Investigação de generais que atuaram no golpe mais parece a Piada do Ano

Charge do Aroeira (Arquivo Google)

Carlos Newton

Chega a ser divertido ler o noticiário da chamada grande imprensa. Quando não há muito a escrever, os jornalistas e observadores políticos usam e abusam da criatividade. Na semana passada, por exemplo, foi impressionante o espaço dedicado aos “depoimentos” a serem feitos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e pelos integrantes do núcleo duro do governo, envolvidos na famosa tentativa do golpe que não houve.

Como diria o jornalista e publicitário Miguel Gustavo, o suspense era de matar o Hitchcock. Realmente, nas redações esperava-se que os depoentes vomitassem os detalhes, trouxessem informações e datas que ajudassem a montar esse gigantesco quebra-cabeças.

APENAS SONHO – Ainda bem que sonhar não é proibido nem paga imposto. Sem novidades no front, a imprensa teve de noticiar que os delegados e agentes da Polícia Federal não ficaram satisfeitos com os interrogatórios dos sete envolvidos que decidiram falar no inquérito do fim do mundo, que apura a tentativa de um golpe de Estado e mais um monte de coisas que ninguém consegue lembrar.

O que esperavam esses supostos especialistas em interrogatórios? Certamente, queriam que os investigados respondessem claramente àquelas perguntas capciosas e revelassem, logo de cara, seu empenho e sua perseverança no planejamento da tentativa do golpe que não houve.

Segundo a avaliação dos agentes e delegados, os sete depoentes, ao responder às perguntas, mentiram e buscaram se justificar, sem contribuir em nada para a investigação, vejam que grande novidade.

DOIS EXEMPLOS – Nesta lista de depoentes pouco confiáveis, digamos assim, estão o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-ministro da Justiça, delegado federal Anderson Torres, aquele que foi apanhado com uma minuta de decreto totalmente diversa da outra versão, apreendida com Bolsonaro.

Costa Neto falou por cerca de três horas e Anderson Torres por quase cinco horas. Os depoimentos de ambos foram descritos como “evasivos” e “sem dados a acrescentar”. Nem passou pela cabeça dos investigadores que os dois civis talvez pouco soubessem, porque o golpe estava sendo planejado quase exclusivamente por militares e assessores diretos do presidente.

Aliás, achar que Costa Neto seria um dos articuladores do golpe é uma espécie de Piada do Ano. A especialidade criminal dele é bem diferente…

BOA OPORTUNIDADE – Outra excelente piada foi a imprensa ter comentado que era o momento ideal que poderia ter sido usado para os alvos se defenderem, mas eles “perderam a oportunidade”. Há-há-há!, vamos todos rir, como recomendava Helio Fernandes.

Dos 23 intimados para o interrogatório da quinta-feira, dia 22, apenas sete falaram. Ou seja, se defenderam, porque ninguém depõe para se incriminar, só os débeis mentais, que são inimputáveis.

Além de Bolsonaro, ficaram em silêncio militares de alta patente, como os generais Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e Augusto Heleno. Alguma novidade?

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P.S. –
Até agora, muita espuma e pouco chope. Os ministros do Supremo tiveram coragem para condenar a longas e injustas penas os pés-de-chinelo que invadiram os palácios, sem haver provas materiais individuais contra eles, conforme exige a lei. Mais de um ano depois, até agora o Supremo não teve o menor ânimo para investigar e prender os “kids pretos”, que transformaram em vandalismo uma manifestação que era pacífica. E será que agora os ministros terão coragem de processar e prender generais de quatro estrelas, sem provas materiais? Estou apostando que isso não acontecerá?  (C.N.)

Preparem seus corações para a esfuziante comemoração do novo aniversário do PT

Charge: Wilmarx

Charge do Wilmar (Arquivo Google)

Vicente Limongi Netto

Festão do ano, do 44 anos do PT. Data imperdível, 20 de março. O sol aparecerá radiante. Coral de anjos ensaiou emocionantes canções, que encantarão corações do mundo inteiro. Representantes de exemplares democracias, como Venezuela, Nicarágua, Hamas e Cuba confirmaram presenças. Com farta distribuição de mortadela. O Maracanã e o Mané Garrincha serão palcos da inesquecível comemoração.

Auxiliares engravatados sugeriram também a Avenida Paulista. Ideia prontamente afastada, porque idolatrados petistas têm alergia ao famoso lugar. Ingressos praticamente esgotados. De arquibancadas, para a plebe, a 300 reais, a cadeiras numeradas de 5 mil reais e, por fim, camarote por 20 mil reais cada participante, com direito a fotos com Janja e Lula da Silva.

O momento especial e singelo do memorável acontecimento democrático será o sorteio de um morador de rua. Alimentado, banhado, carteira assinada, plano de saúde, escola para os filhos e casa para morar.

TROFÉU DO ÓBVIO – Sábios da Globonews, segunda-feira à tarde, os gloriosos jornalistas Otávio Guedes e Júlia Dualibi, ao comentar a impressionante multidão de 600 mil pessoas na Avenida Paulista, em apoio a Jair Bolsonaro, declararam, solenemente:  “O ato deve ser explorado nas eleições”.

Meu Deus, e ainda ganham salários. Por esta e outras abissais barbaridades é que tenho saudades dos meus tempos de repórter.

A notável dupla de analistas do primeiro time da televisão brasileira merece o troféu acaciano do óbvio.

DESCONFIANÇA – O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou o segundo aumento consecutivo em fevereiro, subindo 2,4%e, com isso, atingindo 109,7 pontos. descontados os efeitos sazonais.

Apesar da melhora, o indicador ainda está 4,9% abaixo do que registrava no mesmo período do ano anterior.

Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, isso revela que os varejistas ainda não estão satisfeitos com o momento atual da economia e do comércio, apenas menos pessimistas. “A confiança do setor está crescendo, mas ainda há desafios a serem superados, como o alto custo do crédito e a inadimplência. A priorização do consumo em bens essenciais também é um fator a ser observado”, aponta Tadros.

Bolsonaro quer garantir a sua própria anistia e a de seus aliados

Bolsonaro teme o avanço das investigações

Pedro do Coutto

Com a manifestação na Avenida Paulista no domingo, que reuniu um grande número de pessoas, o ex-presidente Jair Bolsonaro abriu uma nova etapa de sua campanha contra o governo, porém absolutamente fora do tempo, uma vez que  representa mais uma investida contra o resultado das urnas de 2022.

Foi um acontecimento fora de tom já que uma das reivindicações está na falsa proposta de uma pacificação quando na realidade refere-se a uma radicalização e que tem como objetivo impedir a condenação do bolsonarismo e de Jair Bolsonaro. Uma das propostas é a anistia dos manifestantes de 8 de janeiro de 2023.

BLINDAGEM – As correntes bolsonaristas procuraram blindar o processo que se volta contra aqueles que recorreram ao vandalismo na busca de uma ruptura, bem como os que estão por trás de tais ações.  No fundo, Bolsonaro buscou dar uma demonstração de apoio popular e político que viesse a intimidar a Polícia Federal e o Judiciário. Afinal, as investigações chegam cada vez mais perto do ex-presidente.

Além disso, deixou claro o desejo de convocação dos seus apoiadores para articular projetos de lei propondo anistia para quem praticou alguma ação golpista nos últimos anos.

BENEFÍCIO PRÓPRIO – É claro que,  apesar de falar em nome daqueles que estão presos pelo 8 de janeiro,  fica evidente o alcance maior da sua ideia de uma anistia para abranger também a si próprio e aos demais aliados políticos que venham a ser tornados réus e posteriormente condenados e presos por algum dos vários momentos em que ações golpistas foram colocadas em marcha.

A ação de Bolsonaro à frente do ato causará uma reação do governo e também do Poder Judiciário no posicionamento e na voz inspirada no sentimento democrático para analisar e neutralizar os efeitos de uma investida que embora marcada por um sentido de desespero, nem por isso poderá ser ignorada.

Nas contradições do mundo, surge muita dificuldade na crença em Deus

A crença em Deus subsiste devido ao... Sigmund Freud - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

Formado em Letras (Português e Literatura), artista gráfico, músico e poeta carioca João de Abreu Borges (1951-2019) versificou seu “Antipanteísmo”, inconformado com a crença de que Deus e todo o universo são uma única e mesma coisa e que Deus não existe como um espírito separado.

Poetas que escreveram sobre a natureza foram com frequência adeptos do panteísmo. Um bom exemplo desta crença está em alguns poemas de Fernando Pessoa. O panteísmo ensina que Deus é todo o universo, a mente humana, as estações e todas as coisas e ideias que existem. A palavra panteísmo vem de dois termos gregos que significam tudo e Deus.

ANTIPANTEÍSMO
João de Abreu

Acho que chega, meu Deus,
De tantos ateus,
De tantos emigrantes
De suas próprias almas
Sem viver o que
aqui e agora
É só o que morreram
no passado
Ou quase no futuro
Não haverão mais de existir

Acho que chega, meu Deus,
Deixe-me sozinho,
Então,
Com meu corpo estranho
Que um dia irá partir

E eu nem tenho o direito
De saber
Para onde vão tantos sonhos
Tantos caminhos…

Mistério! Por que o general que sabe tudo ainda não foi chamado a depor?

Tribuna da Internet | General Freire Gomes foi um traidor ou um herói? É  isso que deve ser explicado.

Freire Gomes evitou o golpe e ninguém lhe disse “obrigado”

Carlos Newton

É impressionante. Desde o início de 2023 a imprensa vem publicando sucessivas reportagens sobre as movimentações golpistas para evitar a posse do presidente eleito Lula da Silva. De tal forma que grande parte da trama já passou a ser mais do que sabida e tomou a consistência de fatos públicos e notórios, embora ainda estejam em início de investigação pela Polícia Federal.

Note-se que a apuração feita pelos jornalistas é muito mais completa e eficaz, deixa no chinelo a força-tarefa dirigida pela brilhante cabeça do ministro Alexandre de Moraes, que parece mais interessado em acumular investigações no chamado “inquérito do fim do mundo” do que em descobrir a verdade propriamente dita.

CAMINHO DIRETO – Se o ministro Alexandre de Moraes estivesse interessado em rapidamente apurar como se processou o golpe que não aconteceu, não teria maior dificuldade. Bastava convidar o general Marco Antonio Freire Gomes a depor, como comandante do Exército no final do governo Bolsonaro que se recusou a aderir ao movimento, impedindo o golpe.

Ao demonstrar ser um militar de verdade, cumpridor da lei e discretíssimo no desempenho das funções, o general Freire Gomes foi o verdadeiro responsável pela manutenção do país nos trilhos democráticos. Estamos cansados de publicar essa informação aqui na Tribuna da Internet, embora a imprensa tenha a mania de dizer que foi o Supremo que “salvou” a democracia etc. e tal, porém minha ironia não chega a tanto.

O STF não salvou coisa alguma. Pelo contrário, fez uma lambança histórica, ao interpretar casuisticamente a Constituição, de modo a libertar Lula, devolver-lhe os direitos políticos, para depois promover a recuperação social e financeira dos empresários e governantes mais corruptos do país, como a família Odebrecht e Sérgio Cabral, para ficarmos em apenas dois exemplos.

