Uma declaração de amor profunda, sincera e absoluta, no poema de Adalgisa Nery

Há 41 anos morria a escritora e poetisa carioca Adalgisa Nery | eliomar-de-lima | OPOVO+Paulo Peres
Poemas & Canções

A jornalista, política e poeta carioca Adalgisa Maria Feliciana Noel Cancela Ferreira (1905-1980), mais conhecida como Adalgisa Nery, no “Poema da Amante”, faz ardentes confissões amorosas.

POEMA DA AMANTE
Adalgisa Nery

Eu te amo
Antes e depois de todos os acontecimentos,
Na profunda imensidade do vazio
E a cada lágrima dos meus pensamentos.

Eu te amo
Em todos os ventos que cantam,
Em todas as sombras que choram,
Na extensão infinita dos tempos
Até a região onde os silêncios moram.

Eu te amo
Em todas as transformações da vida,
Em todos os caminhos do medo,
Na angústia da vontade perdida
E na dor que se veste em segredo.

Eu te amo
Em tudo que estás presente,
No olhar dos astros que te alcançam
E em tudo que ainda estás ausente.

Eu te amo
Desde a criação das águas,
desde a ideia do fogo
E antes do primeiro riso e da primeira mágoa.

Eu te amo perdidamente
Desde a grande nebulosa
Até depois que o universo cair sobre mim
Suavemente.

Bolsonaro será preso? Por enquanto, nem pensar! Moraes não tem como prendê-lo

Bolsonaro provoca mais para posar de vítima. Por Fernando Brito

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

O papel do jornalista político não é seguir narrativas nem bater palmas para maluco dançar. No caso do golpe de estado tramado em 2022, trata-se de uma conspiração mais do que comprovada. Qualquer pessoa com dois neurônios está consciente dessa realidade. O ex-presidente Jair Bolsonaro fatalmente será processado. O que todo mundo quer saber, porém, é se ele será preso.

E a resposta é clara: “Nem pensar!”. Ele não escapará do processo. No entanto, em condições normais de temperatura e pressão, pode até ser absolvido, devido às brechas da lei que o beneficiam.

COMPLETO IDIOTA – Como cidadão e jornalista, não tenho de dar satisfação a ninguém, mas me vejo obrigado a esclarecer, de início, que não tenho a menor simpatia por Jair Bolsonaro.

Já contei várias vezes, aqui na Tribuna da Internet, a reunião que tive com ele na Câmara, em 2007, quando fiz um tour pelos gabinetes de deputados e senadores, para pedir aos parlamentares que reagissem contra a decisão do governo Lula I, que apoiou um importantíssimo acordo da ONU que reconhecia a independências da nações indígenas e faria o Brasil perder 20% de seu território.

Expliquei a situação duas vezes a Bolsonaro, mas ele visivelmente não entendeu. Percebi que o capitão-deputado era um completo idiota, e foi assim que sempre o classifiquei aqui na TI. Da mesma forma, acho Lula da Silva um político despreparado e patético, ex-agente do regime militar, altamente oportunista.

LÍDER DA DIREITA – Mesmo com as limitações intelectuais, as ironias do destino fizeram com que Bolsonaro se tornasse líder da direita brasileira, e isso é um fato mais do que comprovado. Desde Plínio Salgado, Carlos Lacerda e Collor de Mello, a direita não tem uma liderança tão destacada.

Mas a Covid e os militares atrapalharam seu desgoverno. Nos quatro anos, Bolsonaro só conseguiu privatizar a Eletrobrás, não se sabe como os generais permitiram essa burrada.

Agora, está diante de mais um processo, por sua atuação no planejamento do golpe. A meu ver, o presidente foi iludido pelo general Braga Netto, verdadeiro líder da conspiração, mas Bolsonaro é muito idiota para perceber esse tipo de manobra.

SERÁ PRESO – Agora, o que se pergunta é se ele será preso. A maioria dos jornalistas vibra e divulga diariamente essa possibilidade, mas Padre Quevedo diria que isso non ecziste. Não há a menor possibilidade de Bolsonaro sofrer prisão preventiva. Seus admiradores podem dormir tranquilos.

Quanto ao processo, muita espuma e pouco chope. As provas de planejamento do golpe são abundantes, mas juridicamente não podem ser usadas. É claro que o Supremo não liga para as leis, já mostrou que as despreza, mas na vida tudo tem limites.

Se a lei, a doutrina e a jurisprudência forem obedecidas, o processo contra Bolsonaro será arquivado, pois no Brasil e no mundo não existe crime de planejar ato ilegal, seja homicídio doloso, estelionato, estupro de vulnerável ou golpe de estado.

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P.S. 1
Existem crimes puníveis por tentativa – o mais conhecido deles é a tentativa de homicídio. Mas é preciso que o ato não seja apenas planejado, e que a execução tenha ocorrido, mas falhado por um motivo ou outro. Exemplo: você tenta matar uma pessoa, mas erra o tiro, a vítima sobrevive. Ou seja, quando matou, é homicídio; se a vítima não morreu, é tentativa, com punição mais branda. Mas, no caso de Bolsonaro, não existe tentativa de golpe de estado.

P.S. 2 – Amanhã, vamos esmiuçar esse assunto, para mostrar que, sob o ponto de vista meramente jurídico, o Supremo terá de “reinterpretar” diversas leis, doutrinas e jurisprudências, para arranjar uma maneira de condenar e prender Bolsonaro e outros envolvidos no golpe. (C.N.)

Bolsonaro envergonhou a pátria e a democracia, por isso merece ser preso

Humor Político on X: "#ampulheta #bolsonaro #bolsonaropresoamanha #Brasil # Charge #eleições2022 #JairBolsonaro #nacadeiaem2023 #Tempo https://t.co/NC6W4w48PH https://t.co/3FBN9lDJ5A" / X

Charge do Latuff (Brasil de Fato)

Vicente Limongi Netto

Bolsonaro deslustrou a chefia da nação. Envergonhou a pátria e a democracia. Não engana mais ninguém. Caiu a máscara. Oficiais graduados das Forças Armadas repeliram e denunciaram, com fatos, à Polícia Federal, insistentes propostas golpistas do medonho e destrambelhado ex-presidente da República.

Um dos bravos militares chegou a ameaçar prender Bolsonaro, caso insistisse com a indecorosa e ultrajante postura golpista.  O próprio presidente do PL, partido de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, endossou as denúncias e as atitudes firmes e patrióticas dos comandantes militares.

