Putin atende Trump e aceita fazer negociações imediatas com Ucrânia

Trump e Putin discutem cessar-fogo de 30 dias proposto pelos EUA

Putin conversou com Trump durante duas horas seguidas

Jamil Chade
do UOL

Como resultado de quase duas horas de conversa entre Donald Trump e Vladimir Putin, a Casa Branca emitiu um comunicado no qual indica que negociações serão iniciadas “imediatamente” para que haja um acordo de paz na Ucrânia

Eis a declaração completa:

“Hoje, o Presidente Trump e o Presidente Putin falaram sobre a necessidade de paz e de um cessar-fogo na guerra da Ucrânia. Ambos os dirigentes concordaram que este conflito tem de terminar com uma paz duradoura. Sublinharam igualmente a necessidade de melhorar as relações bilaterais entre os Estados Unidos e a Rússia.

O sangue e o tesouro que tanto a Ucrânia como a Rússia têm despendido nesta guerra seriam melhor empregues nas necessidades dos seus povos.

Este conflito nunca deveria ter começado e deveria ter terminado há muito tempo com esforços de paz sinceros e de boa fé.

Os líderes concordaram que o movimento para a paz começará com um cessar-fogo no domínio da energia e das infra-estruturas, bem como por negociações técnicas sobre a aplicação de um cessar-fogo marítimo no Mar Negro, um cessar-fogo total e uma paz permanente. Estas negociações terão início imediatamente no Médio Oriente.

Os dirigentes falaram em termos gerais sobre o Médio Oriente como uma região de potencial cooperação para evitar futuros conflitos. Debateram ainda a necessidade de pôr termo à proliferação de armas estratégicas e irão colaborar com outros para assegurar uma aplicação tão alargada quanto possível. Os dois dirigentes partilham a opinião de que o Irão nunca deverá estar em condições de destruir Israel.

Os dois líderes concordaram que um futuro com uma relação bilateral melhorada entre os Estados Unidos e a Rússia tem enormes vantagens. Estas incluem enormes negócios económicos e estabilidade geopolítica quando a paz for alcançada”.

O desespero da volta, sempre ansiada pelo mestre Lupicinio Rodrigues

Gal Costa vem a Curitiba com show sobre Lupicínio

Gal Costa fez show e disco com músicas do Lupe

Paulo Peres
Poemas & Canções

O compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974), Lupe, como era chamado desde pequeno, sempre foi um mestre na chamada dor-de-cotovelo, tal qual ele capta nos versos de “Volta” o imenso vazio das noites que a saudade as torna insones.  A música foi gravada por muitos intérpretes, inclusive Gal Costa, no LP Índia, em 1973, pela Phonogram.

VOLTA
Lupicínio Rodrigues

Quantas noites não durmo
A rolar-me na cama,
A sentir tantas coisas
Que a gente não pode explicar
Quando ama.

O calor das cobertas
Não me aquece direito…
Não há nada no mundo
Que possa afastar
Esse frio do meu peito.

Volta!
Vem viver outra vez ao meu lado!
Não consigo dormir sem teu braço,
Pois meu corpo está acostumado…

Israel rompe o cessar-fogo e bombardeia Faixa de Gaza, Líbano e Síria

A imagem mostra uma equipe de socorristas transportando uma pessoa ferida em uma maca, coberta com um cobertor. A cena ocorre em um ambiente interno, com várias pessoas ao fundo observando. A maca é colocada em uma ambulância, e há evidências de sangue visíveis na roupa da pessoa ferida. Os socorristas estão concentrados na tarefa de ajudar a vítima.

Um palestino ferido chega ao hospital no Sul de Gaza

Guilherme Botacini
Folha

O Exército de Israel realizou nesta segunda-feira (17) uma série de novos ataques a alvos do Hamas na Faixa de Gaza, rompendo o frágil cessar-fogo com o grupo terrorista em meio a obstáculos nas negociações para as próximas fases da trégua e novas trocas de reféns israelenses por prisioneiros palestinos.

Os ataques deixaram ao menos 326 mortos, incluindo crianças, informou o Ministério da Saúde de Gaza. Médicos relatam ao menos 150 feridos após diversos bombardeios em várias áreas do território palestino, o episódio mais agudo de violência no conflito desde que a trégua entrou em vigor, no dia 19 de janeiro.

FIM DO CESSAR-FOGO – Uma autoridade sênior do Hamas afirmou à agência Reuters que os ataques significavam o rompimento unilateral, por parte de Israel, do acordo de cessar-fogo, e que a retomada da ofensiva expunha os reféns ainda em posse do grupo terrorista a um “destino desconhecido”.

O Exército de Israel, por sua vez, disse que estava preparado para continuar com os ataques contra comandantes do Hamas e a infraestrutura em Gaza pelo tempo que fosse necessário — e que expandiria a campanha militar para além dos bombardeios.

Três casas foram atingidas em Deir al-Balah, no centro do território palestino, além de um edifício na Cidade de Gaza e alvos em Khan Yunis e Rafah, no sul da Faixa, de acordo com médicos e testemunhas.

ACORDO PARADO – A escalada da violência ocorre em meio a um desacordo entre Israel e Hamas sobre como avançar com o cessar-fogo, inicialmente com três fases previstas.

Mediadores de países árabes, apoiados pelos Estados Unidos, não conseguiram resolver as diferenças entre as duas partes em conflito nas últimas duas semanas. A Casa Branca afirmou nesta segunda que Israel consultou os EUA antes de realizar os ataques.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirma que o Hamas “rejeitou todas as ofertas que recebeu” do enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e dos outros mediadores.

ALVOS TERRORISTAS – “Por orientação do escalão político, as Forças de Defesa de Israel e o Shin Bet [serviço de segurança interna] estão atacando extensivamente alvos terroristas do Hamas em toda a Faixa de Gaza”, disseram as duas organizações em uma declaração conjunta.

As negociações estancaram em discordâncias a respeito de como continuar a trégua. Inicialmente, a previsão era de que as forças de Israel se retirassem completamente de Gaza na fase 2, que deveria ter começado no início de fevereiro, em troca de nova leva de libertações de reféns.

Embora Israel tenha assinado o acordo, Netanyahu insiste que o país não encerrará a guerra até que as capacidades de governo e militares do grupo terrorista sejam destruídas.

MAIS CESSAR-FOGO – No dia 2 de março, o premiê propôs um plano “para estender o cessar-fogo temporário por 50 dias”, com o objetivo de rediscutir a segunda fase do pacto. O plano previa a libertação de metade dos reféns restantes imediatamente, com o restante solto caso um acordo fosse alcançado.

O Hamas não concordou com as mudanças, e Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária em Gaza para pressionar o grupo terrorista.

De acordo com o jornal The Times of Israel, Tel Aviv se recusou a conversar a partir dos termos iniciais da segunda fase, que deveria ter começado no dia 3 de fevereiro. O cessar-fogo, no entanto, permaneceu em vigor por pouco mais de duas semanas, enquanto os mediadores trabalhavam para negociar novos termos para extensão do trato.

VÁRIOS ATAQUES – Outros episódios de violência ocorreram nesse meio tempo, demonstrando a fragilidade da trégua que agora cai por terra. No último dia 8, um ataque aéreo israelense matou dois palestinos em Rafah —o Exército israelense afirmou que os aviões atacaram um drone que cruzou de Israel para o sul de Gaza e que “vários suspeitos” teriam tentado recolher o material.

Com duração de 42 dias, a primeira fase do acordo previa, além da trégua temporária das hostilidades, a libertação de 33 do total dos cerca de 100 reféns israelenses que continuavam nas mãos do Hamas, parte deles mortos —outros 5 tailandeses também foram sendo soltos pela facção no período.

Em troca, 2.000 palestinos detidos em prisões israelenses foram libertados, e Israel retirou suas tropas de algumas de suas posições em Gaza durante esse período.

LÍBANO E SÍRIA – Mais cedo, o Exército de Tel Aviv anunciou que também lançou ataques em locais no sul do Líbano e no sul da Síria.

Ao menos 2 pessoas morreram e 19 ficaram feridas após a ofensiva israelense em Daraa, no sul da Síria, segundo a agência estatal de notícias Sana.

O Exército de Israel confirmou os ataques e afirmou que os alvos eram quartéis-generais militares e locais contendo armas e equipamentos militares.

