Lula fez novo procedimento cirúrgico, com sucesso absoluto

Presidente permanece sob cuidados intensivos no Sírio-Libanês

Pedro do Coutto

O presidente Lula da Silva passou na manhã de hoje por um novo procedimento para complementar a cirurgia na cabeça realizada na última terça-feira, de acordo com o boletim da equipe médica que o acompanha. Segundo o comunicado, Lula foi submetido a um procedimento endovascular, de embolização de uma artéria e após o procedimento, os médicos concederão uma entrevista de imprensa sobre a complementação da cirurgia.

Ainda de acordo com a equipe médica, o petista passou o dia de ontem “bem” e “sem intercorrência”, fez fisioterapia, caminhou e recebeu visitas de familiares. Lula, que tem 79 anos, passou por uma cirurgia de emergência na madrugada da última terça-feira para drenar um hematoma na cabeça – ainda em decorrência da queda que sofreu no banheiro de casa em outubro.

COMPLEMENTAÇÃO – “Como parte da programação terapêutica, (Lula) fará complementação de cirurgia com procedimento endovascular (embolização de artéria meníngea média) amanhã, pela manhã”, diz o comunicado da equipe do Sírio-Libanês.

A operação de Lula deve afastá-lo do governo por algumas semanas, pois qualquer coisa que opere no cérebro cria um problema delicado. Lula deve voltar às atividades em breve para consolidar os efeitos da cirurgia a que foi submetido. Nada mudará com o procedimento, pois o vice, Geraldo Alckmin, está firme e não fará nada que contrarie a política que o presidente da República vem desenvolvendo.

Assim, Lula pode ficar tranquilo e o seu adversário é apenas o tempo necessário para se recuperar plenamente. E isso será feito, os médicos não têm dúvidas. Mas fica o necessário cuidado que deve ser mantido para evitar acidentes simples, mas de reflexos complexos que levam a enfrentar problemas que afetam não só a sua saúde, como podem abalar o governo. Essa segunda hipótese não deve acontecer, pois os médicos estão definindo a cirurgia como não grave. Porém, nunca se sabe os efeitos de uma operação, seja ela qual for, principalmente no cérebro.

Problema de Lula é igual ao de Tony Ramos, que se saiu bem

Tony Ramos ainda se choca com cirurgia no crânio: 'Como é que isso aconteceu?' · Notícias da TV

Tony pensou que teve AVC, mas era um coágulo cerebral

Carlos Newton

A pedido do próprio presidente Lula da Silva, foi anunciado nesta quarta-feira, dia 11, que ele passará por um novo procedimento, a embolização das artérias meníngeas, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, na manhã de quinta-feira.

Foi divulgado que o tratamento tem o objetivo de evitar que ocorram novas hemorragias no cérebro, porque a situação se agravou e a decisão só foi tomada após os médicos perceberem que o líquido do dreno continuou sanguinolento — o normal é que no segundo dia após a cirurgia já esteja limpo.

PROCEDIMENTO – Segundo o médico de Lula, Roberto Kalil, esse tipo de procedimento costuma ser feito com a maioria dos pacientes que se submetem à drenagem de hematoma cerebral, a cirurgia a que Lula se submeteu nesta semana. Mas não é bem assim.

A embolização não é procedimento normal, que sempre se segue à trepanação, porque somente é necessária quando a colocação do dreno não atinge o resultado que se almejava e o sangramento não diminuiu, conforme era esperado.

O procedimento será realizado logo de manhã e deverá ter duração de menos de uma hora. Será feita uma punção na virilha, por onde um cateter será introduzido até o local onde ocorrerá a embolização (fechamento dos vasinhos que estão vazando sangue).

NÃO É OPERAÇÃO – É um procedimento minimamente invasivo que oferece risco baixo, de acordo com a equipe médica do presidente. Por isso será realizado na sala de cateterismo. Pode ser feito sob sedação ou anestesia geral. Isso será decidido no momento do procedimento.

O mais provável é a equipe optar pela anestesia geral, para evitar algum movimento do paciente que atrapalhe o uso do cateter e a aplicação de medicamento

Em tradução simultânea, a cirurgia de terça-feira não deu o resultado pretendido. Agora, vamos à segunda e derradeira tentativa para tratar a hemorragia (sangramento) intracraniana.

TONY RAMOS – O problema de Lula é semelhante ao do ator Tony Ramos, diagnosticado inicialmente como AVC (Acidente Vascular Cerebral), mas na verdade tratava-se de hematoma subdural crônico, que é comum de ser diagnosticado, especialmente em pacientes idosos, geralmente acima de 60 anos.

Mais comumente ocorre em idosos, porém favorece o aparecimento também em usuários de medicamentos que alteram a coagulação sanguínea, como antiagregantes e anticoagulantes, ou pacientes alcoolistas, com doenças que causam atrofia cerebral e usuários de válvula de hidrocefalia.

No caso específico do ator Tony Ramos, também foi realizada uma drenagem de hematoma, através de trepanação, ou seja, um pequeno orifício no crânio para se esvaziar esta hemorragia. E não funcionou. Como aconteceu com Lula, o ator teve de fazer a embolização das artérias meníngeas.

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P.S. –
O tratamento deu certo com o ator e vai dar certo com o presidente, porque este país já tem problemas demais. O que atrapalha é ser um paciente alcoolista. Quanto a Alckmin, também foi medicado, porque está com dificuldades para dormir. Vamos aguardar. (C.N.)

A extraordinária romaria de Renato Teixeira, que emocionou o país

RomariaPaulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor paulista Renato Teixeira de Oliveira, um dos mais destacados cantores da música regionalista, na letra de “Romaria” expressa o desejo por dias melhores, de fartura, povoando a mente do fervoroso homem do campo, que com fé luta contra as adversidades de sua dura e solitária rotina. 

A música “Romaria” foi gravada por Elis Regina no LP Elis, em 1977, pela Philips, tornando-se rapidamente sucesso em todo o país.

