Lembrando Paulo Francis, um jornalista que faz falta quando se discute este país

A trajetória de um "traveco bolchevique": Paulo Francis

Francis denunciou a corrupção bem antes da Lava Jato

Carlos Newton

Paulo Francis é um personagem inesquecível. Quando trabalhamos juntos, no segundo caderno da Ultima Hora, cujo proprietário, Ari Carvalho, teve a ideia de transformar numa espécie de “Pasquim” diário, contratando Paulo Francis, Ivan Lessa, Hildegard Angel, Jésus Rocha, entre outros, eu fiquei impressionado com a qualidade dos artigos dele.

Na época, ainda não havia computadores, e os textos, depois de diagramados, eram digitados novamente em máquinas elétricas de escrever, para impressão por fotolito. Mesmo assim, Francis fazia questão de entregar impecável o seu artigo. Ou seja, toda vez que errava a datilografia, ele rebatia a lauda inteira de novo.

FRANCIS E NELSON – Esse perfeccionismo desnecessário, digamos assim, mostrava a extrema vaidade do jornalista, uma característica que acompanharia sua carreira e sua vida. Justamente o contrário de Nelson Rodrigues, que era inteiramente despido de vaidade e entregava seus textos em O Globo redigidos de forma caótica, sabia que algum redator teria de traduzi-los e eliminar os erros de grafia.

Um dos textos de Nelson que corrigi dizia que fulano “usava um palito”. Fiquei intrigado, porque ele deveria ter escrito que fulano “palitava” os dentes. Até que percebi que o genial escritor queria dizer que o personagem “usava um paletó”.

Ao contrário de Paulo Francis, que jamais cometia erros de português, Nelson Rodrigues não ligava para a grafia das palavras. “Inexpugnável”, por exemplo, ele escrevia assim: “Inespuguinavel”.

PERSEGUIDO – Francis foi perseguido e preso durante o regime militar e acabou deixando o país. Foi ajudado pelo editor e deputado federal Fernando Gasparian, que lhe conseguiu uma bolsa da Fundação Ford, e por Helio Fernandes, que o contratou para escrever uma coluna diária na Tribuna da Imprensa, chamada “Diário da Corte”, de 1969 a 1976.  

Aos poucos, o jornalista foi abandonando o radicalismo da esquerda e sua vida profissional floresceu, passando a escrever no Estadão, no Globo e a trabalhar também em televisão.

Tudo ia bem até que, em outubro de 1996, no programa Manhattan Connection, Francis denunciou que diretores da Petrobras, então presidida por Joel Rennó, teriam US$ 50 milhões em contas na Suíça, e foi processado na justiça norte-americana.

TRISTEZA E MORTE – A corrupção na Petrobras não era segredo desde o regime militar, quando fez a riqueza de Shigeaki Ueki, que presidiu a Petrobras no governo Geisel e hoje possui mais terras no Texas do que a família Bush. Mas Francis não tinha como provar as acusações e a Organização Globo, dos irmãos Marinho, não quis entrar na briga judicial, em que os diretores da Petrobras exigiam 110 milhões de dólares de indenização.

Francis entrou em profunda depressão e morreu de enfarte em fevereiro de 1997, ocorrido por erro médico, porque se sentira mal, procurou atendimento e recebeu diagnóstico de bursite.

Em sua última coluna, publicada no Estadão e no Globo, ele escreveu que se sentia “tecnicamente morto”. Bem, Francis se foi e nunca mais surgiu um jornalista como ele, para discutir os problemas do país.

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P.S. –
Este artigo foi feito a pedido do amigo Ricardo Lemos, lá da querida Belo Horizonte, onde morei por um ano, quando dirigi o jornal Diário de Minas. (C.N.)

Supremo precisa ser “criativo” se quiser arranjar motivo para prender Bolsonaro

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Charge do Latuff (Brasil de Fato)

Carlos Newton

Jair Bolsonaro e Dilma Rousseff têm alguma coisa em comum, além do fato de terem sido presidentes da República e serem desprovidos de inteligência pragmática, pois o que dizem de bobagens é fora do normal e só podem ser comparados a Lula da Silva, outro grande especialista em frases sem nexo ou propósito.

Um dos pontos em comum entre Bolsonaro, Dilma e Lula são as agressões à lei e aos bons costumes, que tiraram Dilma do poder, conduziram Lula a passar 580 dias atrás das grades e levaram Bolsonaro a responder a sete processos.

NO BANCO DOS REÚS – Lula e Dilma já pagaram suas contas, estão fora do alcance da Justiça, porém Bolsonaro mal começou a frequentar os tribunais.

Lula conseguiu algo inédito na Justiça mundial –uma “descondenação” sem exame do mérito. Dilma foi derrubada pelos políticos e depois desprezada pelos eleitores, ficou no limbo, até ser jogada para o outro lado do mundo por Lula, que pretende vê-la o mínimo possível. Dilma não se elege nem síndica de prédio e Lula dificilmente poderá ser candidato em 2026, com 81 anos e validade vencida, não adianta forçar a barra. Dificilmente se elegerá, a tendência é ir descendo a ladeira.

E Bolsonaro sonha com uma anistia que não vai acontecer, pois já está afastado da política até 2030, quando terá 75 anos e sua saúde problemática pode impedi-lo de seguir na política.

CINCO AÇÕES – Bolsonaro está respondendo a duas ações eleitorais que são até ridículas, com chances mínimas de condenação por abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação social, no funeral da Rainha Elizabeth II, na Inglaterra, e na 77ª Assembleia-Geral da ONU, nos Estados Unidos. As ações foram protocoladas pelo PDT e pelo PT.

O problema maior são as três ações criminais, que começam a pipocar: falsificação do cartão de vacina; venda do Rolex nos Estados Unidos e preparação para um golpe de Estado.

SEM SUBSTÂNCIA– E as outras duas ações criminais não têm substância. Devido ao livre arbítrio que protege o suicídio, ninguém pode ser condenado por se recusar o tomar vacina; falsificar cartão de vacina é crime sem gravidade; vender um relógio  que ganhou de presente, idem, e ninguém pode ser condenado por dar um golpe de estado que não aconteceu.

Se estivéssemos numa democracia da verdade, Bolsonaro não teria  sido condenado por haver convocado o corpo diplomático, porque o então presidente do TSE, Edson Fachin, tinha feito isso antes.

Bem, estamos falando do que ocorreria num país democrático, em condições normais de temperatura e pressão. Mas o caso de Bolsonaro é diferente. Ele tem o conjunto da obra, porque pensou (?) que era comandante-em-chefe das Forças Armas, mas o Estado Maior do Exército lhe respondeu: “Desculpe, foi engano, aqui mandamos nós!”. No conjunto da obra, o Supremo vai inventar alguma forma de prendê-lo, podem acreditar.

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P.S.
Em matéria de política, Lula, Dilma e Bolsonaro são um filme antigo dos Três Patetas, que ninguém aguenta mais assistir. Estão no final da temporada de despedida, em breve serão apenas um retrato na parede daquele palácio cheio de pilastras escorregadias. E vida que segue, diria João Saldanha, que adorava política, mas sabia distinguir entre um político de verdade e um enganador. (C.N.)

Será que jamais aprenderemos o que significa viver num país democrático?

 Ilustração: Kleber Sales/Estadão

Ilustração: Kleber Sales/Estadão

Carlos Newton  

Jair Bolsonaro tem razão quando reclama do ministro Alexandre de Moraes, que conduz no Supremo os diversos inquéritos contra o ex-presidente. “Perseguição sem fim”, escreveu Bolsonaro em seu perfil no X (ex-Twitter), ao tomar conhecimento de que Moraes, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, havia negado um recurso em que Bolsonaro pedia  que sua inelegibilidade fosse analisada pelo Supremo , assim como a multa de R$ 425 mil também definida em  2023.

Esse julgamento teve como relator o ministro Benedito Gonçalves, aquele magistrado extremamente solícito, que foi investigado pela Lava Jato devido à estreita amizade com empreiteiros,e cujo filho é muito extravagante e gosta de exibir na internet o enriquecimento ilícito da família.

INELEGIBILIDADE – Em 2023, Bolsonaro perdeu de 5 a 2. Foi condenado por abuso de poder político e mau uso dos meios de comunicação, por ter reunido embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, ao repetir a mesma cena que meses antes o ministro Edson Fachin havia protagonizado no TSE.

Em qualquer país democrático, fica esquisito que o presidente da Justiça Eleitoral possa reunir o corpo diplomático para falar mal do presidente da República, e isso seja considerado normal, mas o chefe do Executivo não possa fazer o mesmo para falar mal do dirigente do TSE. Realmente, esse privilégio da magistratura não é nada democrático.

