Até os EUA, aliado de Israel, reconhecem que já foram mortos palestinos demais…

Democracy Now! on X: "We speak with leading Holocaust scholar @bartov_omer about the potential for genocide in Israel's assault on Gaza. Bartov argues that the ongoing violent confrontations are a result of

Bartov, professor israelense, pede o fim do genocídio em Gaza

Roberto Nascimento

Os Estados Unidos enfim se convenceram de que os crimes de guerra de Israel já foram longe demais. A Faixa de Gaza, está sendo destruída pelas bombas devastadoras, que derrubam prédios, em segundos. Disse nesta terça-feira o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken: ”Já morreram palestinos demais”.

Não há mais dúvida de que o governo de Israel, com suas ações bélicas, não está apenas reagindo às agressões terroristas do Hamas. Já ultrapassou os limites e está praticando crimes contra a humanidade. E trata-se de uma limpeza étnica, um massacre sem precedentes desde as atrocidades de Pol Pot no Camboja e dos massacres étnicos no Congo.

SEGUNDO PLANO – O objetivo de caçar e matar os terroristas do Hamas, passou a segundo plano. Estes, não estão sendo encontrados, mas, a população indefesa, crianças, mulheres, idosos e doentes, já passam de 12 mil mortos, sem contar os palestinos enterrados nos escombros dos prédios.

Os hospitais da Faixa da, Gaza, ou estão sendo destruídos ou estão completamente sem função, por falta de remédios, insumos, combustível, água, enfim, falta tudo. Os doentes morrem sem condições de serem atendidos.

O mundo assiste a tudo, incrédulo. Nada detém o primeiro- ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nem apelos, nem pressões. Quer expulsar da Faixa de Gaza todos os palestinos que sobreviverem aos ataques indiscriminados, mas o Egito não aceita recebê-los na Península do Sinai. O general-presidente Sisi é contra. E nas últimas décadas os colonos judeus têm ocupado a Cisjordânia até com violência, insuflados pelo governo de Israel.

O que fazer?

AINDA HÁ TEMPO? – O professor Omer Bartov, de estudos sobre genocídio e Holocausto, na Universidade Brown, que escreve no The New York Times e no Estadão, declarou neste domingo: ”Ainda há tempo de impedir Israel de converter suas ações em genocídio, porém, não se pode esperar mais”.

O professor Bartov, alerta para as lições da história. Ele e vários colegas da Universidade, angustiados meses atrás com a escalada do governo Netaniyau, visando perpetuar a ocupação israelense na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, assinaram uma petição alertando para a tentativa de golpe no Judiciário liderado pelo primeiro-ministro, para evitar que as decisões da Suprema Corte Israelense impedissem qualquer ilegalidade do governo, inclusive sobre a corrupção em larga escala.

A petição não adiantou nada,  porque o ataque dos terroristas do Hamas em 7 de outubro deram a Netanyahu o motivo que ele esperava para ocupar os territórios palestinos.

NADA DE NOVO – Esses crimes que ocorrem na Faixa de Gaza, contra cidadãos indefesos, demonstram que as lições da História não foram apreendidas. Líderes messiânicos, como Mussolini e Hitler, levaram seus países rumo ao abismo, o que gerou o genocídio da Segunda Guerra. Os líderes atuais, repetem o mesmo drama.

Aqui no Brasil, estivemos às portas,de uma nova ditadura, da qual escapamos. No entanto, os brasileiros, precisam ficar alertas, porque existe o perigo de um retrocesso, que está nítido na tentativa de o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, insuflados pelos senadores bolsonaristas, golpear o Judiciário, submetendo as decisões judiciais do Supremo, ao crivo do plenário do Senado. É uma cópia amarelada do projeto de Benjamin Netanyahu.

Se passar essa excrescência no Senado, passaremos a viver em um vale-tudo. Não está bom em lugar algum do planeta. Trump está liderando as pesquisas para a eleição em 2024 nos EUA. Salve-se quem puder.

Calor sufocante exige que os governos adotem medidas concretas que não existem

Rio não tem plano de contingência para enfrentar altas temperaturas 

Pedro do Coutto

O calor registrado nesta semana, principalmente no Rio de Janeiro e na cidade de São Paulo, revelou a necessidade de serem adotadas medidas urgentes, tanto pelo governo federal quanto pelos governos estaduais, para fazer frente ao calor que se encontra em ascensão, acarretando problemas extremamente graves e riscos à saúde humana e ao bem estar das pessoas.

A falta de água, no caso do Rio de Janeiro, acompanhou as altas temperaturas. É impossível aceitar uma situação assim. No calor intenso, o consumo de água e de energia sobe, naturalmente. Mas, em muitas regiões, a parte sanitária é afetada pela falta de água e de refrigeração nas salas de aula e nos coletivos. Os ônibus, mesmo com as tarifas sempre reajustadas, não cumprem, no caso do Rio, a determinação de instalação de ar-condicionado.

PROVIDÊNCIAS – Ajustar o ritmo social ao calor exagerado exige vários tipos de providências. Na minha opinião, os horários de trabalho precisam ser modificados para evitar que o volume de passageiros nos coletivos aumente nos horários de pico, evitando a superlotação dos veículos com portas entreabertas. Muitos trabalhos devem ter horários reformulados para que a situação possa ser enfrentada com ações concretas, preservando a saúde pública.

Os jogos de futebol, por sua vez, como se tem verificado, continuam a ser iniciados às 16h, quando as sombras começam a descer sobre os estádios apenas a partir das 17h. Os riscos são muito grandes. Além disso, matérias publicadas nos jornais desta quarta-feira dão conta que a cada duas horas uma pessoa é atendida na rede pública de Saúde devido às altas temperaturas. No O Globo, a reportagem de Bruno Rosa focaliza o crescimento do consumo de energia, enquanto no Estado de S. Paulo o assunto é tratado por Nicola Pamplona.

