Eventos climáticos e escalada do dólar terão forte influência no preço da comida

Até as carnes, que estavam em queda, tendem a ficar mais caras

Pedro do Coutto

A análise do boletim Focus sobre o panorama econômico do país revelou perspectivas não favoráveis, uma vez que uma combinação de eventos climáticos — com um El Niño mais forte, somado aos efeitos da tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul e a uma antecipação do La Niña — e a escalada do dólar levaram bancos, consultorias e corretoras a revisarem as suas projeções para este ano.

Instituições que antes previam alta de 3,5%, esperam aumento de 4,5% a 7,5% neste ano em relação aos alimentos que fazem parte da cesta de compras das famílias. É bom lembrar que a autoridade monetária, que calibra os juros na tentativa de controlar a inflação, já interrompeu o ciclo de queda da Selic na quinta-feira diante da escalada da moeda americana e riscos fiscais crescentes.

PREÇOS – Com isso, arroz, legumes, verduras e frutas não devem ceder  significativamente no segundo semestre. E até carnes e leite, que ficaram mais baratos nos últimos 12 meses, podem ter seus preços subindo novamente.

Não é de hoje que o brasileiro sente um desconforto com os preços dos alimentos, e dados apontam que os itens alimentícios têm pesado mais para as famílias desde março de 2020, início da pandemia, quando foram afetadas diferentes cadeias de suprimentos globais.

PERSPECTIVA – Agora, digo, a perspectiva da subida de preços acima da inflação tem que incluir a questão dos remédios, cujos valores subiram de forma avassaladora. São pelo menos 30% dos reajustes sobre medicamentos e artigos de higiene pessoal. O setor é vital para a saúde da população, mas os remédios chegam a um patamar proibitivo e a população não tem como reagir.

Na prática basta ir às farmácias, drogarias e observar o aumento desenfreado nos últimos meses. Os alimentos são gêneros de primeira necessidade, mas os medicamentos não ficam atrás em importância, pois também deles depende a vida humana.

“Eu, brasileiro, confesso minha culpa, meu pecado, meu sonho desesperado…”

45 anos sem (e com) Torquato Neto | Itaú Cultural

Torquato e Gil, parceiros e amigos

Paulo Peres
Site Poemas & Canções

O cineasta, ator, jornalista, poeta e letrista piauiense Torquato Pereira de Araújo Neto (1944-1972) é considerado um dos principais integrantes do movimento Tropicalista. “A letra de Marginália II”, mostra um depoimento de um locutor virtual, ao falar de sua história, confessando sua culpa e sua comodidade diante dos atos e da realidade de sua pátria durante a ditadura militar iniciada no Brasil, em 1964. A música “Marginália II“ foi gravada no LP Gilberto Gil, em 1968, pela Universal.

MARGINÁLIA II
Gilberto Gil e Torquato Neto

Eu, brasileiro, confesso
Minha culpa, meu pecado
Meu sonho desesperado
Meu bem guardado segredo
Minha aflição

Eu, brasileiro, confesso
Minha culpa, meu degredo
Pão seco de cada dia
Tropical melancolia
Negra solidão

Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo

Aqui, o Terceiro Mundo
Pede a bênção e vai dormir
Entre cascatas, palmeiras
Araçás e bananeiras
Ao canto da juriti

Aqui, meu pânico e glória
Aqui, meu laço e cadeia
Conheço bem minha história
Começa na lua cheia
E termina antes do fim

Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo

Minha terra tem palmeiras
Onde sopra o vento forte
Da fome, do medo e muito
Principalmente da morte
Olelê, lalá

A bomba explode lá fora
E agora, o que vou temer?
Oh, yes, nós temos banana
Até pra dar e vender
Olelê, lalá

Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo

Advogados receberam honorários de R$ 700 milhões por apenas uma causa

Governo de SP autoriza concessão dos parques Villa-Lobos, Água Branca e Cândido Portinari por 30 anos | São Paulo | G1

Instalação do Porque Villa-Lobos fez a fortuna dos abençoados

Carlos Newton

A Constituição determina que o salário-teto do funcionalismo é de R$ R$ 44.008,52, com base no Supremo. É uma bela remuneração, inclusive se comparada com a recebida pelos magistrados dos demais 192 países da ONU. Mas o que dizer de dois escritórios de advocacia que receberam numa só causa, por determinação judicial, a quantia de R$ 700 milhões?

Onde poderia acontecer isso. Ora, somente no Brasil, é claro, mais especificamente na capital de São Paulo, nesse tenebroso caso que você conhecerá aqui na Tribuna da Internet, sempre em absoluta exclusividade.

NUM PAÍS POBRE – Com a maquiagem de país semidesenvolvido, com cerca de 50% da população trabalhadora recebendo menos de R$ 3 mil mensais, com dezenas de milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, moradores de rua e crianças abandonadas, mesmo assim o Brasil se dá a determinados luxos que seriam inadmissíveis em países já desenvolvidos.

Mas o que isso tem a ver com os honorários advocatícios sucumbenciais de R$ 700 milhões. É claro que essa fortuna foi paga aos advogados com recursos públicos e não houve maior alarido a respeito.

Se os R$ 700 milhões tivessem de ser pagos com recursos de pessoas ou empresas privadas, isso nem teria acontecido, porque os atingidos certamente recorreriam aos tribunais superiores, para fazer cumprir a lei criada para impedir esses absurdos.

DEPÓSITO DE LIXO – O fato é que, em um só processo de desapropriação movido pelo Estado de São Paulo, que em 1988 se imitiu na posse de área de cerca de 620 mil metros quadrados,  então utilizada como depósito de lixo, o governo estadual  foi condenada a pagar indenização estratosférica aos antigos proprietários, hoje, cerca de R$8 bilhões, incluindo honorários advocatícios sucumbenciais de 10%, que à época beiraram os R$ 700 milhões.