ROMARIA
Renato Teixeira

E de sonho e de pó
O destino de um só
feito eu perdido em pensamentos
sobre o meu cavalo
É de laço e de nó
De gibeira ou jiló
dessa vida cumprida a só

Sou caipira pirapora nossa
Senhora de Aparecida
Que ilumina a mina escura
e funda o trem da minha vida

O meu pai foi peão
Minha mãe solidão
meus irmãos perderam-se na vida
a custa de aventuras
Descasei, joguei
investi, desisti
Se há sorte eu não sei nunca vi.

Sou caipira pirapora nossa
Senhora de Aparecida
Que ilumina a mina escura
e funda o trem da minha vida

Me disseram porém
que eu viesse aqui
pra pedir em romaria e prece
Paz nos desaventos
Como não sei rezar
Só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar

Sou caipira pirapora nossa
Senhora de Aparecida
Que ilumina a mina escura
e funda o trem da minha vida

A operação de Lula, o entendimentos sobre a reforma tributária e a sua votação

Médico descarta licença: “não saiu da Presidência e não sairá”

Pedro do Coutto

De repente um imprevisto acontece na política e dependendo do grau em que ocorre, a importância cresce, a exemplo do ocorrido com o presidente Lula da Silva, internado às pressas no fim da noite desta segunda-feira no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo após passar o dia com dor de cabeça. Ele achava, na verdade, que estivesse ficando com gripe. Ainda em Brasília, ele havia passado por um exame de imagem, que mostrou uma nova hemorragia intracraniana, de cerca de três centímetros.

A tomografia constatou um novo sangramento na região do cérebro. Um sangramento até mais importante. Foi submetido a uma ressonância magnética, que comprovou o sangramento, e, depois de discutido com a equipe médica, se optou pelo procedimento cirúrgico. Lula foi, então, transferido para a unidade do Sírio em São Paulo. Durante todo o percurso, ele esteve lúcido, orientado e conversando. Embora, na queda, Lula tivesse batido a região da nuca, o hematoma estava na região do lobo fronto-parietal.

LICENÇA  – Ontem, o médico de Lula, o cardiologista Roberto Kalil Filho disse que não haverá necessidade de o presidente se licenciar do cargo nos próximos dias. “Lula não saiu da Presidência e não sairá. Ele deve voltar a Brasília na semana que vem”, disse o cardiologista, acrescentando que o presidente já estava acordado, conversando normalmente e se alimentando.

Pode ocorrer que, a operação do presidente, sem maior gravidade, tenha reflexos nos entendimentos sobre a reforma tributária e até mesmo em sua votação. O Globo de ontem, focalizou a iniciativa do senador Eduardo Braga. O relator na Casa do principal projeto de lei de regulamentação da reforma tributária, Braga apresentou nesta segunda-feira, o seu relatório com mudanças em relação ao texto aprovado na Câmara.

IMPACTO – Se aprovadas, as novas emendas vão representar um impacto extra de 0,13 ponto porcentual sobre a alíquota-padrão do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA),  que vai substituir os atuais tributos sobre o consumo. Com isso, a alíquota média subiria de 27,97% (considerando o texto que saiu da Câmara) para 28,1%.

O impacto é grande e o problema terá que ser resolvido rapidamente, pois a votação do orçamento depende da fixação desse valor. O reflexo da apresentação da emenda nos jornais de ontem será grande e muito maior será a discussão sobre o tema. De qualquer forma, representa um problema para o ministro Fernando Haddad, que terá que enfrentar mais essa colisão.

Na sala do comandante do DOI-Codi, dava para ouvir gritos dos torturados

Aos 100 anos, morre no Rio de Janeiro o jornalista Hélio Fernandes

Helio Fernandes retrata sua primeira prisão no Rio

Carlos Newton

Conforme explicamos ontem, a Tribuna da Internet sofreu há alguns anos um brutal ataque de hackers, que atingiu nossos arquivos, destruindo importantes textos de Helio Fernandes, Carlos Chagas, Sebastião Nery e outros jornalistas que não estão mais entre nós.

Mas sobraram alguns artigos que o comentarista José Guilherme Schossland, ex-vereador catarinense, havia preservado. O texto a seguir é mais um deles, que vale a pena ler de novo.

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NA MINHA PRIMEIRA PRISÃO, CONSTATEI
QUE POUCOS ESCAPAVAM DA TORTURA

Helio Fernandes

O excelente repórter Chico Otávio, de O Globo, entrevistou o coronel Riscala Corbage, que disse textualmente: “Torturei mais de 500 presos”. Como os outros envolvidos, principalmente o coronel Paulo Belham, (que foi logo silenciado), se despediu do jornalista com a afirmação: “Não tenho o menor peso na consciência”. Belham também tinha sua frase de bolso: “Não tenho remorso ou arrependimento”.

Chico Otávio encerrou sua reportagem com essa confissão, mas começou de maneira ainda mais jornalística: “O cara urra de dor”.

MENTINDO – Só que os Corbage e Belham mentiam avidamente, por simples exibicionismo. Acreditavam que confessando e exagerando, voltariam ao apogeu.

Os dois já estão acima dos 80 anos, imaginavam (e Corbage ainda imagina) que nada aconteceria a eles.

Como todos os generais de 64, principalmente os que chegaram a “presidentes”, já morreram, os dois torturadores não pensavam que surgisse essa expressão de duas palavras: “crimes imprescritíveis”.

500 TORTURADOS? – Corbage, esse capitão da Polícia Militar, tenente-coronel na reserva, torturou muito e se pode desmenti-lo, com o maior prazer. Só que mente em alta velocidade, desabaladamente. O Exército sempre teve desprezo e desapreço pela Polícia Militar. E esta, total ressentimento, por causa da hierarquia.

Os oficiais da Polícia Militar só chegavam a coronel, paravam por aí. E os comandantes eram sempre generais, lógico, do Exército. Lutaram dezenas e dezenas de anos para mudar a situação. Só foram conseguir quando se revoltaram contra o general Fiuza de Castro (o filho, o filho, o pai era ótima figura, a genética não exerceu o seu poder).

E esse Fiuza de Castro foi um dos mais displicentes comandantes do DOI-Codi. Não torturava pessoalmente e provavelmente não sabia de tudo o que acontecia. Mas existiam centenas de oficiais do Exército servindo no DOI-Codi e não deixariam que um Capitão PM exercesse tanto Poder para a tortura de “500 presos”.

