Campos Neto revela que o Banco Central esteve muito perto de intervir no câmbio

“Nunca houve um espírito de equipe tão grande”

Pedro do Coutto

Numa entrevista de página inteira a Miriam Leitão, Roberto Campos Neto afirmou que o Banco Central esteve perto de intervir no mercado de câmbio para conter as elevações verificadas, mas depois desistiu da ideia. Miriam Leitão indagou a respeito da alta dos juros, e Campos Neto afirmou que “A gente sempre disse que se fosse necessário subir os juros, subiria, mas não lembro de ter falado de alta de juros. O mercado já vinha colocando um pouco de expectativa de alta na curva. Mas não depende só do mercado, precisa olhar o cenário daqui para frente. A economia está forte, parte do mercado de trabalho está forte, a inflação em 12 meses bateu 4,5%, mas vai cair um pouco, e os próximos números vão ser melhores.”

Segundo Campos Neto, há indícios de que o mercado de trabalho forte está começando a afetar serviços, mas que isso ainda não está evidente. “Por outro lado, sobre a economia americana há agora a percepção de que haverá desaceleração organizada. Os economistas não estão prevendo alta ( de juros) para este ano, mas o mercado sim. É importante ter calma, ter cautela nos momentos de muita volatilidade”, acrescentou.

PATAMAR – O mercado de câmbio foi considerado como um fantasma por Roberto Campo Neto, mas, segundo ele, as coisas voltaram ao seu patamar aceitável, não sendo preciso um ato de impacto no mercado que poderia gerar efeitos difíceis de prever.

“Esse fantasma tinha três razões. O medo de que a desaceleração nos EUA fosse ser muito mais forte. Esse fantasma desapareceu. Outra razão era que uma parte grande do mercado financeiro mundial estava `fundiado´ em iene, ou seja, tinha a perspectiva de que, no Japão, a taxa de juros ia ficar baixa para sempre, de que era fácil pegar dinheiro emprestado lá para aplicar em outros lugares. Esse movimento foi desmontado em mais ou menos 50% a 60%, já não tem mais o mesmo peso. O mercado começou a ter uma preocupação muito grande sobre a relação entre EUA e China, com medo de uma desaceleração global”, destacou.

INTERVENÇÃO – Sobre a possível intervenção no mercado de câmbio, o presidente do BC disse que houve a discussão se, em alguns momentos, deveria-se vender câmbio ou não. “A curva longa de juros estava subindo muito e uma das coisas que a gente aprendeu aqui é que tem que fazer intervenção quando tem disfuncionalidade no mercado. A gente olhava a liquidez no câmbio e achava que não. Olhava a precificação do câmbio com outras variáveis do Brasil e achava que não. Mas quando olhava a desvalorização do câmbio, tinha sido bastante rápida naquele período. Então gerou um debate, a gente preferiu esperar. Teve momentos que a gente estava preparado para intervir de fato”, disse Campos Neto.

Ele afirmou ainda sobre ter sido criticado pela camisa que usou na campanha presidencial passada que hoje teria feito diferente, destacando que “o voto é um ato privado”. “Acho que, no fim das contas, a autonomia e a independência se fazem pelo que eu fiz ao longo do tempo no Banco Central. Fizemos a maior alta de juros no período eleitoral dos países emergentes”, destacou.

Por fim, Campos Neto  frisou que não se lembra do tempo em que esteve no cargo de um grupo de diretores do banco estar tão coeso. “Acho que isso é sinal de que a transição para o meu sucessor será marcada pela tranquilidade”, finalizou.

E agora, Moraes? Vai tirar do ar a plataforma X ou prefere manter a guerra contra Musk?

Gilmar Fraga / Agencia RBS

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Carlos Newton

O comentarista Edivaldo Oliveira nos envia uma bem-fundamentada crítica à pauta da Tribuna da Internet, que anda centralizada em poucos assuntos. A maioria das matérias é sobre a lambança que o ministro Alexandre de Moraes está fazendo, ao desrespeitar ritos regimentais e processuais, além de cometer clamorosas ilegalidades ao agir como juiz de instrução no Inquérito do Fim do Mundo, aberto há cinco anos para investigar fake news e milícias digitais, mas passou a abrigar muitas outras questões sem a menor ligação ou conexão, como dizem os juristas.

É claro que as críticas de Oliveira são dirigidas à mídia como um todo, que realmente tem se concentrado em poucos assuntos. Um dos temas diretamente ligados a Moraes (ele, sempre ele) é o fechamento da representação da plataforma X, com milhões de usuários no Brasil, que pretendem continuar usando os serviços da empresa, não importa o que Moraes tencione.

TRADUÇÃO SIMULTÂNEA – O empresário Elon Musk, sul-africano naturalizado americano, está acostumado com as leis da nossa matriz USA. Salvo processos que envolvam terrorismo, espionagem ou confinamento em Guantânamo, o direito ao devido processo legal é absolutamente garantido pelo menos nas cidades maiores, sob rígido controle da Suprema Corte, enquanto aqui na filial Brazil funciona ao contrário, a justiça caminha bem nas primeiras instâncias, mas é bagunçada justamente no Supremo Tribunal Federal.

Musk, que viveu sob apartheid e sabe muito bem o que significa a justiça, não aceita as decisões destrambelhadas de Moraes, que julga sem existir processo, citação, direito de defesa e de recurso.

No entanto, Musk nada pode fazer contra elas, é obrigado a cumprir todas as decisões judiciais, como a ordem de prisão da representante da X no Brasil. Para evitar a prisão da funcionária, fechou a sucursal da empresa, que passa a ser representada no Brasil apenas por seus advogados, como já acontece com a plataforma russa Telegram.

A quem interessa essa confusão, em plena campanha eleitoral? A ninguém, é claro. Mas o ministro Alexandre de Moraes insiste em agir com rigor total contra Musk, deixando sossegada a concorrência dele.

Agora, só resta a Musk se defender das arbitrariedades de Moraes e seguir denunciando-as à Câmara dos Deputados americanas, transformando a Justiça brasileira em alvo de críticas impiedosas, mas que, infelizmente, são merecidas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Vamos tentar seguir as ponderações do amigo Edivaldo Oliveira, esperando que Moraes e o Supremo caiam na real e passem a atuar dentro da lei e dos ritos, para evitar tamanha desmoralização. (C.N.)