As investigações prosseguem. Isentas e transparentes.  Tudo leva a crer que o Messias de barro, Bolsonaro, possa ser preso. Merecidamente.

ADEUS, PESTANA – Ana Dubeux recorda, com carinho, emoção e saudade, os traços marcantes do cativante Paulo Pestana, “Você não faz ideia, Paulinho.”(Correio-Braziliense- 17/03).

Rubens Braga, Raquel de Queirós, Helio Fernandes, Carlos Chagas, Millor Fernandes, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Joel Silveira, Ronaldo Junqueira, Dad  Squarisi, Ari Cunha, Wilson Ibiapina,  Cassiano Nunes, Ana Ramalho, Lêdo Ivo, Ricardo Boechat Oliveira Bastos, Clarice Lispector, craques da literatura e do jornalismo, abriram as portas celestiais da confraria do afago e do amor para o magistral Pestana.

Dubeux destaca o prazer de conviver com Paulinho, de editar seus textos saborosos, mordazes, lúcidos e iluminados de ternura, cultura e amor à vida. Pestana permanece “cheio de eternidade”, parodiando o admirável acadêmico, Marcos Vilaça, recordando a partida do filho, Marcantônio.

Leiam, agora, a última crônica publicada por Paulo Pestana no Correio Braziliense.

Ilustração de Caio Gomez (Correio Braziliense)

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A PRESSA E O TEMPO
Paulo Pestana

Há poucos lugares mais opressivos que sala de espera de médico. Com essas clínicas coletivas, em que pacientes de vários doutores esperam o chamado num cômodo único, a coisa piorou muito; é um jugo coletivo e nada solidário. Ninguém ali quer saber da angústia do vizinho de cadeira, talvez como fuga para suportar melhor a própria agonia.

Como não sou habitué e não gosto desses programas matinais – embora estivesse sendo exibido sem som, o que melhora muito – tentei entabular uma conversinha com a mocinha ao lado, mais na base do desabafo pela demora do atendimento do que de outra coisa. Não deu muito certo, porque ela estava acompanhada. De um telefone.

A mocinha até respondia, mas não tirava os olhos e os polegares do telefone, digitando sem parar, alternando entre o whatsapp, X e Facebook com destreza de malabarista do Cirque du Soleil. Em certo momento, como se estivesse mesmo no picadeiro, ela tirou outro telefone da bolsa e atendeu a uma chamada sem parar de digitar.

Não prestei atenção na conversa porque não sou (muito) enxerido, mas é impossível não lembrar de um tempo em que não havia nada disso e a sala de espera era menor e recheada de revistas velhas. Eu mesmo estava ali com uma geringonça, com os jornais do dia à minha disposição, tentando me distrair antes de ouvir o vaticínio do doutor, mas desconcentrado como um bode solto, por causa de uma repentina anosmia, embora o lugar estivesse cheio de gente com seus odores.

O passado me salvou: lembrei de um tempo em que era possível se esconder do mundo nem que fosse por alguns minutos para recarregar as baterias, de quando era possível ter longas férias, de quando se preenchia uma folha de cheque sem levar susto porque já estamos nas vésperas mais um ano. Olhei de novo para a mocinha e não gostei da cara do mundo novo que fizemos.

A mocinha continuava a teclar seus diálogos, provavelmente com mais de uma pessoa, tal a velocidade das frases. Não interessa o assunto, para ela era a coisa mais importante do mundo porque ninguém hoje sabe parar um minuto. E me lembrei de uma amiga muito querida que em alguns finais de tarde largava tudo para ir à Nicolândia e subir na roda gigante, só para apreciar o espetáculo que o pôr do sol oferece.

E recorri a minha tabuleta eletrônica para buscar por uma velha poesia do Drummond. Estava lá, como tudo, ao alcance de um dedo: “Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,/ a que se deu o nome de ano,/ foi um indivíduo genial. / Industrializou a esperança/ fazendo-a funcionar no limite da exaustão. / Doze meses dão para qualquer ser humano/ se cansar e entregar os pontos./ Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez/ com outro número e outra vontade de acreditar/ que daqui pra adiante vai ser diferente…”

A leitura ficou por aí. O número da senha apareceu no visor. Era minha vez.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –  O texto “(Cortar) O Tempo”, não é de Drummond, e sim de Roberto Pompeu de Toledo. A internet tem dessas coisas… (Baptista Filho)

 

Se tivesse havido golpe, a liberdade da imprensa seria a primeira vitima

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | Veja

Roberto Nascimento

Assim que foi encontrada a minuta do golpe, na casa do delegado federal Anderson Torres, o ex-ministro da Justiça declarou que era um documento apócrifo, que não sabia como tinha ido parado na sua casa, possivelmente ele próprio teria levado para depois se desfazer dele. Também não lembrava quem lhe entregara o documento. Na verdade, Torres parece ter a memória afetada, deveria ser submetido a uma junta médica, é impressionante que até agora ninguém tenha percebido isso.

Ironias à parte, hoje se sabe que Anderson Torres estava metido até o pescoço na trama macabra do golpe de estado, e assim jogou fora sua carreira de delegado federal.

MENTIRAS MIL – Bolsonaro também mentiu, ao afirmar que nunca tivera acesso à minuta golpista. Além do documento na casa de Torres, a Polícia Federal encontrou em 8 de fevereiro outra minuta que anunciava a decretação de um Estado de Defesa no país. Apócrifo e sem assinatura, o papel estava na sede do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília.

Com os depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, do general Freire Gomes e do brigadeiro Baptista Junior, agora se sabe que Bolsonaro mentiu ao dizer que desconhecia a minuta do golpe, cuja preparação ficara a cargo do então ministro Anderson Torres e ao assessor Filipe Martins.

Agora sabe-se que o próprio presidente fez (ou mandou fazer) correções no texto, reduzindo os “considerandos” (justificativas) e tirando o ministro Gilmar Mendes e o senador Rodrigo Pacheco da lista das autoridades a serem presas, encabeçada por Alexandre de Moraes.

PRINCIPAIS ENTRAVES – Dois fatores foram preponderantes para que o golpe não se consumasse: 1) Não houve falhas no processamento das urnas eletrônicas, portanto, deixou de existir o motivo que justificaria a intervenção militar; 2) A falta de apoio do presidente americano Joe Biden, que se declarou contra o golpe e reconheceu a vitória de Lula, ainda no domingo.

Lula deve muito ao presidente Biden, que durante todo o ano de 2022 enviou representantes para informar à alta cúpula militar seu compromisso com a democracia no Brasil, algo muito diferente do papel desempenhado pelo presidente John Kennedy, que apoiou o golpe de 1964.