Bolsonaro observa desgaste gradativo e luta para não ser abandonado

Bolsonaro reuniu bem menos gente que nos atos anteriores

Pedro do Coutto

No último domingo, em Copacabana, o ex-presidente Jair Bolsonaro, do alto de um trio elétrico, declarou que “Ainda dá tempo”, logo após afirmar que: “Se algo, na covardia, acontecer comigo, continue lutando”. Entretanto, se a intenção da mobilização era demonstrar força ou sugerir que sua possível prisão poderia desencadear o caos social, o resultado ficou muito aquém das expectativas bolsonaristas que, inicialmente, previam um público de um milhão, que depois foram reduzidas para 500 mil.

No fim das contas, porém, no fundo da questão, o Monitor do Debate Político do Cebrap/USP apontava que o ato contou com apenas 18,3 mil participantes — bem abaixo dos 45 mil da Avenida Paulista em 7 de setembro, dos 185 mil em fevereiro e dos 32,7 mil que compareceram a Copacabana em abril de 2023. Até a audiência online refletiu essa queda: a transmissão oficial atingiu no máximo 29 mil espectadores simultâneos, um número inferior ao que Bolsonaro costumava alcançar no passado.

DESGASTE – Esse cenário pode indicar um certo desgaste entre seus próprios apoiadores, possivelmente refletindo um distanciamento das preocupações mais urgentes da população. O evento foi pautado, oficialmente, por dois temas principais. De um lado, a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, questão destacada por Bolsonaro na abertura de seu discurso.

O segundo era o “Fora Lula em 2026”, já que o ex-presidente descartou apoiar um pedido de impeachment imediato, preferindo deixar o governo enfrentar dificuldades sem interferência direta. Assim, seu tom em relação a Lula foi moderado, assim como o da maioria de seus aliados. O principal alvo dos ataques permaneceu sendo Alexandre de Moraes.

Uma das poucas exceções foi Flávio Bolsonaro, que chamou Lula de ladrão. Já Tarcísio de Freitas, embora tenha feito uma defesa veemente da anistia, focou nas dificuldades econômicas do país, especialmente a inflação dos alimentos. Como em atos anteriores, Silas Malafaia adotou o discurso mais agressivo contra o STF e, em especial, contra Moraes, a quem chamou de “criminoso” e “ditador”. Ele também alertou que uma eventual prisão de Bolsonaro poderia gerar consequências imprevisíveis, insinuando um cenário de instabilidade.

CRÍTICA –  Após receber o microfone das mãos de Malafaia, Bolsonaro mencionou as mulheres presas pelos atos de 8 de janeiro e criticou as penas impostas pelo STF. Pouco depois, porém, desviou o foco para sua própria situação, repetindo argumentos já utilizados em discursos anteriores para denunciar o que considera uma perseguição por parte do TSE e relembrar o processo eleitoral de 2022.

Em determinado momento, Bolsonaro deu sinais de que tem poucas esperanças de reverter seu quadro jurídico, que pode levá-lo à prisão.  Os eventos recentes indicam uma queda na capacidade de mobilização do ex-presidente. A cada nova manifestação, o público diminui, ainda que ele continue a ser recebido com entusiasmo por seus apoiadores mais fiéis. Diante da velocidade dos processos judiciais que podem levá-lo a uma condenação ainda este ano, Bolsonaro decidiu intensificar suas convocações. Em uma espécie de ‘tour final’, tenta, sob a bandeira da anistia, proteger a si mesmo.

No palco, o que se viu foi Bolsonaro tentando transmitir, tanto em suas palavras quanto nas entrelinhas, um apelo para não ser abandonado. Talvez um dos últimos, antes de enfrentar o que parece ser um destino inevitável.

Congresso quer “reciclar” R$ 4,6 bilhões, em verba de emendas canceladas

Tribuna da Internet | Mesmo sob nova direção, Congresso não dará a Lula a  parceria esperada

Charge do Son Salvador (Correio Braziliense)

Natália Portinari e Carolina Nogueira
do UOL

Lideranças do Congresso Nacional costuram, nos bastidores, uma manobra para reaproveitar em novas obras e investimentos uma verba de restos a pagar de R$ 4,6 bilhões de orçamentos anteriores, que já havia sido cancelada.

Essa revalidação, prevista em um projeto de lei, é alvo de um debate de interpretação nos corredores do Congresso entre parlamentares e técnicos.

“RECICLAGEM” – Senadores e deputados ouvidos pelo UOL acreditam que podem “reciclar” esses investimentos e transformar essas emendas em um gasto novo, extraorçamentário, como uma nova moeda de negociação política.

Segundo as regras orçamentárias, o governo usa o orçamento do ano corrente para fazer empenhos — um ato que reserva o pagamento para uma determinada finalidade, como uma obra. Quando a obra avança, o dinheiro sai do caixa.

Os empenhos que não foram liquidados em um determinado ano se transformam em “restos a pagar” e podem ser pagos no ano seguinte, mas em um prazo de mais um ano (que o Congresso tem o costume de prolongar).

REVALIDAÇÃO – Esses restos são pagos conforme os empenhos anteriores. Se uma construtora recebeu um empenho de R$ 1 milhão, só ela poderá ser paga em R$ 1 milhão.

No fim de 2024, R$ 4,6 bilhões em restos a pagar dos orçamentos de 2020, 2021 e 2022 foram cancelados. O projeto de lei, já aprovado no Senado e em tramitação na Câmara, revalida essa verba para ser paga em 2025 e 2026.

“Merece ainda destaque o fato de que a manutenção dos restos a pagar não significa necessariamente a realização de pagamentos àqueles que constam como possíveis beneficiários nas notas de empenho”, diz o parecer do relator do projeto na Câmara, Danilo Forte (União-CE).

LICITAÇÕES INICIADAS – Isso é importante porque, desse montante, cerca de 60% são projetos cuja execução não começou, e o texto prevê que só poderão ser executados gastos cujo procedimento licitatório tenha sido iniciado.

Ou seja, cerca de R$ 2,75 bilhões não serão usados na finalidade para qual haviam sido reservados, mas parlamentares apostam que esse dinheiro não será perdido, e sim reaproveitado em outras finalidades.

Esses valores não precisariam entrar nos orçamentos de 2025 e 2026, mas ficariam à disposição do governo federal para gastar dentro da mesma área a que haviam sido destinados de início, como manutenção de estradas, educação ou saúde, no entendimento de fontes que estão a par da negociação.

SERÁ ILEGAL? – Técnicos do Congresso, porém, questionam a legalidade desse procedimento e não veem brecha no texto da lei para que seja interpretado dessa forma.

Para eles, a legislação prevê que restos podem ser liquidados, mas não alterados para que constem outras obras e investimentos.

O projeto de lei revalida R$ 2,4 bilhões em investimentos dos ministérios, R$ 60,9 milhões em emendas parlamentares de comissão e R$ 2,2 bilhões em emendas de relator (conhecidas como orçamento secreto) empenhadas até 2022, mas cujas obras nunca saíram do papel, ou pararam na metade.

VALIDADE RENOVADA – Pela lei orçamentária, elas foram canceladas no final do ano passado, já que perderam a validade, mas a ideia é permitir que o governo possa continuar pagando aquilo que já foi empenhado (reservado para pagamento).

Como mostrou o UOL, o principal beneficiado pelo projeto é o senador Davi Alcolumbre, que tem convênios indicados por ele mesmo entre as verbas canceladas. Dos recursos que o Congresso quer “ressuscitar”, há R$ 515 milhões para o Amapá. É o estado com o maior volume de investimentos.

A proposta no Senado foi apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso Nacional. A previsão é de votação na Câmara dos Deputados na semana que vem, com poucas alterações no texto.

INSEGURANÇA JURÍDICA – Parecer da Conof (Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira) da Câmara afirma que o projeto pode gerar insegurança jurídica, além de ir contra princípios constitucionais e orçamentários e criar riscos fiscais.

Segundo a Conof, o orçamento público deve seguir o princípio da anualidade. Isso significa que verbas não executadas não devem ser incorporadas nos orçamentos seguintes indefinidamente como “restos a pagar”.

“As despesas autorizadas e inscritas como restos a pagar não processados devem ser canceladas, como efetivamente ocorreu. Uma vez canceladas, as mesmas não mais podem ser liquidadas ou pagas, uma vez que expiraram-se os efeitos da autorização orçamentária”, diz o texto da Conof.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
  – A proposta do neopetista Randolfe para beneficiar o ex-inimigo Alcolumbre é coisa para ficar na História do Congresso. Antes, os dois não se falavam, mas agora são amigos de infância. (C.N.)

