC, na qual houve pedido de bloqueio de bens.

Outro é o da Operação Sharks, também relacionada ao PCC, que levou à condenação de quatro integrantes da facção em 2022. Foram utilizados relatórios de inteligência no caso de um dos integrantes da organização. A operação identificou um valor total de cerca de R$ 1 bilhão em pouco mais de um ano enviado para o Paraguai.

Existe risco, ainda, em ações derivadas da Operação Alquimia, deflagrada em 2018 em Sorocaba (SP), com o objetivo de combater agiotagem e extorsão mediante sequestro, além de lavagem de dinheiro.

BICHEIRO BILIONÁRIO – No Rio de Janeiro, há ainda uma investigação relacionada ao bicheiro Rogério Andrade, cujo grupo criminoso, segundo divulgou o Ministério Público no início deste ano, movimentou R$ 16 bilhões. Além disso, como a Folha mostrou, uma das investigações que podem ser afetadas é a que apura os supostos financiadores dos atos golpistas de 8 de janeiro e que tramita no próprio Supremo.

O caso que originou a decisão do STJ, porém, é do Pará e não tem relação com facções ou com o 8 de janeiro. Trata-se de um processo envolvendo uma cervejaria paraense que teria sonegado milhões em impostos. No processo analisado pela corte, o voto vencedor na Sexta Turma foi o do ministro Antônio Saldanha Palheiro.

Para ele, a possibilidade de solicitação direta da PF ao Coaf, sem autorização da Justiça, se enquadra “em uma situação diversa da qual foi decidida pelo Supremo Tribunal Federal”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O esforço para garantir a impunidade dos maiores criminosos do país chega a ser comovente. Arranjam qualquer motivo para soltá-los, jogando no lixo o trabalho da polícia e dos procuradores que tentam prender os chefões do crime organizado. É pena, pois é uma realidade tenebrosa. Mas quem se interessa? (C.N.)

Morrem centenas de crianças por dia e a insensibilidade transforma-se em rotina

Relatório do IFI assusta investidores  com o que pode ocorrer mais à frente

Charge do Caio Gomes (Correio Braziliense)

Denise Rothenburg
Correio Braziliense

O último relatório do Instituição Fiscal Independente deixou os investidores meio assustados com o que pode vir mais à frente na área econômica. Até aqui, segundo levantamento preliminar do IFI, as despesas primárias do governo cresceram 5,1% em termos reais de janeiro a setembro, em relação a 2022. E as receitas não acompanharam.

A Instituição destaca as despesas previdenciárias, de pessoal e encargos, Bolsa Família, complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), compensação federal relativa ao piso da enfermagem, abono salarial e seguro-desemprego.

CONTA VAI CHEGAR – Nos bastidores do mercado, há quem diga que o governo está gastando como se não houvesse amanhã. Uma hora, a conta vai chegar.

Em tempo: na política, alguns aliados antigos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começam a sentir um certo déjà vu na relação entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o da Casa Civil, Rui Costa. No primeiro ano do primeiro governo Lula, houve uma certa disputa entre Antonio Palocci, o então ministro da Fazenda, e o da Casa Civil, José Dirceu. Num cenário externo muito mais favorável do que atual, Palocci conseguiu controlar os gastos e segurar a relação dívida-PIB.

Fernando Haddad está tentando fazer o mesmo. Afinal, se o fiscal sair do controle, avisam os especialistas, será difícil baixar as taxas de juros. Como o leitor da coluna já sabe, Rui Costa exerce o papel de pai do Programa de Aceleração do Crescimento fase 3 e puxa para os gastos. Lula, que lá atrás lastreava as ações da Fazenda, agora parece mais afeito ao PAC. E segue o baile.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Nada de novo no front ocidental. O governo Lula, em seu segundo mandato, inventou a contabilidade maquiada, que o funesto Guido Mantega apelidou de ”contabilidade criativa”. Essa criatividade do então ministro causou a tragédia Dilma Rousseff e o juiz Sérgio Moro chegou a mandar prendê-lo, mas Mantega escapou porque mulher estava doente. Esta é a história verdadeira, que está se repetindo agora, em tom de farsa e narrativa. Mas o IFI é uma instituição do Senado que não deixa passar “maquiagens” nem “criatividades” econômicas. Lula precisa tomar juízo, mas isso não vai acontecer. (C.N.)

Há poesia até quando o poeta olha em torno e só vislumbra o vazio

Entrevista - Vânia Diniz no MúsicaPoética em BsB ::

Vânia Diniz em recital de poesia

Paulo Peres
Poemas & Canções

A humanista, pesquisadora, escritora e poeta carioca Vânia Moreira Diniz revela sensações e segredos diante do “Vazio”.

VAZIO
Vânia Moreira Diniz

Contemplo a minha volta e nada vejo
não enxergo,
tudo parece um grande mistério e rezo,
sem entender os segredos que preservo,
e conservo,
dentro do meu coração tão vazio.
Não encontro ressonância e me distancio,
não acho a real certeza e me afasto,
não vejo a luz que direciona e me aparto,
como se nada conhecesse e me arredo.

Sinto a leveza, tento pegar e não consigo,
pressinto a bondade e me aproximo,
não alcanço a sua extensão e choro,
e procuro o ideal que já não creio.
As cores não são do extenso universo,
as dores perduram e triste lamento,
a frieza que se esconde no retiro
de ilusões em que me escondo.

Não quero sentir a saudade do encontro,
das lembranças ocultas atrás do muro,
do sonho sempre e sempre revivido
e do passado que se foi no escuro.

Só a nostalgia perene eu vislumbro,
sensação de terna loucura e vazio,
efusões sepultadas no reencontro,
coração para sempre machucado.
Ando, e me concentro,
caminho,
o passo é lento,
inseguro
e encontro o vazio.

Lula pensa (?) que manda no governo, mas é Arthur Lira quem manda mesmo

Charge de Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Carlos Newton

Em seu terceiro mandato, o presidente Lula da Silva está se transformando numa figura caricata. Preocupa-se apenas com as aparências e não percebe que não manda mais em nada. Na vida real, segue as ordens da mulher, Janja da Silva. Na academia de ginástica do Palácio da Alvorada, obedece a seu personal trainner Ricardo Stuckert, que lhe ordena: “Encolha a barriga para que eu possa fotografar”.

E na Praça dos Três Poderes, Lula tem de obedecer ao semipresidente Arthur Lira, que iniciou esta semana avisando ao chefe do governo que ele não pode abandonar a meta do déficit zero, caso contrário terá de arcar com as consequências.

INÍCIO À DERIVA – Bem, este é o retrato fiel deste primeiro ano de mandato de Lula da Silva, que tenta apagar sua folha corrida carcerária com apresentações pelo mundo, enquanto deixa seu governo à deriva, abrindo a guarda para a adoção do semipresidencialismo.

Nesta segunda-feira, levou uma reprimenda pública do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que se viu obrigado a alertar o chefe do governo para a obrigatoriedade de cumprir a Lei do Arcabouço Fiscal.