REUNIÕES NO ALVORADA – Sabe-se que os generais do núcleo duro do Planalto fizeram insistentes apelos aos comandantes militares por um golpe contra a eleição de Lula. Também é sabido que Freire Gomes e os ex-comandantes Almir Garnier (Marinha) e Baptista Junior (Aeronáutica) foram chamados cerca de dez vezes por Bolsonaro para reuniões no Palácio da Alvorada em novembro e dezembro, após a vitória de Lula.

Eram reuniões fora da agenda presidencial, convocadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, ou pelo próprio presidente. A primeira foi dia 1º de novembro —dois dias após a vitória de Lula e discutiu dois assuntos: o fechamento de rodovias e os acampamentos golpistas com bolsonaristas diante dos quartéis.

O golpe não era tratado diretamente. Em alguns casos, Bolsonaro apenas buscava conversar e se aproximar dos chefes militares. Mas houve algumas reuniões em que Bolsonaro e militares de seu entorno defenderam intenções golpistas de reverter o resultado eleitoral.

O QUE FALTA – O depoimento de Freire Gomes certamente preencheria as lacunas, informando a reação do Alto Comando do Exército ao tomar conhecimento dessa situação.

O general pode esclarecer também a influência de governos estrangeiros. Sabe-se que em julho de 2022 o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, tocou no assunto com o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.

Em seguida, os encarregados de negócios dos EUA no Brasil, Douglas Knoff, e do Reino Unido, Melanie Hopkins, participaram de reuniões sigilosas com generais do Exército para sondar a posição da Força. E comunicaram que haveria forte oposição de seus países a qualquer tentativa de ruptura democrática.

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P.S.
Tudo isso e muito mais pode ser esclarecido pelo general Freire Gomes, caso o ministro Moraes tenha a humildade de convidá-lo a depor. É claro que o general Freire Gomes, esse discreto herói nacional, aceitará explicar como repudiou as intenções de ruptura democrática, porque fazê-lo significa um dever para ele. Mas quem se interessa? (C.N.)

Crimes evidenciam ramificações e seus reflexos na esfera social

Fuga de Mossoró demonstra a expansão da criminalidade

Pedro do Coutto

O episódio da fuga de criminosos em Mossoró e os fatos dramáticos da violência em diversas áreas do país acentuam a complexidade do tema, uma vez que o crime revela as suas ramificações e, apesar dos esforços dos esquemas de segurança, continua se expandido, sobretudo nos centros urbanos. A insegurança está ocupando o espaço que deveria ser preenchido pela estabelidade e pelo controle, tendo consequências profundas na esfera social.

A falta de comprometimento de autoridades está se fazendo sentir, como inclusive focalizou Elio Gaspari em seu espaço de domingo no O Globo e na Folha de S. Paulo. As facções confundem-se e assinalam o enfraquecimento do poder público em combater o crime organizado que se disfarça em divisões que incluem  características diversas. Quando se pensa que o combate é entre o confronto de áreas diversas e definidas, eis que vem à tona uma realidade cada vez mais preocupante.

SITUAÇÕES POLÍTICAS – Em regiões de renda menor, o crime habita em pontos diferentes, envolvendo situações políticas não muito definidas aos olhares da lei. Mossoró é um exemplo de um tipo de conivência que engloba aspectos surpreendentes, refletindo o apoio que o crime revela no tecido social.

Uma campanha contra o crime e os criminosos deve ser articulada pelo governo em caráter permanente, sendo capaz de identificar o que de fato está acontecendo nos bastidores da política e da administração, com o objetivo de fornecer às populações direitos inegáveis. Existe uma mistura de interesses e vontades que estão mobilizando e dificultando extremamente o poder público.

EXPANSÃO – Os assassinatos e os roubos se repetem e expandem-se de forma impressionante. É preciso que seja realizado um movimento de divulgação que possa incluir no comportamento da sociedade uma resistência mais ampla ao que está se verificando. A fuga de Mossoró chama a atenção para as deficiências sociais no que se refere ao combate à criminalidade de forma efetiva.

Trata-se de um processo que será lento, mas indispensável para todas as pessoas que são ameaçadas de forma constante e cada vez mais perigosa. É urgente mudar o sistema que compromete toda a sociedade e todo o universo da segurança. A começar pela identificação das correntes que se disfarçam nos campos políticos e da administração pública que no fundo não apresentam um caminho concreto de atuação. A integração dos governos federal e estaduais são essenciais e precisam ser menos vulneráveis.

Um livro aberto você pode encontrar na cabeça de um poeta acordado

Ilka Bosse - Empresária Aposentada - Choupana I. C. Representação | LinkedIn

Ilka Bosse, poeta catarinense

Paulo Peres
Poemas & Canções

A pedagoga (formada em duas habilitações na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras), empresária aposentada, escritora, cronista e poeta catarinense Ilka Bosse, conhecida como Bailarina das Letras, tentou entender uma “Cabeça de Poeta”.

CABEÇA DE POETA
Ilka Bosse

Livro aberto tu encontras
na cabeça de um poeta acordado
Com a sabedoria tu te confrontas
entre estrofes ou poema inacabado.

É incógnita o que nesta cabeça contém
Pois vê o poeta tudo diferente, …do avesso
Querer entendê-lo? Acredito, já não convém
Pois o poeta que é poeta não tem endereço!

Ele vai folhando sua sabedoria nata
Deleita na natureza, beijando a verde mata
Sonha sua dor/desejo/alegria/emoção e paixão

À beira-mar, na areia, …onde edificou castelos
Em delírios volta à realidade, compõe versos belos
Morre o Poeta, mas fica, na biblioteca, seu coração.