CÓDIGO –  A Suprema Corte dos Estados Unidos, revela Bernardo Mello Franco, O Globo de ontem, editou um código de conduta, incluindo pontos que devem ser observados por seus integrantes, como o de não aceitar presentes de valor elevado, hospedagens em hotéis de luxo pelo patrocínio de empresas e viagens para conferências promovidos por setores da Economia.

A matéria acentua que nem todas as regras do comportamento humano estão escritas. Mas nem por isso devem ser descumpridas. O raciocínio se encaixa, ao meu ver, na candidatura de Donald Trump para as eleições de 2024 à Presidência dos Estados Unidos. Essas regras devem ser cumpridas no Brasil, não só pelo Supremo Tribunal Federal, mas por toda a magistratura, além de todos os integrantes dos Poderes Executivo e Legislativo.
 

Lula sonhava ser destaque no mundo, mas perdeu sua chance, ao atacar Israel

Brasil e Estados Unidos assinaram um documento em prol dos direitos dos trabalhadores. (Leandro Fonseca/Exame)

Lula gosta de se exibir, mas nada entende de diplomacia

Carlos Newton

É nos tempos de guerra que os grandes diplomatas se revelam e se destacam. Lula da Silva sonhava em ser um líder mundial e esquecer ter passado merecidos 580 dias na cadeia, onde havia muito tempo livre para raciocinar sobre os erros de seu passado nebuloso no regime militar, quando traía os amigos sindicalistas e prestava serviços remunerados à Polícia Federal, comandada em São Paulo pelo delegado Romeu Tuma.

É claro que Lula poderia ter saído da cadeia melhor do que entrou, mas o petista – que diz ter-se tornado “uma entidade”– infelizmente é desprovido de autocrítica.

ASCENSÃO E QUEDA – Na ditadura, Lula cresceu no movimento sindical e foi usado pelo general Golbery do Coutto e Silva para neutralizar a volta do trabalhismo do PTB, quando Leonel Brizola teve autorização para retornar ao país.

Lula saiu-se tão bem com a criação do PT que conseguiu chegar à Presidência da República, onde se equilibrou a contento, até ser descoberta a maquiagem contábil criada por seu ministro Guido Mantega, que motivou as pedaladas fatais à sucessora Dilma Rousseff.

Na mesma época, a Lava Jato mostrou quem era Lula na realidade e ele acabou “passando uma temporada numa colônia penal”, igual ao Charles Anjo 45 de Jorge Benjor.

LIMPAR O PASSADO – Graças ao apoio do Supremo Tribunal Federal, que decidiu usá-lo politicamente para neutralizar as insanidades do presidente Jair Bolsonaro, Lula foi libertado em 2019 e dois anos depois conseguiu recuperar os direitos políticos, sem ter sido considerado inocente, numa manobra jurídica de altíssima criatividade, com a grife de Gilmar Mendes, um dos ministros que se confessa amigo pessoal dele e até frequenta o Palácio da Alvorada.

De volta ao poder, Lula continua disposto a limpar seu passado, através de demonstrações pirotécnicas no exterior. Não é má ideia. Muito pelo contrário, trata-se de meta até fácil de ser alcançada, com a ajuda de seu personal trainer Celso Amorim, expoente da chamada turma dos barbudinhos do Itamaraty. Mas Lula não obedece ninguém,

SEM NEUTRALIDADE – Mas o problema é o próprio Lula. Para se notabilizar no exterior, ele precisa participar de todos os grandes acontecimentos mundiais, exibindo a neutralidade dos mestres da diplomacia. Mas isso ele não sabe fazer e não vai aprender nunca, devido à excessiva vaidade.

Começou bem no caso da Ucrânia, mas logo se estabacou, devido à opção preferencial por Putin. Agora, na nova guerra da Palestina, mais uma vez mostra que não sabe ser neutro e infantilmente fica do lado dos palestinos. Resultado: o sonho acabou e Lula da Silva jamais será líder de coisa alguma no exterior.

Nos livros de História, ficará marcado como o primeiro criminoso condenado por corrupção e lavagem de dinheiro que conseguiu chegar ao poder no Brasil

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P.S.
O mundo precisa de um grande político que seja mestre em diplomacia e atue como um pacificador. Mas não é Lula nem será Joe Biden ou Emmanuel Macron. Esse grande político infelizmente não existe. (C.N.)

Brasileiros escapam da destruição, do terror e voltam para uma terra segura

Brasileiros retornaram ao país após mais de 30 dias de angústia

Pedro do Coutto

Foi uma dura jornada a que o governo brasileiro enfrentou para promover o retorno de brasileiros e de parentes seus que encontravam-se envolvidos pela angústia das dúvidas e pelas explosões das bombas que recaiam sobre Gaza.

Ainda há brasileiros na Cisjordânia que pretendem voltar ao Brasil e o governo comprometeu-se em trazê-los. Reportagem de O Globo, de Sérgio Roxo e Bernardo Lima, acompanhada de uma foto da chegada à Brasília.

DÚVIDA – O sofrimento foi muito grande, proporcional à dúvida se sobreviveriam à situação. A diplomacia brasileira atuou com afinco. O presidente Lula falou sobre o assunto e fez críticas contra Israel pelos bombardeios seguidos à Gaza. Representações judaicas criticam a declaração do presidente da República.

Em Gaza, hospitais foram atingidos, doentes ficaram sem socorro. Há mulheres grávidas precisando de assistência. O quadro é muito preocupante. O Hamas começou o processo de bombardeio a Israel em 7 de outubro e de lá para cá a violência prossegue. O Governo dos Estados Unidos tenta intervir na questão da reconstrução da região e da forma com a qual poderá ser administrada sem o domínio israelense. Uma triste página na história universal, mas que ainda está longe de uma solução definitiva.