Os tempos mudaram e muito. Se Trump estivesse no poder, estaríamos sendo governados pelo Comando Revolucionário. Nem poderíamos estar escrevendo aqui, sob o risco de prisão sem direito a advogado e habeas corpus, e a Tribuna da Internet nem mais existiria.

NOVA DITADURA – Estaríamos de volta a 1964. O Supremo e o Congresso teriam suas atividades suspensas pelo general Braga Netto (verdadeiro arquiteto do golpe). A lista dos presos seria longa – Alexandre de Morais, esquerdistas, legalistas e adversários de Bolsonaro seriam encarcerados no Batalhão de Forças Especiais sediado em Goiânia.

Sobre esse general golpista Braga Netto, os colegas estão fugindo dele como o diabo foge da cruz. Está sem clima no Exército e por isso, tem chorado pelos cantos, se fazendo de vítima.

Tem dito que cumpria ordens de Bolsonaro, mas dificilmente os generais de quatro estrelas obedeceriam a ordens de um despreparado capitão, que deveria ter sido expulso do Exército lá atrás. Como disse o general Freire Gomes ao depor, se tivesse ocorrido o golpe, seriam 20 dias de euforia e 20 anos de tragédia.

Confirmação de trama golpista por Bolsonaro aumenta temperatura política no país

Charge do Nando Motta (brasil247.com)

Pedro do Coutto

A divulgação do processo sobre a tentativa de golpe do ex-presidente Bolsonaro contra o resultado das urnas de 2022 e, portanto, contra a posse do presidente Lula, ganhou uma dimensão muito grande, sobretudo quando o general Freire Gomes confirmou o encontro em que admitiu até a hipótese de prender o ex-presidente da República pela elaboração de um plano envolvendo comandos militares num desfecho contra a democracia.

Com isso, o panorama ganha uma nova dimensão e torna possível o julgamento e a condenação dos envolvidos, o que causará um reflexo e um impacto muito forte na opinião pública. A polarização ganhará mais intensidade e o quadro político terá a sua temperatura elevada.  Afinal de contas, ficou nítido o impulso golpista e a sua inevitável vinculação com o 8 de janeiro e com as consequências lógicas de uma situação que expõe Jair Bolsonaro e sua equipe próxima.

INVESTIDA – O problema é grave na medida em que vai avançando a possibilidade de prisão. Claro que as sentenças terão que ter foco nos principais articuladores da investida antidemocrática. A cada etapa, evidencia-se uma perspectiva de agravamento do cenário nacional. As consequências refletem a rota de colisão cada vez mais clara em virtude dos depoimentos e de sua divulgação.

As eleições de 2024 vão incluir as duas correntes e será um balanço de forças com a ideia de uma tentativa de golpe que fracassou. A opinião pública tem a possibilidade de incluir o debate institucional com questões municipais. É esse panorama para as urnas que se aproximam. A democracia venceu nas eleições de 2022 e precisa vencer novamente em 2024. Portanto, o desafio está posto no tabuleiro político, envolvendo a integração dos problemas comunitários com o quadro nacional.

Casimiro de Abreu, o grande poeta romântico, descobriu que simpatia é quase amor…

Paulo Peres
Poemas & Canções

O poeta Casimiro José Marques de Abreu (1839-1860) nasceu em Barra de São João (RJ) e foi um intelectual brasileiro da segunda geração romântica. Sua poesia tornou-se muito popular durante décadas, devido à linguagem simples, delicada e cativante, conforme sua definição poética do “Que É – Simpatia”. Este poema inspirou um dos blocos carnavalescos mais famosos do Rio de Janeiro, “Simpatia é quase amor”.

QUE É – SIMPATIA
Casimiro de Abreu

Simpatia – é o sentimento
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.

Simpatia – são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.

São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.

Simpatia – meu anjinho,
É o canto de passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d’agosto
É o que m’inspira teu rosto…
– Simpatia – é quase amor!

Bolsonaro foi traído e o golpe falhou por culpa de Braga Netto e Paulo Sérgio

Bolsonaro sanciona Previdência de militares sem idade mínima e com privilégios à cúpula das FFAA | ADUSB

Jair Bolsonaro pensava (?) que era comandante-em-chefe

Carlos Newton

Já explicamos aqui na Tribuna da Internet que o então presidente Jair Bolsonaro foi traído pelas costas e também pela frente e pelos sete lados, como se diz no jogo-do-bicho; De início, Bolsonaro até tinha a ilusão de que era o comandante-em-chefe das Forças Armadas, achava que os militares o seguiriam em qualquer situação, sua liderança não sofria nem sofreria a menor contestação.

Caso perdesse a eleição para Lula, o então presidente sabia que a decisão fundamental seria do Alto Comando do Exército. Com o apoio dos 16 oficiais-gerais da cúpula do Forte Apache, o céu não teria limites, 

ENGANOS FATAIS – Bolsonaro achava que seria cegamente obedecido pelo general Braga Netto, que, por sua vez, confiava no ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira. Juntos, em março de 2022 eles escolheram Freire Gomes para ser o comandante do Exército e cúmplice do golpe.

Como o general Freire Gomes era totalmente contra Lula da Silva, a dupla Braga Netto e Paulo Sérgio apressadamente concluiu que ele estaria propenso a apoiar qualquer golpe para impedir a posse do petista. Esse foi o maior erro que cometeram.

Ao invés de usar o companheirismo antigo de que desfrutavam e perguntar logo a Freire Gomes se ele apoiaria o golpe, eles foram postergando, com medo dele querer ser o líder da conspiração.

DEPENDIA DA FRAUDE – Desde a campanha eleitoral, o assunto já tinha sido tocado várias vezes em reuniões com os comandantes militares, e o golpe seria mera consequência do fato de que as urnas estariam fraudadas. Para o general Freire Gomes e o restante das Forças Armadas, que mal toleram Lula, estava tudo OK, como dizem os militares. Se houvesse fraude, eles dariam um cartão vermelho a Lula, e estamos conversados.

Acontece que não se provou fraude alguma. Mesmo assim, a dupla Braga Netto e Paulo Sérgio, com a aprovação de Bolsonaro, deu seguimento ao golpe, com os acampamentos diante dos quartéis, até chegar aquela reunião do 7 de dezembro no Alvorada, com os comandantes militares, quando se tocou novamente no assunto da minuta.

