Desenvolvimento exige que salários atendam minimamente às necessidades da população

Arquivo do Google)

Charge do Bruno Galvão (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

De uns tempos para cá, todos tratam a questão da desigualdade social como o principal entrave para o desenvolvimento do país e da melhoria das condições da vida da população, objetivo que precisa sempre estar na pauta prioritária dos governos. Porém, é preciso destacar que a desigualdade social dificilmente será eliminada do cenário brasileiro enquanto todos os vencimentos atendam minimamente todas as necessidades básicas dos seres humanos, afastando-os da pobreza e da miséria absoluta.

No futebol, por exemplo, a desigualdade existe, e numa equipe nem todos ganham mensalmente o mesmo valor. Entretanto, todos os jogadores se esforçam com a mesma intensidade para o time obter a vitória. Mesmo os atletas que recebem menos, por sua presença e esforço, têm garantido uma base para as suas vidas, o que não acontece com as demais atividades de trabalho, de forma geral.

EMPENHO – É claro que o futebol, como outras atividades, incluem pessoas mais ou menos gabaritadas para as funções desempenhadas, assinalando até a sua arte nas jogadas. A diferença se estabelece entre uns atletas e outros, mas todos se empenham com a mesma vontade.

Em outras tantas atividades de trabalho, porém, isso não ocorre, pois por mais que se empenhem os que ganham menos, não conseguem alcançar, infelizmente, o nível mínimo para manterem as suas vidas fora da fome e das carências cada vez maiores que atingem a maior parte da população brasileira.

Logo, a questão não é a desigualdade, mas a base mínima suficiente para que milhares de homens e as mulheres, famílias com seus filhos, consigam sobreviver dignamente, Além disso, a desigualdade não é a única explicação para os entraves no desenvolvimento do país. É preciso não esquecermos, principalmente, da necessária redistribuição de renda. Portanto, o compromisso com a democracia inclui também a parte social, sem a qual nenhum governo consegue cumprir a sua tarefa.

DIVERGÊNCIAS – O ministro Fernando Haddad queixou-se em entrevista ao jornal O Globo de algumas alas do PT. Já parte da legenda divergiu do ministro da Fazenda que disse que seus críticos dentro PT não podem celebrar um resultado econômico bom ao mesmo tempo que o chamam de ‘austericida’.

A fala de Haddad sobre as críticas que o PT tem feito à política econômica repercutiram no partido, a exemplo do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), vice-líder do governo no Congresso, que criticou a condução do governo federal na economia, em especial a definição da meta de zerar o déficit fiscal em 2024. Já o líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu, afirmou à rede CNN que as críticas são feitas por uma minoria de partidários.

A tempestade, assim, começa a prejudicar o trabalho do próprio governo que se originou das urnas, elegendo Lula da Silva como a solução – o que é verdade – para assegurar o regime democratico no país, como todos sabem ameaçado pela orquestração da invasão e pelas depredações de Brasília na triste data de 8 de janeiro de 2023.

Uma homenagem aos bacharéis do samba, pelo compositor René Bittencourt 

René Bittencourt - MPB CIFRANTIGAPaulo Peres
Poemas & Canções

O empresário artístico, jornalista e compositor carioca René Bittencourt Costa (1917-1979), parceiro de Noel Rosa, Custódio Mesquita, Francisco Alves, Perterpan e muitos outros, compôs uma samba especial em homenagem às grandes escolas cariocas de sua época.

BACHAREL DO SAMBA
René Bittencourt

Eu sou bacharel,
(em que ?)
Eu tenho diploma,
(de que ?)
Eu tenho um anel,
(de que ?)
De samba.

Nasci no São Carlos,
Cresci no Salgueiro,
Já fui batuqueiro,
De Vila Isabel,
Porém na Mangueira,
Fui craque e passista,
Já fui ritmista,
de Padre Miguel.

Também na Portela,
Que é perto de casa,
Mandei minha brasa,
Brinquei pra valer,
Agora mais velho,
Falando mais sério,

Parei no Império,
Já posso morrer.

Lula manda o PT atacar Haddad, que tenta evitar que o Brasil se torne uma Argentina

Haddad promete cortar R$ 150 bilhões em benefícios fiscais a empresas |  Brasil e Política | Valor Investe

Haddad agora está sendo atacado pelos Três Patetas do PT

Carlos Newton

Como diria Ataulfo Alves, a incompetência dessa gente é uma arte. Quando o mercado financeiro e o empresariado passaram a apoiar o governo incondicionalmente, em função dos avanços dos índices, que quase fizeram o Brasil ser laureado como “o país do ano”, troféu ganho pela Grécia, o próprio presidente Lula da Silva decide mergulhar o país numa grave crise, que pode levar à demissão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o grande fiador do governo junto à iniciativa privada.

Ao invés de aproveitar o momento propício e iniciar o segundo ano de mandato em grande estilo, Lula está jogando tudo por terra, ao mandar o PT atacar a política econômica, através de seus serviçais – Gleisi Hoffmann, presidente do partido, seu companheiro Lindbergh Farias e o líder do governo José Guimarães, aquele deputado dos dólares na cueca.

BATENDO PESADO – Desde o início do governo, Lula vem se manifestando contra o teto de gastos e o déficit zero. Cansou de criticar, porque ninguém levava a sério suas “teorias”; a equipe econômica, liderada por Haddad e Bernard Appy, secretário de Reforma Tributária, nem lhe dava atenção e simplesmente seguia adiante.

Lula, é claro, sentiu-se desprestigiado, Como explicar a Janja da Silva que seus principais auxiliares não obedecem às suas ordens? E assim o presidente passou à ofensiva, escondido atrás de seus três mosqueteiros (ou três patetas), que estão atacando Haddad impiedosamente desde a reunião do Diretório Nacional do PT em Brasília, dia 8 de dezembro.

A pauta do encontro, com mais de mil participantes, era a estratégia das eleições municipais. Sentado à mesa diretora ao lado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o ministro da Fazenda foi surpreendido quando a deputada passou a ler uma Resolução da Executiva do PT contra o arcabouço fiscal, o teto de gastos e o déficit zero.

JOGADO ÀS FERAS – Haddad, que se preparara para falar sobre estratégia eleitoral, teve de mudar a pauta e ensinar economia a quem nada entende do assunto. Explicou que nas gestões anteriores de Lula, em que houve superávit primário de 2%, a economia cresceu, em média, 4%.

