No Brasil, a maioria dos partidos políticos tem vida curta e acabam sendo extintos

Charge do meio-dia: “novos partidos políticos” | Liberdade! Liberdade!

Charge do Jorge Braga (Charge Online)

Roberto Nascimento

É curiosa essa briga entre petistas pela sucessão do presidente Lula lá adiante, em 2030, porque na próxima eleição, em 2026, o criador do PT já é o candidato do partido, nem se discute a possibilidade contrária. Em 2026, se estiver bem de saúde aos 81 anos, o candidato chama-se Lula da Silva.

A disputa antecipada entre a deputada Gleisi Hoffmann e o ministro Fernando Haddad é até bizantina, porque aqui no Brasil os partidos acabam morrendo, se extinguem ao longo do tempo.

O fim das legendas começa justamente pela aposentadoria e morte dos seus líderes, com as guerras internas que então causam o progressivo enfraquecimento,

UDN E PTB – A UDN sucumbiu com a cassação de Carlos Lacerda decretada pelo general Castelo Branco. Depois, houve a extinção dos partidos, com a criação de Arena (governista) e MDB (meio governista).

Com a redemocratização, alguns velhos partidos foram recriados, como o PTB, linha auxiliar de Getúlio Vargas, cujo processo de extinção começou a entrega da legenda para uma sobrinha de Vargas, a deputada Ivete Vargas, numa conspiração do general Golbery do Couto e Silva, Chefe da Casa Civil do general presidente Ernesto Geisel, com o objetivo, de impedir que Leonel Brizola, recém-chegado do exílio, fosse o presidente do PTB.

Brizola criou então o PDT, de orientação trabalhista, condenando o PTB, a linha auxiliar da Ditadura Militar. Hoje, o PTB, não existe mais, o último coveiro do PTB, Roberto Jeferson, acabou de enterrar o partido de Vargas, por falta de eleitores.

ARENA E MDB – O partido ARENA (Aliança Renovadora Nacional), sustentáculo da ditadura, “morreu” em 1985, com o fim do regime militar. O MDB, Partido de oposição a Ditadura, entre aspas, foi perdendo capilaridade aos poucos.

Mudou o nome, transformando-se em PMDB e recentemente voltou a ser MDB, entretanto, em se tratando de uma frente com várias tendências ideológicas, caminha para o cadafalso.

O DEM, oriundo do Partido da Frente Liberal, sucessor da ARENA, para não morrer, se uniu ao PSL (Partido, que deu a sigla para Bolsonaro disputar a eleição de 2018). Com a briga entre Luciano Bivar e Bolsonaro, pelo controle do PSL, o Mito saiu do Partido e levou a maioria de seus deputados fiéis para o PL, comandado pelo cacique paulista, Valdemar da Costa Neto.

UNIÃO BRASIL – Em busca da sobrevivência, Bivar se uniu ao DEM, de Antônio Carlos Magalhães Neto e criaram o atual União Brasil, um saco de gatos gordos e amorfos, sem nenhuma cor partidária. Aos poucos, vão morrer na praia, se transformando em nanicos, sem expressão política.

O MDB, se enfraquece a cada eleição. Antes da democratização e até após a Constituição de 1988, era um partido nacional fortíssimo. Mas seus principais líderes foram morrendo, principalmente o Senhor Diretas, Ulysses Guimarães, e a ausência de líderes vêm desidratando o MDB, que se transformou em um partido do Norte e Nordeste. Aos poucos, caminha para a vala comum de um partido do passado.

PP (Partido Popular) sobrevive graças aos caciques, Arthur Lira, presidente da Câmara e deputado por Alagoas, e Ciro Nogueira, senador pelo Piauí e ex-chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro.

PL DE BOLSONARO – O PL abriga o clã e apoiadores de Jair Bolsonaro, da extrema direita, e os conservadores do Centrão comandado pelo seu presidente Valdemar da Costa Neto. Com o tempo, o PL vai se tornar pequeno para abrigar dois caciques com sede de poder total, Bolsonaro e Costa Neto. Tudo vai depende da eleição de 2026. A explosão dos titãs está próxima. Divididos estarão perdidos.

O PSDB, Partido fundado por Mario Covas, Franco Montoro e Fernando Henrique Cardoso, saído de uma costela do MDB, com a morte de Covas e Montoro e a aposentadoria de Fernando Henrique, o Partido tucano, está próximo do fim. Hoje é nanico, sem expressão.

Houve uma luta ferrenha dentro do Partido, comandada pelo ex-governador João Doria, mestre na arte de dividir e trair seus companheiros. Doria brigou com o cacique mineiro Aécio Neves e com o governador gaúcho Eduardo Leite. O governador Rodrigo Garcia, que assumiu por nove meses, com a saída de Dória para disputar a presidência, se aliou ao Bolsonarismo, na eleição de 2022, e acabou de destruir o PSDB em São Paulo, sua base principal. Os tucanos já morreram e não sabem.

OUTROS PARTIDOS – O PT vem perdendo força, desde o Mensalão, e reduziu suas bancadas no Parlamento, nas eleições de 2018 e agora em 2022. O último suspiro do PT, é o presidente Lula, o cacique que carrega nas costas  a estrutura pesada do PT, um balaio de gatos, com integrantes do Centro e da Esquerda. Sem Lula, próximo da aposentadoria, o PT tende a cumprir o mesmo destino do PSDB e cair na vala comum dos nanicos.