Em sua ignorância ciclópica, é como se Lula vivesse em outro planeta. Desconhece qualquer dificuldade. Na sexta-feira reuniu os ministros da área de Infraestrutura e deu-lhes uma ordem cabal, boçal e bestial: “Gastem tudo com obras”, disse ele, cheio de disposição.

DESCONHECIMENTO TOTAL – Lula acha que é fácil remanejar os recursos públicos. “Basta tirar o dinheiro de onde está e levar para onde deveria estar”, diz Lula, em sua sabedoria rastaquera. Não lembra que foi seu governo que enviou ao Congresso o projeto do arcabouço fiscal, preparado pelos ministros Fernando Haddad e Simone Tebet.

De repente, sem consultar ninguém, Lula manda os ministros descumprirem a lei que ele próprio sancionou, definindo as metas de resultado primário para os anos de 2024, 2025 e 2026, que serão, respectivamente, 0%, 0,5% e 1% do PIB — com uma banda de 0,25% do PIB para cima e para baixo.

Se as metas não forem cumpridas, como Lula agora exige, o governo estará obrigado a fazer contenção de gastos. Além disso, as despesas no ano seguinte crescerão apenas 50% em relação ao aumento das receitas do ano anterior.

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P.S.
1  – No segundo governo de Lula, o ministro Guido Mantega inventou a maquiagem na contabilidade, que veio a causar a crise pavorosa no governo Dilma Rousseff, as pedaladas e o impeachment da escalafobética presidenta.

P.S. 2Se insistir em mandar o governo gastar irresponsavelmente, como está fazendo, achando que conseguirá maquiar novamente a contabilidade, Lula estará repetindo Dilma Rousseff e cometendo crime de responsabilidade.

P.S. 3 – Fernando Haddad e Simone Tebet estão decepcionadíssimos. Não sabem o que fazer nem o que dizer. Quanto a Lula, não está nem aí. Continua sonhando com o Nobel da Paz ou da Economia. Mas só no ano que vem. (C.N.)

Insistir que preto, negro ou escuro têm sempre conotação depreciativa é farsa

Vinícius Jean Ferreira - Sr. R&D Engineer - Datamars | LinkedIn

Anielle Franco não tem noção do que significa ser ministra

Eduardo Affonso
O Globo

É fácil imaginar o ridículo em que incorreria uma ministra da Saúde que declarasse: “Falar em vírus de computador contribui para o descrédito das campanhas de vacinação”. Pessoas que têm letramento sanitário não dizem coisas como “o carro morreu”, e a gente escuta muito isso.

Ou um ministro dos Direitos Humanos, em campanha contra o etarismo, criticar expressões do tipo lua nova, bossa nova, Novalgina, Jovem Pan, Jovem Guarda — por enfatizarem o “novo”, perpetuando a discriminação aos idosos. “Pessoas que têm letramento etário não usam” — diria, valendo-se da velha (ops, surrada) carteirada da superioridade intelectual.

Está fora de cogitação um magistrado (digamos, do STF) condenar quem diga “pneu careca” ou “estou careca de saber”.

— Indivíduos utentes de letramento capilar não logram valer-se de elocuções desse jaez — aludiria, em seu ínsito vernáculo.

DIZ A MINISTRA – Não, ninguém que preze a inteligência alheia desenvolveria “raciocínios” tão descabidos. É óbvio que carro não entra em óbito; que a escola de samba se chamar Mocidade Independente de Padre Miguel não exclui a velha guarda; que o campo careca tem apenas grama rala, sem aludir à calvície de ninguém.

Mas a ministra da Igualdade Racial tachou de analfabeto quem não vê racismo em “buraco negro” e prefere entendê-lo como definido pela Física (região do espaço-tempo em que o campo gravitacional é tão intenso que nenhuma partícula ou radiação eletromagnética consegue escapar) — e se vale disso, metaforicamente, para uma situação que pareça um beco sem saída.

Culpa da ciência, claro, que não soube se antecipar aos delírios identitários do século XXI e deixou de chamar de flicts, talvez, à cor que absorve todos os comprimentos de onda.

CONOTAÇÃO RACIAL – Insistir que palavras como preto, negro, escuro — ou quaisquer de suas variações — tenham sempre conotação racial (e depreciativa) é puro suco de negacionismo etimológico ou de contexto.

Mas se encaixa à perfeição no discurso “nós” (afrodescendentes, mulheres, LGBTQIAP+, despossuídos, oprimidos, compassivos, conscientes e de esquerda) versus “eles” (eurocêntricos, tóxicos, convencionais, privilegiados, opressores, insensíveis, iletrados e de direita).

Êta mundinho binário!

LUZES E TREVAS – Para “desracializar” a linguagem, será preciso revogar a dicotomia entre luzes e trevas que nasceu com o universo, no bigue-bangue, e reparar a injustiça óptica de o branco ser a soma de todas as cores e o preto a ausência de luz. Até lá, não hão de cessar os ataques ao balé “O lago dos cisnes” (o cisne negro é a gêmea má), ao humor negro e, se bobear, até ao prêt-à-porter (associação sonora de “preto” a um tipo de roupa que não é de alta-costura…).

Dará trabalho (com o perdão da palavra) descolonizar o cérebro de quem contrabandeia, sem juízo crítico, certos conceitos acadêmicos — como racial literacy — e quer aplicá-los, na marra, a uma realidade tão diferente daquela para a qual foram pensados.

Lutar contra as palavras (luta mais vã…) em vez de olhar para o racismo real lembra a velha piada de procurar na sala (que está mais iluminada) algo que se perdeu no quintal. A pessoa nunca vai achar, mas se sentirá gratificada pelo fingido esforço de encontrar.

Vida longa aos otimistas e visionários, que fazem muita falta num Brasil praticamente inviável

Charge 30/11/2020 | Um Brasil

Charge do Benett (Um Brasil)

Duarte Bertolini

Dizem os mais lúcidos e antigos que podemos mudar pela incorporação de conhecimentos, experiências e vivências, mas nossos valores pouco mudam, porque seriam herdados geneticamente ou talhados pelos exemplos dos nossos primeiros anos.

O editor da Tribuna da Internet demonstra isso. Além da costumeira lucidez e isenção na análise de nosso trágico e conturbado teatro político, Carlos Newton mostra uma fé inabalável no ser humano, na capacidade de aprendizado, na possibilidade de que o bem vença o mal, para que novos e risonhos horizontes possam surgir. Que bom que ainda tenhamos CN e alguns poucos, que  acreditam em futuro risonho possível para o Brasil e brasileiros.

DE CÉTICO A DESCRENTE – Eu, feliz ou infelizmente, passei de cético a pessimista e de pessimista a descrente convicto, porque a polarização tomou conta absolutamente de todas as ações. Impossível acompanhar qualquer acontecimento sem esta praga se manifestar.

