Relembre duas canções de enorme sucesso da MPB em homenagem às crianças

René Bittencourt e Francosco Alves

René Bittencourt e Francosco Alves

Paulo Peres
Poemas & Canções

O empresário artístico, jornalista e compositor carioca René Bittencourt Costa (1917-1979), na letra de ”Canção da Criança”, homenageia a garotada brasileira no seu dia. Essa valsa foi gravada por seu parceiro Francisco Alves, apelidado de “O Rei da Voz”, em 1952, pela Odeon.

CANÇÃO DA CRIANÇA
Francisco Alves e René Bittencourt

Criança feliz
Feliz a cantar
Alegre a embalar
Teu sonho infantil
Oh Meu Bom Jesus
Que a todos conduz
Olhai as crianças do nosso Brasil!

Crianças com alegria
Qual um bando de andorinhas
Viram Jesus que dizia:
Vinde a mim as criancinhas
Hoje dos céus, num aceno
Os anjos dizem: ”Amém”,
Porque Jesus, nazareno,
Foi criancinha também

Folha Online - Ilustrada - Ataulfo Alves é destaque da Coleção Folha - 08/04/2010

Ataulfo Alves, sempre inspirado

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O cantor e compositor mineiro Ataulfo Alves de Souza (1909-1969) utilizou grande beleza poética para compor o nostálgico samba “Meus tempos de criança” (conhecido também como “Meu pequeno Miraí”), gravado por ele próprio, em 1956, pela Sinter, cuja letra traz lembranças de sua infância feliz em Miraí.

MEUS TEMPOS DE CRIANÇA
Ataulfo Alves

Eu daria tudo que tivesse
Pra voltar aos tempos de criança
Eu não sei pra que que a gente cresce
Se não sai da gente essa lembrança

Aos domingos missa na matriz
Da cidadezinha onde eu nasci
Ai, meu Deus, eu era tão feliz
No meu pequenino Miraí

Que saudade da professorinha
Que me ensinou o beabá
Onde andará Mariazinha
Meu primeiro amor onde andará?

Eu igual a toda meninada
Quanta travessura que eu fazia
Jogo de botões sobre a calçada
Eu era feliz e não sabia

Asfixia total à Gaza por Israel e ações do Hamas agravam a luta no Oriente Médio

Confrontos representam a condenação de milhares de inocentes

Pedro do Coutto

A decisão do governo de Israel de asfixiar totalmente a Faixa de Gaza, base do Hamas, e as ações do grupo terrorista que atacou Tel Aviv no sábado com mísseis, ocupou áreas da região e sequestrou reféns, são fatos que sucedidos pelos confrontos intensos tornam o conflito com consequências imprevisíveis, podendo até atingir profundamente o equilíbrio entre as grandes potências.

A asfixia à Faixa de Gaza implica no corte de energia elétrica, abastecimento de água, bloqueio de alimentos e combustíveis numa região de cerca de 500 quilômetros quadrados, mas densamente povoada com cerca de dois milhões de habitantes. A Faixa de Gaza, conforme a GloboNews avaliou na tarde de segunda-feira, equivale à Zona Oeste do Rio de Janeiro, incluindo Jacarepaguá e mais algumas localidades do subúrbio carioca.

TIRANIA – O bloqueio israelense representa, de fato, a condenação à morte de centenas de milhares de pessoas que não possuem vinculação com o conflito, mas se encontram subordinadas à tirania do Hamas e aos seus métodos de luta terrorista. O governo brasileiro, como é natural, condenou o atentado contra Tel Aviv, mas não incluiu o nome do Hamas no capítulo de terror com que marcou as ações no fim de semana.

Israel deseja também uma invasão terrestre e convocou para a luta, que deve ser longa, 300 mil reservistas do país, homens e mulheres. A luta prossegue em grandes proporções. A situação, como podemos observar, se agravou. A ameaça do cerco total à Faixa de Gaza pode levar a uma comoção mundial e a um panorama de desespero, recaindo sobre as próprias áreas de ambos os lados que se encontram em conflito.

Ontem, China e Rússia se pronunciaram pelo cessar fogo, mas não condenaram a ofensiva desencadeada pelo Hamas no amanhecer do último sábado. A ONU, cujo Conselho de Segurança, neste mês, está sendo presidido pelo Brasil, mantém-se em reunião permanente na tentativa remota de conter o avanço da guerra e estabelecer o cessar fogo. O Hamas ameaça matar os reféns que levou de regiões israelenses para o seu QG em Gaza. Ameaçam matá-los a cada ataque israelense através de sua artilharia ao território que ocupa.

IMPRENSA – Na tarde e na noite de segunda-feira, a GloboNews, a TV Globo e a CNN abriram grandes espaços ao conflito, da mesma forma que O Globo, a Folha de S. Paulo e o Estado de S.Paulo nas edições impressas nesta terça-feira. As imagens são aterrorizantes e mostram com nitidez os efeitos da tragédia que mais uma vez explodem na região. É preciso destacar a atuação dos profissionais de Imprensa que se aproximam a poucos metros do teatro de operações, como se chama os espaços físicos de uma guerra, arriscando as suas vidas.

Aguardemos, portanto, o fim das destruições, sobretudo porque as reconstruções exigem muito mais tempo. Com as guerras, a espécie humana, isso sim, perde tempo e as gerações sofrem os efeitos.

DESENROLA – O ministro Fernando Haddad, matéria de João Sorima Neto, O Globo de ontem, lançou na cidade de São Paulo a plataforma de renegociação das dívidas a serem ressarcidas através do programa “Desenrola Brasil”. Mas 57% ainda não acessaram o programa aberto na internet, o que está preocupando a Fazenda quanto ao êxito da operação.

A operação abrange dívidas de até R$ 5 mil; 44% não se habilitaram e 13% não acessam a internet. O Ministério da Fazenda terá que adotar um sistema de inscrição mais simples para atender aos objetivos do programa. Um dos pontos sensíveis, entretanto, é que as dívidas podem ser parceladas em até 60 prestações mensais com base no fundo garantidor do Tesouro de R$ 8 bilhões para garantir os pagamentos aos bancos e às lojas, caso venham a ocorrer falta de pagamentos.

Destaco que os juros do refinanciamento são de 1,99% ao mês para uma inflação esperada de 4,2% este ano, segundo o IBGE. Uma taxa de quase 2% mensais resulta num montante anual em cerca de 30%. Os salários, claro, não progridem nesta velocidade. Surge um novo obstáculo.

MEDALHISTA –  O presidente Lula da Silva deve parabenizar a grande atleta Rebeca Andrade pela conquista da medalha de ouro no mundial de ginástica e também cumprimentar a equipe brasileira que na competição em conjunto alcançou a medalha de prata por uma pequena diferença em relação à equipe dos Estados Unidos.

Rebeca Andrade merece uma homenagem especial, como a que Juscelino Kubitschek destinou à Maria Ester Bueno quando ela conquistou Wimbledon em 1959. Ofereceu um almoço à grande tenista.

