As eternas ilusões da vida, na visão poética de Francisco Otaviano

Francisco Otaviano amava a poesia

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, jornalista, político, diplomata e poeta carioca Francisco Otaviano de Almeida Rosa (1825-1889) em poucas palavras conseguiu transmitir a essência das “Ilusões da Vida”, um poema no qual Otaviano faz um convite à reflexão sobre a importância de ter uma vida atuante e participativa nos bons e maus momentos.

ILUSÕES DA VIDA
Francisco Otaviano

Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.

Trump, o homem tempestade, promove inquietação e perplexidade

O presente e a irrealidade diante do amor, segundo Cecília Meireles

Aprendi com as primaveras a deixar-me... Cecília Meireles - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A professora, jornalista e poeta carioca Cecília Meireles (1901-1964) sente no poema “Irrealidade” que não há passado nem futuro, porque tudo que ela sonha e anseia está no presente.

IRREALIDADE
Cecília Meireles

Como num sonho
aqui me vedes:
água escorrendo
por estas redes
de noite e dia.
A minha fala
parece mesmo
vir do meu lábio
e anda na sala
suspensa em asas
de alegoria.

Sou tão visível
que não se estranha
o meu sorriso.
E com tamanha
clareza pensa
que não preciso
dizer que vive
minha presença.

E estou de longe,
compadecida.
Minha vigília
é anfiteatro
que toda a vida
cerca, de frente.
Não há passado
nem há futuro.
Tudo que abarco
se faz presente.

Se me perguntam
pessoas, datas,
pequenas coisas
gratas e ingrata,
cifras e marcos
de quando e de onde,
– a minha fala
tão bem responde
que todos crêem
que estou na sala.

E ao meu sorriso
vós me sorris…
Correspondência
do paraíso
da nossa ausência
desconhecida
e tão feliz.

Os primeiros atos de Trump e a grande inquietação internacional

Saída da OMS e do acordo de Paris estão entre as medidas

Pedro do Coutto

O mundo, na sequência da posse de Donald Trump nos Estados Unidos, amanheceu intranquilo com as posições anunciadas, principalmente quanto ao estado de calamidade que se aplica às fronteiras e o impulso para expandir limites dos Estados Unidos. Trump lançou uma campanha à base de choques com a realidade, mudando o comportamento usado até então pelo ex-presidente Joe Biden, partindo assim para uma situação de confronto com a política que vinha sendo colocada em prática.

Trump, logo no dia de regresso à Casa Branca, assinou ordens executivas que retiram os Estados Unidos do Acordo de Paris – pedra basilar no combate às alterações climáticas – e da Organização Mundial da Saúde, a maior e mais influente agência global na luta contra as crises sanitárias. “Vou retirar-nos imediatamente do injusto e unilateral Acordo de Paris sobre o clima”, disse o novo presidente antes de assinar a ordem. “Os Estados Unidos não vão sabotar as suas próprias indústrias enquanto a China polui impunemente”.

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS – A decisão não é inédita. Já no seu anterior mandato enquanto 45.º presidente Trump tinha retirado os Estados Unidos do acordo. A decisão foi, porém, revertida pelo ex-presidente Joe Biden quando este tomou posse. A saída dos Estados Unidos do acordo que estabelece o combate às alterações climáticas, assinado em 2015 por quase duas centenas de países, coloca em causa o objetivo de impedir um aumento das temperaturas globais na ordem dos 1,5 graus.

Ainda na área do clima, Trump revogou um memorando de 2023 de Joe Biden que proibia a perfuração de petróleo em cerca de 16 milhões de hectares no Ártico, defendendo que o governo deve encorajar a exploração e produção de energia em terras e águas federais.

IMIGRAÇÃO – Além disso, Donald Trump declarou que implementará rapidamente ações executivas sobre imigração, política energética e operações do governo federal para verificar dezenas de prioridades de política de campanha. Além disso, prometeu emitir cerca dezenas de ordens executivas projetadas para reverter ou eliminar aquelas implementadas pelo governo Biden.

Stephen Miller, o novo vice-chefe de gabinete de política de Trump, apresentou algumas dessas ações na tarde de domingo em uma ligação com republicanos seniores do Congresso, confirmando que elementos de um conjunto abrangente e planejado de ações de imigração entrariam em vigor, incluindo Trump invocando uma emergência nacional na fronteira como uma forma de desbloquear o financiamento do Departamento de Defesa para uso do governo.

DIVERSIDADE – O presidente americano se comprometeu ainda a assinar ordens executivas rescindindo as políticas de diversidade, equidade e inclusão do governo federal, Miller disse aos legisladores, bem como ações para remover ordens executivas específicas relacionadas a gênero colocadas em prática pelo seu antecessor.

Os discursos e seus conteúdos, na prática, deixam preocupados uma série de governos e de populações. O governo Trump governa na base de ameaças, dizendo inclusive que o Brasil e a América Latina dependem muito mais dos Estados Unidos do que o contrário.Veremos agora como reagirá o presidente Lula da Silva diante das circunstâncias colocadas por Trump e a politica que ele colocará em prática.

A inquietação promovida pelas declarações do presidente americano tiveram grande repercussão internacional. Seja como for, o mundo acordou sob o impacto das ameaças que ficam como as tempestades que desabam sobre países e territórios, ameaçando governos e as populações de países que fazem fronteira com os Estados Unidos. Vejamos até que ponto chegarão as nuvens que carregam consigo sinais de tempestades.

É evidente que Trump é um psicopata em surto, que precisa ser internado

Posse de Trump: presidente assina dezenas de decretos executivos inaugurais - Estadão

Orgulhoso, Trump exibe seu decreto inconstitucional

Carlos Newton

Quando a imprensa adiantou alguns dos planos megalomaníacos de Donald Trump, sinceramente eu não consegui levar a sério. Anexar o Canadá, retomar o Canal do Panamá, incorporar a Groenlândia como novo Estado americano, trocar o nome do Golfo do México, entre tantas outras esquisitices, são aberrações totalmente enlouquecidas, que não podem ser recebidas como propostas “normais”.

Perplexo, tentei considerar que tudo isso poderia ser uma estratégia do novo presidente americano, para que todos entendam que a China ainda é apenas um tigre de papel e a política internacional continuaria como dantes, com os Estados Unidos na condição de maior potência e em situação de hegemonia, como tem ocorrido desde a decadência do Império Britânico, onde o sol jamais se punha.