Com apoio total de Janja, a OEI está ampliando seu esquema de corrupção

Lula e Mariano Jabonero, secretário-geral da OEI. Foto: Reprodução/Instagram

Jabonero, chefão da OEI, conseguiu ficar amigo de Lula

Carlos Newton

O esquema de corrupção da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), começou a ser montado em 2004, primeiro governo Lula, quando instalou seu escritório em Brasília. A operação começou pelo Ministério da Educação, de forma tímida, com a ONG espanhola fechando contratos milionários para fornecer consultores aos órgãos públicos, que pudessem aperfeiçoar a qualidade dos serviços públicos.

Com o tempo, expandiu-se para outros órgãos públicos federais, estaduais e municipais, e atualmente a organização espanhola tornou-se uma fábrica de desviar recursos públicos no Brasil, que realmente necessita de uma investigação profunda pelos auditores do Tribunal de Contas da União.

ATUAÇÃO DE JANJA – É óbvio que a atuação da primeira-dama Janja da Silva foi fundamental para a ampliação da rede de corrupção da OEI, e cresceu de tal maneira que será difícil para o TCU identificar todas as fontes de receita irregular da organização, que consegue ser remunerada para realizar trabalhos que teriam de ser executados pelo poder público.

São conhecidos seis contratos milionários com o governo em 2024. Foram R$ 35 milhões com o MEC; R$ 10 milhões com a Secretaria de Micro e Pequena Empresas; R$ 8,1 milhões com a Presidência da República; R$ 478,3 milhões com a Casa Civil, através da Secretaria Extraordinária da Cop30; R$ 15 milhões com a Secretaria de Micro e Pequena Empresas; e R$ 15,7 milhões com a Secop (Receita Federal).

JANJAPALOOZA – Além disso, à última hora dona Janja fez Lula incluir a OEI na G-20, que atuou e faturou não só na reunião internacional, mas também no festival Lollapalooza, uma invenção de Janja, e agora a OEI está novamente envolvida no evento musical em 2025.

Estatais destinaram R$ 83,5 milhões ao G20 e ao “Janjapalooza”. Banco do Brasil, Caixa e Petrobras investiram até R$ 18,5 milhões cada; Itaipu contribuiu com R$ 15 milhões adicionais.

A denominação de Janjapalooza foi merecida, porque a ideia de promover um show musical foi exclusivamente dela, que foi a maior atração do G-20, com o xingamento “Fuck You, Elon Musk”.

OVOS DE OURO… – A OEI atua em 23 países, mas o secretário-geral Mariano Jabonero está sempre no Brasil, que se tornou a galinha dos ovos de ouro da organização, Em 2023, na onda da Janja, ele fechou contrato até com Tribunal Superior do Trabalho.

Este ano, em 12 de fevereiro, Jabonero foi novamente recebido pelo presidente do TST, ministro Aloyiso Corrêa da Veiga. Na ocasião, o espanhol ofereceu novas parcerias entre as duas instituições, principalmente voltadas ao intercâmbio de tecnologia, inteligência artificial e comunicações.

Aliás, no Orçamento federal deste ano, estão previstos mais R$ 26,5 milhões em “contribuições voluntárias” à OEI. São R$ 25 milhões do MEC, R$ 1 milhão da Presidência da República e R$ 500 mil do Ministério da Microempresa. Nada mal, para começar, é claro.

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P.S. –
A OEI já fatura alto também em 12 governos  estaduais e diversas prefeituras. Até o Museu do Arte do Rio é hoje administrado pela OEI, como se a Prefeitura do Rio não tivesse competência para geri-lo. Mas isso tem de acabar. Não é possível que essa ONG espanhola seja oficializada como co-gestora deste país. Do jeito que as coisas estão indo, daqui a pouco entregam as chaves do Planalto para o tal de Jabonero, que já é conhecido em Brasília como o rei do Jabá, por distribuir generosas propinas aos servidores que colaboram com ele. (C.N.)

Reforma ministerial de Lula não mexe no maior foco de queixas do governo

Presidente Lula e Rui Costa na assinatura do contrato de concessão da BR-381

Rui Costa é acusado de travar projetos e sabotar colegas

Bernardo Mello Franco
O Globo

A prometida reforma ministerial não deve mexer no principal foco de queixas na equipe do presidente Lula da Silva: a Casa Civil. O petista Rui Costa ostenta o título de figura mais impopular do governo. É acusado de travar projetos, sabotar colegas e semear intrigar no entorno do presidente.

Em solenidade na quarta-feira, Lula falou sobre a rixa pública que opõe o ex-governador da Bahia ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Quando tiver briga entre os dois, eu sou o separador”, gracejou.

Haddad pode ser o alvo mais famoso, mas não é o único a reclamar das botinadas de Rui. Nas rodas de Brasília, outro ministro influente costuma chamar seu gabinete de “Casa Covil”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Rui Costa é um político altamente controvertido e que jamais deveria ter a honra de ocupar um cargo importante como a Casa Civil. Na Bahia, ele ficou conhecido por ter enriquecido na política. Morava num modesto apartamento de classe média, com três quartos, e se mudou para um superapartamento em bairro nobre de Salvador, de valor 26 vezes superior ao antigo. Outra façanha sua foi costurar a nomeação de sua segunda mulher para conselheira do Tribunal de Contas, com salário vitalício de R$ 40 mil mensais, vinte vezes o que ela ganhava quando trabalhava como enfermeira. Mas quem se interessa? (C.N.)

EUA perdem US$ 4 trilhões na Bolsa, temem recessão e o “índice do medo”

Foram os EUA que dividiram o átomo ou o presidente Trump está mentindo? -  TecMundo

Irresponsável, Trump está semeando o caos na economia

Alvaro Gribel
Estadão

As empresas americanas perderam US$ 4 trilhões em valor de mercado desde o início do governo de Donald Trump, no dia 20 de janeiro. Ao mesmo tempo, o chamado índice VIX, ou o “índice do medo”, que mede a volatilidade das empresas na Bolsa americana, disparou, e houve piora da confiança dos consumidores, com expectativa de aumento da inflação.

Entre as principais bolsas globais, os índices americanos S&P 500, Nasdaq e Dow Jones operam no vermelho, atrás até do Ibovespa, da B3, que se valoriza este ano, mesmo com as incertezas fiscais do governo Lula.

JUROS ALTOS – O aumento de barreiras comerciais nos EUA tende a elevar a inflação no país, o que pode fazer com o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, corte menos os juros este ano – ou, num pior cenário, até mesmo suba a taxa.

Com os impactos nas cadeias de suprimento de produção dos EUA, pelo encarecimento dos produtos importados, o índice “GDP Now”, medido pelo Fed de Atlanta, já prevê risco de queda do PIB no primeiro trimestre.

Bancos e consultorias, por sua vez, reduzem projeções de crescimento e também falam em risco de recessão. O início da administração Trump tem sido marcado pelo derretimento do valor de mercado das empresas do País.

PERDAS FENOMENAIS – Segundo levantamento feito pela consultoria Elos Ayta, de 20 de janeiro, quando Trump tomou posse, a 14 de março, as empresas americanas listadas nos três principais índices das bolsas do país (Nasdaq, S&P 500 e Dow Jones) perderam US$ 4 trilhões em valor de mercado.

“A forte desvalorização das gigantes de Wall Street reflete um momento de incerteza nos mercados globais. Com perdas trilionárias desde o início do ano, investidores buscam refúgio em outras regiões, enquanto a volatilidade persiste nos EUA”, afirma Einar Rivero, CEO da Elos Ayta.

“O impacto se estende além das grandes empresas de tecnologia, afetando o apetite por risco e a alocação de capital no mundo todo.”

TESLA DERRETE – A empresa com maior perda, curiosamente, é a Tesla, do bilionário Elon Musk, o homem mais rico do mundo e que integra o governo Trump, como chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês). Desde o início do governo, a desvalorização da empresa na bolsa chega a US$ 565 bilhões.

Logo em seguida, aparece a Nvidia, com perdas de US$ 404 bilhões, e a Alphabet, dona do Google, com desvalorização de US$ 379 bilhões. Ao todo, as sete maiores empresas dos EUA, chamadas de “sete magníficas”, perderam US$ 2,1 trilhões. Quando a conta inclui todas as empresas da bolsa, a perda vai a US$ 4 trilhões.

Desde o início do ano, os três principais índices americanos amargam desvalorização. O índice Nasdaq, que concentra ações de empresas de tecnologia, aparece com a maior perda entre 21 índices mundiais, com queda de 8,1%. O S&P 500 também cai 4,1% enquanto o Dow Jones recua 2,5%.

ATÉ O IBOVESPA… – Na liderança da valorização este ano está o Euro Stoxx 50, índice europeu, com alta de 25,89%. O Ibovespa, por sua vez, sobe 4,45%.