CONFISSÕES DE MIM – Em minha primeira ida ao DOI-Codi, seu comandante era precisamente Fiuza de Castro (o filho, o filho…).

Saltei lá naquela entrada enorme, com cartazes do PIC (Pelotão de Investigação Criminal), uma figura fardada apontando um dedo para a frente, como se fosse uma ameaça, devia ser mesmo.

Mais ou menos 11 da noite. O Exército não transportava presos, aqui no Rio isso era feito pela polícia. Eles me diziam: “Ficamos assustados em trazer alguém, sabemos o que acontece”. Me levaram para uma sala, um major explicou: “O general Fiuza já foi comunicado, está chegando”.

GRITOS DE TORTURA – O prédio do DOI-Codi não era tão grande quanto parecia. Dava para ouvir gritos de tortura, incessantes, assustadores, mortais. Um capitão até de boa aparência, sussurrou: “São todos muito jovens, choram por qualquer coisa”. Não deu para saber se ele era contra a tortura ou se depreciava a reação dos torturados.

O general Fiuza levou quase duas horas para chegar, não cumprimentou ninguém, sentou numa cadeira distante. Vestia calça cinza e paletó de xadrez, nenhum jogo de palavras. Inesperadamente olhou para mim, falou: “Gosto muito quando o senhor escreve sobre futebol, por que tem que se meter na nossa vida?”.

Entendi que não seria torturado, porque a imprensa inteira sabia de minha prisão, que seria manchete de todos os jornais. Mas dava para ouvir gritos de tortura, incessantes, assustadores, mortais.

Na tentativa de salvar o amor, um poema bélico de Oswald de Andrade

Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral a bordo de um navio Foto: Crédito: Fundo Oswald de Andrade / Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulálio

Oswald com Tarsila do Amaral, a primeira musa

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, escritor, ensaísta, dramaturgo e poeta paulista José Oswald de Souza Andrade (1890-1954) foi um dos principais articuladores do movimento modernista literário e da célebre Semana de Arte Moderna, marco divisório na história das artes brasileiras, realizada em São Paulo, em 1922.

A rebeldia de Oswald o levava a querer muito mais do que simplesmente revolucionar forma e conteúdo da criação artística. O que ele queria mesmo era uma revolução que transformasse a vida social dos brasileiros, suas instituições e costumes.

Quanto ao amor, Oswald era considerado um sortudo, pois casou com duas das mulheres mais cobiçadas da época. Primeiro, com a pintora Tarsila do Amaral, e depois com Patrícia Rehder Galvão, conhecida como Pagu,  escritora, poetisa, diretora, tradutora, desenhista, cartunista, jornalista e militante comunista. 

ALERTA
Oswald de Andrade

Lá vem o lança-chamas
Pega a garrafa de gasolina
Atira

Eles querem matar todo amor
Corromper o pólo
Estancar a sede que eu tenho doutro ser
Vem do flanco, de lado
Por cima, por trás

Atira
Atira
Resiste
Defende
De pé
De pé
De pé
O futuro será de toda a humanidade.

Pacote de ajuste fiscal divide opiniões entre ex-ministros de Lula

Militares são antipetistas e querem parar as investigações

Charge do Zé Dassilva: Enquanto isso, nos quartéis... - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Carlos Newton

A política brasileira está cada vez mais esquisita e surrealista. Até agora não foi entendido o que realmente pretendiam os comandantes militares, quando foram incomodar o presidente Lula da Silva no Palácio da Alvorada, no último dia 30, um sábado.

A jornalista Eliane Cantanhêde, do Estadão, publicou que na reunião os chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, acompanhados pelo ministro da Defesa, José Múcio, pediram que Lula defendesse a anistia aos golpistas, uma informação importantíssima, com absoluta exclusividade e enorme repercussão.

E O MOTIVO? – A colunista do Estadão deu a notícia secamente, sem especular as razões que levaram os militares a tomar essa posição num fim de semana, fora da agenda presidencial. A informação teve forte reação na mídia e nas redes sociais, causando sobretudo estranheza, ninguém sabe por que os chefes militares estão agindo assim.

Cabe, portanto, uma tradução simultânea. E a explicação principal é de que as Forças Armadas querem mesmo é parar as investigações. Se prosseguirem, logo ficará claro que a quase totalidade dos oficiais da ativa e da reserva suportam Lula com enorme contrariedade.

Como se sabem, eles aceitaram a contragosto que o criador do PT tenha sido libertado por uma jogada do Supremo, que para tanto transformou o Brasil no único país da ONU (são 193) que não prende criminosos após condenação em tribunal.

E TEM MAIS – Os militares também jamais concordaram com a decisão do STF que anulou as condenações de Lula na Lava Jato, incluindo até a sentença proferida pela juíza Gabriela Hardt no caso do Sítio de Atibaia, que nada tinha a ver com erros atribuídos ao juiz Sérgio Moro na força-tarefa da operação. Ou sejam, foram decisões tomadas fora da lei pelos ministros.

Aliás, esse sentimento de repúdio a Lula sempre foi consenso entre os militares. Assim, se as investigações prosseguirem, essa situação logo virá a público e ficará claro que praticamente todos os oficiais das três Armas aceitavam o golpe, desde que houvesse algum indício de fraude nas urnas eletrônicas ou na apuração.

Como o governo Bolsonaro e o PL não conseguiram provar qualquer fraude, os oficiais superiores então caíram na real e os Altos-Comandos do Exército e da Aeronáutica refluíram para uma posição legalista, enquanto apenas a Marinha insistia na aventura.

VERSÃO IDEAL – Portanto, para as Forças Armadas, o ideal é que prevaleça a narrativa hoje em vigor, de que havia apenas alguns oficiais conspiradores, que foram em boa hora travados pela maioria legalista.

Mas no fundo todos sabem que essa versão é uma balela diante o apoio ostensivo das Forças Armadas aos acampamentos bolsonaristas, algo jamais visto e até considerado inimaginável.

