Maduro manda prender chefe de campanha da oposição e agrava a crise

Oropeza (de azul) discursa ao lado de María Corina Machado

Pedro do Coutto

Na Venezuela, começaram as prisões de figuras contrárias a Maduro, incluindo María Oropeza, colaboradora da líder da oposição María Corina Machado, que anunciou a detenção na rede social X e confirmada pelo Comitê de Direitos Humanos do partido Vente Venezuela.

Oropeza fez uma transmissão ao vivo mostrando, segundo ela, o momento de sua detenção. “Eu não fiz nada de errado”, disse a coordenadora na transmissão. No vídeo, feito de dentro de um imóvel, a chefe de campanha mostra um grupo de homens arrombando a porta do local. Após conseguirem abri-la, os homens, alguns encapuzados, sobem uma escada em direção a María Oropeza sem falar nada e sem mostrar ordem de prisão.

ORDEM JUDICIAL – O partido Vente Venezuela afirmou que não foi apresentada nenhuma ordem judicial e que Oropeza foi “sequestrada” por forças do regime de Maduro. Horas antes, a chefe regional de campanha havia publicado uma postagem nas redes sociais criticando a criação de uma linha de telefone do governo para receber denúncias de “crimes de ódio” contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Oropeza é chefe da campanha de Edmundo González no estado de Portuguesa, no noroeste da Venezuela. Ela coordenava a campanha de María Corina Machado antes de a oposicionista ser impedida de concorrer à presidência do país, em janeiro, pelo Tribunal Supremo da Venezuela, alinhado ao regime de Maduro.

SEM ARGUMENTOS – Essa etapa absurda era esperada, uma vez que, quando a ditadura começa a ser abalada em suas bases, começam as posições de figuras opositoras, refletindo a brutalidade e a falta de argumentos do regime controlado por Maduro. Os países democráticos, incluindo o Brasil, precisam tomar uma posição bastante firme nesse contexto, pois, caso contrário, a violência poderá aumentar cada vez mais na Venezuela.

Maduro convocou uma eleição e promoveu uma grande farsa para se manter no poder. Mas existem reações internacionais que se confrontam com tal realidade. Não será fácil a solução, se é que chegarão a algum cenário de pacificação. Este é um problema para todos os defensores da democracia.

“Queixo-me às rosas, mas que bobagem, as rosas não falam…”, cantava Cartola

O Rio de Cartola: 115 anos do gênio da música, mangueirense e tricolor -  Diário do Rio de Janeiro

Cartola, uma lenda no samba e na Mangueira

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor, compositor e instrumentista carioca Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola (1908-1980), um dos fundadores da escola de samba da Estação Primeira de Mangueira em 1928, sempre foi considerado por diversos músicos e críticos como um dos melhores sambistas na história da música brasileira.

O samba-canção “As Rosas Não Falam”, gravado por Beth Carvalho, em 1976 pela RCA , é uma das suas composições eternizadas.

A letra da música mostra a desilusão um homem por não conseguir o amor de sua amada, que resolve queixar-se às rosas, mas suas queixas não adiantam em nada, afinal as rosas não falam.

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AS ROSAS NÃO FALAM
Cartola

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão,
Enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim

Queixo-me às rosas,
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti,

Ai, devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim

Prisão de Filipe Martins é absurda e ilegal, mas Moraes está pouco ligando

O duro recado do Congresso a Alexandre de Moraes | VEJA

Moraes errou feio, mas não admite corrigir o equívoco

Carlos Newton

Num país minimamente sério e democrático, a prisão de Filipe Martins, ex-assessor internacional de Jair Bolsonaro na Presidência, estaria a provocar um tsunami jurídico, com protestos diários e veementes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de outras instituições do gênero, como o Instituto de Advogados Brasileiros.

Também as diversas entidades representativas dos magistrados deveriam estar se manifestando, especialmente a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil). Mas não há reação. É como se o ministro-relator Alexandre de Moraes tivesse procuração para agir como bem entendesse e fosse imune a erros.

UM INOVADOR – No caso, fica comprovado que Moraes, antes de tudo, é um inovador, pois antes dele nenhum magistrado conseguiu cometer tantos erros consecutivos, sem ter sido obrigado a corrigi-los.

Não vamos nem nos aprofundar na fábrica de “terroristas” que Moraes instalou no Supremo, sem provas materiais ou testemunhais, além de incluir cerceamento de defesa, com proibição de sustentação oral pelos advogados.

Moraes e os demais ministros sempre arrumam uma maneira de justificar esses erros absurdos, que condenaram pessoas simples, cujo crime cometido foi acreditar num determinado tipo de políticos, pois estão presas há mis de um ano, cumprindo pena, mas os políticos permanecem soltos. 

UM CASO ÍMPARMas o pior mesmo é a prisão de Filipe Martins. O motivo alegado é uma simples presunção de culpa, que está muito em moda. Ou seja, Filipe Martins teria viajado a 30 de dezembro de 2022 para os Estados Unidos, junto com o presidente Bolsonaro, com o objetivo de escapar da Justiça. Assim, estaria foragido. Mas na verdade ele não saiu do Brasil. Quem viajou na maionese foi o ministro Moraes, que mandou prender o ex-assessor em Ponta Grossa, no Paraná, onde fora passar Natal e Ano Novo com a família da namorada.

A investigação da Polícia Federal colecionou excesso de provas de que Martins não estava foragido. É uma relação longa e inquestionável, que extermina materialmente a presunção de culpa idealizada por Moraes.

Mesmo assim, o ministro reluta em libertá-lo, em desatenção aos dois pareceres seguidos que recebeu da Procuradoria-Geral da República, pedindo que desfizesse o equívoco.

INEDITISMO – Na Justiça brasileira, jamais havia ocorrido um caso de a Procuradoria pedir duas vezes seguidas a libertação de um preso por erro processual, sem que fosse atendida.