Preocupado, Freire Gomes consultou o Alto Comando, que deu sinal vermelho ao golpe. Apesar disso, no dia 12 de dezembro, quando Lula foi diplomado presidente, houve o levante dos “kids pretos”, que tentaram invadir a Superintendência da Polícia Federal em Brasília, atacaram uma empresa e postos de gasolina, incendiaram automóveis e ônibus, e ninguém foi preso.

AMEAÇA DE PRISÃO – Na segunda reunião no Alvorada é que Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro, caso insistisse com o golpe. Encagaçado, como se diz no Nordeste, o presidente deixou de ir ao Planalto, entregou o poder nas mãos de Braga Netto e Paulo Sérgio, depois viajou para os Estados Unidos, com medo de ser preso.

Assim, pouco a pouco a cronologia dos fatos vai retirando Bolsonaro da liderança do golpe e colocando Braga Netto à frente da insurreição.

No levante do 8 de Janeiro, novamente os “kid pretos” à frente, incentivando o vandalismo, na esperança de que Lula assinasse o decreto do Estado de Defesa ou Garantia da Lei e da Ordem, mas nada aconteceu neste sentido. O golpe desinflou como um balão furado.

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P.S. –
Agora, os depoimentos dos quatro militares (Mauro Cid, Estevam Theóphilo, Freire Gomes e Baptista Junior) incriminam Bolsonaro diretamente, deixando Braga Netto em segundo plano, numa estranha maneira de escrever a História segundo a versão que certas pessoas querem ouvir. Mas a História verdadeira é bem diferente. Depois, voltamos ao assunto. (C.N.)

Depoimento de ex-comandante explode versão de Bolsonaro e complica a sua defesa

Depoimento de Gomes é tão grave quanto o de Mauro Cid

Pedro do Coutto

A situação de Jair Bolsonaro se complicou com o depoimento do general Freire Gomes, inclusive porque apesar de não haver indícios de fraudes nas eleições de 2022, o ex-presidente persistiu na tentativa de golpe. O problema agora é como o governo irá lidar com as próximas ocorrências diante das constatações reveladas no inquérito conduzido pela Polícia Federal.

Esse problema se revela como sendo fundamental porque militares resistiram e negaram qualquer apoio à tentativa golpista. O general Freire Gomes foi o primeiro do Alto Comando a negar qualquer procedimento contra a legitimidade das eleições. O militar revelou também que Bolsonaro estava de posse de uma minuta com conteúdo golpistas.

TRAMA – Após os esclarecimentos contundentes e depoimentos divulgados, o que poderá acontecer? O relator do caso no Supremo é o ministro Alexandre de Moraes, o que revela uma tendência clara de levar à condenação do ex-presidente da República e dos demais implicados na articulação do 8 de janeiro, sem dúvida alguma tramada claramente por Bolsonaro.

O tenente-brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica, em depoimento à PF afirmou que também contestou os ataques às urnas pelo ex-presidente. Nos próximos dias, o desenrolar dos fatos será encaminhado para uma etapa crítica, com episódios tão previsíveis quanto difíceis de serem avaliados. Como será o julgamento de Bolsonaro e de alguns comandantes é a pergunta que a lógica dos fatos conduz.

NEGATIVA –  O fato essencial é que só não houve golpe de Estado em face da negativa do comando militar. Tem que ser considerado também a posição do ex-ministro Anderson Torres que tinha em seu poder uma minuta do decreto golpista.

Torres quando se encontrou com Bolsonaro nos Estados Unidos foi também o homem que, nomeado secretário de Segurança de Brasília, transformou-se num agente importante na articulação que não deu certo. O problema agora, conforme dito, é verificar o que poderá vir nos próximos dias. O golpismo transformou-se em algo absolutamente absurdo e assim deverá ser julgado.

Um poema de Machado de Assis à sua amada Carolina, pouco antes de perdê-la

MACHADO DE ASSIS se DESPEDE de sua ESPOSA - YouTubePaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, crítico literário, dramaturgo, folhetinista, romancista, contista, cronista e poeta carioca Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. O poeta escreveu “A Carolina”, este belíssimo soneto sobre o amor à sua mulher.

A CAROLINA
Machado de Assis

Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

Depoimentos de militares incriminam Bolsonaro, e não há mais como escapar

O que Bolsonaro quer ao escolher Braga Netto como vice

Braga Netto era o chefão, mas é Bolsonaro que levará a culpa

Carlos Newton

São quatro depoimentos de militares, com informações que se amoldam, montando uma trama sólida que incrimina Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de estado. Primeiro, foi o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente; em seguida, o general de quatro estrelas Estevam Theóphilo; depois, o ex-comandante do Exército, Freire Gomes; e, por fim, o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior.

Mauro Cid e Estevam Theóphilo depuseram como investigados no chamado inquérito do fim do mundo, aquele que pretende prender todo mundo e não acaba nunca. Mas os ex-comandantes Freire Gomes e Baptista Junior participaram apenas como testemunhas, e há uma diferença quilométrica entre as duas situações.

NEGAR O ÓBVIO – Como dizem no jargão policial, agora é “batom na cueca”, as provas se avolumam e não adianta negar o óbvio. Em tradução simultânea, ficou absolutamente claro que houve um plano detalhado para anular a eleição de 2022 e deixar o petista Lula da Silva fora do poder.

As peças estão se encaixando à perfeição. Mostram que houve duas falhas definitivas na última mudança dos comandantes da Forças Armadas no governo Bolsonaro, executada a 31 de março de 2022, em pleno aniversário da revolução de 1964.

O verdadeiro comandante do golpe – já falamos isso 500 vezes aqui na Tribuna – era Braga Netto e não Bolsonaro. Com tod certeza, quem errou na avaliação de Freire Gomes foram Braga Neto e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. Na ocasião, eles escolheram entre os oficiais de quatro estrelas aqueles que mais demonstravam aversão a Lula.

AVALIAÇÃO ERRADA – Acertaram na mosca ao indicar o almirante Almir Garnier para a Marinha, mas deram um tiro no pé ao escolher o general Freire Gomes para comandar o Exército e o brigadeiro Baptista Filho para a Aeronáutica.

O mais importante, por óbvio, era ter à frente do Exército um general tremendamente antipetista, e Freire Gomes foi mal avaliado. Por mais que demonstrasse desprezo a Lula, o general Freire Gomes era um oficial exemplar e legalista. Somente participaria de um golpe (contra Lula ou qualquer outro presidente) se houvesse eleições manipuladas ou crime semelhante contra as instituições democráticas.