DESCULPE, FOI ENGANO – Veio a posse de Trump, nesta segunda-feira, e ele repetiu a ameaça de retomar o Canal do Panamá e a decisão de mudar o nome do Golfo do México para “Golfo da América”, sem deixar claro como isso poderia acontecer.

Como não se referiu à anexação do Canadá nem a incorporação da Groenlândia, achei que tudo era uma forma de gozação “pour épater la bourgeoisie” – para chocar a burguesia, como diziam os poetas franceses do final do século XIX.

Realmente, Trump está chocando todo mundo, com uma precisão surpreendente. Mas suas propostas não seriam maluquices, significariam apenas um estilo midiático de ser. Assim, poderíamos dormir tranquilamente.

MAIS SURPRESAS – Veio a seguir a cerimônia da assinatura de decretos, com novas surpresas, a demonstrar que o presidente norte-americano realmente está variando, como se diz no Nordeste.

Somente um governante inteiramente desequilibrado pode assinar, durante a cerimônia de posse, um decreto destinado a alterar a Constituição americana para que filhos de migrantes ilegais não mais sejam considerados cidadãos americanos.

Seu decreto é uma página vazia, que não serve para nada, porque a cidadania é um direito que nenhum presidente pode contestar. Diante desse tipo de insanidade, fica evidente que Trump merece cuidados e precisa de urgente acompanhamento psiquiátrico.

###
P.S. 1 –
O fato é que Trump destrambelhou e quer governar por decreto. E ameaça sobretaxar as importações do México e do Canadá até 1º de fevereiro. Ou seja, comporta-se como se fosse o rei da cocada preta, esquecido de que o Congresso é que legisla sobre impostos.

P.S. 2 – Fica demonstrado também que o presidente está pessimamente assessorado. Manda redigir decretos ilegais em série, e nenhum de seus auxiliares tem coragem de dizer que é tudo uma doideira, porque ele jamais pode passar dos limites constitucionais.

P.S 3 – Isso significa que teremos um mundo muito diferente daqui em diante. Podem ficar preocupados, à vontade. (C.N.)

Aliados e estrategistas se dividem sobre atitude do governo na crise do Pix

Governo precisa acertar a sua Comunicação, reforçando as suas ações

Pedro do Coutto

Na última semana, Gleisi Hoffmann,  presidente do PT,  defendeu a decisão do governo Lula ao revogar a portaria da Receita Federal que aumentaria a fiscalização nas transações via Pix. Por outro lado, o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o ex-líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu,  tiveram o posicionamento oposto, indicando que o Planalto errou ao recuar na medida após o vídeo viral de milhões de visualizações do deputado federal Nikolas Ferreira.

O tema abre uma divisão na base aliada do presidente Lula, além de promover controvérsias entre estrategistas de campanha, especialistas em comunicação digital e líderes de institutos de pesquisa diante de uma das crises mais intensas enfrentadas pelo governo do PT até agora. Enquanto as diferentes alas de profissionais divergem quanto à estratégia adotada pelo governo, há o consenso de que o deputado Níkolas teve as suas declarações sustentadas por argumentos legítimos, apesar do exagero típico das narrativas políticas.

ACERTO – Uma corrente avalia que o governo acertou ao revogar a medida, mas não conseguiu evitar os danos, uma vez que a revogação confirma que não era fake news. Ninguém disse que o governo taxaria diretamente o Pix das pessoas.

A proposta envolvia usar o Pix para monitorar as transações financeiras dos contribuintes e, com base nesses dados, cobrar mais impostos. Portanto, de forma indireta, o Pix seria utilizado para taxar os brasileiros. De forma paralela, em momentos como esse, não há o bom e o ruim. Há o ruim e o pior. Recuar estancou a crise na visão dos que defendem a ação governamental.

ERRO – Para os que vão por outro caminho e acham que o Planalto errou, o governo deixou na mão os defensores das medidas e ofereceu munição para que a oposição saísse como vitoriosa.Além disso, da forma como o recuo foi anunciado, o governo inflamou ainda mais a situação, sendo que a  melhor maneira de enfrentar esse movimento seria entender a nova dinâmica da opinião pública e levar a informação onde está a audiência, independentemente do canal, veículo ou plataforma.

Como se vê, as opiniões se dividem não somente entre os aliados do governo, mas também entre os profissionais que gerenciam crises como a enfrentada recentemente pelo Planalto. O governo, volto a dizer, precisa melhorar as suas estratégias e a sua Comunicação, reforçando os seus pontos fortes, a divulgação de suas ações e confrontando de forma concreta os ataques da oposição.

Ninguém exaltava a Lua como o seresteiro carioca Cândido das Neves

CANDIDO DAS NEVES – Brasil – Poesia dos Brasis – RIO DE JANEIRO -  www.antoniomiranda.com.br

Cândido, romântico ao extremo

Paulo Peres
Poemas & Canções

O instrumentista, cantor e compositor carioca Cândido das Neves (1899-1934), apelidado de Índio, descobre na “Última Estrofe” que a melancolia dos versos do trovador era semelhante a sua, porque ambas tinham como causa o término de um amor e, consequentemente, a saudade que isto acarretou. A música foi gravada por Orlando Silva, em 1935, pela RCA Victor.

ÚLTIMA ESTROFE
Cândido das Neves

A noite estava assim enluarada
Quando a voz já bem cansada
Eu ouvi de um trovador
Nos versos que vibravam de harmonia
Ele em lágrimas dizia
Da saudade de um amor
Falava de um beijo apaixonado
De um amor desesperado
Que tão cedo teve fim
E desses gritos de tormento
Eu guardei no pensamento
Uma estrofe que era assim:

Lua…
Vinha perto a madrugada
Quando em ânsias minha amada
Nos meus braços desmaiou
E o beijo do pecado
O teu véu estrelejado
A luzir glorificou

Lua…
Hoje eu vivo sem carinho
Ao relento, tão sozinho
Na esperança mais atroz
De que cantando em noite linda
Essa ingrata volte ainda
Escutando a minha voz

A estrofe derradeira, merencória
Revelava toda a história
De um amor que se perdeu
E a lua que rondava a natureza
Solidária com a tristeza
Entre as nuvens se escondeu
Cantor, que assim falas à lua
Minha história é igual à tua
Meu amor também fugiu
Disse eu em ais convulsos
E ele então, entre soluços
Toda a estrofe repetiu

Sucesso de Nikolas Ferreira leva ao desespero as lideranças do PT

Zeca Dirceu pede para PF investigar vídeo de Nikolas Ferreira | CNN ARENA | Facebook

Zeca Dirceu deve achar que a PF não tem o que fazer

Carlos Newton

O vídeo gravado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), com críticas em geral ao governo de Lula da Silva, especialmente quanto ao aumento da fiscalização sobre transações financeiras pela Receita Federal, incluindo o Pix, está levando ao desespero o PT.