Nesta quinta-feira, dia 8, completam-se seis meses de uma prisão injusta e intolerável, tão inadmissível que o diretor da penitenciária ficou compadecido e permitiu que Felipe Martins ficasse em situação de semiliberdade, dormindo na biblioteca.

Diante de uma situação dessa ordem, como concordar com os critérios adotados por Alexandre de Moraes? Como aceitar esse silêncio da OAB e das demais associações? Como acreditar que exista Justiça neste país?

Edmundo González se autodeclara presidente e intensifica crise na Venezuela

A autoproclamação de González tem caráter simbólico

Pedro do Coutto

Em um movimento que intensifica a crise política na Venezuela, Edmundo González, adversário de Nicolás Maduro na eleição presidencial, declarou-se presidente eleito do país nesta segunda-feira, em uma carta publicada em suas redes sociais.

A carta é assinada por González e María Corina Machado, líder da oposição que teve seus direitos políticos cassados pela Suprema Corte do país, impedindo-a de ser candidata. A oposição contesta o resultado da eleição desde o dia da votação, em 28 de julho.

VITÓRIA – “Nós ganhamos essa eleição, sem dúvida alguma. Foi uma avalanche eleitoral, com uma organização cidadã admirável, pacífica, democrática e com resultados irreversíveis. Agora, cabe a nós fazer a voz do povo ser respeitada. Proceda, imediatamente, a proclamação de Edmundo González Urrutia como presidente eleito da República”, diz a carta.

Em declarações à imprensa internacional, membros da oposição afirmam que o anúncio não visa formar um governo paralelo ao regime de Caracas, mas sim buscar a confirmação do que as atas eleitorais recolhidas pela oposição mostram. Eles também afirmaram que González não pretende exercer funções presidenciais antes de uma transição, evitando seguir o exemplo de Juan Guaidó em 2019.

A oposição também apelou às Forças Armadas do país. “Instamos vocês a impedir a desenfreada repressão do regime contra o povo e a respeitar, e fazer respeitar, os resultados das eleições de 28 de julho. Maduro deu um golpe de Estado que contraria toda a ordem constitucional e quer torná-los cúmplices.”

ATAS – Urrutia afirmou ter obtido 67% dos votos no pleito da semana passada, enquanto Maduro teria recebido 30%, de acordo com uma apuração independente. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão eleitoral venezuelano, anunciou a vitória de Nicolás Maduro, mas ainda não divulgou as atas eleitorais, o que tem gerado críticas e pressão internacional devido à falta de transparência do processo.

A oposição denunciou que o CNE não forneceu atas de votação aos seus fiscais, como exige a lei, e que os números oficiais contradizem os dados das atas obtidas por representantes que estiveram na maioria dos locais de votação, assim como os resultados das pesquisas independentes de boca de urna e das contagens rápidas realizadas no dia das eleições.

A publicação da carta assinada por González Urrutia e Corina Machado, solicitando que as instituições do país procedam à proclamação de González como presidente eleito, foi recebida com apreensão pelo Itamaraty, que ainda aposta em uma “saída negociada” entre Maduro e os oposicionistas.

“ERRO” – Interlocutores do Ministério das Relações Exteriores brasileiro consideram que o comunicado, direcionado às forças militares e policiais que sustentam o regime chavista, foi um “erro” com potencial de “dificultar” os esforços diplomáticos para que Maduro divulgue as atas eleitorais. Em resposta, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, ex-vice de Maduro, anunciou a abertura de um inquérito criminal contra González e María Corina por instigação à insurreição, desobediência de leis, “usurpação de funções”, “disseminação de informações falsas” e conspiração.

A carta coloca um dilema para o presidente Lula da Silva, que precisará decidir como proceder diante do apelo. Lula não poderá ficar em silêncio, sob risco de parecer conivente com o golpe que Maduro pretende desferir contra a democracia. O problema está posto.

Nos versos do cisne negro do Simbolismo há ânsias e desejos infinitos

Negro (Clássicos da literatura brasileira) eBook : Cruz e Souza:  Amazon.com.br: LivrosPaulo Peres
Poemas & Canções

O poeta João da Cruz e Sousa (1861-1898) nasceu em Desterro, atual Florianópolis, tornou-se conhecido como o “Cisne Negro” de nosso Simbolismo, seu “arcanjo rebelde”, seu “esteta sofredor”, seu “divino mestre”, porque procurou na arte a transfiguração da dor de viver e de enfrentar os duros problemas decorrentes da discriminação racial e social.

No poema “Siderações” encontramos a presença do Misticismo, característica da nova fase (Simbolismo) em que se opõem matéria e espírito, corpo e alma. Há um clima onde predomina o vago, o abstrato, porém voltado para uma esfera superior.

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SIDERAÇÕES
Cruz e Sousa

Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão vestindo…
Num cortejo de cânticos alados
Os arcanjos, as cítaras ferindo,
Passam, das vestes nos troféus prateados,
As asas de ouro finamente abrindo…

Dos etéreos turíbulos de neve
Claro incenso aromal, límpido e leve,
Ondas nevoentas de Visões levanta…

E as ânsias e os desejos infinitos
Vão com os arcanjos formulando ritos
Da Eternidade que nos Astros canta…

Com a evolução digital, a imprensa tem missão cada vez mais importante

Imprensa responsável como artigo de luxo? – Blog da Rose Marie

Charge do Bier (Arquivo Google)

Carlos Newton

Nas redes sociais, em blogs, sites e portais, e também em jornais e revistas, aumentam a cada dia as críticas ao trabalho da imprensa, que é fundamental contra as fake news, nessa era digital. Aqui na Tribuna da Internet, então, sabem que operamos sob o signo da liberdade, e a coisa logo pega fogo, com palavrões e ataques impróprios, a exigir moderação pelo editor, que então passa a ser acusado de praticar censura.