Gravidade das acusações faz Bolsonaro propor a concessão de uma ampla anistia

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vestiu um colete à prova de balas durante manifestação na Avenida Paulista, neste domingo, 25

Jair Bolsonaro e Michelle usaram coletes à prova de bala

Carlos Newton

Foi uma surpresa o ex-presidente Jair Bolsonaro, em seu discurso durante o ato público na Avenida Paulista, ter defendido a tese da anistia para todos os envolvidos no planejamento do golpe de estado.

Acreditava-se que essa proposta somente surgisse mais à frente e apresentada em projeto de lei por algum parlamentar independente. Mas o próprio Bolsonaro se apressou em fazê-lo.

ENTUBAR A TODOS – Segundo o ex-presidente, seria infundada a acusação da Polícia Federal de que houve uma tentativa de golpe de Estado por parte de seu grupo político, apesar das provas já obtidas.

“Agora querem entubar a todos nós que um golpe, usando dispositivo da Constituição, cuja palavra final quem dá é o parlamento brasileiro, estava em gestação. Creio que está explicada essa questão. Teria muito a falar. Tem gente que sabe o que eu falaria. Mas o que eu busco é a pacificação, passando uma borracha no passado,” disse o ex-presidente.

“Nós já anistiamos, no passado, quem fez barbaridade. Agora, nós pedimos a todos um projeto de anistia no nosso país. E quem depredou o patrimônio que pague, mas essas penas fogem ao mínimo da razoabilidade. Pobres coitados que estavam no dia 8 de janeiro,” acrescentou.

HÁ CONTROVÉRSIAS – O presente caso é totalmente diverso das anistias anteriores, já concedidas no país. Pode-se até dizer que a anistia a crimes políticos seja uma espécie de tradição brasileira de olhar para frente e tentar sepultar o passado, embora isso signifique uma inequívoca utopia, pois atrocidades jamais podem ser esquecidas.

No caso atual, é preciso aprovar uma legislação como a Lei 6.683, de 28 de agosto de 1979, no governo João Figueiredo, que tinha o general Walter Pires como ministro do Exército e Petrônio Portella como ministro da Justiça, dois defensores da anistia ampla, geral e irrestrita.

Mesmo assim, o Congresso aprovou uma ressalva, no § 2º do artigo 1º – “Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal”.

DETALHE IMPORTANTE – Reparem que em 1979, nessa ressalva, não se falou em crimes de tortura e assassinato, portanto, excluindo de punição os responsáveis pelo trucidamento de civis como o deputado Rubens Paiva e o estudante Stuart Angel Jones.

Outro detalhe é que a anistia foi concedida sem que os envolvidos já tivessem sido condenados. Agora, é muito diferente, porque já existem mais de 1,5 mil réus, e têm sido condenados a penas elevadíssimas, como se fossem realmente terroristas, algo que “non ecziste”, diria Padre Quevedo, revoltado contra esse procedimento inquisitório, digamos assim.

É ultrajante condenar a 17 anos de prisão homens e mulheres do povo, a grande maioria presa sem flagrante, no dia seguinte ao vandalismo. E com o requinte surrealista de acrescentar mais 4 anos caso tenham feito selfies diante dos palácios invadidos.

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P.S.
1 – Comparados aos processos anteriores, relativos a graves golpes de estado, em que realmente houve mortos e feridos, as condenações propostas pelo Alexandre de Moraes e aceitas pelo Supremo são de uma perversidade jamais vista na Justiça do Brasil e de qualquer outro país minimamente civilizado.   

P.S. 2Em matéria de Justiça, o Brasil está regredindo de tal maneira que não causaria surpresa a apresentação de um projeto de anistia que beneficiasse, ao mesmo tempo, os réus e também os ministros que os condenam ilegalmente por terrorismo e que também merecem punição severa. Uma coisa é o juiz errar inadvertidamente. Outra coisa, muito mais grave, é o magistrado errar propositadamente, como é o caso, desculpem a franqueza. (C.N.)

Lula fala uma asneira atrás da outra e depois ainda chama os adversários de “imbecis”…

Nenhuma descrição de foto disponível.

Charge do Helder Luciano (Arquivo Google)

Vicente Limongi Netto

Não é a primeira vez que Lula fala asneiras no exterior. No Brasil, é costume antigo do ex-detento se esmerar em declarações estúpidas. Desta vez, na Etiópia, Lula comparou ações de Israel em Gaza com Hitler e o holocausto. Chefe da nação vergonhoso em todos os sentidos. Agride povos e nações e fica por isso mesmo.

As atitudes de Lula não têm grandeza. Insultam e humilham. Bobagens de Lula não param: chamou adversários de “imbecis”. Ele é o quê? Alguma flor que se cheire? Faltam mais espelhos no Planalto e no Alvorada.

DUPLA DINÂMICA – Reeleger figura tão patética e deprimente vai diminuir o Brasil e os brasileiros aos olhos do mundo civilizado. Quem tem o arrogante Celso Amorim como conselheiro, não precisa mais de inimigo.

E a vaidade abunda em Brasília. Flávio Dino e Alexandre de Moraes, adoradores de holofotes, implacáveis justiceiros e parceiros de ideais, juntos no Supremo Tribunal Federal (STF). Redes sociais elegerão o mais vaidoso e o mais eloquente. A nação escolherá quem receberá o troféu de notável top star do mundo jurídico.

A ENCICLOPÉDIA – Coitado do mestre dos mestres, Nilton Santos, a “enciclopédia do futebol” que virou nome de estádio. Com muros pichados por torcedores protestando com razão, porque o atual Botafogo realmente é ruim. Único time que teve a honra e glória de contar com Nilson Santos foi o Botafogo.