“Não é verdade que déficit faz crescer. De dez anos para cá, a gente fez R$ 1,7 trilhão de déficit e a economia não cresceu. Não existe essa correspondência, não é assim que funciona a economia”, tentou esclarecer o ministro, enquanto  Gleisi Hoffmann fazia caras e bocas, tentando ridicularizá-lo.

Haddad não recuou e neste final de ano deu uma longa entrevista ao Globo defendendo a política econômica. Lula então ficou furioso e mandou Gleisi, Lindbergh e Guimarães reforçarem os ataques, para enfraquecer o ministro, que é o grande destaque do governo. E a ofensiva começou nesta terça-feira, no Estadão.

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P.S. 1 –
É claro que isso não pode acabar bem. Desestabilizar Haddad significa perder o apoio do mercado financeiro, dos investidores e dos empresários. A dívida pública vai aumentar e o Banco Central terá de aumentar os juros, para financiá-la. Portanto, sob influência de Janja da Silva, que se julga uma sumidade intelectual, este governo não vai longe.

P.S. 2 – Dá saudades de dona Marisa Letícia e de Rosemary Noronha, que exerceram a função de primeiras-damas sem se intrometerem no governo. Dona Marisa morreu, mas Rosemary continua por aí, como um pote até aqui de mágoa, mas as finanças vão bem, pois o ex-companheiro não deixa que nada falte a ela. Como dizia Ibrahim Sued, em sociedade tudo se sabe. (C.N.)

Saudade do tempo em que ministro do STF podia sair às ruas, porque não era odiado

Impeachment é para quem dá as costas para Constituição, como Bolsonaro, diz ex-ministro do STF - 17/01/2021 - Poder - Folha

Ayres Britto, total respeito à Constituição

Vicente Limongi Netto

Justos elogios de Ana Dubeux (Correio Braziliense – 31/12) ao ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Ayres Brito. Poeta, democrata e patriota. O sergipano Ayres Brito sempre esteve na linha de frente dos bons combates. Lúcido, agradável e competente. Foi dos áureos tempos da Suprema Corte valorosa, quando era respeitada pelos brasileiros.

Quando ministros podiam ir, sossegados e sozinhos, na padaria, no boteco tomar um chope ou ir ao shopping. Colega de expoentes como Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Joaquim Barbosa, Carlos Velloso e Sepúlveda Pertence (no céu). Tempos saudosos que não voltam.

Gabriel e Gérson, inteiro, aos 83 anos

SEM ANCELOTTI – Aves agourentas lamentam que o italiano Carlos Ancelotti não vem treinar a seleção. E daí? Timeco do quanto pior, melhor, quer a saída do interino Fernando Diniz. Deixem o moço trabalhar em paz. Derrotas da seleção em 2023 não significam o fim do mundo. A caminhada é árdua, as vitórias virão. A seleção terá mais tempo para treinar. Jogadores importantes estarão de volta ao elenco. Seleção em busca do sonhado hexa precisa de harmonia. Intrigalhadas atraem fracassos.

Niterói em festa. Dia mais do que estrelado na rua Olavo Bastos. Gabriel Marques Limongi, 17 anos, morador em Manaus, feliz e sorridente por ver o sonho realizado, foi conhecer, abraçar e conversar com o ídolo dele, o cerebral e eterno Gerson Nunes, “Tesouro nacional”, na marcante e verdadeira definição do Rafael, pai do Gabriel.

Respeito e aplausos para Gerson, o inigualável e eterno canhotinha de ouro do tri, meu amigo, irmão, camarasa, completando 83 anos no próximo dia 11.

Gerson declarou, saudando Pelé: “Um Rei não morre. Um Rei apenas descansa”. Passados 60 anos, Gerson continua fazendo falta, sem substituto à altura, no meio de campo da seleção pentacampeã. Grande figura. Valoroso amigo.

TERNO DA POSSE – O Correio Braziiense bateu o martelo( 01/01). Davi Alcolumbre pode mandar fazer o terno de posse. Não tem para ninguém. Já está eleito presidente do senado. Fim de papo. Estamos conversados. Matéria inacreditável, assinada por dois repórteres, que ficam devendo aos leitores melhores argumentos, por terem colocado Alcolumbre puxando a fila para ser enviada ao Vaticano para ser canonizado.

Pintaram Alcolumbre como exemplo de postura ética. Não se deram ao básico trabalho jornalístico de ouvir opiniões de outros senadores, ou líderes partidários. Tido como amapaense casto e trabalhador, mereceria um altar nas igrejas, mas na verdade Alcolumbre é o que há de pior na política brasileira. O busto de Ruy Barbosa, dentro do plenário do Senado, fecha os olhos de vergonha quando Alcolumbre passa.

A política brasileira é patética, imunda  e hipócrita. Deputado bolsonarista é agredido, com tapa, por petista, e ainda corre o risco de ser cassado.

O Brasil está seguindo em frente e deixa a era Bolsonaro para trás

Bolsonaro tornou-se inelegível para alegria de grande parte da sociedade

Marcelo Copelli

No início de 2023, o atual presidente da República, Lula da Silva, chegava ao seu terceiro mandato com a promessa de cuidar das pessoas e dedicar-se à reconstrução do Brasil após uma gestão de devastação promovida pelo mandatário anterior derrotado nas urnas.

Em uma derradeira tentativa de impedir o caminhar democrático, bolsonaristas invadiram e depredaram Praça dos Três Poderes, o Supremo e o Congresso, ratificando que a polarização ainda haveria de perdurar ao longo dos próximos meses. Ao mesmo tempo, o que se observou foi o gradual apagamento da imagem e das articulações políticas do ex-presidente Jair Bolsonaro, até mesmo em virtude dos processos e das decisões judiciais que o tornaram inelegível por alguns anos, durante os quais, para o bem de muitos, estará impedido de concorrer ao Planalto ou a outros cargos políticos.

POLARIZAÇÃO – Ainda que novas ações tenham sido registradas no tabuleiro político, o bolsonarismo mostra que ainda sobrevive e se motiva por aspirações nas próximas jogadas. Em tradução simultânea, o extremismo e a polarização não foram riscados do plano atual, apenas se movimentam de outra forma.

