Piada do Ano! Lula alega que se entenderá com partidos “sem negociar com Centrão”

Lula em transmissão do 'Conversa com o Presidente' — Foto: Youtube/Reprodução

Lula inventa uma nova explicação para o que é inexplicável

Pedro Henrique Gomes e Pedro Alves Neto
g1 Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (25) que quer negociar com siglas do Centrão para aproximá-las e “dar tranquilidade ao governo”. Lula voltou a afirmar que não quer conversar com o Centrão enquanto organização, mas com os partidos de forma individual, e citou nominalmente PP, PSD, União Brasil e Republicanos. As declarações foram no “Conversa com o Presidente”, programa transmitido semanalmente na internet.

“Eu não quero conversar com o Centrão enquanto organização. Eu quero conversar com o PP. Eu quero conversar com o Republicanos, eu quero conversar com o PSD, eu quero conversar com o União Brasil. É assim que a gente conversa”, disse.

ARRUMAR UM LUGAR… – “E é normal que, se esses partidos quiserem apoiar a gente, eles queiram participar do governo, e você tentar arrumar um lugar para colocar para dar tranquilidade ao governo nas votações que nós precisamos para melhorar, aprimorar o funcionamento do Brasil. É exatamente isso que vai acontecer”, continuou.

Lula disse que ainda não iniciou as conversas para abrigar esses partidos no governo e voltou a afirmar que não são as siglas que pedem cargos, mas o governo que oferece um espaço a quem quiser contribuir.

“É direito das pessoas quererem fazer acontecer e falar o seguinte: ‘Ó, eu quero participar do governo’. Se quer participar do governo, você pode ter um ministério. Agora, não é o partido que quer vir para o governo que escolhe o ministério”, disse o presidente.

TUDO EU – “Quem escolhe o ministério é o presidente da República. Quem indica o ministério é o presidente da República. Quem oferece o ministério é o presidente da República. Eu acho plenamente possível. Nós vamos discutir isso nesses próximos dias, não estou preocupado, ainda não fiz nenhuma conversa com ninguém”, continuou.

O presidente também negou essa negociação seja aderir ao “toma lá, dá cá”. Segundo o presidente, acordos partidários para conceder maioria ao governo são comuns na maioria dos países democráticos, mas que no Brasil esse arranjo não é bem-visto.

“Em qualquer lugar no mundo se faz acordo. Mas aqui no Brasil tudo é ‘dando que se recebe’. Eu trato isso com mais clareza, com mais simpatia”, declarou Lula.

AS NEGOCIAÇÕES – Lula deve intensificar na próxima semana as negociações com partidos do Centrão para ampliar a base no Congresso, segundo a colunista do g1 Ana Flor.

Entre outras reuniões, Lula deve se encontrar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), parlamentar com grande influência entre partidos do bloco.

Neste início de semana, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que é o responsável pela articulação política do Executivo com o Congresso, já recebeu lideranças do PP e do Republicanos.

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CONFIRA OS CARGOS QUE LULA OFERECE

Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – atualmente, a pasta é comandada por Geraldo Alckmin (PSB) que acumula a função de ministro com a de vice-presidente.

Ministério de Portos e Aeroportos – o titular da pasta é Márcio França (PSB).

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – chefiado por Luciana Santos (PCdoB).

Ministério da Mulher – atualmente comandado por Cida Gonçalves (PT).

Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome – o atual ministro é Wellington Dias (PT). A pasta é reivindicada pelo PP.

Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania – chefiado por Silvio Almeida (sem partido).

Ministério dos Esportes – comandado pela ex-atleta Ana Moser (sem partido). A pasta é alvo de pedido do Republicanos.

Caixa Econômica Federal – presidida por Rita Serrano. O banco público é reivindicado pelo PP.

Correios – presidido por Fabiano Silva dos Santos

Embratur – atualmente chefiada por Marcelo Freixo (PT)

Fundação Nacional de Saúde (Funasa) – tem como presidente interino o servidor Alexandre Motta. Órgão é cobiçado pelo Centrão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como Lula hoje em dia adota uma linguagem socialista refinada, é preciso haver tradução simultânea. Quando ele diz que não é o Centrão que está exigindo cargos, porque, ao contrário, é o presidente que os oferece, a gente deve ler “toma lá dá cá”, como se dizia antigamente, até porque a soma dos fatores não altera o produto do roubo. (C.N.)   

Presença de Nísia Trindade na Saúde é vital para o povo e para a ética no governo

Nísia Trindade é a esperança da humanização de um sistema essencial

Pedro do Coutto

Setores do Centrão, sempre em busca de espaço cada vez maior na administração, voltaram as suas lentes para o Ministério da Saúde muito mais em função das verbas da pasta, do que pela capacidade de atendimento à população através do SUS. Por isso, a permanência da médica Nísia Trindade à frente do ministério torna-se um fator fundamental no sentido tanto da eficiência do atendimento quanto em face de um comportamento ético que tem que marcar a sua presença no governo, sobretudo na Saúde, da qual dependem diariamente centenas de milhares de homens e mulheres que não contam com recursos para recorrer aos hospitais e clínicas particulares.

Reportagem de Karolini Bandeira, O Globo desta segunda-feira, focaliza o tema de altíssima sensibilidade, porque, além da vida, relaciona-se diretamente com o bem estar humano e suas condições de trabalhar e produzir. É inaceitável os que tentam substituir a essência humana da missão por interesses presentes nos fornecimentos de remédios e materiais indispensáveis ao socorro diário destinado aos que ficam expostos às doenças e acidentes. Há também a importância essencial das vacinações que bloqueiam que o índice de moléstias aumente para situações fora de controle.

VÍTIMAS – Cada desvio de recursos na área em que atua Nísia Trindade significa, na verdade, condenar à morte milhares de pessoas que são vítimas da insuficiência de condições dignas ao longo de suas vidas. Basta ver os rios poluídos de esgotos que margeiam os becos sombrios que separam casas nas favelas do Rio de Janeiro em imagens diariamente mostradas pelo jornal da manhã da TV Globo.

Políticos, quando reivindicam o Ministério da Saúde, na verdade, não desejam fazer evoluir o setor, mas aumentar a sua participação nas compras de remédios e equipamentos, sendo que em inúmeras situações a conivência faz com que o tempo criminosamente inviabilize a utilização de medicamentos. É incrível a emoção sempre gelada dos atores da corrupção que só visam lucros imorais e ilegítimos e que se encontram sempre distantes de qualquer compromisso com a vida humana e para a dignidade com que devem ser tratadas as camadas de menor renda da população.

São essas camadas que recorrem às redes públicas de Saúde enfrentando longas filas e o desespero de não terem certeza se serão atendidas. Em inúmeros casos, têm que enfrentar a dor física à espera de que apareça um profissional para retirá-la da situação opressiva e sufocante. É indispensável, mas também pouco possível, que uma expressiva parte de políticos considere a falta de atendimento dos postos de Saúde como uma calamidade que amplia o sofrimento.

BLINDAGEM  – Essa facção só está preocupada em participar dos efeitos de compras desvinculadas do interesse público, mas vinculadas ao enriquecimento dos ladrões, verdadeiros vampiros de vidas humanas. O presidente Lula da Silva age bem em blindar Nísia Trindade. Ela é a esperança da humanização de um sistema essencial para os que sofrem e não têm certeza de que poderão ser socorridos.

É possível que Nísia Trindade não possua habilidades para lidar com reivindicações e propostas sinuosas que se repetem em sua área. Mas isso ela aprenderá em mais alguns poucos meses. Vale a pena esperar. A sociedade brasileira agradece.

CHATGPT – Reportagem de Bruno Romani, o Estado de S. Paulo de domingo, destaca reações surgidas na área da Inteligência Artificial que se voltam contra a forma usada pelo ChatGPT para acumular dados de outras plataformas em sua própria base, que colocou em prática um degrau à frente da comunicação entre os seres humanos e as máquinas que não têm nervos ou emoções.

A matéria vale a pena ser lida e analisada em suas diversas dimensões. Uma delas é levantada pelo professor Luca Delli, coordenador do Centro de Tecnologia da Fundação Getúlio Vargas. Ele questiona sobre o uso de dados por grandes modelos  da Inteligência Artificial.