Em primeira instância, o magistrado que julgou esse processo desapropriatório, cumprindo o disposto no parágrafo 1º. do artigo 27, do Decreto-lei 3.365/41, estabeleceu honorários advocatícios fixos, a título de sucumbência, considerando o elevado valor a ser despendido pelo erário estadual e proporcional ao trabalho até então prestado. Nome do juiz, Urbano Ruiz.

APELAÇÃO – Meses depois, todavia, apelação dos desapropriados julgada por uma das Câmaras do TJSP, em 1991, foi provida por unanimidade. Os desembargadores decidiram elevar os honorários advocatícios no percentual de 10% da indenização, desconsiderando o valor fixo e gerando esse desembolso complementar “apocalíptico”, que transitou em julgado.

A lei era e continua clara. A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao preço oferecido condenará o desapropriante a pagar honorários de advogado, que serão fixados entre meio e cinco por cento do valor da diferença, observado o previsto no CPC.

Para receber R$ 700 milhões, um magistrado precisaria trabalhar cerca de 20 mil meses. Teria de ressuscitar já togado, para atingir essa soma. Assim os juízes brasileiros devem estar se sentindo muito mal pagos, graças ao descumprimento do que previsto em norma federal pelo próprio Poder Judiciário.  E por que o Estado de São Paulo não reagiu?

NÃO SE QUEIXE – É muito desalentadora essa situação. Mesmo assim, não se revolte nem se queixe. Por isso, pague seus impostos em dia e evite problemas fiscais, além de se livrar de gastrite, depressão, insônia e outros desagradáveis efeitos colaterais.

Conheço bem esse caso do depósito de lixo, que se tornou o Parque Vila Lobos, porque fui o único jornalista a fazer cobertura do processo dos R$ 7 bilhões, sempre desprezado pela grande imprensa, vocês podem entender os motivos.

Nota do editor do blog: Não se iluda. O Brasil tem cerca de 1.200.000 advogados e para receber tão desproporcional honorário só com o descumprimento da lei. Continue trabalhando, trabalhando, trabalhando. É mais fácil ganhar duas vezes na megasena do que ser premiado com uma causa miraculosa como acima narrado.

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P.S. –
Peço desculpa aos amigos, mas o caso fica contado pela metade. O informante pede que eu não cite os dois escritórios de advocacia, para evitar sequestros etc. E também não foram fornecidos os nomes dos desembargadores que votaram por unanimidade a favor do estranho e ilegal pagamento desses R$ 700 milhões aos advogados. É pena, gostaria de denunciar todos eles, mas não tenho tempo nem disposição para pesquisar. Quem souber, me mande os nomes que eu denuncio. (C.N.)_

Mauro Campbell é um magistrado capaz de renovar a desgastada imagem da Justiça

O amazonense Mauro Campbell, ministro do STJ, passa por sabatina no Senado  nesta quarta-feira (19/06) - Rede Onda Digital

Mauro Campbell é um exemplo de juiz independente e justo

Vicente Limongi Netto

Discreto e competente ministro do Superior Tribunal de Justiça(STJ), o amazonense Mauro Campbell foi aprovado pelo plenário do Senado para a relevante função de Corregedor do Conselho Nacional de Justiça(CNJ).  Recebeu 62 votos favoráveis, entre 81 senadores.

Para Campbell, “o juiz não possui carta de alforria para fazer da magistratura um bico, ou fazer turismo na sua comarca. Lá ele deve residir, porque recebeu ajuda de custo e dinheiro público para isso”.

CAMPELO EMPOSSADO – Outro homem público e cidadão respeitado em Brasília e no Brasil é o cearense de Crateús, ministro aposentado do TCU, ex-presidente daquela Corte, e ex-senador Valmir Campelo é o novo e valoroso acadêmico do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal. O discurso de posse de Valmir foi uma peça significativa e marcante de um bravo patriota e um hino de amor a cidade onde estudou, trabalhou, criou família e fez enorme legião de amigos.

O novo acadêmico do Instituto lembrou que, como deputado constituinte, foi o autor da emenda que criou o Fundo Constitucional de Brasília. Iniciativa vitoriosa apoiada pelo relator-geral da Carta, Bernardo Cabral, e o líder da bancada do DF, Mauro Benevides.

TUDO DE NOVO – Dura constatação. Não tem hora para acabar a agonia, o drama e o sofrimento dos desolados gaúchos. As águas do rio Guaíba subiram novamente. Implacavelmente. Alagando 7 cidades, destruindo casas, plantações, comércio em geral. Adiada a volta da alegria.

A esperança e a garra dos moradores e voluntários permanecem acessas no coração de todos. Imagens tristes voltaram a magoar olhos e corações dos brasileiros, desde o início solidários com aqueles que perderam tudo. Menos a fé. O que foi salvo e reconstruído corre o risco de novamente virar barro, lama e angústia.

DAVID LUIZ – Sonhar é de graça e alimenta a alma. O cabeludo David Luiz, em boa forma, experiente e carismático, poderia trocar o Flamengo pelo combalido Fluminense, para fortalecer a massacrada e medíocre zaga tricolor, e voltar a jogar ao lado de Thiago Silva.

Domingo é dia de mais sofrimento ou recuperação do lanterna Fluminense. Exatamente com Flamengo, o líder do brasileirão.

Indicados de Lula votam com Campos Neto em decisão unânime do Copom

Copom ignora pressão de Lula e mantém Selic em 10,5% ao ano

Copom ignora pressão de Lula e mantém Selic em 10,5% ao ano

Pedro do Coutto

Todos os diretores do Banco Central, inclusive os quatro indicados pelo atual governo, seguiram nesta quarta-feira o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, e optaram por manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,50%, que incidem sobre a dívida interna do país da ordem de R$ 6 trilhões, o que faz com que, por ano, o comprometimento dos recursos nacionais se eleve a mais de R$ 600 bilhões.

A decisão unânime do Comitê de Política Monetária se deu apesar de o presidente Lula da Silva ter subido o tom e criticado Campos Neto na véspera do anúncio. Se o encontro de maio teve um racha no colegiado, esta última reunião apresentou uma coesão na política monetária. Os analistas do mercado financeiro já esperavam a manutenção da Selic, mas a dúvida era se o Copom teria polarização como na reunião anterior.