Isso, entretanto, não se tornou obstáculo para que Lula obtivesse vitórias, a exemplo  da recente reforma tributária, o “arcabouço fiscal” e a consequente subida do rating da dívida brasileira. Agora, em 2024, após um ano do início do seu novo mandato, Lula estará na mira de novos balanços e avaliações, diante de um cenário que ainda avalia conquistas e derrotas, promessas cumpridas e outras que ainda estão por se concretizar. Mas o país segue  em frente, a cada dia deixando as más lembranças da gestão anterior e de seu representante maior no passado.

Para poetas como Cassiano Ricardo, a inspiração pode vir de qualquer coisa

Cassiano Ricardo (Desejo) | Oceano de LetrasPaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, ensaísta e poeta paulista Cassiano Ricardo (1895-1974), da Academia Brasileira de Letras, no poema “Viajam as Palavras”, demonstra que a inspiração pode estar em todo canto, até mesmo viajando na trepidação do trem de ferro. que modifica o sentido de tudo, inclusive, das palavras.

VIAJAM AS PALAVRAS
Cassiano Ricardo

Passageiros, formo como que um diagrama
entre o céu tremido e o jornal que a trepidação
do trem sacode em minhas mãos.

A paisagem me vem oferecer seus buquês
roxos e cor de ouro
mas foge, arrependida.

Vistos, de longe, de passagem,
todos os rostos são amigos, são iguais.

Só que depois, em minha memória,
que estará rolando ainda esta paisagem
impressa em mim, à minha saudade
como um quadro à parede.

O possível desastre
faz cantar, como uma carretilha ao meu ouvido,
o pássaro do adeus.
O trem de ferro desloca o sentido das coisas.
Viajam as palavras.

Lula afronta o Congresso e a sua MP da “Reoneração” será facilmente rejeitada

Mensagem de fim de ano de Lula - YouTubeCarlos Newton

Neste final de ano, a medida provisória de Lula da Silva e Fernando Haddad estava causando mais expectativa do que a Megasena da Virada, porque o governo tem um defeito enorme, que emana da figura do presidente da República e contamina os escalões inferiores. É um fato desabonador, porque Lula se perde pela vaidade, ao se considerar o melhor político e estadista da História, por ter sido um operário que chegou ao poder num país da importância do Brasil.

A capacidade de exagerar em suas declarações chega a ser constrangedora. Há alguns anos, proclamou ser a alma mais honesta deste país, para depois ir passar 580 dias na cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, até que os ministros do Supremo inventaram uma maneira de libertá-lo por “incompetência territorial absoluta”, um tipo jurídico que não existe no Direito Penal, somente aplicável no Direito Imobiliário.

MAIS MENTIRAS – Agora Lula volta a espantar a concorrência, ao dizer que não existe quem acredite em Deus mais do que ele, O fato é que o petista está acostumado a mentir desde os tempos em que trabalhava como informante da ditadura militar, dedurando os próprios amigos de sindicato, conforme relata o livro “Assassinato de Reputações”, escrito pelo delegado federal Romeu Tuma Júnior, cujas denúncias Lula jamais teve como contestar.

Quem é capaz de mentir assim, com tamanha abrangência, certamente acha Abraham Lincoln ridículo e pensa que pode enganar a todos, o tempo inteiro. Tanto assim que uma das mentiras mais interessantes de Lula refere-se justamente a Lincoln. Há alguns anos o petista declarou que enfim tinha lido um livro – a biografia do presidente americano.Para comprovar ter lido, disse que a parte que mais o impressionou foi quando Lincoln esteve na estação ferroviária para esperar um telex.

Este relato provou que Lula não lera o livro, apenas assistira ao filme de Steven Spielger, porque a cena mencionada não existe na biografia, foi inventada pelo roteirista Tony Kushner. E o pior é que nem existia telex na época, Lincoln tinha ido ao telégrafo.

CONTINUA MENTINDO – O tempo passa e Lula continua exagerando em tudo o que diz ou faz. Vive falando em composição com o Congresso, em união de esforços com o Supremo, mas é tudo conversa fiada. Na verdade, não sabe atuar em conjunto e não tem respeito pelos outros Poderes. Agora, sem negociar, mandou ao Legislativo uma medida provisória alterando a desoneração tributária.

Mais uma afronta aos parlamentares, exatamente quando o Congresso se tornou um pote até aqui de mágoa com o Planalto e o Supremo. Assim, a medida provisória tem chance zero de ser aprovada e foi um erro, porque aumentou ainda mais o clima de desânimo na base aliada.

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P.S. –
A deputada Any Ortiz (Cidadania-RS), relatora da lei que prorrogou a desoneração da folha de pagamentos, disse à CNN que o governo “contrariou a vontade do Congresso, que representa a totalidade dos brasileiros”, e “causou uma enorme insegurança jurídica”.  (C.N.)

Com saldo positivo, Lula enfrentará novos desafios e precisa de soluções concretas

Governo ainda não ultrapassou a fronteira de um país dividido

Marcelo Copelli

O terceiro mandato do presidente da República, Lula da Silva, encerrou o seu primeiro ano com o destaque para o retorno do país ao protagonismo internacional. Ainda que seja notório o clima de polarização que ainda perdura entre o atual governo e a oposição derrotada nas urnas, é inegável a saída do ostracismo no qual o Brasil mergulhou  e que permeou a antiga gestão ao longo de quatro anos.

Hoje, o diálogo entre o atual governo e diversos segmentos se mostra mais intenso, caracterizando-se de forma fundamental nas ações do Executivo, que demonstramaior habilidade , flexibilidade e disposição para negociar, recuar e ouvir. A abertura para a convergência tem se mostrado presente, tendo na política, e não no presidente, o epicentro das articulações. E isso não só evita um desgaste mais intenso do mandatário, mas o expõe menos, o que representa uma condição providencial diante de um país ainda dividido.

CONCESSÕES – Evidentemente, o ano que terminou também foi um período de concessões e resiliência no cenário político. Porém, o governo fechou com um saldo mais positivo de vitórias do que de obstáculos não superados, tendo em vista que a sua agenda prevaleceu, ainda que não dispondo prontamente de uma maioria no Congresso.

Lula também conquistou duas novas vagas no estratégico STF e nas relações com a mídia articulou com vantagens. Na contabilidade geral, internacionalmente, também houve tropeços, a exemplo da recepção de Maduro com honras de chefe de Estado, a normatização da invasão da Ucrânia pela Rússia, a incitação de Israel, confrontando os americanos, entre um ou outro malfadado discurso.

