Moro reage à denúncia de que teria mandado investigar magistrados antes da Lava Jato

Moro critica atuação de Lula para barrar avanço de Milei: 'tenta afundar a  Argentina' - A Crítica de Campo Grande Mobile

Moro diz que os juízes foram denunciados por Tony Garcia

Carlos Newton

O senador Sergio Moro (União-PR) respondeu em entrevista à GloboNews, nesta quinta-feira, a uma denúncia do ex-deputado Tony Garcia, que há cerca de 20 anos fraudou um consórcio, deu prejuízo a 4.5 mil pessoas, mas fez delação premiada, escapou da prisão e se refugiou nos Estados Unidos onde vive desde então.

Após ser acusado no blog da jornalista Daniela Lima, com base num despacho que deu naquela época, quando era juiz e ia prender o ex-deputado Tony Garcia, Moro reagiu, respondendo que “nunca houve nenhuma medida de investigação contra autoridades do Poder Judiciário”.

DISSE MORO – “Jamais autorizei gravação ou medida investigatória contra magistrados do Poder Judiciário, seja da Justiça Federal, seja do TRF-4 ou seja do STJ. Quem afirma isso, e esse colaborador tem afirmado isso, mente, porque nunca houve nenhuma medida investigatória”, disse o ex-juiz, acrescentando:

 “O que nós fizemos foi responsabilizar advogados que (diziam que) vendiam, sem que tivessem contato com os magistrados, decisões judiciais, (e foi) para ajudar a limpar a imagem do Judiciário que estava sendo comprometida por esse indivíduo (Tony Garcia)”.

Destacou que são fatos muito antigos. “Essa é uma investigação que foi feita 20 anos atrás, havia um quadro diferente da jurisprudência no entendimento jurídico”.

FRAUDE EM CONSÓRCIO – “O que é o resumo do caso? Esse indivíduo, esse ex-deputado, ele fraudou um consórcio, o consorcio Garibaldi, e o Ministério Público fez um acordo com ele, eu homologuei esse acordo, e o principal objetivo era restituir dinheiro a 4.500 consorciados que tinham sido lesionados. Esse indivíduo falou nessa ocasião que teria pago advogados para obter decisões judiciais favoráveis a pretexto de influenciar em magistrados, no Poder Judiciário”, afirmou Moro, ressalvando:

“Nós desconfiávamos da versão dele e entendíamos o seguinte: enquanto não houver algum indício concreto de que tem envolvimento de fato de um magistrado, não tem que declinar competência. Era assim que foi feito na época. E de fato foi feita a investigação desse indivíduo, e depois alguns desses advogados que ele havia contatado foram processados por tráfico de influência sem que houvesse nenhuma acusação contra nenhum magistrado”, completou Moro.

GARCIA JÁ TINHA GRAVADO – O despacho assinado por Moro mostra que o delator Tony Gracia já havia feito gravações sobre os magistrados que vendiam sentenças, segundo seu depoimento. Mas as gravações apenas mostravam que os advogados tinham acesso a esses juízes, porém não provavam que havia venda de sentenças. Ou seja, Garcia acusou os magistrados, porém nada provou.

Diante disso, Moro então escreveu o seguinte: “Considerando os termos do acordo, reputa este juízo conveniente tentativas de reuniões, com escuta ambiental, com Roberto Bertholdo, Michel Saliba e novamente com Heinz, visto que as gravações, até o momento, são insatisfatórias para os fins pretendidos”.

Bem, essa é a tal eletrizante denúncia que o fraudador Tony Garcia prometeu fazer lá dos Estados Unidos, sabendo que não pode nem deve voltar ao Brasil.

FALTA TACLA DURAN… – Garcia tinha acertado fazer a acusação diretamente ao juiz Eduardo Appio, aquele fanático petista que assinava as sentenças com a sigla “LUL22” e cujo pai, que era deputado, estava na lista de propinas da Odebrecht sob o codinome “Abelha”.

Com o afastamento do magistrado petista, a acusação contra Moro teve de ser feita por via transversa, através da repórter da GloboNews, que se impressionou com os termos do despacho de 20 anos atrás.

Agora, falta a ansiada acusação do doleiro Rodrigo Tacla Duran, que está foragido na Espanha, ganhou salvo-conduto do abelhudo juiz Appio, já prometeu voltar ao Brasil duas vezes, estava sendo esperado para depor no Congresso Nacional, mas acabou desistindo.

