Os belos tempos de criança de Ataulfo Alves em seu pequeno Miraí

Ataulfo Alves - Na Cadência do Samba

Sempre elegante, o grande Ataulfo Alves

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor mineiro Ataulfo Alves de Souza (1909-1969) utilizou grande beleza poética para compor o nostálgico samba “Meus tempos de criança” (conhecido também como “Meu pequeno Miraí”), gravado por ele próprio, em 1956, pela Sinter, cuja letra traz lembranças de sua infância feliz em Miraí.

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MEUS TEMPOS DE CRIANÇA
Ataulfo Alves

Eu daria tudo que tivesse
Pra voltar aos tempos de criança
Eu não sei pra que que a gente cresce
Se não sai da gente essa lembrança

Aos domingos missa na matriz
Da cidadezinha onde eu nasci
Ai, meu Deus, eu era tão feliz
No meu pequenino Miraí

Que saudade da professorinha
Que me ensinou o beabá
Onde andará Mariazinha
Meu primeiro amor onde andará?

Eu igual a toda meninada
Quanta travessura que eu fazia
Jogo de botões sobre a calçada
Eu era feliz e não sabia

Se o pecado da esquerda é a vaidade moral, o da direita é truculência

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Charge do Vêrsa (Arquivo Google)

Luiz Felipe Pondé
Folha

A direita é contra a cultura? Não responda a essa pergunta com pressa. O que Donald Trump vem fazendo com algumas universidades americanas é um exemplo de crassa estupidez, além de ferir, de fato, a autonomia de cátedra da universidade.

Autonomia de cátedra —ou liberdade de cátedra— é um princípio regulador e institucional antigo que prevê a liberdade plena de um professor ensinar, pensar, escrever e estudar o que ele julgar condizente com a missão da universidade —gerar ideias, formação profissional, liberdade de pensamento, aprofundar o conhecimento científico e conceitualmente consistente.

SEM INTERVENÇÃO – Um governo não pode interferir no cotidiano de uma universidade. Isso é um claro ato de vocação totalitária.

A pergunta que devemos fazer é: a autonomia de cátedra hoje, seja nos Estados Unidos, seja no Brasil, seja na Europa, seja na América Latina, como um todo, existe? Ou a gestão interna da universidade já a aboliu por meio dos jogos corporativos, das ideologias hegemônicas — hoje de esquerda descaradamente —, dos truques das reitorias, das instâncias colegiadas e dos conselhos universitários internos?

Ou será que a burocracia que emana das instâncias reguladoras (no Brasil, a Capes) já não destruiu a criatividade dos professores, que correm em busca de métricas que os ajudem a ganhar financiamentos? Lembrando que essas instâncias tendem a ser colonizadas pela mesma ideologia que domina a universidade.

FAZER EXCLUSÃO – Uma das formas maiores de violência interna às instituições é a exclusão de pessoas da sociabilidade entre os colegas. Um pouco como se fazia com pecadores e hereges noutras épocas.

Harvard ou Columbia não escapam dessas mazelas. A rede de destruição da liberdade de cátedra em favor de consórcios ideológicos e políticos é internacional. E o trânsito internacional vale ouro para as agências de aferição de produtividade.

É comum ver nas universidades hoje carreiras sendo destruídas, objetos de pesquisa para mestrado e doutorado sendo recusados, colegas ou alunos serem alvos de assédio moral, simplesmente porque não fariam parte do consórcio ideológico ou porque seus interesses de pesquisa não se alinham aos objetivos carreiristas de muitos professores. A verdade é que as universidades não têm mais liberdade de cátedra.

LETRA MORTA – A liberdade de expressão virou letra morta. Se o pecado capital da esquerda é a vaidade moral, o da direita é a truculência. Essa truculência torna a direita burra na sua relação com as universidades, principalmente na área de humanas.

Seus agentes pensam que nelas só existem maconheiros, vagabundos e preguiçosos —senão teriam feito engenharia ou medicina. Para a direita só vale a técnica e a gestão. Pensa que é científica, enquanto a esquerda seria considerada das humanas.

Mas, evidentemente, essa opinião é fruto da ignorância que grassa entre a maioria da direita. Aliando-se via redes sociais ao “povo”, a direita multiplica sua ignorância repetindo a do senso comum. A esperança deles é acabar com a “universidade de esquerda”, como dizem, e com isso assumir o poder pleno da produção de conhecimento no país.

SURTO PASSAGEIRO – É comum ouvir membros da elite econômica dizer que o surto do filho de fazer documentários de esquerda e votar no PSOL passará logo. Mas o fato é que numa das áreas de maior impacto na sociedade essa ideia não funciona. Na área do direito, do Ministério Público e da magistratura.

Enquanto todos olhavam para os partidos políticos populistas de esquerda, a revolução está vindo do poder Judiciário. Brasil, Estados Unidos, França e Israel são apenas alguns exemplos. A ideia de que a magistratura e o Ministério Público têm missão civilizadora é apenas um dos modos do sintoma.

Outra área menosprezada pela direita —que, assim, como as universidades, só se lembra dela para xingar —é a formação dos profissionais da imprensa, um reduto, na sua imensa maioria, nas garras da esquerda.

AGÊNCIAS DO GOVERNO – Esse esquerdismo enviesa quase totalmente seus conteúdos, no caso do Brasil hoje, criando agências envergonhadas do governo Lula.

Vale salientar que o viés à direita, que existe em alguns veículos, faz um contraponto, mas o risco de virarem redutos do fundamentalismo bolsonarista é muito grande.

As fundações culturais também são objeto de desprezo e maus-tratos por parte de governos de direita. Eles parecem crer que basta matá-las de fome para que o “problema” seja sanado, em vez de buscarem quadros competentes na área que não sirva ao populismo de esquerda em voga no momento. Afora o fato de que essas áreas são um salve-se quem puder. Enfim, se alguém capaz acordar dessa estupidez, será tarde: a cultura já será um lixo.

Caso Stefanutto expõe as fissuras na máquina previdenciária brasileira

Ex-presidente do INSS revela “susto” com operação da PF

Pedro do Coutto

A operação da Polícia Federal que investiga um esquema bilionário de desvios na folha de pagamento de aposentados e pensionistas do INSS não apenas abalou os alicerces da maior autarquia federal, como trouxe à tona mais uma crise política silenciosa — e sintomática. No centro do escândalo, o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que deixou o cargo em abril após ser afastado por ordem judicial, agora tenta se descolar do epicentro do furacão.

Em entrevista à CNN Brasil, Stefanutto adotou um discurso de surpresa e indignação. Disse ter sido acordado pela PF em uma cena “inesperada e difícil”, e garantiu que nunca havia se envolvido em qualquer investigação policial ao longo de sua carreira no serviço público. O tom, no entanto, pareceu mais de defesa do que de esclarecimento. Diante da gravidade dos fatos — e das cifras bilionárias em jogo —, o silêncio ou a surpresa não bastam.

DESCONTOS – A retórica do ex-presidente foca em medidas administrativas supostamente adotadas durante sua gestão para conter os chamados “descontos associativos” — um eufemismo, aliás, para a engrenagem de fraudes que agora se revela. Stefanutto faz questão de destacar que muitos dos mecanismos de segurança hoje utilizados foram criados por ele. Ainda assim, o escândalo estourou sob sua presidência, e a profundidade da suposta fraude levanta dúvidas incômodas sobre a real eficácia — ou seriedade — dessas medidas.

Seu afastamento e posterior demissão pelo presidente Lula da Silva foram lidos por muitos como uma tentativa do Planalto de conter o dano político antes que ele contaminasse o discurso de reconstrução institucional que o governo tenta sustentar. Stefanutto, por sua vez, parece ter entendido o gesto, afirmando que considera “natural” sua substituição diante do “desgaste”. Mas, como se sabe, em política, gestos raramente são apenas simbólicos.

CADERNOS – O caso ganhou contornos ainda mais delicados com a revelação, feita pelo jornal O Globo, da existência de cadernos apreendidos pela PF. Neles, constariam anotações que ligam Stefanutto a pagamentos indevidos — incluindo a enigmática menção “Stefa 5%”, supostamente uma alusão à sua parte no esquema. O ex-presidente preferiu não comentar, alegando que sua defesa ainda não teve acesso ao material. Uma resposta protocolar, mas que deixa no ar uma névoa de desconfiança.

A esta altura, o caso vai além da figura de Stefanutto. Ele escancara uma crise sistêmica no INSS, cujos processos internos parecem vulneráveis a esquemas que drenam recursos públicos enquanto milhões de brasileiros aguardam meses por um benefício. Mais do que uma operação da PF, o episódio é um retrato de como a combinação entre burocracia opaca e interesses corporativos pode abrir caminho para a corrupção — mesmo (ou especialmente) quando acompanhada de discursos sobre “legalidade e ordem jurídica”.