O alvinegro carioca que encantava os torcedores, com craques como Didi, Jairzinho, Gerson, Garrincha, Paulo Cesar Caju, Amarildo e Zagallo. Nos áureos tempos, o Botafogo era o time que tinha mais jogadores convocados para a seleção brasileira.

Amigo de fé, mais idoso do que eu, general Agenor Homem de Carvalho, lembra de Heleno de Freitas. Craque. Brilhou também no futebol de praia, pelo famoso “Lá vai bola”. Adorado pelas mulheres. Morreu trapo de gente. Demente e internado, com frequência, por alcoolismo, em sanatórios. Aposto que outro bom amigo, Nélio Jacob, concorda com o general Agenor.

HEXA NA AREIA – Com muita emoção, os jogadores da seleção brasileira de futebol de areia se apresentaram neste domingo, com transmissão ao vivo pela televisão.

É uma equipe maravilhosa, que impressiona pelo belo futebol,a simplicidade e patriotismo. Sem medo, dão exemplo aos famosos e milionários jogadores da seleção de futebol.

Abraçados e unidos, cantaram o Hino Nacional com prazer. Alto e forte, como todo atleta deve fazer. Depois, derrotaram a Itália por 6 a 4.

“Se não é genocídio, não sei o que é”, repete Lula sobre ação de Israel

Lula da Silva voltou a condenar o ataque de Israel à Faixa de Gaza

Pedro do Coutto

Nesta sexta-feira o presidente Lula da Silva voltou a condenar o ataque de Israel à Faixa de Gaza. Setores do governo afirmam que Lula foi mal interpretado em sua primeira declaração. A fala, desta vez, aconteceu no Rio de Janeiro, durante o lançamento da Seleção Petrobras Cultural.

“O que está acontecendo em Israel é um genocídio. São milhares de crianças mortas, milhares desaparecidas. E não estão morrendo soldados, estão morrendo mulheres e crianças dentro do hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio”, afirmou.

INTERPRETAÇÃO – Lula ainda disse para ninguém tentar interpretar a entrevista que ele deu no último domingo, dia 18, e pediu para que todos a leiam, “ao invés de ficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministro de Israel”.

As primeiras afirmações do presidente da República, porém, foram bastante claras e infelizes na comparação a uma tragédia universal que não encontra paralelo em nenhum outro acontecimento ocorrido através dos séculos. Foi uma forma, na minha opinião, de deslocar o primeiro pronunciamento do plano político mais intenso e a sua repercussão internacional.

SALÁRIO – Enquanto isso, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, suspendeu o contrato de trabalho entre o partido e o general Braga Neto, anunciando publicamente que determinou o cancelamento do pagamento de salários estabelecidos. Braga Netto ganhava cerca de R$ 30 mil pagos pelo partido.

Valdemar suspendeu os pagamentos desde que foi proibido de se comunicar com Braga Neto, uma vez que estão sendo investigados pela Polícia Federal no inquérito do roteiro do golpe.

Em nota, o PL afirmou que o corte no salário ocorreu por “impedimento temporário na prestação de serviços em decorrência de prisão preventiva ou cautelar diversa” que gerou “impedimento na execução das atividades laborais”. Sendo assim, “o respectivo contrato deve ser suspenso enquanto perdurar tal situação”

“Pede a banda pra tocar um dobrado, olha nós outra vez no picadeiro…”

Parceria entre Ivan Lins e Vítor Martins rendeu mais de 100 músicas – Jornal da USP

Ivan e Martins, parceiros magistrais

Paulo Peres
Poemas & Canções

Na letra de “Somos todos iguais nesta noite”, em parceria com Ivan Lins, o compositor (letrista) paulista Vitor Martins compara o mundo a um circo, onde seguimos o ritmo da banda de fanfarra, em alusão à ditadura militar vigente no país de 1964 a 1985. A música intitula o LP Somos todos iguais nesta noite, lançado por Ivan Lins, em 1977, pela EMI-Odeon.

SOMOS TODOS IGUAIS NESTA NOITE
Ivan Lins e Vitor Martins

Somos todos iguais nesta noite
Na frieza de um riso pintado
Na certeza de um sonho acabado
É o circo de novo

Nós vivemos debaixo do pano
Entre espadas e rodas de fogo
Entre luzes e a dança das cores
Onde estão os atores

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Vamos dançar mais uma vez

Somos todos iguais nesta noite
Pelo ensaio diário de um drama
Pelo medo da chuva e da lama
É o circo de novo

Nós vivemos debaixo do pano
Pelo truque malfeito dos magos
Pelo chicote dos domadores
E o rufar dos tambores

Bolsonaristas precisam entender que a recusa em depor é altamente negativa

Charge do Gilmar Fraga (gauchazh.clicrbs.com.br)

Pedro do Coutto

Hilda Hilst usa linhos e unguentos para o coração machucado pelo tempo

As mulheres em geral são chatíssimas;... Hilda Hilst - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A ficcionista, dramaturga, cronista e poeta paulista Hilda Hilst (1930-2004) usa o poema “Penso Linhos e Unguentos”, para os ferimentos que o tempo produziu no coração.

PENSO LINHOS E UNGUENTOS
Hilda Hilst

Penso linhos e unguentos
para o coração machucado de tempo.
Penso bilhas e pátios
Pela comoção de contemplá-los.
(E de te ver ali à luz da geometria de teus atos)
Penso-te
Pensando-me em agonia. E não estou.
Estou apenas densa
Recolhendo aroma, passo
O refulgente de ti que me restou.

Uma extraordinária canção, que virou peça de teatro, filme e novela de televisão

O Ébrio | Só Spaghetti Western

Propaganda do filme “O Ébrio”

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor (tenor), ator e compositor carioca Antônio Vicente Felipe Celestino (1894-1968) lançou um estilo caracterizado pelo romantismo exacerbado, comovendo e arrebatando um grande público durante a primeira metade do século XX, através do teatro, do rádio, de discos e do cinema nacional.