Obras imortais: “O Príncipe”, de Maquiavel, e “O Pequeno Príncipe”, de Saint-Exupéry

“O Pequeno Príncipe” foi publicado em 1943

José Carlos Werneck

Esclarecendo a confusão danada feita por um “ilustre causídico”, quando ocupava a tribuna do Supremo Tribunal Federal, “O “Príncipe” é o livro mais conhecido do florentino Nicolau Maquiavel e foi completamente escrito em 1513, apesar de ter sido publicado postumamente, em 1532.

Já “O Pequeno Príncipe”, do francês Antoine de Saint-Exupéry, é um livro repleto de poesia e filosofia, que se tornou folclórico no Brasil por ser citado como o preferido das candidatas ao concurso de miss, sem que nenhuma delas o tenha lido.

São obras imortais, marcos da civilização.

TRATADO POLÍTICO – “O Príncipe” é um tratado sobre política, que teve origem com a união de Juliano de Médici e do papa Leão X, quando Maquiavel viu a possibilidade de um príncipe finalmente unificar a Itália e defendê-la contra os estrangeiros, apesar de dedicar a obra a Lourenço II de Médici, mais jovem, de forma a estimulá-lo a realizar esta empreitada.

Porém, existe uma outra versão sobre a origem da obra, dizendo que ele a teria escrito em uma tentativa de obter favores dos Médici, contudo ambas as versões não são excludentes.

O “Príncipe”é dividido em 26 capítulos. No início apresenta os tipos de principado existentes e expõe as características de cada um deles. A partir daí, defende a necessidade do príncipe de basear suas forças em exércitos próprios, não em mercenários e, após tratar do governo propriamente dito e dos motivos por trás da fraqueza dos Estados italianos, conclui a obra fazendo uma exortação a que um novo príncipe conquiste e liberte a Itália.

O PRINCIPE - 1ªED.(2014) - Nicolau Maquiavel - Livro

A obra faz sucesso há 500 anos

DISSE MAQUIAVEL – Em uma carta ao amigo Francesco Vettori, datada de 10 de dezembro de 1513, Maquiavel comenta sobre seus escritos:

“E como Dante diz que não se faz ciência sem registrar o que se aprende, eu tenho anotado tudo nas conversas que me parece essencial, e compus um pequeno livro chamado “De Principatus”, onde investigo profundamente o quanto posso cogitar desse assunto, debatendo o que é um principado, que tipos de principado existem, como são conquistados, mantidos, e como se perdem.

Mais de 500 anos depois, o escritor virou personagem da própria obra, que é considerada cada vez mais maquiavélica.

Como aceitar que até crianças sejam mortas nas guerras sem fim neste mundo odiento?

Guerra no Oriente Médio: 432 mortos confirmados, sendo 232 em Gaza e 250 em  Israel

Um cenário da destruição que atingiu a população civil

Vicente Limongi Netto

Segundo a agência ANSA Brasil, autoridades israelenses informaram nesta terça-feira (dia 10) que foram encontradas dezenas de crianças mortas, incluindo menores decapitados, em Kfar Azza, um kibutz invadido por militantes do grupo fundamentalista Hamas a menos de três quilômetros de Gaza.

A informação foi divulgada pela TV I24, citando os soldados que chegaram a esta pequena vila sem saber o que iriam encontrar. “Nunca vimos nada assim, berços tombados, corpos espalhados, casas e carros queimados”, disseram.

De acordo com a mesma fonte, famílias inteiras foram baleadas nas suas camas”. Os corpos de cerca de 40 bebês e crianças pequenas foram retirados do local.

A LUZ DA ALMA – Criança simboliza amor, ternura, devoção, alegria, beleza, paz, otimismo. Criança é a luz da alma. É o sopro do infinito. O céu azul nos bons corações. Criança não foi feita para morrer em escombros, com bala perdida, atropelada, afogada. Criança não merece assistir o pai desnaturado matar a mãe. Criança não foi feita para passar fome, para pedir esmola nas esquinas, para ser abusada por covardes.

Criança é para crescer feliz. Brincando, estudando, cantando, gritando, abraçando o carinho. Criança deveria ter assento na ONU. Para determinar ao mundo e aos marmanjos que é ser humano intocável e iluminado. Protegida pelos deuses da bondade. Merecedora de respeito e atenção.

BARRO E LAMA – Vivemos tempos estranhos de retrocesso em tudo, até mesmo no comportamento do planeta, fazendo flutuar no vazio do silêncio a linguagem das águas antes fartas da Amazônia. Rios viraram barro e lama. Perderam o mistério dos peixes.

Buracos são desalentos das margens tristes. Casas encalharam na frieza da desesperança. Barrancas choram seus mortos. Ribeirinhos são reféns do desalento. O canto das águas esgotou a ternura. O sol pendurou o vento nos varais da agonia. 

Para culminar, o medonho, pretensioso e inacreditável Tite, de triste memória, levou para o Flamengo os bisonhos e desastrados auxiliares com os quais perdeu duas Copas do Mundo, na Rússia e no Catar. Vão acabar de enterrar o Mengo no ninho do Urubu. Com direito a polpudos salários.

Assassinatos de médicos no Rio podem custar ao Estado R$ 10 milhões em indenizações

Assassinato de 3 médicos no Rio assusta um país inteiro | Jornal Nacional |  G1

Nesses casos, o direito a receber indenização é líquido e certo

Jorge Béja

As famílias dos três médicos assassinados recentemente na Barra da Tijuca e o outro médico que sobreviveu à chacina, todos podem e devem acionar o Estado do Rio de Janeiro para cobrar a mais ampla indenização. Daí é natural e compreensível a pergunta: mas se não foram agentes do Estado que mataram, como responsabilizar o Estado?

A resposta está na Constituição Federal, na Doutrina e na Jurisprudência. “As pessoas jurídicas de direito público…responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade causarem a terceiros…” (CF, artigo 37, parágrafo 6º). Os dois maiores doutrinadores brasileiros, de todos os tempos, sobre Responsabilidade Civil, pública e privada, que foram José de Aguiar Dias e Cretella Junior, responsabilizam civilmente o poder público quando presente(s) uma ou mais das seguintes situações: 1) O serviço existiu, mas retardou. 2) O serviço existiu, mas funcionou mal.  3) O serviço não existiu.

APLICA-SE AO CASO – No caso da chacina da Barra da Tijuca, o serviço existiu. A Polícia Militar (ainda) existe. Mas retardou e funcionou mal. Isto porque, policiamento preventivo, ostensivo, fardado e armado, 24 horas por dia, visível em todos os lugares públicos, é primário dever do Estado através da sua Polícia Militar.

E aqui no Estado do Rio de Janeiro, principalmente na capital, a população não vê policiamento preventivo nas ruas e locais públicos. Décadas e décadas atrás o policiamento com agentes da PM estava presente. Viam-se PMs fardados e armados nos sinais de trânsito com suas potentes motocicletas, viam-se viaturas da PM circulando nas ruas, viam-se duplas de “Cosme Damião” e muito mais, tudo para proteger a população.