Sem saber como explicar a superviralização, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), ex-líder do partido na Câmara, chegou ao ponto de propor que a Polícia Federal  e o Ministério Público investiguem o jovem deputado mineiro.

DISSE ZECA – “Existem cerca de 130 milhões de contas do Instagram no Brasil, muitas delas inativas e outras várias de uma única pessoa que administra muitas contas. Assim, como explicar um vídeo ter 300 milhões de visualizações? Tem algo muito errado aí. A PF e o MPF precisam investigar a fundo a Meta e toda esta propagação de fake news sobre o dólar, Pix e falas manipuladas do Haddad. Trata-se de uma ação criminosa que afeta a economia do Brasil”, disse Zeca Dirceu.

O que é novo sempre surpreende quem não está preparado para receber a novidade, é claro que o total de visualizações significa a soma de todas as redes sociais e de aplicativos, por onde viaja a mensagem.

Aqui na Tribuna da Internet, já acessei cerca de 30 vezes, para conferir o conteúdo e para escolher imagens para ilustrar matérias sobre o assunto.

DESESPERO DA GLOBO – O mais interessante foi o desespero da Organização Globo, a preferida na distribuição de verbas do governo, que parou a programação da rede à tarde, para apresentar a versão do governo, e colocou a GloboNews a serviço do Planalto.

O motivo é sempre o mesmo – tudo por dinheiro, como diria Silvio Santos. Um importante estudo do Fórum de Autorregulamentação do Mercado Publicitário, divulgado em setembro de 2024, mostrou que, pela primeira vez na história, a internet, com investimento de R$ 2,391 bilhões (39,6%), superou a TV aberta, cuja participação foi de R$ 2,256 bilhões (37,4%) da verba publicitária disponível no segundo trimestre do ano.

Este é o ponto fundamental da questão. Com mais de 317 milhões de visualizações, Nikolas Ferreira conseguiu uma visibilidade que nem o Jornal Nacional seria mais capaz de oferecer, mostrando que as redes sociais já superam amplamente a audiência da TV aberta no país.

RECADO ENTENDIDO – Ficou comprovado também que o deputado mineiro, usando uma linguagem simples, conseguiu que a imensa maioria da população entendesse o que ele informava.

Pesquisa publicada pela Quaest na última sexta-feira (17) revelou que 88% dos brasileiros já estavam cientes das mudanças nas normas de fiscalização do Pix e que 87% ouviram falar sobre a possibilidade de o governo federal implementar uma taxa nas transações realizadas por meio deste sistema.

Não adianta o PT querer investigar e prender o deputado. A melhor saída é fazer um governo melhor e mais humano, que estude e adote medidas para reduzir privilégios, como os supersalários no serviço público e nas estatais, ao invés de taxar a pequena renda das classes menos favorecidas.

###
P.S.
O PT já foi o Partido dos Trabalhadores, porém não merece mais esse título. No Brasil, o trabalhador infelizmente não está representado nos três poderes. Aliás, jamais esteve. (C.N.)

Trump fala exatamente o que o povo norte-americano tanto queria ouvir

Retorno de Trump é novo pesadelo para a Europa, diz analista político

Trump adora despertar polêmicas e irritar os adversários

Vicente Limongi Netto

Meninas e meninos do canal Globonews não conseguiram esconder o aperreio, xavecos tolos, soberba e críticas amargas com a posse de Donald Trump, pela segunda vez, como Presidente dos Estados Unidos, tornando-se o 47º governante da nação mais poderosa do mundo. 

Aconselho que os amados colegas passem gelol no cotovelo ou ateiem fogo às vestes.  Trump é pragmático. Fala o que a maioria do povo americano quer ouvir. É forte nas redes sociais e sabe falar na televisão.

ERA DE OURO – Galhofeiros aqui e alhures não intimidarão Trump, com análises torpes, desapontadas e superficiais. “A era de ouro dos Estados Unidos começa hoje”, garantiu Trump no discurso de posse, com aplausos dos presentes.

Curiosidade: nem com lupa da Nasa localizei dona Michelle nem Eduardo Bolsonaro nas solenidades do Capitólio, muito menos membros da folclórica comitiva de parlamentares brasileiros.

FÉ EM GANSO – Minha ardorosa torcida e orações pela recuperação do cerebral Paulo Henrique Ganso. Exames preliminares na volta das férias constataram sintomas de miocacrite (inflamação no músculo do coração) do atleta.

 A arte e a maestria do futebol inteligente e objetivo não podem abrir mão da presença e do futebol do meia do Fluminense.  

Um grito de revolta de Caetano Veloso contra a ditadura militar

Caetano Veloso - Alegria, Alegria (3º Festival da MPB - 1967) | Vídeo da  final na descrição

Caetano no III Festival da MPB, em 1967

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor, músico, produtor, escritor, poeta e compositor baiano Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, o genial Caetano Veloso, na letra da canção “Alegria, Alegria” apresentada no III Festival de MPB da TV Record, em 1967, exibia uma das mais belas canções de protesto contra o início do regime militar.

O tempo passou, não há mais ditadura militar, mas a canção continua atualíssima.