O caso Stefanutto é mais do que um episódio isolado de suspeita de corrupção; ele é sintomático de um problema estrutural que atravessa décadas na administração pública brasileira: a fragilidade dos mecanismos de controle interno, a captura institucional por interesses corporativos e a complacência do sistema político com zonas de opacidade administrativa. A folha de pagamentos do INSS, historicamente vulnerável, virou território fértil para esquemas que prosperam na conivência e na negligência.

DESAFIO – O governo Lula, embora tenha reagido com rapidez ao demitir Stefanutto, enfrenta agora o desafio de provar que há real intenção de reformar essas engrenagens corroídas. A substituição de nomes, por si só, não basta. O discurso anticorrupção só será crível se vier acompanhado de uma reforma técnica e profunda nos fluxos de auditoria, nos critérios de nomeações e no monitoramento de entidades conveniadas — muitas vezes operando à margem do interesse público.

Ao fim, o episódio revela o quão distante ainda estamos de um Estado verdadeiramente transparente, onde o zelo com o dinheiro público não dependa apenas da integridade pessoal de ocupantes de cargos-chave, mas de sistemas robustos, impessoais e fiscalizados com rigor. A pergunta que fica, portanto, não é apenas sobre a responsabilidade de Stefanutto — mas sobre o que será feito para que o próximo nome não repita, consciente ou inconscientemente, o mesmo roteiro.

Hoje, na República do Brasil, já sentimos até saudades do oportunista honesto

A ilustração de Ricardo Cammarota foi executada em técnica manual, com pastel oleoso sobre papel. Na horizontal, proporção 13,9cm x 9,1cm, a imagem mostra dois livros fechados, um de frente para o outro. O livro à esquerda é amarelo e o da direita é laranja. Ambos têm olhos desenhados em suas capas, e esses olhos se encaram, ligados por uma linha pontilhada preta que sugere o contato visual. No livro da direita, além do olho, há também um triângulo laranja que representa um nariz, dando-lhe a aparência de um rosto. O fundo é todo rosa com leves variações de tom e algumas áreas em laranja.

Ilustração de Ricardo Cammarota (Folha)

Luiz Felipe Pondé
Folha

“Piece of the action” era uma expressão comum no mundo dos gângsteres americanos. Significava uma parte no ganho final da ação criminosa. Exemplo: gângsteres do INSS roubam aposentados e dividem o ganho. Essa patifaria vai dar em pizza, aliás. A expressão “piece of the action” é o lema da imensa maioria dos delinquentes que exercem sua autoridade abusiva nos três Poderes da República brasileira.

Por inspiração de um colega do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da PUC-SP, o historiador Fernando Amed, num de seus recentes artigos para sua coluna “Behaviour”, ou comportamento, no portal “Offlattes”, do citado laboratório acima, volto ao vaticínio de Platão.

EM NOME DO POVO – Platão já temia que a democracia fosse um regime propício a gerar oportunistas, todos buscando “a piece of the action” em nome do povo. Ainda segundo nosso grande ancestral na filosofia, a democracia seria o regime que antecederia a tirania, sendo esta gerada por aquela.

Não se trata de dizer que todas as democracias modernas seguiram a maldição enunciada por Platão, ainda que a história de nenhuma delas tenha acabado —aliás, nenhuma história acabou.

No caso de Atenas, a democracia era bem precária em todos os sentidos, principalmente quando avaliada pelo ponto de vista das democracias liberais de hoje. Mulheres nunca participariam da assembleia. E a existência da escravidão já é, em si, um absurdo aos nossos olhos.

PLATÃO À BRASILEIRA – Penso noutras precariedades. Penso em fraudes, conspirações, mentiras, corrupção, líderes populistas, perseguições a adversários políticos. Nesse sentido, a democracia brasileira é bem parecida com a ateniense e, portanto, se Platão vivesse no Brasil, provavelmente repetiria sua maldição, com grande chance de acerto.

O personagem oportunista em si povoa grande parte do elenco da vida política nacional. Em todos os níveis da República. Na verdade, na imensa maioria dos casos, a carreira já é pensada de partida sob a categoria do oportunismo atuado como chance de enriquecimento ilícito.

Que fique claro que, assim como Platão, estou pensando para além da oposição entre esquerda e direita. Ele, porque ainda não existia. Eu, porque para mim já não existe mais —o que não significa que não haja diferenças entre as duas gangues, na questão do que cada uma delas usa como justificativa para o exercício do oportunismo.

ACORDOS E SEDUÇÕES – Uma das principais condições para que a democracia seja um regime que gera espaço para oportunistas é, justamente, o fato de ela operar por convencimento. Votos, maiorias, acordos, seduções. E o ser humano sempre foi fácil de convencer quando há promessas de enriquecimento e poder. Quando o povo é soberano —leia-se, elege quem manda—, o que está em jogo é mentir melhor para convencer. Nada disso quer dizer que conheçamos um regime melhor do que a democracia, justamente por sua capacidade de dificultar uma unidade no poder.

Porém, quando este poder converge para si mesmo, a democracia perde seu grande valor e pode ser tão autoritária quanto qualquer outro regime político.

EM NOME DA DEMOCRACIA – Mais recentemente, no Brasil, os oportunistas se aproveitam para exercer o seu abuso dizendo que o fazem em nome da defesa da democracia. Assim foi com as tramoias golpistas bolsonaristas, assim foi com o discurso lulista de que representava a defesa da democracia quando, na verdade, queria apenas o poder de volta para os seus e sangrar o Estado como quase todos o fazem.

Assim está sendo com o Judiciário e o Supremo Tribunal Federal, extrapolando seus poderes, tudo em nome da defesa da democracia —como apontou recentemente um artigo da prestigiosa revista britânica The Economist. Não dá, no entanto, para censurar a revista britânica.

O teor do citado artigo é apontar para uma terceira perda de credibilidade dos poderes republicanos brasileiros. O Executivo e o Legislativo já contam com a perda da credibilidade em grande medida devido às trapaças que praticam em todos os níveis.

SEM CREDIBILIDADE – A terceira seria a perda da credibilidade do Judiciário e do STF especificamente por causa dos abusos evidentes que têm cometido, enfim, do clássico pecado de quem se sente munido de poder absoluto.

Vejam a largueza com a qual usam as prerrogativas deste mesmo poder, seja não levando em conta possíveis conflitos de interesses devido ao cargo que ocupam, seja traindo evidente simpatia ideológica pelo governo atual, seja anulando qualquer punição aos políticos e empresários condenados por corrupção —condenar Fernando Collor, abandonado pelos comparsas, é chutar bêbado na ladeira—, seja perseguindo seus prováveis críticos.

Na república do Brasil, já temos saudade do oportunista honesto.

Decisão de Tarcísio mostra que ele pode tentar o Planalto nas eleições de 2026

58,9% dos paulistanos aprovam o governo de Tarcísio de Freitas

Sem Bolsonaro na disputa, Tarcísio pode ser o favorito

Gustavo Zucchi
Metrópoles

Caciques do Centrão ficaram com a pulga atrás da orelha após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aumentar o salário mínimo no estado para R$ 1,8 mil – um aumento de 40% em três anos.

Na visão de lideranças do bloco, um aumento dessa magnitude indica que o governador tem planos maiores do que disputar a reeleição em São Paulo em 2026 e que não descarta concorrer à

PRINCIPAL BANDEIRA – Aliados do governador brincam, nos bastidores, que, caso Tarcísio queira, já tem no aumento do salário mínimo sua principal propaganda para enfrentar Lula na disputa pelo Palácio do Planalto no próximo ano.

Tarcísio é visto, nos bastidores, como a principal alternativa na direita a Jair Bolsonaro, que está inelegível até 2030. O governador, porém, nega intenção de concorrer ao Planalto e diz ser candidato à reeleição.

Aliados próximos admitem que dificilmente Bolsonaro conseguirá reverter a inelegibilidade no TSE – e que ainda deve ser condenado e preso no chamado inquérito do golpe antes das eleições.

SERIA FAVORITO – Com isso, Tarcísio seria o favorito do Centrão para a disputa presidencial. Nos bastidores, inclusive, aliados de Bolsonaro reclamam que o governador poderia ajudar mais nas conversas com o STF em prol do ex-presidente.

O aumento do salário mínimo em São Paulo foi anunciado por Tarcísio no final de abril e representa acréscimo de 10% em relação ao valor anterior. Em São Paulo, o montante é 18,84% maior do que o mínimo nacional.