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P.S. 1
As sensacionais provas de Tacla Duran são umas fotos fraudadas de celular, que há alguns anos ele mostrou de relance ao Congresso, por vídeo-conferência. Mas as fraudes eram tão grosseiras que ele desistiu de exibi-las. Jamais foram apresentadas à Justiça, mas frequentam o noticiário da imprensa amestrada, como esse documento que o falsário Tony Garcia acaba de exibir.   

P.S. 2 – As informações são de que tanto Tony Garcia quanto Tacla Duran estão na folha dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que montaram um lobby milionário para se livrar das multas que têm de pagar à União e à Petrobras, que passam de R$ 12 bilhões, em valores corrigidos. Como dizia Ibrahim Sued, em sociedade tudo se sabe. (C.N.)

Ministros do Supremo não podem ter mandatos restritos à vontade dos legisladores

Gilmar defende garantias para as decisões que contrariam interesses

Pedro do Coutto

O ministro Gilmar Mendes rebateu a ideia divulgada pelo senador Rodrigo Pacheco de que os ministros do Supremo Tribunal Federal deveriam ter mandatos definidos no tempo como se fossem parlamentares cuja presença nas Casas Legislativas dependesse das urnas populares. A questão é diferente, como assinalou o ministro Gilmar Mendes em matéria publicada na edição de ontem da Folha de S. Paulo, por Constança Rezende.

Gilmar Mendes acentuou que a iniciativa não faz sentido e é restrita às Cortes constitucionais de países europeus sob governos parlamentaristas. Pessoalmente acho que o ministro tem razão. Os juízes do Supremo têm que estar blindados por garantias, uma vez que as suas decisões contrariam fortemente interesses em disputa.

LIMITE DE IDADE – O ministro do Supremo não é um deputado ou senador que pode ter mandatos renovados sem limite de tempo. Eles já têm fixado no limite de idade (75 anos) a sua permanência na Corte. Um deputado ou senador não têm limite de mandatos no Congresso Nacional. Além disso, há questões que atravessam o tempo, delas surgindo e se cristalizando novas jurisprudências, ângulos de análise e perspectivas jurídicas que são também a base do Estado de Direito.

O STF tem que desempenhar um papel acima de interesses econômicos e políticos que sempre aparecerão em suas pautas. Por isso, têm que ser revestido de garantias inevitáveis para o desempenho de suas atividades.

FRACIONAMENTO – Fracionar a Corte Suprema em períodos de mandato renováveis ou não, significa descaracterizar a importância de um poder cujo desempenho em momentos críticos representa uma ideia de liberdade característica da democracia e do Estado de Direito.

Há inclusive que diferenciar decisões monocráticas de decisões do Plenário e as resoluções das Turmas do STF. Agora mesmo, temos o exemplo da CPI do Golpismo que anunciou, através de seu presidente, deputado Arthur Maia, recurso ao Plenário contra o despacho do ministro Nunes Marques que negou a quebra de sigilo do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasquez, acusado de ter agido parcialmente para prejudicar a candidatura de Lula da Silva nas urnas do segundo turno em novembro de 2022. Um caso a ser decidido e que pode abrir perspectivas para outros episódios.

REAJUSTES –  Daniel Gullino, O Globo desta quarta-feira, revela que o STF, por unanimidade, aprovou relatório do ministro Dias Toffoli, estabelecendo que os servidores públicos federais, inclusive os admitidos antes de 2008, poderão ser reajustados pelo mesmo índice utilizado pelo INSS para corrigir os vencimentos dos aposentados e pensionistas.

O Supremo rejeitou recurso da União apresentado contra julgamento do Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF4). Esse ponto possui uma importância extraordinária para o funcionalismo público, sobretudo pelos quatro anos do governo Jair Bolsonaro, quando a correção dos salários do funcionalismo foi igual a zero e a dos aposentados e pensionistas do INSS seguiu os índices inflacionários do IBGE.  

A diferença, só nesse espaço de tempo, representa 25%. Portanto, trata-se de uma decisão de grande interesse para os funcionários públicos federais e, em consequência, para os servidores estaduais e municipais do país.

As letras se unem para formar palavras amorosas que elevam os espíritos dos amantes

TRIBUNA DA INTERNET | Category | Paulo Peres | Page 7

Limongi. jornalista e poeta

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista e poeta amazonense Vicente Limongi Netto, radicado há anos em Brasília, demonstra como as “Letras Amorosas” estão presentes no cotidiano de nossas vidas.