Golpe das criptomoedas em SC: Quadrilha movimenta quase R$ 1 bilhão no Brasil

Charge do Iotti(gauchazh.clicrbs.com.br)

Pedro do Coutto

No Brasil, mais uma vez, surge um esquema de corrupção com as operações financeiras digitais. Na última semana, a Polícia Civil de Santa Catarina deflagrou a Operação Cripto Farsa, contra o golpe de falso investimento em criptomoedas. Quatro estados brasileiros foram alvo de um total de oito mandados de busca e apreensão.

A investigação começou com a denúncia de uma idosa que sofreu um golpe de falso investimento em criptomoedas em Lages, na Serra catarinense. A vítima registrou boletim de ocorrência após investir R$ 90 mil na compra de bitcoins e nunca receber o lucro prometido ou o reembolso do investimento.

GOLPE – Além de fazer vítimas em Santa Catarina, os investigados aplicaram o golpe das criptomoedas em diversos cidadãos no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. A polícia ainda constatou que os golpistas envolvidos no esquema movimentaram mais de R$ 900 milhões nos últimos anos.

Durante as buscas, foram apreendidos diversos aparelhos eletrônicos, entre computadores e telefones celulares, além de farta documentação que comprova a prática dos crimes. Os documentos e equipamentos eletrônicos serão analisados para dar seguimento às investigações e identificar os demais envolvidos.

O mais irônico é que o sistema de criptomoedas vem sendo anunciado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como um avanço nas relações financeiras internacionais. Verifica-se agora uma sequência de armadilhas na fixação de valores irreais em aplicações. É impressionante o impulso brasileiro para a fraude, bastando para isso que surja um sistema novo de investimentos.

INVESTIGAÇÃO – A moeda digital vinha sendo destacada como um progresso, pois o crédito das operações era imediata. Agora o BC abriu investigação para identificar os responsáveis pelas operações que apresentaram valores superestimados para transações financeiras.

A perplexidade dá lugar à investigação no mercado, ficando evidente que o superfaturamento foi uma peça chave para que essas fraudes se desenrolassem. Quem paga isso é o mercado brasileiro, como sempre acontece. Pessoas físicas ou jurídicas contribuem para que as fraudes se realizem. Quando são identificadas já é tarde.

O auto-retrato de Mário Quintana às vezes parece nuvem, às vezes parece árvore

Esta vida é uma estranha hospedaria, De... Mario Quintana - PensadorPaulo Peres
Poemas e Canções

O jornalista, tradutor e poeta gaúcho Mário de Miranda Quintana (1906-1994), constrói o poema “O Auto-Retrato” discutindo dois atos: o ato de criação da obra e o ato de se construir enquanto pessoa, revelando que há uma relação intrínseca entre o autor e sua obra.

Com o uso de advérbios expressando dúvida e ao opor figuras como a criança e o louco, o poeta busca afirmar a dificuldade inerente ao ato de se descobrir enquanto pessoa e poeta. Criador e criação se misturam dentro do poema.

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O AUTO-RETRATO
Mário Quintana

No retrato que me faço
– traço a traço –
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore…

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança…
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão…

e, desta lida, em que busco
– pouco a pouco –
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança…
Corrigido por um louco!

Somente a Tribuna publicou a verdadeira história do homem chamado Silvio Santos

Apresentador Silvio Santos acenando; ele veste camisa bege

Grande imprensa ocultou o lado obscuro de Sílvio Santos

Carlos Newton

Fiquei impressionado ao constatar que apenas a Tribuna da Internet publicou um artigo verdadeiro sobre o apresentador e empresário Senor Abravanel, por mais que ele mereça elogios por seu trabalho de apresentador de televisão, que o transformou num ídolo popular que quase chegou à Presidência da República na primeira eleição direta pós-ditadura.

Vale lembrar que em 1989 Sílvio Santos tinha ultrapassado na pesquisa Gallup os favoritos Leonel Brizola, Collor de Mello e Lula de Silva. Mas o todo-poderoso Roberto Marinho fez o possível e o impossível para impedir a candidatura do concorrente, e o TSE, às vésperas da eleição, cassou a chapa, que tinha Marcondes Gadelha como vice-presidente.

LUTO MAIOR – Agora, 35 anos depois, fato desabonador e imoral foi ver a Rede Globo, a maior adversária do Silvio Santos, buscar audiência em cima de sua morte e sepultamento, veiculando sem parar as imagens próprias da emissora do falecido, como se estivesse objetivando homenageá-lo.

Como sempre, a Rede Globo passou dos limites e roubou audiência da concorrente em seu dia de luto maior e cujo futuro não dá para imaginar.

Se o SBT tivesse ações na Bolsa, certamente hoje seria um dia difícil no pregão, em decorrência da morte de seu controlador e apresentador.

MAIS MENTIRAS – A Rede Globo é insaciável, não admite concorrência e pune quem ousa desafiá-la em qualquer terreno. Mentiu ao supostamente “revelar” que o governo federal só outorgou as emissoras ao Silvio Santos depois da concordância de Roberto Marinho.

Em carta manuscrita, enviada aos desembargadores do TRF3 de São Paulo, em 1998, quando do julgamento do processo contra a TeleSena, Silvio Santos, quase que em prantos, implorou para que aquela jogatina não fosse proibida e narrou o quanto era difícil manter a emissora funcionando, tal o poderio e dificuldades levantadas pelo quase senhor do Universo, Roberto Marinho, reconhecido como uma entidade sobrenatural – para alguns, diabólica; e para outros, divina.

Nos últimos 32 anos, o SBT teve como uma de suas principais fontes de faturamento o título de capitalização Tele Sena. Pois, acredite, se quiser, em 1993, Roberto Marinho, para arruinar a vida do Silvio Santos, participou do lançamento de um título concorrente, chamado PapaTudo, da Interunion Capitalização e que tinha como principal garota propaganda e sócia a apresentadora Xuxa.

FALK FOI PRESO – Mas a iniciativa naufragou e milhões de brasileiros que confiaram na propaganda veiculada pela Rede Globo ficaram no prejuízo. O sócio maior da “empresa de capitalização”, Arthur Falk, chegou a ser preso. Pesquisem no Google. Lá tem a história toda do “Papa Tudo”.

A bem da verdade, além dos presidentes Geisel e João Figueiredo, que outorgaram concessões de emissoras de televisão a Silvio Santos, quem, de fato, garantiu a sobrevivência do grupo foi uma decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, de autoria do hoje ministro do STF, Luiz Fux, que livrou Silvio Santos de uma multa de mais de R$ 50 milhões e da proibição da venda das cartelas de jogo, oferecidas, na época, pelos Correios, empresa mantida pelo governo federal. Seus funcionários recebiam comissões pelas vendas das cartelas de jogo.