A letra dramática da música “O Ébrio”, repleta de desventuras e imagens beirando a pieguice, era uma perfeita sinopse para o enredo de um filme, desde o prólogo falado à parte musical propriamente dita. Nesta, o contraste da primeira parte, no modo menor, com a segunda, no modo maior, contribui para ressaltar a tragédia do protagonista. “O Ébrio”, lançado em 1946, com Vicente Celestino no papel principal, obteve recordes de bilheteria.

A canção “O Ébrio” gravada por Vicente Celestino, em 1936, pela RCA Victor, também inspirou naquele ano uma peça de teatro e, em 1965, uma novela na TV Paulista.

O ébrio', filme inspirado na famosa música de Vicente Celestino, será  exibido nos EUA | Ancelmo - O Globo

Celestino, no filme “O Ébrio”

O ÉBRIO
Vicente Celestino

Nasci artista. Fui cantor. Ainda pequeno levaram-me para uma escola de canto. O meu nome, pouco a pouco, foi crescendo, crescendo, até chegar aos píncaros da glória. Durante a minha trajetória artística tive vários amores. Todas elas juravam-me amor eterno, mas acabavam fugindo com outros, deixando-me a saudade e a dor. Uma noite, quando eu cantava a Tosca, uma jovem da primeira fila atirou-me uma flor. Essa jovem veio a ser mais tarde a minha legítima esposa. Um dia, quando eu cantava A Força do Destino, ela fugiu com outro, deixando-me uma carta, e na carta um adeus. Não pude mais cantar. Mais tarde, lembrei-me que ela, contudo, me havia deixado um pedacinho de seu eu: a minha filha. Uma pequenina boneca de carne que eu tinha o dever de educar. Voltei novamente a cantar mas só por amor à minha filha. Eduquei-a, fez-se moça, bonita… E uma noite, quando eu cantava ainda mais uma vez A Força do Destino, Deus levou a minha filha para nunca mais voltar. Daí pra cá eu fui caindo, caindo, passando dos teatros de alta categoria para os de mais baixa. Até que acabei por levar uma vaia cantando em pleno picadeiro de um circo. Nunca mais fui nada. Nada, não! Hoje, porque bebo a fim de esquecer a minha desventura, chamam-me ébrio. Ébrio…

Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer
Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou
Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer
Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou
Só nas tabernas é que encontro meu abrigo
Cada colega de infortúnio é um grande amigo
Que embora tenham como eu seus sofrimentos
Me aconselham e aliviam os meus tormentos
Já fui feliz e recebido com nobreza até
Nadava em ouro e tinha alcova de cetim
E a cada passo um grande amigo que depunha fé
E nos parentes… confiava, sim!
E hoje ao ver-me na miséria tudo vejo então
O falso lar que amava e que a chorar deixei
Cada parente, cada amigo, era um ladrão
Me abandonaram e roubaram o que amei
Falsos amigos, eu vos peço, imploro a chorar
Quando eu morrer, à minha campa nenhuma inscrição
Deixai que os vermes pouco a pouco venham terminar
Este ébrio triste e este triste coração
Quero somente que na campa em que eu repousar
Os ébrios loucos como eu venham depositar
Os seus segredos ao meu derradeiro abrigo
E suas lágrimas de dor ao peito amigo

Crise diplomática entre Brasil e Israel se estende e exige a mediação

Crise entre Brasil e Israel escalou nos noticiários nos últimos dias

Pedro do Coutto

A relação entre o Brasil e Israel chegou a um ponto de agravamento tal, que aponta para a perspectiva de que qualquer novo passo entre as duas chancelarias e os dois governos em relação à crise somente poderá ser, se não resolvida, pelo menos amenizada, com a ação de um mediador, já que as duas partes não podem, tão pouco se dispõem, a retroceder do ponto em que se encontram no momento.

Esse mediador poderia ser os Estados Unidos, mas Anthony Blinken evitou tocar no tema pelo menos por enquanto. Se alguns governos se interessarem, medindo as consequências para a política internacional da crise, poderão desempenhar esse papel, mas para isso vão necessitar de manifestações de vontade das chancelarias, pois há cada vez maior radicalização do conflito.

NOVO ATAQUE – O governo Lula decidiu não responder ao novo ataque feito pelo chanceler israelense, Israel Katz, ao presidente brasileiro. Katz postou um vídeo ao lado de uma brasileira de 20 anos identificada como Rafaela Treistman.

No texto, o chanceler afirma ela estava na rave que foi alvo do ataque terrorista do Hamas, no dia 7 de outubro, e voltou a criticar Lula pela comparação que fez do massacre de palestinos em Gaza com a atuação nazista.

A avaliação de ministros palacianos e de membros do Itamaraty é que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem escalado a crise com o Brasil para alimentar a política interna de seu país

RUPTURA – A saída está difícil, mas como toda matéria política, os posicionamentos necessitam ser revistos já que a ruptura entre Brasil e Israel praticamente não interessa a nenhum dos dois governos e também aos demais países, uma vez que os reflexos econômicos, embora não afetem diretamente o mercado de exportações e importações, ainda não sinalizaram um alarme.

Mas como toda a ação gera uma consequência, será possível uma reação que talvez conduza a uma possível solução que dependa de mais tempo. A cada 24 horas pode-se dar um passo para diminuir a atmosfera ainda nebulosa. De qualquer forma, terá que ser encontrado um caminho.