Delli alega que a plataforma invadiu o seu arquivo pessoal sem autorização para isso. Creio que o tema conduza a um outro, este sim, muito mais grave: o de atribuir a alguém opiniões que não emitiu sobre diversos assuntos controversos, por exemplo. Esta hipótese, de fato, é um perigo. Fica no ar aguardando uma resposta.

Entenda por que é preciso punir com rigor quem planejou, financiou ou atuou no golpe

Intérprete a charge política (foto) - brainly.com.br

Charge do Luscar (Arquivo Google)

Roberto Nascimento

Recebi um TikTok, com a fala de um idoso comparando o ladrão de rua ao político ladrão. Os dois são deploráveis, uns furtando nossos bens e os políticos roubando a esperança no futuro. Só que tem um problema: os candidatos que se apresentam para o povo votar, indicados pelos partidos, são quase todos corruptos, sejam da esquerda ou da direita.

Além disso, os candidatos representam algum segmento profissional ou social, tipo sindicatos, indústria, bancos, comércio, instituições religiosas, agronegócio e até o setor de armamentos…

MUDAR É PRECISO – Apesar desses defeitos congênitos, a verdade é que na democracia, a cada eleição, o cidadão tem a oportunidade de mudar tudo. Porém, numa ditadura civil ou militar o povo fica ainda mais perdido, pois quem coloca o governador, o senador biônico e o prefeito nas administrações, é o ditador de plantão. E ninguém pode reclamar, criticar ou espernear, se quiser continuar vivendo.

Resumindo: uma intervenção militar/civil é sempre ruim para a sociedade, pois não existe ditadura boa, seja de esquerda ou de direita.

GOLPE A BRASILEIRA – No caso do recente surto golpista, que sucedeu a Covid-19 aqui no Brasil, a ilegalidade estava no planejamento e na execução fracassada da tentativa de derrubar um governo eleito. Será que os golpistas estavam preparando rosas ou cravos para o povo nas ruas, ou viriam mesmo com tanques, porradas e bomba?

É por isso que, na investigação e no julgamento dos organizadores e participantes, não se pode passar pano para uns e para outros, não.

Se não houver rigor na punição de quem financiou, quem planejou, quem colocou bomba no aeroporto de Brasília e quem participou da derradeira tentativa, quebrando tudo no dia oito de janeiro, esse grupo “revolucionário” pode se julgar representativo a ponto de fazer nova tentativa. Aí, meus caros, quem nos livrará da prisão e da censura ampla, geral e irrestrita? Pense nisso.

Ser poeta, buscando atingir o núcleo da ideia essencial, na visão de Efigênia Coutinho

Efigênia Coutinho | Oceano de Letras

Efigênia Coutinho, poesia em Petrópolis

Paulo Peres
Poemas & Canções

A artista plástica e poeta Efigênia Coutinho, nascida em Petrópolis (RJ),  criou sua definição de “Ser Poeta”. A seu ver, a poesia será sempre um meio de comunicação de sentimentos na escrita. “Tenho um ritmo pessoal, operando desvios de ângulos, mas sem perder de vista a tradição, procurando atingir o núcleo da ideia essencial, a imagem mais direta possível, abolindo as passagens intermediárias”, revela.

SER POETA
Efigênia Coutinho

A noite sempre cálida me espera,
Tenho em versos a recente emoção
Da inquietude que abraça a quimera,
Enquanto no meu peito pulsa a oração.

A noite ouve o acalanto, esta voz
Que brada a rima solta, e então viajo;
E busco o sopro terno do ninar em nós,
Onde se farta o frêmito voraz, que trajo.

Lá, ao vento espalhado, e envolto,
Meu verso solto, que diz: mortal, eu sou
Na arte que te fecunda e faz devoto…

Porque ser poeta é ser alguém que embelezou
A prosa e o lado vil do caso vário,
E deu-se a Deus que equilibra este rosário.

Sérgio Cabral promoveu almoço no Vasco para comemorar sua volta ao carnaval

Carnaval 2024: Escolas de samba do Rio valorizam a cultura brasileira

Cabral e amigos, vestindo a camisa da escola de samba

Paulo Peres

Para quem acha que já viu tudo em matéria de política, é bom conferir essa pequena reportagem publicada no Twitter News Almirante, relatando que o ex-governador Sérgio Cabral reuniu amigos e admiradores para uma feijoada na sede do Vasco no Calabouço, para comemorar a escolha de seu nome como enredo da Escola de Samba União Cruzmaltina.

Além de aturar o desempenho do Vasco da Gama neste Brasileirão, os torcedores ainda têm de suportar a volta de Sérgio Cabral ao clube carioca, depois de condenado a 245 anos e 20 dias de cadeia. É demais.

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CABRAL FESTEJA COM AMIGOS E ADMIRADORES
News Almirante

O ex-governador Sérgio Cabral continua transitando com desenvoltura no Rio de Janeiro, cumprindo intensa agenda social. Neste domingo, os convidados especiais o aguardam, na sede do Vasco Calabouço, no centro da Cidade, à beira de uma paisagem paradisíaca.

Ao fundo, a baía de Guanabara, o Pão de Açúcar, a Marina da Glória e a Igreja do Outeiro da Glória, abençoando o domingo iluminado.

De acordo com fontes do SRzd que já estão no local, o almoço bem carioca será servido para 200 pessoas. Sérgio Cabral chegou às 14h30 da tarde, com semblante leve e despreocupado. O que se comenta no local é que o feijão amigo teria sido financiado pelo próprio ex-governador.

ENREDO DA ESCOLA – A sua única orientação teria sido não distribuir convites abertamente, antes deste domingo (23), para não atrair a visita de indesejáveis.

Eufórico com a escolha do seu nome como enredo da Escola de Samba da Avenida Intendente Magalhães, Cabral se sentiu na necessidade de agradecer aos amigos unindo o que mais ama: futebol, Vasco, Carnaval, feijoada e política.

Alegria dos convivas é pela boca livre e poder curtir a festança regada a cerveja e muita caipirinha. Só entrou quem recebeu o convite pelo celular.

Centrão é um pêndulo fisiológico entre o poder de ontem e o poder de hoje

Charge do Gilmar Fraga (https://gauchazh.clicrbs.com.br)

Pedro do Coutto

Numa entrevista a Sérgio Roxo, O Globo deste domingo, o ministro Flávio Dino afirma que é importante o apoio do Centrão ao governo Lula da Silva na medida em que funciona para ampliar a base parlamentar do Planalto principalmente em seu projeto de reformas estruturais que sustentam o programa de recuperação da economia e desenvolvimento social.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, a meu ver, não deixa de ter razão, sobretudo porque, no fundo, o Centrão não pode ser considerado um bloco parlamentar conservador, pois na verdade representa uma corrente voltada para a ação fisiológica cujo conteúdo nem sempre diverge da ideia política do atual governo.

MAIOR ESPAÇO – O Centrão busca sempre maior espaço e presença nas decisões administrativas que resultem em votos e também na defesa dos interesses econômicos de várias colorações decorrentes dos impulsos da máquina pública. Até hoje, na verdade, como se constata facilmente,  o presidente Lula não perdeu nenhuma votação no Congresso Nacional.

Todos os seus projetos foram aprovados, inclusive os de reforma constitucional que exige um quórum especial de maioria de três quintos, tanto na Câmara quanto no Senado Federal. O último exemplo está na reforma tributária, com o apoio de Arthur Lira, presidente da Casa, que alcançou 380 no total de 513 votos. O governo assim navega em águas mansas do quadro político e, portanto, não tem razões para se preocupar.

Há uma lógica no posicionamento do Centrão que lembra o antigo PSD de Ernane do Amaral Peixoto e Benedito Valadares. Uma vocação irresistível para o poder, mas cujo apoio no Poder Legislativo assegurava equilíbrio no panorama nacional. O PSD era um partido de sólida base rural e um fator de equilíbrio com o avanço no PTB nas áreas urbanas do país, reflexo da industrialização desencadeada em larga escala pelo governo Juscelino Kubitschek que modernizou o Brasil, alterando seu perfil econômico.