OBRIGATORIEDADE – Não se trata de generosidade, mas de obrigatoriedade legal e social à custa do dinheiro da própria população, sejam adimplentes ou inadimplentes com seus impostos. É serviço de segurança pública pago, portanto.

Naquele luxuoso hotel na Barra da Tijuca estavam ocorrendo dois congressos internacionais. Todos os quartos e suítes estavam ocupados. Nem precisava tanto para que o policiamento da PM, preventivo, ostensivo, fardado e armado, dia e noite estivesse presente, estivesse na ronda naquela e em todas as localidades públicas do Rio.

Fiações da Light, das empresas de telefonia, de internet, e de empresas congêneres, que no Rio ainda são arcaicas, porque aéreas (de poste a poste), são furtados e roubados, todos os dias, todas a noites e em todos os lugares, justamente pela completa ausência do policiamento.

NO COMANDO DA PM – Me recordo – sem saber quando – do encontro que tive nos anos 80 com um comandante da PM, em seu gabinete no quartel central da Rua Evaristo da Veiga, centro do Rio.

Durante a conversa, cordial e fidalga, o coronel me indagou “então você defende um Estado policialesco?”. Não, coronel, policiamento ostensivo, fardado e armado, 24 horas por dia, previne e evita a ocorrência de crimes. Se não acaba com a criminalidade, ao menos diminui consideravelmente, a ponto de transmitir segurança ao povo e aos criminosos o medo de ser preso. Se tanto é chamado de “Estado Policialesco”, então que seja.

Foi a resposta que, delicadamente, dei ao comandante da Polícia Militar.

DIREITO À INDENIZAÇÃO – Podem e devem os familiares dos médicos mortos e o médico que sobreviveu ao atentado acionar o Estado com pedido de indenização.

O prazo para propor a ação é de 5 anos a contar do dia da chacina. Por serem os fatos públicos e notórios, não é preciso elaborar uma petição rica em citações doutrinárias, jurisprudências e legais.

Basta descrever o que aconteceu. Isto porque fatos públicos e notórios não precisam ser comprovados no processo judicial. Além disso, “Iura novit curia” (O juiz conhece o direito), máxima que os juristas romanos nos legaram.

A pergunta que se faz: “Quem teria coragem de prender o general Augusto Heleno?”

Augusto Heleno: acampamentos bolsonaristas eram "ordeiros e pacíficos" |  Agência Brasil

General Heleno perdeu a linha e chegou até a dizer palavrões

José Carlos Werneck

Ainda repercutindo muito, em Brasília, a declaração feita pelo general Augusto Heleno na sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de janeiro, quando o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) reafirmou uma frase dita por ele no final do ano passado: “Continuo achando que bandido não sobe a rampa”.

O general também classificou como “fantasia” a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, que disse à Polícia Federal que Jair Bolsonaro se reuniu com a cúpula das Forças Armadas para discutir um golpe.

RECORREU A PALAVRÕES – O general ficou visivelmente irritado com as perguntas da relatora, senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), durante a sessão da CPMI.

“Ela fala as coisas que ela acha que estão na minha cabeça. P…, é para ficar p…, né?”, disse, caprichando nos palavrões.

O depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ainda foi marcado por um desentendimento entre os deputados Arthur Maia (União (BA), presidente da CPMI, e Abílio Brunini (PL-MT), que tumultua as sessões e diz ser o “Bobo da Corte” da CPMI.

Em meio ao avanço das investigações, muitos políticos e jornalistas continuam indagando: Quem tem coragem de prender o General Augusto Heleno?

TIPO PINHEIRO MACHADO – Então me lembrei que, certamente, muitos de seus opositores devem conhecer a célebre frase de Pinheiro Machado, instruindo, em 1915, o seu cocheiro sobre como conduzir a carruagem diante da multidão, enfurecida por ele ter imposto o nome de Hermes da Fonseca como senador pelo Rio Grande do Sul, na porta do Palácio do Conde dos Arcos, antiga sede do Senado no RJ:

“Nem tão devagar que pareça afronta, nem tão depressa que pareça medo”.

Com inconstitucionalidade declarada pelo STF, Lula não pode sancionar marco temporal

Charge do Mário Adolfo (marioadolfo.com)

Pedro do Coutto

Uma corrente de apoio ao governo no Congresso está iniciando um movimento junto ao presidente Lula da Silva para que ele só vete parcialmente a Lei do Marco temporal, aprovada pelo Senado, depois de passar pela Câmara, mas que teve a sua inconstitucionalidade declarada pelo Supremo Tribunal Federal. A questão quanto à ocupação de terras pelos indígenas ao longo do tempo exige de fato uma legislação complementar, como no caso de Santa Catarina, que se tornou um exemplo na controvérsia.

Mas, o movimento revelado por Sérgio Roxo e Jeniffer Gularte em reportagem na edição desta segunda-feira de O Globo, não pode logicamente receber o aval do presidente da República, pois tal fato representaria uma agressão ao STF.

LEI COMPLEMENTAR – O que o governo pode e certamente deverá fazer é aproveitar o episódio para propor uma lei complementar que equacione as indenizações por parte do Poder Público aos que investiram de boa-fé na recuperação e desenvolvimento de terras que se tornaram reservas indígenas.

No governo, de acordo com a reportagem, a questão colocou em posições opostas, por exemplo, a ministra Marina Silva e o senador Jaques Wagner. Atrás de uma divisão que se abriu, encontram-se, como sempre, representantes de interesses agrários que lutam para assegurar posições ocupadas através de, pelo menos, 35 anos da existência da Constituição de 1988.

8 DE JANEIRO –  Ao participar no domingo de manifestação pública em Belo Horizonte contra o aborto, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que a invasão e as depredações em Brasília no dia 8 de janeiro, foram uma arapuca armada pela esquerda. Uma farsa, portanto. Com tal declaração, o ex-presidente estremeceu o universo político e abalou os alicerces da verdade histórica.

A manifestação contra o aborto não faz sentido, pois a Constituição assegura o direito em casos específicos de estupro, risco de vida e anencefalia. Na realidade, penso que a questão aborto pode ser evitável através do planejamento familiar.

Três coisas importantes que o poeta Paulo Mendes Campos jamais conseguiu entender

TRIBUNA DA INTERNETPaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, escritor e poeta mineiro Paulo Mendes Campos (1922-1991) explica, poeticamente, “Três Coisas” que ele não conseguia entender e medir.

TRÊS COISAS
Paulo Mendes Campos

Não consigo entender
O tempo
A morte
Teu olhar

O tempo é muito comprido
A morte não tem sentido
Teu olhar me põe perdido

Não consigo medir
O tempo
A morte
Teu olhar

O tempo, quando é que cessa?
A morte, quando começa?
Teu olhar, quando se expressa?

Muito medo tenho
Do tempo
Da morte
De teu olhar

O tempo levanta o muro.
A morte será o escuro?
Em teu olhar me procuro.