Com o anúncio em série de barreiras comerciais, que tendem a encarecer os produtos importados pelos americanos, já houve uma forte piora na percepção dos consumidores em relação à inflação.

Além disso, a entrada em vigor das tarifas contra o aço e alumínio – que atingem o Brasil – já provocaram uma disparada nos preços aos produtores. Desde o dia 25, a tonelada do aço em bobina laminada a quente no Centro-Oeste dos EUA disparou de US$ 779 para US$ 939, um aumento de 20,53%.

“A tarifa encareceu o aço importado e permitiu que os produtores domésticos aumentassem seus preços”, afirma o economista Alexandre Schwartsman. “O resultado é perda de competitividade das empresas americanas que usam aço como insumo. Tremendo tiro no pé”, diz.

ÍNDICE DO MEDO  – As incertezas provocadas por Trump fizeram disparar o índice VIX, que mede a volatilidade das empresas dentro do S&P 500 e é conhecido como “índice do medo”.

Segundo o economista-chefe da Austin Ratings, Alex Agostini, diferentemente do primeiro mandato, Trump agora está indo além da retórica e colocando as medidas em prática.

“Eu acho que ele deixou muito claro qual é a posição dele em relação aos Estados Unidos desde o primeiro mandato; só que, diferentemente daquela vez, agora ele está colocando em prática tudo aquilo que só ficava na narrativa”, afirmou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Desculpem a franqueza, mas Trump é um presidente pior do que Lula ou Bolsonaro. E ainda há quem chame isso de governo, mas minha ironia não chega a tanto. (C.N.)

A fadinha do Véio da Havan, Jojo Todynho, os ovos de Lula no Brasil 2026

VAI BAIXANDO, VÉIO DA HAVAN! 📱 A @jojotodynho colocou o chefinho pra ... |  TikTok

Luciano Hang e Todynho, retrato do Brasil de hoje

Vinicius Torres Freire
Folha

Jojo Todynho precisa comprar toalhas novas. É o que lhe diz Luciano Hang, vestido de fadinha. O “Véio da Havan” faz propaganda da loja dele: “um mês todynho de ofertas”. Zapeio a TV.

Ronaldinho Gaúcho recomenda a Shopee, loja típica do mundo “blusinha”. Cafu e Adriane Galisteu anunciam “bets”. Tão Brasil, “contemporâneo”, embora Cafu, Gaúcho e Galisteu sejam dos tempos de FHC 1 a Lula 2, quando havia a ilusão de que o Brasil viria a ser mediocridade mais arrumadinha.

OS OVOS DE LULA – No noticiário, Lula diz que estão “sacaneando as galinhas”. Promete para terça-feira (18) o projeto de isenção do IR. Neste domingo (16), Jair Bolsonaro no comício pela anistia de si mesmo e de golpistas coadjuvantes.

O processo do golpe e a lei do IR são eventos políticos maiores, pois devem influenciar 2026. Lula quer ganhar pontos com a classe média. Suponha-se que a lei seja ao menos tecnicamente certinha e que o Congresso a aprove sem mumunhas. Vai colar?

Tornou-se clichê dizer que a inflação derrubou Lula. Encrencou, mas Lula tomou tombo maior entre o pânico do dólar de dezembro e a revolta do Pix de janeiro, que repercutiram porque o povo já andava enfastiado e não é mais aquele de FHC 1 a Lula 2.

NOVA REALIDADE – É um mundo de Todynho, Jordana Gleise de Jesus Menezes, 28 anos, ex-faxineira que se tornou famosa de internet, atriz e cantora, “cancelada” em 2024 por ser “mulher preta de direita”, diz. É o mundo de Virginia Fonseca, personagem de si mesma, 53 milhões de seguidores no Instagram.

O povo nunca foi tão “empoderado”. Elege preferidos sociais, culturais e políticos quase sem intermediários afora o algoritmo — e elege o centrão. A Gusttavo Lima, 46 milhões de seguidores, cantor e investigado pela polícia, basta dizer que estará no centrão da política, e assim é.

Congresso e cada vez mais dinheiro da República são do centrão faz década e meia —as cidades, parece que desde sempre. Apesar de óbvia, pouco se investiga essa questão central: por que essa massa amorfa engoliu a política, abafa renovações pensadas e deixa aberta, apenas e se tanto, a decisão de quem ocupa a Fazenda ou coordena o acordão sobre favores estatais?

MAIORES LIDERANÇAS – Das dez maiores empresas do país, seis são de petróleo e minérios, três do agronegócio, uma de varejo. Agro e sertanejo chegaram ao poder em 2018 — foram cultivados pelo projeto da ditadura de ocupar Centro-Oeste e pela Embrapa, nos 1970. Lideranças evangélicas chegaram ao poder em 2018 — se criaram nas megaperiferias da barbárie socioeconômica da ditadura.

As oligarquias regionais, o centrão, se reorganizaram e renovaram nas primeiras eleições da Nova República (como no estelionato do Plano Cruzado) e pela distribuição de dinheiros e TVs para partidos sucessores da Arena.

Desde a Constituição de 1988, formou-se um arranjo de grande distribuição de assistência social (com escasso progresso social profundo, como em educação) e favores tributários a elites.

SEM DINHEIRO – O Brasil é esse aí. Acabou o dinheiro para alimentar o acordão. É uma economia sem rumo pensado, à beira de ser atropelada pela IA, ineficiente, com baixa condição de ser empreendedora e cheia de “empreendedores”, como diz o clichê marqueteiro sobre o povo que vira nessa precariedade e que sonha ter a vida de Virginia Fonseca.

Parte da finança e da elite econômica já sonha com a motosserra de Javier Milei, Elon Musk e Donald Trump. Devem ter seguidores no eleitorado do Instagram.

Entenda por que católicos e evangélicos se uniram para defender Frei Gilson

Fé nas madrugadas: como é uma live de Frei Gilson, líder católico que atrai  milhões de fiéis em quaresma digital | Política | G1

Frei Gilson faz lives de madrugada que atraem os fieis

Karina Ferreira
Estadão

Nos últimos dias, o líder católico conservador frei Gilson virou objeto de mais uma “batalha” na internet entre bolsonaristas e governistas. Enquanto lideranças da direita categorizam publicações críticas ao frade como uma ação anticristã de esquerdistas, apoiadores do governo Lula dizem que o sacerdote e cantor quer fazer os fiéis cultuarem o ex-presidente Jair Bolsonaro em vez de Cristo.

Por motivos estratégicos ou religiosos, evangélicos e católicos se uniram para defender o frade, que acumula milhões de seguidores nas redes sociais. Para especialistas ouvidos pelo Estadão, o que aglutina os dois grupos na defesa de frei Gilson não é a figura em si, mas a pauta conservadora que ele prega.

DIZ BOLSONARO – O ex-presidente Jair Bolsonaro fez publicações no dia 9 sobre o sacerdote. Em uma delas, disse que católico “se apresenta como um fenômeno em oração, juntando milhões pela palavra do Criador” e por isso “vem sendo atacado pela esquerda”.

A campanha contra o religioso começou no dia anterior à postagem de Bolsonaro, que amplificou o embate nas redes. Um grupo no Telegram ligado à militância de Lula emitiu um “alerta geral” a seus membros afirmando que o objetivo do padre é o de “promover a extrema direita e pedir votos no bolsonarismo”.

As acusações são baseadas em recortes de vídeos com falas conservadoras de Gilson e pelo fato de ele ser um dos quatro religiosos citados pela Polícia Federal (PF) nas investigações sobre golpe de Estado.

ORAÇÃO AO GOLPE – Segundo o inquérito, o frade não participou da trama golpista, mas recebeu o rascunho de uma “espécie de oração ao golpe” do padre José Eduardo de Oliveira e Silva, via WhatsApp, que pedia que católicos e evangélicos incluíssem em suas orações os nomes do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e de outros 16 generais para receberem de Deus “coragem para salvar o Brasil”.

A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), católica praticante, publicou um vídeo nesta quinta-feira, 12, defendendo o frade. Tabata afirma que admira o sacerdote, que escuta suas músicas enquanto faz tarefas de casa e que não concorda com a afirmação do religioso, que prega que “a mulher deve ser auxiliar do homem”, mas que isso não apaga as boas atitudes dele.

“Acho que temos que acalmar um pouco os ânimos. Se tem uma coisa que não concordo, é que uma discordância específica, por mais grave que ela seja, seja usada para se apagar e deslegitimar toda a trajetória e todo o bem que a pessoa faz”, disse.

ALIANÇA CONSERVADORA – Segundo Vinicius do Valle, doutor e mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) e diretor do Observatório Evangélico, o principal motivo que faz tanto católicos quanto evangélicos saírem em defesa do frade é o objeto da discussão.