ALINHAMENTO – A esperada mágica do crescimento ainda não decolou. E, diante de algumas incertezas no setor privado, que enxerga desequilíbrio a médio prazo, o ano se inicia sem entusiasmo explícito na economia. Por isso, ações concretas serão exigidas para que o cenário econômico, de fato, se alinhe às promessas de campanha.

Além disso, a sociedade também aguarda significativas mudanças no que tange à segurança pública, à saúde e à educação, sobretudo. Lula agora terá que atravessar o caminho sem falhar, baseado em toda a sua experiência de mandatos anteriores, mas ciente de que os desafios agora  são outros

Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você tem de merecê-lo

Frases de Carlos Drummond De Andrade - Boa tardee..!! | FacebookPaulo Peres
Poemas & Canções

O bacharel em farmácia, funcionário público, escritor e poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) é um dos mestres da poesia brasileira. O significado principal do poema “Receita de Ano Novo” está em olhar para dentro de si mesmo e sentir-se, realmente, apto para ganhar uma belíssima passagem de ano.

RECEITA DE ANO NOVO
Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Em 2023, a TV Globo ganhou os melhores presentes do governo Lula e do Supremo

A entrevista de Ciro ao JN e o ódio da Globo à soberania popular - O Cafezinho

Charge do Kayser

Carlos Newton

Este primeiro ano do novo governo Lula da Silva foi particularmente proveitoso para a Organização Globo, que nos quatro anos da gestão de Jair Bolsonaro teve contestado seu poder político e econômico, com redução dos repasses das  generosas verbas publicitárias do governo federal e de suas estatais.

Durante o governo Bolsonaro, a Record esteve na frente: entre 2019 e 2022, recebeu 272,2 milhões de reais em propaganda do Planalto contra 263,6 milhões de reais da Globo e 232,2 milhões de reais do SBT.

GLOBO PRIVILEGIADA – Com a volta de Lula ao poder, a situação se inverteu e a Globo voltou ao primeiro lugar de forma hegemônica, com seus repasses aumentando 20% no período de janeiro a outubro, superando amplamente a soma do faturamento de todos os demais 21 grupos de mídia listados na Secretaria de Comunicação do Planalto.

Ou seja, o Planalto agora destina verbas à Globo como se ela concentrasse permanentemente 60% da audiência, uma premissa que absolutamente não é verdadeira, muito pelo contrário, mais parece a Piada do Ano.

Assim, Bolsonaro errou ao privilegiar Record e STB, e agora Lula erra ao superdimensionar injustificadamente a audiência da Globo, Aliás, em 2023 a generosidade do Planalto com os irmãos Marinho foi ainda maior, levando-se em conta outros repasses para mídia impressa, internet e rádio, assim como a publicidade paga pelas estatais do governo federal.

SUPREMO APOIA – Além de apoiada pelo governo federal, a Organização Globo também recebeu em 2023 o providencial amparo do Supremo Tribunal Federal, justamente quando se avolumavam centenas de processos trabalhistas milionários, movidos por atores, diretores, jornalistas, técnicos etc., que tinham contratos pejotizados.

Este ardiloso sistema, que cria falsas pessoas juridicas, aliviava a Globo do pagamento de 20% da folha salarial ao INSS e reduzia o lucro operacional para pagar menos Imposto de Renda, além de evitar pagamento de FGTS, décimo terceiro salário, adicional de férias e outros compromissos.

A Segunda Turma do Supremo, ao julgar o caso de um médico pejotizado, considerou válida a situação. Depois, a primeira Turma fez o mesmo, unificando a jurisprudência e legalizando a fraude fiscal que tanto prejuízo trouxe e traz aos cofres públicos.

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P.S. 1
É por isso que o apresentador do Jornal Nacional, William Homer, esforça-se tanto para apoiar incondicionalmente o Planalto e o Supremo. Ele diz que seu telejornal é destinado a espectadores como Homer Simpson, mas deveria se envergonhar disso, porque é apenas uma falsa justificativa para conseguir lavar as mãos em meio à imundície, como faria Poncio Pilatos.

P.S. 2 – Nos dois artigos que escrevi sobre os milagres contábeis da Organização Globo, deixei de mencionar o impressionante desempenho de uma das empresas dos filhos de Roberto Marinho, a GME Marketing Esportivo Ltda. Em apenas quatro meses, o patrimônio líquido desta desconhecida ex-microempresa valorizou-se em mais de R$ 300 milhões, conforme consta nas páginas 2 e 3 do parecer da consultoria Planenge. E outro dia li que a Promotoria Distrital de Nova York ainda não deu por concluída a investigação denominada “Fifagate”, sobre corrupção no futebol, que envolvia diretamente a Globo. O intermediador dos irmãos Marinho, conhecido como J. Hawilla, já morreu, mas deixou um passado de glórias. Vamos aguardar, portanto. (C.N.)

Que 2024 realmente venha repleto de esperança para todos

A morte da Esperança, bem no fim do ano, na poesia dramática de Mário Quintana

AS MAIS LINDAS FRASES SOBRE A VIDA - MARIO QUINTANA (frases,citacões,uma linda reflexão de vida) - YouTubePaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, tradutor e poeta gaúcho Mário de Miranda Quintana (1906-1994), constrói o poema no 12º andar do prédio, numeral que significa o mês de dezembro, no local onde uma mulher/criança espera o Ano Novo, simbolizado por seus olhos verdes, de um verde que significa esperança, a esperança de uma vida melhor. 

ESPERANÇA
Mário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
– Ó delicioso voo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…

E em torno dela indagará o povo:
– Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
– O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…

Receita se omite e mídia tenta esconder “maquiagens contábeis” da Rede Globo

Globo consegue tomar no Judiciário casa com pix errado de R$ 318 mil

Reprodução do Arquivo Google

Carlos Newton

Conforme informamos neste sábado, com as grotescas maquiagens contábeis da Organização Globo, realizadas entre dezembro de 2005 e setembro de 2006, com utilização de empresas de fachada, tidas como “investidoras”, o grupo criado por Roberto Marinho aumentou artificialmente seu capital real em cerca de R$ 4 bilhões.

Para concretizar a manobra, foi utilizada a intermediação de uma empresa de ocasião, a GME Marketing Esportivo Ltda, registrada em fevereiro de 2002 na Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro, com capital de apenas R$ 10 mil. Seus sócios iniciais, José Manuel Aleixo e Marcelo Campos Pinto, eram empregados do Grupo Globo, e apenas cumpriam ordens.