LETRAS AMOROSAS
Vicente Limongi Netto

Saboreio palavras
nascidas nas nuvens,
letras miúdas e desamparadas.
Unidas, são elevadas aos
santuários das ilusões e bonanças.

Letras têm pudor,
são compassos da vida.
Rindo das amarguras, 
atravessam a infância 
fogosas, atrevidas e charmosas,
em direção a fortunas e sucessos.

Letras pedem socorro, 
são emotivas e passionais, 
choram indóceis e aflitas, 
amanhecem senhoras de si.

A tarefa final das letras é
elevar espíritos e suavizar almas, 
espantar tristeza, trilhar paixões e bondade, 
com o rosto colado
para adormecer no infinito.

Pela primeira vez em dois mil anos, mulheres votam no Conselho do Vaticano

Freira Nathalie Becquart foi indicada subsecretária do Sínodo dos Bispos

Pedro do Coutto

A partir de hoje, quarta-feira, pela primeira vez na história da Igreja Católica, as mulheres votam para a formação do Sínodo dos Bispos,  Conselho que traça as normas de ação do Vaticano e, principalmente, do cristianismo. Os temas em debate representam uma vitória da ala progressista e uma reação contrária, como era esperado, das correntes conservadoras.

Pela primeira vez também, a maioria do Sínodo será formada por leigos e não por bispos, conforme sempre aconteceu através dos séculos. Os temas em discussão colocados pelo Papa Francisco, sem dúvida um grande reformador na sequência aberta por João XXIII, são sensíveis às diversas correntes em que se divide hoje a Igreja de Roma.

INCLUSÃO – Na Cátedra de São Pedro, como o escritor Otto Maria Carpeaux gostava de chamar, a inclusão de vários pontos que dão bem a ideia da ruptura do Papa Francisco com o passado. Os temas hoje em discussão eram um tabu intransponível em épocas em que obras de arte eram proibidas para os católicos como ofensivas à Igreja de Deus.

Agora, as discussões vão incluir pela primeira vez o problema dos padres casados, o celibato dos sacerdotes e a bênção aos casais homo e bisexuais. Além disso, está em debate a extensão dos sacramentos aos divorciados e também o ponto nevrálgico da ordenação de mulheres. O Sínodo, portanto, será cenário, dois mil anos depois, de uma reforma no pensamento da Igreja, voltando-se para si mesma, na minha opinião como reflexo das mudanças que caracterizam a passagem dos tempos e o próprio comportamento humano.

O Índex  de Obras Proibidas perdeu a razão de ser e o Vaticano deixa de refletir um freio na evolução caracterizada pelos fatos. Nada mais legítimo do que a presença da mulher em todas as escalas de decisão, inclusive no Vaticano, pois a Igreja que prega a inclusão dos seres humanos no eterno processo social, não pode defender a exclusão no catolicismo das mulheres. O pensamento e a própria vida humana não podem ser divididos entre sexos.  

ETAPA LIBERTADORA – Uma das subsecretarias do Sínodo será ocupada por uma mulher, Irmã Nathalie Becquart. Da mesma forma, que o Papa combate a existência da miséria, Francisco dá provas de uma etapa libertadora quanto à presença de mulheres nos eixos de decisão e aconselhamento da Igreja de São Pedro.

A reitora da Escola de Filosofia e Teologia da Universidade de Notre Dame, na Austrália, Renée Köhler-Ryan , classificou o momento como um incrível avanço na própria história universal. É um instrumento de transformação, acentua reportagem do New York Times, que os conservadores temem. Claro, pois só aceitam as transformações se for para manter tudo como está.

SECA –  Reportagem de Vinícius Neder e Bruno Rosa, O Globo desta terça-feira, destaca a surpreendente ocorrência da seca que está atingindo áreas da Amazônia, incluindo a paralisação da Usina de Santo Antônio, localizada em Rondônia, na qual Furnas possui 39% de participação acionária.

A usina é situada no Rio Madeira e foi objeto no primeiro governo Lula de um forte atrito entre a ministra Marina Silva e a ministra Dilma Roussef, então nas Minas e Energia. Marina Silva se opunha à construção da usina pelo desmatamento que causaria sem que traduzisse uma importância econômica para o abastecimento energético do país.