Além de São Paulo, os estados do Paraná, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina têm seus próprios valores para o salário mínimo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O tempo é aliado de Tarcísio, porque em outubro Lula completa 80 anos, que é um baque na vida de qualquer. Hoje, Lula é o político mais velho do mundo, ocupando presidência de país democrático. Na eleição de 2026, ele estará completando 81 anos, a mesma idade que obrigou o americano Joe Biden a jogar a toalha. (C.N.)

Venda de sentenças no STJ tem esquema muito sofisticado, revela a PF ao Supremo

Cristiano Zanin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)

Zanin vai decidir se dará mais prazo para a PF investigar

Rafael Moraes Moura e Malu Gaspar
O Globo

A Polícia Federal pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, para prorrogar por mais 60 dias as investigações de corrupção nos bastidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Para a PF, o esquema de venda de sentenças judiciais tem se revelado “consideravelmente mais sofisticado e complexo” do que imaginavam os próprios investigadores.

Antes, a PF via o caso como “atos isolados de compartilhamento de minutas de decisões” envolvendo advogados, lobistas, operadores financeiros, empresários do agronegócio e agentes do Poder Judiciário.

ALTA GRAVIDADE – “Os trabalhos investigativos de análise financeira, ainda em andamento, revelaram indícios de fatos com potencial de alterar a profundidade das hipóteses criminais e, por consequência, com probabilidade de chancelar a competência do Supremo Tribunal Federal para a supervisão do Inquérito Policial”, informou a PF ao STF, ao pedir a prorrogação da apuração por mais 60 dias.

As investigações miram uma rede de lobistas, desembargadores do Mato Grosso e ex-servidores de quatro gabinetes do STJ. O caso tramita sob sigilo no Supremo, sob a relatoria de Zanin, porque há menções a pelo menos um ministro da Corte superior: Paulo Moura Ribeiro.

Os outros gabinetes sob investigação são os dos ministros Isabel Gallotti, Og Fernandes e Nancy Andrighi, o que já provocou constrangimentos e pânico entre integrantes do STJ.

PRORROGAÇÃO – Em março deste ano, Zanin já havia atendido a um pedido da PF para esticar a investigação por mais 45 dias. À época, a corporação pediu o esticamento do prazo de investigação para concluir o trabalho de análise do material recolhido nas operações de busca e apreensão, além dos relatórios de inteligência financeira que apontaram movimentações bancárias suspeitas de uma série de alvos da investigação.

Conforme informou o blog, os investigadores já descobriram que o motorista João Batista Silva recebeu entre 2019 e 2023 um total de R$ 2,625 milhões de uma empresa de propriedade do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, pivô do escândalo que abalou o STJ.

As cifras na conta do motorista chamam a atenção não só pelos valores depositados ao longo de cinco anos, mas também pelo fato de Batista ter sido beneficiário do auxílio emergencial federal criado na época da pandemia do coronavírus para ajudar pessoas de baixa renda.

CASAL PRESO – Andreson e a mulher dele, a advogada Mirian Ribeiro Rodrigues, estão no centro da investigação. Ele está preso na penitenciária federal de Brasília; ela, em prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica.

Uma das hipóteses cogitadas pela Polícia Federal é a de que Andreson promovia lavagem de dinheiro por meio de transferências para “contas de passagem” de pessoas físicas e jurídicas interpostas, além de saques e entrega de dinheiro em espécie.

Agora, o delegado de polícia federal Marco Bontempo sustenta que, “diante da gravidade dos fatos criminosos já postos e os que estão com potencial de serem postos”, a Polícia Federal também solicita a prorrogação das medidas cautelares impostas por Zanin contra os investigados.

PLENÁRIO VIRTUAL – No caso de Andreson, o plenário virtual do Supremo derruba nesta segunda-feira o recurso da defesa do lobista para que ele deixe a penitenciária federal e vá para a prisão domiciliar. Até a publicação deste texto, três dos cinco ministros da Primeira Turma do STF já haviam votado contra o recurso.

“Há nos autos consideráveis elementos apontando no sentido de que Andreson de Oliveira Gonçalves tinha função decisiva de comando e ingerência no contexto de suposto esquema de venda de decisões judiciais e de informações processuais privilegiadas, que envolveria, em tese, intermediadores, advogados e servidores públicos”, escreveu Zanin em seu voto. “Sua atuação é demonstrada de forma veemente nos autos, revelando-se bastante indiciária sua função central no suposto comércio de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É a lama, é a lama, diria Tom Jobim, torcendo para que essas investigações cheguem até o final protegendo, para limpar a Justiça com a quantidade necessária de alvejantes, que deve alcançar algumas toneladas. (C.N.)

Vergonha! No Brasil, muitas pessoas são processadas por crimes que não existem 

Juristas Portal e Certificação Digital - Quem concorda, curte e também  compartilha! ;) | FacebookJosé Carlos Werneck

O jornalista Carlos Newton, editor desta Tribuna da Internet, que é formado pela excelente e tradicionalíssima Faculdade Nacional de Direito, tem reiteradamente chamado a atenção que brasileiros estão sendo processadas “por crimes que não existem nas leis”. Parece incrível, muitas pessoas não acreditam, mas é realmente o que está acontecendo.

Em Direito Penal, a expressão “típico, antijurídico e culpável” refere-se aos três elementos essenciais para que uma conduta seja considerada um crime.

TRÊS PRESSUPOSTOS – É a chamada “Teoria Tripartite”, que enumera os três elementos que devem estar presentes para que uma ação seja considerada criminosa.

A “tipicidade” indica que a conduta deve estar descrita como crime na lei (tipificação penal). A “antijuridicidade” significa que a conduta deve ser ilícita, ou seja, contrária ao ordenamento jurídico, e não justificada por excludentes de ilicitude. E a “culpabilidade” é o elemento subjetivo que avalia se o agente, ao praticar a conduta típica e antijurídica, poderia e deveria ter agido de forma diferente.

Vamos conferir, então, como se caracteriza cada um desses importantíssimos elementos jurídicos.

TIPICIDADE – Para que uma conduta seja considerada um crime, ela precisa estar descrita em uma norma penal, ou seja, a lei deve ter previsto aquela conduta como um crime.

A tipicidade é o ponto de partida para a análise de um crime, pois se a conduta não estiver descrita na lei, não há crime, indiciamento, denúncia, processo, julgamento ou pena.

ANTIJURIDICIDADE – A antijuridicidade, também conhecida como ilicitude, significa que a conduta deve ser contrária ao ordenamento jurídico, ou seja, deve ser uma conduta que viole uma norma legal, constitucional ou infraconstitucional.

No entanto, nem toda conduta contrária à lei é um crime, pois existem situações em que a conduta, embora ilícita, é justificada por alguma causa legal, como legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito.

CULPABILIDADE – A culpabilidade é o elemento subjetivo do crime, que avalia a reprovação da conduta ao agente. A culpabilidade é composta por três elementos: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e inexigibilidade de conduta diversa.

A imputabilidade refere-se à capacidade da pessoa entender e querer o resultado de sua conduta ilegal. A potencial consciência da ilicitude significa que o agente, mesmo que não saiba que a conduta é crime, deve ter a possibilidade de saber que ela é proibida.

A inexigibilidade de conduta diversa significa que o agente não podia ter agido de forma diferente, devido a alguma circunstância que o impediu de escolher uma conduta diferente.

PONTO FINAL – Assim, se esses três elementos não estiverem presentes na conduta praticada, seu autor jamais poderá ser indiciado, denunciado, processado, julgado ou condenado.

O resto é casuísmo, mera interpretação política ou manipulação da lei, e todos os advogados e operadores do Direito têm obrigação de se manifestar a respeito e apontar os erros que vêm sendo cometidos, como tem feito a Tribuna da Internet.

Editorial do Estadão comprova que nossa coluna está no caminho certo

Em Moscou, Lula e Putin conversam sobre desafios da geopolítica  internacional e parceria estratégica — Agência Gov

O “tarifaço” de Trump foi um dos assuntos de Lula e Putin

Vicente Limongi Netto

No meu artigo do recente dia 9, aqui na valorosa trincheira da Tribuna, registrei, enfaticamente, as tolices e atrocidades da melancólica política externa brasileira, salientando a presença degradante de Lula e serviçais engomados na Rússia. Momentos de arrepiar neurônios, deixando o bom senso no chão.

Nessa linha, editorial do Estadão, do dia 10, afirma, no título, “Lula em Moscou: O dia da infâmia”. E acentua o centenário e respeitado jornal: “Ao celebrar o imperialismo de Putin, Lula, numa só tacada, surrou os princípios constitucionais que regem a política externa brasileira”.

A conclusão do editorial é notável e irretocável, endossando expressões deste humilde e veterano repórter, no artigo, repito, aqui, no dia 9: “O chanceler paralelo Celso Amorin disse que Lula iria a Moscou como um “mensageiro da paz”. Foi apenas um mensageiro da torpeza”.