Um triste olhar, que enleva e que assombra, na poesia de Henriqueta Lisboa

Henriqueta Lisboa

Henriqueta Lisboa, poeta mineira

Paulo Peres
Poemas & Canções

A poeta mineira Henriqueta Lisboa (1901-1985), no soneto “Olhos Tristes”, tem a sensação de uma despedida através de renúncias repetidas.

OLHOS TRISTES
Henriqueta Lisboa

Olhos mais tristes ainda do que os meus
são esses olhos com que o olhar me fitas.
Tenho a impressão que vais dizer adeus
este olhar de renúncias infinitas.

Todos os sonhos, que se fazem seus,
tomam logo a expressão de almas aflitas.
E até que, um dia, cegue à mão de Deus,
será o olhar de todas as desditas.

Assim parado a olhar-me, quase extinto,
esse olhar que, de noite, é como o luar,
vem da distância, bêbedo de absinto…

Este olhar, que me enleva e que me assombra,
vive curvado sob o meu olhar
como um cipreste sobre a própria sombra.

Lula errou ao comparar o nazismo com a atuação de Israel contra o Hamas

Declarações abriram uma nova crise diplomática com Israel

Pedro do Coutto

É evidente que o presidente da República, Lula da Silva, errou ao comparar o nazismo de Hitler com a atuação do governo de Israel no caso da luta contra o Hamas. Ele equivocou-se, conforme comentou Gerson Camarotti na GloboNews, sobre os dois fatos, sendo que um deles, o nazismo, não tem paralelo na história da humanidade em matéria de violação absoluta dos direitos humanos, dos saques praticados, das prisões e mortes, além das expropriações cometidas em série.

Dessa forma, o choque causado por Lula refletiu-se certamente na opinião pública brasileira. Ao verbalizar a questão, o presidente da República deixou a marca de seu pensamento equivocado, ficando exposto a um grande volume de ataques que não teriam ocorrido caso ele não tivesse se pronunciado sobre esse passado abominável. Forneceu assim argumentos aos seus opositores.

DIPLOMACIA – Ele poderia, como vinha fazendo, ter feito críticas à invasão de Gaza. Mas essa foi uma consequência dos ataques ao Hamas contra Israel. A diplomacia brasileira está sofrendo uma torrente de questionamentos que deixam mal o próprio governo. Uma saída para a crise desencadeada não será nada fácil. Pelo contrário, é consequência de uma opinião que poderia ter sido evitada apenas na base da sensibilidade que é indispensável para pensar os limites da política.

A situação do problema agora tornou-se agora muito difícil. Os ataques do governo israelense revelam a dificuldade crescente e indicam que as ações do governo Netanyahu demonstram a sua intenção de liderança interna. Quanto ao cenário internacional, o nazismo incomoda não apenas os judeus, mas a milhões de vítimas do Holocausto. Lula reviveu um panorama absolutamente desnecessário e que terminou atingindo a si mesmo e ao governo pela verbalização sobre uma comparação incomparável.

Gil e Torquato envolvidos na geleia geral, cujo nome passaria a ser Tropicália…

Caetano celebra Torquato Neto: era um amigo inspiradíssimo e inspirador - Cidadeverde.com

Torquato e Gil, sempre inspirados

Paulo Peres
Poemas & Canções

O artista plástico, cineasta, ator, jornalista, poeta e letrista piauiense Torquato Pereira de Araújo Neto (1944-1972) é considerado um dos principais letristas do movimento Tropicalista, conforme mostra a letra de “Geléia Geral” que, “representa uma síntese dos cânones do próprio movimento tropicalista, além de ser modelo de seu contorno poético”, segundo o historiador Jairo Severiano.

Torquato Neto também é o autor da ideia de um “disco movimento”, e a música “Geléia Geral” foi gravada no LP “Tropicália ou panis et circensis”, em 1968, pela Philips, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Nara Leão, Capinan, os Mutantes e Rogério Duprat.

GELÉIA GERAL
Gilberto Gil e Torquato Neto

Um poeta desfolha a bandeira e a manhã tropical se inicia
Resplandente, cadente, fagueira num calor girassol com alegria
Na geléia geral brasileira que o Jornal do Brasil anuncia
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi

A alegria é a prova dos nove e a tristeza é teu porto seguro
Minha terra é onde o sol é mais limpo e Mangueira é onde o samba é mais puro
Tumbadora na selva-selvagem, Pindorama, país do futuro
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi

É a mesma dança na sala, no Canecão, na TV
E quem não dança não fala, assiste a tudo e se cala
Não vê no meio da sala as relíquias do Brasil:
Doce mulata malvada, um LP de Sinatra, maracujá, mês de abril
Santo barroco baiano, superpoder de paisano, formiplac e céu de anil
Três destaques da Portela, carne-seca na janela, alguém que chora por mim
Um carnaval de verdade, hospitaleira amizade, brutalidade jardim
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi

Plurialva, contente e brejeira miss linda Brasil diz “bom dia”
E outra moça também, Carolina, da janela examina a folia
Salve o lindo pendão dos seus olhos e a saúde que o olhar irradia
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi

Um poeta desfolha a bandeira e eu me sinto melhor colorido
Pego um jato, viajo, arrebento com o roteiro do sexto sentido
Voz do morro, pilão de concreto tropicália, bananas ao vento
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi

É claro que Israel ainda não age como Hitler, porém está quase chegando lá

O Cristianismo de Adolf Hitler | Estratégias Em Um Novo Paradigma  GlobalizadoCarlos Newton

Dorrit Harazim é a maior jornalista brasileira, sem a menor dúvida. É uma espécie de Otto Maria Carpeaux em versão feminina. Nascida na Croácia, tornou-se jornalista na França e depois veio para o Brasil, convidada para trabalhar na criação da Veja. Logo dominou o idioma e há décadas faz sucesso e foi a única mulher a se tornar redatora-chefe da revista. Já deveria estar na Academia Brasileira de Letras há tempos, e acredito que em breve o presidente Merval Pereira vá preencher essa lacuna.