No meu caso, não me incomodo, porque aprendi com Paulo Francis que não se deve dar importância ao que se escreve, porque sempre aparecerá alguém para apontar erro e fazer correção, não importa se você está defendendo uma tese mais do que comprovada pelos fatos. Ou seja, não se deve buscar perfeição nos outros ou em si mesmo.

SEM BAIXARIAS – Há pessoas que têm prazer em discordar. Helio Fernandes tinha horror disso. No tempo do jornal impresso, havia leitores da Tribuna de Imprensa que enviam cartas quase diárias à redação para apontar erros. Agora é muito pior, porque nem é preciso escrever cartas, a crítica segue em forma de comentário, em tempo real.

Opinar é sempre bom; polemizar, ainda melhor. O que não se pode aturar são os palavrões e as grosserias que muitos comentaristas usam, a pretexto de desabafar.

O mais incrível é que pessoas educadas e de grande formação intelectual se julguem no direito de ofender os articulistas e os acusarem disso ou daquilo, sem perceberem que têm apenas o direito de discordar, porém sem jamais sair da linha, como se dizia antigamente.

PASSAR O BASTÃO – Estou completando 80 anos, ou seja, já com oito anos de hora extra, porque a média de idade do brasileiro é de 72 anos, depois da Covid. É claro que não vou ficar para semente e já estou tomando algumas iniciativas para permitir que a Tribuna siga em frente, sob nova direção, porque tenho me encarregado sozinho da edição.  

Espero formar um Conselho Editorial integrado por articulistas e comentaristas, para tocar o barco, como dizia nosso amigo Ricardo Boechat, e a edição será entregue a Marcelo Copelli, um jornalista de primeiro time, que me dá cobertura sempre que tenho necessidade de me afastar.

Não vou entrar em detalhes, porque da última vez que toquei nesse assunto o comentarista Francisco Bendl queria assumir o site de qualquer jeito, mas eu respondi que ele era muito impulsivo e não tinha paciência para lidar com opiniões adversas. Ele ficou atravessado comigo.

BALANÇO DE JULHO – Como sempre fazemos, vamos publicar agora o balanço das contribuições no mês passado, que nos permitem manter essa utopia de uma imprensa sob o signo da liberdade.

De início, as participações na Caixa Econômica Federal:

DIA   REGISTRO    OPERAÇÃO      VALOR
03     031216         DP DIN LOT……100,00
26     261145         DP DIN LOT……230,00
30     000001       CRED TED……….30,00

Agora, na conta do Itaú/Unibanco:

01   TED  001.5977 JOSÉ APJ………100,00
05   PIX TRANSF. DUARTE …………..149,00
06   PIX TRANSF. DUARTE …………..150,00
09   PIX TRANSF. JOÃO ANT…………..50,00
15  TED 001.4416 MARIOACRO…..300,00
31  TED 033.3591. ROBER SNA……200,00

Agradecendo muitíssimo aos nossos colaboradores, que nos apoiam nessa busca da utopia na informação, vamos em frente, sempre juntos. (C.N.)

Irônico, sanguinário e asqueroso, Nicolás Maduro continua dominando o noticiário

La caricatura de The New York Times: La gestión salvaje de Nicolás ...

Charge do Patrick Chappatte (The New York Times)

Vicente Limongi Netto

Nicolás Maduro continua debochando do mundo civilizado. Lorotas, ameaças, chavões dominando o noticiário, nada consegue intimidar o canalha asqueroso.  Lula, depois de depoimentos inúteis e frouxos a favor do golpista Maduro, decidiu falar pouquinho mais grosso. Teatrinho inútil e incompetente, na quadra atual.

Lula ficou em péssima situação no cenário internacional. Sem firmeza de atitudes. E isso pode respingar nas eleições brasileiras. A única saída para tirar o desprezível Maduro de cena, é prendê-lo. Mas como, se as Forças Armadas venezuelanas não reagem, venderam-se por 30 dinheiros? Preferem desonrar e humilhar a farda, ultrajada pelo ditador Maduro. 

PESSOAS DE BEM – A vida foi feita para medalhar pessoas de bem. Que produzam para si e a família. Que sejam decentes e solidários com seus semelhantes. Também existem medalhas tristes e feias, para figuras cretinas, imprudentes e irresponsáveis. Motoristas que pioram e tumultuam mais ainda o já caótico trânsito.

O Detran deveria homenagear maus motoristas com medalhas de lata, de barro, de ferrugem, de cupim e de lama. Precisaria providenciar milhares delas. Para condecorar motoristas que colam na traseira dos carros; motoristas que mudam de faixa sem ligar a seta; para centenas deles que dirigem fumando, lanchando, de chinelo de dedo, com som nas alturas, falando no celular ou no tablet.

Medalhas também para patéticos e fofos que dirigem com cachorro no colo; cretinos que não respeitam vagas de idosos e deficientes; motoristas que estacionam atrás dos carros e somem no mundo.

MUITAS SAUDADES – Pai é calor humano. Vigilante. Carinhoso. Amoroso. Zeloso. Elogia e puxa as orelhas. Deixa de comer para alimentar os filhos. Vai no posto encher os pneus da bicicleta. Bota carga no celular. Acompanha o filho nas compras. Incentiva a prática de esportes.

Orienta e recomenda boas leituras. Acorda no meio da noite para embalar filho pequeno chorando. Ensina lições de virtudes, respeito ao próximo, decência nas atitudes. Abre conta no banco. Torcem juntos nos estádios. Uniformizados e boné. Pai sugere, alerta, lamenta, aplaude. Viajam juntos. Pegam cineminha, museus e teatros.

Feliz do filho que ainda tem ombro carinhoso e amigo do pai, para abraçar, beijar, agradecer.