CRÍTICAS – A decisão do Copom de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano gerou uma onda de críticas no meio político, especialmente entre os membros do Partido dos Trabalhadores. O Comitê, formado pelo presidente do Banco Central e oito diretores, decidiu de forma unânime interromper o ciclo de cortes na taxa básica de juros que havia começado em agosto de 2023. Durante este período, a Selic caiu de 13,75% para 10,50%. A manutenção da taxa no atual patamar foi justificada pelo comitê devido ao cenário inflacionário ainda incerto, que exige cautela na condução da política monetária.

O presidente Lula elevou o tom contra o Banco Central nos últimos dias, criticando a postura da instituição. Em suas palavras, “Um presidente do BC que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político, e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar do que para ajudar o país”.

JUROS – Vale frisar que, como a  inflação brasileira é de 3,9% nos últimos 12 meses, os juros reais aproximam-se de 7%, um dos mais altos do mundo. O custo da dívida brasileira, portanto, deu um salto em mais um mês, dando a entender que dificilmente a taxa recuará até dezembro deste ano, quando termina o mandato de Roberto Campos Neto na Presidência do Banco Central.

Essa questão da Presidência do BC ganhou contornos contraditórios, pois o presidente da autarquia tem que ser nomeado pelo presidente da República, mas não pode ser demitido por ele. Isso cria uma contradição. O fato dá poderes a Campos Neto de forma ilimitada e em muitas situações, como vem acontecendo, chocando-se com a política do governo ao qual está vinculado.

Vamos aguardar, porém, o pronunciamento do presidente Lula da Silva em face da manutenção da taxa de juros pela unanimidade do Copom. Essa decisão acarreta, conforme dito, encargos bilionários por ano com o custo da dívida.  

Tendência política de Campos Neto deu margem a Lula em suas declarações

Lula retomou sua ofensiva contra Campos Neto

Pedro do Coutto

Independentemente de qual seria a decisão do Comitê de Política Monetária sobre os juros no dia de ontem, o fato evidente é a clara falta de sintonia entre Lula e Roberto Campos Neto.

Na véspera de uma das decisões mais importantes do Copom deste ano, o presidente Lula da Silva, retomou sua ofensiva nesta terça-feira contra Campos Neto. Em entrevista à Rádio CBN, Lula disse que o chefe da autoridade monetária não demonstra capacidade de autonomia, tem lado político e trabalha para prejudicar o País.

NEGATIVA – A entrevista do presidente Lula foi negativa, mas não teve grande impacto na decisão do Copom que poderia dar um tiro no pé caso se sujeitasse a pressões políticas num momento de aumento da desconfiança acerca da condução da política monetária a partir de 2025 e de maior desancoragem das expectativas de inflação.

Não se trata de analisar o mérito dos ataques, mas uma impossibilidade de convergência de ideias sobre a questão dos juros que regem o reajuste da dívida interna do país.

Essa questão traz consigo uma certeza de que a impossibilidade da demissão do presidente do BC gera um conflito com o Planalto, isso porque a nomeação para a Presidência do Banco Central depende de um ato do presidente da República, sendo indispensável  esse ato do Executivo para colocar alguém no comando do Bacen.

SEM EXONERAR – Porém, quem nomeia não pode exonerar. O mandato do presidente do Banco Central não pode adotar uma posição contrária a do governo, pois isso indicaria uma contradição total. A sua independência não pode ser absoluta, já que ele dependeu de um ato do Executivo, conforme dito, para assumir o posto.

Na forma da lei, Lula até pode demitir Campos Neto, mas precisaria ter autorização do Senado, e isso ele jamais conseguirá com a atual formação dessa casa do Congresso.

Devemos reconhecer que Marx e Engels obrigaram o capitalismo a se humanizar

Qual a contradição expressa na charge "grandes momentos do capitalismo"? - brainly.com.br

Charge do Allan Sieber (Arquivo Google)

Carlos Newton

Aqui na Tribuna da Internet, temos analisado o surrealismo da política brasileira, algo verdadeiramente estarrecedor. Fala-se muito na tal polarização, mas na verdade não há nada de novo no front ocidental, como diria o genial escritor alemão Erick Maria Remarque, que era filho de uma portuguesa e desenvolveu uma visão política transnacional.

Na verdade, sempre houve polarização na política e jamais deixará de haver, a não ser que se generalize o partido único de países como China, Cuba e Rússia, uma perspectiva que seria o fim da democracia e das liberdades individuais.

MARX E ENGELS – Nos sonhos de Karl Marx e Friedrich Engels, poderia surgir um mundo melhor ou menos injusto, circunstância que os situa na História Universal como grandes benfeitores da Humanidade. Graças às revolucionárias teorias de Marx e Engels, o capitalismo se viu forçado a se aperfeiçoar, surgiram os direitos trabalhistas, a exploração do homem pelo homem foi sendo combatida, o mundo ficou melhor, sem a menor dúvida.

O capitalismo selvagem, contra o qual eles lutavam, não existe mais nos países desenvolvidos que seguem a trilha do socialismo democrático e conseguem antevir um mundo melhor, com o avanço do bem-estar social.

Uma das grandes surpresas do craque Rai, ao viver na França, foi ver sua filha estudando no mesmo colégio da filha da empregada doméstica da família. Isso é democracia, que começa na igualdade de oportunidades de educação e saúde.

IGUALDADE – O mundo terá de caminhar nessa direção. No futuro, não pode mais haver colégios e hospitais exclusivamente para ricos, dotados da melhor tecnologia, com os pobres sendo atendidos em colégios e hospitais de baixa qualidade, sem especialistas para todas as doenças.

Igualdade, Liberdade e Fraternidade, pediam os revoltosos franceses, 250 anos atrás. Mas até hoje isso não existe, fazendo com que continue atual o conceito de Kenneth Clark (1903-1983). “Civilização? Sei bem o que significa, e nunca a encontrei. Mas sei que, se algum dia achar alguma, saberei reconhecê-la”, dizia o grande pensador britânico.