Na semana passada, o artigo de Dorrit Harazim relatava o testemunho de uma médica americana, a pediatra Seema Jilani, assessora sênior do Comitê Internacional de Resgate, que passou duas semanas no Hospital Al-Aqsa, na Faixa de Gaza. Em longa entrevista a Isaac Chotiner, da New Yorker, ela relatou como foram suas primeiras horas de plantão ali.

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RELATO DA MÉDICA AMERICANA
– “Ela chegara acompanhada de alguns cirurgiões, um obstetra, um anestesista e um intensivista vindos do Cairo. Já trabalhara em emergências no Afeganistão, no Iraque, no Líbano, no Egito, na Turquia, na Líbia, no Paquistão e há 19 anos fazia pit stops na Cisjordânia e em Gaza. Ainda assim, nada a preparara para o horror que viu no enclave desta vez. A ausência de dignidade ali possível lhe pareceu abissal.

A primeira criança a cair sob seus cuidados foi um menino de 12 meses:

— Ele tinha o braço e a perna direita arrancados por uma bomba. A fralda estava ensanguentada e se mantinha no lugar, apesar de não haver mais perna. Eu o tratei primeiro no chão, pois não havia macas disponíveis (…). A seu lado havia um homem emitindo os últimos respiros. Estava ativamente morrendo havia 24 horas, com moscas por cima (…) O bebê de 1 ano sangrava profusamente no tórax… Não havia nem respirador, nem morfina, nem medidor de pressão em meio ao caos. (…) Um cirurgião ortopédico envolveu com gaze os tocos da criança e comunicou que não a levaria de imediato para o centro cirúrgico porque havia casos mais urgentes — contou com crueza a dra. Jilani.

E concluiu, com empatia, que não conseguia imaginar o que poderia haver de mais emergencial que um bebê de 1 ano sem mão nem perna, sufocando no próprio sangue. A resposta, é claro, todos sabemos, a pediatra também: algum outro estropiado da guerra, com pelo menos uma ínfima chance de ser salvo.

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ERRO DE LULA –
Ao ler o relato da médica, percebe-se que Lula atirou no que viu e acertou no que não viu. Como presidente de uma nação amiga, jamais poderia acusar Israel de estar agindo como Hitler. Já explicamos na Tribuna que o grande erro é não saber se comunicar.

Se tivesse afirmado que Israel, se continuar agindo assim, acabará sendo comparado a Hitler, seria uma declaração dura, porém verdadeira, que consagraria a liderança mundial de Lula.

Outra coisa, muito diferente, foi dizer que Israel atua igual a Hitler, por manter os ataques. Para Israel, essa acusação requer um rompimento de relações, por se tratar da maior ofensa, possível e imaginável, que possa ser feita ao povo judeu.

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P.S
. – Com sua mal dosada declaração, Lula deu força para que o Hamás continue mantendo os reféns, circunstância que obrigará Israel a seguir os ataques, numa guerra sem fim, que está destruindo a economia israelense. Nem mesmo Hitler poderia imaginar uma forma tão ardilosa de destruir os judeus, pois os países ocidentais não pretendem bancar essa briga, que Israel não tem condições de sustentar sozinho.  (C.N.)

Com as desonerações, gastos com Previdência já vão a quase R$ 1 trilhão

A despesa já consome cerca de 40% do Orçamento público

Pedro do Coutto

Setores do governo, reportagem de Renan Monteiro, O Globo de ontem, manifestaram preocupação com o crescimento das despesas com pagamento de aposentados e pensionistas, que dentro de pouco tempo pode atingir R$ 1 trilhão a cada 12 meses. É o tema de sempre.

A Previdência Social se preocupa com as despesas, mas não com as receitas. Agora, inclusive, se a retomada do emprego está ocorrendo com carteira assinada, evidentemente, terá que haver reflexo na arrecadação. A aposentadoria e a pensão representam, na realidade, seguros sociais que vencem com a média de 30 anos de trabalho, 35 anos para homens e 32 anos para as mulheres.

RECEITA – Eles descontam sobre os seus salários e os empregadores com 20% sobre as folhas, com exceção de dezessete categorias de empresas que podem optar pelo desconto sobre a receita bruta. Seja como for, incidem as contribuições empresariais sobre compromissos legais. Assim, quanto maior for o número de empregados, maior será a receita previdenciária.

É necessário, como digo sempre, uma preocupação maior sobre as contribuições patronais, pois descontadas na fonte, pelas próprias empresas que marcam o volume de recursos a recolher dos empregados, uma visão mais ampla da questão. Falar em R$ 1 trilhão, assusta. Mas é preciso paralelamente falar-se na receita.

O problema da seguridade social é marcado por uma média de vida cada vez maior dos empregados. Mas, em contrapartida, também sobe o número dos que recolhem na fonte para o INSS através das próprias empresas nas quais trabalham.

LEGISLAÇÕES – O ritmo das aposentadorias permanecerá alto, pois será resultado, ao meu ver, em função do número dos que se aposentam, inclusive para escapar das legislações que se sucedem restritivas à força do trabalho.

A Previdência Social, antes de mais nada, precisa fazer um levantamento completo e torná-lo público, apontando inclusive tanto os eternos, quanto os novos devedores que praticam a sonegação. Essa conta não é difícil de ser feita, mas a cobrança de valores devidos é um desafio.

Os empregados não podem sonegar, pois são descontados na fonte. Portanto, a ocorrência dos débitos que se acumulam somente pode partir das empresas e dos empresários, que ainda ganham desonerações.