
Lula culpa Haddad, que não comsegue culpar ninguém
Neuza Sanchez
Veja
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (3) que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, agiu no “afã de dar uma resposta” ao anunciar o decreto que elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre operações cambiais, o que gerou uma crise política com o Congresso Nacional.
“O Ministério da Fazenda está tentando fazer um reparo que foi um acontecimento do não cumprimento de uma decisão da Suprema Corte pelos companheiros senadores, que quando aprovaram a desoneração, sabiam que tinha uma decisão da Suprema Corte que era obrigado a ver a compensação e ficarão de apresentar a compensação. O Haddad, no afã de dar uma resposta logo à sociedade, apresentou uma proposta que ele elaborou na Fazenda”, declarou Lula em entrevista no Palácio do Planalto, em Brasília.
CRISE DE CONFIANÇA – O aumento do IOF virou símbolo de nova crise de confiança entre o mercado financeiro e o governo Lula, com banqueiros apontando o presidente como principal e único responsável pelo imbróglio fiscal.
Para eles, o problema não está no ministro Fernando Haddad, mas no perfil expansionista do governo, que se recusa a cortar gastos. “O problema não é o Haddad. Este governo não acredita que o Estado tem de gastar menos do que gasta hoje”, afirma um banqueiro ouvido pela coluna.
“Qualquer um que estiver no lugar do Haddad vai estar com as mãos amarradas”, afirmou outro representante do setor. E um terceiro reforça: “(Haddad é o) Melhor (ministro) que tem nos quadros atuais. Tem de cortar gastos! Mas isso quem decide é o Lula”.
ULTIMATO DE MOTTA – O desgaste aumentou após o presidente da Câmara, Hugo Motta, fazer um ultimato ao governo, cobrando a apresentação de uma alternativa ao tributo em até dez dias. O Congresso ameaça derrubar o decreto presidencial do IOF.
O fato é que, em quase dois anos e meio de governo, nenhuma proposta relevante de redução de despesas foi enviada ao Congresso.
A insatisfação do mercado é reforçada por críticas à seletividade do governo na cobrança de impostos. “Absurdo o que o governo está fazendo. Faço só uma pergunta: por que IOF em operação de crédito à PJ e em operações de câmbio, e não em transferências para bets? Ou para compra de criptomoedas?”, questionou um sócio de uma asset.
DEFESA DE HADDAD – Para o mercado financeiro, a percepção é de que o governo penaliza o setor produtivo e a classe média, enquanto mantém brechas para outros segmentos. Mesmo com o desgaste, grandes bancos defendem a permanência de Haddad na Fazenda, visto como um dos poucos defensores do equilíbrio fiscal dentro do governo com acesso direto a Lula.
“Ele é o melhor nome dentro do PT para o cargo e consegue, a duras penas, tirar o possível dentro do governo para ajustar as contas públicas”, avalia um executivo do mercado financeiro.
O impasse sobre o IOF escancara a dificuldade do governo em dialogar com o Congresso e o mercado, e aprofunda a crise de confiança. O resultado é um ambiente de incerteza para empresas, investidores e para a própria economia, já que o aumento do IOF atinge diretamente o crédito, o consumo e o bolso da classe média. Próximos capítulos desse imbróglio seguirão no decorrer da semana.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É o PT batendo cabeça, mais uma vez, demonstrando sua inutilidade e sua falta de união. (C.N.)