Na verdade, avançamos bastante em liberdade, mas igualdade e fraternidade continuam a ser um sonho, perguntem aos israelenses e palestinos.

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P.S. 1
Começamos o artigo falando em polarização, que sempre existiu e tão cedo não deixará de prevalecer, pois apenas significa que há dois grupos disputando o poder. A terceira via é apenas uma exceção ocasional, que não muda a regra da política rotineira, que implica em polarização.

P.S. 2 – E quando falamos nos portentosos Marx e Engels, faço a ressalva de que, na minha opinião, Engels é muito mais importante do que Marx. Lembrem que Engels era um rico aristocrata, filho de um dos primeiros empresários multinacionais do mundo, que tinha fábricas de fios e tecidos na Alemanha e na Inglaterra. Assim, ao defender os pobres, Engels estava desprezando seus próprios interesses pessoais e empresariais, enquanto Marx não tinha esse dilema, porque era de classe média baixa e aceitava que o amigo Engels o ajudasse a pagar as contas, fraternamente. (C.N.)

Lula convoca Haddad e Tebet para debater revisão de gastos

Mesmo após pressão, Lula sinaliza que cortes virão só em 2025

Mesmo após pressão , Lula sinaliza que cortes virão só em 2025

Pedro do Coutto

Os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet chegaram à conclusão de que existe um risco fiscal atingindo o país. É a soma das desonerações, isenções e outros benefícios fiscais que fazem com que a arrecadação não acompanhe as despesas. Reportagem de O Globo destaca o problema, acentuando a sua gravidade em função dos reflexos que pode causar e que precisam ser contidos em função dos fatores que geram esse desequilíbrio.

Diante da piora nas projeções do mercado para os principais indicadores econômicos do país, como inflação e juros, e da escalada do dólar, que chegou a R$ 5,42,  Haddad  e Tebet fizeram um alerta ao presidente Lula da Silva sobre a necessidade de readequar gastos e ouviram do chefe do Executivo a preocupação com o cenário, especialmente com o volume dos subsídios.

CORTES – Integrantes da equipe econômica relataram que Lula sinalizou estar aberto a discutir cortes de determinados tipos de despesas, mas a partir de 2025. Nenhuma medida concreta foi anunciada. O governo tenta avançar em alternativas para compensar a devolução da Medida Provisória do Pis/Cofins, que abriria espaço orçamentário.

Lula teve uma reunião nesta segunda-feira com os auxiliares da área econômica para discutir o cenário fiscal e possíveis medidas de reequilíbrio para as contas públicas. De acordo com os ministros, ele chamou atenção para aspectos ligados à perda de receita e ficou impressionado com o alto nível de subsídios existentes no país.

Esta foi a primeira reunião do presidente neste ano com a chamada Junta de Execução Orçamentária, composta pela Casa Civil e pelos ministros da área econômica, para rediscutir o cenário de receitas e despesas federais. A discussão é feita enquanto o governo é pressionado pelo mercado a tomar iniciativas de redução de gastos.

RENÚNCIAS – O ministro Fernando Haddad afirmou que, no plano da receita, há uma preocupação muito grande do governo com os R$ 519 bilhões em renúncias fiscais observadas em 2023. Além disso, Lula teria ficado surpreso com a queda da carga tributária no ano passado.

“A carga tributária no país caiu mais de 0,6% do PIB, o que foi considerado pelo presidente bastante significativo, à luz das reclamações que o próprio presidente nem sempre compreende de setores isolados que foram, enfim, instados a recompor essa carga tributária que foi perdida”, acrescentou o ministro. Citou a experiência do Rio Grande do Sul como exemplo, em referência ao Auxílio Reconstrução, um voucher de R$ 5.100 repassado pelo governo federal para as vítimas das enchentes que atingiram o estado no final de abril.

Lula recebeu o alerta da situação que se agravou nos últimos 12 meses, mas se dispõe a discutir cortes somente a partir de 2025. O PT, entretanto, considera a crise fiscal inexistente e defende os pisos salariais nos setores da educação e da saúde. O problema assim se agrava, pois qual o caminho que o governo poderá encontrar para enfrentar a crise que já está opondo o Ministério da Fazenda ao PT ? Alguma decisão de Lula terá que ser tomada. Não é possível manter-se afastado de uma questão fiscal difícil.

“Olha, lá vai passando a procissão, se arrastando que nem cobra pelo chão”, cantava Gil

Batucada homenageia o cantor Gilberto Gil | Frei Caneca FM

Gilberto Gil, um grande brasileiro

Paulo Peres
Poemas & Canções

O administrador de empresas, político, cantor, compositor e poeta baiano Gilberto Passos Gil Moreira, proporciona na letra de “Procissão” uma interpretação da religião, vista como ópio do povo e fator de alienação da realidade, segundo o materialismo dialético. A letra mostra a situação de abandono do homem do campo do Nordeste, a área mais carente do país. A música foi gravada por Gilberto Gil em compacto simples e no LP Louvação, em 1967, pela gravadora Unima Music.

PROCISSÃO
Gilberto Gil

Olha lá vai passando a procissão
Se arrastando que nem cobra pelo chão
As pessoas que nela vão passando
Acreditam nas coisas lá do céu
As mulheres cantando tiram versos,
Os homens escutando tiram o chapéu
Eles vivem penando aqui na Terra
Esperando o que Jesus prometeu

E Jesus prometeu coisa melhor
Prá quem vive nesse mundo sem amor
Só depois de entregar o corpo ao chão,
Só depois de morrer neste sertão
Eu também tô do lado de Jesus,
Só que acho que ele se esqueceu
De dizer que na Terra a gente tem
De arranjar um jeitinho prá viver

Muita gente se arvora a ser Deus
e promete tanta coisa pro sertão
Que vai dar um vestido prá Maria,
e promete um roçado pro João
Entra ano, sai ano, e nada vem,
meu sertão continua ao Deus dará
Mas se existe Jesus no firmamento,
cá na Terra isso tem que se acabar

Haddad anuncia o fim da gastança e a redução do déficit, mas ninguém acredita

GASTO PÚBLICO: em momentos de recessão o gasto público faz a economia crescer mais do que

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Vicente Limongi Netto

O ministro Fernando Haddad anuncia o fim da gastança. Espera-se que seja verdade, porque o bom exemplo vem de cima. Lula vai evitar hotéis suntuosos, nas viagens ao exterior. Dona Janja fica proibida de entrar em lojas luxuosas. Será que já mandou embaixadas e consulados reservarem pensões, pousadas ou hotéis mais baratos?