Se você acredita no que a imprensa diz, está destinado a ter muitas decepções

Imprensa responsável como artigo de luxo? | Blog da Rose Marie

Charge do Bier ( Arquivo Google)

Carlos Newton

As pessoas que acompanham a Tribuna da Internet logo percebem que se trata de um espaço livre e independente, que não defende nenhuma ideologia, religião, partido político, facção econômica ou filosofia. Nosso propósito é divulgar o de melhor se publica na imprensa e na internet, para que cada um forme sua opinião, faça comentários e troque ideias. É um objetivo claro e transparente, que qualquer um deveria entender, mas isso não acontece, por um motivo muito simples — ninguém está acostumado a isso.

Desde a invenção da escrita, o que está impresso vem defender alguma tese ou ideia. Portanto, tentar fazê-lo sob o signo da liberdade mais parece utopia, buscando atingir uma meta impossível de ser alcançada. Os próprios comentaristas não entendem, sempre querem nos convencer disso ou daquilo.

SEGUIREMOS ASSIM – No Brasil e no mundo, a chamada grande imprensa, sinceramente, é uma decepção. A exemplo do agente secreto James Bond, a imprensa está sempre a serviço de algo inconsútil, concebido como “sua majestade”, o que significa estar a serviço de alguém importante e de muito poder. Portanto, Bond e a imprensa jamais estão a serviço do povo, que não tem poder algum.

Por esse motivo, é perigoso acreditar no que a imprensa afirma. Tudo necessita de um filtro ou de uma tradução simultânea, para que realmente se entenda qual interesse está sendo defendido pelos jornalistas.

A única coisa certa é que a imprensa é balcão, sejamos francos. Defende quem paga mais — ou seja, quem está no poder político (o governo) e no poder econômico (no caso do Brasil, os bancos). Aliás, inventaram aqui debaixo do Equador um capitalismo sem risco, em que banco jamais deixa de ter lucro, o que revoltaria Adam Smith e levaria Marx e Engels à loucura. Mas isso é outro assunto — de máxima importância — e depois voltaremos a abordá-lo.

BALANÇO DE SETEMBRO – Como sempre fazemos, vamos divulgar o balanço da Tribuna no mês de setembro, agradecendo muitíssimo a todos os que nos apoiam nessa utopia de manter um espaço independente. Inicialmente, as contribuições na Caixa Econômica Federal.

DIA  REGISTRO   OPERAÇÃO          VALOR
04    040602       CRED TEV…………..205,00

04    032120       CRED PIX…………..200,00
08    081142       DP DIN LOT………..100,00
14    141051       DP DIN LOT………..230,00
26    261552       DP DIN LOT………….60,00
28    281130       DP DIN LOT………..230,00

Agora, os depósitos no Banco Itaú/Unibanco:

01    PIX TRANSF JOSE FR……………150,00
01    PIX TRANSF PAULO R…………..100,00
05    TED 001.3097.HENR.A………..150,00
11    PIX TRANSF JOAO AN…………….50,00     
15    TED 001.4416.MARIO ACR…..300,00
28    TED 033.3591.ROBER.S.N…….200,00
29    TED 001.5977.JOSE.A.P.J……..300,29

Por fim, no banco Bradesco:

11    TRANSF L.C.BRANCO.PAIM…..300,00

Agradecendo muito as contribuições dos amigos e amigas, vamos em frente, juntos, em busca desta utopia. (C.N.)

Omissão dos três Poderes transformou o Brasil no “paraíso da criminalidade”

BLOG DO BARATA: (IN)SEGURANÇA – A escalada da criminalidade

Charge do Lane (Arquivo Google)

Vicente Limongi Netto

Autoridades do Judiciário e do Legislativo, que deveriam dar exemplo de civilidade, de zelar pelo Brasil, pelo bem estar e segurança dos brasileiros, brigam e se agridem entre si, lutando por mais poder. Acentuada podridão humana. Agressões entre togados e engravatados deslustram a vida pública. Enquanto isso, o governo perde, de goleada, a guerra contra o crime.

Bandidos debocham dos policiais. Desfilam tranquilos, fortemente armados. Matam, sem trégua, inocentes, crianças, adultos e idosos. O Brasil virou refém da bandidagem. O povo, por sua vez, está cansado de falatórios cansativos, de firulas verbais que não intimidam os criminosos. A insegurança é avassaladora. Deixam famílias assustadas e temerosas.  Até quando, Santo Deus?

HÁ CONIVÊNCIA – No enfático texto “Uma sociedade conivente” (Correio Braziliense – 08/10), a jornalista Ana Dubeux luta contra o silêncio covarde. Repudia a sordidez e a mesquinharia da desprezível “corja branca”, empenhada em vencer todas as batalhas. Hipócritas e patrulheiros venais, dominados pelo ódio, que não permitem o crescimento, pessoal e profissional de outras pessoas. Camarilha que desrespeita a constituição, travestida de dona da verdade.

Dubeux repele acomodações que prejudicam o bem-estar e o crescimento coletivo da sociedade. A jornalista salienta, emocionada, que apesar do jogo sujo dos éticos e isentos de meia pataca, atravancando sonhos alheios, “em tempo, depois de muito sofrimento imposto, as minorias perseguidas e as mulheres estão levantando suas bandeiras e celebrando suas conquistas. Não sem dor, não sem ameaça, não sem ofensa. Ainda assim, crescem. E continuarão crescendo”.

ESQUECIMENTOS – Matéria longa da Constituição, no boletim Destaques da Semana, da Associação Brasileira de Imprensa( ABI),  sem nenhuma citação-exaltação ao relator-geral da constituinte, Bernardo Cabral,  ex-presidente da OAB Nacional, depois senador e ministro da justiça. É lamentável, tremendo desaforo, jornalismo ruim, uma abissal injustiça. mais ainda porque, pelo que sei, Bernardo Cabral é sócio da ABI há décadas.  Francamente.

Outro esquecidinho, inigualável fazedor de média, é o novo presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. O ministro Barroso incensa Lula e Fernando Henrique Cardoso como grandes democratas, e esquece de citar o ex-presidente Fernando Collor de Mello.

Foi ele que tirou o Brasil das amarras do atraso. Deixou leis que permanecem úteis aos brasileiros. O próprio FHC, em entrevista ao canal Consultor Jurídico, no ano passado, afirmou que o plano econômico do governo Collor foi essencial para a incrementação do Plano Real. Mas Barroso esqueceu…

Mara Grabrilli critica Lula, que acha “feio” usar muletas e cadeira de rodas

Parlamentares criticam projeto que muda Lei das Cotas para Pessoas com Deficiência | JTNEWS

Mara Gabrilli é considerada uma parlamentar exemplar

José Carlos Werneck

Continuam repercutindo muito as críticas que a senadora Mara Gabrilli (PSD-SP)  fez ao presidente Lula sobre as declarações que ele deu, antes da cirurgia nos quadris a que se submeteu. A parlamentar paulista se referiu às afirmações do presidente, por ter dito que os eleitores jamais o verão “de andador e muleta”.