MAIORIA – Para governar, princípio sempre defendido por Amaral Peixoto, é preciso alcançar-se maioria parlamentar. Ela faltou a Getúlio Vargas na crise de 1954 e o resultado foi a tragédia de 24 de agosto. Mas ela não faltou ao homologar de bate pronto na renúncia de Jânio Quadros. Renúncia é um ato de vontade pessoal, não pode estar sujeita à apreciação partidária. Mas isso pertence ao passado.

No momento, a realidade política é diferente da realidade dos tempos em que a política era debatida em outros níveis. Hoje, como deixa claro Flávio Dino, a política é de resultados nas superfícies e não em sua maior profundidade. Há conservadores, como é o caso de Arthur Lira, mas o conservadorismo que tem sua base em redutos eleitorais, não impede que seus representantes votem a favor de matérias reformistas. O Centrão, portanto, desempenha um papel essencial no panorama político, inclusive porque  com a sua oscilação pendular, ele termina conduzindo o conservadorismo para áreas restritas ocupadas pelos extremistas.

Exemplo máximo de tal situação, encontra-se no 8 de janeiro de 2023. Uma investida subversiva para desfechar um golpe contra o governo Lula e a democracia brasileira. Tal colocação diretamente funciona para permitir que integrantes de correntes moderadas da oposição terminem se aliando à situação. O argumento ajusta-se ao pleno equilíbrio institucional, sobretudo porque com uma ditadura o Centrão perderia a sua razão de existir.

8 DE JANEIRO –  Gabriel Saboia e Eduardo Gonçalves, O Globo deste domingo, publicam reportagem importante destacando que pelo menos oito órgãos do governo foram alertados às vésperas do drama do 8 de janeiro através de informação da Agência Brasileira de Inteligência que havia recebido bases concretas sobre o que se encontrava em curso. A revelação deixa muito mal os titulares de setores do sistema de Segurança, levantando a hipótese de omissão e conivência.

De fato, penso, não é possível que um movimento que se baseou no transporte de milhares de pessoas para Brasília, a convergência de ônibus à capital do país, e na violência transmitida aos passageiros das rebeldias e das inconsequências pudessem ter sido ignorados de sua origem até a concretização do vandalismo.

A reportagem, sem dúvida, ilumina as sombras que poderiam estar ocultando as lideranças do imundo episódio voltado para a destruição através da violência física, buscando criar um falso clima que pudesse ser capaz de fazer o governo desmoronar. O desmoronamento, ao contrário, atingiu os seus idealizadores e executores.  

 

Não se pode confundir o integralismo brasileiro com o fascismo de outros países

Tarcísio Padilha, o 'filósofo da esperança', reúne sua obra - Jornal O Globo

Tarcísio Padilha era conhecido como o “filósofo da esperança”

José Carlos Werneck

Numa época difusa e confusa, em que se fala muito em ressurgimento do fascismo e lembra-se também a atuação do integralismo brasileiro, criado pelo deputado Plínio Salgado sob o lema “Deus, Pátria e Família”, que recentemente veio a ser recriado pelo então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, é preciso esclarecer muita coisa aos mais jovens.

Aqui no Brasil, o integralismo era uma corrente nacionalista sem a radicalização do fascismo italiano e que contava com a simpatia de grandes personagens, como o próprio presidente Getúlio Vargas e o então bispo Helder Câmara, famoso por suas atividades de assistência social.

NACIONALISMO -Um dos destaques do integralismo foi o economista Raymundo Padilha, braço direito de Plinio Salgado e que depois se tornaria deputado federal pelo Partido de Representação Popular (PRP) e governador do Estado do Rio de Janeiro.

O casal Raymundo e Mayard Padilha era protestante e teve vários filhos que se notabilizaram em suas atividades profissionais, entre eles o notável jornalista Moacir Padilha, que foi editorialista e diretor de O Globo nas décadas de 60 e 70.

Outro dos filhos que teve enorme sucesso profissional foi o filósofo, sociólogo, escritor, professor universitário e magistrado brasileiro Tarcísio Meirelles Padilha, um notável pensador, que chegou a presidente da Academia Brasileira de Letras.

ERA INTEGRALISTA – Na juventude, nas décadas de 1940 e 1950, Tarcísio Padilha militou no PRP e no chamado Movimento Águia Branca, contando-se, assim, entre os representantes da denominada Segunda Geração Integralista.

Se mais tarde se afastou da militância, jamais deixou ele, no entanto, de sustentar os princípios fundamentais da sua Doutrina, bem sintetizados na tríade “Deus, Pátria e Família”, defendendo sempre as virtudes do patriotismo e do nacionalismo. Uma de suas principais obras. “Brasil em Questão”, publicada em 1975 pela Livraria José Olympio Editora e reeditada no ano seguinte pela Biblioteca do Exército, analisa a crise do mundo moderno.

Assim, cito esse exemplo de Tarcísio Padilha para esclarecer que há semelhanças e diferenças entre o lema Deus, Pátria e Família do antigo Integralismo e o mesmo signo agora usado por Bolsonaro.

Inteligência Artificial torna-se uma ameaça ao mercado humano de trabalho

Imagem: Arquivo do Google

Pedro do Coutto

Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden mobilizou o governo para que num encontro com os dirigentes das big techs sejam encontrados caminhos e fórmulas para o uso da Inteligência Artificial de maneira que não constitua uma ameaça relativa à segurança nacional americana, mas cujo raio de alcance também se amplie sobre as questões relativas ao mercado de trabalho.

A Inteligência Artificial evoluiu tanto nos últimos tempos que se constata uma participação além daquela que poderia ser prevista com o sistema integrado pelo Google, pela Meta, pela Microsoft, pelo Facebook e pelo Instagram. É verdade que a plataforma Meta controla o Facebook, o WhatsApp e o Instagram. Mas surgiu no horizonte de forma muito intensa a ChatGPT desenvolvido pelo OpenAI que vai muito além do Google, como destacou Filipe Campello em almoço entre amigos na sexta-feira no Giuseppe do Leblon.

ALCANCE – Ele mostrou através do seu celular o alcance do ChatGPT que não só é capaz de responder às consultas, como até a de debatê-las, aceitando as opiniões dos interlocutores e estendendo o raciocínio às etapas sequentes e consequentes das perguntas formuladas.

Essa ruptura informativa cria um amanhecer novo e perigoso para o uso da comunicação em tal grau. As mensagens trocadas são escritas e respondidas e o processo pode ocorrer em várias línguas. No caso em tela, claro, em portugês. O que me surpreendeu foi o encadeamento lógico dos temas e das observações da Inteligência Artificial.

A Inteligência Artificial é capaz de formular e até adaptar textos no estilo de artistas, de escritores, sobre assuntos que atravessam as épocas. Fantástico isso. Mas, o fato predominante é que no fundo a Inteligência Artificial é impulsionada por seres humanos, uma vez que os robôs não são sensíveis aos padrões monetários porque são uma criação de cientistas que conseguiram efeitos lógicos dentro de um sistema gelado de troca de perguntas e explicações  seguindo o padrão absoluto de lógica.

AMEAÇA – Há até situações em que diante de uma observação feita por qualquer um de nós, o ChatGPT repensa palavras que no momento anterior havia utilizado para fornecer traduções claras das questões. A ameaça no que se refere à Inteligência Artificial é quanto ao mercado de trabalho, como assinala Filipe Campello, pois no momento em que for financeiramente lucrativo e empresas e empresários investirem numa amplitude maior da Inteligência Artificial, ela poderá substituir um número enorme de empregos, e com isso emparedar a espécie humana num dilema: o interesse do capital sobrepondo-se novamente ao interesse social e a própria respiração e pulsação humanas.

Pelo que percebi, a distância entre a realidade de hoje e a que possa ser alcançada em consequência da trepidação pelo lucro, talvez possa ser estimada em 50 ou 70 anos. Inclusive depois que a tecnologia avança por um caminho, ela encontra maior facilidade em superar as escalas da viagem. Um exemplo disso está no automóvel; é mais trabalhoso retirar o carro da garagem do que dirigi-lo nas ruas e estradas. Ou seja, a dificuldade maior é sair do zero e chegar até dez. Passar de dez ao vinte é mais simples.