O episódio culminou com a demissão de Marina Silva e o tempo mostrou que ela tinha razão. A Usina de Santo Antônio não acrescentou mais energia ao sistema integrado nacional e agora teve que ser paralisada em face do nível das águas do Rio Madeira na localidade de Porto Velho.

Um samba em homenagem à Vila da Penha, composto por quem ama as suas raízes

Luiz Carlos Da Vila | Spotify

Luiz Carlos da Vila, grande sambista carioca

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor carioca Luiz Carlos Baptista (1949-2008), que adotou o nome artístico de Luiz Carlos da Vila ou das “Vilas”, como ele mesmo afirmava, porque residia na Vila da Penha e era compositor da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, é considerado um dos formatadores do samba carioca contemporâneo.

A letra de “Vila do Meu Coração”, em parceria com Luiz Carlos Máximo, homenageia a Vila da Penha, bairro do subúrbio carioca. O samba Vila do Meu Coração foi gravado por Luiza Dionizio no CD Devoção, em 2010, pela CDiscos/Universal Music.

VILA DO MEU CORAÇÃO
Luiz Carlos Máximo e Luiz Carlos da Vila

Minha pedra, meu livro, meu ninho
Meu lápis, papel, pergaminho
É a bola, é a nota, é o tom, é o som
O meu chão, meu passarinho

Não importa Jesus de costas
Proteção já fincou na encosta
Na igreja de Nossa Senhora
Que abençoou, abençoou
Volta e meia Jesus de revés
Olha e pisca pros filhos fiéis
Dando as mãos e aos pés

Um talento que nos desenhou
Nas esquinas das curvas incertas
Minha casa de portas abertas
Ao amor que o ator desempenha
São segredos que eu tenho a senha
O meu samba é a herança de ti
Minha Vila da Penha

O Marco Polo da minha eterna Amizade
Atravessa o caminho da Prosperidade
Velhas ruas do bom e elegante Carlão
Papos, botecos, viola, meu irmão
Banda Raízes, Largo do Bicão
Fraternidade, Justiça e Inspiração
Salve a Igreja da Penha
A primeira que é vista no céu do Galeão
Ali para os lados da Vila do meu coração

Se o Supremo desrespeitar os outros poderes, será inevitável o confronto com o Congresso

O pior governo é o que exerce a tirania em nome das leis e da justiça.... Frase de Barão de Montesquieu.Carlos Newton

Os ministros do eixo Supremo/TSE passaram a se achar “semideuses” no decorrer de uma série de duvidosas reinterpretações jurídicas, iniciadas em 2019, que libertaram o corrupto Lula da Silva; permitiram que ele voltasse à política; consideraram parcial um juiz como Sérgio Moro, respeitado no mundo inteiro; cassaram e prenderam um deputado federal por manifestar opinião; alteraram a própria jurisprudência para cassar um outro parlamentar, eleito com 345 mil votos; e depois tornaram Jair Bolsonaro inelegível por reunir embaixadores, embora o presidente do TSE tivesse feito isso antes.

As cerejas do bolo vieram agora, quando condenaram a 17 anos pessoas idiotizadas que foram tidas como “terroristas” e depois consideraram inconstitucional uma norma originária e que estava em vigor há 35 anos — o marco temporal das demarcações de áreas indígenas.

SUPERPODERES – Na História Republicana, nunca se viu nada igual. Não mais que de repente, como diria Vinicius de Moraes, o Supremo assumiu superpoderes, sob a discutível justificativa de que era preciso salvar a democracia, e os ministros decidiram que somente o “descondenado” Lula poderia fazê-lo na eleição de 2022, embora existissem muitos outros candidatos, vejam a que ponto de interferência institucional chegamos.

Após essa orgia autolegislativa, sobreveio a ressaca moral. Um dia após assumir a presidência do Supremo, na semana passada, o ministro Luís Roberto Barroso convocou uma entrevista coletiva e teve um surto de lucidez, ao admitir que o STF não tem poderes para declarar inconstitucional norma aprovada pelo Congresso que não descumpra cláusula pétrea.

Ou seja, reconheceu que o Supremo errou ao tentar extinguir o marco temporal, que o Congresso, em urgência urgentíssima, logo se encarregou de ressuscitar.