Em consequência, Bolsonaro foi tornando inelegível  e recebeu a multa. Apresentou então recurso ao TSE e o ministro Moraes negou, mas sem apresentar justificativa jurídica adequada.

ESCREVEU MORAES – “A controvérsia foi decidida com base nas peculiaridades do caso concreto, de modo que alterar a conclusão do acórdão recorrido pressupõe revolvimento do conjunto fático-probatório dos autos, providência que se revela incompatível com o Recurso Extraordinário” afirmou Moraes, exercitando um “juridiquês” que a Ordem dos Advogados do Brasil e o Conselho Nacional de Justiça tanto abominam, por considerá-lo ‘jus embromandi’, digamos assim.

Todos os réus têm direito a recurso, sejam culpados ou inocentes. Em um país verdadeiramente democrático, a Justiça não pode ser influenciada nem inclinada para o lado A ou B. Muito pelo contrário, deve ser absolutamente equilibrada, imparcial e justa.

Mas isso ainda é um sonho num país atrasado como o Brasil. E Moraes mostra ser um péssimo juiz. Infelizmente, não tem jeito para o métier.

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P.S.
Bolsonaro é um brasileiro como outro qualquer. Da mesma forma que na Lava Jato existia um indisfarçável “animus” para condenar os envolvidos em corrupção, agora surge o mesmo “animus’’ para condenar Bolsonaro, deixando no ar uma pergunta: Será que a gente nunca vai aprender a viver em democracia?… (C.N.)

No colo da mãe natureza, Paulo Peres criou versos nas nuvens do ateliê do vento

Peres, na gravação de uma de suas músicas

Carlos Newton

O advogado, jornalista, analista judiciário aposentado do Tribunal de Justiça (RJ), compositor e poeta carioca Paulo Roberto Peres, é uma pessoa muito especial, de rara sensibilidade.

Peres sempre gostou de poesia, mas se entusiamou depois de conhecer Rubem Braga, quando trabalhamos juntos na Revista Nacional, que circulava aos domingos numa cadeia de jornais nas capitais dos estados, com a maior tiragem do Brasil. Braga mantinha uma coluna chamada “A Poesia é necessária”.

Modestamente, eu era diretor da revista, criada por Mauritônio Meira, que tinha outros grandes craques, como Joel Silveira, Sebastião Nery, Mister Eco, Roberto Paulino, Gilse Campos,Evanir Fonseca, os chargistas  Nássara e Willy,  e muitos mais. A gente era feliz e não sabia. E assim Paulo Peres se tornou um tremendo poeta, graças a Rubem Braga.

NUVENS, ATELIÊ DO VENTO
Paulo Peres

A caneta do vento escreveu
Poemas de Nuvens

O cinzel do vento esculpiu
Mulheres de Nuvens

O pincel do vento pintou
Jardins de Nuvens

A caneta, o cinzel e o pincel
São veios infindos do vento

Qual estro nos astros vagueiam
Raios de sonhos tangentes

Nuvens no céu,
Ateliê do vento,
No colo da mãe natureza

Lula está destruindo sua candidatura e desmoralizando também Haddad

Menos livro, mais conversa', diz Lula sobre trabalho de Haddad para aprovar projetos no Congresso | Brasil e Política | Valor Investe

Haddad está perdendo a paciência e o humor, o que é um erro

Carlos Newton

Ainda é cedo, claro, mas a verdade é que a sucessão já está nas ruas, e pode-se colocar a culpa em Lula, que se elegeu em 2020 prometendo que era sua última candidatura, mas rapidamente se ofereceu para disputar a reeleição e já fala até em viver 120 anos para se candidatar mais dez vezes, vejam como o poder é embrigante…

E Lula foi logo passando das palavras à ação, pois não faz outra coisa a não ser a campanha para 2026. O pior é que tudo está dando errado, com efeito duplo – além de destruir a própria candidatura, Lula está também desmoralizando Fernando Haddad, que representa a única alternativa petista em 2026, quando o atual presidente estará com 81 anos e fora do prazo de validade, digamos assim.

NEM PERCEBE – Lula não consegue entender que não deve desautorizar o ministro da Fazenda e, pelo contrário, qualquer divergência precisa ser resolvida entre quatro paredes. O resultado é que Haddad está remando numa direção e Lula em outra, fazendo o barco andar em círculos, sem avançar.

“Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância”, dizia Marthin Luther King. E suas palavras são confirmadas pelo proceder de Lula, que nada entende de Economia e boicota o próprio governo, alegando que as regras dos compêndios econômicos estão superadas e precisam ser atualizadas, dando mais um show de egocentria.

Haddad já cansou desse comportamento de Lula, perdeu a paciência e agora está perdendo também o equilíbrio. Na semana passada descontrolou-se em debate com deputados bolsonaristas e isso pegou muito mal para ele.

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P.S.
O político pode perder tudo, menos o humor. Haddad precisa esquecer as patadas de Lula e seguir em frente, tocando a vida e pensando mais em si mesmo. O ministro sabe que Lula não vale nada e tem prazer em irritar e ofender os outros. Aliás, o atual presidente é tão idiota e ignorante que recentemente ordenou a Haddad que parasse de ler livros e procurasse mais o Congresso. Ora, quem dá uma ordem desse tipo a um subordinado, publicamente, merece apenas uma coisa – o desprezo total e absoluto. Haddad precisa esquecer que Lula existe, porque na vida tudo é passageiro, menos o trocador e o motorista. (C.N.)  

Quem deseja a paz em Gaza não deve desanimar, pois Netanyahu terá de ceder

Eleições antecipadas serão duras para Netanyahu – DW – 08/12/2014

Netanyahu interpreta a nova versão da Besta do Apocalipse

Carlos Newton

Arrogante, desumano e prepotente, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu aparenta estar se eternizando no poder, mas nunca esteve tão fraco. Depende da guerra para se manter no governo, mas a oposição está se reorganizando para forçá-lo a aceitar o plano de paz que foi inicialmente proposto pelos Estados Unidos e pela Arábia Saudita e depois ganhou a adesão de Benny Gantz, líder do importante Partido da União Nacional e ex-ministro da Defesa.

O chamado Gabinete de Guerra, que está conduzindo o país, tem cinco membros, sendo os três principais Benjamin Netanyahu, Benny Gantz e o ministro da Defesa, Yoav Gallant.

ULTIMATO DE GANTZ – Há alguns dias, Gantz cansou de tentar convencer Netanyahu a aceitar um cessar-fogo. Numa explosiva reunião do Gabinete da Guerra, o deputado expôs seu plano de paz, que é muito semelhante ao que está sendo discutido pelos governos dos Estados Unidos e da Arábia Saudita.

Gantz deu prazo até 8 de junho para Netanyahu e o ministro da Defesa Yoav Gallant declararem um cessar-fogo para iniciar a discussão e aprovação do plano de paz.

Se o ainda premier não interromper o genocídio, Gantz vai abandonar o Gabinete de Guerra e liderar a oposição no Parlamento para derrubar o governo e convocar novas eleições.

ORDENS DE PRISÂO – Não foi por mera coincidência que o Tribunal Penal Internacional, mais importante órgão jurídico da ONU, acaba de emitir ordem de prisão para Netanyahu e Gallant, mas não mencionou Gantz.

A ONU acusa Israel de crimes de guerra, por estar atacando Rafah, a última cidade de Gaza, que tem apenas 21 mil moradores mas está abrigando mais de um milhão de refugiados palestinos.

A proposta de paz de Gantz está muito bem estruturada e é do interesse de todas as partes envolvidas, porque protege Israel das ameaças do Irã e do grupo Hezbolalh, que ataca e expulsa israelenses que tentam morar na fronteira com o Líbano.

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P.S. –
Netanyahu está enlouquecido com a dissidência de Benny Gantz, mas não há alternativa. Tem 14 dias para liquidar o Hamas e pôr fim à guerra. A cidade de Rafah fica na fronteira com o Egito, que não admite a entrada dos refugiados palestinos. Segundo o Tribunal Penal Internacional, como Israel já cortou a ajuda humanitária, mais de um milhão de pessoas cercadas em Rafah podem morrer de fome e sede, devido à perversão de Netanyahu, que está elevada á milionésima potência. (C.N.)

Brasil adotou as melhores leis ambientais do mundo, mas tem vergonha delas.

Nelson Rodrigues tinha razão, o brasíleiro se acha vira-lata

Carlos Newton

Surgem fortes reações sempre que comentamos aqui na Tribuna da Internet que o Brasil tem a mais moderna e avançada legislação ambientalista do mundo, que deveria ser adotada por todos os países. Fico particularmente impressionado, porque é coisa raríssima encontrar reportagens e estudos a respeito, parece que ninguém dá a menor importância ao assunto.