Análises coerentes, fundamentais, equidistantes das paixões, praticamente inexistem, o que é até compreensível, mas insuportável e desanimador.

Pessoalmente, credito o início desta nefasta situação ao PT, seus líderes, seus seguidores, e também à imensa e avassaladora “massa de militantes, jornalistas, estudantes, homens públicos formados em décadas de ensino ideológico puro, ao lado de aproveitadores de toda ordem, que asfixiaram o pensamento e a inteligência nacionais, com constantes e incansáveis apedrejamentos da lucidez, do bom senso pela grande causa da esquerda.

UNS CONTRA OS OUTROS – Fomos jogados, em ações milimetricamente planejadas, ao confronte de pobres contra todos os outros, e todos contra os brancos, com extinção do homem hétero, a língua português substituída pelo linguajar ideológico comprometido.

Isso tudo vem misturado ao engajamento permanente das mulheres numa luta sem fim por todos os direitos possíveis e imagináveis, lavagem de valores criminosos em crianças, destruição das formas tradicionais de ensino e aprendizado, ridicularizacão de quaisquer valores morais, sejam quais forem, índios sendo exaltados, mas continuando vitimizados ao extremo etc., etc., etc.

Para sobreviver, a direita acordou, se organizou, contra-atacou e criou suas próprias hordas de bárbaros. Isso foi até necessário, Porém, despertou um autoritarismo inconveniente, começou a gostar desse, passou da conta e se perdeu

CAVALO E JUMENTO – Não é possível contar aqui, mas vivemos a piada clássica do impasse” entre um cavalo e um jumento, acidentalmente conectados um ao outro e sem possibilidade de sair da situação.

Pensávamos (eu, pelo menos…) que, afastando o PT do poder, evitaríamos sua consolidação eterna e poderíamos voltar à racionalidade.

Ledo engano. Acordamos o monstro e ele gostou do gosto do sangue. Mais uma vez, resignadamente aceitamos a volta do PT , em nome da necessidade de escapar do novo lobo. Mas aí tudo virou de cabeça para baixo.

DESTRUIR TUDO – A nova ordem é atacar, atacar, criar hordas de mercenários em todos níveis e destruir não o outro lado, mas sim a plateia.

É como se, no antigo Coliseu, os gladiadores, ao invés de lutarem e se mataram, resolvessem se unir e atacar o público. A este, Inerte, cansado, sem forças ou armas, só resta ao povo juntar-se a um dos lados, sabendo que cedo ou tarde fará parte do banquete novamente, sem esperanças num imaginário mundo de dias melhores.

Abandonaria meu desencanto, se tivéssemos uma luz no final do túnel. Se aparecesse uma ou várias lideranças lúcidas, não comprometidas, para liderar movimentos de busca efetiva de mudanças etc. Mas nada disso surge. A vulgarização, a banalização, a manipulação constante armam uma reação avassaladora.

POUCO RESTA – Vi alguns vídeos do jovem deputado Kim Kataguiri, que me parece um dom quixote em meio às hordas de bárbaros, mas pouco o conheço e certamente não tem o necessário perfil de liderança.

Ainda temos CN e a Tribuna, com sua serenidade e equilíbrio, numa luta constante pela razão e coerência, mas certamente parecemos os antigos desfiles de expedicionários da FEB no 7 de setembro. Somos cada vez menos, mais velhos e com menor capacidade e possibilidade de desfilar e ver progredir nossas ideias.

Vida longa aos otimistas e visionários. Precisamos deles – e como precisamos…

Lira avisa: Lula tem de buscar o déficit zero, para não sofrer as consequências

Lira aponta falta de articulação do governo para aprovar MP que reestrutura  ministérios - Notícias - Portal da Câmara dos Deputados

Lira explica que Lula e o governo precisam cumprir as leis

Bianca Gomes
O Globo

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou, nesta segunda-feira, que não conversou com o presidente Lula (PT) nem com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre modificações no envio da meta fiscal. Ele ainda destacou que o arcabouço fiscal votado pelo Congresso Nacional já prevê consequências para um eventual descumprimento da meta.

Lula afirmou publicamente na semana passada que será difícil cumprir a meta proposta por Haddad, de déficit fiscal zero em 2024. Lira defendeu que Haddad continue buscando alternativas para déficit zero. “Se não atingir (o déficit zero), não é porque não quer. É porque não conseguiu mesmo. E se não conseguir, tem as consequências do arcabouço que serão aplicadas” — declarou o deputado.

CULPA DO GOVERNO – Lira acrescentou que o arcabouço foi enviado pelo governo federal. E defendeu que não haja mudança na meta por meio do Congresso. A meta fiscal tem que ser explicitada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a ser apresentada pelo governo esta semana.

— Quando o presidente Lula trouxe aquela declaração, lançando dúvida sobre o cumprimento da meta para 2024 — segundo o governo, para proteger o ministro Haddad ou para antecipar uma discussão —, o que nós entendemos é com naturalidade: se bater a meta tem um X de consequência do arcabouço. Se não bater, tem um outro X de consequência. Está lá, votado pelo Congresso Nacional, e não deverá haver mudança na meta do arcabouço pelo Congresso.

De acordo com Lira, por isso Haddad ratificou que continuará perseguindo a meta de déficit zero.

NÃO AVISARAM – “Eu não tive, particularmente, nenhuma conversa, nem com o presidente Lula, nem com o ministro Haddad e nem com ninguém da área do governo, que viessem me atestar de que iam modificar o envio da meta. Não” —garantiu Lira, em evento do BTG Pactual.

“O ministro Haddad ratificou, em reunião conosco e publicamente, que vai continuar perseguindo o déficit zero” —completou Lira, que que defendeu conter o crescimento de despesas públicas no Brasil, por meio, por exemplo, de uma reforma administrativa.

Lira ainda afirmou que o governo tem que ter a consciência de que o que é acordado numa votação tem que ser honrado “Não estou falando de emenda ou cargo. Estou falando de texto de lei” — disse o presidente da Câmara.

INCENTIVOS FISCAIS – Sobre a Medida Provisória 1185, chamada MP das Subvenções, que modifica as regras de tributação dos incentivos fiscais do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS), Lira afirmou que ainda não há acordo de mérito e que propôs a Haddad que participe de uma reunião com o colégio de líderes.

O governo quer a aprovação da MP ainda este ano, para que assim possa produzir efeitos a partir de 1º de janeiro de 2024. Ela é uma das principais propostas para reforçar o caixa do governo no próximo ano. Porém, ainda não há relator e nem Comissão Mista instalada para análise.

— Essa discussão não está consolidada, não é um tema que eu considero dos mais fáceis, mas vamos fazer o que sempre fizemos: ouvir, conversar, dialogar, convencer ou ser convencido a tratar deste assunto — completou. — A discussão vai se aprofundar nesta semana, a respeito do mérito da 1185, mas há resistências. Principalmente, de parlamentares e empresários do Sudeste, Sul e Nordeste.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
  – O semipresidente Arthur Lira deu uma aula de Economia no ainda presidente Lula da Silva, que nada conhece do assunto e fica dando pitacos desconcertantes e patéticos. Lula acha que manda no governo, Janja da Silva acha que manda em Lula, mas quem manda chama-se Arthur Lira e este será o tema de nosso artigo de amanhãa. (C.N.)