DÚVIDA CRUEL – Em tradução simultânea, o ministro Barroso resolveu dar um freio de arrumação. Lembrou que tudo tem limites e é fundamental respeitar as regras do Barão de Montesquieu sobre o equilíbrio dos Três Poderes. E a reação foi um silêncio constrangedor — nenhum ministro tossiu nem mugiu.

A dúvida é cruel. Será que eles perceberam que Barroso tem razão, é hora de parar com as extravagâncias, digamos assim. Nesses quatro anos, muitos erros foram cometidos. O Brasil não pode continuar passando o vexame de ser o único país da ONU que não prende criminoso após a segunda instância.

É vergonhoso demais. Desse jeito, jamais entraremos na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). E foi uma decisão exclusiva do Supremo — Executivo e Legislativo nada tiveram a ver com isso.

CONGRESSO REAGE – Apesar das declarações de Barroso, dificilmente o STF vai admitir ter cometidos erros nem tentará corrigi-los. Diante dessa possibilidade, os parlamentares começaram a se posicionar e já está tramitando na Câmara a proposta de emenda constitucional que permite ao Congresso derrubar decisões do Supremo.

A PEC determina que as decisões do STF “que extrapolem os limites constitucionais” poderão ser suspensas pelo Legislativo se uma posição contrária do Congresso Nacional for aprovada, em dois turnos, por quórum de três quintos — 308 deputados e 49 senadores.

O destempero e os exageros do Supremo brasileiro mostraram que não tem condições de funcionar como Poder Moderador, um papel que o Legislativo pode exercer muito mais democraticamente, porque seus 594 parlamentares são eleitos pelo povo, enquanto os ministros do Supremo e do TSE são escolhidos pelo chefe do governo, num sistema arcaico, viciado e antidemocrático, que precisa ser aperfeiçoado o quanto antes.

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P.S. –
A ideia de o Congresso ter poder de revisão é luminosa e deve ser considerada um avanço às teses de Montesquieu, que não poderia ter previsto esse avanço voraz do Judiciário sobre as prerrogativas do Legislativo, como está ocorrendo no Brasil. Mas quem se interessa? (C.N.)  

Há 35 anos, o país recebia a Constituição Cidadã de Ulysses e de Bernardo Cabral

Fundação Ulysses on X: "Dr. Ulysses era um ferrenho defensor da democracia  e é nele que nos inspiramos sempre. "Temos ódio e nojo da ditadura",  declarou no discurso de promulgação da ConstituinteVicente Limongi Netto

Há 35 anos, o deputado Ulysses Guimarães, de pé, levantava os braços, entregando ao Brasil e aos brasileiros o documento que chamou de “Constituição cidadã”. Carta Magna que traduz anseios e direitos dos cidadãos. Enche de orgulho os brasileiros. Durante 20 meses, deputados e senadores constituintes discutiram temas e propostas de todos os segmentos da sociedade.

Como relator-geral dos exaustivos, calorosos e minuciosos trabalhos, o deputado amazonense, ex-presidente nacional da OAB, Bernardo Cabral, hoje com 91 anos.

Juntos com Cabral, os relatores adjuntos, José Fogaça, Adolfo de Oliveira e Antônio Carlos Konder Reis. Os dois últimos agora morando no céu.

PRESENÇA DE CABRAL – Algumas personalidades se manifestaram sobre Bernardo Cabral, exemplo marcante de homem público, vigoroso, isento, respeitado e competente. Atributos hoje escassos no cenário político. 

Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, “Bernardo Cabral é figura de dimensão histórica. Engrandeceu, com talento e sabedoria, tudo o que fez”. Por sua vez, o ex-procurador-geral da República e Doutor em Direito, Inocêncio Mártires Coelho, define Bernardo como “amigo lúcido, expressivo e admirável”.

No entender do senador Renan Calheiros, quatro vezes presidente do senado e do congresso nacional, Cabral “é ser humano grandioso, que nasceu para trabalhar pela coletividade. Na constituinte foi um bravo”. 

Por fim, opina o jornalista Alexandre Garcia: “Com a autoridade de ter sito relator da constituição, exija que ela seja cumprida em tudo que os constituintes escreveram”.

Immanuel Kant e a importância do racionalismo alemão na Filosofia Ocidental

Filosofia kantiana esquematizada e resumida para a doutrina ...José Carlos Werneck

Dentre todos os filósofos, o alemão Immanuel Kant (1724-1804), nascido na Prússia, pode ser considerado um dos que exigem mais difícil compreensão, mas sua influência no pensamento ocidental foi profunda e ele é indispensável por ter inovado a maneira como a investigação filosófica foi realizada até o início do século XIX.

