Política tosca e petismo ignaro ameaçam futuro da esquerda no país

A reação de Haddad diante da disparada do dólar | VEJA

Haddad não peitou Lula e instaurou-se o caos econômico

Vinicius Torres Freire
Folha

No último dia político do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros tentaram passar uma mão de tinta na parede rachada do crédito do governo. Lula foi o maior responsável pelo desastre financeiro de dezembro, que deixará sequelas na economia e no seu cacife político, fecho de um ano de erros horríveis.

Feito o estrago, sugeriu-se a Lula que elogiasse a autonomia do Banco Central e Gabriel Galípolo; que demonstrasse consciência da “necessidade de novas medidas [fiscais]”.

EMBROMAÇÃO – Fernando Haddad voltou a dizer que medidas virão, talvez em março, e que o pacote seria apenas parte de um processo de ajuste politicamente difícil, o que é verdade, mas não justifica o disparate de novembro.

Foi um reconhecimento do erro e das desgraças recentes, anunciado por Lula com soberba disfarçada por sorrisos amarelos, sabe-se lá se com consequências práticas.

Os problemas do ano foram decerto agravados por motivos que porta-vozes do mercadismo relegam a notas ao pé de página. Por exemplo, impactos da política econômica americana no Brasil, seca e a conspiração informal da elite contra a tributação justa e acerto maior das contas públicas.

TRAGÉDIA DE ERROS – Mas 2024 foi uma tragédia de erros do governo. Na louvação de Galípolo, Lula juntou Haddad, Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil).

Haddad, Galípolo e Tebet haviam aconselhado Lula a engordar o pacote de novembro e a deixar de lado a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000.

Com soberba provinciana, cálculo político míope, triste ignorância e festa no PT, Lula baixou um pacote magro e com essa isenção de IR para agradar à classe média que majoritariamente não vota no PT (nem votará, muitos preferindo um Marçal da vida).

FALSA SURPRESA – No último dia útil de 2023, o governo baixara medida provisória surpresa a fim de diminuir a perda de receita com a redução de impostos da folha de pagamento de empresas (“desoneração”) e com o Perse (para empresas de eventos, turismo e cultura, isenção criada na epidemia, malversada e prorrogada de modo malandro).

Um Congresso de direita, fulo pelo atropelamento político, e empresas derrubaram a MP. Em junho, a fim de tapar esse buraco, o governo tentou restringir o uso de créditos tributários por parte de empresas, o que causou revolta e praticamente enterrou o plano de alta de impostos de Lula 3.

Em abril deste 2024, estava claro que o governo não cumpriria metas de déficit, o que implicaria legalmente em limitação de gasto público no 2026 eleitoral. Por pressão do governo quase inteiro e do PT, com a graça de Lula, mudou-se a meta.

DESPENCANDO – As condições financeiras rolaram a ladeira. A taxa de juros de um ano saiu de 10% ao ano em março para 15% agora (em termos reais, de 6% para 10%); o dólar foi de R$ 5 para mais de R$ 6.

No final de 2022, o governo de transição aprovara enorme aumento de gasto, talvez acreditando que arrumaria receita mais tarde. Aprovou em 2023 um arcabouço fiscal que dependeria de contenção de gastos obrigatórios, vetada por Lula em 2024, para desgosto de Haddad.

O governo não tinha plano econômico (ou para quase nada), nem de esquerda: gasto para pobres, imposto sobre ricos, controle rígido de pressões inflacionárias. Em 2024, dinamitou o programa precário que havia. Cálculo político tosco e petismo ignaro ameaçam a ponte para o futuro da esquerda em 2026.

5 thoughts on “Política tosca e petismo ignaro ameaçam futuro da esquerda no país

  1. Perfeito nos comentários. O mundo dos investidores está, também, muito atento às políticas de perseguição do PT/Lula àqueles que não jogam o seu jogo sujo – uma insegurança jurídica implacável! Investidores saindo do país e a desconfiança nos investimentos em empresas brasileiras também só aumentam. Esse conjunto de consequências irá custar caro para o Brasil. Esperem dólar mais alto, produtos básicos mais caros e um travamento no consumo de bens e serviços até o fim de 2026.

    Mais informações acessem o Instituto IDL
    InstitutoIDL.org.br

  2. O lulopetismo tem sim tb muita culpa no cartório da história do Brasil porque tb mente desbragadamente, desavergonhadamente, sobre a realidade brasileira, mas fazê-lo de bode expiatório dos últimos 524 anos de Brasil, 135 anos deles capturado pela politicalha luso-tupiniquim-agregados, sem projeto novo e alternativo de política e de nação, forjada, imposta, protagonizada e desfrutado pelo militarismo e o partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$, é forçar demais a barra e, por conseguinte, esconder que quem mandou e desmandou, fez e desfez, pois e tirou, neste país por 500 anos (e continuam dando as cartas e jogando de mão, com Lula tb sentado no colo dos me$mo$, via emendas, fundões bilionários, etc e tal…) sempre foi o que se convencionou chamar extrema direita, direita e centro, ou centrão, de modo que escamotear a verdade histórica deste país, como ela realmente é, “data venia”, me parece má-fé… Todavia, a nosso ver, o pecado maior do lulopetismo é o apego e a loucura do Lula pelo poder perpétuo, que, a exemplo de todos os seus sucessores faz de tudo para impedir o advento do megaprojeto novo e alternativo de política e de nação, como propõe a Revolução Pacífica do Leão, o novo de verdade que já nasceu há 35 anos e que precisa se estabelecer no lugar do velho que já morreu há muito tempo mas que nem morto, a moda cadáver insepulto, não deixa o país, a política e a vida da população mudar para melhor, de jeito nenhum, nem no pau, Juvenal, infeliz e desgraçadamente. http://www.tribunadainternet.com.br/2024/12/23/politica-tosca-e-petismo-ignaro-ameacam-futuro-da-esquerda-no-pais/#comments

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