Ninguém é preconceituoso somente por desinformação, mas, sim, porque gosta… 

Título: A deusa desinformação A ilustração figurativa de Ricardo Cammarota foi executada em técnica manual, com caneta nanquim ponta fina em papel branco sobre cores chapadas laranjas aplicadas digitalmente em partes da imagem. Na horizontal, proporção 17,5cm x 9,5cm, trata-se de várias imagens, em linhas de contornos finos com desenho bem estilizado, traços simples e soltos - formando uma composição sem narrativa linear: ao fundo, da esquerda para a direita, mostram três figuras - uma com um balde na cabeça e outro, nos pés / um corpo humano em pé, do joelho para cima, dentro de uma uma caixa que esconde o resto do corpo, apenas com dois buracos, onde saem seus dois braços / um outro corpo humano em pé segurando uma grande gaiola, onde metade dele está dentro da mesma / uma figura humana maior, à direita, tem uma caixa de papelão na sua cabeça até a cintura. A figura está com um dos braços estendido, com um celular na mão, apontando para o chão em direção a um livro aberto.

Ilustração do Ricardo Cammrota (Folha)

Luiz Felipe Pondé
Folha

Na segunda metade do século 20, a filosofia apresentava ao mundo das ideias uma teoria segundo a qual a era do cansaço com longas narrativas tinha chegado. A pós-modernidade chegara e, com ela a morte das utopias modernas de racionalidade universal em favor do bem e da verdade.

Sim, a modernidade nos entregou avanços técnicos e científicos, mas falhou em nos entregar a verdade última universal acerca das coisas e do mundo. Uma festa nos setores ditos progressistas — esse termo marketeiro — do pensamento acadêmico e jornalístico.

VERDADE POLÍTICA – A liberdade definitiva chegou, já que os poderosos não detinham mais o monopólio da verdade. Se episteme — conhecimento — é poder, logo, a verdade é sempre política, logo, quem tem poder detém a verdade. Lindo, não?

A partir daí, até vagabundos passam a usar a expressão “quem detém a narrativa, vence”. Enquanto na academia professores alienados da realidade —como quase sempre— ainda cantavam vitória devido a “morte” da verdade, e jornalistas brincavam com a era da pós-verdade. No mundo real, a direita, sempre feia, tomou para si o trunfo pós-moderno via redes sociais, essa mídia por excelência pós-moderna, e foi a forra.

Instâncias jurídicas começaram a ficar com medo dessa pós-modernidade à mão de todos e decretaram guerra às fake news. Mas o conceito de fake news pressupõe que exista algo de factual que não seja, ele mesmo, falso. Algo de resistente a mentira como uma rocha resiste ao vento.

LEGITIMIDADE – O jornalismo profissional depende para sua legitimidade que não seja reduzido a simples narrativa — apesar dos professores dos jornalistas na faculdade brincarem com essa ideia quando se trata de combater os “males” da sociedade. Caso contrário, para que irmos até a mídia profissional se tudo é narrativa? Que cada um escolha a sua e produza a sua. A população comum já tomou para si a boa nova pós-moderna. Esta hoje já não é filosofia, é senso comum de bêbado.

O público em geral já assimilou a ideia que tudo é narrativa —portanto, não existe verdade em lugar nenhum– e suspeita que os jornalistas servem a seus patrões, por isso comentários sempre trazem essa suspeita quando o seguidor não concorda com o autor do artigo.

Os profissionais teriam “preferências” que deixam à vista para aqueles movidos pela certeza de que tudo não passa de narrativa.

PARTIDARISMOS -Se X disse algo, é verdade. Se Y disse a mesma coisa, já não é verdade. Se afirmar que tudo é socialmente construído vale para defender X, ok. Se a mesma afirmação for feita para defender Y, já não vale.

Você acha que o preconceito contra X será superado por um conjunto de conteúdo aparentemente consistente? Essa crença trai sua ingenuidade ou má-fé. Ninguém adere a preconceitos por conta de desinformação, adere porque gosta. Banal assim.

Suspeito que uma porcentagem ínfima supere o preconceito contra Y por conta de informação aparentemente consistente. Neste caso, já não era preconceito.

SOLIDEZ DA IMAGEM – Interessante observar que essa “descoberta pós-moderna” pode se desdobrar em afetos bem distintos. Por um lado, ela pode produzir paixões avassaladoras por certas crenças — como no caso da crença na moda de crítica ao colonialismo, por conta da guerra no Oriente Médio. Toda narrativa com a qual você não concorda poderá ser lançada ao esgoto da crítica pós-colonial. Já o vídeo ou foto que lhe apetece, terá a solidez de um dado da mecânica de Newton.

Por outro lado, a boa nova pós-moderna poderá fazer de você um cínico que parece crer que o cinismo —”cinismo” no sentido do senso comum, que inteligentinhos de plantão não me venham com o filósofo antigo cínico Diógenes e seu barril— não tornará o ar que você respira insalubre.

Desde a pandemia já estouraram duas guerras. Os ucranianos estão esquecidos, claro, depois do frisson inicial. Agora o frisson são os palestinos. Talvez duas coisas permaneçam verdadeiras em meio aos escombros da pós-modernidade. Uma é o ódio, essa realidade atávica que resiste a toda música melosa e a toda jura vazia de amor à humanidade. A outra é que o grande público cansará de todas as vítimas.

Cresce movimento no Congresso em defesa da adoção do regime semipresidencialista

Ilustração do Maure (Correio Braziliense)Denise Rothenburg
Correio Braziliense

Enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o seu grupo avançam sobre o governo Lula, ditando inclusive a velocidade das votações e boa parte dos programas governamentais via emendas ao Orçamento da União, há um movimento no Congresso em defesa do semipresidencialismo “de direito”. O “de fato” já estamos vivendo, conforme avaliação dos aliados de Lira e preocupação dos mais afeitos a Lula.

É um jogo que começou ainda no governo da presidente Dilma Rousseff e que tem crescido em número adeptos.

BARROSO E GILMAR – Há duas semanas, por exemplo, durante uma exposição na Câmara, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu o semipresidencialismo.

O decano do STF, Gilmar Mendes, defende há tempos. Quem acompanha de perto a mobilização, diz que, se Gilmar e Barroso estão do mesmo lado do campo, é sinal que a discussão está amadurecendo.

Falta Lira dizer se irá pautar o semipresidencialismo, que precisaria de emenda constitucional para tornar de direito o que, na visão de muitos, ocorre de fato.

SEM PRESSA – Ficamos assim: até aqui, Lira não tem feito movimentos ostensivos para colocar o semipresidencialismo em pauta para ser adotado num futuro próximo. Nos bastidores, onde Lira é tratado como primeiro-ministro, há quem diga que, se o governo Lula perder apoio popular, o Brasil fará essa discussão.