Lembrando Cândido das Neves, o compositor que emocionava Vicente Celestino

Poucos compositores faziam músicas tão românticas como Cândido das Neves, o  Índio - Flávio ChavesPaulo Peres
Poemas & Canções

O carioca Cândido das Neves (1899-1934), apelidado de “Índio”, era compositor, cantor e instrumentista. “Noite Cheia de Estrelas”, gravada em 1932 na RCA Victor, por Vicente Celestino, mostra as suas características na arte de compor: letras sempre muito extensas, cantavam a natureza duma forma romântica. E ninguém jamais cantou o luar como ele o fez.

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NOITE CHEIA DE ESTRELAS
Cândido das Neves

Noite alta, céu risonho
A quietude é quase um sonho
O luar cai sobre a mata
Qual uma chuva de prata
De raríssimo esplendor…
Só tu dormes, não escutas
O teu cantor.
Revelando à lua airosa
A história dolorosa desse amor…

Lua!
Manda a tua luz prateada
Despertar a minha amada!
Quero matar meus desejos!..
Sufocá-la com os meus beijos…

Canto
E a mulher que eu amo tanto
Não me escuta, está dormindo…
Canto e por fim
Nem a lua tem pena de mim,
Pois ao ver que quem te chama sou eu
E entre a neblina se escondeu…

Lá no alto a lua esquiva…
Está no céu tão pensativa,
As estrelas tão serenas
Qual dilúvio de falenas
Andam tontas ao luar,
Todo o astral ficou silente
Para escutar:
O teu nome entre as endeixas
A dolorosas queixas
Ao luar.

Maduro é de esquerda ou direita? Não sei nem quero saber; perguntem a ele

Paixão

Charge do Paixão (Gazeta do Povo)

Carlos Newton

Temos publicado aqui na Tribuna da Internet as manifestações contraditórias sobre os fatos de o presidente venezuelano ser de direita ou esquerda, uma discussão séria e ligeira, que logo chegou a Adolf Hitler e Benito Mussolini, com as antigas definições sobre nazismo e fascismo. Chegaram também a Karl Marx e ao comunismo, com suas derivações socialistas.

Uma discussão antiga e arcaica, que movimentou bandeiras tão velhas e carcomidas que se rasgam a qualquer movimento mais brusco. O pior é a conclusão. Examinados os argumentos de cada debatedor, ficou claro que todos são movidos pela paixão. E não houve uma análise menos irada, porque a figura de Nicolás Maduro já ultrapassou todos os limites e se converteu apenas numa ditadura personalista, que nada tem a ver com ideologias.

TENDÊNCIA SOCIALISTA – Quando o coronel Hugo Chávez chegou ao poder, havia uma tendência socialista, porém a luta mais importante era pela defesa das riquezas, basicamente o petróleo, devido à corrupção incontrolável. Foi assim que a PDVSA deu lucro pela primeira vez, depois de tantos anos de seguidos prejuízos.

Chávez errou ao se deixar iludir pela ânsia de poder, que o fez ir mudando as leis para ser sempre o vencedor, como ocorre na falsa democracia de Cuba, que ele ajudou muito após a derrocada da União Soviética. Mas foi levado pelo câncer e Maduro subiu ao poder, sem a menor condição de governo.

E o resultado é esse terrível drama que hoje emociona e revolta o mundo, como acontece sempre que alguma nação tenta se livrar da ditadura e se democratizar.

DISCUSSÃO ARCAICA – Não é mais cabível haver discussão entre direita e esquerda, sobretudo quando baseada num estrupício como Maduro. Já faz tempo que esse debate tornou-se obsoleto. É preciso reconhecer que as teses do marxismo forçaram uma humanização do capitalismo, com a criação dos direitos trabalhistas e depois o estado do bem-estar social.

A humanização do capitalismo inviabilizou completamente o marxismo, como ficou provado pelos exemplos de China e Vietnã, enquanto a democracia-social fizesse com que os países escandinavos alcançassem os maiores índices de bem-estar social.

Nessa conjuntura, que prevalece não é de hoje, como defender antigas ideologias, capitalismo ou comunismo, ou mesmo direita e esquerda. Como diria Padre Quevedo, isso non ecziste mais.

DEBATE DECEPCIONANTE – Nessa vida moderna, em que a evolução tecnológica chega a ser sufocante, como manter essa importante discussão em termos tão antigos? É preciso abandonar os velhos hábitos e raciocinar de uma forma simplista, para definir o que é certo e o que é errado. Apenas isso, seguindo a recomendação de Sidarta Gautama, o Buda, 500 anos antes de Cristo, como sempre nos recorda em seus artigos o mestre Antonio Rocha, grande estudioso das religiões em geral.

Continuar discutindo direita e esquerda a essa etapa da vida é decepcionante, no caso da Venezuela o debate deveria se concentrar entre democracia e ditadura, porque o resto é folclore, como diz Sebastião Nery.

Rebeca Andrade leva ouro e vira maior medalhista da história do Brasil

Brasil terá que resolver impasse com os EUA sobre a questão da Venezuela

Procura-se uma saída para a contradição e o impasse

Pedro do Coutto

A divergência de posições entre os Estados Unidos e o Brasil na questão das eleições na Venezuela poderá trazer problemas para o governo Lula da Silva. O fato de o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, ter reconhecido uma possível vitória de Edmundo González sobre Nicolás Maduro na eleição presidencial da Venezuela dificulta o trabalho conjunto entre os governos norte-americano e brasileiro.

Blinken afirmou que: “dada a esmagadora evidência, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia ganhou a maioria dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela em 28 de julho”. Dois dias antes, os presidentes Lula da Silva e Joe Biden haviam conversado por telefone e concordado sobre a necessidade de a Venezuela divulgar na íntegra as atas eleitorais.