ZAMBELLI LIQUIDADA – A jovial e bela Andreia Sadi é genial. Única, sabe tudo. Ganho meus dias ouvindo as máximas da Sadi, no estupendo canal de sábios, a GloboNews. 

Assinantes ficam boquiabertos com as sacadas da Andreia.  Analisa com ar de exclusividade o que as pedras das ruas esburacadas estão carecas de saber. Por exemplo, revela que os bolsonaristas, a começar pelo próprio papa Jair, o inelegível, vão largar de mão a amedrontadora ainda deputada Carla Zambelli. Quem manda ser burra. Credo. 

Trump é o grande perdedor no acordo de tarifas entre Estados Unidos e China 

Scott Bessent, secretário do Tesouro, explica o acordo

Deu na Folha

Os Estados Unidos e a China chegaram a um acordo para reduzir temporariamente as tarifas recíprocas, enquanto as duas maiores economias do mundo buscam encerrar uma guerra comercial que tem alimentado temores de recessão e deixado os mercados financeiros em alerta.

Como parte de um acordo firmado em Genebra durante o fim de semana, os Estados Unidos reduzirão de 145% para 30% as tarifas adicionais sobre produtos chineses (10% de taxa básica, mais 20% relacionados ao tráfico da droga fentanil). A China, por sua vez, diminuirá as taxas sobre importações americanas para 10% (são 125% hoje). O país asiático também disse que irá suspender ou cancelar medidas não tarifárias tomadas contra os EUA.

INTERESSES COMUNS – “Ambos os países representaram muito bem seus interesses nacionais”, disse o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, nesta segunda-feira (12). “Ambos temos interesse em um comércio equilibrado, os Estados Unidos continuarão avançando nessa direção.”

“Esta medida atende às expectativas de produtores e consumidores, alinhando-se com os interesses de ambas as nações e o interesse global comum”, disse o ministério do Comércio da China.

Após o acordo ser divulgado, o presidente americano, Donald Trump, disse que as relações entre os países foram retomadas e sinalizou que falará com seu homólogo chinês, Xi Jinping, esta semana.

RECOMEÇO COMPLETO – “Ontem conseguimos um recomeço completo com a China após negociações produtivas em Genebra”, disse. “A relação é muito, muito boa. Falarei com o presidente Xi, talvez no final da semana”, acrescentou.

Bessent também disse que o acordo firmado nesta segunda é apenas o começo de uma negociação entre as potências, e que, nas próximas semanas, os países voltarão a se encontrar para firmar um acordo comercial mais amplo. Ele não especificou uma data para tal.

Em entrevista à CNBC, o secretário do Tesouro americano também disse que o país tem como objetivo proteger os setores de aço e semicondutores nos acordos.

AÇÕES EM ALTA – Três ações globais estenderam seus ganhos após o anúncio, com os futuros do S&P 500 subindo 2,8%, e o dólar americano subindo 1,2% contra uma cesta de moedas pares. O euro, por exemplo, caiu 1% em relação à moeda americana, para US$ 1,11. O ouro, um ativo de refúgio, registra queda de 3,3%.

Bessent falou ao lado do representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, após as conversas do fim de semana na Suíça, nas quais ambos os lados celebraram o progresso na redução das diferenças.

“O consenso de ambas as delegações neste fim de semana é que nenhum lado quer um desacoplamento [das economias]”, disse Bessent. “E o que ocorreu com essas tarifas muito altas foi o equivalente a um embargo, e nenhum lado quer isso. Nós queremos comércio.”

PRIMEIRAS INTERAÇÕES – As reuniões em Genebra foram as primeiras interações presenciais entre altos funcionários econômicos dos EUA e da China desde que Donald Trump retornou ao poder e lançou uma ofensiva tarifária global, impondo taxas particularmente pesadas à China.

Desde que assumiu o cargo, em janeiro, Trump havia aumentado as tarifas pagas pelos importadores americanos para produtos da China para 145%, além daquelas que ele impôs a muitos produtos chineses durante seu primeiro mandato e das taxas aplicadas pela administração Biden.

A China revidou impondo restrições à exportação de alguns elementos de terras raras, vitais para fabricantes americanos de armas e produtos eletrônicos de consumo, e aumentando as tarifas sobre produtos americanos para 125%. E a disputa tarifária paralisou quase US$ 600 bilhões em comércio bilateral, interrompendo cadeias de suprimentos, despertando temores de estagflação e provocando algumas demissões.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Trump fez um imenso barulho e não conseguiu nada, a não ser levar à loucura as indústrias americanas que utilizam insumos chineses em suas linhas de produção. É um governante alucinado, sem a menor dúvida. (C.N.)

Com Hugo e Alcolumbre no exterior, oposição trabalha por CPMI e anistia

Charge do dia - 30/03/2025

Charge do Cau Gomez (Arquivo Google)

Leonardo Ribbeiro
da CNN

Enquanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), cumpre agenda na China e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), nos Estados Unidos, a oposição tem se articulado em torno de temas que contrariam os interesses do governo. O primeiro deles diz respeito à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Os opositores devem protocolar nesta semana o pedido de abertura da investigação. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), envolvida na coleta de assinaturas, espera protocolar o pedido nesta segunda-feira (12).

BASE REAGE – O grupo busca resistir à ofensiva da base governista, que articula para convencer parlamentares sobre a retirada de apoios ao pedido.

Até sexta-feira (9), o requerimento em favor da CPMI já havia recebido o apoio de 34 senadores e 218 deputados. Para a apresentação oficial, são necessárias as assinaturas de ao menos 27 senadores e 171 deputados — o número mínimo foi alcançado em 2 de maio.

Líderes ouvidos pela CNN afirmaram que o presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre, ainda não se posicionou sobre o tema. Cabe a ele dar o aval para a abertura da CPMI durante sessão conjunta de deputados e senadores. A próxima sessão do Congresso está prevista para o dia 27 de maio.

PROJETO DE ANISTIA – Outro tema na pauta da oposição é o projeto de lei que anistia os condenados pelos atos criminosos de 8 de janeiro de 2023. Na Câmara, o grupo voltou a cobrar o “compromisso” do presidente da Casa.

O pedido de urgência foi protocolado pelo Partido Liberal no dia 14 de abril, com o apoio de 264 deputados. No dia 24 do mesmo mês, Hugo Motta decidiu, junto a líderes, adiar a análise do requerimento. A decisão gerou incômodo na oposição, que se articula para calcular os próximos passos.

Por outro lado, o grupo viu um “agrado” de Hugo na condução da análise do pedido de suspensão da ação penal contra Alexandre Ramagem (PL-RJ). O parlamentar é réu no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre um plano de golpe de Estado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGSe engana quem pensa que Lula conseguiu cooptar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para bloquear a anistia. Motta prefere atender à maioria da Câmara e vai agendar a votação. Podem apostar. (C.N.)

Queda na popularidade fará Lula “pensar duas ou dez vezes” sobre eleição, diz Temer

Conflito entre Legislativo e Judiciário é um dos destaques do Canal Livre  com Temer | Jornal da Band - YouTube

Temer credita que a direita tem tudo para ganhar a eleição

Giordanna Neves
(Broadcast)

O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou que a queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode levá-lo a repensar uma eventual candidatura à reeleição. Segundo Temer, Lula perdeu a prática de diálogo com o Congresso Nacional que marcou seus mandatos anteriores.

“Eu acho que o presidente Lula não tem feito uma coisa que ele fazia muito nos dois primeiros mandatos. Ele dialogava muito com o Congresso Nacional. Segundo ponto, caiu a popularidade dele, sem dúvida alguma. O que, penso, fará com que ele medite duas ou três ou dez vezes para ser candidato à Presidência pela quarta vez”, disse. A declaração foi dada ao programa Canal Livre, da Band. A íntegra da entrevista irá ao ar neste domingo, 11, às 20h30.

DIREITA UNIDA – Temer disse ainda ver possibilidade de que, em 2026, a direita lance uma candidatura única à Presidência. “Eu vejo que, nas conversas que eu tive com alguns governadores, eles estão muito dispostos a uma coisa dessa natureza. Se saírem cinco candidatos deste lado e um único candidato do outro lado, é claro que o candidato do outro lado vai ter uma vantagem extraordinária”, avaliou.

As declarações de Temer ocorrem em um momento em que o governo enfrenta desgaste crescente na avaliação popular. No final de abril, levantamento do Paraná Pesquisas mostrou que 57,4% dos brasileiros desaprovam o governo do presidente Lula, a maior taxa desde o início do atual mandato.