O discurso sobre a mulher como “auxiliar” do homem, por exemplo, se assemelha ao de pastores em cultos evangélicos, diz o cientista político.

“Existe uma aliança entre evangélicos conservadores, que são a maioria dos evangélicos, e católicos conservadores em torno de uma certa agenda que envolve aspectos da disputa moral na sociedade, como, por exemplo, essa questão da desigualdade entre os gêneros, a questão da moralidade em torno do direito da mulher sobre seu próprio corpo, temas como aborto, entre outros”, explicou.

PÚBLICO MAIS AMPLO – A cientista política e diretora do Instituto de Estudos da Religião (Iser) Ana Carolina Evangelista avalia que frei Gilson não aglutina necessariamente católicos e evangélicos, mas sim um público mais amplo, cuja agenda política é conservadora.

“Pela agenda política e a forma como a política tem disputado essas figuras que têm identidade religiosa ou que têm papel num campo religioso, e o conteúdo da fala e das pregações dessas personalidades religiosas, a gente leva esse conteúdo para a política”, disse.

Evangélico, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), saiu em defesa de frei Gilson ainda no dia 9 e publicou um vídeo prestando solidariedade aos católicos. “Começaram diversos ataques. Para quem é cristão, isso é algo natural, ser atacado por seguir a Cristo. Óbvio que por ele ser católico e eu ser evangélico temos nossas divergências teológicas. Mas conheci pessoalmente, é uma pessoa extraordinária”, disse.

JANONES IRONIZA – Já o deputado federal André Janones (Avante-MG), apesar de evangélico, se posicionou considerando que em termos de estratégia política, os ataques da militância governista contra o frade são equivocados. “Não basta ser rejeitado pelos evangélicos, vamos fazer uma cruzada contra os católicos também, aí a gente se elege só com os votos dos ateus em um país em que quase 80% da população é católica ou evangélica. Que tal?”, escreveu o parlamentar, em tom irônico.

O senador Magno Malta (PL-ES), pastor evangélico, também saiu em defesa do religioso, afirmando que os ataques são “um episódio grotesco contra aqueles que defendem a verdade e a vida”. “Frei Gilson, estamos do seu lado, defendendo as mesmas bandeiras e pautas”, disse.

Nesta terça-feira, 11, o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) propôs um projeto de lei para criminalizar ataques contra religiosos em redes sociais, em resposta aos episódios envolvendo o sacerdote católico.

Trump vai devolver patriotas fujonas ao Brasil, mas acolheria Bolsonaro

Trump não aliviará tarifas sobre fentanil, diz secretário dos EUA | CNN  Brasil

Trump vai deportar três condenadas pelo 8 de janeiro

Leonardo Sakamoto
do UOL

Acreditando que teriam vida fácil sob a gestão Donald Trump, três condenadas pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e uma ré com mandado de prisão entraram ilegalmente nos Estados Unidos, três delas após o início do novo governo. Presas pela imigração, agora esperam para ser deportadas, segundo reportagem de Eduardo Militão, do UOL.

Se isso acontecer, a massa de apoiadores de Jair que acredita nele deveria aprender a lição de que vem sendo usada por alguém que pensa primeiro em si, depois nele mesmo, daí em sua família e só então em aliados, amigos, parceiros e em seus seguidores. Em suma, Jair acima de tudo, Deus acima de todos.

EM COPACABANA – Neste domingo (16), no ato na praia de Copacabana, ele usou os apoiadores presos ou processados pelos atos golpistas para justificar a aprovação de um projeto de lei de anistia que o beneficia. Se o PL excluísse a possibilidade de líderes da conspiração serem perdoados, ele teria tirado o dia de sol para andar de jet-ski.

O ex-presidente, denunciado por tentativa de golpe de Estado, certamente conseguiria autorização para um asilo político em Orlando, transformando as cercanias da Disney na sede da resistência bolsonarista no exterior — mesmo com o passaporte retido pelo STF ou mesmo um pedido de extradição enviado por Brasília.

Se Washington DC não atende o pedido brasileiro para deportar Allan dos Santos, que também é foragido da Justiça, imagine se fará isso com Jair. Menos por amor à pessoa, mais pela possibilidade de fustigar Alexandre de Moraes e Lula ou mandar mensagens como: plataformas digitais dos EUA podem fazer o que quiserem em qualquer lugar ou aceitem a nossa ideologia ou pereçam.

CONTAGEM REGRESSIVA – Bolsonaro também afirmou no ato que não sairá do Brasil. Mas a robusta denúncia da Procuradoria-Geral da República contra ele e mais 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de direito, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, apresentada ao Supremo Tribunal Federal, abre sim a contagem regressiva para a sua prisão ou fuga.

As 272 páginas trazem um amplo conjunto de evidências, descrevendo e individualizando condutas de um crime complexo que contou com várias etapas e núcleos. Frisa que a tentativa de golpe não se resume aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, mas começa quando Bolsonaro inicia seus ataques ao sistema eleitoral brasileiro.

 A PGR coloca o ex-presidente como principal beneficiário do golpe, que visaria à sua manutenção no poder após ter perdido a eleição.

TENTARÁ FUGIR? – Diante disso, e por mais que o ex-presidente diga que não, a pergunta voltou a ser feita em círculos políticos e jurídicos: se uma condenação estiver iminente, ele tentará fugir para os Estados Unidos de Trump ou vai encarar de frente a prisão como fez Lula, aceitando cumprir a pena enquanto tenta reverter uma decisão?

Histórico, ele tem. Diante da apreensão de seu passaporte em 8 de fevereiro do ano passado, em meio a uma operação da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente se refugiou na Embaixada da Hungria, governada pela extrema direita de Viktor Orbán, entre 12 e 14 de fevereiro. Muitos viram o episódio como uma espécie de test drive de fuga.

Além disso, Bolsonaro fugiu do país, em 30 de dezembro de 2022, antes mesmo de terminar o seu mandato. Diz que foi para não passar a faixa presidencial, mas o plano golpista, que, segundo a denúncia, envolveu de minuta de golpe até esquema para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, revela que ele tinha razão para temer ficar no Brasil e ser preso.

SERÁ PRESO? – Se ele não conseguir aprovar uma lei de anistia no Congresso e se o STF não declarar essa lei inconstitucional, ele será preso. Daí, vira um ativo para a extrema direita, um mártir e contará que um de seus filhos ou Tarcísio de Freitas vença a eleição em 2026 para articular um perdão.

O repórter Eduardo Militão confirmou as informações sobre as brasileiras presas com autoridades norte-americanas, que afirmaram que “aguardam a expulsão para seus países de origem”. Elas fazem parte do grupo de bolsonaristas que deixou o Brasil no primeiro semestre do ano passado indo para a Argentina, mas após a Justiça do país vizinho indicar que as deportaria a pedido do STF, tomaram rumo norte.

Uma decepção com Javier Milei seguida de outra com Donald Trump. Caso, enfim, percebam que foram engabeladas pelo próprio Bolsonaro em um exercício de autocrítica, podem pedir música no Fantástico.

Malafaia rebate críticas ao ato de Bolsonaro: “Esquerda não bota a metade”

Confira imagens do ato pela anistia em Copacabana

A foto não mente e mostra que havia bastante público

Letícia Casado
do UOL

O pastor Silas Malafaia rebateu as críticas de governistas sobre o tamanho do evento em apoio a Jair Bolsonaro (PL) neste domingo no Rio. “Só digo uma coisa: desafio a esquerda a botar a metade. Só isso. Bota a metade, já que estão dizendo que está vazio. Manda botar a metade”, disse Malafaia à coluna.

Ele foi um dos organizadores da manifestação de apoio a Bolsonaro e em favor da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro de 2023.

PETISTA IRONIZA – Para o deputado petista Zeca Dirceu (PR) o ato foi “fraco” e “infinitamente menor que os outros; uma prova da decadência do Bolsonaro e do quanto que o tema da anistia é impopular”.

O tamanho do público no evento deste domingo é incerto e diferentes metodologias mostram discrepâncias no número de participantes, além de indicativos que apontam que o ato foi menor que outros convocados por Bolsonaro.

Ainda assim, a manifestação contou com mais gente do que no 1º de Maio de 2024 com a participação do presidente Lula (PT): o ato das centrais sindicais no Dia do Trabalho em São Paulo reuniu menos de 2 mil pessoas.

DIVERGÊNCIAS – Segundo dados do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) em parceria com a ONG More in Common, o ato de Bolsonaro reuniu cerca de 18,3 mil em Copacabana — pouco mais da metade dos quase 33 mil manifestantes que foram a outro ato de Bolsonaro no mesmo local em abril de 2024.