RISCO – A questão essencial é o risco com que a espécie humana volta a se defrontar, uma ameaça de um novo tipo de escravidão pelo encurtamento das ofertas de trabalho e pela necessidade de cada grupo se sustentar. A Inteligência Artificial pode se tornar um novo instrumento de dominação e mudar até diversas características humanas, alterando a sensibilidade, com os computadores alcançado e transpondo a floresta dos sentimentos dos seres humanos.  

O presidente Joe Biden, destaca reportagem de O Globo deste sábado, matéria da Bloomberg News, disse que o compromisso assumido pelas empresas com Washington é apenas o primeiro passo e ao mesmo tempo se comprometeu a tomar medidas enquanto discute com o Congresso uma legislação para fixar regras e regulamentos para a Inteligência Artificial. “Devemos ter os olhos bem atentos e estar vigilantes”, disse. O perigo é a Inteligência Artificial sair fora de controle e que seres humanos utilizem a robótica para dominar ainda mais os seus semelhantes.

INTERVENÇÃO –  Reportagem de Igor Gielow, Folha de S. Paulo de sábado, destaca a ameaça que Vladimir Putin dirigiu à Polônia, sustentando que o país pretende intervir na guerra da Ucrânia enviando tropas para o país com o apoio de nações do Ocidente. Putin diz ter provas do fato e que a Polónia quer forçar um tipo de coalizão sob o guarda-chuva da Otan, intervindo no conflito de Kiev.

Na minha impressão, Putin deve estar enfrentando alguma pressão interna e sua ameaça à Polônia é para desviar as atenções que envolvem Moscou para o plano internacional. O posicionamento da Polônia já é conhecido desde o início da invasão. De qualquer forma, a ameaça russa acende um sinal de alerta não só da volta da Guerra Fria, mas até mesmo de um confronto militar que possa se assemelhar à Segunda Guerra Mundial.

PLANOS DE SAÚDE –  Joana Cunha, em excelente reportagem na Folha de S.Paulo deste sábado, revela que estão sendo examinados pelos planos de saúde aumentos de preços em função ao crescimento dos segurados acima de 60 anos de idade. Eram 3,3 milhões no ano 2000 e hoje são 7,3 milhões de homens e mulheres.

A elevação da idade é interpretada como um crescimento do risco, uma vez que os mais velhos são mais vulneráveis às doenças. Mas é preciso considerar que os mais idosos também contribuem há muito mais tempo para os seguros de saúde e, portanto, nas contas que possuem os seus saldos são muito maiores que os saldos existentes nas contas dos mais jovens, sobretudo porque os mais idosos representam apenas 14% do total dos contratantes, o que deveria ser fundamental para verificação equilibrada das contas.

Uma canção de amor às contradições e belezas de São Paulo, na visão de Caetano

Cover Sampa- Caetano Veloso - YouTubePaulo Peres
Poemas & Canções

O cantor, músico, produtor, escritor, poeta e compositor baiano Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, na letra de “Sampa”, traduz as impressões que a capital paulista causa ao imigrante, criando num hino de amor à cidade, pois a letra também deve ser analisada levando-se em conta o contexto da época e do próprio momento da vida do autor. A música foi gravada por Caetano Veloso no LP Muito (dentro da estrela azulada), em 1978, pela Philips.

SAMPA
Caetano Veloso

Alguma coisa acontece
No meu coração
Que só quando cruzo a Ipiranga
E a Avenida São João…

É que quando eu cheguei por aqui
Eu nada entendi
Da dura poesia
Concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta
De tuas meninas…

Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruzo a Ipiranga
E a Avenida São João…

Quando eu te encarei
Frente a frente
Não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi
De mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio
O que não é espelho
E a mente apavora
O que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes
Quando não somos mutantes…

E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vem de outro sonho
Feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te
De realidade
Porque és o avesso
Do avesso, do avesso, do avesso…

Do povo oprimido nas filas
Nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue
E destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe
Apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas
De campos e espaços
Tuas oficinas de florestas
Teus deuses da chuva…

Panaméricas
De Áfricas utópicas
Túmulo do samba
Mais possível novo
Quilombo de Zumbi
E os novos baianos
Passeiam na tua garoa
E novos baianos
Te podem curtir numa boa…               

Após a “extirpação”, a Tribuna renasceu, mas ainda falta retomar nossos arquivos

Como combater notícias falsas na internet sem implantar a | Geral

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton

Conforme já informamos, desde o dia 27 de maio foi iniciado contra a Tribuna da Internet.um ataque exterminador — ou “extirpador”, como prefere o atual grande líder da nacionalidade. De onde vêm essas investidas não nos interessa. Para nós, o importante é manter um espaço livre e democrático na internet, que defenda os interesses nacionais sem maiores vinculações políticas, partidárias ou ideológicas.

É claro que essa meta é uma utopia e sempre há alguma tendência nos assuntos tratados, pois o ser humano é essencialmente político, em especial quando estão em disputa o interesse coletivo, a injustiça social e a defesa dos menos favorecidos.

SEM ARQUIVOS – Em ataque anterior, os hackers praticamente destruíram nossos arquivos, todos os textos ficaram de difícil leitura, sem as palavras que tenham acento, til e cedilha. Além disso, a imensa maioria dos artigos ficou sem título, é impossível achá-los através de busca. E agora, no último ataque, ficamos também sem os comentários, que já passavam de 637 mil.

Nessas crises, quando a excelente Equipe Técnica do Servidor UOL não tem como nos socorrer, porque os hackers atuam também em espaços inacessíveis ao UOL, como a plataforma WordPress, na qual o blog é editado, sempre recorremos ao jornalista Marcelo Copelli, companheiro dos tempos da Tribuna da Imprensa, especialista em informática.

Desta vez, ele teve de recriar o blog, mas tomou a precaução de preservar o que ainda existia, para que depois, como calma, possamos restabelecer o que sobrou dos arquivos.

ARTICULISTAS – No caso dos articulistas, eles foram simplesmente “extirpados”, como diz Lula da Silva. Para que seus nomes constem novamente da lista na primeira página, precisam enviar um artigo novo. Assim que é publicado, o nome do autor então entra automaticamente na relação de articulistas.

Tudo isso significa que a completa normalização da Tribuna da Internet será um serviço intrincado, que vai demorar a ser feito. E demonstra que, ao contrário do que deveria ocorrer, operar sob o signo da liberdade não é nada fácil, sobretudo em tempos de polarização.

Mesmo assim, vamos em frente, sempre juntos, na defesa da moralização da vida pública e do respeito aos interesses coletivos, duas metas hoje praticamente inviáveis, mas que serão atingidas no futuro, com a evolução da vida em sociedade.     

Leonardo da Vinci utilizou a palavra para explicar como a Mona Lisa deve ser observada

Para Leonardo da Vinci, a Mona Lisa deve ser vista por vários ângulos

Pedro do Coutto

O economista Filipe Campello, meu amigo, comentou a minha observação feita na coluna de quinta-feira, quando citei a declaração de Ruy Castro ao tomar posse na ABl , de que a palavra, no fundo, é indispensável para classificar e destacar imagens e seus significados, acentuando que uma imagem pode valer mais do que mil palavras; mas que a sua definição e sua relevância dependem da palavra na comunicação humana.

Basta citar em favor da tese o que escreveu o próprio Leonardo da Vinci em seus cadernos de Florença sobre as melhores formas de se observar a Mona Lisa, sua obra eterna e mais famosa. A citação contida nos cadernos é focalizada na biografia monumental sobre Leonardo da Vinci de Walter Isaacson, que, a meu ver, tornou o livro uma obra genial.

EFEITOS VISUAIS – Leonardo da Vinci chamou atenção para a coloração peculiar que atribuiu à tela, buscando efeitos visuais não perceptíveis na primeira visão. Ressaltou também que a Mona Lisa deve ser vista por vários ângulos; pela direita, numa visão oblíqua, de perto e à média distância, na visão frontal, a média e longa distância, e a partir do ângulo esquerdo, à média e longa distância.