Lula acrescentou que o fotógrafo oficial da Presidência, Ricardo Stuckert, prometera que não iria registrar imagens dele após o procedimento cirúrgico, pois os apoiadores sempre iriam lhe ver “bonito”.

DISSE LULA – O presidente da República declarou na entrevista: “O Stuckert não quer que eu ande de andador: ‘Não vou filmar você de andador’. Então, significa que vocês não vão me ver de andador, vocês não vão me ver de muleta. Vocês vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado”.

Assim, o presidente associou claramente o uso de muletas por pessoas com deficiência à ausência de beleza e, para a senadora, essa revelação causou “graves prejuízos a pacientes”.

Realmente, a infeliz declaração de Lula causou inúmeras reações nas redes sociais. Para a senadora, as palavras do presidente prejudicam a luta de pessoas com deficiência contra o preconceito.

“Lula tem uma visão distorcida e capacitista sobre as pessoas com deficiência. Caminhar, seja com andador, muleta ou cadeira de rodas não enfeia ninguém, tampouco subtrai o potencial do ser humano”, escreveu Mara Gabrilli: “E ainda demonstra o quanto essa pessoa deve lutar para conseguir exercer cidadania”, completou a senadora, que é cadeirante e há décadas luta pelos direitos das pessoas com necessidades especiais, com destacada atuação no Brasil e no mundo.

Lula comete gafe: 'Vocês não vão me ver de andador, vão me ver sempre bonito' | O TEMPO

Lula não aceita ser fotografado usando muletas

LULA TEM DE USAR – Como se sabe, o presidente da República, que está completando 78 anos no dia 27, fez uma artroplastia total do quadril, no lado direito do corpo, para o tratamento de uma artrose, o que o obrigará a andar de andador, muletas e depois bengala até recuperação total, em três ou quatro meses.

“Eu vou ter que ter um pouco de cuidado porque a operação parece simples, mas a recuperação, a fisioterapia e a dedicação, o tratamento, é fundamental. Então, eu vou me cuidar com muito carinho. Estou muito otimista”, ressaltou Lula.

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UMA SENADORA BONITA E PERFEITA

As críticas feitas a Lula são ainda mais importantes por se tratar de Mara Gabrilli, 55 anos, publicitária, psicóloga e senadora pelo PSD/SP. Foi secretária da Pessoa com Deficiência da Prefeitura da capital paulista, vereadora na Câmara Municipal de SP e deputada federal por dois mandatos consecutivos. Em 2018, com 6.513.282 votos, foi eleita para representar São Paulo no Senado Federal (mandato 2019-2026).

Ainda, em junho de 2018, em uma conquista inédita para o país, Mara foi eleita para um mandato de quatro anos em um comitê da ONU do qual nunca houve um representante brasileiro. O Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência reúne peritos de diferentes países e monitora a implementação, pelos países-membros, da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

Em 2022, Mara foi candidata a vice-presidente de Simone Tebet, em uma chapa histórica e inédita composta por duas mulheres disputando a Presidência do Brasil.

OUTRAS ATIVIDADES – Empreendedora social, fundou em 1997 o Instituto Mara Gabrilli, ONG que fomenta pesquisas científicas para cura de paralisias, apoia atletas de alto rendimento do paradesporto e atua no desenvolvimento social de pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade.

Como deputada federal, por cinco anos consecutivos foi laureada pelo Prêmio Congresso em Foco, onde ficou entre os melhores parlamentares da Câmara dos Deputados na visão de 186 jornalistas de 45 veículos de comunicação que cobrem o Congresso Nacional. Em 2018, também pelo Prêmio Congresso em Foco, foi eleita a melhor deputada de São Paulo e a que mais trabalha para reduzir as desigualdades.

Ataque do Hamas a Israel abre um novo panorama na crise internacional

Ataque do Hamas a Israel e contra ofensiva deixam centenas de mortos

Pedro do Coutto

O violento ataque desencadeado pelo Hamas contra Israel no amanhecer de sábado, abriu um novo panorama no cenário internacional, acrescentando mais um episódio de sangue na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia. O Brasil, que ocupa este mês a Presidência do Conselho de Segurança da ONU, convocou uma reunião de emergência. Ao mesmo tempo, Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, declarou guerra ao Hamas considerando-o uma entidade terrorista.

Mas o ataque desfechado contra Israel tem a participação de outros países, sobretudo da Rússia para distrair as atenções sobre a guerra da Ucrânia com um outro conflito permanente, mas agora declarado por Netanyahu, em revide às mortes e sequestros praticados pelos palestinos num embate iniciado em 1948, logo após a criação do Estado de Israel, em 1947, e até hoje  não resolvido, intercalado por uma onda de violência que se estende ao longo do tempo.

COMPROMISSO – Os Estados Unidos assim, pelo seu compromisso com Israel, logicamente terão que estender o seu apoio ao governo de Tel Aviv, acrescentando seus esforços no apoio a Zelensky para manter a Ucrânia livre do domínio russo impedido pelo apoio americano, do Reino Unido, da Alemanha, da Holanda, da Polônia e da França.

O episódio dos mísseis que amanheceram contra os israelenses terá sequência nas articulações internacionais marcadas por um jogo de poder que começou com a invasão contra o governo de Kiev e que agora se desdobra pelo Oriente Médio, atravessando a linha de fogo novamente entre árabes e israelenses. Mais um capítulo escrito com sangue nas páginas do Oriente Médio e na consciência humana.

AMEAÇA – O equilíbrio entre as grandes potências, principalmente entre os Estados e a Rússia, torna-se ainda mais difícil, mas não impossível, pois no fundo da questão, na medida em que avançam os raciocínios, vislumbra-se a sobrevivência da própria humanidade ameaçada pela extensão dos conflitos e pela falta de perspectiva em que possam ser resolvidos pela força da paz e da justiça.

Não se sabe como a China vai se colocar diante do ataque a Israel e na resposta de Israel às áreas sempre sensíveis ao redor da Cisjordânia. As potências da Otan, como a França, o Reino Unido, a Alemanha e demais integrantes vão reagir do quadro duplo agora englobando o Oriente Médio e as fronteiras da Rússia e da Polônia do continente europeu.

Impossível no momento fazer-se uma previsão. Mas pelo tom de Washington, Moscou e Pequim é que poderemos examinar a partir desta semana se a tendência inspirada no simples bom senso e no princípio humanista vai predominar.  O conflito agravou-se.

“Quantas ambiguidades se pode cometer na vida?”, perguntava o inovador Paulo Leminski

paulo leminski | Campus Virtual FiocruzPaulo Peres
Poemas & Canções

O crítico literário, tradutor, professor, escritor e poeta paranaense Paulo Leminski Filho (1944-1989), no poema “Volta em Aberto”, questiona as ambiguidades da ida e da volta: quem bate mais à porta?

VOLTA EM ABERTO
Paulo Leminski
        

Ambígua volta
em torno da ambígua ida,
quantas ambiguidades
se pode cometer na vida?