A aprovação ficou em 39,2%, enquanto 3,4% não souberam opinar ou não responderam. A pesquisa, feita desde agosto de 2023, também revelou o menor índice de aprovação registrado até agora.

É UMA TENDÊNCIA – Os dados confirmam uma tendência já apontada por outras pesquisas. No início de abril, o Datafolha mostrou que, apesar de o governo ter estancado a queda na popularidade após atingir o pior patamar de todos os seus mandatos, a reprovação ainda segue acima da aprovação.

Além disso, como mostrou o Estadão, Lula é o presidente que menos promoveu encontros oficiais com parlamentares em suas agendas públicas neste terceiro mandato, atrás de Jair Bolsonaro (PL), do próprio Temer e de Dilma Rousseff (PT), conhecida por sua relação difícil com o Congresso.

A articulação de Temer nos bastidores com vistas às eleições de 2026 tem chamado atenção não só entre políticos, mas também nas redes sociais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como se vê, Temer não acredita em reeleição de Lula, especialmente se a direita se unir. Mas o quadro muda se Bolsonaro for candidato, porque dividiria a direita. (C.N.)

Embora poucos consigam perceber, na verdade todos os poemas são de amor

Que viagem assim que você chega a... Alice Ruiz - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A publicitária, tradutora, compositora e poeta curitibana Alice Ruiz Scherone explica no poema “Sim” por que todos os seus poemas são de amor, inclusive, quando a vida vira palavra.

SIM
Alice Ruiz

Sim.
Todos os poemas
São de amor
Pela rima,
Pelo ritmo,
Pelo brilho
Ou por alguém,
Alguma coisa
Que passava
Na hora
Em que a vida
Virava palavra.

Mais escândalo! Desembargador libera “a compra” do Banco Master pelo BRB

Banco Master atrai disputa de gigantes do mercado após venda parcial ao BRB - Portal do Agronegócio

Vorcaro quer ficar com os lucros e “socializar” os prejuízos

Isadora Teixeira
Metrópoles

O desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) João Egmont revogou a liminar que impedia a assinatura do contrato de compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB). Ou seja, liberou a conclusão da operação que está em curso e em análise no Banco Central para favorecer o banqueiro Daniel Vorcaro.

Na noite desta sexta-feira (9/5), João Egmont acolheu os pedidos do BRB e do Governo do Distrito Federal e concedeu efeito suspensivo da decisão da 1ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal que impedia a conclusão do negócio.

SEM RISCO DE DANO – Segundo o desembargador, “não há urgência real ou risco de dano irreparável a justificar a liminar deferida pela decisão agravada, cuja manutenção interfere na operação estratégica empresarial sem necessidade, antes mesmo da análise técnica dos órgãos reguladores”.

Um dos pontos que levou à liminar que impedia a assinatura do contrato definitivo de compra é a discussão sobre a necessidade de autorização por meio de lei, que foi apontada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

DIZ O DESEMBARGADOR – Ao analisar os recursos, o desembargador enfatizou que a operação trata-se de compra de ações e não de controle total da empresa, o que não demandaria legislação própria.

“Nesse quadro, infere-se da operação relatada não existir, em princípio, aquisição de controle societário do Banco Master, a exigir autorização legislativa específica (§2º do art. 2º da Lei nº 13.303/16), tampouco exigir deliberação de maioria de votos e domínio da gestão em Assembleia Geral, na forma do art. 136, V, da Lei nº 6.404/76, que dispõe sobre as Sociedades por Ações”, afirmou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O Ministério Público vai recorrer da arriscada e surpreendente decisão do desembargador, que decidiu permitir mais uma vergonhosa doação de recursos públicos para socorrer empresário/banqueiro em dificuldades, que investiu R$ 15 milhões na festa da filha e mais R$ 100 milhões para ser dono de prosaicos 8,2% de participação na sociedade que se tornou dona da dívida do Atlético Mineiro. O pior é que, nesta nebulosa transação do Banco Master, o banqueiro Daniel Vorcaro está sendo assessorado pelo próprio presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, cuja missão funcional é justamente evitar trambiques aplicados por dirigentes desonestos de instituições financeiras. Neste fim de semana, os dois voltaram a se reunir para discutir a salvação do banco que Vorcaro está levando à bancarrota, como se dizia antigamente. Aonde é que nos vamos parar com esse tipo de governo desonesto e corrupto? (C.N.)

Lembrando o colapso do Terceiro Reich e o fim da guerra na Europa

Data simboliza um ponto de inflexão moral e política

Pedro do Coutto

Na noite de 8 de maio de 1945, em Berlim, representantes do alto comando militar alemão colocaram um ponto final oficial na presença nazista no campo de batalha europeu. Com a assinatura da rendição incondicional, o Terceiro Reich reconheceu a derrota diante das forças aliadas ocidentais e do Exército Vermelho soviético. Assim, chegava ao fim um conflito iniciado quase seis anos antes, que devastou o continente.

A comunicação pública veio apenas no dia seguinte, quando a rádio alemã, ainda sob controle dos últimos remanescentes do regime, anunciou a rendição. A transmissão, carregada de formalidade militar, contrastava com o profundo impacto emocional vivido por milhões: alívio para os libertados, silêncio e vergonha para muitos dos vencidos.

AVANÇOS MILITARES – A trajetória que levou àquele desfecho teve início com os avanços militares relâmpago da Alemanha no início da guerra. A rápida ocupação de territórios como Polônia, França e Noruega deu à liderança nazista uma sensação ilusória de superioridade estratégica. Embalada por essas conquistas, a Alemanha lançou, em 1941, a invasão da União Soviética, numa operação de proporções colossais.

No início, a campanha oriental pareceu repetir o sucesso anterior: as tropas alemãs avançaram profundamente no território soviético, aproximando-se do Volga e cercando Stalingrado. Confiante, Hitler chegou a ironizar críticas internacionais, apostando que a cidade cairia em breve. No entanto, o cerco a Stalingrado acabou marcando uma reviravolta decisiva. Em fevereiro de 1943, o exército alemão que conduzia a ofensiva foi derrotado, e a esperança de uma vitória total começou a desmoronar.

Derrotas em múltiplas frentes se seguiram: a campanha no Norte da África foi perdida, e a abertura de um novo front com o desembarque aliado na Normandia, em 1944, acelerou o cerco à Alemanha. Nos meses seguintes, os soviéticos pressionaram pelo leste, enquanto os aliados avançavam pelo oeste.

RENDIÇÃO – Em meio ao colapso, Hitler se suicidou no subsolo da chancelaria em 30 de abril de 1945. Berlim, sitiada, capitulou dois dias depois. No entanto, os soviéticos exigiram uma rendição formal específica em sua zona de influência, o que levou à assinatura de um novo documento, no dia 8 de maio, em Karlshorst, distrito da capital alemã. A rendição foi chancelada por representantes das quatro grandes potências vencedoras: União Soviética, Reino Unido, Estados Unidos e França.

Mesmo após a rendição, a máquina de propaganda nazista tentou manter alguma aparência de controle. De Flensburg, onde Karl Dönitz – sucessor nomeado por Hitler – ainda exercia autoridade simbólica, foi ao ar o último boletim militar do regime, exaltando a resistência de combatentes isolados no front oriental.

Com o cessar-fogo, os horrores da guerra começaram a ser revelados em escala total. A destruição urbana, o saque ao patrimônio cultural europeu e, sobretudo, o massacre de milhões de vidas humanas expuseram a magnitude da tragédia. Estima-se que apenas na Europa, mais de 40 milhões de pessoas tenham perdido a vida durante o conflito.

TRIUNFO – A rendição da Alemanha nazista em 8 de maio de 1945 não representou apenas o encerramento de uma guerra, mas o colapso de um projeto totalitário construído sobre a negação da dignidade humana, o militarismo agressivo e a manipulação ideológica em escala inédita. A data marca o triunfo das forças que resistiram ao autoritarismo e, ao mesmo tempo, expõe a fragilidade das democracias quando subestimam ameaças emergentes.

O episódio oferece uma advertência clara: a expansão rápida de regimes baseados no culto à força, no desprezo às instituições e na desinformação pode ser inicialmente sedutora, mas invariavelmente conduz à destruição. O entusiasmo inicial que permitiu a ascensão do Terceiro Reich foi alimentado por vitórias militares aparentes e por uma retórica nacionalista que silenciou a crítica e perseguiu a diversidade. Ao fim, custou à Europa dezenas de milhões de vidas e um trauma coletivo cuja reconstrução levou décadas.

Mais do que um evento militar, o 8 de maio simboliza um ponto de inflexão moral e política. É um lembrete permanente de que a paz não é apenas a ausência de guerra, mas a presença de instituições fortes, memória histórica ativa e vigilância constante diante de discursos de ódio, autoritarismo e exclusão. Aprender com esse marco significa reconhecer que a liberdade e os direitos humanos nunca são conquistas definitivas — são compromissos que precisam ser reafirmados a cada geração.