CALOR –  O calor que vem castigando a população carioca e fluminense, e outras tantas cidades, é uma consequência, no fundo, da questão climática que ainda não foi tratada como deveria. O aquecimento global avança e a ameaça aos países nórdicos é grande em função das geleiras que podem se dissolver. Enquanto isso, no Rio, medidas urgentes têm que ser iniciadas, a exemplo do que ocorre já em São Paulo.

As ações devem envolver sobretudo o atendimento médico e a atenção com a população. O calor está sendo sufocante. Um aviso aos países que mais contribuem com a poluição e com o desmatamento. É preciso agir rapidamente sobre o problema. O Acordo de Paris ainda está tão somente nas palavras.

Ninguém fazia uma bela canção de amor, como Pixinguinha e Otávio de Souza

CEDOC FPA

Pixinguinha tinha parceiros realmente geniais

Paulo Peres
Poemas & Canções

O compositor e mecânico Otávio de Sousa, na letra de “Rosa”, em parceria com Pixinguinha, expressa o mais alto refinamento do romantismo do início do século XX. Esta valsa foi gravada por Orlando Silva, em 1937, pela RCA Victor.

ROSA
Pixinguinha e Otávio de Sousa

Tu és, divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito seu

Tu és a forma ideal
Estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza

Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer

Ao exaltar a Universidade de Brasília, Lula esqueceu de seu maior reitor

José Carlos de Almeida - JungleKey.pt Imagem

Azevedo foi o grande consolidador da Universidade

Vicente Limongi Netto

Lula nos brindou com comoventes declarações de amor eterno à Universidade de Brasília (UnB), na coluna Eixo-Capital (Correio Braziliense – 14/11), destacando Darcy Ribeiro e a atual reitora Márcia Abrahão. Nada mais risível, injusto e patético, exaltar a sexagenária UnB e omitir o competente legado das gestões do reitor José Carlos Azevedo. É o fim da picada. Triste ranço da medonha e imbecil patrulha que insiste em desconhecer o valor das pessoas qualificadas.

É deixar-se levar pelo surrado e eterno ressentimento. A cultura, a inteligência e a integridade de Azevedo jamais serão maculadas.

LEMBRANDO MACIEL – Nesta linha, recordo trechos do discurso do então senador Marco Maciel, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) professor, ex-vice-presidente  da República, ex-deputado, ex-ministro e ex-governador de Pernambuco, em 26 de março de 2010, lamentando a partida de Azevedo, com 78 anos de idade:

“Ele era uma pessoa de temperamento forte e intelectualmente muito preparado em diferentes campos das diversas especialidades da Engenharia. De alguma forma, contribuiu para consolidar a Universidade de Brasília.  Não é sem outro motivo que hoje a Universidade é respeitada como uma das melhores do país”.

Por sua vez, em aparte, o senador capixaba e ex-governador Gerson Camata acrescentou, enfatizando as ações de Azevedo, como reitor: “Quem deu corpo, quem consolidou a Universidade de Brasília, foi ele. Agregou cursos, criou cursos de pós-graduação e se tornou, portanto, um benemérito dessa instituição de ensino superior”, concluiu.

HOMEM DE CARVALHO – Tenho a honra e o prazer de ser amigo de fé de um cidadão, militar, general, altivo, sereno lúcido, firme e forte, chamado Agenor Francisco Homem de Carvalho.  No próximo dia 23,  o bucólico e cativante bairro carioca da Urca estará em festa, comemorando mais um aniversário da grande figura, humana e profissional.

Agenor exerceu funções relevantes, com destemor, lealdade, patriotismo, isenção e competência, como militar graduado e homem público. Entre elas, adido militar na embaixada do Brasil na Itália, comandante do Colégio Militar do Rio de Janeiro e chefe do gabinete militar do presidente Fernando Collor de Mello. Votos para que as luzes de Deus continuem marcantes no lar do querido amigo, com alegrias e saúde, para ele e para todos seus queridos familiares.

Depois de 37 dias sob angústia e bombas em Gaza, brasileiros retornam ao país

Grupo deixou a Faixa de Gaza e embarcou na manhã de ontem

Pedro do Coutto

Após aguardarem 37 dias para que pudessem cruzar a fronteira entre Gaza e o Egito, área em que as bombas explodiram seguidamente, um grupo de brasileiros conseguiu embarcar no avião da FAB e retornar ao país, o que estava previsto para acontecer na manhã de ontem, quando escrevi esse artigo.

Assim, marca-se o fim de um período difícil em que a dúvida atingia a esperança e os bombardeios poderiam ser o fim da espera. Na Folha de S. Paulo, a reportagem é de Igor Gielow e Marília Miragaia. No O Globo, escreveram Daniel Gullino, Letícia Messias e Marina Gonçalves.

ARTICULAÇÕES – Foi um longo caminho diplomático percorrido para o qual, conforme pode-se deduzir, não faltaram obstáculos colocados. Transpostos, a situação para os brasileiros que voltam é de alívio e de renovação de esperança.

Imaginem os leitores, as milhares de pessoas que permanecem na região sob bombas e sem uma solução à vista. A tragédia se amplia e parece ainda não ter fim. Uma destruição que além de física, abrange contextos familiares diversos numa área envolvida num conflito terrível.

ARGENTINA – No último debate na televisão antes das eleições do próximo domingo, o candidato Sergio Massa atacou fortemente o ultradireitista Javier Milei, acusando-o de pretender romper relações diplomáticas com o Brasil e com a China, acabar com o Banco Central e ter criticado até o Papa Francisco.

Milei afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro não falava com Alberto Fernández, atual presidente argentino e, portanto, o relacionamento entre os dois países não é problema. Vamos aguardar os efeitos do debate nas próximas pesquisas, que mesmo proibidas de serem divulgadas, chegarão ao conhecimento público nos próximos dias.

DEFESA –  Em artigo publicado na edição desta segunda-feira de O Estado de S. Paulo, Henrique Meirelles, que presidiu o Banco Central durante os dois primeiros governos de Lula, manifestou-se favorável à ideia do déficit zero, acentuando não ser incompatível com os investimentos sociais do atual governo.