Assim, se as investigações prosseguirem, se houver delações e se militares forem condenados por participar de uma trama que era objetivo comum, vai ser impossível esconder o sentimento antipetista dos militares. É justamente por isso que eles estão interessados na aprovação da anistia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGAnalisando-se a situação sob esse ponto de vista, talvez seja até melhor aprovar logo a anistia e ir cuidar da vida. Afinal, a quem interessa essa discussão interminável sobre um golpe que ia ocorrer, mas nunca existiu… (C.N.)

Flávio Dino já transformou o Supremo num comitê político do PT

Quem é Flávio Dino, indicado por Lula para o STF?

Dino gosta de fazer política de manhã, à tarde e à noite

Vicente Limongi Netto

Flavio Dino jogou no lixo a promessa que fez, de que não faria mais política, depois de agraciado pelo chefe Lula, com uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF). O fato é que Dino não faz outra coisa. Dorme e acorda metendo o bedelho em política.

 Votou pela condenação de Collor, porque o ex-presidente foi aliado de Bolsonaro, encrencou contra emendas parlamentares e, agora, rompeu com o governador do Maranhão e deputados da Assembleia Legislativa.

COMITÊ POLÍTICO – Lamentável que a Suprema Corte tenha se transformado em comitê político do PT. Alguns ministros votam com sede de vingança e sangue nos olhos. Atitude vergonhosa e, pelo jeito, sem chances de terminar tão cedo.

Nessa linha, o presidente eleito da OAB de São Paulo, a maior do país, Leonardo Sica, disse ao Estadão do dia 8 que os ministros do Supremo devem ter mandatos. Para Sica, “o Supremo, hoje, é um grande tribunal criminal de todas as autoridades do Brasil. Isso dá um poder desmedido”. 

EXEMPLO DO CRAQUE – O capitão Thiago Silva pagou promessa pela permanência do Fluminense na série A, andando ajoelhado, de um lado para outro do gramado, emocionou os torcedores. 

Nessa linha, governo e políticos falam pelos cotovelos. Mentem, descaradamente.

Se realmente cumprissem as promessas que fazem, o ano todo, da boca para fora, deveriam imitar Thiago Silva, andando, de joelhos, do Palácio do Planalto para a Esplanada dos Ministérios, encerrando uma marcante profissão de fé, no Congresso Nacional.

BAIXÍSSIMO NÍVEL – O Senado federal nunca esteve tão pessimamente representado. O baixo nível é medonho. Com o desprezível Davi Alcolumbre novamente presidente do Senado e do Congresso, é monumental o escárnio, ultrajante e vergonhoso. Seu plenário virou palco de demagogos engomados.

Senado presidido por Rodrigo Pacheco já era um escárnio, um castigo de Deus que o Legislativo não merece. Agora, fala-se que em 2026 quem será castigado é o povo mineiro, porque Lula, que se julga o maior sabidão da terra, semideus de meia pataca, pretende fazer Rodrigo Pacheco o governador de Minas Gerais. É o fim da picada. 

O emocionante poema de despedida que o genial Paulo Leminski nos legou

Nesta vida, pode-se aprender três... Paulo Leminski - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O crítico literário, tradutor, professor, escritor e poeta paranaense Paulo Leminski Filho (1944-1989) deixou um emocionante poema de despedida, bem no seu estilo, livre e inovador.

ADEUS
Paulo Leminski 

Adeus, coisas que nunca tive,
dívidas externas, vaidades terrenas,
lupas de detetive, adeus.
Adeus, plenitudes inesperadas,
sustos, ímpetos e espetáculos, adeus.
Adeus, que lá se vão meus ais.
Um dia, quem sabe, sejam seus,
como um dia foram dos meus pais.

Adeus, mamãe, adeus, papai, adeus,
adeus, meus filhos, quem sabe um dia
todos os filhos serão meus.
Adeus, mundo cruel, fábula de papel,
sopro de vento, torre de babel,
adeus, coisas ao léu, adeus.

Comunicação do governo precisa apresentar os resultados já alcançados

Governo tem apresentado bons resultados que são divulgados

Pedro do Coutto

O presidente Lula da Silva decidiu reformular o sistema de comunicação de seu governo que não está apresentando os resultados esperados , deixando passar em branco programadas da mais alta importância e cuja divulgação acrescentaria pontos importantes para a sua administração e para a campanha de 2026. Lula será candidato à reeleição, é claro, até porque não existe outro nome capaz de reunir tantas correntes eleitorais.

É verdade, entretanto, que a atuação do deputado Paulo Pimenta à frente da Comunicação vem deixando a desejar porque não consegue reunir as ações mais importantes do governo, e a partir daí leva ao esquecimento de fatores de mobilização da sociedade. O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome,Wellington Dias, que rege a distribuição do Bolsa Família, não fornece os resultados que seriam esperados para uma pasta tão importante e que vai ao encontro de milhões de famílias.

ACOMPANHAMENTO – Bastaria realizar um acompanhamento das atividades para que a população brasileira sentisse a importância do setor, e que é assinalada pela evolução social que acaba de ser divulgada pelo IBGE: cresceu a renda, o consumo e o nível de emprego. O governo, logo, avançou. Porém, o progresso só foi divulgado pelo Instituto.

A presença do governo nas redes sociais constitui uma lacuna que precisa ser preenchida, pois com o passar do tempo perde-se oportunidades de fazer chegar à opinião pública o que está sendo realizado e de que forma os projetos têm sido concretizados.

Há ministérios que não estão funcionando adequadamente e os seus titulares não se motivam, fazendo com que as divulgações necessárias não sejam feitas de forma correta e efetiva. A taxa de investimentos públicos subiu acentuadamente, mas a propagação das ações não acompanhou essa evolução com o que seria paralelamente o avanço dos investimentos públicos.

O presidente Lula tem todas as condições para divulgar o seu governo, e realizações nele contidas. Não faltam resultados concretos, basta que a sua comunicação seja também efetiva.