Certamente essa situação é causada pelo complexo de vira-lata identificado pelo genial Nelson Rodrigues, que ironizava a mania brasileira de achar que o produto importado é sempre de qualidade superior.

NA AMAZÕNIA – Para início de conversa, o Código Florestal (Lei, 12.651, de 2012) considera como área da Amazônia Legal mais de 50% do território nacional, porque inclui os estados do Mato Grosso, Tocantins e cerca de 70% do Maranhão.

Nesta Amazônia estendida, qualquer novo empreendimento agrícola em região de floresta tem de preservar 80% da área como Reserva Legal. Ressalva: propriedades rurais que realizaram desmatamentos na Amazônia entre 1989 e 1996 obedecendo percentual mínimo de 50% de Reserva Legal em vigor na época, estão desobrigados de recompor suas áreas ao percentual de 80%.

Além disso, quando o Estado tiver 65% de seu território preservado e o município mantiver 50%, o percentual de reserva legal cai para 50% da propriedade rural.

OUTRAS REGIÕES – Nas áreas do Cerrado, o mínimo de Reserva Legal é de 35%, percentual que vale para qualquer novo empreendimento agrícola na região. O estado do Mato Grosso do Sul foi mais rigoroso e aprovou uma lei própria, dispondo que as fazendas do Pantanal têm de preservar 50% de sua área, e as propriedades em regiões de Cerrado ou formação campestre devem manter 40% de Reserva Legal.

No resto do país, as fazendas têm de recompor 20% de suas áreas, e há outras leis que mandam preservar ou recuperar a vegetação nas margens de rios, regatos e lagoas.

Não existe nada igual em nenhum outro país do mundo, mas ninguém se interessa por isso. Quando se fala em Brasil, o assunto é sempre desmatamento.

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P.S. 1
Como dizia François Rabelais, a ignorância é a mãe de todos os males. Jamais se vê uma autoridade ou ecologista brasileiro exaltar  esses números. Desde que se começou a falar em ecologia, nenhum presidente brasileiro subiu à tribuna em evento internacional para exibir orgulhosamente o mapa do Brasil mostrando: “Aqui, 80%; ali, 50%; acolá, 40% ou 35%; e o resto, 20%, sem falar nas outras áreas de reserva legal ou indígenas já existentes desde priscas eras”…  

P.S. 2 Lula da Silva não sabe nada disso, jamais se interessou. Vem aí o G20, grande oportunidade, mas vai passar batido. Marina Silva é aquela patricinha da selva, a falsa seringueira capaz de alardear em Davos que no Brasil há 120 milhões de famintos, tremenda fake news. E assim la nave va, cada vez mais fellinianamente. (C.N.)

Conheça a ‘inexistente lei europeia’ contra fake news que Moraes sugere ao Brasil

Sobraram três 'cornos' na decisão de Alexandre de Moraes sobre plano golpista

Moraes não conhece a lei europeia, mas a defende ardorosamente

Carlos Newton

Poucos sabem que a expressão “não li e não gostei” foi criada pelo escritor e ativista Oswald de Andrade, um dos líderes da Semana de Arte Moderna de 1922, que foi casado com duas das mais disputadas mulheres daquela época – a pintora, escultora, cronista e tradutora Tarsila do Amaral, de 1926 a 1929; e a escritora, poetisa, diretora, tradutora,  cartunista, jornalista e militante comunista Patrícia Rehder Galvão, a famosa Pagu, de 1930 a 1935.

Oswald de Andrade estava rompido com José Lins do Rego, e um jornalista lhe perguntou se havia lido o mais recente livro do genial escritor paraibano. A resposta foi direta e virou referência: “Não li e não gostei”, disse Oswald.

NOVA VERSÃO – Quase 100 anos depois dessa tirada do autor do “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”, agora surge uma nova versão, que vem sendo usada para enaltecer uma obra inexistente, que é a misteriosa Lei contra Fake News que a União Europeia teria aprovado.

Um dos defensores dessa suposta legislação é o ministro Alexandre de Moraes, que nesta segunda-feira, dia 22, sugeriu que o Brasil seguisse o exemplo europeu. “Não li, mas gostei”, poderia ter dito o implacável ministro, que foi trêfego ao fazer a  declaração, pois seria sua obrigação funcional ler e estudar a decisão a respeito que foi tomada pela União Europeia. Sem pensar, Moraes transmitiu uma fake news sem a menor base na realidade.

O mais interessante é que não se trata de uma lei contra fake news, como vem sendo apregoado aqui no Brasil, mas de uma “Estratégia Nacional de Cibersegurança”, que os países-membros devem seguir, mas cada um com suas próprias leis, como é o sistema da União Europeia.

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CONHEÇA AS RECOMENDAÇÕES DA UNIÃO EUROPEIA

“Cada estado-membro deve adotar uma estratégia nacional com vista a alcançar e a manter um elevado nível de cibersegurança nos setores críticos, incluindo:

– um quadro de governança que clarifique as funções e responsabilidades das partes interessadas, pertinentes a nível nacional;

– políticas que abordem a segurança das cadeias de comunicação;

– políticas que assegurem a gestão das vulnerabilidades;

– políticas que promovam e desenvolvam a educação e a formação em cibersegurança; e

– medidas destinadas a reforçar o nível de sensibilização dos cidadãos para a cibersegurança”.

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RESPOSTA A INCIDENTES DE SEGURANÇA INFORMÁTICA

“Os comitês de resposta a incidentes de segurança informática prestarão assistência técnica a entidades, nomeadamente através das seguintes ações:

– monitorizar e analisar ciberameaças, vulnerabilidades e incidentes a nível nacional;

– ativar os mecanismos de alerta rápido, enviar mensagens de advertência, fazer comunicações e divulgar informações às autoridades competentes e a outras partes interessadas, sobre ciberameaças, vulnerabilidades e incidentes, se possível em tempo quase real;

– intervir em caso de incidentes e prestar assistência, se aplicável;

– recolher e analisar dados forenses, proceder à análise dinâmica dos riscos e dos incidentes e desenvolver o conhecimento situacional em matéria de cibersegurança; e

– realizar, a pedido, uma análise proativa dos sistemas de rede e informação, a fim de detectar vulnerabilidades com um potencial impacto significativo”.

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A FORMAÇÃO DE REDES DE COMITÊS DE SEGURANÇA

“A diretiva estabelece uma rede de Comitês nacionais para promover uma cooperação operacional rápida e eficaz, com divulgação coordenada de vulnerabilidades.

Os Estados-Membros devem designar um de seus Comitês como coordenador da divulgação de vulnerabilidades identificadas em produtos ou serviços de Tecnologia de Comunicação por Informática (TCI).

E devem assegurar que as pessoas nos Estados-Membros possam comunicar as vulnerabilidades de forma anônima, se assim o solicitarem”, diz o portal da União Europeia.

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P.S. 1 –
Como se vê, a questão das fakes news e a segurança cibernética são um tremendo desafio, que até hoje nenhum país conseguiu vencer por meio de lei. Assim, é necessário que as autoridades e os legisladores brasileiros não se deixem levar por fake news, como a que apregoa as excelências de uma lei que a União Europeia jamais aprovou.

P.S. 2 – Chega de complexo de vira-latas. O Brasil tem as mais avançadas leis ambientais do mundo. Nada impede que tenhamos também a melhor lei contra fake news e crimes cibernéticos. E vida que segue, como dizia João Saldanha, um brasileiro que realmente amava e respeitava esse país. (C.N.)  

Decisão de Flávio Dino demonstra que a Justiça percorre caminhos tenebrosos

Flávio Dino contraria Alexandre de Moraes - Vista Pátria

Flávio Dino seguiu a lei, ao invés de procurar seguir o direito

Carlos Newton

O grande modismo neste início de Século é o avanço do uso da Inteligência Artificial, que poderia ser uma forma de reduzir o surrealismo da política brasileira, que contamina a Justiça e nos conduz a reflexões inquietantes. O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, até se empolga ao prever o uso da Inteligência Artificial nos julgamentos, como se esse avanço modernoso pudesse se tornar uma forma de magistrados não cometerem erros.

No entanto, a realidade da vida é muito mais criativa do que os códigos jurídicos e nos submete às mais diversas armadilhas no dia-a-dia, porque nem todas as situações podem estar previstas nas leis, sempre aparece algo de novo que dependerá da reflexão humana no julgamento.

ERRO DE DINO – Pergunta-se: uma decisão tomada estritamente na forma da lei pode ser considerada antiética e descumpridora de doutrinas e princípios, como Moralidade, Legalidade ou Razoabilidade? Aparentemente, não, mas sabe-se que as aparências muitas vezes enganam.