A imagem encontrada por quem assim procede vai se multiplicar e revelar detalhes a cada enfoque da visão. Mas, o sorriso enigmático da figura na tela, ele explica, acompanhará o olhar de quem aprecia em todas essas situações. A figura na tela famosa que está no Louvre, Galeria dos Italianos, é de Lisa Gherardini, mulher do comerciante rico Francesco Giocondo, um homem que tinha obsessão para ser aceito pela sociedade alta de Florença.

DESENTENDIMENTO – Lisa Gherardini (a Gioconda) pertencia ao nível mais elevado. Ela posava para da Vinci em um ateliê em Florença e o quadro demorava para ser concluído. Levou quase quatro anos, acentua Isackson. Giocondo desentendeu-se com da Vinci e foi expulso do ateliê. O gênio da Renascença devolveu o dinheiro pago pela pintura,  ficou com o quadro para si e levou-o para a França, onde faleceu na cidade de Amboise, e onde se encontra sepultado.

A pintura foi parar no Louvre e foi roubada em 1910, mas o ladrão devolveu a obra. No século passado, um louco tentou jogar tinta na tela do quadro. O quadro é pequeno e está novamente em seu lugar. Dizem até que se trata de uma cópia para evitar novos atentados. Há loucos para tudo. O que importa no tema objeto desse artigo é o uso da palavra para qualificar e explicar, traduzir e até mesmo ensinar como as obras de arte devem ser admiradas.

VIOLÊNCIA – Reportagem de Aline Ribeiro e Rafael Garcia, O Globo desta sexta-feira, com base em dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na quinta-feira, revela que, em 2022, o número de mortes violentas no país caiu, embora continue elevado, atingindo 47,5 mil casos, um recuo de 8%.

Entretanto, o número de estupros disparou, atingindo praticamente 75 mil casos, e o roubo e furto de celulares foram parar numa escala de um milhão de casos ao longo de 12 meses. Os estelionatos também subiram e os golpes pela internet também. Em matéria de estelionato, acentua Guilherme Caetano, O Globo, a cada hora são desfechados 208 golpes, dos mais variados tipos.

PROPOSTAS – Os crimes de estelionato, no período de 2018 a 2022, cresceram 326%, e as fraudes eletrônicas mais sofisticadas avançaram 65% no mesmo período. Na realidade, digo, só é possível fazer movimentação eletrônica quando a iniciativa for nossa. Não podemos aceitar propostas e conselhos, ofertas de fonte alguma, pois quando se oferecem facilidades excessivas para iludir as pessoas, em primeiro lugar deve-se desconfiar e não embarcar na onda sugerida.

Pelo telefone celular é a mesma coisa, inclusive porque quando se compra um aparelho, no dia seguinte surgem as mais diversas mensagens de propaganda ou propondo concessão de créditos, cartões e vantagens fictícias. Quem fornece o número do celular a essas fontes sombrias? Só pode ser a empresa que vendeu e liberou o número do aparelho, pois ninguém pode adivinhar os oito algarismos do celular de ninguém.

TRIBUTAÇÃO –  Manuel Ventura e Vinícius Neder publicaram, com grande destaque, reportagem no O Globo de ontem sobre o projeto que está sendo elaborado pela equipe do ministro Fernando Haddad no sentido de que o governo obtenha recursos de cerca de R$ 120 bilhões para zerar o déficit primário das contas públicas.

Entre os objetivos da proposição encontra-se a tributação dos fundos exclusivos destinados à alta renda através de recolhimento semestral sobre as aplicações e não apenas sua incidência nos lucros reais obtidos descontada a inflação do IBGE. Está prevista também a criação de alíquotas para tributação de brasileiros que residem no Brasil sobre rendimentos obtidos em aplicações no exterior (offshores de paraísos fiscais).

APOSTAS –  No momento, a incidência do imposto ocorre apenas quando do resgate do investimento. No alvo também da Fazenda, as apostas esportivas de todos os tipos e não apenas a tributação sobre os lucros dos apostadores sobre as receitas das empresas. A medida tem também como alvo os incentivos fiscais federais e os proporcionados na área estadual através do ICMS.

Com a mudança do voto de desempate no Conselho Administrativo da Receita Federal, Haddad espera arrecadar R$ 50 bilhões. O valor decisivo do voto de desempate foi mudado no governo Jair Bolsonaro. Multiplicado pelo tempo que ficou em vigor, calcula-se a diferença que causou na receita pública.

Não há nada que domine e vença  a alma romântica do poeta, dizia Cruz e Sousa

Do apartamento de Dora Ouve-se o ruído lá fora Do carnaval que ...Paulo Peres
Poemas & Canções

O poeta e jornalista João da Cruz e Sousa (1861-1898) nasceu em Desterro, atual Florianópolis. Era filho de escravos e se tornou conhecido nacionalmente. Quando morreu de tuberculose, seu corpo foi transportado para sepultamento no Rio de Janeiro, onde tinha grandes amigos, como José do Patrocínio. No poema “Inefável”, Cruz e Sousa fala da invencibilidade de sua alma romântica.

INEFÁVEL
Cruz e Sousa

Nada há que me domine e que me vença
Quando a minha alma mudamente acorda…
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa.

Sou como um Réu de celestial sentença,
Condenado do Amor, que se recorda
Do Amor e sempre no Silêncio borda
De estrelas todo o céu em que erra e pensa.

Claros, meus olhos tornam-se mais claros
E tudo vejo dos encantos raros
E de outras mais serenas madrugadas!

Todas as vozes que procuro e chamo
Ouço-as dentro de mim porque eu as amo
Na minha alma volteando arrebatadas.

Causa da briga não é bolsonarismo e a família Mantovani pode até processar Lula

O advogado Ralph Tórtima Filho, que defende o casal, deu detalhes sobre o depoimento de Mantovani na PF nesta terça, 18

O advogado Ralph Tórtima Filho relata os depoimentos

Carlos Newton

A repórter Isabella Alonso Panho fez uma reportagem bastante reveladora no Estadão, ao relatar o teor dos depoimentos que o empresário Roberto Mantovani Filho, sua mulher Andréia e seu filho Giovani, de 20 anos, deram à Polícia Federal.

Até então, ninguém sabia que o começo da briga nada tinha a ver com aversão aos ministros do Supremo, polarização, bolsonarismo ou baixaria política. O motivo era bem diferente.

BARRADOS NA SALA VIP– Segundo a família Mantovani, tudo começou por causa de uma disputa por espaço numa das salas VIP do aeroporto de Roma, onde Roberto, a mulher e o filho foram barrados, a pretexto de que existiriam lugares disponíveis. Quando já estavam saindo, ficaram incomodados ao ver o ministro Alexandre de Moraes chegando e sendo acolhido com a família nos três  lugares que foram negados aos Mantovani.

“Para político tem lugar, para gente com criança, com idoso não tem”, teria dito Andreia, segundo o advogado Ralf Tórtima Filho.

A repórter Isabella Alonso Panho conta que, no depoimento, Mantovani negou tivesse empurrado o ministro, mas admitiu ter “afastado” uma pessoa que teria ofendido sua esposa Andréia, que também é acusada no inquérito.

AQUELA PESSOA – “Ele (Mantovani) disse que, em razão de ofensas proferidas contra a sua esposa (Andreia), ele afastou essa pessoa, que nem sequer sabia quem era, mas tratava-se de uma pessoa que fazia ofensas bastante pesadas, muito desrespeitosas à sua mulher”, relatou o advogado.

Questionado sobre a identidade dessa pessoa que teve de ser afastada, Tórtima Filho disse que eles (Mantovani e Andréia) não sabiam quem era, mas depois lhes teria sido dito tratar-se do filho do ministro.

Durante o depoimento, que durou duas horas e meia, Mantovani disse à Polícia Federal que não teve contato direto com o ministro Alexandre de Moraes e que aquela mesma pessoa teria lhe abordado novamente quando entrava em uma segunda sala VIP do aeroporto de Roma.

VAI DAR EM NADA – Bem, tudo isso vai ser elucidado pelas imagens. Mas o caso não vai dar em nada. Se o incidente começou com a família Moraes passando para trás a família Mantovani, que chegara antes à sala VIP, cai por terra o motivo alegado pelo ministro para abrir inquérito direto no Supremo, que sequer dispõe de poderes para julgar a família Mantovani, que tem foro na primeira instância.