Assim, a deposição de Lula somente não ocorreu devido à nomeação de Freire Gomes. Embora fosse legalista, o brigadeiro Baptista Junior não teria como evitar o golpe sozinho e talvez fosse até levado a aderir, caso sofresse pressão do Alto Comando da Aeronáutica.

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P.S. 1 –
Além de ter errado na avaliação do general Freire Gomes, a dupla Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira cometeu outro grande erro, que foi fatal para impedir o golpe. Mas não vamos falar disso agora. Depois eu conto, como dizia meu grande amigo Maneco Müller, o “Jacinto de Thormes”. 

P.S. 2 – Nos depoimentos dos militares, poucas contradições. A mais importante é sobre as idas do general Estevam Theóphilo ao Alvorada. Ele foi duas vezes com o general Freire Gomes e uma vez sozinho, diz ele com autorização do então comandante  Freire Gomes, que não confirma essa versão. Mas como diz Roberto Carlos, isso são apenas detalhes. (C.N.)

​Amigos a admiradores se unem para comemorar os 92 anos de Bernardo Cabral

Discurso do Senador Bernardo Cabral durante o Lançamento da Revista Bicentenário da Independência do Brasil organizado pelo IAB e OAB – FCCE

Cabral permanece como um exemplo de homem público

Vicente Limongi Netto

Todos são unânimes ao destacar a impressionante carreira de Bernardo Cabral, como jurista, ex-deputado, ex-senador, ex-ministro da Justiça, ex-presidente da OAB, especialmente como relator da Constituinte, que recebia tanta pressão de todos lados, que teve de trabalhar refugiado na Gráfica do Senado, só aparecendo no Congresso para as principais reuniões e votações.

O general Agenor Homem de Carvalho, um dos melhores amigos de Bernardo Cabral, lembra que o general Leônidas Pires Gonçalves, ex-ministro do Exército no governo Sarney, costumava afirmar que as Forças Armada tinham uma dívida de gratidão a Bernardo Cabral pelo seu extraordinário trabalho como relator da Constituição.

“Apesar de cassado pelo Governo Militar e pressionado constantemente por incontáveis colegas no Congresso, jamais permitiu que houvesse vingança contra com os militares no novo texto constitucional”, diz Homem de Carvalho.

AMIGO DE VERDADE – “Minhas relações de amizade com Bernardo Cabral são muito próximas, não somente porque somos do mesmo estado e da mesma cidade, Manaus, como também morávamos na mesma rua. Então, brincamos dizendo que já são mais de 100 anos de relações de amizade. Ele sempre se destacou como aluno na Faculdade de Direito, e eu entrei depois dele, bem depois”, revela José Roberto Tadros, presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), acrescentando:

“Foi orador da sua turma, fez concurso para juiz. Passou, depois desistiu, quando percebeu que a vocação era a política e tornou-se jornalista. Enfim, tudo que ele exerceu na vida sempre foi um sucesso. E, por último, culminou em ser relator da Constituição Cidadã de 1988”, afirma Tadros.

Já o ministro Marco Aurélio Mello, ex-presidente do Supremo assinala que “é sempre oportuno homenagear homens públicos com folha de serviços prestados. Bernardo Cabral honrou os cargos ocupados, contribuindo para a vinda de dias melhores. Elegância ímpar, cultivador de predicado em desuso, a solidariedade. Admiradores festejam sua trajetória, e eu parabenizo meu bom amigo.”

CARREIRA BRILHANTE – Ao celebrarmos os 92 anos de vida de Bernardo Cabral, é com imenso respeito e admiração que prestamos homenagem à sua carreira brilhante como homem público. Sua dedicação incansável ao serviço do país em diversos cargos é um testemunho vivo de sua honestidade, competência e compromisso com os princípios da justiça e da democracia. Sua carreira, marcada por uma atuação exemplar, inspira gerações a seguir um caminho de integridade e amor à Pátria”, diz Valmir Campelo, ex-deputado, ex-senador e ministro aposentado do Tribunal de Contas da União.  

“Bernardo Cabral é um patrimônio nacional pela brilhante trajetória de homem público, jurista e orador de referência. E com a grandeza de um compromisso com o Amazonas que tanto lhe deve. Uma felicidade o termo lúcido e ativo, ainda trabalhando, apesar da idade”, acentua o jornalista e executivo Aristóteles Drummond.

Iniciativas de governo devem ser direcionadas aos interesse público

Governo deve potencializar projetos e alavancar aprovação de Lula

Pedro do Coutto

O governo está pronto a receber propostas de planos de comunicação pelas empresas especializadas no setor, mas o projeto de comunicação capaz de deter a queda da popularidade do presidente Lula da Silva dependerá do conteúdo de suas ações. As empresas de comunicação são notoriamente eficientes, incluindo o acesso às redes sociais da internet. Mas é preciso que se divulguem iniciativas de governo que possam ir ao encontro da opinião pública cumprindo assim compromissos assumidos na campanha eleitoral.

O cenário nacional está conturbando, a começar da divergência entre o Senado e o Supremo Tribunal Federal quanto à questão do porte de drogas. Onde fica a população no meio de tais dúvidas?

PREOCUPAÇÃO – A questão da Petrobras também continua sendo um ponto de preocupação do governo e está marcado um novo encontro do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates com o presidente Lula.

A questão é a participação da Petrobras num programa mais amplo de energia limpa e no combate aos problemas sociais do país. A Petrobras também tem compromisso com os seus acionistas, um deles, inclusive, o próprio governo. Os temas são vários e complexos como pode ser visto.

FAKE NEWS – O inquérito das fake news no STF completou ontem cinco anos. Em 2020, com apenas um voto contrário, o Supremo  validou o inquérito ao apreciar uma ação que questionava sua legalidade. Relator do inquérito, o ministro Alexandre de Moraes virou alvo preferencial de bolsonaristas e acumulou poder a partir da concentração de relatoria de uma série de apurações, com decisões vistas como duras e, por muitas vezes, controversas.

O tempo decorrido de investigação é bastante longo. De fato, vivemos uma situação extraordinária. O Supremo reagiu à altura e não o fez contra a lei, mas a partir de uma margem legal que lhe foi conferida pelo regimento. Um inquérito durar cinco anos não é o mais adequado, mas não há ilegalidade por si só.

COMBATE – As fake news, potencializadas pela inteligência artificial, precisam ser combatidas com rigor. Relatos crescentes de pais que perderam filhos para a desinformação, levando crianças e adolescentes a tirarem a própria vida, destacam a urgência da situação. A monstruosidade do mundo virtual das mentiras não conhece limites.