Silêncio do Globo sobre viagem de Lula exibe o que significa “imprensa comprada”

Lula defende viagem à Rússia e diz que críticas são “exploração política”

Lula disse que as críticas são “especulações políticas”

Leonardo Corrêa
Instagram

Foi com dureza e precisão que Estadão e a Folha de S.Paulo reagiram à visita de Lula à Rússia. Em editoriais contundentes, os dois maiores vespertinos paulistas não pouparam o presidente brasileiro pelo gesto de confraternização com Vladimir Putin, no coração de Moscou, durante as comemorações do chamado “Dia da Vitória”.

A Folha classificou a viagem como um “erro diplomático patente”, denunciando a deferência a um autocrata que promove guerra e violações massivas aos direitos humanos. Já o Estadão foi além: evocou o peso da História e carimbou a cena com palavras que não se esquecem — “o dia da infâmia da política externa brasileira”.

SEM NEUTRALIDADE – Ambos editoriais reconheceram o gesto como mais que simbólico: viram nele a falência de qualquer pretensão de neutralidade, e a submissão da diplomacia brasileira a uma lógica antiocidental.

Lula, ladeado por ditadores latino-americanos, assistiu ao desfile de mísseis que hoje esmagam cidades ucranianas. Para os jornais de São Paulo, a presença não foi um deslize; foi um manifesto, uma escolha. Um país que diz prezar pela paz não se senta à mesa com quem abraça a guerra.

No entanto, entre as grandes redações nacionais, um nome destoou. O Globo, sempre pronto a assumir o centro do debate institucional, desta vez foi tímido. Publicou um editorial antes da visita, ainda no tom das advertências diplomáticas. Condenou a reinterpretação histórica feita por Putin sobre a Segunda Guerra Mundial, mas evitou criticar diretamente o presidente brasileiro.

SEM COMENTÁRIOS – Nem a imagem de Lula na Praça Vermelha, diante de ogivas e tanques, foi suficiente para arrancar do jornal da família Marinho ao menos uma nota à altura do que se viu nos editoriais do Estadão e da Folha.

A razão talvez não esteja nas páginas de opinião, mas nas cifras da publicidade oficial. Segundo levantamento publicado pela Veja, entre 2023 e 2024 a Rede Globo recebeu R$ 177,2 milhões da Secretaria de Comunicação do governo Lula — valor que supera o total repassado à emissora durante os quatro anos de Jair Bolsonaro.

Em 2024, sozinha, a Globo ficou com 53% de toda a verba federal de publicidade destinada às principais TVs do país. Não se trata de conjectura: trata-se de números. Dados públicos que expõem um elo financeiro robusto entre o governo e a emissora que, por décadas, se autodenominou “independente”.

LUCRO ESPANTOSO – Mais do que isso: enquanto os demais grupos de mídia receberam valores menores e até decrescentes, a Globo viu seu lucro saltar 138% em 2024, chegando a impressionantes R$ 2 bilhões, conforme revelou reportagem publicada pelo portal Teletime em abril de 2025. A coincidência entre esse crescimento exponencial e o volume de repasses publicitários da Secom é eloquente demais para ser ignorada.

Diante disso, é legítimo perguntar: por que um jornal que sempre se destacou por seus editoriais vigorosos parece agora tão contido diante de um episódio tão grave? Por que a maior emissora do país, diante do constrangimento internacional causado por um presidente que se associa a ditadores e autocratas, responde com o silêncio?

A resposta pode não estar apenas na redação, mas no caixa. Quando a crítica custa caro, a complacência vira investimento. A verdade, então, não se cala: se o Estadão e a Folha ainda cumprem o papel de imprensa livre, O Globo parece cada vez mais satisfeito em atuar como assessoria de imprensa do poder. Um poder que paga bem.

VÍCIO SISTÊMICO – Mais do que omissão, o comportamento de O Globo expõe um vício sistêmico: quando o dinheiro do pagador de impostos é usado pelo governo de ocasião para financiar o discurso, a liberdade de expressão se desfaz. Não há neutralidade possível quando o Estado banca o microfone.

A crítica se torna concessão, o silêncio vira contrato, e a imprensa deixa de servir ao público para servir ao poder. O jornalismo independente não sobrevive onde a publicidade oficial compra a pauta e entorpece a vigilância. Nesse cenário, não há pluralismo — há alinhamento. Não há voz — há eco.

Enquanto isso, os mísseis dos censores não desfilam apenas em Moscou — apontam, cada vez mais, para as redes sociais.

SEM CUSTOS – Nas redes sociais, onde não há verba da Secom, não há controle por contrato. São vozes soltas, sem pauta vendida, sem blindagem estatal. E é justamente por isso que incomodam tanto.

As plataformas digitais expõem o que os editoriais calados escondem: a opinião dos indivíduos, não a conveniência dos grupos. Onde o dinheiro público não chega, a liberdade resiste. No fim, o que se cala pesa mais do que o que se diz. A imprensa existe para ser contrapeso, não escudo. Quando falha em denunciar o poder, torna-se cúmplice dele. E quando o silêncio é comprado com dinheiro público, a verdade passa a ter preço — e o cidadão, a pagar com desinformação.

Mas há ainda quem escreva sem patrocínio, quem fale sem filtro, quem resista sem medo. São essas vozes, dispersas e indomáveis, que mantêm viva a centelha da liberdade. Mesmo quando tudo parece dominado, elas lembram que o eco não é a única forma de som.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Relevante artigo, enviado por Mário Assis Causanilhas, ex-secretário de Administração do Governo RJ. Exibe a desfaçatez da imprensa comprada e destaca a importância da imprensa independente. (C.N.)

Em série! Lula sofre oito traições de sua base aliada em menos de um mês

Popularidade ladeira abaixo e língua afiada | Jornal de Brasília

Charge do Baggi (Jornal de Brasília)

Ranier Bragon
Folha

Em menos de um mês, o governo Lula (PT) sofreu oito reveses vindos de sua base formal de apoio, tendo como capítulos mais recentes o anúncio de rompimento pela bancada de deputados do PDT, na última terça-feira (6), e a aprovação pela Câmara, no dia seguinte, de projeto que visava suspender ação penal da trama golpista.

Repetindo um placar que não tem sido raro em Lula 3, o centrão se uniu à oposição e marcou 315 votos a 143 no caso relativo ao deputado Alexandre Ramagem (PL), deixando o PT e demais partidos da esquerda isolados.

RECADO E ABALO – Embora o recado nesse caso seja mais ao Supremo Tribunal Federal, por determinar que só eventuais crimes cometidos pelo deputado após a diplomação poderiam ser objeto da análise da Câmara, não deixa de ser mais uma derrota do governo.

Em relação à troca de titulares no ministério do modesto PDT (Previdência), o tamanho da legenda de Carlos Lupi —17 deputados e três senadores— pode dar a impressão de importância menor à possível rebelião, mas significa o primeiro abalo à esquerda em uma base que à direita tem sido profícua em instabilidade, vide o caso Ramagem.

O mais recente inferno astral da grande base volúvel de Lula —folgada no papel, mas oscilante na prática— começou no dia 14 de abril, quando a oposição bolsonarista conseguiu protocolar um requerimento de urgência para a votação do projeto de anistia aos condenados pelo 8 de janeiro de 2023.

TRAIÇÃO EM MASSA -Na lista dos 185 deputados que colocaram sua assinatura, 81 eram de União Brasil, PP, PSD, MDB e Republicanos, siglas de centro e de direita que comandam, ao todo, 11 ministérios de Lula.

Uma semana depois, no dia 22, o líder da bancada do União Brasil, Pedro Lucas Fernandes (MA), recusou o convite para ser ministro das Comunicações dias após de ter aceito.

A ida do parlamentar para a vaga de Juscelino Filho, —denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sob acusação de desviar emendas parlamentares— resultou em um motim interno no partido, rachado entre apoiadores de Lula e opositores. Integrantes do Palácio do Planalto chegaram até a ventilar a ameaça de retirar espaço do União, mas o governo não tem força para prescindir do apoio da sigla, uma das maiores da Câmara e do Senado.

PANOS QUENTES – A Secretaria de Relações Institucionais, chefiada por Gleisi Hoffmann (PT), afirmou em nota enviada após a publicação da reportagem que a relação do governo com os partidos de centro que integram a Esplanada dos Ministérios sempre foi clara e nunca foi total, e que isso reflete o posicionamento de setores dessas legendas em 2022.