Já o Datafolha projetou cerca de 30 mil pessoas na manifestação.

Por fim, a Polícia Militar do Rio, governado pelo aliado Cláudio Castro (PL), divulgou que havia 400 mil pessoas no local, mas não explicou como chegou a esse número.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Essa falsa polêmica é uma bobagem. Pelas fotos aéreas, dava para ver que tinha muita gente participando e vestindo amarelo, verde ou azul. E o pastor aproveitou para ridicularizar Lula, que está fugindo das ruas. São coisas da política, como diz Pedro do Coutto. (C.N.)

A esperança de buscar o ideal da vida, na visão poética de Raul de Leôni

Raul de LeoniPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado e poeta Raul de Leôni (1895-1926), nascido em Petrópolis (RJ), expressa no soneto “ Legenda dos Dias” o cotidiano de cada um atrás do ideal da vida, no qual a eterna esperança possa estar no dia seguinte.

LEGENDA DOS DIAS
Raul de Leôni

O Homem desperta e sai cada alvorada
Para o acaso das cousas… e, à saída,
Leva uma crença vaga, indefinida,
De achar o Ideal nalguma encruzilhada…
As horas morrem sobre as horas… Nada!

E ao poente, o Homem, com a sombra recolhida,
Volta, pensando: “Se o Ideal da Vida
Não veio hoje, virá na outra jornada…
Ontem, hoje, amanhã, depois, e, assim,
Mais ele avança, mais distante é o fim,
Mais se afasta o horizonte pela esfera;

E a Vida passa… efêmera e vazia:
Um adiamento eterno que se espera,
Numa eterna esperança que se adia…

Entendam por que a miopia e a estupidez de Trump são a semente do caos

Imagem colorida do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump -- Metrópoles

Trump erra tanto que desequilibra as bolsas de valores 

Mario Sabino
Metrópoles

Depois de 50 dias frenéticos, como avaliar o governo de Donald Trump? Sejamos sucintos, abordando os dois pontos que mais interessam ao mundo neste momento. O primeiro ponto é o da guerra na Ucrânia. Você deve estar entre confuso e otimista sobre a possibilidade de paz rápida e duradoura, em nome da qual Donald Trump humilhou Volodymyr Zelensky, tomando o agredido como agressor, para deleite de Vladimir Putin.

Esclareça-se: não haverá paz duradoura na Ucrânia, nos termos pretendidos pelo presidente americano, que tem pressa em enfiar a rendição absoluta goela abaixo dos ucranianos.

O ex-presidente francês François Hollande deu uma entrevista bastante didática ao Corriere della Sera sobre a cena a que assistimos. Ele conhece Vladimir Putin muito bem: ao lado de Angela Merkel, então chanceler da Alemanha, foi um dos artífices do Tratado de Minsk, assinado em setembro de 2014, que previa o fim das hostilidades russas no leste da Ucrânia, depois da ocupação da Crimeia — tratado que foi rasgado por Vladimir Putin, porque é da natureza dos tiranos rasgar tratados.

ESTRATÉGIA SUJA – François Hollande disse ao jornal italiano: “Sei que, nos próximos dias, Putin vai tentar aumentar a vantagem que tem no campo de batalha. Jogará com o tempo e intensificará a sua ofensiva, enquanto dará a entender a Donald Trump, por meio de contato telefônico e depois, talvez, em um encontro, que se poderá começar uma negociação para um cessar-fogo”.

E François Hollande prosseguiu: “Para Putin, o tempo é o valor fundamental. Ele vai dilatá-lo ao máximo, até obter a correlação de força militar mais favorável. E se, depois de um acordo de paz sem garantias de segurança, abandonarmos a Ucrânia, ele vai esperar o melhor momento para atacá-la de novo. É assim porque há uma assimetria entre o que somos, líderes com mandato de democracias, e o que ele é, um autocrata. O autocrata tem a vida diante de si. Nós somos precários, estamos de passagem, e ele sabe disso”.

Restará à Ucrânia, bem como aos outros países que estão na mira de Vladimir Putin, esperar que o pouco tempo garantido por uma paz mambembe seja suficiente para que a Europa, sem um aliado confiável nos Estados Unidos, seja capaz de falar grosso militarmente com a Rússia, quase uma ilusão nos próximos anos.

GUERRA COMERCIAL – O segundo ponto dos 50 dias de Donald Trump é o da economia. Não tente encontrar sentido na guerra comercial que o presidente americano move contra países amigos. Não há sentido nenhum, a não ser que o objetivo insanamente calculado de Donald Trump seja o de destruir a economia mundial.

O conservador americano Bret Stephens, uma exceção de bom senso entre os articulistas do New York Times, tem de ser admirado pela sua capacidade de síntese. Ele foi preciso.

DISSE STEPHENS – “Nenhum presidente americano foi tão incompetente em colocar na prática as próprias ideias. É um conclusão a que parecem ter chegado os mercados acionários, que despencaram depois do golpe triplo de Trump: primeiro, as ameaças de tarifas contra os nosso principais parceiros comerciais, com o consequente aumento de preços; segundo, a repetida concessão de adiamentos de algumas dessas tarifas, com a criação de um cenário imprevisível; por último, a sua admissão implícita que os Estados Unidos poderiam entrar em recessão neste ano, um preço que ele está disposto a pagar para fazer o que chama de uma ‘grande coisa’.”

E Bret Stephens completou: “Um presidente caprichoso, errático e irresponsável está pronto a colocar em risco tanto a economia americana quanto a economia global apenas para sustentar o próprio ponto de vista ideológico. Os críticos de Trump são sempre rápidos para ver o lado sinistro das suas ações e declarações. Um perigo ainda maior pode ser o aspecto caótico da sua gestão política. A democracia pode morrer na opacidade. Pode morrer no despotismo. Com Trump, pode morrer pela estupidez.”

Não há o que acrescentar ao que foi dito por François Hollande e Bret Stephens. A miopia histórica e a estupidez ideológica de Donald Trump formam a semente do caos. 

Lula quer reverter desaprovação, mas dá munição de presente à oposição

Deslizes desviam foco de anúncios positivos da gestão

Pedro do Coutto

Reportagem de O Globo deste domingo, focaliza os deslizes cometidos pelo presidente Lula da Silva e que estão influindo na sua imagem à frente do governo. As gafes têm reflexo negativo sem que o presidente se dê conta. Em meio à maré de baixa aprovação, Lula tem implementado uma série de mudanças na comunicação, apostando em medidas populares para reverter o cenário. A investida, no entanto, esbarra em declarações do chefe do Executivo, que entrega “de presente” polêmicas a serem exploradas pela oposição.

Um exemplo foi a sua fala sobre a ministra Gleisi Hoffmann, de Relações Institucionais. Aos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, o petista afirmou que escolheu “uma mulher bonita” para melhorar a relação com o Congresso Nacional.

APOSTA – O fato ocorreu durante a cerimônia de lançamento do programa Crédito do Trabalhador, que busca ampliar o empréstimo consignado para trabalhadores que possuem vínculo CLT. Esta é justamente uma das apostas para reverter a onda de impopularidade escancarada nas últimas pesquisas de opinião. No mesmo evento, Lula chamou o líder do governo na Câmara, deputado cearense José Guimarães de “cabeçudão do Ceará”.

Dessa forma, os holofotes, que deveriam estar voltados ao programa anunciado, foram ofuscados pelas gafes do petista. A oposição usou o deslize, classificando a fala contra Gleisi como misógina.  As últimas sondagens de opinião apontam para um cenário desfavorável à gestão de Lula.

Uma das estratégias para frear a alta da impopularidade é expor mais o presidente da República, colocando-o como principal mensageiro do governo. A tática, desenhada pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, inclui ampliar as entrevistas e os pronunciamentos de Lula, além de aumentar as viagens do petista pelo país.

DESLIZE – No início de fevereiro, um deslize de Lula sobre a alta no preço dos alimentos também foi muito explorado pela oposição. Em entrevista às rádios Metrópole e Sociedade, da Bahia, o petista afirmou que, se os brasileiros deixarem de adquirir os alimentos caros, os supermercados vão diminuir os preços. Na entrevista, Lula também sugeriu que os consumidores brasileiros substituam itens mais caros por produtos similares, com preços mais acessíveis.

Para melhorar a sua posição, Lula precisa ter cautela ao falar, sobretudo quando faz declarações sob o improviso. É necessário reverter o quadro de impopularidade que abala o governo se quiser continuar no cenário eleitoral em 2026.  