DEPOIS DA FESTA –Na condição de sócia da GME desde dezembro de 2003, a TV Globo Ltda, sucedida pela Globopar S/A, em abril de 2006 alterou o capital da microempresa esportiva para a estratosférica quantia de R$ 5,526 bilhões. Foi um passe de mágica, executado pelos irmãos ilusionistas Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho.

Após concretizada a maquiagem contábil, Aleixo e Pinto foram excluídos da empresa, extinta em 1º de setembro de 2006, e receberam de volta os R$ 10 mil de que se valeram para a abertura da GME Marketing Esportivo Ltda, à semelhança daquela personagem Viúva Porcina, que foi sem nunca ter sido.

A Organização Globo, no caso, seguindo roteiro “fora da curva”, transferiu para si mesma “o bilionário patrimônio líquido da GME” que já era só dela, e que lhe foi “devolvido” com um aumento de capital bastante expressivo, de RS 4 bilhões, cuja origem os documentos examinados não explicam, e a Tribuna da Internet, em nome da liberdade de imprensa, abre espaço a quem tiver algum esclarecimento a prestar.

CONCESSÃO DAS TVS – Não se pode esquecer que na mesma época, em 2007, a Globopar S/A (sucessora da TV Globo Litda) requereu à Presidência da República a renovação das concessões dos canais de televisão da Rede, situados em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Brasília.

Nos documentos para as concessões, estrategicamente deixou de informar que a totalidade do capital da antiga TV Globo Ltda, que fora transferido à Globopar e à empresa de fachada Cardeiros Participações S/A. já tinha sido transferida para as holdings dos irmãos Marinho (RIM 1947 Participações S/A, JRM 1953 Participações S/A e ZRM 1955 Participações S/A), no início de 2006, em desrespeito à lei, sem a prévia aprovação do Ministério das Comunicações.

Diante dessa confusa suruba empresarial e contábil, fica demonstrado que a Organização Globo e os irmãos Marinho ainda dominam esta República e estão acima da lei e da ordem. As concessões foram renovadas por Lula sem ressalvas, e mais recentemente por Bolsonaro, ganhando vigor até 2037.

E A RECEITA FEDERAL – De vez em quando, saíam na imprensa pequenas notícias de que as maquiagens contábeis da Globo seriam punidas pela Receita.  Mas o tempo passou, existe a prescrição de crimes fiscais etc. E quem se interessa?

Sabe-se que contrato social empresarial não pode ser equiparado a documento público, mas convenhamos que, para todos os efeitos, em se tratando de empresa concessionária de serviço público, a transparência não pode ser mitigada.

Pagando as taxas legais, qualquer cidadão bem intencionado tem acesso às informações protocoladas e registradas nas Juntas Comerciais de cada Estado da Federação. E a verdade sempre acaba por aparecer, como no caso da usurpação para TV Paulista por Roberto Marinho no regime militar, já bastante conhecido.

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P.S. 1 
Como ninguém está acima da lei, apesar das prescrições a amparar malfeitos, esse é um assunto que deveria interessar aos Três Poderes, porém o Barão de Montesquieu se esqueceu de que a TV Globo é o Quarto Poder. Advogados, que nos assessoram aqui no Rio prometem aprofundar o exame desses malabarismos societários, seguindo o caminho dessas estranhas e ardilosas transferências bilionárias. É claro que elas não se deram através de bancos nacionais ou internacionais, pois se tratou de meros registros contábeis, que são do exclusivo interesse apenas dos acionistas. E da Receita Federal e da Comissão de Assuntos mobiliários, é claro.

P.S. 2 – Amanhã, não perca o artigo sobre os maravilhosos presentes que o governo Lula e o Supremo deram à Globo em 2023, levantando o moral da Organização da família Marinho. (C.N.)

Um desafio! A difícil aproximação de Lula com os eleitores evangélicos

Disputa do eleitor evangélico no campo da fé é um passo arriscado

Marcelo Copelli

O segundo turno das eleições para a Presidência da República, em 2022, foi marcado por intensos discursos com apelo religioso tanto pelo atual presidente, Lula da Silva, quanto pelo seu então adversário, o ex-mandatário Jair Bolsonaro. Apesar de o derrotado nas urnas contar com o apoio de vários líderes evangélicos, a preferência de eleitores sem religião pode ter sido decisiva para o retorno do petista ao comando do Executivo.

Lula pode ter aberto uma vantagem superior a cinco milhões de votos para Bolsonaro entre os eleitores que não declararam uma religião específica, o que contribuiu para a vitória do petista na disputa mais apertada desde a redemocratização, segundo estudo divulgado à época.

PESQUISA – Já neste mês, uma pesquisa do Datafolha divulgada no último dia 7, mostrou que Lula ainda continua a enfrentar resistência entre os evangélicos, que compõem 28% do eleitorado brasileiro. A reprovação ao petista nesse grupo é de 38%, enquanto entre os católicos esse índice é de 28% (52% da população ouvida). No geral, segundo o levantamento, Lula fechará o ano em estabilidade, com 38% de aprovação, enquanto 30% consideram seu trabalho regular e outros 30% o definem como ruim ou péssimo.

Mas, voltando ao relacionamento em questão, nas últimas semanas Lula fez duas referências aos evangélicos. A primeira ocorreu durante um ato do PT, no qual reconheceu que a legenda tem dificuldade em se comunicar com o grupo. Já a segunda, foi durante um evento do governo em que Lula reclamou dos ataques da campanha. “Se tem um cara neste país que acredita em Deus, é este que está vos falando”, declarou.

PASSO ARRISCADO – Apesar de Lula muitas vezes extravasar além do que deveria, sobretudo quando improvisa, a disputa do eleitor evangélico no campo da fé é um passo arriscado, pois essa alternativa indicaria empunhar uma bandeira conservadora, o que se afasta do argumento da esquerda.

Existe hoje uma ligação já cristalizada desse eleitor com o bolsonarismo e que não caminha por análises racionais, ainda que o mesmo se depare com resultados positivos na economia ou em outros segmentos. O senso de pertencimento acaba sendo maior do que qualquer realidade, tornando, para uma certa parcela, as ações governamentais advindas sempre como representativas de uma esquerda adversária.

Desta forma, e de olho em uma nova estratégia, o governo incluiu numa campanha publicitária um cantor gospel e uma personagem que dá “glória a Deus” quando recebe o Bolsa Família. Em outra iniciativa, o Ministério do Desenvolvimento Social passou a oferecer financiamento a projetos de combate à fome tocados pelas igrejas e começou a treinar seus integrantes para cadastrar beneficiários de programas sociais. Uma forma de amenizar o domínio dos templos evangélicos nas periferias.