No momento, o petista tenta retomar o presidencialismo de coalizão, no qual o Poder Executivo concede poderes, mas mantém o comando geral da situação e da pauta do país. No semipresidencialismo, a gestão é compartilhada.

E é exatamente o que Lira deseja, sem precisar aprovar uma emenda. Se for na prática, como vem sendo instalado de forma lenta e gradual, será de bom tamanho para o presidente da Câmara.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A jornalista Denise Rothenburg tem razão. Se já está funcionando na prática, nem precisa aprovar a emenda para adoção do semipresidencialismo, que é uma espécie de parlamentarismo mal costurado, digamos assim. (C.N.)

Depois da bancada negra, só falta criar a parda, a albina, a amarela e a branca

Câmara Aprova Criação da Bancada Negra - YouTube

As deputadas negras comemoraram sua nova bancada

Vicente Limongi Netto

A Câmara dos Deputados obrou bem, ao criar a bancada negra. Antigo anseio. Classe operosa e digna. A oportuna e meritória iniciativa veio juntar-se as bancadas da bola, da bala, além da ruralista e da evangélica. Breve serão oficializadas as bancadas parda, escura, albina, amarela e branca, que também é minoria. Tudo com ardor cívico, visando aprimorar os canais de comunicação com o eleitor, além de modernizar os trabalhos do Legislativo.

Nessa linha, já existem na Câmara dos Deputados dezenas de outras respeitadas e atuantes bancadas, igualmente empenhadas e focadas nos interesses da população. Uma delas é dos gerentes de bancos,

DE FINO TRATO – Essas bancadas são formadas por homens públicos de fino trato. Desprendidos e generosos. Como as bancadas do ócio renumerado, dos divorciados, dos viajantes, dos parasitas, dos enganadores, dos trapalhões, da propina, do olho gordo, dos adesistas, dos boêmios e dos finórios.

A bancada mais poderosa, imbatível, gulosa e azeitada, contudo, continua sendo a do Centrão.

O senador cearense Virgílio Távora disse certa feita que o senado era o “paraíso”.  Para o deputado Arthur Lira, o mandachuva da Câmara Federal, o Centrão é o céu. Com direito a anjos e corais de estrelas.  

NUVEM DE PÓ-DE-ARROZ – O Cristo Redentor vestiu-se de verde, vermelho e branco e cobriu o sol com o pó-de-arroz do campeão das Américas. Assim que foi encerrado o jogo, recebi essa grande mensagem:

Parabéns, Vicente Limongi Netto, pela grande vitória de seu time que só se tornou difícil pela má atuação do juiz, que não marcava faltas claras e algumas até mereciam cartão amarelo, isso favorece aos faltosos. O gol deles surgiu de uma falta não marcada.

Fui colega de trabalho de dois juízes de futebol, Nivaldo dos Santos e Gualter Portela Filho e todos dois diziam: quando um juiz quer, ele trava um time nos pequenos detalhes.

Como brasileiro e carioca, torci pelo Fluminense e vou torcer para o Botafogo ser campeão porque é o único time carioca com chances.

Eu tinha dito que o Bragantino é um dos melhores times ou talvez o melhor e o mais regular, acho que tem boa chance de ser campeão brasileiro, se o Botafogo deixar.

Imagino que você esteja rindo até de desastre, tamanha é a felicidade. O torcedor do Fluminense merecia.

Vou torcer agora para o Vasco sair da zona de rebaixamento e Fluminense e Flamengo se classificarem para a próxima Libertadores

Um bom domingo, saúde e paz.

Nélio Jacob

Centrão rebate Lula por culpá-lo pela redução de mulheres nos Ministérios

Lula reclamou que o Centrão só indica homens

Victoria Azevedo
Folha

Representantes do Centrão na Câmara dos Deputados rebateram as declarações de Lula (PT), que atribuiu aos partidos políticos aliados a falta de mulheres no primeiro escalão do governo. Eles afirmam que o presidente tenta se desvencilhar de uma responsabilidade que é sua. Na semana passada, em café com jornalistas, Lula disse que, quando são estabelecidas alianças com uma legenda, nem sempre os partidos têm mulheres para indicar.

“Eu lamento, porque o que eu quero fortalecer no governo é passar a ideia de que a mulher veio para a política para ficar. Quando um partido político tem que indicar uma pessoa e não tem mulher, eu não posso fazer nada”, disse o presidente.

DECISÃO PESSOAL – Nem todos os parlamentares do Centrão procurados pela Folha, entretanto, quiseram se contrapor ao petista. Alguns se esquivaram de debater a redução feminina na Esplanada dos Ministérios após trocas que oficializaram a entrada do grupo no governo federal.

De uma forma geral, os representantes das legendas afirmaram que a decisão de quem integra ou não a Esplanada cabe ao presidente da República. Eles acrescentam que, caso Lula tivesse determinado como fundamental a indicação de mulheres, os partidos teriam atendido ao pedido.

O grupo, no entanto, só indicou homens para os postos.Um membro do centrão reconhece que os partidos poderiam ter escolhido mulheres para os cargos, mas diz que o contexto político das mudanças trouxe dificuldade e que Lula poderá aumentar a participação das mulheres nos próximos ajustes na composição do governo.

BASE DE APOIO – As mudanças no ministério foram realizadas numa tentativa de o governo melhorar sua articulação política com o Legislativo e consolidar sua base de apoio na Câmara dos Deputados, que se sentia sub-representada na Esplanada.

Nos últimos meses, Lula demitiu três mulheres em cargos do primeiro escalão do governo: Daniela Carneiro (Turismo), Ana Moser (Esportes) e Rita Serrano (Caixa Econômica Federal).

Ele nomeou Celso Sabino (União Brasil-PA), no Turismo, André Fufuca (PP-MA), nos Esportes, e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), em Portos e Aeroportos, além de indicar o nome de Carlos Antônio Vieira Fernandes, aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para o comando da Caixa.

LUPION CRIITICA – “É ridículo. Ele demitiu as mulheres do governo dele porque ele quis, ninguém mandou ele demitir ninguém. Tem muitas mulheres extremamente competentes aqui na Câmara, no Senado, nas entidades e associações. É fácil delegar para os outros a responsabilidade”, diz o deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), uma das principais forças da Casa.

Historicamente, há uma baixa representatividade em cargos eletivos nos Poderes Legislativo e Executivo no Brasil, assim como nos postos de lideranças de partidos políticos, apesar de as mulheres serem maioria da população.

Segundo dados do Censo Demográfico 2022, o país tem 104,5 milhões de habitantes mulheres, o que representa uma fatia de 51,5% da população (enquanto 48,5% do total de brasileiros são homens).