Para manter chance de se reeleger, Lula deve radicalizar sua agenda

Lula internado: presidente está acordado e conversando após procedimento,  dizem médicos - BBC News Brasil

Lula se surpreende com a reprovação de seu governo

Marcus André Melo
Folha

A forte queda na popularidade presidencial e na avaliação do governo Lula tem gerado controvérsias. Além do próprio presidente, muitos analistas culpam a inflação de alimentos como a principal causa. Tema que domina a agenda pública no momento. Quando a culpa é atribuída pelo primeiro mandatário da nação à “atravessadores”, significa que já atravessou o rubicão e arrisca radicalizar sua agenda.

Os analistas Felipe Nunes e Thomas Traumann identificaram fatores conjunturais e estruturais da queda da aprovação presidencial. Dentre os primeiros, a inflação de alimentos devido a questões climáticas, valorização do dólar, entre outros. Entre os fatores estruturais, um governo cuja única agenda é “refazer o que deu certo nos mandatos Lula 1 e 2, e que só entrega o que já é conhecido”, e “não gera a gratidão consequente do voto econômico”.

ATAQUE AOS JUROS – Mas o paradoxo principal permanece sem explicação por que, a despeito dos índices favoráveis — no emprego, rendimentos, IPCA—, a popularidade despenca?

Sim, aqui a inflação de alimentos é variável central, mas o céu não é de brigadeiro. O que está ausente das análises é a taxa de juros. Ao encarecer brutalmente o crédito, ela é fonte de insatisfação de consumidores de baixa e média renda, além de impactar um contingente inédito de famílias endividadas.

Não é à toa que o ataque político por parte do presidente contra o Bacen começou antes mesmo da posse. A terceirização da culpa era a antecipação dos efeitos da expansão de gastos da ordem de R$ 150 bilhões ainda na transição de governo.

TUDO AO CONTRÁRIO – A estratégia perseguida malogrou junto à população que se buscava atingir: os segmentos de baixa renda. O encarecimento do crédito não é percebido como ação do Bacen (ente desconhecido da população).

E tiveram efeito em sentido contrário ao perseguido, por gerar ampla incerteza econômica e minar a credibilidade do governo. A expansão fiscal criou emprego e renda no curto prazo mas acelerou o recrudescimento da inflação.

Outro fator ausente das análises são as eleições municipais de outubro. O péssimo desempenho do PT —que elegeu apenas 252 prefeituras ante 517 do PL— aponta, na realidade, para uma “descalcificação” política. A distribuição de investimentos locais pelo centrão garantiu sua hegemonia. Entretanto o mais importante é que o pleito teve efeito multiplicativo sobre a percepção da vulnerabilidade política de Lula —o grande ausente das eleições— e do PT.

ESCOLHA ERRADA – A ausência do presidente na política doméstica foi uma escolha estratégica pela qual o presidente buscava ser protagonista na agenda internacional, na agenda do clima e do combate a pobreza, ao mesmo tempo que delegava a política doméstica a um grupo de ex-governadores. A estratégia naufragou. O contexto eleitoral potencializou a percepção de malogro. Questões de saúde e idade se somam aqui.

Na faixa etária do eleitorado entre 25 e 34 anos ocorreu a maior queda percentual (39%!) na aprovação do governo, que caiu 9 pontos percentuais (de 23 para 14) (Datafolha). O governo é aprovado apenas por 1 em cada 7 respondentes. Percentuais um pouco menores (36%) estão nas faixas de 35 a 44, e 16 a 24. Estas faixas concentram 58% da população.

A última cartada de Lula para contrarrestar este quadro pode ser a radicalização da agenda.

Autorização para OEI atuar no Brasil foi ilegal e não tem a menor validade

Lula on X: "Hoje o maior ministro das Relações Exteriores que o Brasil já teve, e o melhor que eu poderia ter, completa 80 anos. Desejo um feliz aniversário, saúde e paz

Amorim e Lula pensaram (?) que a OEI tivesse sido licenciada

Carlos Newton

Como a Tribuna da Internet se tornou o único veículo de comunicação social a continuar publicando novas informações sobre corrupção em órgãos federais, praticadas em conluio com a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), é natural que novas denúncias estejam sendo apresentadas à TI.

Uma das acusações mais curiosas é de que a OEI, que se diz uma organização inter-governamental formada por 23 países, na verdade nem teria licença válida para funcionar no Brasil, porque a autorização que alega possuir é nula de pleno direito.

DENÚNCIA VERDADEIRA – Como sempre fazemos, checamos essa denúncia e comprovamos que é verdadeira. Para que o Brasil aceite se integrar a uma organização estrangeira, é competência exclusiva do presidente da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais (inciso IV do artigo 84 da Constituição).

O mesmo artigo, que constou em todas as constituições anteriores, ressalva que o presidente não pode delegar essas atribuições a nenhuma outra autoridade. É exclusividade da função.

O trâmite burocrático funciona assim: o presidente assina o acordo, o Congresso examina se é procedente, e o chefe do governo então promulga, colocando-o em vigor.

NÃO HOUVE ACORDO – Na verdade, jamais houve acordo com a OEI assinado por qualquer presidente da República. Para justificar o “ingresso” do Brasil, a OEI cita um convênio assinado em 1957 na República Dominicana por Francisco Montojos para criação da Organização de Educação Ibero-americana.

Mas Montojos era apenas funcionário do MEC, não tinha poderes para assinar nada, e na época o  ministro da Educação era o professor Clóvis Salgado da Gama. Mesmo assim, a OEI afirma que o Brasil é “sócio-fundador” da organização.

Para conseguir montar seu esquema de corrupção no Brasil, 45 anos depois  a OEI requereu um “acordo de sede”, datado de 2002, que permitisse a instalação de um escritório em Brasília, mas esse convênio também não tem a menor validade, porque não foi assinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, mas pelo ministro da Educação, Paulo Renato Souza.

TRADUÇÃO SIMULTÂNEA – Portanto, o golpe da filiação do Brasil à OIE ocorreu da seguinte maneira. Em 2002, final de governo, o ministro Paulo Renato foi convidado para uma reunião de ministros  ibero-americanos e aceitou. Foi então convencido a assinar um “acordo de sede” para a OEI se instalar em Brasília.

É claro que Paulo Renato não poderia imaginar que fosse um golpe e que o Brasil jamais tivesse sido membro oficial da organização. Aliás, o próprio texto do “acordo de sede”  deixa bem claro que não havia acordo internacional anterior, assinado por qualquer presidente.

Na introdução está registrado que “considerando o REINGRESSO da República Federativa do Brasil na Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação a Ciência e a Cultura (OEI), durante a 67ª Reunião de seu Conselho Diretivo (…)”.

FALSO REINGRESSO – Justamente por não haver autorização anterior, os espanhóis da OEI falaram em “reingresso” do Brasil ao justificar o “acordo de sede”. Algo que nunca ocorreu, porque, se não houve ingresso, jamais poderia haver reingresso…

Lula e o chanceler Celso Amorim também caíram na esparrela. Em 2004 assinaram o Decreto 5.128, promulgando o irregular ‘acordo de sede”, e a OEI então pôde dar início ao esquema de corrupção no Brasil, que hoje é oficialmente “coordenado” pela primeira-dama Janja da Silva. 

DETALHE FINAL – Se o “acordo de sede” tivesse sido redigido pelo Ministério da Educação ou pelo Itamaraty, e não pelos espertalhões da OEI, o texto seria iniciado com a obrigatória citação do acordo internacional que algum presidente brasileiro teria assinado anteriormente com a tal organização. 

Além disso, o Brasil não poderia ser integrante, porque que a OEI era dedicada apenas a países de língua espanhola. Somente em 2002, na reunião presenciada por Paulo Renato, foi adotada também a língua portuguesa.

Todo esse imbroglio nos obriga a reconhecer que, em matéria de corrupção, a criatividade dos espanhóis da OEI realmente é extraordinária. No Direito Internacional, jamais houve golpes desse tipo. Eles merecem o Oscar de Efeitos Especiais.

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P.S. 1 – Inadvertidamente, o Congresso aprovou os acordos com a OEI de total nulidade, porque nenhum deles foi assinado pelo presidente da República. A validade é zero e a OEI precisa ser expulsa do país, antes de nos depenar totalmente, com a providencial “coordenação” de dona Janja. 

P.S. 2 – Quanto aos defensores da improbidade administrativa, que abraçam a tese de que a corrupção propicia desenvolvimento e defendem ardorosamente os espanhóis da OEI, com certeza são ruins da cabeça ou doentes do pé, como dizia o genial Dorival Caymmi, e dedico a eles toda a força de meu desprezo. Amanhã voltaremos com mais informações exclusivas sobre esse novo escândalo brasileiro. (C.N.)