Nesta semana, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco disse que as fake news propagadas nas redes sociais são “algo insustentável” e pediu a responsabilização das plataformas. “De fato, está ficando insustentável a quantidade de mentiras na internet. E, realmente, está uma coisa fora do comum, exagerado, sem limite. E eu acho que cabe às plataformas ter um pouco de responsabilidade em relação a isso, independente da lei até, acho que seria uma questão ética mesmo”, disse Pacheco em sessão no Plenário do Senado.

O próprio Pacheco foi alvo de fake news: “Disseram que eu sou a favor de poligamia, de mudança de sexo de criança e um monte de outras coisas mais. Então, isso, evidentemente, uma mentira completamente sem eira nem beira, que vira uma verdade para um monte de pessoas”, afirmou.

PERÍODO ELEITORAL – Segundo o presidente do Senado, as informações falsas atribuídas a ele podem ser corrigidas, mas a situação se complica durante o período eleitoral. “Isso em um período eleitoral, em que o período é curto para conhecer as propostas de alguém, manipular as informações com mentira e com desinformação, com a busca de deturpar a realidade e ferir a reputação das pessoas, é algo realmente insustentável. Nós não podemos mais conviver com isso.”

O congressista citou o PL 2.630/2020, chamado de “PL das fake news”, que foi aprovado pelo Senado e aguarda análise da Câmara dos Deputados. “O Senado Federal já aprovou um projeto de lei de combate a fake news para colocar limites a essas plataformas digitais. Está na Câmara dos Deputados. Espero que a Câmara discipline essa questão”, afirmou.

Embora o Supremo Tribunal Federal (STF) esteja comprometido com o combate à desinformação, cabe aos deputados e senadores chegarem a um consenso sobre as regras que se tornarão lei. Os líderes de todos os partidos devem ser convocados para o debate, respeitando os princípios democráticos.

Desemprego e cansaço do trabalhador que sonhou tirar diploma na cidade

Músicas, vídeos, estatísticas e fotos de Zé Geraldo | Last.fm

Zé Geraldo, grande compositor mineiro

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor mineiro José Geraldo Juste, na letra de “Catadô de Bromélias” confessa porque está cansado de viver na cidade, onde a chegada do desemprego deixou-lhe como solução regressar para onde veio em busca de dias melhores em todos os sentidos. A música faz parte do CD Catadô de Bromélias, gravado por Zé Geraldo na Sol do Meio Dia, em 2008.

CATADÔ DE BROMÉLIAS
Zé Geraldo

Cansei da vida na cidade
Meu diploma
Minha faculdade perderam o valor
Desemprego chegou
Vou voltar pro lugar
Donde nunca eu devia ter saído
Volto hoje um ilustre desconhecido
Vou bater de porta em porta
Procurar emprego
Na porteira da fazenda eu vou me apresentar

Meu nome é José
Sou carpinteiro
Assim como José
O primeiro

Eu faço alguns biscates
Sei limpar lavoura sei catar café
Eu ando a pé quantas léguas for
Pra buscar qualquer coisa pro senhor
Domingo de sol
Levanto bem cedim
Não vou ficar que nem na cidade
Quando eu passava o dinterimbebim
Vou entrar no mato
Vou catar bromélias
Pra enfeitar o seu jardim

De noite eu vou pro terreiro
Tem mulher bonita
Tem violeiro
Quem sabe eu encontro um coração aberto
Que ainda queira ter por perto
Um catadô de bromélias
Um simples sonhador
De paixão e alegria
Vou fazer festa pra ela até romper o dia

Meu nome é José
Sou carpinteiro
Assim como José
O primeiro

Liberdade total na internet é uma utopia infantil, que nada tem de democrática

Tribuna da Internet | DESDE ONTEM, ESTAMOS TENDO PROBLEMAS COM O BLOG.

Charge do Jota (Arquivo Google)

Carlos Newton

Há quem diga que o impressionante avanço da comunicação via internet tornou-se uma ameaça à democracia e precisa ser regulamentado, e realmente existem sólidos argumentos que sustentam essa teoria. Mas pode-se defender também tese oposta, de que abolir a liberdade nas redes sociais significaria abolir a democracia, em sua versão mais liberal.

Com a máxima vênia e respeitando os que defendem uma ou outra teoria, é preciso lembrar que o sistema é novíssimo, mas a comunicação não mudou nada desde os arautos dos reis –simplificando, continua a ser apenas alguém fornecendo informações a outras pessoas.

AMPLIFICAÇÃO – Por mais ridículo que pareça, a comunicação permanece como uma atividade simples. A única mudança é que os arautos agora usam amplificadores que podem levar as informações simultaneamente a muito mais pessoas, através da redes sociais e dos celulares, que funcionam como computadores portatéis, transmissores e receptores.

Não adianta inventar regras, como o ministro Alexandre de Moraes resolveu fazer, ao baixar uma norma no Tribunal Superior Eleitoral que simplesmente desrespeita o Marco Civil da Internet, uma lei aprovada pelo Congresso e sancionada pela Presidência da República, no governo Dilma.  

Na sua sanha autoritária, Moraes estabelece que as plataformas de internet serão solidariamente responsáveis “civil e administrativamente quando não promoverem a indisponibilização imediata de conteúdos e contas, durante o período eleitoral”.

CONFUNDIU TUDO – O ministro lista uma série enorme de malfeitos a serem excluídos da web, como se as plataformas fosse serviçais da Justiça, pois na verdade não são e somente podem atuar cumprindo decisões judiciais.

Como se dizia antigamente, Moraes confunde a banda de Paraibuna com a bunda da paraibana, porque a internet é apenas um veículo de comunicação que deve ser tratado como qualquer outro.

Já existem todas as leis necessárias – crimes contra a honra, calúnia, injúria, difamação, danos morais e materiais, direito de imagem, invasão de privacidade, indenizações por lucros cessantes e futuros etc. Portanto, não é necessário inventar nenhuma lei, e Moraes age como um jurista descompensado.

SÓ FALTA PUNIR –  Agora mesmo, Regina Duarte e Michelle Bolsonaro estão sendo condenadas a pagar indenização de R$ 30 mil cada uma, pelo uso equivocado de uma foto de Leila Diniz e outras atrizes na passeata dos 100 mil.

Mas a punição é rara. Uma corretora de bitcoins está atraindo clientes com falsas entrevistas de Luciano Huck, Jorge Paulo  Lemann e Luciano Hang, algo inacreditável, e ninguém toma providência, o Ministério Público permanece inerte, o Banco Central se omite, a Defesa do Consumidor não se mexe, a impunidade reina.