ALEGRIA, ALEGRIA
Caetano Veloso

Caminhando contra o vento
Sem lenço, sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou

O sol se reparte em crimes,
Espaçonaves, guerrilhas
Em Cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço, sem documento,
Eu vou

Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome sem telefone
No coração do Brasil

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou

Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou
Por que não, por que não…

Para equipe de Haddad, trajetória de endividamento é o maior desafio

Equipe econômica vê pouco espaço político para nova revisão de gastos

Pedro do Coutto

O crescimento da dívida pública preocupa acentuadamente a Fazenda e o ministro Fernando Haddad vê pouco espaço político para mais cortes. É uma situação realmente complicada, e cuja saída não se vislumbra a curto ou médio prazo. A piora na trajetória da dívida pública para os próximos anos acendeu o alerta dentro da equipe econômica para a necessidade de tentar reverter expectativas negativas, embora as resistências políticas a medidas adicionais de revisão de gastos ou aumento de receitas sejam um obstáculo ao governo de Lula da Silva.

Assessores de Haddad destacam que as contas públicas de 2024 apresentam uma melhora em comparação a 2023, com chances reais de o país atingir um superávit nos próximos anos. No entanto, esse avanço pode não ser suficiente para estabilizar a dívida pública. A equipe econômica já reconhece a necessidade de buscar novas fontes de receita para equilibrar o Orçamento de 2025 — um desafio que enfrenta resistência no Congresso e se tornou ainda mais sensível após a recente disseminação de fake news sobre a suposta taxação do Pix, prontamente desmentida pelo governo Lula.

DÍVIDA  – Em dezembro, o Tesouro Nacional estimou que a dívida bruta do Brasil pode alcançar um pico de 83,1% do Produto Interno Bruto em 2028, caso o governo não consiga aprovar novas medidas de arrecadação. No entanto, esses números podem estar subestimados, já que foram calculados com base em uma taxa de juros inferior à atual. De acordo com as expectativas do mercado, o endividamento pode superar 90% do PIB em 2029, sem perspectiva de redução.

Grande parte dessa deterioração está relacionada ao aperto na política monetária. Quase metade da dívida federal está atrelada à taxa básica de juros, a Selic, que foi elevada para 12,25% ao ano, com mais dois aumentos de um ponto percentual cada já previstos para o início de 2025. Além disso, há um consenso de que o governo precisa melhorar a coordenação das expectativas e evitar ruídos em torno de suas medidas econômicas.

O Banco Central já destacou em seus comunicados que a condução da política fiscal é um elemento determinante nas decisões sobre os juros. A percepção dos agentes econômicos em relação ao pacote de medidas fiscais influenciou de forma relevante os preços dos ativos no mercado financeiro. Embora considerado tímido por economistas — avaliação contestada pelo governo —, o pacote foi ainda mais enfraquecido pelo Congresso Nacional. Além disso, a equipe do ministro Fernando Haddad perdeu a disputa interna que vinculou o pacote de gastos à ampliação da isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física para rendas de até R$ 5 mil.

PROPOSTAS – Apesar de ter sido celebrada pela ala política do governo, essa medida acabou ofuscando as propostas de contenção de despesas e aumentou a incerteza do mercado sobre o compromisso do presidente Lula com o ajuste fiscal. Embora o projeto ainda não tenha sido formalmente enviado ao Congresso, o anúncio resultou em uma disparada do dólar, que ultrapassou R$ 6, e levou as taxas de juros a atingir recordes históricos.

A Fazenda, segundo reportagem da Folha de S. Paulo deste domingo, deixou evidente o caráter preocupante da questão que impede o governo de realizar uma série de obras que estão em seu calendário. O ministério assim fica atrelado a uma verdadeira teia diante de uma situação de grande pressão. Seria importante traduzir para números absolutos a incidência de percentuais sobre as operações financeiras. Um desses sentidos se refere à observação concreta do peso do endividamento.Os governos não costumam fazer isso.

Quando o governo percebe que não há espaço para mais cortes, ele fortalece a ideia de que está completamente confuso quanto às ações que tem colocado em prática. São coisas que precisam ser encaradas de frente, uma vez que uma das maiores preocupações do Tesouro Nacional é ter que sofrer pressões por uma carga cada vez maior pela impressão de mais papéis. A diferença entre a dívida e a arrecadação pública aumenta cada vez mais. O desafio para Lula é encontrar uma saída para ter algo a oferecer.

Barroso não conseguiu responder às críticas do Estadão ao Supremo

Charge 14/07/2023

Charge do Marco Jacobsen (Folha de Londrina)

Carlos Newton

A pedido do comentarista Dorivaldo Carlos Vieira da Silva, estamos publicando o artigo insípido, incolor e inodoro que o ministro Luís Roberto Barroso publicou no Estadão, para reclamar das críticas que o mais antigo jornal brasileiro tem feito ao Supremo Tribunal Federal.

Vieira da Silva considerou uma falha da Tribuna da Internet não ter divulgado as “desculpas” de Barroso, e tem toda razão.

###
O STF QUE O ‘ESTADÃO’ NÃO MOSTRA
Luís Roberto Barroso

No último ano, o jornal O Estado de S. Paulo produziu mais de 40 editoriais tendo por objeto o Supremo Tribunal Federal (STF) ou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgãos que presido. Por um lado, tal fato revela a importância que o Judiciário tem na vida brasileira, seu papel na preservação da estabilidade institucional e nas conquistas da sociedade.

O Brasil é o país que ostenta o maior grau de judicialização do mundo, o que revela a confiança que a população tem na Justiça. Do contrário, não recorreria a ela.

TOM RAIVOSO – E, no entanto, praticamente todos os editoriais foram duramente críticos, com muitos adjetivos e tom raivoso. Ainda que não deliberadamente, contribuem para um ambiente de ódio institucional que se sabe bem de onde veio e onde pretendia chegar.

Ao longo do período, o jornal não vislumbrou qualquer coisa positiva na atuação do STF ou do CNJ. Faz parte da vida. Parafraseando Rosa Luxemburgo, liberdade de expressão é para quem pensa diferente. Mas o que existe está nos olhos de quem vê.

Passaram despercebidas algumas transformações relevantes e perenes para o Judiciário. Foram criados os Exames Nacionais da Magistratura e dos Cartórios, para garantir mais qualidade e integridade nos concursos dessas carreiras.

PRINCIPAIS MEDIDAS – Foram implementadas resoluções que estabeleceram: paridade de gênero nas promoções por merecimento para os tribunais; redução de milhares de reclamações trabalhistas mediante homologação das rescisões pela Justiça do Trabalho.