Vejam o que aconteceu com o ministro Flávio Dino, nesta segunda-feira. dia 20, quando decidiu manter a decisão do Conselho Nacional de Justiça que afastou das funções dois desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), sediado em Porto Alegre.

Dino funcionou no caso como se fosse uma Inteligência Artificial, absolutamente dentro da lei, e cometeu um dos maiores erros de sua carreira de magistrado. No caso, ele rejeitou recurso protocolado pela defesa dos desembargadores Carlos Eduardo Thompson Flores e Loraci Flores de Lima, e sua decisão baseou-se em tecnicalidades jurídicas, sem entrar no espantoso mérito da questão.

AFASTAMENTO – Os desembargadores foram afastados das funções no mês passado por decisão do corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, pelo descumprimento de decisão do Supremo que suspendeu os processos contra o ex-juiz da Lava Jato.  Eduardo Appio. Eles faziam parte da 8ª turma do TRF4, que deliberou sobre o caso e afastou Appio do cargo.

O fato aconteceu em 6 de setembro de 2023, quando o ministro Dias Toffoli declarou a nulidade das provas do acordo de leniência da Odebrecht para todos os casos em tramitação no país. Na mesma data, algumas horas depois, a 8ª Turma do TRF4 por unanimidade,  declarou a suspeição do juiz Appio.

Aparentemente, a decisão desrespeitou o ato de Toffoli, e o o corregedor do Conselho Nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, decidiu afastar os dois desembargadores, com apoio do plenário.

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Juiz Appio admitiu ter uma conduta imprópria

NA FORMA DA LEI – Tudo na forma da lei, mas há um detalhe que muda a situação. A Turma do TRF4 não poderia deixar de julgar suspeito o juiz Eduardo Appio para julgar a Lava Jato, porque ele se mostrara fanaticamente petista, a ponto de usar a senha “LUL2022” ao acessar o portal da Justiça. Não tinha nada a ver com a questão da Odebrecht.

Esse fato foi desconhecido pelo estilo Inteligência Artificial de Flávio Dino, que seguiu estritamente a lei, quando deveria ter seguido a Razoabilidade, a Moralidade e a Ilegalidade.

Assim, o afastamento dos desembargadores é ilegal e violou a independência funcional garantida aos magistrados. “Não há fato grave, sequer configurador de infração disciplinar, menos ainda que exija imediata resposta social. No mínimo, ante a longa e imaculada ficha funcional dos magistrados impetrantes, exigir-se-ia prova convincente do ânimo de descumprir ordens judiciais, por um devido processo administrativo contraditório”, afirmou o advogado de defesa Nefi Cordeiro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Depois desse exemplo sobre o que é lei e o que é direito, você ainda acha que se pode aplicar Inteligência Artificial em julgamento por juiz singular ou tribunal??? (C.N.)

Enfim, surge a esperança de paz para forçar um cessar-fogo na Faixa de Gaza

Em reviravolta, Benny Gantz, líder do partido Azul e Branco, foi eleito presidente do parlamento de Israel com apoio de Netanyahu e seus aliados

Plano de paz de Gantz tem apoio dos EUA e da Arábia Saudita

Carlos Newton

Não dá mais para aceitar o prolongamento do conflito na Faixa de Gaza, que já dura sete meses e torna-se uma ameaça cada vez maior à estabilidade do Oriente Médio. Os Estados Unidos e a Arábia Saudita arquitetaram um plano de paz auspicioso, que possibilitaria pôr fim à guerra. Mas o governo de Benjamin Netanyahu desprezou a proposta e ordenou que as forças armadas iniciassem o ataque a Rafah, a última cidade da Gaza ainda não destruída por Israel, que tem apenas 21 mil moradores e está abrigando mais de 1 milhão de refugiados palestinos.

A iniciativa de americanos e sauditas fracassou, mas teve um efeito altamente auspicioso. Pela primeira vez, desde o início das hostilidades, em outubro, o chamado Gabinete de Guerra entrou em crise em Jerusalém, porque o premier Netanyahu passou a ser frontalmente contestado.

PLANO DE PAZ – Neste sábado (dia 18), o líder do Partido da Unidade Nacional, Benny Gantz, que integra o Gabinete de Guerra desde o ataque do Hamas, exigiu que até 8 de junho seja adotado um plano de seis pontos que praticamente repete a proposta dos governos dos EUA e da Arábia Saudita.

Segundo o repórter Tim Lister, da CNN, esse plano garantiria o retorno dos reféns israelenses, a desmobilização do Hamas e a desmilitarização da Faixa de Gaza. E também levaria à criação de um governo alternativo para Gaza, “uma administração americana-europeia-árabe-palestina” que “estabeleceria as bases para uma alternativa futura que não seja o Hamas ou [Mahmoud] Abbas”, presidente da Autoridade Palestina.

Portanto, a proposta é praticamente igual à sugerida por americanos e sauditas. A única diferença é a criação da força de paz de países ocidentais e árabes, para administrar a volta dos palestinos à Gaza.

DISPUTA DE PODER – Diz o repórter da CNN que o plano de Gantz também garantiria o retorno dos israelenses deslocados pelos ataques do Hezbollah, a milícia apoiada pelo Irã no Líbano, e medidas para garantir que os judeus ultraortodoxos possam ser convocados para o serviço militar.

“Se decidirem levar a nação ao abismo, nos retiraremos do governo, voltaremos para o povo e formaremos um governo que possa trazer uma verdadeira vitória”, acrescentou Gantz, um dos líderes mais cotados para derrotar Netanyahu, que está obcecado pela guerra, porque é a única forma de continuar no poder.

No desespero, Netanyahu tenta convencer os israelenses de que poderão simplesmente usurpar a Faixa de Gaza para ampliar ilegalmente o país, mas essa invasão jamais será aceita pela comunidade internacional e significará a eternização da guerra.

GOVERNO REAGE – “As condições estabelecidas por Benny Gantz são palavras fracassadas cujo significado é claro: o fim da guerra e uma derrota para Israel, o abandono da maioria dos reféns, deixando o Hamas intacto e o estabelecimento de um Estado palestino”, afirmou em nota o primeiro-ministro.

Mas o plano sugerido por Gantz não surge de forma isolada. Na semana passada, o terceiro membro do gabinete de guerra, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, posicionou-se contra Netanyahu: “Não concordarei com o estabelecimento do regime militar israelense em Gaza. E Israel também não deve estabelecer um regime civil em Gaza”.

Com isso, começou a ruína do governo de Netanyahu, que há sete meses estava sendo derrubado quando houve o ataque do Hamas. Sem a guerra, ele já estaria fora do poder e a realidade em Israel já seria outra.

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P.S.
A queda de Benjamin Netanyahu é apenas uma questão de tempo, porque os governos dos Estados Unidos e da Arábia Saudita vão defender o plano da Gantz, com apoio de praticamente o mundo inteiro. Assim, o futuro de Netanyahu não vale uma moeda de três shekels. E a possibilidade de paz na Terra Santa passa a existir concretamente. (C.N.)

No julgamento de Assange, quem está no banco dos réus é a própria democracia

Assange é um preso político sob um processo corrompido”, afirma  editor-chefe do WikiLeaks - Hora do Povo

Se houver condenação, a Primeira Emenda será desmoralizada

Carlos Newton

O Supremo Tribunal de Londres retoma nesta segunda-feira, dia 20, o julgamento do pedido de extradição do jornalista austaliano Julian Assange. Em março, a decisão foi adiada após o Supremo sinalizar que lhe permitiria recorrer do caso. Na ocasião, o tribunal britânico deu ao governo dos EUA prazo de três semanas para fornecer uma série de garantias em torno dos direitos de Assange, e a principal delas seria o compromisso de que não haveria condenação à morte.

A única esperança de Assange tem base numa declaração do presidente Joe Biden no dia 10, quando disse que iria “considerar” os diversos pedidos para retirar as acusações.

NOVO APELO – Em fevereiro, o Parlamento australiano, com apoio do primeiro-ministro Anthony Albanese, aprovou uma moção que apela pelo retorno de Assange à terra natal, em uma tentativa de colocar ponto final na extradição de Londres para Washington.

Nos Estados Unidos, o jornalista pode ser condenado a 175 anos de prisão por 18 acusações, a maioria sob a Lei de Espionagem, por ter divulgado documentos confidenciais do governo, com nomes de pessoas que teriam passado a correr riscos. A denúncia chega a ser ridícula, porque até hoje nenhum dos citados sofreu atentado ou agressão.

Assange se defende, argumentando que divulgou as informações com base na Primeira Emenda à Constituição, mas a Justiça americana não aceita essa alegação.