Além disso, trata-se de um episódio banal, uma discussão sem mortos nem feridos, em que sequer houve exame de corpo de delito, ou seja, sem lesão.

De toda forma, o ministro Alexandre de Moraes, virou o inquérito da cabeça para baixo (ponta-cabeça, como dizem os paulistas), e até esta sexta-feira  as supostas vítimas (ele, a mulher e o filho) ainda nem tinham sido convocados pela Polícia Federal,  embora a prática judicial recomende que deveriam ser os primeiros a prestar depoimento.

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P.S.
Além de tudo isso, a família Mantovani, caso as imagens provem a veracidade de seus depoimentos, poderá mover processo contra o presidente Lula da Silva, que resolveu dar pitaco e chamou pai, mãe e filho de “animais” e “extremistas”, dizendo que são pessoas que precisam ser “extirpadas”. Como se sabe, extirpadas significa exterminadas, destruídas, extintas. Aliás, Lula é como o adversário de Noel Roda no samba “Palpite Infeliz”, porque nunca sabe o que diz. (C.N.)

Miriam Leitão foi precisa; se o IGP-M baixou, os aluguéis devem baixar também

Charge do Pelicano (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

Em seu artigo publicado na edição desta quinta-feira em O Globo, Miriam Leitão revelou que nos últimos 12 meses o IGP-M, índice que mede o reajuste dos aluguéis, da Fundação Getúlio Vargas, recuou 7,7%, e que tal fenômeno, interrompendo altas seguidas no governo Jair Bolsonaro, deverá acarretar, logicamente, uma redução nos valores dos aluguéis, pois o que vale para corrigir para cima deve valer para corrigir para baixo.

O Brasil, digo, deve apresentar cerca de 10 milhões de imóveis alugados, talvez um pouco mais, abrangendo um total de cerca de até 35 milhões de pessoas. Os fatores de composição do IGP-M são diversos, um dos quais as oscilações do dólar no mercado de câmbio. Os proprietários de imóveis e as imobiliárias que administram as locações encontram-se em silêncio, acrescenta Miriam Leitão. Mas os locatários devem se manifestar reivindicando o seu direito. Caso contrário, quando o IGP-M sobe, os locadores se creditam, e quando o IGP-M desce seria a vez dos locatários.

CONCENTRAÇÃO DE RENDA – O desequilíbrio entre um movimento e outro é um fator que influi na concentração cada vez maior da renda no Brasil. É um sinal preocupante, na minha opinião, o fato que se eterniza de todos dizerem que são contra a concentração de renda, mas não fazem nada para que ela seja justamente redistribuída. A razão de as favelas se multiplicarem está nos diversos motores que acionam a renda se concentrar em todos os momentos, a começar pela estagnação dos salários.

No governo Bolsonaro, em quatro anos, a inflação (do IBGE), ficou em cerca de 25%. Qual o percentual em que os salários foram atualizados? Praticamente nada, caso dos servidores públicos federais. Por esse e outros motivos é que 74 milhões de homens e mulheres no Brasil encontram-se com dívidas em atraso. A operação “Desenrola” começou na segunda-feira. Na quarta-feira já havia uma relação de golpes praticados com base no programa. O espaço da internet é extremamente vulnerável às ações dos golpistas. Mas essa é outra questão.

Miriam Leitão em seu artigo, focaliza um saldo positivo na economia brasileira na medida em que resultados que começam a surgir superam perspectivas que ainda se encontram nas sombras. Um fator extremamente positivo é o saldo de US$ 45 bilhões do primeiro semestre deste ano e uma perspectiva favorável quanto ao crescimento do PIB da ordem de 2,2%. A previsão inflacionária, de outro lado, encontra-se abaixo de 4% para 12 meses. As previsões da safra agrícola são também muito boas.

INFLAÇÃO –  Idiana Tomazelli, Folha de S. Paulo de ontem, com base em dados do Ministério da Fazenda, focaliza que com a perspectiva de inflação menor para este ano, o governo teria uma redução de despesas no orçamento de 2024, inclusive se, como esperado, houver redução da taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano.

O orçamento federal em vigor é de R$ 5,6 trilhões e pela lei o seu reajuste anual deve seguir a inflação encontrada pelo IBGE. Assim, o índice esperado incidiria sobre R$ 5,6 trilhões. Os cálculos se baseiam em trilhões: o orçamento em R$ 5,6 trilhões, a dívida interna em R$ 6 trilhões, o PIB na escala de 6,5 trilhões a R$ 7 trilhões. Com a redução da Selic, que é um ponto de discórdia entre o Banco Central e os Ministérios da Fazenda e do Planejamento, cairia também a despesa com os juros pagos aos bancos e grandes investidores que possuem títulos corrigidos por essa taxa.

RECUO  – O economista Guilherme Mello, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, disse que se a Selic recuar um ponto, a despesa do país com os juros vai diminuir para R$ 680 bilhões. Assim, um ponto na Selic, inclusive como tenho assinalado, representa R$ 60 bilhões para o país. Mas além da despesa financeira, existe o custo social que é imenso levando-se em conta as carências que sufocam a população de baixa renda.

Idiana Tomazelli focaliza o efeito na redução dos gastos e o economista Thiago Sharteloto, da XP Investimentos, considera que de modo global, a economia para o governo poderá atingir R$ 14,8 bilhões. Mas acentuo que é preciso considerar também uma diminuição das receitas, uma vez que o sistema fiscal recai inevitavelmente sobre os valores do consumo. O consultor de Orçamento da Câmara dos Deputados, Ricardo Volpe, calcula também efeito positivo na diminuição das despesas.  

TRIBUTAÇÃO –  Em outro bloco de sua reportagem na FSP, Idiana Tomazelli destaca o projeto que está sendo elaborado por iniciativa do ministro Fernando Haddad voltado para elevar a tributação dos fundos de investimento (os que lucram mais com a Selic) e os considerados super ricos. Pessoalmente tenho dúvida quanto à tributação no caso dos super ricos, pois eles têm muitos meios a utilizar para escapar dos impostos.

É um movimento natural, mas cabe ao governo tentar restringi-lo, sobretudo porque as estradas que levam a distanciá-los dos impostos é muito ampla, enquanto os abatimentos previstos para os assalariados é das mais estreitas, a começar pela não correção monetária dos pagamentos antecipadamente feitos através dos descontos na fonte. Basta dizer que acima de R$ 4500 por mês, a contribuição na fonte é de 26%. Alta demais.

CENTRÃO –  Em um ótimo artigo, O Globo, Merval Pereira destaca o efeito negativo da pressão cada vez maior dos partidos que compõem o Centrão por cargos no governo. Faz até uma ironia ao dizer que o Centrão busca ministérios que possuem verbas elevadas para gastar, não se importando com o verbo que impulsionou os compromissos da campanha vitoriosa de Lula para concretizar o compromisso que assumiu na campanha política.

O Ministério da Saúde esteve na alça de mira. Agora a Caixa Econômica Federal e o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pela execução do Bolsa Família. Merval Pereira tem toda razão e é fundamental que o presidente Lula da Silva leve em consideração a afinidade dos candidatos com as matérias relativas a cada pasta. Sem essa afinidade, mais do que o governo, perde o país e a população brasileira.

CONFUSÃO NO BC –  Na tarde de quarta-feira, no jornal das 18h apresentado por César Tralli na GloboNews, foi colocado um problema que surgiu no Banco Central quando foi divulgada a iniciativa de Roberto Campos Neto de censurar manifestações dos diretores do Bacen sobre política monetária, incluindo, é claro, o caso dos juros da Selic.

A censura referia-se a uma entrevista de Gabriel Galípolo, que assumiu esta semana o cargo de diretor de Política Monetária. A notícia explodiu com intensidade natural, uma vez que a censura é constitucionalmente proibida no país. A movimentação sobre o assunto foi grande, como a GloboNews destacou.  No curso dos acontecimentos surgiu uma nova versão que procurava atribuir tudo a um equívoco, mas os componentes do equívoco não vieram à tona.