E mais: aumento expressivo da arrecadação dos municípios pela exigência de prévio protesto da certidão de dívida ativa antes do ajuizamento da execução fiscal; extinção de mais de 4 milhões de execuções fiscais inviáveis.

Além disso, envio de mais de R$ 200 milhões para ajudar a recuperação do Rio Grande do Sul, com verbas das penas pecuniárias que estavam em juízo, em meio a inúmeras outras medidas.

PRODUTIVIDADE – O Supremo Tribunal Federal é o tribunal mais produtivo do mundo, tendo proferido mais de 114 mil decisões apenas em 2024. Entre elas, destacam-se: enfrentamento ao etarismo, permitindo que maiores de 70 anos escolham o regime de bens do casamento; rejeição ao assédio judicial a jornalistas.

E ainda:  imposição de um critério mínimo de reajuste para o FGTS dos trabalhadores; execução imediata da pena após condenação pelo Tribunal do Júri; enfrentamento à judicialização da saúde, com a previsão de critérios para fornecimento de medicamentos.

Assim como a atuação decisiva no acordo de Mariana (MG), que resultou na destinação de R$ 170 bilhões para vítimas do desastre.

OUTRAS DECISÕES – Naturalmente, toda e qualquer decisão é passível de divergência ou crítica. Menciono algumas referidas nos editoriais. O STF de fato determinou o uso de câmeras na farda em operações policiais militares.

Há quem ache que a violência policial descontrolada contra populações pobres é uma boa política de segurança pública. Mas não é o que está na Constituição.

O STF ordenou a elaboração de um plano para o sistema prisional. Há quem ache natural presos viverem sob condições indignas de violência e insalubridade. Mas não é o que está na Constituição.

USO DE DROGAS – O tribunal estabeleceu qual a quantidade de drogas distingue porte para consumo pessoal e tráfico. Há quem ache natural a polícia decidir que a mesma quantidade nos bairros de classe média alta é porte e na periferia é tráfico, em odiosa discriminação de classe e de raça. Mas não é o que está na Constituição.

Por igual, é possível ser contra a demarcação de terras indígenas e a favor de invasores, grileiros, garimpeiros ilegais e os que extraem ilicitamente madeira. Mas não é o que está na Constituição. Da mesma forma, há quem fique indiferente diante do desmatamento, das queimadas e da destruição dos biomas brasileiros. Mas não é o que está na Constituição.

Em suma, é possível não gostar da Constituição e do papel que ela reservou para o Supremo Tribunal Federal. Mas criticar o Supremo por aplicar a Constituição é que não é justo.

AFÃ POR HOLOFOTES – A referência ao “afã por holofotes” tem pouco sentido. Nós julgamos “na frente dos holofotes”, com transmissão por TV aberta. É a lei. Somos o tribunal mais transparente do mundo. Desagradar segmentos importantes faz parte do trabalho de bem interpretar a Constituição.

Os editoriais procuram dar especial ênfase a pesquisas de opinião com porcentuais negativos. Tais pesquisas revelam, no máximo, o que um grupo de pessoas pensa, e não o que é a verdade.

Quando o Supremo determina a desintrusão de 5 mil garimpeiros de uma terra que possuía mil indígenas, uma pesquisa na região revelaria grande impopularidade do tribunal.

COISAS DIFERENTES – Popularidade e legitimidade são coisas completamente diferentes. A propósito, nenhum ministro do STF recebe remuneração acima do teto constitucional.

O Supremo Tribunal Federal tem três grandes missões: assegurar o governo da maioria, preservar o Estado de Direito e proteger os direitos fundamentais.

Sob a Constituição de 1988, temos 36 anos de eleições regulares, estabilidade institucional e avanço nos direitos de todos os brasileiros, inclusive de mulheres, negros, gays, comunidades indígenas e pessoas com deficiência. Com plena liberdade de expressão, inclusive para críticas injustas. Sinal de que, mesmo sendo impossível agradar a todos, temos cumprido bem o nosso papel.

###
BARROSO NÃO RESPONDEU NENHUMA CRÍTICA

Barroso usou um artifício. Ao invés de responder às críticas do Estadão, que foram feitas com a mesma intensidade  pela Folha e até pelo Globo, com menor entusiasmo, o presidente do Supremo simplesmente mudou de assunto.

As críticas dos jornalões ao STF se referem à reintepretação” de leis, como a criação de “flagrante perpétuo”, “presunção de culpa”, “inquérito do fim do mundo”, “fiança para crimes inafiançáveis”, “censura prévia nas redes sociais, com processo sigilosos”.

OUTRAS CRÍTICAS – Os jornais condenam também a decisão individual de um ministro para perdoar dívidas de cerca de R$ 20 bilhões de empresários que confessaram crimes de corrupção ativa, inclusive do amigo do amigo de meu pai.

Também foi criticada a aceitação de que mulheres e filhos de ministros exerçam advocacia em causas do Supremo, assim como a aprovação do festival de penduricalhos que engordam salários de juízes, procuradores etc., sob os auspícios do Supremo.  

A mídia condena, ainda, a promiscuidade de ministros com empresários corruptos em seminários no exterior, bancados por estatais, com participação de magistrados que só viajam acompanhados de seguranças. E Barroso não deu uma só palavra sobre tudo isso. Só faltou repetir: “Perdeu, mané!”. (C.N.)

Uma desesperada declaração de amor, na sensibilidade de Adalgisa Nery

Há 43 anos morria a poetisa carioca Adalgisa Nery | Eliomar de Lima | OPOVO+Paulo Peres
Poemas & Canções

Nesse poema, a jornalista e poeta carioca Adalgisa Maria Feliciana Noel Cancela Ferreira (1905-1980), mais conhecida como Adalgisa Nery, por ter sido casada com o pintor Ismael Nery, fala do seu amor em todos os sentidos.

EU TE AMO
Adalgisa Nery

Eu te amo
Antes e depois de todos os acontecimentos
Na profunda imensidade do vazio
E a cada lágrima dos meus pensamentos.

Eu te amo
Em todos os ventos que cantam,
Em todas as sombras que choram,
Na extensão infinita do tempo
Até a região onde os silêncios moram.

Eu te amo
Em todas as transformações da vida,
Em todos os caminhos do medo,
Na angústia da vontade perdida
E na dor que se veste em segredo.