Meireles frisou que a tolerância com a existência de um déficit financeiro sinaliza ao mercado a desistência de um projeto de equilíbrio monetário. Os investimentos públicos devem ser financiados com a receita dos impostos.

Afobado, Helder Barbalho lança candidatura de Lula para 2026

Barbalho diz que não identifica adversário capaz de enfrentar Lula

Pedro do Coutto

Numa entrevista a Roberto D’ávila, na noite de sábado, na GloboNews, o governador do Pará, Helder Barbalho, do13 MDB, afirmou que apoiará a candidatura de Lula à reeleição em 2026 e que vai se empenhar para que o seu partido siga o mesmo caminho, pois não vê no campo político nenhuma outra candidatura capaz de superar a do atual presidente da República.

Com tal declaração, o governador do Pará abriu praticamente o debate sucessório, antecipando-o, inclusive, no tempo e no espaço, na medida em que não identifica no quadro partidário do país qualquer opção capaz de abalar a quarta candidatura de Lula da Silva.

ECO – O movimento, portanto, na área do MDB começou e deve encontrar eco, pois, participando do governo, nenhuma corrente do partido deverá contestar o caminho indicado por Helder Barbalho. A legenda participa do governo, ocupa diversos ministérios e cargos de direção em empresas estatais.

A iniciativa do governador também vai despertar reações na corrente bolsonarista do PL, sobretudo para evitar que o silêncio possa ser interpretado como uma manifestação de temor sobre as urnas municipais de 2024, sempre uma base importante para os embates e desfechos presidenciais.

O quadro sucessório, assim, antecipadamente, começa a se movimentar. Como é natural, despertará a procura de alternativas dentro e fora do MDB, com exceção do PT, que evidentemente apoia incondicionalmente a reeleição de Lula.

ADVERSÁRIO – As urnas sempre dependem de uma série de fatores, mas não há fatos dispostos que indiquem na área governista um nome que supere o de Lula da Silva. A oposição terá que encontrar um nome, seja um adversário ou uma adversária, já que o PL tem a hipótese de lançar Michelle Bolsonaro como candidata do partido.

As eleições pela Prefeitura de São Paulo ganham uma relevância muito grande, pois estará em jogo,de alguma forma, a força eleitoral do governador Tarcísio de Freitas.  A cidade de São Paulo transforma-se assim novamente em um ponto fundamental para o destino político brasileiro.

ARGENTINA – No próximo domingo, os argentinos irão às urnas para escolher o sucessor do presidente Alberto Fernández. Destaca Janaína Figueiredo, O Globo de ontem, que o quadro encontra-se indefinido e, na noite de sábado, foi realizado o último debate da campanha.

O empenho fundamental de Sergio Massa é pelo maior comparecimento dos eleitores em relação ao primeiro turno. Javier Milei recebeu o apoio de  Patricia Bullrich, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno.

O poeta bebe demais, fica muito mal e canta a balada da irremediável tristeza

Renault  teve uma ressaca poética

Renault amargou uma ressaca poética

Paulo Peres
Poemas & Canções

O professor, tradutor, ensaísta e poeta mineiro Abgar de Castro Araújo Renault (1901-1995), da Academia Brasileira de letras, no poema “Balada da Irremediável Tristeza”, reconhece que não estava nada bem naquele dia.

BALADA DA IRREMEDIÁVEL TRISTEZA
Abgard Renault

Eu hoje estou inabitável…
Não sei por quê…
levantei com o pé esquerdo:
o meu primeiro cigarro amargou
como uma colherada de fel;
a tristeza de vários corações bem tristes
veio, sem quê, nem por quê,
encher meu coração vazio…vazio…

Eu hoje estou inabitável…
A vida está doendo…doendo…
A vida está toda atrapalhada…
estou sozinho numa estrada
fazendo a pé um raid impossível.

Ah! se eu pudesse me embebedar
e cambalear…cambalear…
cair, e acordar desta tristeza
que ninguém, ninguém sabe…
Todo mundo vai rir destes meus versos,
mas jurarei por Deus, se for preciso:
eu hoje estou inabitável… 

Fronteira abre e fecha, mas os brasileiros já estão no Egito, para voltar para casa

Fronteira de Gaza foi aberta e os brasileiros conseguiram chegar ao Egito

Pedro do Coutto

Era praticamente impossível saber o que estava acontecendo na fronteira entre Gaza e o Egito, na medida em que brasileiros ainda esperavam o sinal definitivo para cruzarem o espaço.  A passagem dependia de autorização formal de Israel, do Hamas através do Catar, e dos Estados Unidos. Ou seja, há uma múltipla responsabilidade sobre a autorização final.

Neste sábado passaram ambulâncias liberadas pelo Egito. Somente neste domingo os brasileiros tiveram autorização e chegaram ao Egito. Dos 34 que estavam no grupo, dois desistiram e resolveram permanecer em Gaza, arriscando suas vidas.

CONFLITO – Enquanto isso, as bombas continuam caindo no território de Gaza e, no norte, o combate se desloca para um hospital de grande porte que, por falta de energia, será obrigado a suspender os socorros que prestam aos feridos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pronunciou-se dizendo que chega de mortes de palestinos. Um aviso destinado a Israel, a exemplo do realizado pelo presidente da França, Macron, sobre a morte de civis, inclusive crianças. Na Folha de S. Paulo, matéria de Igor Gielow. No O Globo, reportagem de Alice Cravo, com base nas agências internacionais.

LUCRO – No terceiro trimestre deste ano, os quatro maiores bancos do país alcançaram um lucro de R$ 25 bilhões. O Itaú / Unibanco lidera os lucros com  R$ 9 bilhões. Em segundo lugar está o Banco do Brasil com R$ 8,8 bilhões. Bradesco em terceiro com R$ 4,6 bilhões e Santander em quarto com R$ 2,7 bilhões.