PDT e PSB, Partidos de Centro Esquerda, se tratam de hospedeiros dos governos petistas. Não conseguem crescer e se encostam na sigla predominante. O fim deles se aproxima, à medida que o PT também cede espaço para os conservadores.

Deixei para o final, a análise do PSD. O Partido do ex- prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, vem trabalhando na surdina para se transformar no terceiro maior Partido do Brasil, atrás do PL e do PT. Seu maior quadro é na atualidade, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. É uma exceção à regra e está em crescimento.

Assim, as pessoas morrem e os partidos morrem também. Tudo, um dia acaba.

11 thoughts on “No Brasil, a maioria dos partidos políticos tem vida curta e acabam sendo extintos

  1. Só não acaba a fisiologia e a roubalheira imortal contra os cidadãos-contribuintes-eleitores.

    Casseta e Planeta, lá pelos anos 1990, criou o bipartidarismo daquele tempo: PFLSDB (partido falasserista brasileiro) e PCC do B (partido concertezista do Brasil). O debate se resumia a Bussundo dizendo: Ih! Fala sério, Aê! e seu oponente dizendo apenas: Com certeza! diante de todo e qualquer questionamento.

    A salada de letras e siglas pode mudar, mas as tetas gordíssimas desse multipartidarismo sem sentido está mais forte a cada dia e se opõe a quem os elege para ser roubado e maltratado.

  2. Lembrando da morte

    De Bussunda

    Da Copa da Alemanha de 2006

    De Beckenbauer e Zagallo

    De Pelé e Dinamite

    Das dissonâncias e coincidências na vida e na morte

    Parece que uma morte puxa a outra.

    Perdi as contas das ocasiões de mortes com proximidade de sentido.

    O problema de um Lula é a vocação para caudilho, sem preparar sucessores.

    Mas há um contraponto interessante:

    Sabemos que figuras como Sarney (93), Delfim Netto (95), Maluf (92), FHC (92), são longevas e que nem o capeta quer essas lideranças competindo com ele no inferno.

  3. O PSOL está em crescimento. Nos próximos anos, vai ocupar o vácuo deixado pelo PT, que vem se aburguesando ao longo do tempo. Desde a fundação do PT, um Partido progressista, saído das lutas sindicais, principalmente do Rio e de São Paulo, somado aos intelectuais de Esquerda, o PT, quando chegou ao Poder, fez uma aliança com os Conservadores para poder governar sem perigo de golpe e impeachment. O que acabou ocorrendo no segundo governo Dilma.
    O PSOL, mantém sua linha partidária, apesar de ter evoluído na questão das alianças, principalmente com o PT, impensável anos atrás.
    A história é dinâmica e os fatos políticos e históricos ocorrem lentamente. A análise do futuro dos Partidos, do país tem que levar em conta, o que aconteceu no passado e as tendências do momento presente.
    As coisas se repetem enfadonhamente.
    Há pouca novidade na vida e a política.

  4. A sistemática aplicada é a mesma em qualquer parte do mundo, alçando e usando a arregimentada e servil “fraterna irmandade”, conforme:
    “Reconhecendo o Rígido Poder Global Que Domina e Controla os Principais Partidos Políticos.”
    “Um plano-mestre global está em operação para levar cada país para dentro da Nova Ordem Mundial. Os líderes políticos não são independentes do poder insidioso desse plano e os partidos também não escolhem de forma soberana suas próprias linhas de atuação. Precisamos olhar na direção oposta à indicada pela retórica para conseguir compreender a verdadeira realidade. Antes de ler este artigo, separe um tempo para reler um artigo publicado vários anos atrás, N1558, “Aprenda a Raciocinar na Direção Oposta à Indicada ao Público na Mídia de Massa”.” https://www.espada.eti.br/n2479.asp

  5. Uma análise correta, em todos os itens.
    Quem viveu a vida partidária, sabe o quão difícil é fazer a política séria e descolada de cargos e dinheiro!
    Os partidos são construídos em camadas no comando e na tropa de baixo.
    É raro o caso de um partido contar com participação efetiva e com qualidade, relativamente de seus filiados.
    Não mais de 5% dos filiados sabem da história, do trabalho, dos compromissos e da forma de atuação e organização do partido em que se encontra.
    Vive, profundamente, a vida partidária, para cumprir compromisso com a entidade que ajudei a criar. Quatro fundadores se dispuseram a participar em partidos, um deles eu, para conhecermos a fundo tudo que fosse possível.
    Uma experiência única, incrível e desafiadora! Foram 9 anos, passando por quase todas as instâncias, nos três níveis de organização.
    Isto me ajudou e facilitou a entender a política, a identificar aqueles que dela falam, mas pouco entendem!
    Cumprimentos pelo belo trabalho.
    Abraço Roberto Nascimento. Muita saúde!

    Fallavena

  6. Desde meados da decada de 7O o pluripartidarismo se tornou um caminho sem volta, o questionamento que fica é o que isso trouxe vantagem para o povo brasileiro, teria sido melhor se fossem os dois partidos MDB e ARENA. ?Teríamos menos corrupção? Pois acredito que não, porque a corrupção é uma questão de caráter dos políticos, o pluripartidarismo facilita as negociatas no famoso toma lá da Ka. O mais importante seria a e conscientização e politização do povo para uma melhor escolha deseja governantes.

  7. A coligação partidária pela DEMOcracia (petê, e$$eteefe e consórcio) é imbatível e inextingível.

    “A pior ditadura é a ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer.”
    Rui Barbosa

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