PRIMEIRA EMENDA – Na verdade, o procsso significa a desmoralização da Primeira Emenda e da democracia reinante desde a declaração de independência das 13 colônias inglesas, em 1776, e da aprovação da Constituição, em 1787.

Para os políticos norte-americanos, a liberdade de expressão é um dogma e não há nada que possa justificar mudança na Primeira Emenda, que diz simplesmente o seguinte:

O Congresso não fará lei relativa ao estabelecimento de religião ou proibindo o livre exercício desta, ou restringindo a liberdade de palavra ou de imprensa, ou o direito do povo de reunir-se pacificamente e dirigir petições ao governo para a reparação de seus agravos”, eis a melhor e mais completa síntese de democracia, possível e imaginável.

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P.S. –
A grande dúvida é saber se Biden terá coragem de retirar as acusações. É possível, porém improvável. Se o fizer, vai inserir seu nome na História da Democracia. Se não retirar as acusações, ficará para sempre marcada como um político de fancaria, pusilânime e covarde, capaz de aceitar a tese patética de que um simples jornalista possa ameaçar a democracia criada pelos líderes daquelas 13 colônias britânicas. Biden tem esse privilégio e pode escolher como entrará na História – pela porta da frente ou pela estrebaria. (C.N.)

Barroso apoia teoria conspiratória e fake news, ao defender a “censura” de Moraes

Barroso e Moraes rebatem Bolsonaro, defendem urnas eletrônicas e reafirmam  eleições em 2022 – Money Times

Barroso precisa explicar que na democracia não tem censura

Carlos Newton

Mesmo nos velhos tempos de advogado, quando fez fortuna e ganhou prestígio defendendo grandes corporações, inclusive multinacionais como a British American Tobacco, também conhecida como Souza Cruz, Luís Roberto Barroso sempre se notabilizou pela elegância e seriedade.   

Onze anos depois, agora na presidência do Supremo, causa surpresa que Barroso assuma posições altamente controvertidas, ao defender uma nova versão de censura instituída pelo ministro Alexandre de Moraes, que vem extrapolando ao exercer poderes excepcionais que lhe conferidos tacitamente pelo STF.

ANTIGA POSTURA – Os amantes da democracia certamente preferem a antiga postura de Barroso, que na juventude era um dos editores do “Andaime”, jornal que atacava o radicalismo e a censura do regime militar e era impresso nas oficinas da Tribuna da Imprensa, onde ocorreu o último ato de terrorismo a bomba, nos estertores da ditadura, em represália à aprovação da Lei da Anistia.

Por ter vivido esse passado libertário, Barroso não deveria desperdiçar seu patrimônio tentando justificar o radicalismo do colega Alexandre de Moraes. Afinal, tudo na vida precisa ter limites, inclusive o corporativismo, que é mais deletério quando ocorre na Justiça, porque manda as leis para o espaço.

Em entrevista ao Financial Times, além de demonstrar claro corporativismo, Barroso foi além e defendeu uma ridícula teoria conspiratória, que seria internacional, mas que só parece ter adeptos no Brasil, porque se trata de uma tremenda fake news.

PEGANDO CARONA – Decididamente, não foi adequado para o presidente do Supremo pegar carona na teoria conspiratória lançada em 8 de abril pela ex-secretária de Direitos Digitais do Ministério da Justiça, a advogada Estela Aranha, que definiu a postura do bilionário Elon Musk como “um ataque de forças políticas estrangeiras de extrema direita a instituições democráticas do Brasil”.

Um mês depois, Barroso também faz críticas a Elon Musk e associa o bilionário ao que chamou de movimento internacional “destrutivo” de extrema-direita, que busca desestabilizar democracias.

Desculpem a franqueza, mas isso é uma bobagem sem a menor sustentação. Não existe nenhuma articulação transnacional para destruir democracias e o empresário Elon Musk tem mais o que fazer.

POBRE MENINO RICO – Como todos nós, Musk tem flancos a serem atacados, mas ele não é o dragão da maldade contra a democracia. Pelo contrário, é uma espécie de pobre menino rico, um personagem à procura de Vinicius de Moraes e Carlos Lira para encontrar um amor verdadeiro, algo que até hoje Musk não conseguiu comprar.

Sem a menor dúvida, porém, o empresário americano é claramente um inimigo da censura no Brasil e no mundo. Está óbvio que ele só escolheu o Brasil porque é o único país democrata que claramente está reinstituindo a censura e atrapalhando os negócios dele. Não existe conspiração internacional, é uma teoria ridícula e patética.

Alexandre de Moraes é indefensável, porque criou uma comissão de censura dentro do Tribunal Superior Eleitoral, formada por policiais federais e dirigida por um delegado, para buscar fake news nas redes sociais.

FUNCIONA ASSIM – Os homens da lei localizam alguma notícia inadequada, informam ao ministro, que então manda retirar a postagem, fixa multa para a plataforma, proíbe blogueiros e youtubers, faz o que lhe vem à cabeça e atua sempre “de ofício”, sem queixa judicial, devido processo legal ou direito de defesa do infrator.

Somente aqui na filial Brazil isso é defesa da democracia; na matriz USA e no resto do mundo, chama-se “censura”, uma das características das 49 ditaduras existentes no mundo.

Como presidente do Supremo, os brasileiros precisam que Barroso procure Moraes e lhe diga, francamente, que esse caminho do inquérito do fim do mundo e da censura camuflada não pode continuar sendo seguido no Brasil.

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P.S. –
Como dizia o almirante Francisco Barroso, o Brasil espera que cada um cumpra seu dever. No caso de Barroso, seu dever é   fazer o ministro Alexandre de Moraes entender que precisa refluir, esquecer a censura, desativar sua fábrica de terroristas, entender que a existência da extrema-direita faz parte da democracia e colaborar para que o Congresso aprove uma regulamentação das redes sociais que seja equilibrada, dando liberdade de expressão à extrema-direita e à extrema-esquerda, que só se encontram no infinito, como as paralelas do genial cantor Belchior, aquele rapaz latino-americano que tanta falta faz hoje ao Brasil. (C.N.)

Advogado errou ao pedir habeas para evitar prisão preventiva de Bolsonaro

Charge do Izânio (Portal AZ)

Carlos Newton

O comentarista Gilberto Clementino dos Santos, sempre atuante, nos envia reportagem de Diógenes Freire Feitosa, na Gazeta do Povo, informando que nesta quinta-feira (dia 16), o Supremo Tribunal Federal decidiu manter uma decisão do ministro Nunes Marques, que negou pedido de habeas corpus preventivo apresentado em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O que estava em jogo, ao contrário do que a imprensa vem divulgando, não era especificamente a possibilidade de Bolsonaro ficar blindado e imune a qualquer decisão de prisão preventiva ou temporária. O que se discutiu era apenas a possibilidade de ser impetrado habeas corpus nesse tipo de processo.

GOLPE DE ESTADO – O pedido de HC foi apresentado em face da investigação no Supremo que trata da suposta tentativa de golpe de Estado. Ao julgar o caso em março, o ministro Nunes Marques, como relator, considerou o  habeas corpus inadequado. Mesmo assim, entrou no mérito e também afirmou não ter encontrado qualquer ilegalidade que estivesse ocorrendo no inquérito, que ainda está em andamento.

O advogado Djalma Lacerda, que agiu de moto próprio, sem ser defensor de Bolsonaro, apresentou recurso alegando que o ex-presidente não participou dos atos do dia 8 de janeiro. E, com esse argumento, pediu o encerramento do caso.

Como relator, Nunes Marques simplesmente manteve o voto de março deste ano e reafirmou que não encontrou ilegalidade evidente por parte da Justiça que justificasse concessão do habeas corpus preventivo.

SERVE A TODOS – Habeas corpus é uma medida para evitar decisões ilegais, tão importante no Direito Universal que pode ser impetrada por qualquer pessoa, seja física ou jurídica, nacional ou estrangeira, ou, ainda, pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública. Por isso, o pedido do advogado Djalma Lacerda, mesmo sem procuração de Bolsonaro, foi aceito para julgamento.

“Na decisão agravada, consignei a inviabilidade do habeas corpus em virtude da incidência do óbice previsto no enunciado n. 606 da Súmula do Supremo. Tal fundamento não foi objeto de impugnação”, assinalou Nunes Marques, acrescentando: ”Não verifico ilegalidade evidente a justificar a concessão da ordem de habeas corpus de ofício”.

TRADUÇÃO SIMULTÂNEA – A Súmula 606 determina o descabimento de habeas corpus para o Tribunal Pleno contra ato monocrático de ministro ou de turma do Supremo Tribunal Federal. Isso significa que o advogado errou ao ingressar com o recurso, até porque teria de requerer também a impugnação da Súmula 606, para que seu pedido (blindagem de Bolsonaro) fosse julgado.