Verifica-se que os lucros dos bancos são em grande parte em função da demanda de créditos, sobretudo de pessoas físicas. Se os salários no país não perdessem para a inflação, não haveria a necessidade de brasileiros e brasileiras buscarem créditos junto aos bancos para as suas despesas, pagando juros altíssimos. O déficit social é maior do que a dívida interna brasileira de R$ 6 trilhões.

RESPOSTA –  O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, rebateu indiretamente as declarações do presidente do Congresso, o senador Rodrigo Pacheco e frisou que existem muitas coisas no Brasil a serem mudadas antes da preocupação  em mudar o STF. Tem razão, na minha opinião.

A concentração de renda, por exemplo, é um ponto que a legislação brasileira deveria focar. Mas não o faz. Assim, verifica-se o endividamento da população. Investimentos sociais são esperados, mas é preciso que as palavras tornem-se ações efetivas pelo governo.

Uma desesperada canção de amor, na parceira de Silvio Caldas e Orestes Barbosa

Orestes, em caricatura de Nássara

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, escritor, compositor e poeta carioca Orestes Dias Barbosa (1893-1966), em parceria com Silvio Caldas, fez uma “Serenata” para o seu amor.  Silvio Caldas gravou esta canção, em 1957, pela Columbia.

SERENATA
Silvio Caldas e Orestes Barbosa

Dorme, fecha esse olhar entardecente
Não me escute, nostálgico, a cantar
Pois não sei se feliz ou infelizmente
Não me é dado, beijando, te acordar

Dorme, deixa os meus cantos delirantes
Dorme, que eu olho o céu a contemplar
A lua que procura diamantes
Para o seu lindo sonho ornamentar

Na serpente de seda dos teus braços
Alguém dorme ditoso sem saber
Que eu vivo a padecer
E o meu coração feito em pedaços
Vai sorrindo ao teu amor
Mascarado desta dor

No teu quarto de sonho e de perfume
Onde vive, a sorrir, teu coração
Que é teatro da ilusão
Dorme, junto aos teus pés, o meu ciúme
Enjeitado e faminto como um cão    

Milícias e traficantes substituem o poder público que abandonou as comunidades

Bolsa de Valores de Favelas supera expectativas de investidores

Desigualdade social é a grande tragédia do povo brasileiro

Roberto Nascimento

Recentemente, a manchete da Folha de São Paulo registrava que as milícias no Rio de Janeiro expulsam moradores das comunidades, roubam casas e lavam dinheiro na construção e venda de imóveis, inclusive edifícios de oito andares. A gravidade da situação ficou evidenciada logo a seguir, quando alguns policiais foram flagrados em escolta a milicianos e outros acompanhando entrega de caminhão com 16 toneladas de drogas para traficantes.

Os moradores sentem a falta do poder público, tanto do Estado como da Prefeitura, ausentes e inertes. Tráfico e milícia disputam territórios e exercem o poder político e militar nas comunidades.

PROBLEMA INSOLÚVEL? – Quem se insurge, não vive para contar a história. Chegou a um ponto,que não tem mais jeito. Inclusive as áreas sobre controle desses grupos só aumentam. Daqui a alguns anos, vamos perder quase toda a cobertura vegetal da cidade do Rio de Janeiro. Algumas ilhas de verde permanecerão, como um oásis no deserto.

O mais revoltante, verdadeiramente Inconcebível, é a repetição da fake news de que Leonel Brizola apoiava o banditismo. É uma das mais abjetas e falsas narrativas do conservadorismo.

Brizola tem essa fama porque condicionou a entrada de policiais nas favelas, exigindo autorização do comandante da PM, na época o coronel Nazareth Cerqueira, para evitar o que está vindo à tona hoje.

FAVELIZAÇÃO – Outra coisa: antes de Brizola exercer o cargo de governador em 1982, já havia favelas em todos os bairros cariocas, o que é natural, porque os cidadãos carentes têm o direito de morar próximo ao local de trabalho.

Além de Brizola, que possibilitou a titularidade dos terrenos ocupados nos morros e encostas da cidade, o ex-prefeito Luiz Paulo Conde, pensou e executou sua maior obra: Favela Bairro. Infelizmente, outros prefeitos, que vieram depois, abandonaram esse projeto de inclusão, assim como nenhum governador depois de Brizola construiu um CIEP a mais. Ficaram nos 500 edificados no governo Brizola.

Não se trata de esquerda nem direita, e sim de governantes ruins, incompetentes e mal preparados. Não se trata de narrativa da esquerda. É realidade na veia. No entanto, a polarização política teima em jogar no colo da esquerda a culpa de todas as mazelas do país.

Afinal, por que Lula está demorando tanto a indicar o novo ministro do Supremo?

A PÉSSIMA NOTÍCIA envolvendo o INSS é a grande dor de cabeça para Lula

Essa indecisão do presidente Lula não tem justificativas

José Carlos Werneck

O presidente da República, Lula da Silva, tem a importante incumbência de indicar o novo membro do Supremo Tribunal Federal, para a vaga aberta em decorrência da aposentadoria da ministra Rosa Weber. Mas não se entende por que demora tanto a tomar uma decisão.

O presidente Lula deveria surpreender a nação e apontar um jurista de verdade, com todas as qualificações necessárias para ocupar um dos cargos mais relevantes da Nação, não importa sexo ou raça.

GRANDES JURISTAS – O Supremo Tribunal Federal já abrigou nomes da envergadura de Prado Kelly, Adaucto Lúcio Cardoso, Aliomar Baleeiro, Evandro Lins e Silva, Moreira Alves, Luiz Gallotti, Xavier de Albuquerque, Eloy da Rocha, Ribeiro da Costa, Oswaldo Trigueiro, isto só para citar alguns dos inúmeros membros, que, além do notório saber jurídico e reputação ilibada, exigidos para o cargo, reuniam independência política, coragem pessoal, desapego a vaidades, além de vasta cultura geral, grande inteligência e erudição.