No relatório do golpe, delegado da PF denegriu a honra de dois generais

Bolsonaristas desfecharam “uma onda de ataques” contra delegado da PF que investigou seus crimes

Deputado Van Hattem exibiu a foto do delegado Fábio Shor

Carlos Newton

O exercício da profissão de jornalista de política, para chegar a bom termo, não é nada fácil e exige uma dedicação absurda, porque além de correr incessantemente atrás da notícia, os repórteres precisam estar de olho vivo para evitar serem usados, através da plantação de notícias manipuladas por seus informantes.

O melhor dia para explorar a boa fé dos jornalistas é sexta-feira, porque aos sábados e domingos as redações funcionam em sistema de plantão. Assim, em toda sexta-feira as redações varam a noite fazendo o que chamamos de “pescoção”, adiantando a preparação de notas e matérias a serem publicadas sábado, domingo e segunda-feira de manhã.

MÍNIMO DE VERACIDADE – Durante o fim de semana a situação também continua favorável à plantação de notícias, porque as redações estão vazias e os plantonistas aceitam qualquer informação que tenha um mínimo de possível veracidade.

Vamos dar um exemplo de “notícia dirigida”. No momento atual, a Polícia Federal abriu uma grave crise com o Congresso ao indiciar dois deputadores – e Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB).

A PF alega que eles cometeram crimes de calúnia e difamação ao discursar contra o delegado Fábio Alvarez Shor, pelos erros cometidos em inquéritos que miram o ex-presidente Jair Bolsonaro, além de políticos, militares e ativistas da direita.

MANIPULAÇÃO – Para limpar a barra do delegado Fábio Shor, a PF divulgou a notícia de que houve troca na Diretoria de Inteligência, acrescentando a falsa informação de que esse órgão “estratégico” é que “toca inquéritos importantes, como as diferentes investigações que envolvem o bolsonarismo no STF”.

A informação é absolutamente falsa. A Diretoria de Inteligência não opera nos inquéritos do bolsonarismo. Pelo contrário, todas as informações são conduzidas pela força-tarefa cedida pela PF ao ministro Alexandre de Moraes.

Essa equipe é chefiada justamente pelo delegado Fábio Shor, aquele que não erra nunca e acaba de manchar a honra de dois respeitados generais – Valério Stumpf, ex-Estado-Maior, e Estevam Theophilo, ex-Comando de Operações Terrestres.

SUPOSTAS INFORMAÇÕES – O badalado relatório oficial da PF, escrito por Fábio Shor, publica supostas informações de um militar que sequer foi identificado (aparece como “Riva”), dizendo que a Marinha tinha “tanques no arsenal, prontos” e que o general Stumpf seria informante de Moraes no Exército.

Exibindo esse método investigativo altamente irresponsável –, de afirmar sem provar –, o delegado Shor também publicou no relatório que o general Estevam Theophilo, do Alto-Comando, aceitou “apoiar” o golpe.

É mais uma informação leviana, sem a menor prova ou sustentação, porém acabou divulgada com estardalhaço na grande imprensa e no Jornal Nacional, para depois ganhar as redes sociais.

DENEGRIU OS GENERAIS – Como se vê, somente nesta parte do relatório, o delegado Fábio Shor conseguiu denegrir a honra de dois generais de quatro estrelas.

Mas ele é intocável e não pode ser criticado nem mesmo por deputados federais, no exercício do mandato e falando da tribuna da Câmara…

O pior é que diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, ao invés de apurar os erros do delegado Shor, age como um déspota e resolveu indiciou os dois deputados federais, criando um grave problema para Lula, para o Congresso e para a própria Polícia Federal.

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P.S.
Em tradução simultânea, o infalível e inerrável delegado federal Fábio Shor pode fazer o que bem entender com a imagem e dignidade dos outros, mas sua honra pessoal jamais poderá ser atacada. Ele está acima da lei e da ordem, é o que parece. (C.N.) 

Releia texto de Helio Fernandes sobre os coronéis da ditadura militar de 64

Morre o jornalista Helio Fernandes, aos 100 anos - Janela Publicitária

Helio Fernandes foi preso várias vezes na ditadura

Carlos Newton

Os brasileiros que insistem em acompanhar a Tribuna da Internet sabem que há alguns anos sofremos um brutal ataque de hackers, que atingiu nossos arquivos, destruindo importantes textos de Helio Fernandes, Carlos Chagas, Sebastião Nery e outros jornalistas que não estão mais entre nós.

Mas sobraram alguns artigos que o comentarista José Guilherme Schossland, ex-vereador catarinense, havia preservado. O texto a seguir é um deles, que vale a pena ler de novo.

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CORONÉIS FORAM APENAS COADJUVANTES
E AGORA SÃO OS “PAPAGAIOS DA TORTURA”.

Helio Fernandes

Falavam muito em “linha dura”, mas isso era forma de simplificar. “Linha dura” era composta por aqueles que logo queriam torturar e matar. Os outros, eram os que acreditavam em diálogo, todos, milhares, iriam sendo “passados para a reserva, como traidores da revolução”. Que iria sendo identificada com sua própria fisionomia de golpe.

Uma cena quando eu estava preso no DOI-Codi. Depois de um tempo de silêncio, o general Fiuza de Castro (o filho, o filho, o pai era ótima figura, a genética não exerceu o seu poder) falou para um coronel: “Onde está o carro que vai levar o jornalista?”. Uma quase revelação, eu iria para algum lugar, poderia ser bom ou ruim. O carro chegou, me levaram até ele, Fiuza disse para o coronel: “Vá com ele, não quero que desapareça pelo caminho e nos acusem e culpem”.

Parecia um destino razoável, mas fiquei ainda sem saber. No carro o coronel (de uma grande família de militares de carreira) me disse: “Vamos para o Hospital Central do Exército”. Mas terminou com uma declaração surpreendente: ”Ao senhor não vai acontecer nada”. Naturalmente com outros acontecia.

Fiquei lá uma semana, a única satisfação era a conversa com o médico. Sobrinho de Manoel Bandeira, contava histórias admiráveis dele. Uma semana depois fui libertado. Na portaria do hospital, em Bonsucesso, me entregaram mala com roupas. Provavelmente minha família sabia, não me falaram nada. Peguei um taxi, logo estava em casa. 