É contra a impunidade que todos têm de lutar neste país, e não é necessário que nenhum ministro do Supremo se julgue no direito de inventar leis que o Congresso não julgou importante criar. O resto é folclore, como diz Sebastião Nery.

Governo federal decide fazer ‘rodízio’ para ‘oxigenar’ conselhos de estatais

Costa afirmou que governo fará mudanças nos conselhos de estatais

Pedro do Coutto

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta terça-feira, que o governo fará mudanças nos conselhos de outras estatais, além da Petrobras. Segundo o ministro, a medida visa “oxigenar” os conselhos de administração das empresas. Costa não informou quais estatais terão mudanças.

O presidente da República, Lula da Silva, quer agora estabelecer um sistema de rodízio dos conselhos das empresas estatais. Na verdade, a modificação tem como objetivo a Petrobras, cujos problemas recentes quanto à distribuição dos dividendos incomodou o Palácio do Planalto ao ponto de levar ao Ministério da Fazenda ter um assento no Conselho da empresa.

ARTICULAÇÃO – De um modo geral, entretanto, o episódio e o projeto agora de rodízio demonstram uma falta de articulação do governo, em alguns momentos com o Congresso, e em outros com as empresas estatais que ganharam a autonomia, o que causou uma contrariedade no governo.

Não se pode entender direito o que está se passando, pois fica nítida uma divergência de projetos que estão tumultuando a pauta administrativa do Executivo, sobretudo num momento em que a aprovação do atual governo no primeiro ano de funcionamento apresenta recuos enquanto a desaprovação cresceu. As pesquisas do Ipea e do Datafolha revelam no fundo um esgarçamento da malha administrativa que deveria apresentar uma sintonia maior com o Planalto.

NA PAUTA  – Na esfera do Supremo Tribunal Federal, ums dos temas na esfera de discussão  está a separação de quantidades pequenas de maconha e o transporte de doses maiores que si representam o comércio ilegal. O consumo é uma coisa, o tráfico é outra. Mas não pode haver consumo sem tráfico uma vez que a maconha não é comercializada direta e abertamente.

Mas se compreende que a legislação separe esses dois aspectos, sobretudo para não ampliar  a margem de pessoas presas cuja detenção levará milhares de indivíduos a ingressarem no sistema penitenciário, o que terminaria ocasionando uma infeliz escala de aumento da criminalidade. São opções que têm que ser feitas pelo governo, pois o tempo tem demonstrado a ineficácia da repressão ao porte de quantidades pequenas e sua diferença de uma posse maior do produto.

A Comissão de Segurança e Justiça do Senado decidiu ontem sobre o projeto que praticamente colide com a decisão da Corte Suprema, cuja tendência é evidente no sentido de separar o transporte da droga para uso pessoal e o transporte de quantidades maiores para a comercialização ilegal e que não interessa à socidade e nem ao proprio governo. São temas, todos eles, marcados por controvérsias. Mas essas têm que ser eliminadas, pois as proposições no Senado e no STF têm rumos diversos.

“E para sempre a amante solidão nos chama e abraça”, diz Lya Luft 

Grupo Livrarias Curitiba - Deixo aqui uma singela homenagem para essa  grande escritora nacional que vai fazer muita falta 💔 Lya Luft escreveu e  publicou vários romances, coletâneas de poemas, crônicas, ensaiosPaulo Peres
Poemas & Canções

A professora, escritora, tradutora e poeta gaúcha Lya Fett Luft, no poema “Canção Pensativa”, sente passar por um momento de solidão, mas sabe que tem de voltar à realidade e buscar um novo amor.

CANÇÃO PENSATIVA
Lya Luft

Um toque da solidão, e um dedo
severo me traz à realidade: não depender
dos meus amores, não me enfeitar
demais com sua graça, mas ver
que cada um de nós é um coração sozinho.

Cada um de nós perenemente
é um espelho a se mirar, sabendo
que mesmo se nesse leito frio e branco
um outro amor quer derramar-se em nós,
entre gélido cristal e alma ardente
levanta-se paredes para sempre.

(E para sempre
a amante solidão nos chama e abraça.) 

Não vazou nada do depoimento de Mauro Cid, mas a imprensa fica “inventando”

Gilmar Fraga / Agencia RBS

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Carlos Newton

Portais, sites e blogues tentam “adiantar” informações sobre o novo depoimento do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. Fazem especulações rasteiras, dizendo que ele “reforçou” a existência de articulações para minar o resultado das eleições e tentar manter no poder Jair Bolsonaro, mesmo após ele ser derrotado no pleito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Como se fossem novidades, dizem coisas que já são conhecidas, como o fato de Cid não ter participado de uma reunião de teor golpista realizada por Bolsonaro com ministros de Estado de seu governo em julho de 2022.

OUTRAS “NOVIDADES” – Desta vez, apresentam como grande novidade o fato de Mauro Cid ter agido como agente duplo, informando o comandante Freire Gomes sobre os rumos da trama. Mas isso é informação antiga. Em 16 de fevereiro a Tribuna já informava: “Mauro Cid atuava como agente duplo e informava o Exército sobre Bolsonaro”.

No dia seguinte, revelamos:  “Além de atuar como agente duplo, Mauro Cid continua omitindo informações”. E três dias depois, a 20 de fevereiro, arrematamos: “Cid se ofereceu para ser agente duplo ou foi cooptado pelo comando do Exército?”. E agora essa notícia é apresentada como “nova”…

Citam também que ele não presenciou ao encontro com os então comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica,  quando teria sido discutida a minuta golpista, que invalidaria o resultado das eleições e prenderia autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

CONVERSA FIADA – Afirmam, ainda, que Mauro Cid “confirmou” as declarações anteriores, nas quais destacou ter sido informado de que Bolsonaro pressionou comandantes para embarcarem na tentativa de golpe e detalhou a operacionalização do esquema.

Mas é tudo conversa fiada. À semelhança do que ocorreu com o importantíssimo depoimento do general Freire Gomes, que evitou o golpe ao transmitir a Bolsonaro a rejeição do Alto Comando, não houve vazamento e ninguém sabe o que Mauro Cid afirmou.