Silvio Santos, controlador do Grupo Silvio Santo, vendia a Tele Sena, ficava com a totalidade de seu lucro, cobrava pela veiculação diária e cansativa da propaganda do título em seus canais de televisão, além de receber honorários de milhões de reais, na condição de garoto propaganda da organização que lhe pertencia. Ele era empregado dele mesmo, mas pagava o Imposto de Renda na fonte, diferente de Roberto Marinho, famoso por receber restituição.

FAÇAM JOGO – Para o Ministério Público Federal, a TeleSena era e é um jogo com roupagem de capitalização e que lesa o consumidor. Porém, hoje, com a abertura generalizada da jogatina, tendo o governo como principal arrecadador, não dá mais para criticar os criadores da TeleSena, do PapaTudo e de outros divulgadores de que a fortuna está logo ali na esquina.

Agora é jogo puro, sem simulação. Basta acionar o celular. Estamos perdidos e as novas gerações não podem ignorar o passado recente e nem fingir que não estão nem aí para os imbróglios presentes.

Por fim, quem salvou Silvio Santos, mesmo, foi o presidente Lula, em 2010, ao comprar o falido Banco PanAmericano, quitando cerca de R$ 6 bilhões em prejuízos e ainda liberando R$ 726 milhões em dinheiro para o apresentador, como se o banco fosse lucrativo, conforme relatamos aqui na TI, com absoluta exclusividade.

O adeus a Silvio Santos, o mais popular apresentador da TV brasileira

O apresentador estava internado desde o início de agosto

Pedro do Coutto

Foi grande a manifestação de todos os órgãos da imprensa sobre a passagem de Silvio Santos, o mais popular apresentador de televisão que a cultura brasileira já conheceu, destacando a sua trajetória singular.

Silvio Santos foi camelô nas ruas do Rio, um popular locutor de rádio e apresentador de TV antes de fundar sua própria emissora, o Sistema Brasileiro de Televisão, que desafiou por décadas a liderança da rival Globo. Silvio também flertou com a política e chegou a se lançar à Presidência da República em 1989, mas a candidatura foi impugnada pela Justiça eleitoral.

OPÇÃO – O nome artístico Silvio Santos surgiu quando a carreira no rádio e televisão virou uma opção para o vendedor aumentar seus lucros. Assim, Silvio, depois da parceria com Manoel da Nóbrega, estreou nas telas em 1962, no programa Vamos Brincar de Forca, na TV Paulista. No ano seguinte, estreou o Programa Silvio Santos, que, desde 1963, está no ar no país.

Para Maurício Stycer, biógrafo do apresentador e autor do livro Topa Tudo Por Dinheiro, Silvio buscou a televisão e o rádio como uma maneira de ampliar os negócios e conseguir o próprio canal. Percebendo o sucesso da empreitada, Silvio Santos decidiu dobrar a aposta e passou a lutar para criar uma rede de televisão.

SBT – O sonho começou em 1976, quando o general Ernesto Geisel, um dos presidente do período da ditadura militar, concedeu ao comunicador a TVS (TV Studios) do Rio de Janeiro. Quase cinco anos depois, em 1981, Silvio Santos fundou o SBT. O Globo, neste domingo, editou um caderno especial focalizando em Silvio Santos e durante todo o dia de sábado a Rede Globo permaneceu no ar com a sua programação voltada para a vida do apresentador.

Foi sem dúvida uma trajetória fantástica marcada pelo êxito absoluto a cada passo. Foram ouvidas integrantes da classe artística à qual ele pertencia e personalidades de todos os setores, inclusive da política. O presidente Lula da Silva ressaltou o papel de Silvio Santos como um exemplo de alguém que partiu de uma classe pobre para chegar ao auge do sucesso. Inúmeras pessoas destacaram a sua gratidão por aquele que à frente do programa dominical conseguiu levá-los a uma posição de plena relevância no cenário artístico.

Foi uma escalada registrada em caráter excepcional. Todas as homenagens que lhe foram dirigidas são justas e refletem uma posição humana que parte do reconhecimento para configurar toda a nossa gratidão.

Moraes não aprende com os erros e está envergonhando o Supremo

A PRETEXTO DE COMBATER A "EXTREMA DIREITA" , MORAES INVENTA A "DEMOCRACIA DEFENSIVA" - Cariri é Isso

Charge reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton

Quando se pensava que os problemas de Alexandre de Moraes se resumiam no desrespeito a leis e ritos processuais e regimentais, cujos efeitos poderiam ser mitigados pela defesa cerrada que se fechou em torno dele, com o Supremo quase inteiro tentando justificar suas insanidades jurídicas, de repente o empresário americano Elon Musk volta à cena, para denunciar novos exageros do ministro Moraes na condução do chamado Inquérito do Fim do Mundo, sobre fake news e milícias digitais.

Na História da Justiça brasileira, jamais se viu nada igual. É impressionante a desorientação do ministro tríplice coroado, que se acha onipotente para atuar como vítima, relator e juiz. É uma irregularidade atrás da outra. No caso do Aeroporto de Roma, ele tentou ser também assistente de acusação, mas a Procuradoria-Geral da República, a muito custo, conseguiu convencê-lo a desistir, sob o argumento de que as provas poderiam se tornar nulas, como se nulas já não fossem desde o início da investigação.

PREPOTÊNCIA – Atrapalhado pela própria prepotência, Moraes dá tropeços diários, tem de ser socorrido pelos outros ministros, como Dias Toffoli, que manteve a proibição de a família Mantovani receber uma cópia da gravação no Aeroporto de Roma, num claro cerceamento de defesa que envergonha a Justiça brasileira. E quando representada por esses dois luminares – Moraes e Toffoli, apresenta uma dose dupla e mortífera de boçalidade.

Musk tem senso de oportunidade. Justamente quando o ministro do Supremo está todo atrapalhado pelo uso ilegal de investigadores e peritos do STF e do TSE para produzir incriminadores relatórios sob medida, desrespeitando leis e regras processuais, eis que Musk ressurge com outras denúncias graves contra Moraes, destinadas a fazer sucesso no Congresso americano.