IDENTIFICAÇÃO –  A ideia é evitar com que os evangélicos passem a se identificar com a direita de forma definitiva. E, de fato, há espaço para reverter uma parte desse quadro. Exemplo disso é que uma pesquisa recente do PoderData mostra que 52% dos evangélicos acham que o governo Lula é pior que o governo Bolsonaro, enquanto 30% consideram o petista melhor, e 15% veem os dois da mesma maneira.

Discutir que religião e política não deveriam se misturar é inviável. Ao menos por enquanto. O caminho para uma possível dissociação é longo, ainda. E, sabendo disso, vários líderes religiosos barganham benefícios, apostando na persuasão dos seus seguidores.

Porém, ainda que uma perspectiva de mudança se encaixe no longo prazo, é possível acreditar que um dia, sob o cenário democrático, seja possível que cada cidadão escolha de forma individual os seus representantes, analisando sem a influência ou a ameaça da religião, e sobretudo vendo as contradições entre os discursos e as promessas dos falsos profetas e os valores da fé professada.

No “Rancho de Ano Novo”, não há nada que nos faça demorar

O genial protesto de Capinam e Edu Lobo | Jornal Ação Popular

Capinam, Marília Medalha e Edu Lobo

Paulo Peres
Poemas & Canções

O médico, publicitário, poeta e letrista baiano José Carlos Capinan, na letra de “Rancho de Ano Novo”, em parceria com Edu Lobo, fala da tristeza da separação de um grande amor com a despedida na chegada do novo ano. A música faz parte do LP Gracinha Leporace, lançado em 1968 pela Philips.

RANCHO DE ANO NOVO
Edu Lobo e Capinan

Meu amor abriu em prantos
debaixo de uma palmeira
Ano Novo vi entrando
vi o rancho na ladeira
Mestre João vinha na frente
levando a sua gente
numa estrada, a madrugada
que demora a vida inteira

No sopro do seu clarim
vinha vindo a madrugada
a pastora Mariana
dava voltas de ciranda
lá vem dona Juliana
carregada de jasmim
de Joana são as tranças
e o amor que levou fim

Lancha nova está no porto, ô.ô
meu amor abriu em prantos, ô.ô
na entrada do Ano-Novo
vou voltar pra te buscar
lá se foi a lancha nova
que do céu caiu no mar

Joana não é nada
Juliana eu vou e juro
não há nada nesse mundo
que me faça demorar
lá se foi a lancha nova
que do céu caiu no mundo
faz um ano, Mariana
que eu não paro de chorar          

“Maquiagens” contábeis da Rede Globo exibem criatividade dos irmãos Marinho

Tribuna da Internet | Lula vem pagando caro demais o apoio que a TV Globo lhe oferece graciosamente

Charge do Nico (Arquivo Globo)

Carlos Newton

A Tribuna da Internet não poderia fechar o ano sem esclarecer a opinião pública brasileira sobre a ardilosa contabilidade financeira promovida pela GME Marketing Esportivo Ltda, entre fevereiro de 2002 e setembro de 2006, que propiciou a “transferência de seu patrimônio líquido” aos controladores da Organização Globo, os irmãos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho, por meio de suas holdings pessoais.

Detalhe: o “patrimônio líquido” da desconhecida GME, à época, era de modestos US$ 2,7 bilhões, que equivalem hoje a R$ 13,5 bilhões, quantia nada desprezível no Brasil e no mundo.

POR BAIXO DO PANO – Em verdade, a desprezada e descapitalizada GME, inativa desde 1ª de setembro de 2006, serviu de trampolim para os irmãos Marinho justificarem a transferência da totalidade de seu bilionário capital para algumas empresas fantasmas que criaram e alcunharam de “investidoras”.

Se ninguém, especialmente a Receita Federal, jamais tinha ouvido falar da GME, que nada tem a ver com a General Motors, quem poderia imaginar que o bilionário patrimônio da Organização Globo fosse transitar pela RIM 1947 Participações S/A, JRM 1953 Participações S/A e ZRM 1955 Participações S/A, marcadas e carimbadas pelos anos de nascimento e pelas iniciais dos irmãos Marinho.

Para apagar rastros e dificultar a fiscalização, essas empresas de fachada, cada uma com capital pífio de R$ 1 mil, depois se transformariam nas riquíssimas Eudaimonia Participações Ltda, Imagina Participações Ltda e Abaré Participações Ltda. Eram sociedades anônimas e se transformaram em empresas limitadas, às escondidas e ao arrepio da lei, sem constar no decreto assinado pelo então presidente Lula da Silva, em 23 de agosto de 2005, que renovou irregularmente as concessões da Rede Globo.

NA JUNTA COMERCIAL – Os documentos registrados na Junta Comercial trazem luz à simulação societária engendrada com base na Lei 6.404/76, que regula as S/As.

Em tradução simultânea, a GME Marketing Esportivo Ltda, com capital ridículo de R$ 10 mil, era a própria TV Globo Ltda, depois sucedida pela Globo Comunicação e Participações S/A (Globopar S/A), de propriedade dos surpreendentes filhos do falecido jornalista e empresário Roberto Marinho.

Na condição de sócia da GME desde dezembro de 2003, a TV Globo Ltda, sucedida pela Globopar S/A, em abril de 2006 alterou o capital da microempresa esportiva para a estratosférica quantia de R$ 5,526 bilhões. Caraca! Jamais se viu nada igual em matéria de negócios familiares ou corporativos. Repita-se: a GME, que tinha capital de R$ 10 mil, foi ejetada para o espaço sideral dos R$ 5,526 bilhões, algo que precisa constar no Livro Guinness de Recordes.

É FÁCIL COMPLICAR – Esses ilusionismos contábeis já vinham de longe, desde agosto de 2005, quando a Globopar S/A, sucessora da TV Globo Ltda, passou a ser controlada por outra empresa de fachada, com patéticos R$ 1 mil de capital social, a Cardeiros Participações S/A.

Torna-se difícil entender as armações, porque a complicação empresarial e contábil é feita de propósito. E foi nesse quadro de engenhosa arquitetura societária que surgiram as novas empresas acionistas, com as iniciais dos três irmãos (RIM, JRM e ZRM), que, para tanto, se apossaram do capital da Cardeiros Participações S/A, que antes se chamava 296 Participações S/A. E tudo isso acontecia sem conhecimento do governo, infringindo a Lei 4.117/62 e o Decreto 52.795/63 (Legislação de Radiodifusão).