ATAS – A Casa Branca e o Palácio do Planalto não fizeram, naquele momento, qualquer menção a atestar um dos lados como vencedor. Os governos de Brasil, Colômbia e México reiteraram uma cobrança à Venezuela pela divulgação das atas eleitorais. Os países também instaram todas as partes a resolver por vias institucionais as “controvérsias”.

O apoio que o presidente Lula da Silva transferiu para Nicolás Maduro criou, inclusive, reações contrárias entre integrantes da base do próprio governo, formalizando críticas por ele ter assumido esse posicionamento. A tolerância do presidente brasileiro em relação ao regime autoritário de Maduro tornou-se um dos temas mais desgastantes para o Palácio do Planalto durante o terceiro mandato do petista.

Em meio à repressão militar aos protestos da oposição e às suspeitas de fraude nas eleições venezuelanas, membros do governo, da base aliada e até mesmo do PT manifestaram descontentamento com a postura de Lula, que minimizou a crise venezuelana, e com a decisão de seu partido de reconhecer a vitória de Maduro como “democrática”. O tema também foi explorado pelo bolsonarismo e se tornou uma das principais bandeiras da “guerra cultural” nas redes sociais.

SEM RESPALDO – O desfecho da crise não poderá ser dos melhores para Nicolás Maduro, já que evidentemente os dados fornecidos pelo governo de Caracas não encontram respaldo na realidade. Caso encontrassem ressonância não teriam sido produzidos de forma praticamente secreta e depois de surgirem os dados que apontavam cerca  de 78% dos votos para a oposição. Logo, se os Estados Unidos rejeitam a fraude e o governo brasileiro a aceita, está visto que reflexos poderão surgir .

É evidente que o recurso à fraude foi o instrumento utilizado por Maduro para ampliar a sua permanência no poder usando métodos  obscuros e que, por esse motivo, o torna desmoralizado totalmente. Não se entende bem a posição brasileira que não pode insistir em uma tentativa de amenizar o episódio marcado pela falta da verdade. É através do voto que se exerce a vontade popular.  Um político que recorre às manobras usadas por Maduro, legitimamente reconhece  a própria derrota. O problema agora, entretanto, é saber qual será o desfecho na investida de Maduro e o resultado da divergência entre os Estados Unidos e o Brasil. Procura-se uma saída para a contradição e o impasse.

A essa altura, Cecilia Meireles já estava ansiosa, à espera da primavera

Tentei, porém nada fiz... Muito, da... Cecília Meireles - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A poeta, professora, pintora e jornalista carioca Cecília Meireles (1901-1964), tem na sua poesia uma das mais puras, líricas, bucólicas, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea. A primavera, neste poema em forma de prosa, é descrita numa linguagem “onipotente”, imune a quaisquer condições que impeçam a sua chegada, ainda que efêmera, implanta os seus principais dogmas, que fazem uma festa na natureza.

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PRIMAVERA
Cecília Meireles

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Alckmin, o novo socialista, é exemplo do “surrealismo” na política brasileira

Alckmin aparece com líder do Hamas horas antes de Haniyeh ser morto |  Metrópoles

Alckmin à vontade, entre os maiores líderes terroristas

Carlos Newton

Sob certas circunstâncias, acompanhar a política brasileira chega a ser divertido, em função de seu elevadíssimo grau de insanidade. Estamos sempre lembrando aqui na Tribuna da Internet que o nível do surrealismo existente na política brasileira seria capaz de matar de inveja os grandes mestres, como Tristan Tzara, Paul Éluard, André Breton, Hans Arp e Salvador Dali.

Vejam bem o que está acontecendo com o personagem Geraldo Alckmin. Desde que entrou na política, em 1972, quando era estudante de Medicina e se elegeu vereador em Pindamonhangaba com apenas 19 anos, era conhecida sua ligação com a prelazia Opus Dei, uma das mais sectárias da Igreja Católica.

PRIMEIRA MUDANÇA – Anos depois, em entrevista à IstoÉ, ele mesmo confirmou que  seu tio José Geraldo era membro dessa instituição e que seu pai, Geraldo José, era franciscano. Posteriormente, após receber vários ataques, passou a dizer que jamais fizera parte do Opus Dei. Esta foi sua primeira suposta mudança.

Aos 23 anos se elegeu prefeito. Assumiu o cargo em 1977, seu último ano no Curso de Medicina. Após assumir, nomeou seu pai como chefe de gabinete da prefeitura, o que gerou suas primeiras acusações de irregularidades na política.

Nas eleições de 1982, foi eleito deputado estadual de São Paulo com 96 232 votos, e depois se tornou constituinte federal em 1986, tendo depois se tornado criador do PSDB.

MUITAS ACUSAÇÕES – Vice de Mário Covas no governo de São Paulo, Geraldo Alckmin herdou o cargo e depois administrou o Estado três vezes, quando foi acusado de diversos atos de corrupção que não ficam bem para um socialista, inclusive irregularidades na merenda escolar e relações com a Odebrecht, onde recebeu o codinome Belém.

Com muita sorte o escorregadio Alckmin conseguiu se livrar das acusações dos executivos da empreiteira e estava em segundo plano na política, em franca decadência, quando Lula lembrou de seu nome para ser vice pelo Partido Socialista Brasileiro, que não dispunha de nenhum nome nacional.

Não mais que de repente, o ultracarola Alckmin virou socialista e se apresenta nessa situação, sem despertar estranheza, nada de anormal, nada de errado, como costuma dizer Lula.

À VONTADE NO IRÃ – Na última terça-feira, dia 30, Alckmin estava em Teerã confraternizando com os demais convidados para a posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian. Ficou à vontade ao lado de alguns dos maiores líderes do terrorismo islâmico, que comandam o Hamas, o Hezbollah e o Fatah.

Ficou próximo ao então dirigente político do Hamas, Ismail Haniyeh, que algumas horas depois seria assassinado por Israel.