Moraes não apreendeu nada com as recentes vicissitudes, o que é muito preocupante, pois pode indicar algum distúrbio de comportamento ou desvio de conduta, algo intolerável em magistrado de qualquer instância.

PROCESSO LEGAL – O fato é que, mesmo depois que a Câmara norte-americana exibiu seu retrato em público, ainda assim Moraes não mudou seu posicionamento e continuou sem respeitar o devido processo legal. A Justiça, no Brasil e no mundo, abre processo e pune. Moraes faz o contrário – primeiro, pune, para depois processar.

Isso significa que ele insiste em se recusar a proporcionar direito de defesa e de recurso, pois  mandou desativar os perfis do senador Marcos do Val (Podemos-ES), com bloqueio de R$ 50 milhões nas contas bancárias dele, algo inimaginável e intolerável na matriz USA e também aqui na filial Brazil.

Daqui para frente, diria Roberto Carlos, tudo vai ser diferente, porque Moraes terá de ficar se defendendo dos ataques aqui na filial e lá na matriz, porque suas irregularidades são múltiplas e repetitivas, comportando-se como um ditador do Judiciário, uma novidade em matéria de regimes autoritários. E isso pode transformá-lo num personagem tristemente famoso e que não tem medo do ridículo.

Morre em Brasília Henrique Gougon, jornalista e artista plástico

Uma cultura 360 graus - Revista Encontro

Henrique Gougon, jornalista e artista plástico

José Carlos Werneck

Morreu nesta sexta-feira, em Brasília, o jornalista Henrique Gonzaga Júnior, aos 78 anos. Henrique Gougon, como era mais conhecido, também se destacou pelas artes plásticas. Ele fez murais com que estão espalhados pelo DF com mosaicos de personalidades da capital.

Foram ilustradas por Gougon figuras como Juscelino Kubitschek, Anísio Teixeira e Ulysses Guimarães e JK. Nas redes sociais, amigos prestaram homenagens ao jornalista e mandaram mensagens carinhosas a seus familiares.

Guardo, com muito carinho, em meu escritório um exemplar autografado de seu livro de charges, “Que País é Este!”, onde ele escreveu:

“Ao Werneck, peso da Glória.

Um abraço dileto deste confrade, amigo de perto e de longe.

Gou Gon
Brasília, 28/036/77

Em confronto com o Congresso. o Supremo mantém suspensão de emendas

Dino interrompeu repasse de emendas impositivas

Pedro do Coutto

O panorama político do país está, sem dúvida, afetado pela decisão do Supremo Tribunal Federal que, por unanimidade, 11 votos a zero, decidiu manter a decisão individual do ministro Flávio Dino que suspendeu a execução das emendas impositivas de deputados federais e senadores ao Orçamento da União. A decisão também valida a suspensão das chamadas “emendas Pix”.

Na última quarta-feira, o ministro Flávio Dino decidiu que os repasses das emendas impositivas deverão ficar suspensos até que os Poderes Legislativo e Executivo criem medidas de transparência e rastreabilidade das verbas. Esse tipo de emenda obriga o governo federal a enviar os recursos previstos para órgãos indicados pelos parlamentares.

MOTIVAÇÃO – A decisão foi motivada por uma ação protocolada na Corte pelo PSOL. O partido alegou ao Supremo que o modelo das emendas impositivas individuais e de bancada de deputados federais e senadores torna “impossível” o controle preventivo dos gastos.

O ministro entendeu que a suspensão das emendas é necessária para evitar danos irreparáveis aos cofres públicos. Pela decisão, somente emendas destinadas para obras que estão em andamento e para atendimento de situação de calamidade pública poderão ser pagas.

“EMENDAS PIX” – No início deste mês, Dino suspendeu as chamadas “emendas Pix”. Elas são usadas por deputados e senadores para transferências diretas para estados e municípios, sem a necessidade de convênios para o recebimento de repasses.O ministro entendeu que esse tipo de emenda deve seguir critérios de transparência e de rastreabilidade. Pela mesma decisão, a Controladoria-Geral da União (CGU) deverá realizar uma auditoria nos repasses no prazo de 90 dias.

Mas a questão não terminou ainda, pois o Congresso tem colocado em pauta um projeto de emendas constitucionais que efetivamente colide com a decisão do Supremo e dá nova forma para o problema. De um lado, portanto, temos o Supremo mantendo a suspensão do pagamento das emendas e de outro temos uma investida do parlamento para anular a decisão da Corte Suprema, estabelecendo uma nova confusão legal.

O presidente Lula, apesar de distante do choque, será por ele atingido, uma vez que torna-se difícil administrar o país em meio aos confrontos envolvendo o STF e o Congresso Nacional. Afinal de contas, quem tem a chave do cofre é o Executivo. Logo, qualquer decisão contrária levará Lula a um impasse: ou atende ao Congresso ou coloca-se ao lado do Supremo Tribunal Federal. É difícil governar assim. Falta sensibilidade à classe política para conviver com o regime atual e com o fortalecimento do Poder Judiciário.

Cantando como os pássaros, no voo libertário de Menotti Del Picchia

MENOTTI DEL PICCHIA – FRASES – Pão de Canela e ProsaPaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, tabelião, advogado, político, romancista, cronista, pintor, ensaísta e poeta paulista Paulo Menotti Del Picchia (1892-1988), no poema “O Voo”, nos fala da importância do voo que devemos realizar diante dos obstáculos que o cotidiano nos impõe, semelhantes aos pássaros. É um poema que também pode ser interpretado como “uma lição de vida”.

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O VOO
Menotti Del Picchia

Goza a euforia do voo
do anjo perdido em ti
Não indagues se nossas estradas,
tempo e vento desabam no abismo.
que sabes tu do fim…
Se temes que teu mistério seja uma noite,
enche-o de estrelas,
conserva a ilusão de que teu voo
te leva sempre para mais alto
no deslumbramento da ascensão

Se pressentires que amanhã
estarás mudo,
esgota como um pássaro as canções
que tens na garganta
canta, canta para conservar
a ilusão de festa e de vitória
talvez as canções adormeçam
as feras que esperam
devorar o pássaro

Desde que nasceste
não és mais que um voo
no tempo rumo ao céu?
Que importa a rota
voa e canta enquanto resistirem as asas.