CASO DE HERZOG – Preso na TV-Cultura, não era para ser morto. Mas seus prisioneiros obedeciam ordens do poderoso general Eduardo D’Avila Mello, comandante do II Exército. Já fora advertido pelo general Geisel, “não quero violência contra ninguém”.

Quatro Estrelas, comandante do II Exército (que englobava São Paulo), suas ordens foram as mais específicas e minuciosas possíveis.

Acreditava que nada iria lhe acontecer. Mas aconteceu.

“VOU SOZINHO” -Quando soube da morte (assassinato) do jornalista, Ernesto Geisel mandou preparar o avião, “vou para São Paulo”. Muitos queriam ir com ele, foi duro e definitivo: “Vou sozinho”. Chegou em São Paulo mandou chamar o general Ednárdo, disse imediatamente: “O senhor está demitido, vai chegar do Rio o novo comandante do II Exército”.

O general Ednárdo não acreditou, nunca um general comandante do Exército foi demitido dessa maneira. Ficou parado, perplexo, Geisel fulminou:

“Pode se retirar, o senhor não tem mais nada a fazer aqui”. 

CORDEIRO DE FARIAS – Na minha casa, só o general Cordeiro de Farias e o grande criminalista Oscar Pedroso Horta, ministro da Justiça de Jânio, e talvez a única pessoa a saber da “renúncia”. Cordeiro contou o seguinte. Foi interventor no Rio Grande do Sul, e depois governador de Pernambuco, eleito pelo voto direto. Fez muitos amigos, de vários setores.

Um dia recebeu telefonema do Recife. Um amigo advogado, contava que seu filho de 21 anos estava preso no DOI-Codi do Rio de Janeiro, apavorado que fosse torturado. Cordeiro Ligou logo para o ministro Orlando Geisel, pediu providências.

AFIRMOU O MINISTRO – “Ele me disse, vá lá na Barão de Mesquita, mostre a identidade de general, chame o coronel, (foi dizendo os nomes) diga que fala em meu nome, que em mandei soltar logo o estudante”.

Cordeiro acrescentou: “Fui, não me deixaram nem passar da portaria, telefonei de volta para o ministro Geisel: Você não manda nada, não pude nem entrar, nem procurar o coronel da tua confiança”. O general-Ministro perguntou onde eu estava, mandou esperar. Chegou fardado, foi demitindo todos que apareciam. O coronel encontrou o menino que procurávamos, conseguiu retirá-lo.

E Cordeiro de Farias, ainda emocionado: “Não adiantava mais nada, ele já fora torturado”. O coronel explicou que procuravam informações. E Pedroso Horta, revoltado: “Que informações poderiam obter de um estudante de 21 anos?”. 

PRESOS DO PASQUIM – Quero terminar com este episódio que mostra a diferença do Exército dos generais ambiciosos e torturadores e dos oficiais que repudiavam o golpe, quase todos perseguidos e expulsos.

Os jornalistas do “Pasquim” ficaram num Batalhão de Paraquedistas. 60 dias de prisão. Mas o comandante, duas ou três vezes por semana, “pernoitava” no quartel, jantava com alguns. Que diferença.

Por hoje acho o suficiente. Fui preso outras vezes, cassado, sequestrado, desterrado, proibido de escrever, e mais e mais. Os fatos que estão aqui, tiveram o repórter como personagem, observador e participante. 

Paulo Nogueira Batista lança livro sobre o romantismo: “Estilhaços”

JPaulo Nogueira Batista Jr lança hoje em São Paulo Estilhaços: ''A minha  obra mais pessoal''; vídeos - Viomundoosé Carlos Werneck

Será lançado pela Editora Contracorrente, nesta terça-feira (dia 10), “Estilhaços”, o mais recente livro do economista Paulo Nogueira Batista Jr., que já tem sete livros publicados, que tratam primordialmente de temas da área de economia internacional e geopolítica, além de inúmeros ensaios, crônicas e artigos. Dois dos seus livros, “A economia como ela é” e “O Brasil não cabe no quintal de ninguém” foram finalistas do Prêmio Jabuti.

Economista por formação e atuação, ele sempre teve inclinação e apego também por filosofia, literatura e cinema. Essa temática, embora já presente em seus livros e escritos anteriores, constitui neste livro “Estilhaços”, pela primeira vez, o aspecto central.

ROMANTISMO -Segundo o autor, a obra significa “uma longa digressão sobre o romantismo”. Em forma de aforismos, que permeiam a literatura e a filosofia, ela pode ser lida aos pedaços, há partes estanques; as memórias se misturam com a arte, os contos com as
lembranças, aleatoriamente, sem perda de sua essência.

“Mistura-se a vivência com a imaginação”, explica Paulo Nogueira Batista.

Portanto, trata-se de um mergulho na subjetividade de um grande brasileiro, que insiste em transmitir a importância da cooperação, da solidariedade e da tolerância em um mundo cada vez mais ameaçado por confrontos armados, pandemias, crise climática e pobreza”. Pela brilhante trajetória de vida do autor a obra merece a leitura.

Três coisas fundamentais desafiavam o poeta Paulo Mendes Campos

Paulo Mendes Campos - Sentimento do tempo - Blog do Castorp

Mendes Campos, um grande poeta 

Paulo Peres
Poemas & Canções 

O jornalista, escritor e poeta mineiro Paulo Mendes Campos (1922-1991) faz reflexões poéticas sobre as três coisas que mais o incomodavam e desafiavam na vida, mas não consegue chegar a nenhuma conclusão.

TRÊS COISAS
Paulo Mendes Campos

Não consigo entender
O tempo
A morte
Teu olhar

O tempo é muito comprido
A morte não tem sentido
Teu olhar me põe perdido

Não consigo medir
O tempo
A morte
Teu olhar

O tempo, quando é que cessa?
A morte, quando começa?
Teu olhar, quando se expressa?

Muito medo tenho
Do tempo
Da morte
De teu olhar

O tempo levanta o muro.
A morte será o escuro?
Em teu olhar me procuro.