Eu te amo
Em tudo que estás presente,
No olhar dos astros que te alcançam
Em tudo que ainda estás ausente.

Eu te amo
Desde a criação das águas,
desde a ideia do fogo
E antes do primeiro riso e da primeira mágoa.

Eu te amo perdidamente
Desde a grande nebulosa
Até depois que o universo cair sobre mim
Suavemente.

Haddad diz que Bolsonaro pode estar por trás de notícias falsas sobre Pix

Bolsonaro e sua família têm sido alvo de fiscalizações da Receita

Pedro do Coutto

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou suspeitar que o ex-presidente Jair Bolsonaro esteja envolvido na disseminação de notícias falsas sobre uma suposta taxação de transações via Pix. Ele atribuiu essa campanha a descontentamentos de Bolsonaro com investigações realizadas pela Receita Federal contra ele e sua família.

“Tenho para mim que Bolsonaro está um pouco por trás disso, porque o PL financiou o vídeo do Nikolas”, disse Haddad à CNN Brasil, referindo-se ao deputado Nikolas Ferreira, que fez insinuações sobre uma possível taxação futura do Pix. Fabio Wajngarten, ex-chefe de Comunicação do governo Bolsonaro, rebateu a acusação, chamando a fala de Haddad de “mentirosa” e prometendo processá-lo.

DESINFORMAÇÃO – A polêmica teve origem em uma norma da Receita Federal, que entrou em vigor este mês. A medida gerou desinformação sobre uma possível tributação do Pix, levando à revogação da norma. Haddad apontou que o desconforto de Bolsonaro com a Receita estaria relacionado a investigações envolvendo compra de imóveis, o caso das joias e a rachadinha. O ministro também comparou a propagação de desinformação a um vírus e defendeu a atuação do governo para corrigir as informações falsas.

Sobre sua postura mais enfática, Haddad justificou: “Foi uma agressão tão grande ao Estado brasileiro que decidi adotar esse tom”.  Ao ser questionado sobre sua postura firme em relação ao ex-presidente, Haddad explicou que adotou um tom mais enfático por considerar o episódio “uma agressão tão grande ao Estado brasileiro”.

COMUNICAÇÃO – A questão do Pix e da desinformação propagada pela oposição ratifica que o governo precisa alinhar a sua comunicação. A partir do momento em que recuou e revogou à norma, abriu precedentes para que bolsonaristas tentem reforçar seus discursos nas redes sociais, mesmo que às custas das falsas informações, para tentar minas as ações do Planalto.

Conforma já dito, o presidente Lula da Silva decidiu reformular o sistema de comunicação de seu governo que não está apresentando os resultados esperados , deixando passar em branco programadas da mais alta importância e cuja divulgação acrescentaria pontos importantes para a sua administração e para a campanha de 2026. Lula será candidato à reeleição, é claro, até porque não existe outro nome capaz de reunir tantas correntes eleitorais.

DIVULGAÇÃO – É verdade, entretanto, que muito do que já foi conquistado não tem sido divulgado, caindo no esquecimento quanto aos fatores de mobilização da sociedade. A população deve ser informada semanalmente, e não se expor à confusão armada pelos que tentam minar os projetos em andamento.

A presença do governo nas redes sociais constitui uma lacuna que precisa ser preenchida, pois com o passar do tempo perde-se oportunidades de fazer chegar à opinião pública o que está sendo realizado e de que forma os projetos têm sido concretizados.

INVESTIMENTOS – Há ministérios que não estão funcionando adequadamente e os seus titulares não se motivam, fazendo com que as divulgações necessárias não sejam feitas de forma correta e efetiva. A taxa de investimentos públicos subiu acentuadamente, mas a propagação das ações não acompanhou essa evolução com o que seria paralelamente o avanço dos investimentos públicos.

O presidente Lula tem todas as condições para divulgar o seu governo, e realizações nele contidas. Não faltam resultados concretos, basta que a sua comunicação seja também efetiva.

Acredite se quiser, Bolsonaro tem chance de ser candidato em 2026

Sem anistia para golpista | Brasil 247

Charge do Nando Motta (Brasil 247)

Carlos Newton

Jair Bolsonaro teve a sua chance e não aproveitou. Fez tanta coisa errada, achando estar dentro das quatro linhas da Constituição, que acabou perdendo a reeleição e emparedando sua carreira no futuro próximo. Apesar de ter sido condenado na Justiça Eleitoral e estar agora respondendo a diversos inquéritos no Supremo, mesmo assim Bolsonaro ainda acredita em recuperar a elegibilidade, e realmente há condições de acontecer esse milagre político, acredite se quiser.

Reforçada pelo criminalista Celso Vilardi, a equipe jurídica está trabalhando simultaneamente em várias possibilidades. A primeira dela é apresentar uma ação rescisória no Tribunal Superior Eleitoral para reverter a condenação, que os advogados consideram “discutível”, porque o placar foi de 5 a 2.

NÃO É PROIBIDO – Sabemos que sonhar não é proibido nem paga imposto. Mas a defesa pode apresentar uma ação rescisória para rediscutir a inelegibilidade em agosto de 2026, com a nova composição do TSE, dois meses antes da eleição.

Nunes Marques assumirá a presidência do tribunal e André Mendonça também estará no colegiado. Seriam dois votos a favor de Bolsonaro, que precisa do apoio de quatro dos sete ministros. E desta vez Cármen Lúcia será substituída por Dias Toffoli, visto por Eduardo Bolsonaro, como “mais equilibrado” que a antecessora, segundo o repórter Augusto Tenório, do Metrópoles.

Assim, ficaria faltando apenas um dos quatro votos restantes de ministros provisórios para devolver a elegibilidade de Bolsonaro.

VOTAR A ANISTIA – Outra possibilidade é a anistia. Com toda certeza o Congresso vai votar uma lei de anistia agora em 2025 e Bolsonaro tem esperanças na aprovação. Segundo a jornalista Eliane Cantanhêde, os comandantes militares estão interessados na concessão do benefício, que atenderia também os condenados do 8 de Janeiro.

Essa possibilidade é considerada factível, porque o próprio presidente Lula estaria interessado, para possibilitar a candidatura de Bolsonaro, que o petista considera mais fácil de derrotar do que outro candidato de direita, como Tarcísio de Freitas ou Ratinho Júnior.