Grande imprensa transforma em herói um pilantra vulgar como Silvio Santos

Silvio Santos convida Lula para o Teleton e pede R$ 12 mil. 22/09/2010 - YouTube

Lula evitou a falência do amigo e lhe deu R$ 726 milhões

Carlos Newton

Foi inacreditável e inaceitável a cobertura da TV sobre a morte de Silvio Santos. A disputa pela audiência levou a exageros emocionais que transformaram o famoso apresentador num personagem. humanitário e quase santificado. É assim no Brasil, sempre que algum personagem famoso morre, mas com Silvio Santos a mídia extrapolou qualquer limite, com uma cobertura irreal e bajulatória, que deixou no chinelo a repercussão da morte de um herói nacional como Pelé.

Silvio Santos não foi herói em nada do que fez. Seu maior mérito foi ser um vendedor nato, que na juventude morava em Niterói e trabalhava como camelô no centro do Rio. No dia-a-dia nas ruas, percebeu que poderia se tornar um grande comunicador, quando essa palavra ainda nem era usada como definidora de função profissional.

ESPERANÇA – Entre os “depoimentos” sobre Silvio Santos, muitos deles falavam que ele teria levado esperança a milhões de brasileiros, mas foi tudo ao contrário. Ele soube enriquecer justamente explorando a esperança dos brasileiros de classe média, através de seus empreendimentos empresariais, com o Baú da Felicidade, um negócio que comprara de Manuel da Nóbrega, criador da versão original de “A Praça é Nossa”, que o filho Carlos Alberto manteve no ar.

O programa “Tudo por Dinheiro” foi uma espécie de logomarca da carreira do apresentador-empresário. Tudo o que ele fazia era por dinheiro.

No governo Figueiredo, para vencer a concorrência pelo Canal de TV contra o Jornal do Brasil e outros concorrentes, ele contratou o jornalista Carlos Renato, primo-irmão da primeira-dama Dulce Figueiredo para resolver as coisas em Brasília, digamos assim.

BAJULAÇÃO TOTAL – Depois de colocar no ar seu primeiro canal, no Rio de Janeiro, passou a servir a qualquer presidente que estivesse no poder, entregando parte de seu programa dominical para enaltecer “A Semana do Presidente”. Ele próprio quis ser presidente, mas sua candidatura oportunista foi brecada pelo TSE pertinho da eleição.

Na onda do “Tudo por Dinheiro”, Silvio Santos foi abrindo cada vez mais empresas, nas mais diversas áreas, inclusive  reflorestamento. O maior erro foi abrir um banco, o PanAmericano, cuja gestão entregou a parentes e amigos. Foi um fiasco colossal, que ameaçou a saúde financeira do grupo.

Em 2009 o PanAmericano estava quebrado, com prejuízos de R$ 2,39 bilhões. Segundo o Banco Central, enquanto o banco de Silvio Santos informava um total de R$ 1,60 bilhão em carteiras de crédito cedidas, os bancos compradores dessas carteiras elevavam esse total para espantosos R$ 5,59 bilhões. Além disso, no balanço do PanAmericano havia “ativos inexistentes” que somavam R$ 1,4 bilhão.

AMIGO LULA – Era o fim do império de Silvio Santos, que já tinha investido nos Estados Unidos o que restara de sua fortuna. Mas quem tem amigos não morre pagão. Bastou uma visita ao presidente Lula da Silva no Planalto, em 2010, para o chefe do governo resolver com apenas um telefonema todos os problemas do empresário-comunicador. Do outro lado da ligação estava a petista Maria Fernanda Ramos Coelho, que presidia a Caixa Econômica Federal e resolveu o problema.

A Caixa assumiu o caixa furado do PanAmericano, mas a gestão continuou com Silvio Santos, que se livrou dos bilhões de prejuízos e ainda levou R$ 739,2 milhões em dinheiro, para se recuperar do susto, pois Lula sabe ser amigo dos amigos, como foi revelado por seu relacionamento com a família Odebecht.

O negócio da Caixa foi um crime de lesa-pátría, mas ninguém foi processado, não houve nada, nada. E a ex-presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, continuou sua carreira no petismo e até janeiro deste ano estava trabalhando no Planalto. Pediu demissão, mas Aloizio Mercadante teve de nomeá-la para a diretoria do BNDES, porque ela é uma mulher que sabe demais, como diria Hitchcock.

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P.S. – Lamento ter decepcionado os admiradores de Silvio Santos, mas realmente não posso concordar com essas louvações a quem nada fez por este país e enriqueceu ilicitamente mediante tráfico de influência e exploração do povo brasileiro, através de armações como a TeleSena, uma loteria que o governo considera ser um título de capitalização, vejam bem a que ponto chegamos. Quanto à louvação da imprensa ao legado de Silvio Santos, tenho mais o que fazer. (C.N.)

Maduro mandou tomar chá de camomila, mas Lula não entendeu direito a mensagem

Lula, Biden e Maduro: a comédia das eleições infinitas na Venezuela |  Jornal de Brasília

Charge do Baggi (Jornal de Brasília)

Vicente Limongi Netto

Depois da tumultuada eleição na Venezuela, Nicolás Maduro mandou Lula tomar chá de camomila para esfriar a cabeça. Passados 10 dias, Lula trocou o chá pela cachaça e afirmou que Maduro ganhou as eleições no tapetão, sugerindo novas eleições. Não se sabe, agora, o que Maduro aconselhou Lula a tomar. Mas a desconfiança é imensa.

Aqui no Brasil, depois de mandar o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federa l(STF), nomeado por ele, intimidar e provocar o Congresso, com decisões contra emendas parlamentares, Lula tornou-se motivo de gracejos e boas gargalhadas, no mundo inteiro, propondo novas eleições na Venezuela. Piada tosca e infantil, de extremo mau gosto que deslustra a chefia da nação e, sobretudo, apequena a importância e o respeito do Itamaraty, aos olhos do mundo.

Se a infeliz intenção era para aclamar os ânimos, a fervura da panela explodiu a tampa de vez.  Lula com o prosaico Celso Amorim, que não desencarna nunca, jogaram no lixo o manual do necessário bom relacionamento com países vizinhos. Mesmo aqueles, como a Venezuela, dominados por ditadores.

FUTEBOL E TV – Dorival Junior poderia ter o bom senso de convocar Paulo Henrique Ganso para os jogos do Brasil, em setembro. Não se trata de alegar idade avançada, o importante é que Ganso joga muito. Está em ótima fase, física e técnica. É o atleta ideal para compor e impor um meio de campo inteligente e envolvente, na nossa seleção. meio desacreditada ultimamente.