A única novidade é a possibilidade de o coronel Marcelo Câmara, que assessorava Bolsonaro, fazer delação premiada. Até o tal “monitoramento” do ministro Moraes é uma cascata…

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P.S.A imprensa e seus sucedâneos deveriam ter mais pudor nesse tipo de especulação infantil, que se refere a assuntos de máxima relevância e confiabilidade. É uma vergonha que isso aconteça e contamine todos os espaços, afetando até jornalistas de renome, porque ninguém quer ficar para trás… Mas isso não é jornalismo. Seria apenas um lado deprimente do jornalismo. (C.N.)

Decisão do governo deixou nítida uma restrição a Jean Paul Prates

Lula reuniu integrantes do Executivo e da Petrobras por mais de três horas

Pedro do Coutto

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou, após reunião com o presidente Lula da Silva e com ministros na última segunda-feira, que continuará no cargo e que uma possível troca não foi tratada no encontro. É evidente que o presidente Lula da Silva interveio na Petrobras na questão da distribuição de dividendos. Se não fosse para intervir na empresa, não faria sentido a inclusão de um representante do Ministério da Fazenda no Conselho da empresa.

De outro lado, destacam-se as declarações de Lula criticando o que considerou “choradeira de investidores”. É evidente o atrito entre Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, com o ministro Alexandre Silveira. Para acrescentar, Lula anunciou a sua pressa em colocar representantes do Ministério da Fazenda, indicado portanto por Haddad, no Conselho da Estatal.

RESTRIÇÃO – A decisão do governo deixou nítida uma restrição a Jean Paul Prates na questão, embora o governo tenha acentuado que Prates permanece na presidência da Petrobras. Só o anúncio de que Prates permanecia serve para reforçar a análise sobre a sua decisão modificada pelo governo com base no controle acionário da Petrobras.

O episódio desta semana inclui-se assim em vários outros que o antecederam. O Planalto apresentou como justificativa a necessidade de que a empresa precisa de mais recursos para existir e também a necessidade de aplicação de uma parcela do lucro para setores que possuem vinculação direta com o desenvolvimento social e com a melhoria das condições de vida da população.

Entretanto, esse é apenas um aspecto, pois existem vários outros embutidos na atividade de exploração do petróleo que inclusive levou o nosso país à condição de exportador. O problema do petróleo para nós brasileiros desloca-se para o setor de refino, já que enquanto somos exportadores de óleo bruto, o que leva à participação de uma receita alinhada com os níveis de preço, somos importadores de óleo diesel, de gasolina e produtos refinados.

“Agora, se vocês me dão licença, eu vou ver um passarinho que me chama no quintal”

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Queiroz, no traço de Valtério Sales

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, publicitário, cantor e compositor baiano Walter Pinheiro de Queiroz Júnior usa várias figuras de linguagem, tornando mais bonito o conteúdo poético da letra de “Pode Entrar”, na qual ele fala da sua casa.

Walter Queiroz gravou a música “Pode Entrar” no LP “Filho do Povo”, em 1975, pela Phonogram.

PODE ENTRAR
Walter Queiroz

A casa escancarada a lua alí
Meu cachorro nunca morde
Meu quintal tem sapotí
tem um roseiral crescendo lindo
Quem for louco ou for poeta
Pode entrar e seja bem vindo

Aqui passa o bonde da Lapinha
Passa a filha da rainha
Passa um disco voador
As vezes ele gira, para e pisca
Como quem quase se arrisca
A parar pra conversar

Mas não me sinto só
Tenho um vizinho
Que é um bêbado velhinho
Que acredita no destino
Ele mora em cima do arvoredo
Ele tem muitos brinquedos
Ele sempre foi menino

Agora se vocês me dão licença
Eu vou ver um passarinho
Que me chama no quintal
Depois vou me deitar para sonhar
E dançar com a cigana
Que eu perdi no carnaval

“Facções dominam a democracia e até a religião”, alerta Gilmar sobre o crime

Gilmar Mendes sobre crime organizado: "Facções invadindo os espaços da democracia e da religião."

Enigmático, Mendes está denunciando a derrocada do país

Carlos Newton

O Estadão saiu de seus cuidados para informar à nação que o ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal, fez um alerta nesta terça-feira, dia 12, sobre os riscos do avanço e da “sofisticação” do crime organizado no País.

Ele postou em suas redes que “um país assume a condição de ‘Narcoestado’ quando o poder do tráfico tem domínio de suas instituições sociais e políticas”. E, em sua experiente opinião, essa realidade já está acontecendo.

SEM REPERCUSSÃO – Gilmar fez referência à uma entrevista que concedeu à GloboNews, que não teve a repercussão que ele esperava. “Mostrei que os sinais estão aí: facções invadindo os espaços da democracia e da religião, ambos sagrados para o Estado Democrático de Direito.”

Na avaliação do ministro, “somente políticas públicas de segurança pensadas e executadas de modo coordenado poderão fazer frente ao grau de sofisticação demonstrado pelo crime organizado”.

Ele sugere adoção de “políticas que se concentrem, por exemplo, na criação de instrumentos de combate ao imenso poder financeiro das facções criminosas”.

PODER PÚBLICO – O ministro do STF enfatizou que “o poder público tem o dever de proteger “desses vilipêndios” a liberdade política e a liberdade religiosa. Ao final de sua mensagem, ele advertiu. “Estamos diante de um momento decisivo para a manutenção do Brasil na pauta civilizatória”.

Caramba! O que é isso, minha gente? A que situação o ilustre ministro está se referindo? Será que dei uma cochilada e perdi essa parte do filme?

Estará ele se referindo ao governo federal, de cuja prisão de segurança máxima em Mossoró (RN) dois chefes de facção fugiram como se estivessem pulando o muro do colégio interno? Ou estará se referindo ao Rio de Janeiro, onde as facções e milícias controlam bairros inteiros, constroem livremente prédios de dez andares e vendem apartamentos aos cidadãos, sem registro de escritura pública?

APOCALYPSE NOW – O que realmente Gilmar Mendes está denunciando, neste filme “Apocalypse Now” que somente ele está assistindo?

Por sua máxima importância, esta denúncia tem de ser esmiuçada. Que o ilustre ministro do Supremo então seja imediatamente chamado ao Conselho de Defesa e ao Conselho da República para fazer uma tradução simultânea de suas palavras e dizer ao povo brasileiro o que realmente está acontecendo.

Caso não haja interesse, que o Congresso o convoque para esclarecimentos.

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P.S. – Queremos saber a verdade. Ou, então, que o ministro aja como seu antecessor Adaucto Lucio Cardoso e se desfaça de sua toga, diante do plenário, numa desesperada tentativa de despertar o país, caso sua gravíssima denúncia institucional não desperte interesse nas autoridades da República.  (C.N.)