Por fim, Bolsonaro afirmou neste sábado que sonha também com a ajuda do presidente americano Donald Trump, mas é uma ilusão à toa, porque essa possibilidade simplesmente não existe.

###
P.S.
Parece brincadeira, mas Bolsonaro realmente tem chance de reverter a situação. O Tribunal Superior Eleitoral é formado por sete juízes: três do Supremo, dois do Superior Tribunal de Justiça e dois advogados especialistas. Bolsonaro já tem dois votos e precisa de mais dois. Um deles pode ser de Toffoli, caso Lula peça que ele absolva Bolsonaro. Mas a maior chance é a anistia pelo Congresso, devido às condenações excessivas determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, que ainda não apreendeu que na vida o radicalismo não leva a nada. Comprem pipocas. (C.N.)

Lula pretende repetir a História como farsa, e essa bagaça não vai dar certo

Sorriso Pensante-Ivan Cabral - charges e cartuns: Charge do dia: Esse Mister Lula....

Charge do Ivan Cabral (Sorriso Pensante)

Carlos Newton

Ao ser eleito e montar o ministério, Lula agiu com a esperteza de sempre. Escalou Fernando Haddad, o melhor quadro do PT, para gerir a estratégica equipe econômica, mas ao mesmo tempo o enfraqueceu, ao nomear a então senadora Simone Tebet para o Planejamento, dividindo a gestão.

Com essa manobra, evitou seguir o exemplo de Bolsonaro, que criou o Ministério da Economia para Paulo Guedes com plenos poderes, todos lembram o “posto Ipiranga”. Lula, porém, preferiu manter Haddad sob controle e também evitar o crescimento político de Simone Tebet, que teve excelente votação, foi vital para a vitória do PT e podia despontar como alternativa política.

MALANDRAGEM DEMAIS – Essa mania de bancar o malandro, para não dividir o poder, é uma característica antiga de Lula, que nunca deixou que surgisse no PT um líder com prestígio para sucedê-lo.

Malandragem demais é um comportamento danoso, que traz resultados posteriores, como está acontecendo agora com Lula e o PT – um presidente com prazo de validade vencido, comandando um partido também em final de carreira, cujas perspectivas de ficar no poder dependem diretamente de Lula e de suas condições físicas e mentais para encarar a campanha de 2026.

Ao invés de incorporar a seriedade e a majestade do poder, Lula faz o contrário e assume um chapéu de malandro que é marca registrada do carnaval carioca, e não tira mais da cabeça, para fingir que a vida é uma festa.

À BEIRA DO CAMINHO – Haddad, que já confidenciou pouco entender de economia, respeita seus assessores e tenta encontrar o caminho certo, mas Lula atrapalha o quanto pode, com sua patética teoria econômica de que gasto é investimento.

Surgem vozes dissidentes dentro do próprio PT. O ex-ministro e ex-governador gaúcho Tarso Genro, escanteado da direção partidária por Lula, diz que o problema do governo vai além da comunicação.

Em entrevista a Leonardo Fuhrmann, do PlatôBR, o ex-ministro afirma que, neste terceiro mandato de Lula, falta apresentar quais são os programas prioritários e discuti-los com a sociedade, que, segundo ele, está muito mais exigente do que nos mandatos anteriores.

###
P.S.
Em 2002, a sociedade elegeu Lula porque não aguentava mais políticos enganadores como Sarney, Maluf e FHC. Agora, o fenômeno se repete, os brasileiros já estão fartos de Lula e anseiam por um presidente de verdade, que entenda um mínimo de economia, para não permitir que o Brasil se torne numa imensa Argentina, podemos dizer, parafraseando Chico Buarque e Ruy Guerra na peça “Calabar”. (C.N.)

A criatura que dominou Waly Salomão para fazer versos “como quem morde”

Um poema-manifesto de Waly Salomão, propondo que se adote um frenesi pela  vida - Flávio ChavesPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado e poeta baiano Waly Dias Salomão (1943-2003), no poema “Amante da Algazarra”, fala sobre uma criatura sobrenatural que se apoderou dele para fazer versos em seu lugar.

AMANTE DA ALGAZARRA
Waly Salomão

Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto.
É ela !!!

Todo mundo sabe, sou uma lisa flor de pessoa,
Sem espinho de roseira nem áspera lixa de folha de figueira.
Esta amante da balbúrdia cavalga encostada ao meu sóbrio ombro
Vixe!!!

Enquanto caminho a pé, pedestre – peregrino atônito até a morte.
Sem motivo nenhum de pranto ou angústia rouca ou desalento:
Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto
E se apossou do estojo de minha figura e dela expeliu o estofo.

Quem corre desabrida
Sem ceder a concha do ouvido
A ninguém que dela discorde
É esta selvagem sombra acavalada que faz versos como quem morde.

Governo Lula e seus jornalistas amestrados tentam destruir Nikolas Pereira

Vídeo de Nikolas contra fiscalização do Pix tem 153 mi views

Nikolas Ferreira é o novo fenômeno da política

Carlos Newton

Tem situações em que é preciso baixar a bola, deixar a poeira assentar, para depois começar de novo. Como dizia o magistral compositor Paulo Vanzolini, “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima…”. Neste terceiro mandato, já com a validade vencida, Lula da Silva não sabe o que fazer e não pode mais culpar a Secretaria de Comunicação (Secom) nem o Banco Central (BC).

Nesta quarta-feira, com a Secom em festa já sob nova direção, o fracasso subiu à cabeça de todos, com o discurso do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre monitoramento do Pix.

SEM FAKE NEWS – O Planalto revidou colocando a tropa em campo e convocando os jornalistas amestrados, que passaram a atacar pesadamente Nikolas Ferreira, que tem apenas 28 anos e já se tornou um líder político de renome nacional.

Na GloboNews, os jornalistas foram ao cúmulo de classificar o parlamentar como “criminoso”, por ter difundido fake news de taxação do Pix. Bem, tomei o cuidado de assistir várias vezes ao vídeo do deputado e posso garantir que não houve fake news.