A nota também diz que “é com esta base que o governo vem aprovando matérias importantes nos últimos dois anos e vê avançar a agenda legislativa prioritária, que inclui a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a PEC da Segurança e a medida sobre o Consignado do Trabalhador, por exemplo”.

Para a Secretaria de Relações Institucionais, questões internas das legendas que apoiam o Palácio do Planalto não se refletiram na relação com o governo federal, nem nas votações do Congresso Nacional.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Na matriz USA, chamam de “lame duck” (pato manco) o presidente em fim de segundo mandato que não manda mais nada e não pode se reeleger de novo. Aqui na filial Brazil, Lula é apressadinho. Ainda está no primeiro mandato, mas já ficou completamente manco. (C.N.)

Putin enfim propõe a paz e Zelenski aceita fazer a negociação na Turquia  

Charge do JCaesar

Charge do JCaesar (Veja)

Deu na Folha

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, aceitou a proposta que o russo Vladimir Putin fez neste domingo (11) deg                                         negociar a paz na guerra no Leste Europeu em conversas realizadas na Turquia. É o mais perto que os líderes já chegaram de um acordo desde quando Putin enviou milhares de tropas para a Ucrânia, em fevereiro de 2022, e desencadeou o mais grave confronto entre a Rússia e o Ocidente desde a Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962.

“Oferecemos às autoridades de Kiev que retomem as negociações já na quinta, em Istambul”, disse Putin em um comunicado televisionado do Kremlin, na madrugada de domingo (noite de sábado no Brasil).

SEM PRÉ-CONDIÇÕES – Apesar do avanço, o presidente russo ofereceu poucas concessões até o momento, e, agora, afirma que as possíveis conversas devem ser realizadas sem pré-condições.

“Nossa proposta, como se diz, está sobre a mesa. A decisão agora cabe às autoridades ucranianas e seus curadores, que parecem estar guiados por ambições políticas pessoais, e não pelos interesses de seus povos”, disse ele mais tarde ao agradecer à China, ao Brasil, aos países africanos e do Oriente Médio e aos EUA por seus esforços de mediação.

A confirmação ocorreu após pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em um primeiro momento, o republicano celebrou a proposta. “Um dia potencialmente grandioso para a Rússia e a Ucrânia!”, escreveu em sua rede social, a Truth Social.

BANHO DE SANGUE – Em seguida, afirmou que estava começando a duvidar da Ucrânia. “O presidente russo, Putin, não quer um acordo de cessar-fogo com a Ucrânia, mas sim se reunir na quinta-feira, na Turquia, para negociar um possível fim do banho de sangue”, disse ele.

Antes de aceitar, Zelenski afirmou pela rede social X que o aceno era um sinal de que os russos começaram a considerar o fim do conflito, mas que, para isso, era preciso garantir “o primeiro passo para realmente acabar com qualquer guerra” —uma trégua. “Esperamos que a Rússia confirme um cessar-fogo total, duradouro e confiável a partir de amanhã, 12 de maio”, disse ele.

Ao confirmar sua presença, reforçou o pedido. “Não faz sentido prolongar os assassinatos. Estarei esperando por Putin na Turquia na quinta. Pessoalmente, espero que desta vez os russos não procurem desculpas”, escreveu no X.

APOIO EUROPEU – A demanda é encampada por representantes de grandes potências europeias, que exigiram um cessar-fogo incondicional de 30 dias sob o risco de novas sanções à Rússia durante um encontro com Zelenski em Kiev, neste sábado (10). O grupo inclui o presidente da França, Emmanuel Macron, e os primeiros-ministros da Alemanha, Friedrich Merz, da Polônia, Donald Tusk, e do Reino Unido, Keir Starmer.

Ao comentar a questão neste domingo, após retornar da Ucrânia, Macron afirmou que a proposta de Putin “é um primeiro passo, mas não é suficiente”. “Um cessar-fogo incondicional não é precedido por negociações, por definição”, afirmou a jornalistas.

Em seu discurso da manhã no Kremlin, Putin rejeitou o que chamou de ultimatos vindos de potências europeias. Segundo ele, a Rússia já havia proposto diversas tréguas, incluindo uma na Páscoa e, mais recentemente, uma de 72 horas para as celebrações dos 80 anos da vitória na Segunda Guerra Mundial.

QUEBRA DA TRÉGUA – A desconfiança entre as duas partes paira mesmo durante esses acordos. Neste domingo, Putin afirmou que a Ucrânia atacou a Rússia com 524 drones aéreos, 45 drones marítimos e vários mísseis ocidentais durante a última trégua concluída no sábado, determinada unilateralmente por Moscou.

Segundo a agência de notícias estatal Tass, o Ministério da Defesa russo afirmou, também neste domingo, que a Ucrânia teria violado a trégua de três dias mais de 14 mil vezes e as tropas de Kiev teriam feito cinco tentativas de romper a fronteira sul da Rússia.

As acusações acontecem também por parte da Ucrânia. Kiev não relatou nenhum lançamento de mísseis russos de longo alcance contra suas cidades nos últimos dias, mas acusa Moscou de centenas de violações na linha de frente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É difícil entender os líderes políticos dos nossos dias. Enquanto Putin falava em paz, a Rússia lançou neste domingo um ataque com drones contra Kiev e outras regiões da Ucrânia. Realmente, não dá para entender... (C.N.)

Faz sentido Lula dar aumento real aos aposentados para ganhar votos?

Herança maldida da Uenf faz professor atravessar o samba ofendendo jornalista Folha1 - Esdras

Charge do Newton Silva (Arquivo Google)

Fernando Canzian
Folha

Luiz Inácio Lula da Silva teve alguns milhões de votos em 2022 de pessoas com repugnância merecida a Jair Bolsonaro. Foi por pouco: 50,9% a 49,1%. O que o presidente entregou a essas pessoas que não gostam dele e que votaram nele na margem, talvez a contragosto, para evitar o pior?

O mundo e o Brasil não passam por uma pandemia ou crise financeira severa. Mesmo assim, Lula aumentará em mais de dez pontos percentuais a dívida pública brasileira em quatro anos.

GASTANDO DEMAIS – Como? Gastando mais do que arrecada em impostos. Era isso o que os eleitores que deram a vitória a Lula queriam?

Há um preço nisso, pois investidores cobram mais de quem deve muito. E o mundo inteiro está mais endividado, o que fará os juros ficarem permanentemente mais caros por aqui.

O PT parece ser eficiente apenas na abundância, como nos anos 2000, no boom das commodities e do crescimento sem precedente da economia global naquela época. Mas tem uma dificuldade enorme em administrar e enxugar quando necessário.

AUMENTO REAL – A maior despesa pública atual está relacionada à Previdência, em que o indexador de reajuste é o salário mínimo. Lula quer dar aumento real aos aposentados. Acima da inflação a quem não trabalha mais.

Faz sentido? Do ponto de vista populista, sim. Quem não quer aumento sem fazer nada?

Eleitores ilustres e esclarecidos de Lula, cirurgicamente contra Bolsonaro, se opõem a isso e têm sido massacrados por defender menos gastos na Previdência.

ALTOS JUROS REAIS – O fato é que o Brasil de hoje paga o terceiro maior juro real do mundo, por conta de medidas populistas de Lula, como essa do aumento real para aposentados.

Quem é minimamente rico ou tem algum dinheiro no banco agradece.

Ganho de quase 10% ao ano sem fazer nada — à custa de muitos aposentados. É assim que Lula quer distribuir renda?

Perdido, só resta a Lula sua velha estratégia de culpar os governos anteriores

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Charge do Clayton (O Povo/CE)

Fabiano Lana
Estadão

Até que ponto funciona colocar a responsabilidade no antecessor por todo mal que há num país? A estratégia é bastante utilizada pelo Partidos dos Trabalhadores, mas é uma espécie de artimanha universal da política. O culpado é sempre o outro, o anterior, em geral, pertencente a uma turma incompetente e mal-intencionada. O grupo ora no poder apenas se esforça para remendar a situação herdada.

Mais incrível é que isso é também dito quando crimes e barbaridades continuam a acontecer sob os olhares dos mandatários atuais e em dimensão crescente. É possível que tal estratégia, com todo o cinismo envolvido, dê certo outra vez nesse escândalo do INSS? Não, porque o país é outro.

GUERRA DE VERSÕES – Se a gente fizer uma metáfora da guerra de versões que há no mundo político sobre o escândalo do furto de parte da aposentadoria de milhões de idosos, poderíamos dizer o seguinte: Bolsonaro destrancou o galinheiro, mas os ovos foram roubados para valer no governo Lula, sob a gestão do ministro Carlos Lupi.