PT É MAU EXEMPLO – Um dos principais nomes do Centrão diz à Folha, sob reserva, que a representatividade feminina não é uma pauta prioritária desses partidos e que eles não são cobrados por seus eleitores por isso. Dessa forma, na sua avaliação, não cabe ao governo exigir essa atitude das siglas.

Ele afirma ainda que o PT de Lula indicou apenas 2 mulheres para a Esplanada dos Ministérios (entre os 11 que ocupam cargos na Esplanada) e que se o governo quer dar um exemplo, ele “precisa começar olhando para a sua casa primeiro”. Esther Dweck, na Gestão, e Cida Gonçalves, na pasta das Mulheres, são as representantes da sigla no governo.

“O plenário mostra que na disputa eleitoral as oportunidades para mulheres são menores, infelizmente. Mas as que estão envolvidas politicamente são extremamente capazes e competentes, não vejo demérito algum nelas ocuparem cargos de liderança. Haja visto que o melhor ministro do governo passado foi a [ex-ministra da Agricultura e atual senadora] Tereza  Cristina”, disse Lupion.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Uma discussão boba. Não se exige competência para chegar a ministro. Só se discute se é mulher ou não. Daqui a pouco começam a exigir cotas para LGBTQIAPN+, um sigla que significa aqueles que não querem ser homens nem mulheres.,, (C.N.) 

Ao vencer a Libertadores, o Fluminense ganha uma visibilidade internacional

‘Não tem um corrupto preso no Brasil hoje’, diz Moro em congresso do MBL

Estamos perdendo essa guerra, diz Moro em ato do MBL - 04/11/2023 - Poder -  Folha

Sérgio Moro foi a grande atração no Congresso do MBL

Deu em O Globo

O ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil-PR) aproveitou sua participação no 8º congresso do MBL para enumerar críticas ao governo Lula e lamentar sobre o destino da operação Lava-Jato. Para o parlamentar, as ações “mataram o combate à corrupção”, e hoje “não tem um corrupto preso no Brasil”.

O senador disse que era importante “resgatar a verdade” para fazer oposição a Lula. Ainda segundo o ex-juiz da Lava-Jato,  além de não ter mais um corrupto preso no Brasil, ninguém investiga porque os procuradores passaram a ser perseguidos e sofrem processos disciplinares.

CORRUPÇÃO IMPUNE — “O que eles mataram foi o combate à corrupção” — declarou Moro, que disse ainda existir um esforço para “reescrever a história para dizer que ladrão não é ladrão e que a Petrobras não foi roubada”.

“A gente não pode esquecer o que aconteceu nesse país. Porque, hoje, se a gente for esquecer, nós estamos perdendo essa guerra” — disse.

O congresso foi realizado no Parque da Mooca, em São Paulo, com ingressos que variavam entre R$ 250 e R$ 1 mil para acesso VIP. O senador palestrou em uma mesa intitulada “Moro Reage”, com a premissa de defender o legado da Lava-Jato. “Hoje em dia, se você não for chamado de fascista por esse pessoal, você está fazendo alguma coisa errada” — ironizou.

MANTER VIGILÂNCIA – Mais adiante, ele conclamou o público a se manter vigilante diante do que julga ser o risco de “perder nossas liberdades fundamentais”.

A Lava-Jato vem sofrendo reveses nos últimos anos. Em 2021, o então juiz foi considerado parcial em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no processo de Lula envolvendo o triplex no Guarujá.

Criado em 2014, em apoio à Lava-Jato e sob o discurso de renovação política, o movimento MBL viveu momentos de crise nos últimos anos, a partir do rompimento com o então presidente Jair Bolsonaro e do vazamento de áudios sexistas do deputado estadual cassado Arthur do Val.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A imprensa amestrada dá uma força enorme para cassação de Moro, a todo momento publicam matérias sobre os candidatos à vaga dele, como se o senador já tivesse perdido o mandato. Mas ainda há jornalistas que respeitam o trabalho de Moro e da força-tarefa da Lava Jato, que não conseguiu acabar com a corrupção, mas deu um susto nessa gentalha. Os amestrados podem tentar esconder a verdade, mas ela sempre dá um jeito de aparecer. (C.N.)

Mourão quer anistiar faxineira que o STF transformou em “terrorista” com a Bíblia na mão

Presa com bíblia no 8/1 é condenada por associação criminosa armada

Edinei Paiva foi condenada pelo STF a 17 anos de prisão

Hamilton Mourão
O Globo

O Projeto de Lei pela anistia aos condenados por atos decorrentes das manifestações de 8 de janeiro (PL 5.064/2023) tem sido motivo de disputa, de forma equivocada, por aqueles que, por miopia, limitam a matéria a mero cabo de guerra entre a direita e a esquerda.

Diversos perfis nas redes sociais atacam o texto, convidando seus seguidores a repudiar seu conteúdo, aberto à consulta pública, sob o argumento de que ele tem como propósito o “perdão a golpistas”, sem levar em consideração a complexidade e a seriedade que os fatos exigem.

APOIO E REPÚDIO – Em pouco mais de 24 horas após ser colocado para consulta no site do Senado Federal, o PL recebeu milhares de votos favoráveis e contrários num placar impulsionado pelo fervor das redes.

Em apenas cinco dias, foram mais de 200 mil votos em cada lado da balança, pendendo entre o sim e o não, desconstruindo o que partidos de situação tentam imprimir como verdade: que a sociedade luta pela condenação, sem direito a recurso, de todos os manifestantes detidos, sem que a eles seja garantida a ampla defesa.

Fica evidente que casos como o da faxineira Edineia Paiva — de 38 anos, presa e condenada a 17 anos de prisão por associação criminosa armada em julgamento virtual realizado pelo Supremo — não são palatáveis para muitos.

COM A BÍBLIA – Detida embaixo da rampa do Congresso Nacional, tendo em suas mãos uma Bíblia, ela não foi a única a pagar, e muito caro, pelo enquadramento desproporcional no crime a ela imputado por aqueles que agiram com o fígado, fechando os olhos ao compromisso pelo equilíbrio exigido aos homens da lei.

O projeto de anistia está longe de “passar o pano”, como muitos tentam dizer por ignorância ou ideologia. Trata-se de tentar reparar injustiças cometidas pela falta de individualização dos casos, pela impossibilidade de recorrer quando o julgamento já é realizado na mais alta instância do Judiciário brasileiro.

Homens e mulheres detidos durante as manifestações de 8 de janeiro estão sujeitos a muito mais que a bile que tem guiado os julgamentos proferidos. Estão submetidos ao cometimento de injustiça, que poderá abrir precedente de alta periculosidade a todos os brasileiros, independentemente de matiz ideológica.

REAÇÃO A ABUSOS – O PL 5.064/2023 surge como reação a abusos decorrentes da hipertrofia do Judiciário, e não como forma de expurgar de suas responsabilidades aqueles que cometeram crimes. Vândalos que degradaram nosso patrimônio devem ser responsabilizados, e assim a sociedade espera.