União Europeia e Mercosul selam acordo com 25 anos de negociação

Ainda não há previsão de quando o acordo passaria a valer

Pedro do Coutto

Depois de 25 anos de avanços e recuos, foi finalmente firmado o acordo de livre comércio entre os líderes do Mercosul e da União Europeia. A cerimônia ocorreu na cidade de Montevidéu, no Uruguai, durante a cúpula do Mercosul. “À luz do progresso alcançado desde 2023, o Acordo de Parceria entre o Mercosul e a União Europeia está agora pronto para revisão legal e tradução. Ambos blocos estão determinados para conduzir tais atividades nos próximos meses, com vistas à futura assinatura do acordo”, afirma o documento

Durante o anúncio, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse que o acordo cria uma das maiores alianças de comércio do mundo. “A União Europeia e o Mercosul criaram uma das alianças de comércio e investimentos maiores que o mundo tenha visto. Estamos formando um mercado de mais de 700 milhões de consumidores”, afirmou.

REVISÃO – Apesar do anúncio, o acordo ainda não foi assinado. A assinatura será realizada uma vez que os textos negociados passem por uma revisão jurídica e sejam traduzidos para os idiomas oficiais dos países. Após a assinatura entre as partes, o acordo será submetido aos procedimentos de cada parte para aprovação interna – no caso do Brasil, pelo Poder Legislativo.

Uma vez aprovado internamente, o acordo pode ser ratificado por cada uma das partes, etapa que permite a entrada em vigor do que foi firmado. Juntos, Mercosul e UE reúnem cerca de 718 milhões de pessoas e Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente US$ 22 trilhões.

Há, entretanto, um entrave no radar: a França. Agricultores europeus, principalmente os franceses, têm se manifestado contra a aprovação do acordo. A França é um dos maiores produtores agrícolas da UE e deve ser bastante prejudicada pelo acordo, já que a América do Sul tem grandes produtores de grãos e alimentos.

CONCORRÊNCIA – Os trabalhadores alegam que haveria uma concorrência desleal, já que, segundo eles, a produção desses alimentos no bloco sul-americano não está submetida aos mesmos requisitos ambientais e sociais, nem às mesmas normas sanitárias em caso de controles defeituosos que a europeia. O presidente francês, Emmanuel Macron, classificou o acordo como “inaceitável” em seu estado atual.

Já a ministra do comércio exterior da França, Sophie Primas, afirmou que o país lutará contra a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia “em cada passo do caminho”, ao lado dos Estados-membros do bloco que partilham de sua visão. Além da França, outro país que já se manifestou contra o acordo é a Polônia. Áustria, Holanda e Itália também estão divididas sobre o assunto. Se a França conseguir influenciar um número suficiente de países-membros da UE, há chances de que o acordo não saia. Não acredito que a ofensiva prospere.

“Volta! Vem viver outra vez ao meu lado”, pedia o genial Lupicínio Rodrigues

Lupicínio Rodrigues, um brinde ao homem dos nervos de aço - Tempo da  Delicadeza

Lupe, retratado por JBosco de O Liberal

Paulo Peres
Poemas & Canções

O compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974), Lupe, como era chamado desde pequeno, sempre foi um mestre no emprego do lugar-comum, tal qual ele capta nos versos de “Volta” o imenso vazio das noites que a saudade as torna insones. A música fez um sucesso estrondoso, gravada por muitos intérpretes, inclusive Gal Costa, no LP Índia, em 1973, pela Phonogram.

VOLTA
Lupicínio Rodrigues

Quantas noites não durmo
A rolar-me na cama,
A sentir tantas coisas
Que a gente não pode explicar
Quando ama.

O calor das cobertas
Não me aquece direito…
Não há nada no mundo
Que possa afastar
Esse frio do meu peito.

Volta!
Vem viver outra vez ao meu lado!
Não consigo dormir sem teu braço,
Pois meu corpo está acostumado…

Violência policial faz Tarcísio de Freitas aceitar uso de câmaras pelos PMs

O governador afirmou que vai aumentar o número de dispositivos

Pedro do Coutto

Foi uma atitude bastante positiva a do governador Tarcisio de Freitas, após os episódios chocantes de violência dos policiais militares registrados nos últimos dias em São Paulo, levando-o a mudar de postura em relação às câmeras corporais para os agentes de segurança. O governador, que se manifestou diversas vezes contrário ao uso do equipamento, afirmou que vai aumentar o número de dispositivos.

Ao ser questionado sobre a investigação do policial militar que atirou um homem do alto de uma ponte, o governador disse que houve um flagrante descumprimento de procedimentos operacionais. “Quando a gente começa a ver reiterados descumprimentos desses procedimentos, a gente vê que há de fato transgressão disciplinar, há falta de treinamento. Então, são coisas que chocam todo mundo. Então, tem uma hora que a gente tem que chamar a corporação: pera aí, o que está acontecendo? Vamos redesenhar isso aqui”, afirmou.

TREINAMENTO – Em seguida, Tarcísio de Freitas disse que é preciso mais treinamento, reciclagem de policiais e a compra de mais equipamento não letal e câmeras. O governador reconheceu, então, ter mudado de opinião sobre o assunto. “Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Eu tinha uma visão equivocada, fruto da experiência pretérita que eu tive – que não tem nada a ver com a questão da segurança pública. Hoje, eu estou absolutamente convencido que é um instrumento de proteção da sociedade, do policial e nós vamos não só manter o programa, mas ampliar o programa”, afirmou.

A declaração do governador de São Paulo vem depois de sucessivos episódios de violência policial. Nesta quinta-feira, a Justiça Militar decretou a prisão preventiva do soldado que arremessou um homem do alto de uma ponte, na Zona Sul de São Paulo. Ele recebeu voz de prisão assim que chegou para cumprir expediente na Corregedoria. O inquérito aponta lesão corporal e violência arbitrária. Em depoimento, o policial disse que quis jogar o homem no chão e não de cima da ponte.

INVESTIGAÇÃO – Além do inquérito militar, a conduta dos PMs também passou a ser investigada pela Polícia Civil de São Paulo. Também nesta quinta-feira, a Justiça decretou a prisão do policial militar que atirou 11 vezes em um homem que estava fugindo com pacotes de sabão furtados de um mercadinho em São Paulo.