Assim tem sido o nível do debate político em que há até reunião ministerial – com direito a troca de acusações internas – para debater a reação a um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), cuidadosamente editado para tornar mais superlativas as falhas da gestão Lula e buscar zerar a responsabilidade de Bolsonaro, ao contrário.

Vídeo, aliás, que é da luta política. Nikolas, aliás, de uma maneira mais ágil e tecnológica, sem igual nos oponentes, faz o que os petistas sempre fizeram com os tucanos, que se mantinham inertes. Atacar com veemência utilizando as armas mais atuais à disposição – hoje são as redes.

É de alguma maneira óbvio que a oposição tem de se aproveitar de uma ideia na qual o rombo no contribuinte seja pago pelo Tesouro, ou seja, pelo próprio contribuinte.

TUDO MUITO ÓBVIO – É bom lembrar que o PT já tomou posse no Palácio do Planalto, em 2003, cravando o rótulo de “herança maldita” no governo de Fernando Henrique Cardoso. No caso do mensalão, de 2005, o PT alegou que seria um esquema de origem tucana, do governo de Minas, e vivíamos apenas a consequência daquele mal, criado há tempos.

As pedaladas da então presidente Dilma no orçamento público também seriam um hábito do governo FHC, apenas repetido. A corrupção da Petrobras era, desde a fundação da empresa, tão visada pelos tubarões. N

essa conversa toda, cuidadosamente, omitia-se que os valores desviados ou irregulares desses escândalos cresciam de maneira exponencial nas gestões Lula e Dilma à frente do governo federal.

SEM VANTAGEM – O problema é que a esquerda não tem mais a vantagem no debate público que tinha anteriormente. Num momento de perda de poder relativa de sindicatos, dos intelectuais orgânicos, dos artistas bajuladores, cada twitter, cada postagem na defesa do governo possui uma quantidade astronômica de replays críticos, agressivos e muitas vezes apenas colocando os pingos nos is, com os fatos.

O Partido dos Trabalhadores não estava acostumado a atuar nesse ambiente acirrado. Era mais fácil quando seus representantes diziam que estavam do lado do povo, mas sob combate cerrado da mídia e das elites predatórias.

A população agora tem redes sociais para expressar – apesar de toda manipulação envolvida – e o que temos é uma sociedade dividida, com uma militância antipetista ultra-atuante a barrar certas estratégias que funcionaram no passado.

PT MAIS FRACO – Hoje, inclusive, o PT quer controlar as redes não devido aos abusos, mas porque vê que o caos cibernético torna a agremiação mais fraca. “A indignação moral sempre esconde vontade de poder”, já dizia um filósofo bigodudo do século 19 – Friedrich Nietzsche.

Portanto, ficou mais difícil sempre jogar os problemas para debaixo do tapete – ou seja, eternamente para o antecessor. Agora existe o contra-argumento até mesmo histriônico e barulhento da internet.

Tornou-se inócua a cadeia de desculpas, pois podemos, inclusive, num processo histórico, falar, sucessivamente, que a culpa foi de FHC, de Sarney, de Collor, dos militares, de Getúlio Vargas, da velha República, do império, de Tomé de Souza, o primeiro governador-geral do Brasil, e quem sabe, de Pedro Álvares Cabral, que teve a desdita de nos “descobrir” para levar a culpa de todas as nossas mazelas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente artigo, enviado por José Carlos Werneck. A bem da verdade, devemos esclarecer que a brecha para lesar aposentados surgiu em 2003, com a lei do empréstimo consignado, criada por Lula. O resto foi consequência nos governos Dilma, Temer, Bolsonaro e novamente Lula, quando o golpe bateu todos os recordes. (C.N.)  

Gastança! Lula levou Janja e mais 220 pessoas ao Japão ao custo de R$ 4,5 milhões

Lula na chegada ao Japão no aeroporto de Haneda, em Tóquio, com representantes do Legislativo

Lula na chegada a Tóquio, com seus quatro principais convidados

André Shalders
Estadão

A comitiva oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Japão e ao Vietnã, no fim de março, incluiu ao menos 220 pessoas, além do próprio petista e da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. O grupo gastou na viagem ao menos R$ 4,54 milhões – o valor total ainda é desconhecido, mais de um mês depois do fim da viagem.

Compunham o grupo 11 representantes do Congresso e ao menos 72 pessoas de órgãos ligados à Presidência da República, como o Gabinete Pessoal da Presidência, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Secretaria de Comunicação (Secom), e a Casa Civil.

SOB SIGILO – Procurada, a Secom se negou a fornecer informações sobre o número de viajantes e os gastos totais. Segundo o órgão, a lista da comitiva foi publicada no Diário Oficial. Já as listas de integrantes das comitivas técnicas e de apoio são “classificadas no grau de sigilo reservado”, podem ser omitidas por até cinco anos.

“Vale lembrar que conforme determina o Decreto nº. 940/93, as despesas de hospedagem das autoridades integrantes das comitivas oficiais do presidente, do vice-presidente da República, do titular daquele ministério e dos servidores integrantes de equipe de apoio em viagem ao exterior são custeadas pela dotação orçamentária do Itamaraty”, disse a Secom, em nota.

Mais de um mês após a viagem, as informações sobre os passageiros ainda não estão disponíveis no Painel de Viagensnem no Portal da Transparência, apesar de o pagamento das diárias e passagens dos servidores ser regulamentado por um decreto de 1985, que dá prazo máximo de 30 dias para a prestação de contas dos servidores.

SUPERCOMITIVA – Foi a maior comitiva presidencial identificada no terceiro mandato de Lula. Em setembro passado, o petista levou pouco mais de 100 pessoas, entre assessores e autoridades, para acompanhá-lo na 79.ª reunião da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York (EUA).

Na quarta-feira, 7, Lula viajou a Moscou, na Rússia, onde permaneceu até este sábado, 10, seguindo para Pequim. É a 29.ª viagem internacional do petista em seu terceiro mandato presidencial.

A lista de autoridades que acompanham Lula inclui o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o deputado Elmar Nascimento (União-BA), vice-presidente da Câmara, e os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).

JANJA VAI NA FRENTE – Assim como fez na viagem ao Japão, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, viajou antes do presidente, num voo da Força Aérea Brasileira (FAB), que partiu de Brasília na última sexta, 2. A FAB mandou sua maior aeronave, um Airbus A 330-200, com capacidade para 250 pessoas.

Janja gastou cerca de R$ 60 mil com os voos de Tóquio a Paris, onde discursou em um evento sobre nutrição; e de Paris a Brasília, via São Paulo. No Painel de Viagens, o custo total dos deslocamentos dela soma R$ R$ 60.210,58. Ao voar de volta de Paris para São Paulo, Janja ficou no assento 1L, na classe “Premium Business”.

De acordo com as regras atuais sobre concessão de passagens, só ministros de Estado e detentores de certos cargos podem voar em classe executiva, e mesmo assim em viagens com mais de 7 horas de duração. Janja não detém cargo formal no governo.

MAIS GASTOS – Segundo as notas bancárias publicadas no Siafi, o sistema de pagamentos do governo federal, 112 pessoas integraram o escalão avançado da viagem ao Japão e ao Vietnã.

A maior parte dos integrantes deste grupo é formada por militares, pessoal do GSI e do Itamaraty, mas há exceções: viajaram com o Escav o fotógrafo de Lula, Ricardo Stuckert; parte da equipe do “gabinete informal” de Janja; e a médica infectologista Ana Helena Germoglio, que trabalha na Presidência e atende o presidente da República no dia-a-dia; entre outros.

Além das diárias pagas aos servidores e do custo das passagens aéreas, as viagens presidenciais incluem outros custos. Na missão ao Japão, houve gastos de R$ 77.903,80 para pernoites no hotel Crowne Plaza, em Anchorage, no Alasca (EUA). O local foi escolhido para a escala dos voos da FAB que levaram o grupo ao Japão.

CARROS ALUGADOS – O governo também desembolsou R$ 397,8 mil para alugar “veículos com motorista para uso da comitiva de apoio ao pouso técnico da aeronave do presidente da República” em Anchorage. A quantia foi paga à empresa BAC Transportation LLC.

Dentre os órgãos públicos, o que mais mandou representantes na viagem ao Japão foi o Ministério das Relações Exteriores (MRE), com pelo menos 32 pessoas.

O Gabinete Pessoal da Presidência levou ao menos 27 nomes, e o GSI, outros 18. Na Secom, foram pelo menos 16 pessoas. Já a Casa Civil levou ao menos 10 pessoas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
País rico é assim mesmo, gosta de esbanjar e garantir o bem-estar dos servidores. O presidente Lula diz ser um “socialista refinado”. Assim, sua mulher e os servidores que os cercam também querem se refinar ao máximo, e o governo acabou virando uma sofisticada refinaria. (C.N.)