Pensei que o O Globo, a Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo, jornais que leio diariamente, e dos quais sou assinante, fossem publicar matérias a respeito. Mas, pelo menos, nas edições de ontem, não encontrei matéria alguma sobre o assunto.

“Se essa rua que me atravessa a vida fosse minha, eu afastava a tristeza desse lugar…”

Cacaso - poemas - Revista Prosa Verso e Arte

Cacaso, um letrista verdadeiramente genial

Paulo Peres
Poemas & Canções

O professor, poeta e letrista mineiro Antônio Carlos de Brito (1944-1987), conhecido como Cacaso, na letra de “O Dono do Lugar”, em parceria com Edu Lobo. revisita uma antiga trova do folclore brasileiro para dizer o que faria para viver melhor, caso fosse o proprietário da rua que atravessa sua vida. A música faz parte do LP Tempo Presente, gravado por Edu Lobo, em 1980, pela Philips.

O DONO DO LUGAR
Edu Lobo e Cacaso

Se essa rua que atravessa a minha vida
Fosse minha
Eu queria então cantar
Pra afastar a solidão da minha vida
E a tristeza ir bater noutro lugar

Se essa rua que me deixa de partida
Fosse minha
Eu mandava te buscar
Pra acalmar uma paixão da minha vida
E a tristeza ir bater noutro lugar

Se essa rua que caminha sem saída
Fosse minha
Como dono do lugar
Não falava do amor nessa modinha
Pra tristeza ir bater noutro lugar

É preciso encontrar meios severos para reduzir a violência contra as mulheres

Eu fui vítima há poucos dias. Muitas mulheres sentem | Política

As mulheres protestam pedindo mais rigor nas punições

Vicente Limongi Netto

Oportuna e necessária a exortação da jornalista Ana Dubeux, no Correio Braziliense: “Queremos paz para as mulheres”. Assim, cumprindo sua vigilante missão de zelar pelos interesses da população, o Correio promoveu, nesta quinta-feira, um seminário para discutir meios urgentes e severos para defender as mulheres contra a sanha assassina de canalhas e covardes.

Ana Dubeux tem razão ao exigir providências duras contra esta escória repugnante que cresce e amedronta o Brasil inteiro, não apenas Brasília: “Precisamos criar alternativas reais e rápidas, que se somem às soluções legais. Mulheres merecem e precisam de paz”, salienta Dubeux. Acrescento, fervoroso, precisam de amor, muito amor. 

DIA DO AMIGO – Por falar em amor, o dia 20 de julho tem um significado especial para todos que gostam de exaltar a arte de viver. É o Dia do Amigo. Ele preenche o vazio da alma. O amigo não nos deixar faltar nada.

É uma dádiva dos céus. Espanta a melancolia, fortalece o espírito. Estimula a convivência, respeita a individualidade. Pondera com sabedoria. Amo meus amigos. Não vivo sem eles.

No meu blog destaco o escritor francês Victor Hugo: “Um amigo pela metade, é um traidor pela metade”. E também Mário Quintana: “A amizade é o amor que nunca acaba”.

ESCOLHA INFELIZ -O ex-jogador Neto é um moleque irrecuperável. Figura desprezível e ignorante, que gosta de aparecer jogando as patas imundas naqueles que realmente trabalham pelo futebol e não lhe dão nenhuma importância.

O destrambelhado analista de meia pataca é o novo apresentador do “Apito Final”, na Band, no lugar de Milton Neves. Escolha infeliz.

Não mais que de repente, voltamos ao ar, para desespero dos roedores que corroem este país

TRIBUNA DA INTERNET

Charge do Rice (Arquivo Google)

Carlos Newton

Desde que iniciamos nossas atividades, em 2009, ainda contando com a participação dos mestres Helio Fernandes e Carlos Chagas, a Tribuna da Internet tem incomodado muito as elites que exploram este país, não importa a ideologia que aleguem representar, até porque no Brasil os partidos não costumam defender teses ou ideais políticos.

O que as classes dirigentes têm em comum, neste país, é a expropriação dos recursos públicos em benefício próprio. Com raras e honrosas exceções, os representantes do povo preferem defender seus interesses pessoais, como é público e notório, não faz surpresa a ninguém.

LIBERDADE, SEMPRE – Por atuarmos sob o signo da liberdade, sem ligações a nenhuma corrente político-ideológica, ficamos expostos a agressões de todos os lados. Assim, nestes 13 anos de luta, a Tribuna da Internet já sofreu os mais diversos tipos de ataques de hackers, nossos comentaristas e seguidores até se acostumaram.

Realmente houve muitas investidas, algumas de tamanha intensidade que chegávamos a ficar alguns dias fora do ar. Em uma delas, conseguiram praticamente destruir nosso arquivo, que ficou totalmente prejudicado, num desrespeito à memória de Helio Fernandes e Carlos Chagas.

Mesmo assim, seguimos em frente até o dia 27 de maio, quando os ataques de hackers recrudesceram de forma implacável. Com apoio da excelente Equipe Técnica do servidor UOL, conseguíamos voltar, para logo em seguida sofrer nova paralisação. E isso continuou até este domingo, quando tivemos de tirar a Tribuna do ar, para reconfigurá-la.

SEM ARGUMENTOS – Para nós, isso é motivo de orgulho. Sem argumentos que possam nos contrapor, os adversários da liberdade apelam para a ignorância, tentam nos vencer pela força, o que é apenas uma ilusão passageira.

A história da Humanidade mostra que atos de violência não derrotam a força das palavras, no final tudo se acerta sob a égide da razoabilidade, da sensatez e do discernimento.

Por fim, esses ataques acabam tendo algum resultado positivo, porque chamam atenção para o acerto das teses que defendemos, pois todas elas visam ao interesse público e ao aperfeiçoamento das instituições republicanas, que estão claramente prejudicadas e também precisam de uma urgente reconfiguração.

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P.S.
Agradecemos aqui à Equipe Técnica do UOL e ao jornalista Marcelo Copelli, companheiro de todas as horas e que nos apoia sempre que sofremos esses ataques de hackers. Acreditamos que em mais dois dias estará tudo normalizado, por aqui. E vamos em frente, sempre juntos. (C.N.)

Lula agora quer eleições livres na Venezuela e opinião pública rejeita ditador Maduro

Lula e líderes estrangeiros propõem acordo para eleição na Venezuela

Pedro do Coutto

O presidente Lula da Silva, na reunião de Bruxelas, assinou o documento junto com os presidentes da França, Argentina e Colômbia defendendo a realização de eleições livres na Venezuela, o que não vem acontecendo há vários anos com as intervenções ditatoriais que afastaram candidatos da oposição do desfecho livre das urnas.

Uma pesquisa recente feita para o Palácio do Planalto revelou que a opinião pública brasileira rejeita intensamente a ditadura da Venezuela e, portanto, o apoio de Lula a Nicolás Maduro, o que acarretou uma perda sensível de pontos na popularidade do presidente da República.

OBSERVADORES – O documento de Bruxelas coloca também a questão da presença de observadores internacionais no país, o que não vinha sendo permitido pelo governo de Caracas. Os países que assinaram o documento pedem a suspensão das sanções econômicas contra a Venezuela desde que a disputa eleitoral seja justa, transparente, incluindo a participação de todos os candidatos que desejem disputar o pleito.

O processo, acentua o documento, deve ser acompanhado internacionalmente, assegurando-se, assim, um desfecho democrático. Acontece, entretanto, que o problema não é apenas da liberdade do coto, mas também da habilitação dos candidatos da oposição. No momento, por exemplo, o governo já habilitou a candidatura da ex-deputada Maria Corina Machado que está assumindo a liderança da oposição à ditadura de Maduro.

ASILADOS – A situação interna da Venezuela, em consequência de decisões ditatoriais, agravou-se com o passar do tempo, e a ONU calcula que sete milhões de venezuelanos  saíram do país, transferindo-se para vários outros da América latina e do Caribe, inclusive para o Brasil em que estão asilados 414 mil homens e mulheres.