O cerne da questão é o perigo de condenar a todos, depredadores ou não, pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e contra o governo eleito, quando o que vimos foi uma baderna decorrente do descontrole de uma manifestação legítima de insatisfação popular em decorrência do resultado das eleições presidenciais.

Que seja apurada a negligência das autoridades que se omitiram, mesmo perante alertas constantes de potencialidade de conflito, o que, infelizmente, não foi pleiteado pelos integrantes de uma CPMI eivada de ideologia, cujo objetivo é demonizar a oposição.

QUESTÃO DE JUSTIÇA – A anistia a manifestantes não é questão de leniência. É questão de justiça. Garantir que ninguém esteja sujeito, independentemente de ideologia, a julgamentos passionais, sem possibilidade de recorrer a instâncias superiores, é responsabilidade de todos.

Por isso apresentei esse projeto, que trouxe à tona um debate legítimo, mesmo que sujeito a paixão e ódio, sentimentos comuns ao ser humano, mas que não podem guiar decisões de magistrados, que têm o dever de primar pelo equilíbrio e sensatez em suas decisões.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) apresentou um projeto absolutamente necessário. As pessoas de bem, independentemente de convicção ideológica, não podem aceitar a condenação de réus como Edineia Paiva, Caberia à Procuradoria Geral da República apresentar recurso contra esse evidente erro judiciário, mas o procurador Aras estava mais ocupado em tentar se eternizar no cargo. Os ministros do Supremo deviam se envergonhar deste erro primário e desclassificante, mas a vaidade não permite. Na forma da lei, nem poderiam julgar Edineia Paiva. Na forma da lei, jamais poderiam condená-la, sem provas. Porém assim o fizeram, porque para esse tipo de falso jurista a lei nada vale.  (C.N.)

Quando o governo mente sobre economia, pode alegar que foi só uma “marolinha”

Economia - Mantega deixa Fazenda com bons dados de emprego, mas PIB baixo

Na Fazenda, Mantega inventou a “contabilidade maquiada”

Marcus André Melo
Folha

No governo de Cristina Kirchner (2007-2015), a inflação oficial anunciada pelo Indec (o IBGE argentino) entre 2007 e 2013 era, na média, 15 pontos percentuais inferior à real. Empresas e instituições começaram a produzir índices alternativos. O governo então passou a multá-las, acusando-as de produzirem fake news.

A oposição reagiu criando o seu próprio índice, o “IPC Congreso”. Em 2013, o FMI reagiu com uma moção de censura à Argentina que eventualmente poderia evoluir para proibição de empréstimos. Ou sua expulsão, por deliberadamente produzir informações falsas, como aconteceu com a Tchecoslováquia, em 1954.

INCENTIVO À MENTIRA – A competição política gera incentivos para os governos mentirem e manipularem informações fiscais e financeiras. O que pode explicar a diferença entre a percepção da economia pelo eleitorado e a economia real, mensurada em termos de crescimento, inflação e desemprego?

Ryan E. Carlin e colegas (2021) analisaram empiricamente a questão em Comparative Political Studies. Se não há incentivos para denúncias, a disponibilidade de informações confiáveis não irá importar muito.

Por isso os autores criaram um índice de Qualidade do Ambiente Informacional que combina indicadores de transparência das informações econômicas, liberdade de expressão e força da oposição.

CONTABILIDADE CRIATIVA – O comportamento do índice tem a forma de “u” invertido entre 1993 e 2014. Nesse período, os destaques negativos para a transparência foram o caso Indec na Argentina e a contabilidade criativa adotada no Brasil.

Em termos gerais, há uma correlação (defasada) entre o que ocorre na economia real e a percebida. A memória coletiva é curta: a associação começa a se dissipar após três meses e se dilui após um ano. O efeito global depende do que os autores chamam ambiente informacional: quanto melhor ele for, mais robusto o efeito da economia na opinião pública.

Caso contrário, maior a incongruência entre a economia real e a percebida.

NÃO ERA MAROLINHA – No Brasil, a incongruência foi maior em 2008 e 2010 (não estávamos passando apenas por uma “marolinha”). O trabalho daqueles autores não cobre todo o governo Dilma nem o pós-covid, cujo impacto nas finanças públicas foi brutal.

A manipulação escancarada de informações, de que o Indec é emblemático, é, na realidade, a etapa final de um processo que tem início com o descaso com a responsabilidade fiscal.

Aqui, o ambiente informacional na atual conjuntura é marcado pelo que chamei de um governo de coalizão monstro inédita, sem oposição efetiva (cujas consequências analisei aqui), pela transparência pública fortalecida pela criação do IFI (Instituição Fiscal Independente) e por ampla liberdade de expressão. Mas quem defende politicamente a responsabilidade fiscal? O presidente, o centrão, Haddad? Essa defesa é crível?

Um poema revolucionário de Tobias Barreto, exigindo o fim da escravidão

Livro: Tobias Barreto - Paulo Dantas | Estante Virtual

Tobias Barreto, grande poeta sergipano

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jurista, filósofo, crítico e poeta Tobias Barreto de Meneses (1839-1889), no poema “A Escravidão”, questiona a estrutura escravagista do regime monárquico, opondo-lhe a República e a Abolição.

Na primeira estrofe do poema procede a uma reflexão filosófica profunda acerca da Divindade dogmática como instituição mantenedora das desigualdades sociais e conivente com a exploração do homem pelo homem. Enquanto que, nos dois últimos versos do poema, encontramos um eu-lírico cético e questionador de todos os dogmas religiosos e que não se furta a apontar as falhas Divinas: “Nesta hora a mocidade / Corrige o erro de Deus”.

A ESCRAVIDÃO
Tobias Barreto

Se Deus é quem deixa o mundo
Sob o peso que o oprime,
Se ele consente esse crime,
Que se chama a escravidão,
Para fazer homens livres,
Para arrancá-los do abismo,
Existe um patriotismo
Maior que a religião.

Se não lhe importa o escravo
Que a seus pés queixas deponha,
Cobrindo assim de vergonha
A face dos anjos seus,
Em seu delírio inefável,
Praticando a caridade,
Nesta hora a mocidade
Corrige o erro de Deus!…

Polarização é retrocesso ameaçador, que deve ser combatido tenazmente

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Charge do Hubert (Folha)

Carlos Newton

É preciso respeitar os pessimistas, eles são do bem e sofrem porque gostariam de ver uma vida melhor chegar mais rapidamente, porém é preciso entender que o mundo se move devagar, a evolução da humanidade se faz lentamente. Nesse sentido, convém lembrar um dos maiores pensadores contemporâneos, o historiador britânico Kenneth Clark (1903-1983).

“Civilização? Nunca encontrei nenhuma. Porém, se algum dia encontrar, sei que saberei reconhecê-la”, dizia Clark, que era verdadeiramente genial, a Rainha Elizabeth encantava-se com a vasta obra dele e lhe concedeu o título de Lord.