Assim, apenas dois anos depois se filiar ao PSB, Alckmin já está completamente adaptado ao socialismo no Brasil e no mundo.

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P.S. 1 –
 Segundo o colunista Robson Bonin, da Veja, os candidatos do PSB às eleições municipais fazem fila para gravar material de campanha ao lado do vice-presidente. E a procura tem sido tamanha que a direção do PSB resolveu selecionar os candidatos que Alckmin apoiará, para evitar congestionamentos.

P.S. 2Diga agora: a política brasileira é ou não é surrealista? Aliás, é tão surrealista quanto à ditadura da Venezuela, pois o celebrado jornalista Janio de Freitas está dizendo que Maduro é de direita, conforme artigo que publicamos domingo aqui na Tribuna da Internet. (C.N.)

Situação na Venezuela é muito difícil e nem Maduro sabe buscar a solução

Protestos anti-Maduro deixam mortos e feridos na Venezuela

Corina levou uma enorme multidão às ruas neste sábado

Roberto Nascimento

Aqui no Brasil, a tentativa de golpe foi metodicamente planejada, muito antes da eleição de 2022. Jair Bolsonaro sabia que estava arriscado a perder no voto, por isso começou a desacreditar as urnas eletrônicas, pelas quais foram eleitos e reeleitos ele próprio e os filhos. Mas faltou uma estratégia mais eficaz, equivalente ao golpe de 1964.

E lembrem que até o movimento contra o presidente João Goulart quase foi por água abaixo, quando o general Olímpio Mourão Filho se antecipou, descendo com suas tropas de Juiz de Fora para o Rio. Foi um corre-corre. Por essa falha, Mourão Filho foi solenemente ignorado no regime militar e ele próprio disse à época que se sentia uma “vaca fardada”.

DESPREPARO TOTAL – No episódio de 2022, o despreparo dos militares ficou em evidência, erraram em tudo. Não servem pra absolutamente nada. O general Pazuello, hoje deputado, é uma amostra da incompetência dessa gente.

Até entendo que ele recebia ordens de Bolsonaro, mais despreparado ainda, porém em alguns casos o despreparo de Pazuello ficou à mostra.

O tenente-coronel Mauro Cid, é outro incompetente. É duro acreditar que poderia ser um “tríplice coroado”, sempre em primeiro lugar nos cursos militares, sem conhecer antecipadamente perguntas e respostas. Junto com o pai, general Lourena Cid, e o irmão Daniel Cid, o ajudante de ordens de Bolsonaro fez fortuna misteriosa nos Estados Unidos, e ninguém investiga nada.

FRACASSO TOTAL – O golpe liderado por Bolsonaro e pelo general Braga Netto não deu certo, porque foi mal estruturado e não teve apoio do Alto-Comando do Exército, que não queria apoiar Lula da Silva, mas também não quis compactuar com sublevação tão primária, preferiu simplesmente obedecer a lei.

Na Venezuela, Maduro nomeou 2 mil oficiais para cargos de alta remuneração na petrolífera PDVSA e em outras estatais. É o principal fator de apoio da cúpula das Forças Armadas, mas existem também os oficiais inferiores, que tem parentes e amigos passando extremas dificuldades de sobrevivência.

Se Maduro só estiver contando com a cúpula dos militares, os oficiais inferiores podem se rebelar e entornar o caldo. Neste sábado, a líder oposicionista Maria Corina, ameaçada de prisão, levou uma enorme multidão às ruas. Tudo isso indica que a situação na Venezuela está muito difícil e nem o próprio Maduro tem certeza de nada. 

Aprovação de governo Lula é de 35%, diz nova pesquisa Datafolha

33% reprovam o governo e 30% consideram a gestão como regular

Pedro do Coutto

De acordo com uma pesquisa do Datafolha divulgada neste sábado, pela Folha de S.Paulo, a administração do presidente Lula da Silva tem 35% de aprovação entre os brasileiros, 33% de reprovação e é considerada regular por 30%. Esses números são comparáveis aos do ex-presidente Jair Bolsonaro no mesmo período de seu governo. Além disso, 3% dos entrevistados não souberam opinar sobre a gestão atual.

No mesmo período de governo, Bolsonaro tinha 37% de aprovação, 34% de reprovação e 27% consideravam sua gestão regular. Levando em conta a margem de erro, os índices de aprovação e reprovação de Lula são semelhantes aos de Bolsonaro na época. Segundo o levantamento, 42% dos entrevistados afirmam que a situação econômica do país piorou nos últimos meses, enquanto 26% acreditam que melhorou.

ECONOMIA – Para 29%, a situação permaneceu a mesma, e 2% não souberam responder. Quanto à situação econômica pessoal, 29% dos entrevistados disseram que suas condições melhoraram, 24% afirmaram que pioraram, e 46% declararam que sua situação não mudou. Apenas 1% não soube responder.

O cenário representa estabilidade para Lula comparado à pesquisa imediatamente anterior, com entrevistas realizadas de de 4 a 13 de junho. A avaliação do atual mandato de Lula também é parecida com a realizada no primeiro mandato dele, de 2003 a 2006, considerando o mesmo período de tempo, com 35% de “ótimo ou bom”

Quando comparado ao segundo mandato do petista, de 2007 a 2010, entretanto, há diferenças marcantes: 64% aprovavam o governo e somente 8% o consideravam ruim ou péssimo – entre os que avaliavam a gestão como regular, a fatia era de 28%, semelhante a de agora.

RESSALVA – A pesquisa faz a ressalva que as recentes declarações e posicionamento de Lula frente à crise na Venezuela, enquanto diversos países levantam questionamentos sobre a lisura do processo eleitoral, ocorreram enquanto os pesquisadores já faziam as entrevistas, mas que, segundo eles, a política externa não contribui tanto na avaliação dos governos.