Se for assim, a comitiva de áulicos vai diminuir. Carros luxuosos para a delegação também sofrerão redução. O cerimonial recomenda trocar picanha pela mortadela. O espumante francês pelo vinho brasileiro. O povo também espera que magistrados federais parem de ganhar salários milionários e vantagens escandalosas, que humilham o cidadão desempregado ou mesmo aqueles que ralam com salários aviltantes.

FIM DA PICADA – O espalhafatoso senador Eduardo Girão(Novo-CE) é o fim da picada. Esmerado em papagaiadas eleitoreiras que apequenam a política. Há quem goste. Encantado pela demagogia e oportunismo, Girão fica indócil diante de holofotes. Arvora-se em dono da verdade. Fica à vontade, em destrambelhos. 

No passado, lembra a vigilante colunista Denise Rothenburg (Correio Braziliense – 18/06), o senador cearense meteu os pés pelas mãos, utilizando médicos contrários a vacina contra a covid-19. Um vexame! Agora, a nova pantomima de Girão foi em torno da assistolia fetal, um procedimento médico que consiste na aplicação de produtos químicos no feto para evitar que nasça com sinais de vida,

Girão comandou no plenário do Senado um espetáculo sem o necessário contraditório, reunindo apenas grupos defensores do projeto. A pueril encenação do prosaico Girão mereceu firme repúdio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. 

SAL GROSSO – O golaço do cerebral Ganso foi ofuscado pelo vexame do Fluminense contra o Atlético Goiano.  Atuação vergonhosa. Dentro e fora do campo. O time vai continuar amargando derrotas, sem Arias e André. Thiago Silva já viu que terá dificuldades na zaga.

Piorando o quadro medonho em Laranjeiras, Ganso não joga contra o Cruzeiro e mesmo que vença os mineiros, o Fluminense permanece na zona do rebaixamento. No lugar do alegre pó de arroz, o elenco precisa de sal grosso. Urgente. 

PL do aborto perde força após reação das ruas e a proposta pode ser adiada

A luta do pobre para construir sua casa, na poesia agreste de Mauro Mota

Tribuna da Internet | Uma rua morta, mas que revive no cheiro dos cabelos  das moças de outroraPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, jornalista, professor, memorialista, cronista, ensaísta e poeta pernambucano Mauro Ramos da Mota e Albuquerque(1911-1984), membro da Academia Brasileira de Letras, no poema “Construção”, fala da vida difícil dos moradores pobres do interior do país.

CONSTRUÇÃO
Mauro Mota

Vem vindo José Maria,
vem de São Bento do Una,
vestido de roupa cáqui
e de botinas reiúnas.

No conselho de família,
só encontra a hierarquia
do avô cabo de polícia.

O pai na barbearia
do povoado trabalha,
mal completa o pagamento
da prestação da navalha.

Vem vindo José Maria,
o amarelinho de São Bento
do Una, sem genealogia.

Vem montado no jumento.
Saiu da escola. (Não tinha
nem livros nem fardamento.
Aprendeu a ler sozinho.)

Oh, que infância sem infância,
essa do José Maria!

Entrava na terra o casco
do seu cavalo de pau,
que o cabo da enxada era
a escoiceante montaria.
Tirava leite das vagas,
mas o leite não bebia.
Os animais da fazenda,
com que doçura os tangia!
Carregava areia e lenha
com o gosto do engenheiro
que uma obra construía.

Foi bicheiro e negociante
de passarinhos na feira.
Vendeu frutas e roletas
nas festas da Padroeira.
Lavou frascos na botica,
lavou os pratos do hotel,
fez os serviços miúdos
da casa do coronel.

– Pega o carneirinho mocho
para Jorginho montar.
– Vê se a novilha cinzenta
já voltou para o curral.
– Leva o peru para a ceia
do Doutor pelo Natal.

Vem vindo José Maria
vem de São Bento do Una,
vestido de roupa cáqui
e de botinas reiúnas.

Puxa ainda o seu jumento,
remexe nos caçuás.
Carrega barro e madeira
para a construção que faz
com alicerces na poesia
dos desesperos rurais.

Lula tem de culpar Dilma e Mantega pela crise fiscal que está destruindo o INSS

junho | 2014 | Plataforma Política Social

Charge do Grego (Arquivo Google)

Carlos Newton

É a coisa mais comum dizer que petista não entende de economia. Realmente, contam-se nos dedos. E isso se deve à aversão e à inveja que Lula de Silva dedica a quem teve oportunidade de receber uma instrução melhor do que a dele. É compreensível, é humano, é normal. Todos temos recalques e complexos, o mito do Super-homem (Übermensch) só existiu nas elucubrações de Friedrich Nietzsche e nos quadrinhos de Joe Shuster e Jerry Siegel. Como definiu Umberto Eco, o Superman tem como principal motivação manter o status quo da sociedade que ele defende, nada a ver com os pobres e oprimidos.

No caso de Lula, ele é uma espécie de Superman às avessas,que sempre defendeu seus interesses pessoais à frente dos interesses da sociedade. Por isso, na ditadura ele aceitou ser agente do regime militar, infiltrado no sindicalismo para impedir Leonel Brizola de chegar ao poder.

AMIGO DOS BANQUEIROS – Depois, como criador e líder do PT, Lula jamais se preocupou com o partido e impediu a ascensão que quem pudesse sucedê-lo. No governo, alega estar preocupado com os pobres, mas todos sabem o que disse sobre ele o banqueiro Olavo Setubal, do Itáu. Realmente, Jamais houve um governo tão favorável aos bancos e às empreiteiras como Lula 1.