O advogado deveria ter apresentado um agravo regimental, chamado de agravo interno pelo novo Código de Processo Civil, cujo objetivo é impugnar as decisões monocráticas proferidas pelo relator ou as decisões de turmas. Assim, a decisão tomada monocraticamente seria reanalisada pelo plenário.

Portanto, o que o Supremo julgou não foi a blindagem de Bolsonaro, sob argumento de que ele não teria participado do golpe. O que foi reafirmado foi o descabimento de habeas corpus contra ato monocrático de ministro ou decisão de Turma, e isso é outro departamento, como se dizia antigamente.

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P.S.
Bolsonaro precisa de bons advogados. Esses que aparecem de repente, ninguém sabe de onde vieram, e buscam aqueles 15 minutos de fama do Andy Warhol, só servem para atrapalhar e são absolutamente dispensáveis. (C.N.)

E agora surge o “Moraes Paz & Amor”, o novo ministro que vai pacificar o país

É preciso amar Alexandre de Moraes

Xandão, depois Xandinho e agora o ministro Paz & Amor

Carlos Newton

Como já assinalamos aqui na Tribuna da Internet, o ministro Alexandre de Moraes está sofrendo uma mudança capaz de surpreender até mesmo o escritor escocês Robert Louis Stevenson, autor do clássico “O Médico e o Monstro”. Sua transformação é lenta e segura, e já se consegue perceber que aquele juiz implacável, que agia como um monstro, está sendo substituído por um jurista de verdade, justo e compreensivo.

Infelizmente, porém, Moraes não está mudando por moto próprio ou tratamento de reabilitação. Na verdade, está sendo forçado a fazê-lo, para limpar sua barra no Brasil e no exterior, depois que suas sentenças exageradas e até desumanas condenaram brasileiros comuns por terrorismo, quando deveriam ter sido julgados por invasão de prédio público e depredação de patrimônio. Além de tudo isso, decidiu reinstituir a censura no país, apesar de vivermos uma época que deveria ser de democracia plena.

NA LINHA TERNURA – Muitos não acreditavam que pudesse acontecer uma mudança tão acentuada. Porém, não mais que de repente, Moraes libertou o tenente-coronel Mauro Cid e absolveu Bolsonaro no caso da visita prolongada e atípica à Embaixada da Hungria.

Deu seguimento a essa linha ternura, digamos assim, ao libertar os dois coronéis da PM que ainda estavam presos. Agora os cinco oficiais estão fora da cadeia – Klepter Rosa Gonçalves, Fábio Augusto Vieira, Paulo José Bezerra, Marcelo Casimiro e Eduardo Naime.

AMACIAMENTO – Além de amaciar em suas decisões, o polêmico ministro orientou sua equipe nos tribunais superiores a evitar radicalismo, uma determinação logo acolhida pelo ministro Floriano de Azevedo Marques, do Tribunal Superior Eleitoral, e pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Com isso, o senador Jorge Seif (PL-SC), ameaçado de perder o mandato, teve seu processo suspenso pelo relator Azevedo Marques, que pediu à Procuradoria a produção de mais provas.

O mesmo ministro apresentou há poucos um voto a favor da absolvição do senador Sérgio Moro, que vai surfar na onda da ternura e escapar de uma cassação indevida, mas que era quase certa, no esquema mais radical antes liderado por Alexandre de Moraes.

EFEITO MUSK – Pode-se afirmar, com toda certeza, que o milagre da transformação do monstro Hyde no médico Jekill, que ocorre nos tribunais brasileiros, começou com o ataque sofrido por Moraes em pleno julgamento de um “terrorista” no Supremo, quando o advogado Sebastião Coelho o considerou “o homem mais odiado deste país”.

Mais recentemente, as acusações do empresário americano Elon Musk e as investigações em dois comitês da Câmara dos Estados Unidos (Jurídico e de Recursos Humanos), com a exibição de uma foto de Moraes pela deputada republicana Maria Salazar, fizeram com o ministro enfim caísse na real.

O que ele tem feito, com apoio de um órgão de assessoria que criou no TSE, formado por policiais federais, é recriar a censura no Brasil. E não tem como se defender, porque se trata de censura mesmo, sem a menor dúvida. E assim o monstro está saindo discretamente de cena, em nome do restabelecimento da Justiça e do Direito.

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P.S.
É óbvio que os demais membros do Supremo perceberam que Moraes ultrapassou todos os limites e recomendaram que ele se curve à realidade dos fatos. E assim prevaleceu o espírito de corpo (corporativismo) que é bem mais aceitável do que o espírito de porco, a expressão idiomática utilizada para definir uma pessoa cruel, que se especializa em complicar situações ou causar constrangimentos. (C.N.)

Israel despreza nova proposta de paz e palestinos serão dizimados em Rafah

Mai Anseir com os filhos na escola onde se abrigam em Rafah

Carlos Newton

Os governos dos Estados Unidos e da Arábia Saudita fizeram uma nova proposta de paz a Israel, com apoio do Hamas, mas o governo de Benjamin Netanyahu simplesmente a desprezou e mandou que moradores palestinos e refugiados abandonem não só a zona leste de Rafah, mas também as áreas centrais da cidade.

Isso significa que Israel não aceitará a formação de um Estado palestino sem influência do Hamas e que seria controlado por uma força de paz árabe. E significa também que vai destruir Rafah, a última cidade que restou na Faixa de Gaza, onde vivem cerca de 21 mil pessoas e estão refugiados mais de um milhão de palestinos.

Não se sabe quantas pessoas vão morrer nesta última ofensiva israelense para destruir o Hamas e transformat toda a Faixa de Gaza em terra arrasada. Talvez o número de vítimas – incluindo crianças, mulheres e idosos – possa passar de 100 mil, não se pode prever com exatidão. A fronteira com Egito está fechada, eles não têm para onde ir.

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À ESPERA DA MORTE, SEM TER COMO FUGIR

Deu no Infomoney
Agência Reuters

A família Anseir carregou seus escassos pertences em um carro amassado, na esperança de escapar antes de uma ofensiva terrestre de Israel em Rafah, onde mais de um milhão de habitantes de Gaza, que pensavam estar seguros, agora lutam para encontrar meios de fugir novamente.

Mai Anseir e sua família de 25 pessoas — que já tiveram que se mudar três vezes por conta dos bombardeios israelenses — dizem que ficaram sem opções à medida que as tropas de Israel se aproximam do último santuário no extremo sul da Faixa de Gaza.

“Estamos aqui, não sabemos como sair. Nossa capacidade financeira não nos permite conseguir transporte para irmos embora”, disse a mãe de cinco filhos em uma escola abandonada da ONU, onde a família se abrigou.

SEM ÁGUA E SEM LUZ – “E não podemos voltar de onde viemos porque está tudo destruído. Não há serviços, não há água, não há eletricidade. Não há vida no lugar em que estávamos.”

Israel ordenou que os residentes saíssem do leste de Rafah na semana passada e estendeu a ordem às áreas centrais da cidade nos últimos dias, fazendo com que centenas de milhares de refugiados fugissem buscando novos abrigos, que não existem.

Tanques israelenses já cortaram a via principal de Salahuddin, que separa os distritos leste e central de Rafah. Com a ordem de retirada e a chegada dos combatentes, os hospitais e os escassos suprimentos de ajuda desapareceram. Moradores dizem não ter ideia de para onde ir agora, ou como chegar lá.

SEM COMIDA – Mai Anseir relatou que precisa de leite e tratamento médico para uma criança com problema cardíaco. Ela não pode mais obtê-los em Rafah.

“A vida e a morte agora são a mesma coisa. Esperamos em Deus que logo haja alívio, porque o alívio está apenas nas mãos de Deus. Ele não virá de ninguém. Apelamos apenas para aqueles que têm corações compassivos; organizações humanitárias”, disse ela.

Sua cunhada Abeer, que tem oito filhos, disse que a comida de caridade que a família costumava receber agora já não existe mais. “Toda a área, que eles dizem ser segura, não é mais segura”, disse, enquanto a chuva caía sobre o terreno vazio da escola.

À ESPERA DA MORTE – “Em gaza, vimos muitas mortes, vimos pessoas sem cabeça. Mal ficamos aqui por dois meses, e então eles disseram para irmos embora. Eles jogaram panfletos em nós”, disse ela.

“Como você pode ver, não sabemos para onde ir ou vir. É como se estivéssemos escapando de morte em morte.”

Mai Anseir e sua família estão provisoriamente numa escola abandonada, onde se abrigam enquanto se preparam para fugir de Rafah após Israel invadir a cidade. Mas não sabem para onde ir.