O próximo indicado deve possuir todas essas qualidades, para restabelecer quaisquer desgastes, que o STF, possa ter sofrido, nos últimos tempos.

Num momento em que o Congresso Nacional, com pouquíssimas e honrosas exceções está carente de grandes nomes e abriga em seus quadros representantes medíocres e figuras, no mínimo exóticas, cabe ao mais alto Tribunal do País ser um ponto de equilíbrio para a salvaguarda das Instituições Democráticas e garantia das liberdades tão arduamente conquistadas pelo povo brasileiro.

PADRÃO DE EXCELÊNCIA – O Supremo Tribunal Federal já deu aos jurisdicionados, em outras quadras de sua história, através de notáveis decisões, exemplos pujantes de respeito à Constituição e às liberdades individuais.

Para voltar a manter este padrão de excelência, precisa abrigar, em seus quadros, o melhor dos melhores, para que o nível de qualidade seja sempre o mais elevado e atenda às altas atribuições que sua nobilíssima função requer.

Tudo isto o presidente Lula deverá levar em conta, quando, acredito, logo nos próximos dias, tomar a importante decisão de submeter ao Senado Federal, o nome do escolhido ou escolhida para ser o novo ministro ou ministra do Supremo Tribunal Federal. A demora na indicação não tem justificativas.

Duas mancadas! Embaixador israelense reúne-se com Bolsonaro e Milei critica Lula

Ritmo era o que mais desejava para seu dia-a-dia o poeta baiano Waly Salomão

Um poema-manifesto de Waly Salomão, propondo que se adote um frenesi pela vida - Flávio ChavesPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado e poeta baiano Waly Dias Salomão (1943-2003), no poema“Hoje”, demonstra  seu frenesi pela vida, a sua sede de celebrar o momento presente: o aqui e o agora. Logo, mesmo sem expressá-lo claramente, ele demonstra o desejo implícito de passar uma borracha no passado, de suplantá-lo, sempre cultuando o ritmo do presente.

HOJE
Waly Salomão

O que menos quero pro meu dia
polidez, boas maneiras.
Por certo,
um Professor de Etiquetas
não presenciou o ato em que fui concebido.
Quando nasci, nasci nu,
ignaro da colocação correta dos dois pontos,
do ponto e vírgula,
e, principalmente, das reticências.
(Como toda gente, aliás…)

Hoje só quero ritmo.
Ritmo no falado e no escrito.
Ritmo, veio-central da mina.
Ritmo, espinha-dorsal do corpo e da mente.
Ritmo na espiral da fala e do poema.
Não está prevista a emissão
de nenhuma “Ordem do dia”.
Está prescrito o protocolo da diplomacia.
AGITPROP – Agitação e propaganda:
Ritmo é o que mais quero pro meu dia-a-dia.
Ápice do ápice.

Alguém acha que ritmo jorra fácil,
pronto rebento do espontaneísmo?
Meu ritmo só é ritmo
quando temperado com ironia.
Respingos de modernidade tardia?
E os pingos d’água
dão saltos bruscos do cano da torneira
e passam de um ritmo regular
para uma turbulência
aleatória.

Hoje…           

Brasileirão pega fogo; a política, também, com os preparativos para as eleições de 2024

O embolado Brasileirao - charge Peters

Charge do Peters (Arquivo Google)

Vicente Limongi Netto

Notas variadas em ponto e vírgulas; notícias boas ou não, clareando a alma e fortalecendo a fé. Botafogo mostrando que não tem brio nem personalidade para ganhar o Brasileirão; time rebola muito; levou outro tombo, de virada. Agora do Grêmio. Suárez, quase quarentão, é um monstro, e com joelho ardendo de dor.

O título de Cidadão Honorário de Brasília, que triste dia negaram a Pelé, passou a ser distribuído sem parcimônia. A política cretina se mete em tudo. Depois do senador Omar Aziz, será premiado o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Martins Filho; alega, feliz da vida, que mora em Brasilia há 40 anos. Aí que está o busilis.

Centenas de magistrados, ex-deputados e ex-senadores, ministros aposentados e parlamentares, como Gandra (xará e filho do renomado jurista), também moram em Brasília há décadas.

NOVAS FORNADAS – Justiça e isenção recomendam mais fornadas da banalizada comenda. Repito, que a hipocrisia e insensatez negou ao Rei Pelé. Motivo: na época estava brigado com uma filha; depois, tomados pelo remorso, tentaram dar o título post mortem, a Pelé.

País surreal, ensinava mestre Hélio Fernandes; outra tolice e patetice dos arautos da demagogia da Câmara Distrital de Brasília foi aprovar o “Dia da Mulher Advogada”. Cabras são sensacionais. Quem sabe, breve, motivados pelo estalo de Vieira, sacudindo a massa cefálica, criarão, também, os dias da Mulher Diarista, Cuidadora, Zeladora, Dona de Casa, Gari, Faxineira, Enfermeira?

Triste e melancólica oposição; estrila, ameaça, berra, sobe nos cascos, mas não ganha bulhufas. Discursos medonhos dos senadores Eduardo Girão, Rogério Marinho e Magno Malta, contrários a reforma tributária, serviram para enfatizar a mediocridade reinante na política brasileira.

E O BRASILEIRÃO? – Admito as digitais do técnico Tite, na boa fase do Flamengo. Time foi implacável com o Palmeiras. Jogo é jogado, lambari é pescado. Mas a aritmética para animar os torcedores do Ninho do Urubu, é quase dramática. 

O Flamengo tem que vencer os jogos que restam (neste sábado, já poderá levar uma peia do Fluminense) e secar os adversários que estão na frente, Botafogo, Palmeiras, Bragantino e, agora, por merecimento e garra, o Grêmio.

Nos jogos do Botafogo, a torcida abre imensa bandeira, com craques eternos do glorioso de General Severiano, incentivando o time, com fotos de Gerson, PC Caju, Jairzinho, Nilton Santos, Garrincha, caramba, enchendo nos corações de saudades; incentivo inútil e penoso. Gerson sofre. não merece.