Dois gênios: Pelé no futebol, Silvio Santos, na televisão. Foram inigualáveis e eternos. Apenas para constar: postei esta minha comparação, nas redes sociais, por volta das 13 horas, de hoje, sábado. Um emocionado e respeitado Milton Neves, seguiu minha tônica, por volta das 16h30. registre-se e afixe-se. Ou seja, estou em boa companhia.

Objetivo maior dos ataques a Moraes é abrir caminho para anistiar Bolsonaro

Alexandre de Moraes é alvo de “superpedido” de impeachment da oposição | Metrópoles

Moraes abriu a guarda e agora está recebendo o troco

Roberto Nascimento

Nesses tempos obscuros, de trevas no horizonte pátrio, é sempre bom lembrar o vaticínio do saudoso Ulysses Guimarães, o tripresidente (Câmara, Constituinte e MDB, simultaneamente), ícone insubstituível da resistência democrática, um homem de coragem,  respeitadíssimo em todo o país: ”Se vocês reclamam desse Congresso, esperem o próximo”, previu Ulysses. E o sistema funciona como se fosse uma maldição – a cada quatro anos, o nível dos parlamentares piora ainda mais.

O próximo Congresso, que se avizinha, terá o poder de uma bomba atômica contra o país. As piores figuras deverão ser eleitas e se juntar aos medievalistas atuais, sob o comando de Davi Alcolumbre, de novo presidente do Senado, fazendo uma dupla com o deputado a ser indicado por Arthur Lira para presidir a Câmara. Assim, o que está ruim hoje vai ficar muito pior amanhã.

DIFICULDADES – Nenhum governo pode ter vida fácil com essas feras, que, como os bárbaros, pretendem assaltar nossa esperança de um país melhor. E os sofrimentos do povo tendem a se agravar com a próxima reforma da Previdência, pois os altíssimos salários, pensões, aposentadorias e penduricalhos das elites do funcionalismo civil e militar terão de ser mantidos a qualquer custo, enquanto são reduzidos os direitos sociais do povo.

No momento, o foco se volta para o próximo pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Este é propósito dos senadores da direita, como Eduardo Girão, Magno Malta e Rogério Marinho, um trio do capeta.

Com base nas acusações genéricas de que alguns investigados, vão exigir de Pacheco, uma pauta para votação de impeachment de ministros do STF, a começar por Alexandre de Morais, e Flávio Dino também já está no radar deles, mas não há como acusá-lo, por ser estreante.

GRAVES AMEAÇAS – Essas figuras dantescas e demoníacas são hoje as maiores ameaças à democracia no país. O objetivo maior não é destruir Alexandre de Moraes, simplesmente. O que eles querem é aprovar a anistia a Bolsonaro e aos financiadores e executores do movimento de 8 de Janeiro.

Com essa insanidade, podem acabar eliminando o Estado Democrático de Direito. A essa altura do campeonato, isso pode significar a própria destruição do país, sempre ameaçado pela cobiça internacional em relação à Amazônia.

Essas peças, que o povo elegeu enganado, usam a mesma tática de Nicolás Maduro e outros ditadores. Se dizem nacionalistas democráticos, mas só estão interessados em seus próprios projetos de poder. Alguém tem dúvidas?

Maduro e María Corina Machado já descartaram realização de nova eleição

Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre formam a dupla sinistra do Senado

Unha e carne – Política – CartaCapital

Às vezes, os dois senadores parecem se unir e se moldar

Vicente Limongi Netto 

Quando chegou no Senado, Rodrigo Pacheco, nascido em Rondônia, eleito por Minas Gerais, teve a audácia de apresentar-se inspirado em Juscelino Kubitschek, o JK. Alto, com voz de trovão como Juscelino, o presidente do Senado e do Congresso quebrou a cara. 

Tem que progredir muito no sonho de impactar eleitores sob o manto do ex-presidente. Alguns tentaram e quebraram as fuças. Para começo de conversa, Pacheco teria que aprender o sorriso aberto e cativante de JK. Depois, recomendar para familiares, aspones, assessores e motoristas chamá-lo de “Nonô”, apelido de Juscelino.

Sorrindo como JK e conhecido por “Nonô”.  Além disso, escolher boas companhias para conversar e discutir planos que beneficiem a coletividade. Pacheco desistiu no meio do caminho. Prefere andar com o desprezível senador Davi Alcolumbre. Os dois vivem de sorrisinhos marotos e debochados. Conversas sorrateira no ouvido. No plenário não se largam.

MUITA VERGONHA – O busto do mestre Rui Barbosa, ex-senador, cobre os olhos de vergonha. Pacheco e Alcolumbre fazem corar os cínicos mais ardorosos. São vestais grávidas insistindo em passar boa impressão ao público. Envergonham a boa política republicana. A dupla medonha trama um futuro ruim para o Senado Sederal.

Pacheco se arvora de cabo eleitoral imbatível de Alcolumbre, para sucedê-lo na presidência do enado. A câmara alta não merece. Alcolumbre apequenou a importante Comissão de Constituição e Justiça. E

m contrapartida, o nefasto Alcolumbre garante que tem cartas na manga para tornar Pacheco embaixador do Brasil na Palestina, na Venezuela, em Manágua ou Teerã. Ou, então, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Pobre vida pública brasileira. Ao invés de melhorar, piora. Com os farsantes Pacheco e Alcolumbre dando as cartas. 

Uma visão penetrantes da vida na Bahia, no olhar de Dorival Caymmi

Dorival Caymmi, o homem do mar, não sabia nadar - Rede Brasil Atual

Caymmi era um lírico João Valentão

Paulo Peres
Poemas & Canções

O violonista, cantor, pintor e compositor baiano Dorival Caymmi (1914-2008), construiu sua obra inspirado pelos hábitos, costumes e tradições do povo baiano. Teve como forte influência a música negra, desenvolveu um estilo pessoal de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos versos, sensualidade e riqueza melódica.

O samba “João Valentão”, gravado pelo próprio Dorival Caymmi, em 1942, pela Odeon, fala sobre um brutamontes que não dispensa uma boa briga, mas cujo coração amolece no final do dia, quando chega cansado para o aconchego do lar, significando que João Valentão é, simultaneamente, o bruto e o sensível, que vive numa terra tão problemática e tão bela.