Lulistas e bolsonaristas têm fricotes com fake news nas enchentes do RS

Charges fake news

Charge do Duke ( O Tempo)


Carlos Newton

A política brasileira é surreal e repetitiva, chega a dar canseira. É preciso tem muita paciência para aguentar a mesmice. De uns anos para cá, começou essa gritaria contra fake news, com políticos e celebridades dando chiliques e tendo fricotes e fanicos quando seus nomes são mencionados de forma negativa. Parecia até existir novidade nessa prática, mas na verdade não havia nada de novo no front ocidental, porque os boatos existem desde a época em que surgiram as primeiras moradias coletivas dos homídeos.

É certo que o mundo adora uma fofoca, tanto assim que há jornalistas que se dedicam de corpo e alma a esse ramo da mídia, que consegue atrair um número enorme de leitores, a ponto de causar inveja às páginas de esporte e às notícias policiais.

ARMAS POLÍTICAS – Aqui na Tribuna da Internet passamos ao largo desse tipo de informação. Mas registramos nossa surpresa ao constatar que os boatos, fofocas e fuxicos – agora chamados de  fake news – passaram a ser usados mais frequentemente como armas políticas, o que sempre existiu, mas não com essa abrangência alcançada pelas redes sociais.

Alheio ao terraplanismo, o mundo gira, a população não para de crescer, hoje todo mundo tem celular e se comunica ao vivo com todo o Brasil e o mundo, então é óbvio que as fofocas, os fuxicos e os boatos teriam de ganhar maior dimensão, isso é natural e faz parte.

O que não é normal é a reação dos políticos contra as fake news, especialmente os que estão no poder, embora o assunto seja comum de dois, como se dizia antigamente.

ENCHENTE DE FAKE NEWS – Na cobertura das enchentes no Rio Grande do Sul, parte do noticiário passou a se dedicar a fake news, com lulistas e bolsonaristas se acusando reciprocamente, porque as pessoas, decididamente, não têm medo do ridículo.

Em meio a essa farsa, surgiu uma notícia verdadeira, interessantíssima, apurada pela repórter Márcia Dantas, ao revelar que estavam sendo multados os caminhões que levavam ajuda humanitária aos flagelados, porque não tinham nota fiscal ou excediam o peso, na ânsia de ajudar a quem perdeu tudo.

A excelente reportagem foi taxada de fake news, vejam a que ponto chegamos. Mas o diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Rafael Vitale, admitiu o erro e anunciou que as multas seriam canceladas. Mesmo assim, continuou a haver críticas à jornalista.

FREIO DE ARRUMAÇÃO – Como se vê, é preciso dar um freio de arrumação e colocar ordem nesse rolo sobre fake news, que já transformou o ministro Alexandre de Moraes num censor vulgar, assessorado por uma comissão de policiais federais que ele mesmo criou para fazer o serviço ilegal.

Ao cair nessa cilada, Moraes não somente está sujo na rodinha, como também faz sucesso às avessas nos Estados Unidos, ao interpretar no Capitólio o papel de supremo censor da filial Brazil, só falta ganhar o Oscar de Coadjuvante.

Assim, é preciso que o ex-presidente Michel Temer, por ter inventado Moraes como homem público, pegue o ministro pelo braço e o faça cair na real. Ele precisa entender que, enquanto vivermos, haverá cada vez mais fake news, boatos, fofocas e fuxicos, porque todo mundo tem celular.

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P.S 1
Se você não aceita boatos, fofocas e fuxicos, procure os portais, sites e blogs mais responsáveis. Repare que é muito difícil haver fake news no jornalismo de verdade. que precisa ser prestigiado e reconhecido. É você que decide: pode ler o The Guardian ou os famosos tablóides londrinos. Isso é democracia.

P.S 2 – Tentar impedir as fake news e regulamentá-las é querer barrar o Sol com uma peneira. Se insistir nessa insânia, o ministro Alexandre de Moraes, que já não bate muito bem, vai enlouquecer de vez. Ele pensa (?) estar fazendo um belo serviço em defesa da democracia, mas pode acabar se transformando em Napoleão de hospício, dando ordem unida para outros internos. (C.N.)

Sem alternativa, Israel vai aceitar a paz que americanos e sauditas oferecem?

Parem o genocídio em Gaza! - O Trabalho

Há feridas que jamais cicatrizam e podem impedir a paz

Carlos Newton

A Guerra na Faixa de Gaza chegou a seu ponto de não-retorno, como dizem os norte-americanos. Israel destruiu quase toda a faixa de Gaza e conseguiu conter o Hamas em Rafah, na fronteira com o Egito, uma cidadezinha com apenas 21 mil habitantes, onde se diz que estão os últimos quatro batalhões do Hamas e, talvez, seu líder Yehia Sinwar. A área abriga mais de 20 mil residentes permanentes e agora também mais de 1 milhão de palestinos refugiados.

Para liquidar com o Hamas, Israel terá de trucidar milhares e milhares de palestinos. Talvez o número de vítimas – incluindo crianças, mulheres e idosos – possa passar de 100 mil, não se pode prever com exatidão.

SIM OU NÃO – Se atacar Rafah, Israel vai causar uma comoção tão forte no mundo árabe que haverá um brutal fortalecimento de grupos terroristas como Hamas, Irmandade Muçulmana, Estado Islâmico e Al Qaeda. E daqui em diante, o Estado Judeu sabe que jamais terá um só dia de paz.

No início da guerra, havia consenso, porque mesmo os pacifistas israelenses e líderes árabes moderados apoiavam a dizimação do Hamas, uma das ramificações da Irmandade Muçulmana que ameaça todos os monarcas árabes.

Aos poucos, esse consenso se diluiu, porque o que ocorreu foi uma desumana mortandade de civis, incluindo crianças, mulheres e idosos, um verdadeiro genocídio, a palavra é esta. A estratégia falhara, o Hamas resistiu e a matança prosseguiu.

NENHUMA VOZ CONTRA – Como destacou no New York Times o editorialista Thomas L. Friedman, considerado o mais importante jornalista do mundo, o mais perturbador e deprimente é que não haja nenhum líder israelense importante hoje na coalizão governante, na oposição ou no meio militar que defenda o plano de paz anunciado pelos governos dos EUA e da Arábia Saudita.

Friedman diz que Israel não tem opção e precisa aceitar o plano de paz, com criação do Estado Islâmico e a proteção oferecida pelos Estados Unidos e Arábia Saudita para neutralizar ameaças do Irã.

Ou Israel se torna um parceiro do Oriente Médio ou se transforma num pária global, sem a solidariedade integral que os Estados Unidos e os países ocidentais sempre ofereceram ao Estado Judeu. Eis a questão.

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P.S. –
Ao que parece, os pacifistas israelenses já perderam a esperança. Acham que o genocídio em Gaza foi grave demais, nunca será esquecido e daqui em diante Israel passará a viver em permanente estado de guerra, pois a proposta dos EUA e da Arábia Saudita é muito bonita na prática, mas dificilmente impedirá novos atentados dos grupos terroristas islâmicos que agem no mundo inteiro, matando em nome de Deus. (C.N.)

Chegou o Dia D e a Hora H para Israel aceitar o plano de paz que lhe é proposto

entrelinhas 1011 - (crédito: Caio Gomez)

Charge da Caio Gomez (Correio Braziliense)

Carlos Newton

Importantíssimo o artigo do jornalista Thomas L. Friedman no New York Times sobre a surpreendente negociação de paz iniciada pelos Estados Unidos e pela Arábia Saudita, para pôr fim à Guerra na Faixa de Gaza e iniciar uma nova era no Oriente Médio.

Diretamente de Riad, capital saudita, Friedman explica que Israel conseguiu conter o Hamas em Rafah, na fronteira com o Egito, uma cidadezinha com apenas 21 mil habitantes, onde se diz que estão os últimos quatro batalhões do Hamas e, talvez, seu líder Yehia Sinwar. A área abriga mais de 20 mil residentes permanentes e agora também mais de 1 milhão de refugiados palestinos.

ENIGMA FINAL -Se despejar bombas sobre Rafah, o lider israelense Benjamin Netanyahu estará mesmo se equiparando a Hitler na História Universal. Porém, se aceitar o cessar-fogo pedido pelo Hamas e levar adiante o plano de paz que está sendo abonado pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos, pode até se tornar um dos expoentes da Nova Ordem Mundial, aquela que dizem estar para ser implantada, mas não acontece nunca.

Friedman diz que, se Netanyahu lançar uma invasão de Rafah em larga escala, para tentar acabar com o Hamas, sem oferecer qualquer estratégia de saída israelense de Gaza ou qualquer horizonte político para uma solução de dois Estados com palestinos não liderados pelo Hamas, só irá agravar o isolamento global de Israel e forçar uma verdadeira rutura com o governo Biden e o resto do mundo.