Como se vê, o resultado reflete a extrema polarização no eleitorado, vista há alguns anos no País, e faz com que as fatias intermediárias, ou seja, as que consideram o governo como “regular”, sejam as mais “fiéis” na balança. 

A simplicidade de Ferreira Gullar, num poema em que traduz a si mesmo

Ferreira Gullar, que faria 90 anos, é homenageado com lives e livros

Ferreira Gullar, um poeta maior

Paulo Peres
Poemas & Canções

Ferreira Gullar, pseudônimo do maranhense José Ribamar Ferreira, jornalista, crítico de arte, teatrólogo, biógrafo, tradutor, memorialista, ensaísta e poeta foi um dos fundadores do neoconcretismo, que entra para a história da literatura como um dos maiores expoentes e influenciadores de toda uma geração de artistas dos mais diversos segmentos das artes brasileiras.

Segundo alguns professores de literatura, o poema “Traduzir-se” reflete a profissão de fé de Gullar no exercício de uma poética em um discurso que só abrange a sociedade, porque investiga o mais fundo da subjetividade. 

TRADUZIR-SE
Ferreira Gullar

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?

EUA reconhece vitória de Edmundo González e complica panorama internacional

Blinken dz ser claro que Maduro foi derrotado nas urnas

Pedro do Coutto

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que Edmundo González obteve o maior número de votos na eleição presidencial de domingo na Venezuela. “Dadas as evidências esmagadoras, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano que Edmundo González Urrutia obteve o maior número de votos nas eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela.”, disse Blinken em um documento do Departamento de Estado dos EUA.

A autoridade americana ainda declarou apoio à transição democrática entre os governos na Venezuela, dizendo que os Estados Unidos estão “prontos a considerar formas de reforçá-lo em conjunto com os nossos parceiros internacionais”.

DISCUSSÕES – Ele acrescentou: “Parabenizamos Edmundo González Urrutia pelo sucesso de sua campanha. Agora é a hora de as partes venezuelanas iniciarem discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica, de acordo com a lei eleitoral venezuelana e os desejos do povo venezuelano”.

Com a decisão do governo dos Estados Unidos de reconhecer a vitória nas urnas da oposição na Venezuela, o panorama internacional se complica, pois quais serão os lances seguintes a respeito do pleito fraudado por Nicolás Maduro ? Com isso, o presidente Joe Biden amplia a pressão contra Maduro no sentido de que se afaste do poder.

O Brasil está tentando se equilibrar em relação e o Itamaraty teve que entrar em ação para aceitar os diplomatas argentinos que foram expulsos da Venezuela por ordem de Maduro. O agredido, no caso, foi Javier Miley, presidente argentino, pois a embaixada daquele país tinha se manifestado focalizando a fraude cometida na Venezuela.

MANOBRA –  Verifica-se que o caso é singular. Não há como não reconhecer que Maduro manobrou de forma fraudulenta a sua suposta vitória. Se ele ocultou o resultado semioficial do pleito é porque os dados que apresentou não são verdadeiros. Caso contrário, não teria tanta dificuldade em divulgá-los de forma transparente.

Os Estados Unidos ao reconhecerem a vitória da oposição cria um caso de grandes dimensões na política externa, pois dividirá novamente facções lideradas por países de maior poder.  A Venezuela ficou com o seu governo extremamente vulnerável e a posição americana refletirá na posição brasileira. Logo, Lula se equilibrará numa corda bamba e terá que reconhecer a farsa de Maduro.

Vimos a multidão que se uniu à oposição nas ruas de Caracas, suficiente para demonstrar mais uma vez a verdade que derruba tantas falsidades acumuladas. Maduro é um personagem de si mesmo, mas dessa vez a frente que se descortina para ele não é favorável. Ele está sendo rejeitado pela opinião pública mundial e não encontra uma saída para a sua permanência.

Em “Flor Lis”, a força da poesia na arte de Djavan como compositor

Djavan se apresenta com a Turnê D no The Town Hall, em Manhattan, New York

Djavan, um dos grandes ídolos da MPB

Paulo Peres
Poemas & Canções

A música “Flor de Lis”, do cantor, compositor e produtor musical alagoano Djavan Caetano Viana, gravada no LP “A voz, o violão, a música de Djavan”, em 1976, pela Som Livre, tem uma belíssima letra e até hoje gera variadas interpretações, graças ao seu lado romântico-dramático.

Historicamente, a Flor de Lis é uma figura heráldica, muito associada à monarquia francesa, particularmente ligada com o rei da França. Todavia, segundo alguns professores de literatura, nesta letra a figura representa a pureza do corpo-alma-castidade. Portanto, o relacionamento acabou devido à castidade da Maria, que se recusava a ter um relacionamento carnal. O eu lírico culpa o destino (“o destino não quis me ver como raiz”), mas na verdade é o próprio que não quer ser a raiz da flor, nutrindo um relacionamento sem sexo. E com isso o amor ficou na poeira, morto na beleza fria da Maria.

FLOR DE LIS
Djavan

Valei-me, Deus!
É o fim do nosso amor
Perdoa, por favor
Eu sei que o erro aconteceu
Mas não sei o que fez
Tudo mudar de vez
Onde foi que eu errei?
Eu só sei que amei,
Que amei, que amei, que amei

Será talvez
Que minha ilusão
Foi dar meu coração
Com toda força
Pra essa moça
Me fazer feliz
E o destino não quis
Me ver como raiz
De uma flor de lis

E foi assim que eu vi
Nosso amor na poeira,
Poeira
Morto na beleza fria de Maria

E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu.

E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu.