JOÃO VALENTÃO
Dorival Caymmi

João Valentão é brigão
Pra dar bofetão
Não presta atenção e nem pensa na vida
A todos João intimida
Faz coisas que até Deus duvida
Mas tem seu momento na vida

É quando o sol vai quebrando
Lá pro fim do mundo pra noite chegar
É quando se ouve mais forte
O ronco das ondas na beira do mar
É quando o cansaço da lida da vida
Obriga João se sentar
É quando a morena se encolhe
Se chega pro lado querendo agradar

Se a noite é de lua
A vontade é contar mentira
É se espreguiçar
Deitar na areia da praia
Que acaba onde a vista não pode alcançar

E assim adormece esse homem
Que nunca precisa dormir pra sonhar
Porque não há sonho mais lindo do que sua terra, não há

Lula ainda não reconhece Maduro como presidente eleito da Venezuela

Lula ainda não reconhece Maduro como presidente eleito da Venezuela |  Agência Brasil

Maduro sabe que está devendo uma explicação, diz Lula

Pedro do Coutto

O presidente Lula reafirmou, nesta quinta-feira, que ainda não reconhece a reeleição do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Segundo o chefe do Executivo, os dados e as atas eleitorais devem ser apresentadas para comprovar os resultados das eleições. O presidente venezuelano, no poder desde 2013, já foi diplomado pelo Conselho Nacional Eleitoral do país para novo mandato a partir de janeiro de 2025.

“Eu sempre digo o seguinte: não é fácil e não é bom que um presidente da República fique dando palpite sobre a política de um presidente de outro país. Mas nós queremos que o Conselho Nacional, que cuidou das eleições, diga publicamente quem é que ganhou. Porque até agora ninguém disse quem ganhou. Ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade e para o mundo”, afirmou.

IRREGULARIDADES – Lula destacou ainda que os enviados do país para acompanhar o pleito na Venezuela em 28 de julho, o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, e Audo Faleiro, não observaram irregularidades no dia das eleições. As confusões, diz Lula, começaram quando Maduro declarou ter ganhado e o candidato Edmundo González também.

De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral, o atual presidente recebeu 51,2% dos votos, enquanto Edmundo González, principal candidato da oposição, obteve 44%. A oposição, no entanto, sustenta que González recebeu 70% dos votos. As atas ainda não foram divulgadas. “Tem que apresentar os dados por algo que seja confiável, O Conselho Nacional Eleitoral, que tem gente da oposição poderia ser. Mas ele não enviou para o Conselho, mas para a Justiça”, afirmou Lula.

ESFORÇOS – O presidente também mencionou os esforços do Brasil juntamente com outros países, como Colômbia e Venezuela, para “encontrar uma saída”. Ele propõe, entre outras medidas, governo de coalizão, critérios de participação de todos os candidatos ou a criação de um comitê eleitoral suprapartidário.

Ao que tudo indica, será preciso esperar uma solução para o desfecho. Uma alternativa seria a realização de novo pleito com a supervisão internacional, mas isso Maduro se recusa, pois ele sabe que foi derrotado. O impasse continua. Caso Lula reconhecesse a vitória de Maduro perderia pontos preciosos e prestígio dentro do Brasil. E isso, definitivamente, ele não quer.

Taxação em plano de previdência deixado como herança avança na Câmara

Pelo texto, quanto maior a herança, maior a alíquota

Pedro do Coutto

A Câmara dos Deputados aprovou um projeto que permite a taxação da previdência privada no momento da transferência aos herdeiros. Tal projeto é absurdo, sobretudo porque remete aos estados a possibilidade de fazer tal transferência aos que nada contribuíram. A herança é sempre uma decisão dos que contribuíram para os planos de previdência sem prever taxação alguma.

O texto aprovado pelos deputados estipula a cobrança do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), o imposto sobre herança, nos planos de previdência privada, como PGBL e VGBL. Enquanto no VGBL o Imposto de Renda incide apenas sobre os rendimentos, no PGBL, o imposto incide sobre o valor total a ser resgatado ou recebido sob a forma de renda. A proposta estabelece, porém, que investidores que ficarem mais de cinco anos no VGBL, a contar da data do aporte, serão isentos. Já o PGBL será tributado independentemente do prazo.

COBRANÇA – O secretário Extraordinário de Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, defendeu a medida, apesar de o governo ter retirado a cobrança do texto encaminhado ao Congresso. A tributação, porém, foi retomada pela Câmara. A minuta do projeto de lei elaborado pela equipe econômica previa a cobrança do imposto de herança sobre a previdência privada.

Com a repercussão negativa, principalmente nas redes sociais, a cobrança foi retirada do texto – sob determinação do presidente Lula da Silva. É injusta e ilegítima a forma com que o projeto de lei estabelece. São coisas do Brasil. Em última análise, pode-se esperar o veto por parte do presidente Lula da Silva. É incrível como se fazem as leis no país.

APOIO – Marcelo Freixo anunciou seu voto em Eduardo Paes. Principal nome da esquerda carioca nas últimas duas décadas e notório adversário de Paes, Freixo afirma que fará campanha este ano para o prefeito. Não só: o ex-PSOL e PSB reforça a necessidade de uma vitória no primeiro turno — que, na visão dele, passa por levar o eleitorado de esquerda ao candidato à reeleição — e defende que Paes concorra ao governo do estado em 2026.

“Em 2012, quando concorri contra ele, o Eduardo representava a direita. Hoje há outra configuração política no país e no Rio. A extrema direita e a direita estão fora do projeto do Eduardo. A candidatura dele, hoje, configura o campo democrático. O que vai derrotar a extrema direita no Brasil não é a esquerda, é essa aliança do campo democrático”, afirmou.

“Acertei no Milhar”, um samba de breque que ficou na história do jogo do bicho.

História do samba: a navalha de Wilson Batista

|Wilson Batista compôs mais de 500 sambas

Paulo Peres
Poemas e Canções

O compositor mineiro Geraldo Theodoro Pereira (1918-1955) e seu parceiro Wilson Batista usaram um dos temas mais populares, o jogo do bicho, para fazer a letra do samba de breque “Acertei No Milhar”, gravado por Moreira da Silva, em 1940, na Odeon. Um samba que ficou na história do jogo do bicho.