Do exame criterioso desses atos societários, constata-se que a GME Marketing Esportivo Ltda, não passava de mais um galho improdutivo da gigantesca e frondosa árvore TV Globo>Globopar>Cardeiros (ex-296 Participações S/A).

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P.S.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: Por que tudo isso, qual o objetivo dessa confusão empresarial e contábil? Ora, o rival Silvio Santos diria que foi tudo por dinheiro. Já o arqui-inimigo Leonel Brizola confirmaria que os irmãos Marinho costearam o alambrado para passar uma boiada com a mala cheia de dinheiro. Mais precisamente, com algo em torno de R$ 4 bilhões, que foram ardilosamente acrescentados ao patrimônio dos três herdeiros do lendário Roberto Marinho, com quem trabalhei. Se ainda estivesse por aqui, Roberto Marinho estaria estupefato com a criatividade de seus filhos, conforme mostraremos na reportagem de amanhã, para comemorar a véspera do Ano Novo. Sempre com absoluta exclusividade. (C.N) 

Em todo Ano Novo, devemos desejar uma vida melhor e mais justa para todos

Charge: ano novo, pessoas melhores? | Blog do Tarso

Tirinha do Quino (Arquivo Google)

Vicente Limongi Netto

Quero ver em 2024 mais união, menos desunião. Mais amor, menos desamor. Mais emprego, menos sofrimento. Mais ternura, menos opressão. Mais esperança, menos desencanto. Mais sinceridade, menos hipocrisia. Mais fartura, menos fome. Mais solidariedade, menos agressão. Um basta nos covardes feminicídios, cadeia dura para os assassinos. Mais abraços, menos destemperos. Mas crianças felizes.

Fim dos intoleráveis e insuportáveis penduricalhos para políticos e magistrados. Menos tragédias na saúde pública, melhor acolhimento profissional. Mais tolerância, menos estupidez. Mais prudência e responsabilidade nas rodovias. Mais contenção, menos despudor. Mais corações abertos para o diálogo, menos agressões. Menos promessas dos governantes, mais ações pelo coletivo. Menos tristeza, mais alegria nos corações. Menos frio, mais agasalhos. Benvinda a Inteligência artificial construtiva, jamais aniquiladora. 

LEMBRANDO 2021 – Política deve ser tratada com argúcia. Com parâmetros da vivência do analista. Sem chutes. Nessa linha, recordo o que escrevi, na Tribuna da Internet, no dia 1º de agosto de 2021, sobre o futuro político do agora governador de São Paulo, quando as projeções futuras ainda estavam nebulosas:

“Atenção para os passos do ministro da infraestrutura, Tarcisio de Freitas. É o responsável pelo caixa da campanha presidencial de Bolsonaro, em 2022. Continuando o rosário de fracassos e trapalhadas de Bolsonaro, Tarcísio é o candidato do mito de barro e do insaciável Centrão para disputar o governo de São Paulo ou integrar a chapa de Bolsonaro como vice, no lugar de Hamilton Mourão”. 

SAUDADES DE SAID – Há dois anos Deus levou para perto dele, um ser humano digno, amoroso e competente, meu ex-genro,  professor, historiador e analista político Said Barbosa Dib. Pai da minha bela neta, Manuela, universitária e artista plástica. 

Saudades imensas nos corações dos que tiveram o prazer de conviver com ele. Said foi assessor de imprensa, para o Amapá, do então senador José Sarney e estava trabalhando no Sebrae de Brasília. Perda realmente dolorida e irreparável. 

Bolada do PL: Bolsonaro e Michele receberam mais de meio milhão do partido em 2023

Crusoé: meio milhão para Bolsonaro e Michelle

Bolsonaro e Michelle têm uma atração fatal por dinheiro

Marcelo Copelli

No Brasil, em meio ao espetáculo organizado com o dinheiro público, o cidadão não sabe para qual lado olhar ou de quem reclamar. Enquanto boa parte da população sequer viu algo de diferente na mesa de Natal ou mesmo tem perspectivas quanto aos próximos meses, juízes e servidores recebem bônus generosos, políticos tentam fechar o ano com o máximo de vantagens que puderem e até quem já se tornou inelegível continua a receber uma boa renda dos cofres públicos.

Jair Bolsonaro e sua esposa, Michelle Bolsonaro, poderão fechar 2023 com chave de ouro, gozando além de inúmeros privilégios que o antigo cargo de “ocupante” da cadeira presidencial os concedeu, também recebendo cerca de R$ 589 mil do PL ao longo de 2023. Após a derrocada nas urnas, o casal passou a integrar a cúpula do PL como “dirigentes partidários” e, para tanto, recebendo uma pequena bolada através do polpudo fundo partidário.

“SERVIÇOS” – Enquanto “dona” Michelle, “presidente” do PL Mulher desde fevereiro, já recebeu R$ 236,3 mil da legenda por “serviços técnico-profissionais” até setembro, Bolsonaro recebeu R$ 200 mil entre abril e outubro. O casal recebe como dirigentes partidários, de R$ 30.483,16. Não estão incluídos no valor despesas com assessores, advogados e despesas como deslocamentos e alimentação.

A questão não o partido travestir uma justificativa pelos (des) serviços de ambos, mas sobretudo remunerá-los com dinheiro público. Para o bolsonarismo a questão é resolvida, tentando manter viva qualquer brasa de esperança quanto à representatividade de Bolsonaro. Mas, para a maior parte da sociedade, trata-se de mais um episódio fatídico em que, ainda que viável legalmente, a situação beira a mais um descaso, uma vez que o ex-presidente só contribuiu para o retrocesso do país em quatro anos à frente (ou de costas) no Executivo.

FUNDO ELEITORAL – Principal beneficiado pelo fundo partidário, o PL somou R$ 141.072.720,75 em recursos disponíveis para gastos neste ano, sendo mais de 99% provenientes do conhecido “fundão”. Já no ano, a sigla declarou ter, até o momento, R$ 96.882.198,78 em despesas. Claro que a situação absurda se estende pelas demais siglas, mas isso não significa que se tenha obrigatoriaente uma concordância passiva por parte de quem assiste a tudo isso.