Quem parte leva um jeito
de quem traz a alma torta.
Quem bate mais na porta?
Quem parte ou quem volta?

Congresso vai manter a ofensiva até colocar o Supremo no seu devido lugar

NQ - Notícia Quente - Jornalismo com Credibilidade.

Charge do Kauer (Espaço Vital)

Carlos Newton

Os ministros do Supremo Tribunal Eleitoral estão atordoados, sem entender direito o que está acontecendo. Desde 2019 eles vinham mandando e desmandando no país, tranquilamente, sem que ninguém a eles se opusesse, até que, não mais que de repente, o Senado passou a responder ao desrespeito do STF a leis aprovadas pelo Congresso e que foram sancionadas e estão em vigor.

Uma das leis do Congresso que o Supremo decidiu corrigir foi a extinção do imposto sindical obrigatório, revogado no governo de Michel Temer. Sem fazer alarde, a então presidente Rosa Weber colocou em votação no mês passado e os ministros desfizeram a decisão do Congresso, criando uma brecha para trazer de volta a cobrança do imposto sindical, e com um aumento de 350%, vejam a que ponto chegamos. Antes, era equivalente a um dia de trabalho, passou a ser cobrado sobre 3 dias e meio.

INTERPRETAÇÃO ARDILOSA – Liderados por Gilmar Mendes (ele, sempre ele…), os ministros inventaram que, antes de 2017, a contribuição sindical, federativa e assistencial tinha natureza tributária e, portanto, era obrigatória inclusive para trabalhadores não-sindicalizados. Com a Reforma Trabalhista (Lei 13.467, de 2017), a contribuição não teria sido extinta, apenas passou a ser facultativa aos não associados…

Com uma tremenda cara de pau institucional, em setembro a Corte decidiu pela constitucionalidade da cobrança, mudando o nome para “contribuição assistencial”, a ser criada em  convenção sindical.

Para disfarçar, o STF garantiu ao trabalhador o direito de se opor à cobrança, mas não fixou como isso se daria. Quer dizer, o que poderia ser fácil, através de mensagem de WhatsApp ou e-mail, os sindicatos poderiam dificultar, exigindo presença física do trabalhador, com documento autenticado em cartório e tudo o mais.

SENADO REAGE – A reação do Senado foi impressionante. Na terça-feira passada, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou o projeto de lei (PL) 2.099/2023, que impede os sindicatos de exigirem o pagamento da contribuição sindical sem autorização do empregado. O texto do senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) recebeu relatório favorável do senador Rogerio Marinho (PL-RN) e seguiu para a Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

A proposição altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT — Decreto-Lei 5.452, de 1943). De acordo com o projeto, mesmo que seja filiado, o trabalhador tem de autorizar prévia e expressamente a cobrança de contribuições aos sindicatos da categoria econômica ou profissional.

O relator, senador Rogerio Marinho, alterou a proposta original para garantir o direito de oposição, segundo o novo entendimento do STF. O texto proíbe a cobrança a não sindicalizados e exige inclusive autorização prévia do trabalhador ou profissional liberal sindicalizado para que a contribuição sindical seja recolhida.

CONSTRANGIMENTOS – Em entrevista à Agência Senado, o relator Rogério Marinho disse ter recebido dezenas de relatos de trabalhadores submetidos a “obstruções e constrangimentos” ao direito de não pagar a contribuição, que é ilegal desde 2017. Citou o caso de um sindicato de Sorocaba (SP) que, após convenção coletiva, passou a descontar 12% de contribuição assistencial ao ano sobre o valor do salário ou exigir uma taxa de R$ 150 de quem não quiser pagar a contribuição.

— Assistimos a um festival de arbitrariedades cometidas por alguns sindicatos, que podem ser generalizados caso não tenhamos a possibilidade de regulamentar a situação. Salário é verba de natureza alimentar. Você deveria ter o arbítrio de determinar se deve ou não permitir o rateio com uma entidade que eventualmente você considere importante para sua vida laboral — afirmou Rogério Marinho.

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P.S. –
É impressionante que o Supremo tenha pensado (?) que poderia derrubar com a maior facilidade as leis votadas pelo Congresso, como aconteceu no marco temporal e no imposto sindical. Como dizia Roberto Carlos, daqui pra frente, tudo vai ser diferente, e os Três Poderes terão de se respeitar. A ditadura do Supremo simplesmente acabou. Morreu, mas os ministros ainda não sabem. (C.N.)

Nobel para Mohammadi, um grito universal de liberdade para as mulheres iranianas

Ativista foi presa por lutar pelos direitos humanos no Irã

Pedro do Coutto

Foi um episódio marcante na própria história universal o prêmio Nobel da Paz de 2023 concedido à iraniana Narges Mohammadi, uma lutadora pela liberdade das mulheres do Irã, condenada por isso à 00 penas que somam 31 anos de prisão, além de 154 chibatadas.

O absurdo escandaliza o mundo inteiro. Qual o crime da iraniana? Lutar pela igualdade de direitos da mulher e pela vontade de não colocar sobre os cabelos um lenço tradicional estabelecido ditatorialmente no país. Cento e cinquenta e quatro chicotadas conduz a um período medieval.

PROTESTO – Narges Mohammadi se opõe a tudo isso e do fundo do cárcere continua protestando. Sua voz ecoou em defesa de cursar o seu próprio roteiro e destino. É impressionante como o Irã trata as suas mulheres. Uma teocracia que subjuga o sexo feminino ao longo dos tempos.

Uma crueldade insana e inominável. Não faz o menor sentido. Mas o Irã desconhece esse compromisso da humanidade consigo mesma. A luta pela igualdade de direitos se estendeu por várias regiões há muitos séculos e continua avançada. Mas não para aquele país.

Narges Mohammadi, 51 anos de idade, é uma ativista cujos esforços são reconhecidos pelo Prêmio Nobel na categoria de alguém que se destaca na luta pela paz. Um ressoar em prol da justiça e da dignidade humana. Impossível conviver com um regime que está com cinco séculos de atraso. As mulheres obtiveram eco através de Narges Mohammadi. Falta agora a luta pela liberdade da ativista. Reportagens com grande destaque no O Globo e na Folha de S. Paulo nas edições de ontem.

BLOQUEIO – Gabriel Saboia, Geralda Doca e Jennifer Gularte, O Globo deste sábado, revelam a pressão exercida pelo Centrão que ameaça travar projetos de interesse do governo e do país enquanto não obtiver as direções da Caixa Econômica Federal e da Funasa.

Vejam os leitores e eleitoras a que nível está descendo a política brasileira. É uma pressão atrás da outra com o objetivo não de realizar iniciativas de interesse coletivo, mas para ter acesso a recursos financeiros de alto porte. Um desastre.