Ele se limitou a repetir informações da Receita Federal de que as movimentações financeiras acima de R$ 5 mil estão sendo monitoradas desde o dia 1º. Antes, o piso era de R$ 10 mil.

SEM TAXAÇÃO – No vídeo, o parlamentar mineiro afirmou e reafirmou que o Pix não será taxado. Ou seja, não criou nenhuma fake news. Apenas se reservou ao direito de duvidar se, mais para a frente, poderá haver taxação, porque não consegue acreditar no que o governo anuncia, citando diversos exemplos.

Com ou sem mandato parlamentar, todo brasileiro tem direito à liberdade de expressão, que exercemos permanentemente aqui na Tribuna da Internet, 365 dias ao ano.

Como é deputado federal e tem mandato para falar em nome do povo, Nikolas Ferreira tem um direito à liberdade de expressão ainda mais expandido do que o cidadão-contribuinte-eleitor, como dizia  mestre Helio Fernandes.

###
P.S. 1
Foi triste, muito triste ver jornalistas renomados a esculachar o deputado Nikolas Ferreira, acusando-o de ter criado uma fake news que absolutamente não existiu. Ele é jovem para a política, tem todo o direito de errar, mas isso não aconteceu. Quem errou foram esses experimentados jornalistas que não se envergonham de defender um governo de péssima qualidade, que está inteiramente baratinado, não sabe o que fazer nem aonde ir. Para defender esse estrupício petista, os jornalistas não se envergonharam de inventar uma fake news que jamais ocorrera.

P.S. 2Nikolas Ferreira nasceu na favela Cabana do País Tomas, filho de um pastor evangélico. Formou-se em Direito e entrou na política, elegendo-se vereador em 2020, como o segundo mais votado em Belo Horizonte. Decididamente, ele não veio ao mundo a passeio.  (C.N.)

Um poema que mostra até que ponto chegava o amor de Vinicius de Moraes

Os 10 melhores poemas de Vinícius de MoraesPaulo Peres
Poemas & Canções

O diplomata, advogado, jornalista, dramaturgo, compositor e poeta , Vinícius de Moraes (1913-1980) foi um poeta essencialmente lírico, e notabilizou-se pelos seus sonetos, como o belíssimo “Soneto do Amor Total”, que se refere a sua realidade interior do poeta, confessando seus sentimentos dirigidos à pessoa amada.

SONETO DO AMOR TOTAL
Vinicius de Moraes

Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, como grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo, de repente
Hei-de morrer de amar mais do que pude.

Mercado aponta desconfiança de investidores e cobra controle dos gastos

Charge do Cazo (blogdoaftm.com.br)

Pedro do Coutto

Nos últimos meses, o governo brasileiro enfrenta dificuldades crescentes para comercializar títulos da dívida pública, em meio ao aumento expressivo das taxas, que alcançaram patamares históricos. Segundo analistas financeiros, o cenário é influenciado pela desconfiança dos investidores em relação ao País e pela pressão por medidas concretas de controle de gastos. O Tesouro Nacional, no entanto, assegura que não há crise de confiança, destacando uma demanda estável, apesar das turbulências do mercado.

A taxa de sucesso na colocação de títulos indexados à inflação caiu de 77% em janeiro de 2024 para 52% em dezembro, ao comparar a oferta total do Tesouro com o volume efetivamente vendido.  Na prática, os investidores passaram a exigir prêmios maiores — ou seja, rendimentos mais elevados — para aplicar recursos no Brasil. Em dezembro, o Tesouro Nacional chegou a suspender leilões em diversas ocasiões devido à alta volatilidade do mercado.

CLIMA TRANQUILO – Em 2025, os agentes financeiros iniciaram o ano com um clima ligeiramente mais tranquilo, embora os preços continuem elevados. No único leilão realizado até agora pelo Tesouro com títulos indexados à inflação, os papéis foram negociados a uma taxa média de 7,72% para vencimento em cinco anos — um aumento significativo em comparação aos 5,38% registrados no mesmo período do ano anterior. Para efeito de comparação, durante o governo Dilma, a maior taxa alcançada foi de 7,75% em 2015, para títulos com vencimento em quatro anos.  

Com despesas superiores à arrecadação, o governo recorre à venda de títulos da dívida pública — captando recursos no mercado financeiro — para financiar suas ações. No entanto, essa estratégia aumenta o endividamento, pois o montante captado precisa ser pago com juros no futuro. A situação se agrava com o déficit nas contas públicas, levando os investidores a exigir taxas mais altas. O déficit nominal, que inclui as despesas governamentais e os juros da dívida, alcançou R$ 1,1 trilhão nos 12 meses até novembro, segundo os dados mais recentes.

CUSTOS – O aumento das taxas, combinado à venda de títulos com prazos mais curtos, eleva os custos para o governo manter suas políticas e administrar a dívida.  O cenário é ainda mais crítico devido ao fim dos juros negativos no mercado externo, o que incentiva a saída de recursos do Brasil, como já se observa entre investidores estrangeiros.

Diante desse cenário, o governo tem priorizado a venda de títulos com prazos mais curtos e taxas flutuantes, como o Tesouro Selic, que exigem pagamento em prazos menores. Em novembro, esses papéis representaram 61% das emissões, elevando sua participação no estoque da dívida para 46%. O aumento da taxa Selic agrava o custo dessa dívida, ampliando a pressão fiscal.

Nos primeiros cinco meses deste ano, o Tesouro precisará liquidar R$ 740 bilhões em títulos públicos vencidos. Além disso, há o déficit das contas públicas, o que amplia a necessidade de financiamento. A situação exige atenção e demanda o retorno a uma política fiscal mais rigorosa, com medidas adicionais além das aprovadas em dezembro e posteriormente diluídas no Congresso.

PACOTE – O governo aprovou um pacote de corte de gastos no Congresso Nacional no fim do ano, mas as medidas foram desidratadas. O mercado desconfia dos números divulgados pelo Poder Executivo e acredita que o ajuste não é suficiente para reequilibrar as contas públicas.

Agora, a expectativa na apresentação de novas ações aumenta. A equipe econômica, porém, não dá sinais concretos nesse sentido e ainda precisa votar projetos que ficaram pelo caminho, como a mudança na aposentadoria dos militares e o combate aos supersalários do funcionalismo. Mais um capítulo a ser enfrentado pelo governo Lula.