TESTES EM 2024 – Não há como tratar de política, sem ilustrar raciocínios com eleições e candidaturas. Leva vantagens para 2026 quem obtiver vitórias em 2024, elegendo prefeitos e vereadores. 

Bons testes para avaliações de jovens e bons governadores, como Helder Barbalho, Ratinho e Tarcísio.

Lula, gostemos ou não, não elegerá muitos prefeitos, mas continuará dando as cartas, sonhando com mais um mandato; governadores deverão recolher os trilhos. Em 2026, quem sabe, Lula com vice do MDB, mandando o obediente, quase silencioso, Alckmin para o Senado. 

Reforma tributária pode marcar um grande avanço na legislação brasileira

Plano que inclui os militares na luta contra o crime é apenas jogo de cena

Os sete erros de Dino para vaga no STF | VEJA

Flávio Dino sabe que a chance desse plano dar certo é zero

Carlos Newton

O crime é a demonstração do lado obscuro existente na personalidade humana, que pode se manifestar ainda na infância, com os casos de bullying e outros de muito maior gravidade, que envolvem até incêndios, assassinatos e tudo mais. Isso não é novidade, são coisas que Freud explica. O mundo somente se livrará dessas distorções muito lá na frente, e se ainda existir vida da Terra.

Há certos dogmas já consolidados. Por exemplo: quanto maior a desigualdade social, mais problemático fica combater a criminalidade. Assim, no caso do Brasil, o grau de dificuldade aumenta extraordinariamente, porque é um país onde a riqueza total tenta conviver com a miséria absoluta, mas isso “non ecziste”, diria padre Óscar Quevedo, e o Brasil teima em ser recordista em desigualdade social, não existe nada semelhante no mundo.

DISPARIDADE SALARIAL – A insensibilidade dos governantes e das elites é algo estarrecedor. O maior exemplo é a crescente disparidade salarial no serviço público. Reajustar salários no mesmo percentual é uma injustiça social abominável, mas no Brasil ninguém se importa com isso.

O servidor que está na cúpula do funcionalismo ganha R$ 39.293,00 mensais (embora haja 25,5 mil privilegiados que extrapolam este teto). Ele recebe uma remuneração 2.877% superior ao salário mínimo, que é de R$ 1.320,00.

Assim, quando houver um novo aumento, com o mesmo percentual para todos, a diferença vai aumentar ainda mais e passar de 3.000%, e os sindicalistas não reclamam, não sai uma linha sobre isso na imprensa amestrada, é como se fosse normal, mas trata-se de um procedimento absolutamente injusto perante as leis dos homens e as leis de Deus, digamos assim.

PLANO BESTIAL – Agora, vemos a reprise de um filme antigo, com as Forças Armadas sendo convocadas para resolver o problema da criminalidade no Rio e em São Paulo. Como sempre, o plano é genial – ou bestial, como diria a imprensa portuguesa.

O ministro Flávio Dino dá entrevistas gesticuladas  em série. É um tremendo ilusionista. Sabe que a chegada dos militares faz as quadrilhas se recolherem e não se enfrentarem na disputa de território, mas prosseguem nas atividades normais de milícia e de tráfico com a mesma intensidade, apenas sem estardalhaço.

Na verdade, é tudo um jogo de cena. A criminalidade não será afetada em nada. Desta vez, espera-se que não ocorram novas barbaridades, como o trucidamento do músico Evaldo Rosa dos Santos, em 2019, no R         io. Ele estava com a família no carro e ia para um chá de bebê. O veículo foi alvejado por mais de 80 tiros, o músico morreu junto com o catador de recicláveis Luciano Macedo, baleado ao tentar ajudar a família que estava no veículo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Se o grande advogado Jorge Béja ainda estivesse na ativa, as famílias de Evaldo Rosa e Luciano Macedo receberiam vultosas indenizações do Exército. Durante 45 anos, Béja defendeu gratuitamente um número enorme de vítimas de tragédias desse tipo. A exemplo do portentoso Sobral Pinto, jamais cobrou um tostão de seus clientes. Tenho a honra de ser amigo pessoal de Jorge Béja e das bisnetas de Sobral Pinto, que são minhas vizinhas. E vida que segue, diria João Saldanha. (C.N.)

Déficit zero nunca existiu pois não é computado o custo dos juros sobre a dívida

Charge do Amorim (correiodopovo.com.br)

Pedro do Coutto

O déficit zero nas contas públicas, na realidade, nunca existiu. Foi uma ficção criada na época do ministro Delfim Neto de estabelecer o que se chama até hoje de déficit primário ou superávit primário.

Ocorre que as contas primárias incluem os impostos recebidos e as despesas, e não incluem o volume dos gastos públicos que resultam da incidência da taxa Selic, hoje em 12,25% ao ano, sobre a dívida interna do país que se eleva a cerca de R$ 6 trilhões. Logo, chamar o equilíbrio da receita de impostos e das despesas públicas de déficit zero é uma ficção. Não existe.

TÍTULOS DO TESOURO – Há necessidade de o governo informar à opinião pública a verdade sobre esse processo. A dívida interna do país é lastreada pelos títulos do tesouro, e os vencimentos dos papéis têm datas diferentes, esse é um aspecto da questão. O essencial é o resultado da incidência dos 12,25% sobre os R$ 6 trilhões.

A pergunta que se impõe para iluminar a verdade é como são computadas essas despesas nas contas do país? O déficit só poderia ser igual a zero a partir do momento em que a dívida pública fosse zerada. Mas isso não acontece. Como não há recursos para pagar a dívida, e nem como zerar os juros pelo montante que representam, o governo capitaliza os juros, ou seja, emite outros títulos para estabelecer o equilíbrio. Por isso, não aparece essa despesa. Ela está embutida na rolagem dos juros cobrados sobre a dívida.