No Rio, criminosos julgam e condenam os responsáveis pelas mortes de médicos

Suspeitos de matar médicos no Rio também foram executados

Pedro do Coutto

Na Cidade do Rio de Janeiro, criminosos mataram por engano três médicos na Barra da Tijuca e feriram um quarto que se encontra hospitalizado. O caso alcançou grande repercussão e bandidos, ao que tudo indica, decidiram assassinar os responsáveis pela barbárie, dando sequência ao ciclo hediondo e macabro que envolve a cidade, e ultrapassa quaisquer níveis de segurança como os fatos comprovam, mobilizando o governo federal e chocando a população.

A sociedade se encontra ameaçada pela atmosfera que traficantes e milicianos impuseram ao Rio de Janeiro, justapondo uma realidade que desarma os lances publicitários do governador Cláudio Castro e do prefeito Eduardo Paes que tentam, em vão, apresentar o Rio como uma área de beleza e lazer. As telas e páginas publicitárias não conseguem vencer a realidade.

INJUSTIFICÁVEL – Parece incrível a organização dos bandos criminosos. No dia seguinte à morte dos médicos, surgiu a explicação sinistra. Um dos médicos foi confundido com um miliciano marcado para morrer, residente na Barra da Tijuca, próximo do quiosque fatídico. O crime encaminhou as fotos do personagem alvo dos assassinos por engano. Horas depois, foram encontrados quatro corpos dos responsáveis pelo crime na orla.

Ficou evidente a situação da cidade, na capital do Rio e também de diversas outras na área metropolitana da Baixada Fluminense. A Polícia enfrentava dificuldade para identificar os assassinos dos três médicos. Agora, enfrentam o desafio ainda maior acrescido pela ação dos criminosos que mataram os responsáveis pela morte dos ortopedistas. O Rio, em matéria de Segurança Pública, está virado de cabeça para baixo. A insegurança é grande e os princípios da ordem estão se transformando em instrumentos da desordem.

O governo do Rio, com isso, desabou. Sob os escombros do desastre estão o governador Cláudio Castro e o prefeito Eduardo Paes, além, é claro, da população carioca e fluminense. O episódio trágico de 4 de outubro ficará na história das tragédias urbanas do país. No O Globo, a reportagem é de Ana Carolina Torres, Giulia Ventura, João Vitor Costas, Luiz Ernesto Magalhães, Paola Serra e Rafael Soares. Na Folha de S. Paulo, de Bruna Fantti, Camila Zarur, Cristina Camargo, Francisco Lins Neto, Ítalo Nogueira, João Pedro Pitombo e Raquel Lopes. No Estado de S. Paulo, de Fábio Grellet.

RESTRIÇÃO – Os presidentes do Senado e da Câmara, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, pronunciaram-se novamente a favor do projeto de emenda constitucional que reduz a área de atuação do Supremo, alegando que a Corte está invadindo atribuições do Poder Legislativo.

Mas, Pacheco e Lira esquecem que para cada votação de matérias de interesse do governo e do país, o Centrão, que destaca perda de espaço, é o mesmo que exige nomeações e recursos financeiros exatamente para votar matérias de interesse do Executivo. Como se constata, trata-se de um argumento contra a atuação do Supremo Tribunal Federal.

Ninguém descreve o nordestino com a crueza e a beleza de Patativa do Assaré

Poesia, Viajante - A triste partida Patativa do Assaré #academiabrasileiradeliteraturadecordel #poesiaviajante #poesia #poema #cordel #cordelista #ceara #ce #nordeste #sertao #laranja #patativadoassaré #arte #cultura #art #culture #culturanordestina ...Paulo Peres
Poemas & Canções

Patativa do Assaré, nome artístico de Antônio Gonçalves da Silva (1909-2002), por ser natural da cidade de Assaré, no Ceará, foi um dos mais importantes representantes da cultura popular nordestina. Com uma linguagem simples, porém poética, destacou-se como compositor, improvisador, cordelista e poeta, conforme podemos perceber no poema “Poeta da Roça’, onde retrata uma realidade social à qual pertence.

POETA DA ROÇA
Patativa do Assaré

Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de páia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.

Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastêro, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.

Só canto o buliço da vida apertada,
Da lida pesada, das roça e dos eito.
E às vez, recordando a feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito.

Eu canto o cabôco com suas caçada,
Nas noite assombrada que tudo apavora,
Por dentro da mata, com tanta corage
Topando as visage chamada caipora.

Eu canto o vaquêro vestido de côro,
Brigando com o tôro no mato fechado,
Que pega na ponta do brabo novio,
Ganhando lugio do dono do gado.

Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão.

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do Norte.

É hora de um diálogo de alto nível entre os dirigentes do Supremo e do Congresso

A Postagem | STF avalia que Pacheco faz jogo de cena e erra alvo ao atacar  a corte

Lira, Barroso e Pacheco precisam se reunir e negociar

Roberto Nascimento

Quando um grupo significativo dos parlamentares, representantes daqueles cidadãos do escopo que apoiou o golpe e apostou em novo mandato de Jair Bolsonaro, tenta desacreditar a Suprema Corte, certamente seus membros não percebem que estão apostando no enfraquecimento da democracia e abrindo caminho para nova aventura autoritária.

Aparentemente, a eles não importa que o comando da nação possa ser assumido por um Mussolini tupiniquim ou um general de quatro estrelas, à moda do ditador Francisco Franco, fascista espanhol. Os riscos não os preocupam.

AS PRIMEIRAS VÍTIMAS – O grupo da vez, que vem batendo no Judiciário sem parar, é formado por aqueles que serão, prioritariamente, as vítimas de um ditador. Sim, serão suas excelências — os deputados e senadores — os primeiros a perder as funções, os salários, as mordomias e os planos de saúde.

O que se vê é que o Legislativo iniciou um processo de descrédito do Supremo. Seu objetivo é assumir poderes que anulem sentenças e acórdãos. Os atuais senadores, liderados pelos jovens Davi Alcolumbre (União-AP) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com ajuda de Sérgio Moro (União-PR) e dos demais eleitos na onda bolsonarista, desconhecem por completo o que aconteceu no regime militar, após o golpe de 31 de março.

Esquecem que, em nove de abril de 1964, numa simples canetada dos comandantes militares, surgiu o Ato Institucional nº 1, que cancelou as eleições diretas de 1965 e convocou eleições indiretas para a presidência da República.

JUSCELINO CASSADO – Depois, começaram as cassações parlamentares. Em 6 de junho, a ditadura cassou vários políticos, inclusive Juscelino Kubitschek, que era senador e até apoiara a eleição do marechal Castelo Branco. Outro postulante à Presidência da República, Carlos Lacerda, que era deputado, escapou dessa degola, mas acabou preso e cassado quatro anos depois, em dezembro de 1968, na edição do famigerado AI-5.

Agora, quando temos o pior Congresso de todos os tempos, surge esse movimento para enfraquecer o Poder Judiciário, que é uma nova onda dos extremistas de direita e de esquerda, espalhados pelo mundo.

Os ditadores da Venezuela e da Nicarágua comandam o Judiciário com juízes amestrados. Em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netaniahu, respondendo a processos de corrupção, tenta controlar o Judiciário através do Legislativo. Na Turquia, o presidente Recep Erdogan usa a mesma estratégia.