Depois dele, nunca mais os banqueiros se preocuparam com os lucros, garantidos com benesses como as chamadas Operações Compromissadas, que o governo da matriz USA se recusa a promover, mas são feitas diariamente aqui na filial Brazil.

Lula não se instruiu, porque tem preguiça de ler. Odeia discursos escritos, que lê monotonamente no teleprompter. Sem conhecimento específico, como conduzir a economia? Nem o verdadeiro Superman conseguiria.

RENÚNCIAS FISCAIS – Em entrevista coletiva, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, revelou nesta segunda-feira (dia 17) que Lula ficou “mal impressionado” com as renúncias fiscais no país, que chegam a quase 6% do PIB do Brasil.

Esse espantoso total corresponde a renúncias fiscais e benefícios financeiros e creditícios concedidos pelo governo federal. “Quando colocamos os três na ponta, a gente tem que somar os R$ 519 bilhões que o Haddad falou, dá um total de R$ 646 bilhões”, revelou.

E quem inventou essas renúncias fiscais, que impactaram tanto a Previdência Social? Ora, foi a dupla genial Dilma Rousseff e Guido Mantega, que se dizem especialistas em Economia e deram esse belo “presente” ao país.

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P.S. 1 –
“Ô, coitado!”, diria a comediante Gorete Milagres, com pena de Lula, pois o presidente não pode culpar Dilma e Mantega, que foram duas invenções dele. Lula deu prazo para os ministros Haddad e Tebet encontrem uma solução, que não existe, porque os grandes empresários beneficiados por renúncias e isenções fiscais são “amigos do amigo” e já cooptaram o Congresso e a imprensa. Neste bolo, encontra-se também o fermento dos produtores artísticos e culturais, que faturam milhões para fazer shows de baixo investimento.

P.S. 2 – Conclusão: o Brasil está de cabeça para baixo (ou ponta-cabeça, como dizem em São Paulo) e a culpa é desses falsos governantes que sucederam a Itamar Franco e não souberam exercer os podres poderes que Caetano Veloso tão bem interpreta. (C.N.)

Lula diz que discutirá gastos com Haddad e nega cortar despesas sociais

Uma desesperada canção de Mário de Andrade, em meio á solidão infinda

Carta em que Mário de Andrade comenta homossexualidade agora é do público |  SherelandPaulo Peres
Poemas & Canções

O romancista, musicólogo, historiador, crítico de arte, fotógrafo e poeta paulista Mário Raul de Moraes Andrade (1893-1945), no poema “Canção”, retrata sua vivência com a solidão, numa época em que o homossexualismo sofria impiedosa discriminação. 

CANÇÃO
Mário de Andrade

….de árvores indevassáveis
De alma escura sem pássaros
Sem fonte matutina
Chão tramado de saudades
À eterna espera da brisa,
Sem carinhos …como me alegrarei?

Na solidão solitude
Na solidão entrei.

Era uma esperança alada,
Não foi hoje mas será amanhã,
Há-de ter algum caminho
Raio de sol promessa olhar
As noites graves do amor
O luar a aurora o amor…que sei!

Não solidão, solitude,
Na solidão entrei
Na solidão perdi-me…

O agouro chegou. Estoura
No coração devastado
O riso da mãe-da-lua,
Não tive um dia! uma ilusão não tive!
Ternuras que não me viestes
Beijos que não me esperastes
Ombros de amigos fiéis
Nem uma flor apanhei.

Na solidão, solitude,
Na solidão entrei,
Na solidão perdi-me
Nunca me alegrarei.

Por favor, avisem a José Dirceu que “meu título de eleitor não é latrina”

Dirceu quer ser candiddato a deputado federal em Brasília

Vicente Limongi Netto

Leio que o probo e imaculado ex-presidiário José Dirceu foi recebido como paladino da moral e da ética pelos deputados da Câmara Distrital de Brasília (Eixo Capital – Correio Braziliense – 14/06). É abissal falta do que fazer, sintonizada com espetáculo degradante de patética bajulação coletiva.

A notícia da colunista Ana Campos salienta a estapafúrdia e destrambelhada declaração de amor do deputado petista Ricardo Vale, que considera Dirceu “uma liderança política com tanta importância para a história do Brasil”.

Valha-me, Deus! Que blasfêmia. O mais medonho, a meu ver, é imaginar que Zé Dirceu sonha em sair candidato, em 2026, por Brasília, para deputado federal ou senador. Declaro, de antemão, que meu título de eleitor é documento sério, não é latrina.

FORTE DECEPÇÃO – A jornalista Ana Dubeux (Correio Braziliense – 16/06) clama, indignada e decepcionada, “O Congresso que temos é o que queremos?”. A insatisfação de Dubeux é semelhante ao desgosto da maioria esmagadora da população. Com isenção, ela separa o joio do trigo:” É certo que temos honrosas exceções entre os políticos que hoje legislam. Mas sozinhos eles podem muito pouco para mudar a realidade”.

Nessa linha, Ana Dubeux protesta, energicamente, contra o desastroso projeto que propõe uma “pena desumana a mulheres e crianças que precisam – a palavra é essa! – passar por um aborto após a experiência traumatizante de um estupro”. A calamidade assombra os rasos argumentos dos legisladores. O bom senso precisa voltar aos corações dos políticos.

SANTIFICAÇÃO – Concordo com a indignação de Cláudio Magnavita (Correio da Manhã – 11/06). É inacreditável que o assassino confesso Ronnie Lessa, que matou a vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, vire figurinha carimbada na Globo e na Globonews.

Completa inversão de valores. Busca de audiência podre. O presidiário canastrão não demora será canonizado pelo Vaticano. Francamente.