O clã Bolsonaro tenta de qualquer forma se manter no poder, mas como em política tudo pode mudar de acordo com os interesses, nas primeiras decisões judiciais em 2024, talvez os apoiadores repensem os seus posicionamentos e deixem o ex-mandatário naufragar.

“O Rio de Janeiro de Ho Chi Minh”, um documentário instigante, no Canal Brasil

O dia em que Ho Chi Minh andou pelo Rio de Janeiro – TraduAgindo

Aos 21 anos, o famoso Ho Chi Minh viveu no Rio de Janeiro

José Carlos Werneck

O Canal Brasil exibiu esta semana o intrigante e instigante documentário “O Rio de Janeiro de Ho Chi Minh”, dirigido por Claudia Mattos, feito para evocar a misteriosa passagem “daquele que ilumina” pelo Brasil, no início do século XX. Sim, o líder revolucionário vietnamita passou pelo Rio de Janeiro, então capital federal, em 1912, em circunstâncias terríveis.

Cozinheiro na tripulação de um navio, ficou doente e foi deixado em terra firme para curar-se (ou morrer). Caso se recuperasse, deveria encontrar um navio que o levasse de volta à França, metrópole colonial que dominava a Indochina, nome genérico da região onde nascera (hoje dividida em três países independentes, o Vietnã, o Laos e o Camboja).

O JOVEM MINH – Ho Chi Minh (1890-1969) tinha pouco mais de 21 anos quando viveu sua breve aventura brasileira e chamava-se Nguyen Sinh Cung. No Rio, depois de curado, teria trabalhado como garçom para ganhar uns trocados e sobreviver até conseguir viabilizar seu regresso.

Teria feito amizade com um líder sindical pernambucano, de nome José Leandro da Silva, também cozinheiro de grandes embarcações, que teria atuado na Revolta da Chibata, dois anos antes, liderada por João Candido, o Almirante Negro.

Maria do Rosário Caetano, falando sobre o filme na”Revista de Cinema diz que quem quiser saber mais sobre o assunto deve ler uma reportagem no site “Jacobin”, na internet.

FONTES DE HANÓI – O texto jacobínico baseia-se em fontes da Universidade de Hanói, instituição que confirma a temporada carioca de Ho Chi Minh, nome que significa “Aquele que Ilumina”, pseudônimo que adotou ao abraçar a luta anticolonial contra franceses, japoneses e norte-americanos, marca de toda a sua vida. O estadista vietnamita referiu-se a tal temporada em seus escritos e também em seus “Poemas do Cárcere”.

Maria do Rosário Caetano diz que a diretora Claudia Mattos tomou o caminho mais livre possível. Primeiro, já no título, deixou claro queseu tema era o Rio de Janeiro de Ho Chi Minh. Ou seja, ia mostrar a cidade brasileira da segunda década do século XX, aquela que ambientou a Revolta da Chibata, viu florescer a Pequena África lá pelos lados da Gamboa e teve no terreiro de Tia Ciata matriz do samba nascido na Bahia e naturalizado carioca.

Para tanto, a cineasta, que na origem é pesquisadora, PhD em Comunicação e Cultura pela UFRJ, criou personagens ficcionais e transformou o embarcadiço-cozinheiro José Leandro da Silva em “Faca Cega”, um líder sindical dos mais descolados, negro cheio de ginga e muitas atitudes, avô de Pilar ,interpretado pelo cineasta Luiz Antônio Pilar.

Vergonha imensurável: parlamentares gastam milhões com autopromoção

Charge do Benett (Arquivo Google)

Marcelo Copelli

Enquanto grande parte da população ainda é alvo da falta de condições básicas que assegurem a dignidade de dispor de alimentação, saúde, segurança, moradia e transporte, entre outros, deputados federais, no primeiro ano de mandato, gastaram com autopromoção a exorbitante e vergonhosa cifra de R$ 79 milhões dos cofres públicos. O valor recorde, considerando a série histórica, e não inclui o mês que já termina, foi direcionado, sobretudo, para a impressão de panfletos.

O total astronômico corresponde a mais de um terço do total de R$ 216 milhões usado com a cota parlamentar, destinada a custear as regalias dos mandatos e a cobertura de despesas igualmente questionáveis, a exemplo de combustíveis, aluguel de carros, serviços de telefonia, alimentação e passagens aéreas, além de divulgação do mandato parlamentar. Ainda que legalmente previsto, o escárnio é notório e inaceitável, sobretudo em um país em que milhões de pessoas não sabem de que forma alimentarão as suas famílias no dia seguinte.

SEM BUROCRACIA – Os gastos sequer atravessam o caminho burocrático, uma vez que os milhares de reais são reembolsados imediatamente mediante a simples apresentação de notas fiscais. Enquanto isso, o cidadão que tenta fugir da miséria e conseguir um minguado benefício social, muitas vezes precisa comprovar através de inúmeros documentos a sua miserabilidade, perigando ter o seu pedido indeferido.

Teve parlamentar que gastou quase R$ 300 mil em uma única gráfica para a impressão de panfletos e não enfrentou o menor problema para ser ressarcido integralmente. Ao mesmo tempo, esse mesmo representante do povo, durante todo o mandato até agora, não teve nenhum projeto de lei aprovado. Tudo “dentro dos limites estabelecidos pela Câmara dos Deputados”.

VANTAGEM – Além dos gastos desvairados, confrontando-se com as precárias condições de boa parte da população brasileira, a cota parlamentar aplicada com divulgação pode dar aos deputados uma vantagem na disputa eleitoral, pois muitos são candidatos à prefeito nas eleições do ano que vem. Um ciclo vicioso e injusto.

O dinheiro público usado de forma acintosa mantém refém os nichos eleitorais que atravessam gestões sobrevivendo de perspectivas que nunca se efetivam. Em tradução simultânea, a verba de divulgação é, na realidade, recurso de campanha travestido de cota parlamentar, no fim das contas, contribuindo para as sérias disparidades entre quem tem e quem não tem mandato.

Some-se a este cenário que perdura há décadas, o fato de que esse cotão, ralo pelo qual escorre milhões de reais em recursos públicos, quando não fiscalizado de forma rígida e sem transparência, fortalece a rota de desvios. Independentemente do protagonismo justificado para o seu uso, o montante é passível de discussão. E, diante desta ciranda em que tudo que se gasta se adequa à previsão regimental e legal, os excessos são marcantes e a fiscalização questionável, fica a contradição cada vez mais exposta diante do Brasil que, ainda banguela, continua a sorrir.