Veto de Lula impede redução de R$ 12 bilhões por ano no custo da energia

Coprel | A Coprel Geração investe em PCHs para um futuro mais verde.

Minis e pequenas hidrelétricas, uma solução ecológica

Stéfanie Rigamonti
Folha

O veto do presidente Lula a um jabuti do projeto de lei das eólicas offshore que prevê a contratação de 8 GW (gigawatts) de energia de térmicas e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) impede que o consumidor se beneficie com uma redução de R$ 12 bilhões por ano no custo da energia.

É o que mostra um estudo da Thymos, uma das mais conceituadas consultorias de energia do país. O levntamento foi encomendado pela Abragel (Associação Brasileira das Geradoras de Energia Limpa).

R$ 311 BILHÕES – “Os ganhos previstos ao longo dos 25 anos somam R$ 311 bilhões”, disse João Carlos de Oliveira Melo, sócio da Thymus.

Segundo ele, esse ganho ocorre porque o projeto permite a troca de 2 GW – de um total de 4,9 GW – gerados por PCHs e por mini-hidrelétricas, com capacidade de geração de até 50 MW (megawatts) cada. “Haveria um novo parque de usinas a ser construído, gerando cerca de 200 mil empregos.”

O presidente Lula gostaria de ter mais PCHs, mas não concorda com a construção de térmicas, que geram energia muito mais cara, especialmente em períodos de seca. Como o artigo da lei juntava ambas, não foi possível vetar somente uma das geradoras. A expectativa é que o veto seja derrubado pelo Congresso.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É inacreditável que o Brasil até hoje não tenha adotado uma política permanente para construção de mini-hidrelétricas, que o BNDES queria financiar quando era presidido pelo grande economista Carlos Lessa, que faz muita falta a esse país. (C.N.)

Prisão de líder dos protestos anti-Israel é a terceira versão de um filme antigo

Liberdade para ! | Revista Movimento

Mahmoud Khalil tem o green card, mas será deportado

Demétrio Magnoli
Folha

A prisão e ameaça de deportação de Mahmoud Khalil, um dos líderes dos protestos anti-Israel na Universidade Columbia, indica que Trump pretende produzir a terceira versão de um filme antigo. O “Pânico Vermelho” original desenrolou-se no rastro da Grande Guerra, sob o impacto da Revolução Russa e da radicalização do movimento trabalhista nos EUA. A versão seguinte foi o macarthismo, na primeira década da Guerra Fria. O filme serve para ampliar o poder estatal e acossar as liberdades públicas.

As manifestações estudantis anti-Israel de 2024 desempenharam papel instrumental no triunfo eleitoral de Trump. Na sua maioria, os participantes reagiam com horror aos bombardeios indiscriminados israelenses na Faixa de Gaza.

APOIO AO HAMAS – Suas lideranças, porém, ergueram bandeiras que ecoam a estratégia do Hamas. “Palestina livre do rio até o mar”, o lema perene, e imagens celebratórias dos atentados de 7 de outubro, descritos como “os palestinos voltando para casa”, somaram-se a atos pervasivos de intimidação contra estudantes e professores judeus.

O Partido Democrata foi visto como sócio do linguajar antissemita pois sua ala esquerda saudou os protestos universitários.

Segundo as vagas acusações do governo, Khalil teria conduzido atividades “alinhadas com o Hamas, uma organização designada como terrorista”. O “Pânico Vermelho, parte 3”, mira crimes de palavra, ignorando a Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

DIFERENTE DO BRASIL – Os EUA não são o Brasil. Por aqui, um juiz do STF navega, com amparo de seus pares, em faixas cinzentas da lei para suprimir perfis de redes sociais acusados de “discursos de ódio”, “discursos antidemocráticos” ou “desinformação”.

Por lá, a Primeira Emenda assegura uma liberdade de expressão limitada apenas pelo chamado direito ao exercício da violência. Os lemas e imagens antissemitas utilizados na Colúmbia são abomináveis, mas estão cobertos pelo manto constitucional. Khalil não cometeu crime nenhum.

Tudo indica que, ao ordenar a prisão, o governo desconhecia o estatuto de Khalil, um palestino detentor de residência permanente (green card). Mesmo assim, Trump insiste na deportação:

DIZ TRUMP – “Prenderemos e deportaremos de nosso país esses simpatizantes do terrorismo —para nunca retornarem novamente!”. Enquanto isso, seu secretário de Estado, Marco Rubio, brandia uma interpretação extrema da Lei de Imigração e Nacionalidade pela qual Khalil seria deportável por ameaçar os “interesses de segurança nacional” dos EUA.

“É a primeira prisão de muitas a virem”, proclamou Trump. Na versão original do “Pânico Vermelho”, o jovem J. Edgar Hoover conduziu as deportações de centenas de ativistas do movimento operário que eram imigrantes com residência permanente.

Mais tarde, em 1952, já como diretor do FBI durante o macarthismo, Hoover obteve da Corte Suprema a autorização de deportação de três imigrantes residentes que tinham se filiado ao minúsculo Partido Comunista dos EUA.

SERVE DE ALERTA – A conexão entre xenofobia e perseguição ideológica não é novidade. O caso de Khalil foi desenhado para servir de alerta aos 13 milhões de detentores do green card, além de 1,5 milhão de professores e estudantes estrangeiros com vistos válidos: Trump ignora a Primeira Emenda.

“Pânico Vermelho, parte 3”, como seus predecessores, é um filme de propaganda —mas, no fim, o que está em jogo é a substância da democracia.

De Pedro II a Moraes, o esforço que o País faz para andar para trás

Musk dá um drible em Moraes e X volta a funcionar no Brasil - portal waffle

Moraes acha o celular um risco, mas Musk não concorda

J.R. Guzzo
Estadão

Talvez tenha sido uma sorte, para todos nós, que quando inventaram o telefone dom Pedro II era o imperador do Brasil. Como se conta na História, as mentes mais civilizadas da época achavam que a invenção de Graham Bell era uma geringonça sem utilidade para nada – mas Dom Pedro nunca esteve de acordo com essa avaliação, e trouxe para o Brasil, no ato, o que viria a ser uma das maiores conquistas tecnológicas da humanidade. Imaginem se, em vez dele, o imperador fosse o ministro Alexandre de Moraes. Não haveria telefone até hoje no Brasil.

De lá para cá, em matéria de tecnologia, o Brasil se especializou em correr no pelotão de trás – ali entre o médio e baixo Terceiro Mundo, sem infâmia e sem louvor. Salvo uma e outra coisa, como determinados tipos de avião e de motores elétricos, o resto do mundo nunca se interessou em comprar nada do que o Brasil chegou a produzir nos últimos séculos.

MUITOS MORAES – Nosso problema, hoje, é o grande esforço nacional em prol de andar para trás. Temos poucos Pedros II. Temos muitos Alexandres de Moraes.

O telefone foi descartado como uma bobagem – mas pelo menos ninguém achava que era perigoso. Não contavam, na época, com a astúcia do ministro Moraes. Se estivesse ativo 150 anos atrás, teria percebido o que ninguém, a começar por dom Pedro II, percebeu. O que parecia uma inocente invenção de professor Pardal acabaria se transformando, no futuro, numa ameaça fatal à democracia.

O problema, pelo que se deduz do que o ministro fala o tempo todo em seus sermões, não seria exatamente o telefone. Seria, como sempre, o ser humano e o seu vício incurável de utilizar os frutos do progresso para fins não previstos pelas autoridades – digamos, gente como Moraes.

NÃO PODE… – Quer dizer que agora, com essa tal de comunicação à distância, qualquer um vai poder falar o que bem entende, para quem quiser, onde estiver? Não pode.

Pior: a operação disso tudo estaria a cargo de empresas estrangeiras, já pensaram? A qualquer minuto do dia elas poderiam usar o seu controle sobre a rede telefônica para interferir na soberania nacional – e isso aqui não é casa da Maria Joana. Imaginem, então com os celulares, as redes sociais e os novos equipamentos da Starlink de Elon Musk, que não dependem das antenas de Moraes para manter as pessoas falando entre si.

Não é um caso de progresso, acha o ministro; é um caso de polícia. Comunicação tem de ser monopólio do “Estado”, como imprimir dinheiro e expedir passaporte. Pessoas que “não entendem” a liberdade de expressão não podem continuar mexendo com rede social; isso é hoje, junto com Musk, a maior ameaça para a democracia. Moraes fica doente com essas coisas.