FORÇA DE PAZ – O plano inclui uma força árabe de paz para Gaza e uma aliança de segurança liderada pelos EUA contra o Irã. Isso com um compromisso de Israel aceitar ter como vizinho um Estado palestino gerido pela Autoridade Palestina reformada.

E tudo isso com o benefício de inserir Israel na mais ampla coalizão de defesa de que o Estado judeu já desfrutou e a maior ponte com o restante do mundo muçulmano que Israel já recebeu, ao mesmo tempo em que cria ao menos alguma esperança de que o conflito com os palestinos não será uma “guerra eterna”.

Friedman lamenta que não exista nenhum líder israelense importante que esteja ajudando consistentemente os israelenses a entender essa escolha — ser um pária global ou um parceiro do Oriente Médio. Os israelenses estão todos cegos de ódio pelo atentado do Hamas e se recusam a enxergar a realidade.

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P.S.Se atacar Rafah, Israel vai aumentar a radicalização e favorecer o crescimento de grupos como Hamas,  Estado Islâmico, Irmandade Muçulmana e Al Qaeda, além de unir todos os países árabes contra ele. Vamos aguardar para conferir até que ponto vai a insanidade política. (C.N.)

Resposta do Supremo agrava acusações de censura feitas a Moraes nos EUA

Gilmar Fraga: Telegram.. | GZH

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Carlos Newtom

A fotografia do ministro Alexandre de Moraes, exibida no comitê de Direitos Humanos da Câmara dos Estados Unidos, como se ele fosse garoto-propaganda da censura no Brasil, fez com que o Supremo Tribunal Federal distribuísse uma nota oficial à imprensa, tentando reagir à ofensiva da bancada republicana no Capitólio.

O documento, divulgado pelo Serviço de Comunicação Social do STF, procura justificar as 88 decisões do ministro Alexandre de Moraes tomadas tanto na Supremo quanto no Tribuna Superior Eleitoral, que era presidido por ele nas últimas eleições.

As ordens judiciais de Moraes determinaram às plataformas digitais que suspendessem, bloqueassem e até desmonetizassem os perfis e contas em redes sociais que internautas utilizavam para atacar o sistema eleitoral, fazer apologia aos atentados de 8 de janeiro ou criticar instituições brasileiras.

NOTIFICAÇÃO – O documento, divulgada pelo Serviço de Comunicação Social do Supremo, esclarece que o material vazado se trata de notificação, como se fosse um mandado judicial, enviado às empresas que comandam plataformas para informar decisões a serem cumpridas. Além do X (antigo Twitter), a Meta, dona do Facebook e do WhatsApp, a Rumble e outras companhias foram notificadas.

“Todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas têm acesso à fundamentação”, diz a nota.

A Corte usou a analogia com um mandado de prisão, e destacou que o material divulgado são apenas ofícios, e não as decisões. Só determinam o cumprimento da medida judicial, sem com isso quebrar o sigilo dos processos.

NÃO ADIANTA NADA – A tentativa de defender Moraes não adiantou nada e até agravou a situação dele, porque a nota do Supremo admite que os processos são “sigilosos”, uma expressão que a matriz USA abomina. Lá nos States são raríssimos os processos sigilosos. A Justiça é transparente, pela própria natureza, realizada com as portas abertas. Bem diferente da filial Brazil, onde advogado nem pode mais fazer defesa oral no Supremo.

As 88 decisões de Moraes foram tomadas no “inquérito do fim do mundo”, aquele iniciado em 2019 e que nunca termina. São consideradas como atos de censura, porque não houve queixa judicial, Moraes tomou decisões por moto próprio, atendendo a pedidos de uma comissão de policiais federais criada por ele dentro do TSE, sem ter consultado os demais ministros.

Na matriz USA e no resto do mundo democrático, isso é considerado censura, exercida por policiais e a mando da Suprema Corte, sem ter havido abertura do devido processo legal nem direito de defesa.

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P.S. 1
A pequenina Constituição americana (a menor do mundo, com sete artigos e 27 emendas) não prevê que os atos processuais devam ser públicos. Todavia, os tribunais reconhecem que existe o direito de inspecionar e copiar registros de processos judiciais com base na “common law” (jurisprudência sem base em lei) e nas 1°, 6° e 14° Emendas à Constituição.

P.S. 2Nos EUA, a transparência processual garante o direito de assistir ao julgamento e de ter  acesso aos documentos do processo, obtendo-se cópias mediante pagamento de taxa ao tribunal, Enquanto isso, aqui no Brasil, o Supremo atualmente se especializa em processos sigilosos, na contramão da História. (C.N.)

Defesa de Moraes fraquejou no comitê dos EUA que discute censura no Brasil

Advogado que defendeu Moraes não tinha o que dizer

Carlos Newton

Nesta terça-feira (dia 7), a censura imposta no Brasil pelo ministro Alexandre de Moraes, com apoio do Supremo Tribunal Federal e do governo Lula da Silva, começou a ser efetivamente analisada em dois comitês da Câmara dos Deputados norte-americana.

É uma luta entre democratas (Biden) e republicanos (Trump), mas quem fica no meio da ringue, levando pancadas de todo lado, é o ministro Moraes, que virou sparring na política internacional.

DEPOIMENTOS – No primeiro assalto dessa luta, quatro testemunhas foram convidados a subir no ringue e três delas foram logo espancando Moraes – o jornalista e apresentador Paulo Figueiredo (ex-Jovem Pan), neto do ex-presidente João Figueiredo, a executiva Chris Pavlovski, diretora da rede social Rumble, e o jornalista americano Michael Shellenberger, que divulgou os arquivos do Twitter relacionados ao Brasil, em abril.

Esses três depoentes apontaram múltiplas e sucessivas violações de liberdade de expressão cometidas por autoridades brasileiras, especialmente pelo ministro Moraes.

Não houve novidade, porque os documentos já estavam  em poder do comitê, cujos integrantes já tiveram oportunidade de analisá-los.

DEFESA FRACA – O quarto integrante do painel, indicado por democratas, foi o professor de estudos brasileiros da Universidade de Oklahoma, Fábio de Sá e Silva, que assumiu a espinhosa função de rebater as acusações a Moraes.

Sem ter argumentos para justificar o comportamento ditatorial do ministro brasileiro, o advogado Sá e Silva classificou de nonsense as alegações de perseguição e censura. Alegando ser a única pessoa na sala com um diploma de direito no Brasil, ele disse que a legislação brasileira permite que juízes ordenem a remoção de contas nas redes sociais em caso de violações.

Acontece que isso não é verdade. A lei brasileira prevê a apresentação de queixa por suposta vítima, com direito de defesa garantido ao infrator. Moraes não respeitava esta lei e excluía perfis, bloqueava contas e até mandava prender, sem que houvesse queixa judicial, investigação e processo. E isso significa censura, em qualquer país democrático.

FOTO DE HERZOG – O advogado alegou que Moraes estava justamente tentando evitar um golpe de estado no Brasil, mas nos EUA ninguém entende que possa ser necessário instituir censura para impedir a instauração de um regime ditatorial, e assim a alegação se torna Piada do Ano.

No desespero, o defensor de Moraes mostrou uma foto do jornalista Vladimir Herzog, torturado e morto em 1975 pelo regime militar, que simulou suicídio no cárcere. “Isso é o que acontecia com jornalistas brasileiros na ditadura”, disse o depoente.

Nesse clima, as audiências vão ter seguimento nos dois comitês, e o ponto básico é o desrespeito da filial Brazil à Primeira Emenda da Constituição da matriz USA, que consagra a liberdade de expressão, com expressa proibição a qualquer tipo de censura.

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P.S. 1 –
Nos comitês do Capitólio, os republicanos terão oportunidade de contar livremente sua versão dos acontecimentos políticos aqui na filial Brazil, que não têm sido nada respeitosa em relação à Primeira Emenda, especialmente pelos atos ditatoriais que Moraes toma, inclusive colocando deputado federal na cadeia, um fato que os americanos da matriz USA consideram delírio total antidemocrático. Preparem as pipocas. 

P.S. 2 Se arrependimento matasse, o ministro Moraes já teria passado desta para a melhor, como se dizia antigamente. Ele já sentiu o tamanho do problema que criou e agora está se apresentando em nova versão de Xandinho Paz & Amor. Não vai adiantar nada, é claro, porque Moraes está sendo investigado pelos atos que praticou no passado, quando ainda se julgava o rei da cocada preta, e não pelas bondades que está fazendo agora. E haja Lexotan! (C.N.)