O discurso de segurança jurídica que precisa ser dado para os profissionais da Segurança Pública é que combater de forma firme o crime não pode significa salvo-conduto para fazer qualquer coisa, para descumprirem regras. Não podem achar que estão imunes a qualquer ação.

O poeta Márcio Borges nos ensinou que os sonhos não envelhecem

Letrista, Márcio Borges, fala sobre sua composição na música 'Clube da  Esquina' de Milton Nascimento | Programão de Sábado | Rede Globo

Márcio Borges, um poeta portentoso

Paulo Peres
Poemas & Canções

O escritor, diretor do Museu do Clube da Esquina e poeta mineiro Márcio Hilton Fragoso Borges é, sem dúvida, um dos melhores letristas do nosso cancioneiro popular, criador da expressão “os sonhos não envelhecem”.

Na letra de “Clube da Esquina II”, feita com seu irmão Lô e Milton Nascimento, Márcio Borges fala de um tempo que não existe mais, de um tempo de lutas, de persistência, de não se render. Vale ressaltar que a letra casa bem com a luta pela sobrevivência do homem na sociedade com a luta contra os absurdos da ditadura militar, então, vigente no país desde 1964.

Além disso, é um canto de uma juventude que soube compreender seu tempo, seus medos, suas angústias e suas derrotas, mas não desistiu, é um Clube da Esquina, esquina de amigos que estavam tentando vencer na vida, assim como os amigos que tentavam vencer a ditadura, belo paralelo, pois acabou a ditadura, mas o Clube da Esquina, a luta e persistência para vencer na vida e na sociedade é algo sempre presente, por isso essa música será eterna.

A canção foi gravada por Milton & Lô Borges no LP Clube da Esquina, em 1972, pela Odeon.

CLUBE DA ESQUINA II
Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges

Por que se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem se lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, aço, aço…

Por que se chamava homem
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos, calmos…

E lá se vai mais um dia
E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio,
De tudo se faz canção
E o coração na curva de um rio, rio, rio…

E o Rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio fio,
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente, gente.

Câmara aprova urgência para análise de projetos do corte de gastos

Charge do Galvão Bertazzi (cartum.folha.uol.com.br)

Pedro do Coutto

A Câmara aprovou nesta quarta-feira, o regime de urgência para dois projetos do pacote de corte de gastos apresentado pelo governo para cumprir a meta fiscal. Com a decisão, as propostas terão a análise acelerada e não precisarão ser votadas nas comissões temáticas. Agora, os textos podem ser analisados diretamente no plenário.

O projeto de lei complementar que altera o arcabouço fiscal teve a urgência aprovada por 260 deputados. Outros 98 foram contrários e dois se abstiveram. Já o projeto de lei que busca limitar o crescimento de benefícios e fazer uma espécie de “pente-fino” em programas sociais teve aprovação de 267 deputados, com 156 contrários e 37 abstenções.

APROVAÇÃO – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, entretanto, afirmou que o governo não tem hoje votos para aprovar sequer os requerimentos de urgência aos projetos do ajuste fiscal por causa da insatisfação com a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre as emendas parlamentares ao Orçamento, mas que acredita que serão aprovados ainda este ano.

Ele destacou que o Congresso aprovou um projeto e a lei foi sancionada pelo presidente Lula da Silva para regulamentar as emendas com “transparência e rastreabilidade”, e “quem fizer errado na ponta tem todos os órgãos de controle para tomar conta”, mas que o Supremo estabeleceu regras diferentes daquelas combinadas entre Legislativo e Executivo.

“E veio logo em seguida uma outra decisão [do STF] remodelando tudo o que foi votado, causando muita, muita intranquilidade legislativa. Hoje o governo não tem voto sequer para aprovar as urgências dos projetos de lei”, comentou. Apesar de dizer que o governo não tem os votos necessários, Lira afirmou que trabalhará “muito” nas próximas duas semanas para convencer os parlamentares das matérias.

HARMONIA –  “Agora está num momento de muita instabilidade, de muita ansiedade, de muita turbulência interna por causa desses acontecimentos que não são inerentes ao convívio harmônico, constitucional, de limites entre os Poderes, principalmente nas suas circunscrições do que pode ou não fazer, você não vai ver nunca um deputado julgando alguém ou condenando alguém no tribunal, como você não deve ver nunca um juiz legislando”, disse.

Há uma divergência acentuada na questão, pois aprovar o regime de urgência é uma coisa, mas a matéria em si é outra. Há que considerar que há emendas precisam ser colocadas em votação e o regime de urgência não garante por si só a aprovação da matéria. Mesmo aprovada, o governo terá que enfrentar os destaques, tirando do texto situações consideradas ruins para a tramitação final.

MENORES INDÍCES – O que o governo tem que comemorar no momento é a queda da pobreza extrema e da miséria,  que registraram em 2023 os menores índices da série histórica, iniciada em 2012. Pela primeira vez, a miséria ficou abaixo de 5%, caindo para 4,4%, o que representa 9,5 milhões de pessoas. Além disso, 8,7 milhões de brasileiros saíram da condição de pobreza, reduzindo esse contingente para 59 milhões, o menor número registrado em mais de uma década.

As informações constam na Síntese de Indicadores Sociais, estudo divulgado pelo IBGE nesta quarta-feira. Os dados são referentes ao ano de 2023. Após a divulgação dos dados, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou a queda da miséria. A expansão dos programas sociais, principalmente do Bolsa Família, ajudou a reduzir a miséria, também chamada de pobreza extrema, de 5,9% para 4,4% entre 2022 e 2023, segundo o IBGE. Em outras palavras, significa que, de 12,6 milhões de pessoas, 3,1 milhões saíram da miséria em um ano.

O Instituto acentua a queda, mas a desigualdade continua. Porém, essa tem que ser vista por um ângulo diferente, pois a pobreza e a miséria caíram em relação à condição socioeconômica. Logo, a relação entre esses dois vetores têm que ser medidas em função do panorama geral do país e da renda, além do acesso aos serviços públicos. A redução da desigualdade é o que de mais difícil pode se esperar de ações do governo. Um desafio permanente em todo o mundo.