META FISCAL  –  Sérgio Roxo, Gabriel Saboya, Alice Cravo e Alvaro Gribel, O Globo, com base em declarações do deputado Danilo Forte, relator da lei de Diretrizes Orçamentárias para 2024 destacam que, até o próximo dia 16, o governo anunciará se altera ou não a meta fiscal para o próximo ano.

Existe uma incerteza refletida na questão. E o Palácio do Planalto, de acordo com opinião do ministro Rui Costa, poderá alterar a meta fiscal prevista com base no déficit zero. Seja como for, a questão dos juros sobre a dívida não será incluída nos cálculos das despesas governamentais.

REFORMA TRIBUTÁRIA – Na tarde de terça-feira, o projeto do governo de reforma tributária avançou no Senado, sendo aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça, podendo ser votado ainda hoje pelo Plenário.

Recebeu emendas ampliando exceções fiscais, incluindo as contas de gás, receitas do futebol e de venda de veículos. Mas são dispositivos que o presidente Lula poderá vetar se assim achar adequado. De qualquer forma, a presença política se fez sentir, como era esperado.

FALTA DE ENERGIA – O vendaval que atingiu a Região Metropolitana de São Paulo, na quinta-feira, acarretou a queda e o embaralhamento de fios de energia elétrica operados pela Enel, distribuidora com grande número de usuários.

Passados cinco dias, a energia não foi restabelecida numa área bastante grande e o presidente da empresa, Nicola Cotugno, numa longa entrevista a Alexa Salomão e Nicola Pamplona, Folha de S. Paulo de ontem, procura justificar a falha ocorrida tanto pela violência do vento que arrastou árvores, quanto por uma falta de entrosamento entre a empresa e a Prefeitura da capital paulista.

Porém, ele não explicou porque não foram executadas as obras para restabelecer o fornecimento. Sobre a hipótese de os fios deixarem de ser aéreos e passarem a ser instalados de forma subterrânea, há um problema de custo. Mas isso nada tem a ver com o restabelecimento da energia para livrar os usuários da angústia e dos prejuízos.

Ignorante em economia, Lula deixou que o Brasil criasse o “capitalismo sem risco”

Entenda por que os bilionários capitalistas financiam o surgimento da nova esquerda - Flávio Chaves

Charge do Allan Sieber (Arquivo Google)

Carlos Newton

Em meio à polêmica sobre o velho teto de gastos, hoje chamado de arcabouço fiscal, com o presidente Lula da Silva tentando descumprir a lei que ele próprio enviou ao Congresso e depois sancionou, fica evidente a necessidade de discutir a base de tudo isso, que está no sistema econômico nacional, no aumento da dívida pública e nos extorsivos lucros dos bancos.

Sabemos que esse assunto é tabu na imprensa e somente é abordado em dois espaços na internet – no site da Auditoria Cidadã e aqui no blog da Tribuna da Internet.

LUCRO DOS BANCOS – É uma rotina cansativa acompanhar o lucro dos grandes bancos brasileiros, que não têm comparação no resto do mundo, mas ninguém parece desconfiar de nada. Agora mesmo, a imprensa está exaltando o lucro do Itaú no terceiro trimestre deste ano.

O lucro líquido contábil do Itaú nos nove meses de 2023 atingiu a marca de R$ 24,19 bilhões, estabelecendo um novo recorde histórico em valores nominais para um banco de capital aberto, com alta de 11,9% ante mesmo período do ano passado.

Daqui a pouco sai o resultado do Bradesco, que não vai querer ficar por baixo. Esses resultados repetitivos deveriam causar espanto e discussões, mas já estão anexados à paisagem. Não há maiores comentários, é o novo normal.

CAPITALISMO SEM RISCO – Ninguém comenta, embora seja inacreditável, que os bancos brasileiros se tornaram imunes a crises. Jamais se vê um resultado no vermelho ou ameaça de falência, como ocorre nos demais países, a exemplo do norte-americano Lehman Brothers em 2008.

Aqui no Brasil, do lado debaixo do Equador, a lucratividade está sempre garantida. O fato concreto é que, 250 anos após as teorias do portentoso Adam Smith, os governantes brasileiros inventaram o capitalismo sem risco no sistema bancário. E isso não causa surpresa, ninguém discute, todos aceitam, porque a imprensa amestrada bate palmas e esconde o produto do roubo, digamos assim, das operações compromissadas

OPERAÇÕES COMPROMISSADAS – Não é invenção brasileira. As operações compromissadas entre os bancos e o Tesouro Nacional existem em outros países. Na matriz USA estão legalizadas essas operações, mas raramente são usadas. A filial Brazil só inovou ao tornar permanente uma situação eventual – as operações compromissadas foram incorporadas ao dia-a-dia financeiro.

Funciona como o velho overnight. A cada dia, os bancos depositam no BC o dinheiro dos clientes que ficou de bobeira nas contas e o governo paga uma remuneração, sem risco. Que maravilha viver, diria Vinicius de Moraes.

Diante das críticas ocasionais à operações compromissadas, feitas pela Auditoria Cidadã e pela Tribuna da Internet, a filial Brazil criou uma variação – os depósitos voluntários, que os bancos podem fazer no mesmo esquema diarista, mas com outra denominação.

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P.S. –
Além disso, é claro, existe a dívida pública, em sua maior parte lastreada na Taxa Selic, com os maiores juros reais do mundo. Sempre que o governo gasta mais do que arrecada e não faz superávit primário, tem de buscar dinheiro junto aos bancos, fazendo a festa dos rentistas do capitalismo sem rico. Lula se justifica, dizendo que vai apenas pegar o dinheiro onde está e levar para onde deveria estar. Bem, se tudo fosse simples assim, nem precisaríamos de governantes.

P.S. 2 – Na verdade, seria importantíssimo que os governantes entendessem de economia. Mas todos eles agem como serviçais dos bancos. E por isso la nave va, cada vez mais fellinianamente. (C.N.)