O texto final decorreu de um consenso quase geral à exceção da Nicarágua do presidente Ortega. O apoio de Lula às eleições democráticas na Venezuela – reportagem de Ivan Finotti, Folha de S. Paulo desta quarta-feira – sucede uma série de manifestações favoráveis a Maduro. O texto conclui com um apelo à paz entre a Rússia e a Ucrânia.

SUPERÁVIT –  Reportagem de Vinicius Neder e Carolina Nalin, O Globo, destaca o resultado positivo da balança comercial brasileira no primeiro semestre deste ano, alcançando US$ 45 bilhões em decorrência, sobretudo, das exportações de grãos e de petróleo bruto. O Brasil figura entre os grandes exportadores de petróleo bruto, produzindo três milhões de barris por dia e consumindo 2,5 milhões, mas é deficitário na importação de produtos refinados como é o caso do diesel e da gasolina. Isso porque o sistema de refino nacional ainda não está preparado para produzir derivados da prospecção do pré-sal.

Finalmente, digo, está sendo destacado pela área econômica o superávit na exportação do óleo bruto. Portanto, toda vez que o mercado internacional apresentar aumento de preço, a receita externa brasileira cresce e a despesa com a importação de derivados aumenta também. A comparação é fundamental para que seja feita uma conta exata sobre o que o Brasil ganha e o que perde com as oscilações do preço dos produtos.

No governo Bolsonaro só era feita a conta do aumento da despesa, não se colocando o acréscimo da receita. Agora, o cálculo conservador feito para justificar aumentos da gasolina, do diesel e do gás liquefeito é substituído por um cálculo realista. Irá, portanto, influir no cálculo da inflação.

TECNOLOGIA –  Numa entrevista a Sonia Racy, O Estado de S. Paulo de ontem, o empresário Waldir Beira Júnior, presidente da Ypê, afirma que a tecnologia não pode viver sem as pessoas e por isso, acima de tudo, há cabeças humanas que decidem o que a máquina vai fazer, inclusive no setor da Inteligência Artificial.

Importante a matéria e inteligentes as colocações do entrevistado. A iniciativa do movimento produtivo ou de qualquer movimento depende da ação humana. Sem o cérebro humano, a tecnologia não funciona e, portanto, ela pertence ao comando das pessoas. A afirmação é importante, assim como foi a afirmação de Ruy Castro ao assumir a Academia Brasileira de Letras. Referiu-se à frase de que uma imagem vale mais do que mil palavras, mas as palavras são essenciais para definir e interpretar as imagens.

As observações através da palavra sobre qualidades e descobertas contidas nas imagens são fundamentais, inclusive para a plena compreensão das mensagens visuais e dos comportamentos humanos contidos nos cenários, como acontece no cinema.

“Amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração…”

Orquestra Ouro Preto celebra Milton e Brant com show no parque das  Mangabeiras | SUPER NOTICIA

Brant e Milton, geniais amigos e parceiros

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, compositor e poeta mineiro Fernando Rocha Brant (1946-2015), na letra de “Canção da América”, lembra o desejo de “frátria”, devido aos laços histórico/afetivos que unem os países americanos, em especial, os latino-americanos. Pelo potencial confraternizador que carrega, a canção tornou-se o hino de celebração das amizades, mormente, para retratar os encontros e as despedidas existentes em nossa vida. Esta música foi gravada por Milton Nascimento, em 1980, no LP Sentinela, pela Ariola. E deve ser cantada sempre, como se fosse um hino do Dia do Amigo, que se comemora hoje, 20 de julho.


CANÇÃO DA AMÉRICA

Milton Nascimento e Fernando Brant

Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi

Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou

Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam “não”
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente
Vai se encontrar.

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DIA DO AMIGO
Paulo Peres

Não existe palavra
Que possa definir
O real significado,
A bênção Divina
E a felicidade infinda
De tê-lo como amigo.

O Globo acompanha a Tribuna da Internet e também pede que STF liberte Mauro Cid

CPMI do 8 de janeiro e Exército vão investigar visitas a Mauro Cid na prisão  - Metro 1

Mauro Cid errou, mas tem direito a responder em liberdade

Carlos Newton

Na selva da política nacional, a Tribuna da Internet é um minúsculo elefante que incomoda muita gente. Operando sob o signo da liberdade, o Blog se comporta como o menino no célebre conto do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, ao dizer que o rei está nu quando muitos ainda pensam (?) que ele está de roupa nova.

A TI tem sofrido insistentes ataques de hackers, porque não se curva aos supostos poderosos e aponta desrespeitos às leis democráticas. Agora, com enorme satisfação, vemos que o Globo também passa a defender a libertação do tenente-coronel Mauro Cid, que é um direito que as leis democráticas lhe garantem.

É sempre bom saber que ainda há vida inteligente nos escombros da imprensa, como dizia Helio Fernandes. E vamos em frente, enquanto deixarem.

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É HORA DE DEFESA DA NORMALIDADE INSTITUCIONAL
Deu em O Globo

Após quase sete meses de governo Lula, pode-se afirmar sem medo que a democracia brasileira não corre mais risco. As descobertas sobre tramas golpistas em Brasília, envolvendo até mesmo autoridades públicas, são estarrecedoras. Contudo, as instituições democráticas do país cumpriram seu papel constitucional, garantindo a realização das eleições em clima de total normalidade, com a proclamação da vitória do candidato que obteve maior votação, como manda a lei.

O eleito tomou posse e governa o país, também na mais absoluta normalidade. Nesse processo, coube ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral grande protagonismo na defesa da legalidade.

RIGOR JURÍDICO – Quando demandados, os tribunais agiram com energia contra extremistas que apoiavam o presidente derrotado, acampados em frente a quartéis, obstruindo vias públicas ou simplesmente disseminando teorias conspiratórias nas redes sociais e em aplicativos de mensagens. Essa resposta firme em defesa da democracia era mesmo o que se esperava das instituições. E elas não decepcionaram.

Passada a tempestade institucional, o Brasil tem de voltar sua atenção para os graves problemas sociais que nos separam das nações mais desenvolvidas. Ao Congresso cabe se dedicar às importantes reformas de que o país precisa para voltar a crescer; também é essencial regular as plataformas digitais, que tanto contribuíram para a instabilidade democrática no governo que findou.

O Executivo precisa dar resposta aos desafios monumentais da nossa sociedade, como o aprimoramento do nosso ensino público, a instalação de saneamento básico nos milhões de residências brasileiras que ainda convivem com esgoto a céu aberto e a defesa da Floresta Amazônica.

NA FORMA DA LEI – Do Poder Judiciário espera-se que cumpra a Constituição, com independência e coragem, mas também com discrição e autocontenção. Já não existe motivo nem demanda social por medidas voluntaristas: inquéritos com objetos vagos, que nunca se encerram, e prisões sem firme base legal não fazem bem à nossa democracia.

Os envolvidos em tramas golpistas devem ser investigados e punidos, se ficar assentada sua culpa, mas tudo dentro dos preceitos legais, com amplo direito à defesa e aos recursos a ela inerentes. Qualquer outro caminho, além de desnecessário, engrossa o coro dos que continuam trabalhando contra a democracia.

É exemplar o caso do tenente-coronel Mauro Cid, preso há mais de dois meses. As evidências apontam para o envolvimento do militar em atividades ilícitas, como a falsificação do certificado de vacina de Jair Bolsonaro e tramas golpistas. Se de fato for assim, ele deve ser julgado e condenado.

PRISÃO DESNECESSÁRIA – A extensa privação da liberdade, sem que tenha havido sequer o oferecimento de denúncia contra ele, pode dar margem à suspeita de perseguição. Prisões preventivas precisam seguir requisitos legais bem definidos — e eles devem estar explicitados de forma convincente, o que não ocorreu nesse caso. Sem isso, o estranhamento se instala com toda sorte de ruídos.

A Constituição de 1988 foi produzida nos estertores do período ditatorial. Talvez por isso prestigie de forma tão exacerbada a democracia e o Estado de Direito. Vivemos recentemente anos soturnos, durante os quais a democracia foi constantemente ameaçada por um governo obscurantista.

A Constituição deve ser o guia das instituições nessa transição para tempos de luz. O momento é de defesa da normalidade institucional. O golpismo foi derrotado. É hora de viver plenamente a democracia.