TER PACIÊNCIA – Não há dúvida de que na humanidade existe uma dinâmica para melhorar as coisas. Mas é indispensável ser paciente e deixar a vida rolar, embora a ganância do homem ainda insista em prevalecer, inclusive desrespeitando a natureza, quando já dispomos de conhecimento científico para reduzir mais rapidamente as agressões ambientais.

Algum dia vamos chegar lá, diria o otimista, ciente de que tudo é apenas uma questão de tempo. Lembre-se de que a ciência facilmente derrotou o pessimismo de Thomas Malthus quanto ao crescimento da população.

Nesse aspecto, aliás, o Brasil é uma exceção entre os emergentes, porque espantosamente sua população começa a diminuir, o que pode ser uma benção, se não houver excessiva imigração.

FANATISMO POLÍTICO – Na atual conjuntura, em meio aos horrores de mais duas guerras que poderiam ter sido evitadas pelas lideranças, fica comprovado que a radicalização política, religiosa e social continua a ser o maior entrave à evolução humana. Qualquer fanatismo é irracional, precisa se repelido.

Aqui no Brasil, é triste constatar esse retrocesso. Os lulistas defendem cegamente seu líder, não reconhecem seus defeitos, que não são poucos. É como se ele fosse infalível e jamais errasse, como o próprio Lula mesmo ridiculamente autoproclama, dizendo-se “a alma mais honesta”.

O mesmo fenômeno acontece com os bolsonaristas. Os admiradores do ex-presidente não aceitam críticas a ele, como se fosse um primor de dignidade e espirito público, vejam a que ponto chegamos.

UM BELO DIA – Os fanáticos precisam entender que um belo dia não haverá mais Lula nem Bolsonaro, porque na vida tudo se finda e recomeça, o tempo todo.

No futuro, a política será mais fácil. Como Helio Fernandes dizia, o cidadão-contribuinte-eleitor irá evoluir para se livrar de rótulos e simplesmente defender o que é certo, ao invés de apoiar líderes e confiar cegamente nas decisões deles.

Aqui na Tribuna da Internet, procuramos nos posicionar assim, tentando lutar pelo que é certo, tendo em vista o interesse coletivo, sem vinculações ideológicas, partidárias e religiosas. Acreditamos que seja o caminho do bem.

Israel dá motivos para que haja cada vez mais terrorismo e antissemitismo

Revista Nordeste - A nova leitura do Brasil

Israel bombardeia bairros inteiros, dizimando os moradores

Lourival Sant’Anna
Estadão

Este momento da guerra entre Israel e o Hamas conduz a três perguntas fundamentais. Quais as parcelas de responsabilidade de cada lado no atual sofrimento da população da Faixa de Gaza? Qual o risco de a guerra se expandir? Quanto esta crise inviabiliza ou impulsiona um futuro Estado palestino? As três questões estão interligadas.

Os palestinos têm muitos motivos para frustração e revolta: a ocupação militar e a expansão das colônias judaicas na Cisjordânia; a garantia pelas forças israelenses do acesso de judeus ao complexo da Mesquita de Al-Aqsa e as frequentes interdições de fiéis muçulmanos; a disseminação da presença judaica no bairro árabe da Cidade Velha de Jerusalém; o bloqueio à Faixa de Gaza.

HAMAS DÁ MOTIVOS – Entretanto, desde que surgiu, em 1987, o Hamas canaliza esse ressentimento de uma forma que apenas impede que se encontre uma solução para esses problemas, ao proporciona a Israel pretextos para manter essa política expansionista e reforça as correntes extremistas da política israelense.

Esta é a quinta guerra com Israel que o Hamas provoca desde sua chegada ao poder em Gaza, em 2007, sempre causando enorme sofrimento para os palestinos. O sofrimento impingido por Israel agora é tanto maior quanto a brutalidade das atrocidades cometidas pelo Hamas no dia 7 e a barragem de foguetes desde então.

O Hamas se mistura à população civil com o propósito perverso e covarde de elevar o preço político das respostas israelenses a seus ataques.

TESTEMUNHO – Eu presenciei em Gaza elementos do Hamas emergindo por um alçapão do subterrâneo do pátio de um hospital. Fui visto filmando foguetes disparados de área residencial e homens encapuzados do Hamas invadiram à meia-noite o apartamento onde eu estava para examinar minha câmera.

A tomada de mais de 200 reféns pelo Hamas, outro ato de perversidade e covardia, também reduz a margem de ação de Israel. Tudo isso é responsabilidade do Hamas.

Por outro lado, é compreensível o desejo de Israel de aniquilar o Hamas, depois do que o grupo fez. Mas Israel tinha um leque de opções militares. A carga explosiva dos mísseis disparados pelos caças israelenses produz necessariamente a morte de grande número de civis. Existem mísseis menores, que permitiriam ações mais cirúrgicas.

VIGILÂNCIA PERMANENTE – Sei que isso soa improvável, diante da incompreensível falha de inteligência e de resposta militar que permitiu as incursões permanente –  7 de outubro do Hamas, mas Israel mantém minuciosa vigilância sobre a Faixa de Gaza, por meio de radares, balões, drones, aviões e satélites.

Os túneis são um imenso complicador, mas Israel estaria realizando bombardeios às cegas se não fosse capaz de acompanhar os movimentos do inimigo. Os porta-vozes militares israelenses garantem que estão disparando contra elementos do Hamas.

Mesmo para perfurar túneis não é necessário abrir crateras tão grandes como as que os mísseis israelenses estão abrindo, matando dezenas de civis. Em alguns casos, tapetes de bombas têm arrasado quarteirões residenciais inteiros. A responsabilidade por essas decisões operacionais é de Israel.

CULPA DE ISRAEL -Quanto mais despropositada a resposta, maior a tendência não só dos palestinos mas de todo o mundo árabe-muçulmano de responsabilizar Israel, e não o Hamas, pelo sofrimento dos civis. Isso alimenta a radicalização e diminui ainda mais o espaço para uma solução negociada.

Não interessa ao Irã envolver o Hezbollah em grande escala. O Irã está próximo de seu principal objetivo estratégico — a arma nuclear. Israel pretende negar ao Irã essa capacidade.

O Hezbollah é um importante ativo dissuasório e tático contra eventual ação de Israel. Provocar Israel a destruir o Hezbollah agora, com ajuda americana e britânica, seria contraproducente.

MAIS TERRORISMO – A brutalidade dos bombardeios de Israel cria o terreno fértil para mais terrorismo, anti-semitismo e islamofobia, numa espiral que se retroalimenta. Abre caminho também para mais ataques de grupos externos apoiados pelo Irã, como o Hezbollah no Líbano, milícias árabes e iranianas na Síria e no Iraque e os houthis no Iêmen.

Nada disso significa que Israel seria diretamente responsável pelas ações de todos esses atores. Assim como os militares israelenses respondem por suas decisões táticas e operacionais, também o Irã e esses grupos devem responder pelas deles.

Mas alguém tem de ser moral e politicamente capaz de romper essa espiral. Mas não tem sido essa a tradição do Oriente Médio.