Ministério intima a Rede Globo para explicar como “comprou” a TV Paulista

Patrícia Poeta Jornal NacionalCarlos Newton

Em decorrência da agitação política havida nas últimas semanas, jornalistas que têm acesso a fontes especiais em Brasília não tiveram conhecimento de que o Ministério das Comunicações, em iniciativa pouco comum e surpreendente, solicitou à TV Globo informações e documentos oficiais que esclareçam de vez a transferência do controle acionário da Rádio Televisão Paulista S/A para o empresário Roberto Marinho, que a transformou na TV Globo de São Paulo, canal 5.

A transferência de controle ocorreu ilegalmente durante o regime militar, porque Marinho necessitava de um canal de TV na capital paulista, para concorrer com a já formada Rede Tupi, criada pelo jornalista Assis Chateaubriand.

MANOBRAS – Em sucessivas manobras societárias, a custo zero, Roberto Marinho conseguiu transformar-se no único proprietário de todas as ações ordinárias e preferenciais da Rádio Televisão Paulista S/A, pertencentes a membros da família Ortiz Monteiro (52%) e a mais de 600 outros acionistas (48%).

Com esse objetivo, o empresário carioca fez constar em documentos públicos, em 1965 e 1976, que a maioria dos sócios fundadores da emissora estaria morta ou em endereços desconhecidos.

Nessa lista, distraidamente foram incluídos os nomes de políticos e de empresários de destaque, atuantes e que ainda estavam vivos e com muita saúde. Alguns só viriam a falecer décadas depois.

EXCLUSIVIDADE – A grande mídia, por razões óbvias, jamais publica nada a respeito. Por isso, podemos comunicar, com absoluta exclusividade, que o Ministério das Comunicações, por intermédio da Coordenadoria de Atos de Radiodifusão Privada, abriu o processo nº. 53.115.013493/2024-01, objetivando cumprir parecer da advogada da União Danielle Lustz Portela Brasil, para pôr fim à discussão sobre a legalidade dos procedimentos seguidos pela Administração Pública na transferência indireta daquela concessão de serviço público, na ditadura militar.

A advogada da AGU, que chefia a Coordenadoria Jurídica de Radiodifusão Comercial e Serviços Ancilares, deu a seguinte decisão:

“Com o objetivo de dirimir qualquer dúvida que possa existir sobre a matéria, sugerimos a intimação da Globo Comunicação e Participações S/A, beneficiária dos atos impugnados, para manifestação sobre as alegações da entidade. Depois, solicitamos à Secretaria de Radiodifusão que analise a regularidade dos procedimentos administrativos que envolveram a edição das Portarias 163/65 e 430/77, à luz dos fundamentos apresentados pelos interessados”.

TENEBROSAS TRANSAÇÕES – A situação está bem confusa, pois, em parecer datado de 2014, o mesmo Ministério das Comunicações frisou que “não compete a ele a análise dos documentos relativos às transações financeiras inerentes à compra e venda das ações da entidade, tampouco lhe cabe adentrar no mérito das decisões das assembleias, bastando-lhe, para a transferência indireta que ora se discute, nos termos da legislação em vigor, à época, a ‘apresentação de requerimento dirigido ao presidente do CONTEL (modelo 3), solicitando a transferência, instruído com a folha do Diário Oficial que publicar a Ata da Assembleia Geral Extraordinária que autorizou a Diretoria a requerer a transferência’, o que foi atendido”.

A convocação da AGE saiu publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo, em página interna e era praticamente imperceptível, pois tinha apenas cinco centímetros.

ASSEMBLÉIA DE DOIS – Assinale-se que a referida Assembleia-Geral Extraordinária, de 10 de fevereiro de 1965, que justificou a edição da Portaria 163/65, contou com a presença de apenas duas pessoas – o empresário Roberto Marinho e um único acionista, funcionário da Rádio Televisão Paulista S/A, portador de apenas duas ações e que, criminosamente, com documentação falsa, afirmou representar os acionistas majoritários controladores da sociedade e possuidores de 52% do capital total. 

Dois dos quatro acionistas majoritários já eram falecidos. Ou seja, se as procurações fossem verdadeiras, tinham perdido a validade.

Além disso, Roberto Marinho não conseguiu cumprir cláusula condicionante que exigia a comprovação do quadro de acionistas da empresa, num total de mais de 600, exigência que nunca foi cumprida. Por isso, teve de transferir ilegalmente para seu nome as ações de todos eles, em 11 de fevereiro de 1977 e juntou as cautelas com dados falsos ao processo administrativo do Ministério.

A HORA DA VERDADE – Se algum representante da TV Globo mentir perante o Ministério das Comunicações, poderá vir a responder por crimes de falsidade ideológica, uso de documento produzido com finalidade ilícita e, sobretudo, por nova tentativa de induzir outra vez o poder público a erro, beneficiando-se de explícita má-fé.

Segundo o parecer ministerial de 2014, os documentos da Globo foram aceitos porque a Administração Pública não teria obrigação de verificar a veracidade das informações, vejam a que ponto chegamos.

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P.S. – O Ministério das Comunicações, depois de décadas de silêncio e de manifestações controvertidas, somente agiu agora porque foi convidado a dar explicações e justificativas sobre esse imbróglio todo à Procuradoria-Geral da República, onde tramita pedido de providências por possível omissão e até ato comissivo. E como dizia Adhemar de Barros, desta vez vamos. (C.N.)

Jogo sujo! Lira escolhe a evangélica Benedita da Silva para relatar projeto do aborto

Tietagem a Lira prenuncia chance de reeleição histórica - Diário do Poder

Lira sabe que Benedita, como evangélica, é contra o aborto

Roberto Nascimento

A consagrada escritora Simone de Beauvoir disse que basta uma crise econômica, política ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados pelos homens. Por isso, elas precisam se manter vigilantes. Uma verdade inquestionável de Simone de Beauvoir, que é símbolo da luta pelos direitos das mulheres.

Na trilha aberta pela escritora francesa, as mulheres aprenderam a se defender e não estão de bobeira. No final de semana, houve manifestações em muitas cidades do país. Em São Paulo, as ativistas ocuparam a Avenida Paulista em protesto contra os deputados Sóstenes Cavalcante e Arthur Lira, criador e patrocinador desta sandice contra as mulheres. E a campanha contra o projeto será cada vez mais forte.