ACERTEI NO MILHAR
Wílson Batista e Geraldo Pereira

– Etelvina, minha filha!
– Que há, Jorginho?
– Acertei no milhar
Ganhei 500 contos
Não vou mais trabalhar
E me dê toda a roupa velha aos pobres
E a mobília podemos quebrar
Isto é pra já
Passe pra cá

Etelvina
Vai ter outra lua-de-mel
Você vai ser madame
Vai morar num grande hotel
Eu vou comprar um nome não sei onde
De marquês, Dom Jorge Veiga, de Visconde
Um professor de francês, mon amour
Eu vou trocar seu nome
Pra madame Pompadour
Até que enfim agora eu sou feliz
Vou percorrer Europa toda até Paris

E nossos filhos, hein?
– Oh, que inferno!
Eu vou pô-los num colégio interno
Telefone pro Mané do armazém
Porque não quero ficar
Devendo nada a ninguém
E vou comprar um avião azul
Pra percorrer a América do Sul

Aí de repente, mas de repente
Etelvina me chamou
Está na hora do batente
Etelvina me acordou
Foi um sonho, minha gente

Moraes se emporcalhou de tal maneira que é até arriscado tentar defendê-lo

Carlos Newton

Chega a ser comovente o esforço conjunto que está sendo feito para limpar a barra do ministro Alexandre de Moraes, mas o resultado está sendo patético. São muito graves as acusações ao relator do chamado Inquérito do Fim do Mundo, aquele que já completou 5 anos e não acaba nunca, com provas tão abundantes que a defesa praticamente se torna uma missão impossível sem Tom Cruise.

Nas primeiras 24 horas após a publicação do míssil disparado pelo jornalista e advogado constitucionalista americano Glenn Greenwald, em parceria com o excelente Fábio Serapião, as tentativas de defesa foram tiros na água.

MORAES SE DEFENDE – O próprio ministro-relator Alexandre de Moraes divulgou uma nota tímida e genérica, afirmando que todos os procedimentos que adotou foram “oficiais e regulares” e estão “devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria-Geral da República”.

Mas o problema é justamente este – suas decisões ditatoriais estão mesmo fartamente documentadas, conforme já sabe até no Congresso norte-americano.

O que surgiu agora foram os apimentados diálogos de seus auxiliares diretos, que também ficam mal na história, pois sabiam que estavam agindo ilegalmente, Mas fora das regras,

DEFESA DE GONET – No empolgante caso, a irresponsabilidade parece ser uma doença transmissível, porque o procurador Paulo Gonet, mesmo sem ter o menor conhecimento do assunto, arriscou-se na defesa, ao dizer que a atuação do ministro sempre foi pautada por “coragem, diligência, assertividade e retidão”. E caprichou no chute final: “Invariavelmente, onde cabia nos processos sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes a intervenção da Procuradoria Geral da República, ou da Procuradoria Geral Eleitoral, houve a abertura de oportunidade para a atuação do Ministério Público”.

Mas como Gonet fala uma bobagem dessas? Um dos problemas de Moraes foi justamente ter agido sozinho, punindo e perseguindo adversários políticos sem consultar a Procuradoria, conforme já sabia se desde que a Câmara americana passou a investigar Moraes, com base em documentos oficiais do próprio Supremo.

O mais constrangedor foi o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, ter feito um apressado desagravo em favor do ministro, como se fosse aceitável que um ministro do Supremo conduzisse de maneira informal importantes investigações, encomendando relatórios à la carte para incriminar, prender e condenar cidadãos no Supremo. Não cabe corporativismo nesse tipo de tropeço, mas Barroso foi em frente.

SÉRIE DE SOFISMAS – Como o condutor dos inquéritos no STF era Moraes, que à época também presidia o TSE, Barroso disse que “a alegada informalidade é porque geralmente ninguém oficia a si próprio”. Uma bela tentativa de Barroso, mas os pedidos ilegais e amorais não eram feitos em ofícios por Moraes – quem os fazia, oralmente, era seu juiz auxiliar Airton Vieira.

O presidente do STF tentou romancear a situação. “Na vida às vezes existem tempestades reais e às vezes existem tempestades fictícias. Acho que estamos diante de uma delas”, disse Barroso, que culpou “interpretações erradas” das mensagens trocadas por auxiliares do ministro.

“Em primeiro lugar, todas as informações que foram solicitadas pelo Supremo e pelo relator dos inquéritos, ministro Alexandre de Moraes, referiam-se a pessoas que já estavam sendo investigadas e a inquéritos que já estavam abertos no Supremo”, afirmou Barroso. “Em segundo lugar, todas essas informações solicitadas eram informações públicas.”

Fica claro que Barroso se enrolou todo, ao sofismar a defesa do indefensável, pois o problema é que Moraes agia antes de existir o relatório que depois viria a embasar sua decisão. Mas Barroso alega que ”esses procedimentos se deram para que se faça um revisionismo histórico”, porque o Supremo recebeu ataques graves, “inclusive vindo de altas autoridades, como se um erro pudesse justificar outro..

DEFESA ESCRITA – Gilmar Mendes, o experiente decano, não se arriscou ao vivo. Preferiu um discurso lido e disse que “a censura que tem sido dirigida ao ministro Alexandre, na sua grande maioria, parte de setores que buscam enfraquecer a atuação do Judiciário e, em última análise, fragilizar o próprio Estado Democrático de Direito”.

“A condução das investigações por parte do ministro Alexandre tem sido pautada pela legalidade, pelo respeito aos direitos e garantias individuais e pelo compromisso inegociável com a verdade”, sofismou Gilmar. “A situação colocada pela reportagem em nada se aproxima dos métodos da Operação Lava Jato, como muitos querem fazer crer”, disse o decano.

“[Sergio] Moro, [Deltan] Dallagnol e sua turma subverteram o processo penal de diversas formas, com combinações espúrias, visando a condenação de alvos específicos. Ali o juiz da causa dava ordens aos procuradores e aos delegados, orientava como deveriam ser as denúncias, mandava alterar as fases das operações, oferecia testemunhas à acusação”, afirmou. “O noticiado [sobre Moraes] nada ter a ver com isso.”

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P. S. –
Muito ao contrário do que dizem os envergonhados defensores de Moraes, tudo isso tem a ver com a Lava Jato. Em comparação com os atos ditatoriais de Moraes, as conversas telefônicas do infantil Deltan Dallagnol chegam a ser ridículas. Quanto a Moro, aparece pouquíssimo nas gravações divulgadas pelo mesmo Glenn Greenwald, que ainda não comparou as duas situações, mas certamente irá fazê-lo, mais para a frente. O caso de Moraes é muitíssimo mais grave e tem um componente importante sua vaidade sem limites. Comprem mais pipocas, porque a política está pipocando. (C.N.)