Na Venezuela, a oposição precisa dialogar com militares, se quiser derrubar Maduro

Membros da cúpula do Exército da Venezuela declaram lealdade a Maduro

Ninguém sabe o que se passa na cabeça dos militares

Carlos Newton

O Brasil é muito diferente da Venezuela. Aqui os ministros do Supremo Tribunal Federal insistem em afirmar que foram os salvadores da democracia no país, por terem libertado Lula da Silva, após condenações de corrupção ativa e lavagem de dinheiro, decididas por dez magistrados diferentes, em três instâncias da Justiça, e depois lhe devolveram os direitos políticos, para que se candidatasse à Presidência.

Os ministros se orgulham também de terem enfrentado o então presidente Jair Bolsonaro e conseguido evitar que desse um golpe de estado para criar nova ditadura no país.

Mas há controvérsias!, diria o inesquecível ator e pianista Francisco Milani, que gostava de política e chegou a ser eleito vereador no Rio pelo antigo Partido Comunista Brasileiro, liderado por Luiz Carlos Prestes, mas logo desistiu e voltou para a vida artística.

AS CONTROVÉRSIAS – Nem todos engolem essa versão do Supremo, defendida com argumentos fortes, como o famoso “Perdeu, Mané” de Luís Roberto Barroso, que hoje preside o Judiciário.

Os brasileiros que têm mais de dois neurônios e algum conhecimento histórico sabem que em nosso país quem decide se haverá ou não golpe militar (aqui nem existe golpe civil) é o Alto Comando do Exército, formado por 16 generais de 4 estrelas, top de linha.

É justamente esse o problema do Inquérito do Fim do Mundo, tocado por Alexandre de Moraes desde 2019 e que não acaba nunca. As investigações da Polícia Federal mostram que o golpe foi claramente impedido pelo Alto Comando, com ampla maioria, mas o STF não pode aceitar essa versão.

É UM IMPASSE – Como os ministros podem admitir que sejam contestados pela Polícia Federal? A versão do inquérito tira todo o brilho do exaustivo trabalho deles. Imagine o esforço que fizeram para libertar Lula e lhe descondenar, numa manobra inédita na História do Direito Universal?

Mas é a dura realidade. Os generais disseram não a Bolsonaro e o então comandante do Exército, general Freire Gomes, muito a contragosto, foi obrigado a ameaçar prender o presidente, que logo se fechou em copas, porque capitão não encara general.

E na Venezuela, como funciona? Bem, aqui como lá, não existe golpe nem há remissão, se o Exército não der sinal verde. E até agora não se sabe o que está pensando o Alto Comando venezuelano.

NA MUDA – Os militares de Maduro estão na muda. Na terça-feira, dia 30, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, chegou a proclamar a vitória de Maduro, numa roda de oficiais, que gritaram “Leais sempre, traidores nunca”.

Isso, por fora, porque não se sabe o pensamento dos militares por dentro. Porém, já está provado que Maduro é um idiota, não sabe governar e provocou um êxodo no país, que está mergulhado numa crise vexaminosa.

Os militares não gostam nada disso. Assim, é preciso passar uma boa conversa e mantê-los nos cargos das múltiplas estatais, cujo desempenho poderá melhorar sob supervisão civil, até a democratização total. Esse é o mapa da mina, acertando-se o caminho com os militares.

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P.S.
Não existe militar venezuelano que não tenha parentes ou amigos passando terríveis necessidades. Maduro é antipático e egocêntrico. Ninguém aguenta esse imbecil, que não consegue mais embromar a maioria da população. Os militares também já estão por aqui. Abrir um canal de diálogo direto com eles poderia ser o início do fim da tragédia de um país viável, porém pessimamente administrado. O resto é folclore, como diz Sebastião Nery. (C.N.)

Apoio desnecessário a Maduro gera desconforto no governo Lula

Apoio de Lula a Maduro municia oposição

Pedro do Coutto

O apoio absurdo que o presidente Lula da Silva transferiu para Nicolás Maduro criou reações contrárias entre integrantes da base do próprio governo, formalizando críticas por ele ter assumido esse posicionamento.

Reportagem de Gabriel Saboya e Sérgio Roxo, O Globo desta quinta-feira, focaliza essa atitude de Lula em relação a Maduro, apesar de já terem morrido várias pessoas em face dos protestos que reuniu milhares de pessoas que foram às ruas de Caracas contra a farsa encenada pelo presidente da Venezuela.

DESGASTE – A tolerância de Lula em relação ao regime autoritário de Maduro tornou-se um dos temas mais desgastantes para o Palácio do Planalto durante o terceiro mandato do petista. Em meio à repressão militar aos protestos da oposição e às suspeitas de fraude nas eleições do último domingo, membros do governo, da base aliada e até mesmo do PT manifestaram descontentamento com a postura de Lula, que minimizou a crise venezuelana, e com a decisão de seu partido de reconhecer a vitória de Maduro como “democrática”.

O tema também é explorado pelo bolsonarismo e se tornou uma das principais bandeiras da “guerra cultural” nas redes sociais. Embora Lula não dê sinais de que mudará sua postura, a percepção no Planalto é de que a Venezuela se tornou um dos temas internacionais de maior repercussão, devido à exploração feita pela base de Bolsonaro.

POPULARIDADE – Levantamentos internos indicam que, em outros momentos, a popularidade do petista foi afetada quando ele demonstrou apoio ao regime de Maduro. Esse desgaste, porém, antecede a posse de Lula no terceiro mandato e foi amplamente explorado pelo bolsonarismo nas redes sociais durante as eleições de 2018, quando o petista Fernando Haddad foi derrotado por Jair Bolsonaro.

Em uma entrevista concedida na terça-feira, Lula afirmou não ver “nada de anormal” na situação política do país vizinho, embora tenha solicitado a divulgação das atas das seções eleitorais.

O presidente brasileiro evitou mencionar as denúncias de violações de direitos humanos e perseguição a adversários do chavismo.É inexplicável a posição assumida por Lula em sua defesa de algo indefensável, como a de Nicolás Maduro. Aguardemos a repercussão de suas declarações para o país e para o próprio governo.