REAÇÃO FORTE – No Congresso, os parlamentares estão apavorados com a reação das mulheres e também dos homens que têm humanidade em seus corações, que apoiam a causa feminina e defendem os direitos que elas conquistaram ao longo do tempo.

O autor desse projeto da criminalização do aborto é o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), representante do segmento evangélico. Entrevistado pela jornalista Andréia Sadi, disse que vai propor para estuprador a pena máxima de 30 anos, mas não pretende reduzir a pena que sugeriu para punir a mulher que aborta, que no projeto é de 20 anos.

Não contente com essa insanidade absoluta, Sóstenes disse à repórter Andréi Sadi que pretende testar o presidente Lula, que assinou uma carta para os evangélicos em 2022, assegurando ser contra o aborto. Se Lula vetar a lei, vão espalhar na Internet que o presidente é mentiroso e não merece confiança.

URGÊNCIA INDEVIDA – Por manobra do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi aprovada urgência para o projeto, que assim vai direto ao plenário, sem passar pelas comissões técnicas. Maia errou também ao escolher a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) para relatar a proposta. Ela é evangélica e ativista contra o aborto.

O fato concreto é que as esquerdas e o governo estão sendo covardes, ao não defender com o devido empenho os direitos das mulheres. Somente no fim de semana Lula tocou no assunto, criticando o  projeto.

Mas quem sabe o que a mulher deseja fazer com o seu corpo são elas e não os homens, que não conhecem nem eles próprios. A lei em vigor hoje é muito melhor do que o projeto. Mesmo que escalem parlamentares que sejam pastores retrógrados para fazer lobby no Congresso, não se pode aceitar que eles queiram agravar e piorar a legislação pertinente.

Lira recua e afirma que lei sobre aborto não será descumprida

Para deputado, aprovação da urgência não signiifca consenso

Pedro do Coutto

Se não fosse o recuo do presidente da Câmara, Arthur Lira, causado pela pressao da opinião pública, entraria na ordem do dia das votações um projeto totalmente absurdo que estabelecia pena de prisão maior para mulher, vítima de estupro, e que faz o aborto, do que para o próprio criminoso. Reportagem de O Globo assinala que se permanecesse o projeto original, esse fato colocaria o Brasil na contramão do mundo.

Arthur Lira minimizou nesta quinta-feira a aprovação da urgência do projeto que trata do aborto e disse que é o relator quem dará “o tom” do texto final. “O sentimento da casa não é para avançar para liberação do aborto e também não é para descumprir os casos que já são permitidos hoje em lei”, disse ele em entrevista coletiva à imprensa. O Projeto de Lei 1904 quer colocar um teto de 22 semanas na realização de qualquer procedimento de aborto em casos de estupro no Brasil. O objetivo da proposição é equiparar a punição para o aborto à reclusão prevista em caso de homicídio simples.

SITUAÇÕES – Hoje, o procedimento só é permitido em três situações, os quais são a gestação decorrente de estupro, o risco à vida da mulher e a anencefalia fetal. Os dois primeiros estão previstos no Código Penal de 1940 e o último foi permitido via decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em 2012. Para todos esses cenários, não há limite da idade gestacional para a realização do procedimento. É incrível como a capacidade destrutiva pode ser viabilizada num lance parlamentar. O recuo finalmente salvou a situação e impediu com que o país caísse na teia do absurdo.

Também sob pressão da opinião pública, o governo assumiu outra posição, agora contrária à omissão que marcava o seu comportamento anterior. Lula da Silva afirmou neste sábadoque considera uma “insanidade” a possibilidade de punir uma mulher estuprada que comete aborto com uma pena maior do que a aplicada ao estuprador. Lula deu a declaração ao ser questionado sobre sua posição a respeito do projeto em análise na Câmara dos Deputados.

“Eu sou contra o aborto. Entretanto, como o aborto é a realidade, a gente precisa tratar o aborto como questão de saúde pública. Eu acho que é insanidade alguém querer punir uma mulher numa pena maior do que o criminoso que fez o estupro. É no mínimo uma insanidade isso”, disse. Foi a primeira manifestação do presidente a respeito do mérito do projeto.

CORTES – Enquanto isso, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga numa entrevista ao O Globo de ontem, sustenta a tese de que os cortes nas despesas públicas devem atingir principalmente o setor previdenciário e os salários do funcionalismo público. É sempre assim, quando há necessidade de redução de gastos, ninguém fala nas desonerações e nos benefícios fiscais existentes.

Na Previdência Social o absurdo é maior porque as contribuições são tanto patronais como por parte dos trabalhadores e trabalhadoras. São compromissos que venceram e que no caso da Previdência os que têm direito a ela estão resgatando um tipo de apólice que constituíram a partir do momento que iniciaram a sua contribuição. Esse pensamento é negativo para as classes trabalhadoras e não para os beneficiários de incentivos fiscais, desonerações e omissões de pagamentos não feitos. Não se fala em levantar dívidas das empresas para com a Previdência Social. Fala-se apenas em cortar direitos. São esses fatos que criam uma situação de desequilíbrio social enorme no país.

“Vou-me embora pra Pasárgada”, bradou Manuel Bandeira, vergado pela tuberculose

Eu gosto de delicadeza. Seja nos gestos,... Manuel Bandeira - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O crítico literário e de arte, professor de literatura, tradutor e poeta pernambucano Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho ficou conhecido como Manuel Bandeira (1886-1968). “Vou-me embora pra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação de toda minha obra”, explicava o poeta, salientando que, “vi pela primeira vez o nome Pasárgada, que significa campo dos persas, quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego e isto suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do subconsciente esse grito estapafúrdio: “Vou-me embora pra Pasárgada!”.

VOU-ME EMBORA PRÁ PASÁRGADA
Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha falsa e demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as hitórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Paságarda tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
– Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora para Pasárgada.