MODELO BRASILEIRO – Aqui nos trópicos, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira buscam submeter o Supremo ao Legislativo, ao mesmo tempo em que trabalham a adoção do semipresidencialismo — nova designação do parlamentarismo moderno.

Esses objetivos, porém, não podem significar um reles ataque à democracia, ainda mais por envolver interesses escusos, como liberar a corrupção e impedir que o Judiciário aplique multas aos partidos políticos que descumpram a Lei Eleitoral, como já virou praxe por aqui.

Decididamente, o Brasil vive um momento de trevas medievais. O Legislativo precisa entender que não deve colocar em risco a unidade nacional, através da quebra da ordem democrática. É hora de entendimento. O novo presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, busca um diálogo com o Legislativo. Agora, só falta que Pacheco e Lira estendam a mão a ele. Se cada um ceder um pouco, poderemos chegar a um consenso histórico.                

Congresso tenta ocupar um espaço que ele mesmo deixou vazio através do tempo

Barroso disse não ver razão para mexer na composição do STF

Pedro do Coutto

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou em menos de um minuto, vejam só, emenda constitucional que limita poderes do Supremo Tribunal Federal e altera normas de funcionamento do Judiciário e também limites às suas decisões. Um absurdo que acentua uma disputa sobre o poder sem sentido. O STF não é o Poder Legislativo, e nem pode funcionar como tal, bastando comparar o número de senadores e deputados com os 11 ministros da Corte.

A emenda foi colocada em votação pelo senador Davi Alcolumbre, presidente da CCJ, quando no processo para votar a nomeação do ministro André Mendonça engavetou o processo durante meses. Mas essa é outra questão, embora funcione para analisar o comportamento de Alcolumbre.

REAÇÃO – O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, reagiu e disse não ver razão para mexer na composição e no funcionamento do Supremo. “Vejo com muita ressalva a hipótese de revisão de decisões. Já tivemos um precedente na história que foi a Constituição de 1937, Estado Novo ditatorial de Vargas”, afirmou. O ministro Gilmar Mendes também reagiu contrariamente, acompanhado pelo ex-ministro Marco Aurélio Mello. Outros ministros da Corte também condenaram a iniciativa.

As decisões do Supremo têm sido tomadas praticamente na totalidade e são reflexo do desinteresse do próprio Legislativo em implantar medidas destinadas a complementar dispositivos constitucionais. Os exemplos são muitos e o que mais enfraquece a iniciativa da Comissão de Constituição e Justiça está no fato de ter aprovado uma matéria de emenda constitucional em apenas 42 segundos.

O ministro aposentado Celso de Mello afirmou que a iniciativa configura um retrocesso histórico na medida em que atribui ao Legislativo um papel de instância revisora. Celso de Mello, entretanto, disse ter certeza de que a emenda não será aprovada, prevalecendo os próprios princípios da Constituição brasileira.O tema é focalizado com grande destaque em reportagem de Camila Turtelli, Paolla Serra, Lauriberto Pompeu, Daniel Gullino e Julia Noia, O Globo. Na Folha de S. Paulo, por José Marques e Cézar Feitoza. No Estado de S. Paulo, por Isabella Alonso Panho e Gabriel de Sousa.

INVESTIDA – O presidente da Câmara, Arthur Lira, mostrou-se favorável à iniciativa do Senado. Mas o governo Lula, a meu ver, não pode concordar com a investida contrária ao Supremo porque seria endossar a agressão a um Poder que representou uma garantia à legitimidade de sua vitória nas urnas e que se encontra julgando os criminosos que invadiram Brasília no dia 8 de janeiro, depredando o Palácio do Planalto, o Supremo e o Congresso, buscando criar um processo subversivo contra a democracia e à Constituição, tentando a ruptura do Estado de Direito.

O presidente Lula não poderá adotar outro caminho a não ser o de traçar um rumo para que as bancadas do governo rejeitem a emenda da CCJ do Senado. Um aspecto que desperta especulações é o apoio do senador Rodrigo Pacheco à emenda restritiva do STF. Seria um lance para assegurar a vitória do sucessor na Presidência do Senado ou seria também um degrau de articulação para a sua candidatura ao governo de Minas Gerais. Mas nesse caso, o alvo está mais distante, pois as eleições só transcorrerão em 2026.

FORÇA-TAREFA –  Reportagem de Bianca Lima e Adriana Fernandes, no Estado de S. Paulo desta quinta-feira, destaca a criação de uma força-tarefa no Ministério da Fazenda para cobrar R$ 180 bilhões dos maiores devedores do Imposto de Renda e de outros tributos federais. A força-tarefa vai funcionar na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional relacionando os cem maiores devedores.

A cobrança vai se estender às empresas estatais, caso da Petrobras, que tem um problema com a Receita ainda não resolvido da ordem de R$ 30 bilhões. Enquanto isso, reportagem de Idiana Tomazelli, Folha de S. Paulo, o deputado Pedro Paulo, do PSD, relator do projeto que tributa os ganhos acumulados pelos fundos em paraíso fiscal e fundos exclusivos de investimentos dos super ricos, em seu parecer propõe a redução de 10% para 6% das alíquotas fixadas para os dois setores.

“Felicidade foi-se embora e a saudade no meu peito ainda mora”, cantava Lupicínio

Lupicínio Rodrigues - Cultura AlternativaPaulo Peres
Poemas & Canções

O compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974), Lupe, como era chamado desde pequeno, compôs músicas que expressam fortes sentimentos, conforme a letra de “Felicidade” que segundo o próprio Lupicínio, fala da saudade por ele sentida quando viveu na cidade de Santa Maria, no serviço militar, de 1932 a 1935 e, esperava, ansiosamente, retornar ao campo onde nasceu e foi criado. Esta canção foi gravada por Lupicínio Rodrigues, em 1952, pela Star.

FELICIDADE
Lupicínio Rodrigues

Felicidade foi-se embora
E a saudade no meu peito ainda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora
Porque sei que a falsidade não vigora

Lá onde eu moro tem muita mulher bonita
Que usa vestido sem cinta e tem na boca um coração
Cá na cidade se vê tanta falsidade
Que a mulher faz tatuagem até mesmo na pensão

Felicidade foi-se embora
E a saudade no meu peito ainda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora
Porque sei que a falsidade não vigora

A minha casa fica lá detrás do mundo
Mas eu vou em um segundo quando começo a cantar
E o pensamento parece uma coisa à toa
Mas como é que a gente voa quando começa a pensar

Felicidade foi se embora
E a saudade no meu peito ainda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora
Porque sei que a falsidade não vigora

Na minha casa tem um cavalo tordilho
Que é irmão do que é filho daquele que o Juca tem
Quando eu agarro seus arreios e lhe encilho
Sou pior que limpa trilho e corro na frente do trem

Felicidade foi se embora
E a saudade no meu peito ainda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora
Porque sei que a falsidade não vigora