Um dos maiores pensadores do Iluminismo, seus estudos em epistemologia, metafísica, ética e estética fizeram dele uma das figuras mais influentes da Filosofia mundial, e também escreveu importantes obras sobre religião, direito, astronomia, antropologia e história. Entre estas,  “História Natural Universal”,  “Crítica da Razão Pura”, “Crítica da Razão Prática”, “Crítica do Poder de Julgamento”,  “Religião nos Limites da Mera Razão” e  “Metafísica dos Costumes”.

RAZÃO E MORALIDADE – Em seus estudos, Kant defendeu a doutrina de que a razão também é a fonte da moralidade, além de afirmar que a estética surge de uma faculdade de julgamento desinteressado.

Sua construção da Filosofia foi consagrada justamente pela “Crítica da Razão Prática”, que lidava com a moralidade de forma similar ao modo como sua primeira crítica (“Razão Pura” lidava com o conhecimento, assim como a terceira crítica (“Poder de Julgamento”) lidava com os vários usos dos nossos poderes mentais, que não conferem conhecimento factual e nem nos obrigam a agir.

Com o julgamento estético (do Belo e Sublime) e o julgamento teleológico (Construção de Coisas Como Tendo “Fins”), como Kant os entendeu, o julgamento estético e teleológico conectam os nossos julgamentos morais e empíricos um ao outro, unificando o seu sistema.

FILOSOFIA MORAL – Uma das obras, em particular, ainda atinge grande destaque entre os estudiosos da Filosofia moral. É “A Fundamentação da Metafísica dos Costumes”, considerada por muitos estudiosos a mais importante obra já escrita sobre a moral.

É neste ensaio que o filósofo delimita as funções da ação moralmente fundamentada e apresenta conceitos como o Imperativo categórico e a Boa vontade.

Kant foi um expoente da ideia de que a paz perpétua poderia ser assegurada por meio da democracia universal e da cooperação internacional, e que talvez este pudesse ser o estágio culminante da história mundial.

OUTRAS OBRAS – O incansável Immanuel Kant escreveu, também, outros ensaios medianamente populares sobre história, política e a aplicação da filosofia à vida.

Por fim, trabalhava numa projetada “quarta crítica”, por ter chegado à conclusão de que seu sistema estava incompleto. E esse manuscrito foi então publicado como Opus Postumum.

Emanuel Kant morreu em 12 de fevereiro de 1804 na mesma cidade em que nasceu e de onde nunca saiu durante toda sua vida, Kaliningrado, um enclave prussiano na Rússia.

No Brasil,  200 mil abortos por ano acarretam atendimento hospitalar

Questão poderia ser evitada com políticas de planejamento familiar

Pedro do Coutto

A reportagem é de Karolini Bandeira, O Globo de ontem, e os dados são do Ministério da Saúde: nos últimos 10 anos, dois milhões de abortos mal feitos exigiram atendimento hospitalar em consequência. Uma média, portanto, de 200 mil a cada 12 meses.

A descriminalização do aborto, defendida pela ministra Rosa Weber, que se aposentou do STF, teve como base os números de complicações decorrentes de processos rudimentares que teriam sido evitados se as interrupções de gravidez tivessem sido praticadas em melhores condições.

VULNERABILIDADE – O problema, conforme escrevi recentemente, é complexo. Mas a criminalização é um dado negativo a mais num cenário vulnerável por questões até de renda pessoal. Essas duas milhões de brasileiras que precisaram ser hospitalizadas de 2013 até 2023, acarretaram uma ocupação de milhares de leitos na rede pública por ano, com base na média de tempo de cada internação.

Tal problema teria sido evitado se o planejamento familiar tivesse sido estendido aos grupos de renda menor, como é o caso da aplicação de dispositivos intrauterinos, vistos há 50 anos como uma forma de esterilizar e evitar o crescimento populacional do Brasil.

COMPROVAÇÃO – Não era nada disso, como o tempo deixou provado, comprovando também que o DIU é um anticoncepcional e não é um abortivo, como em muitos casos chegou a ser apontado. O planejamento familiar nunca teve em vista conter o crescimento da população no país. O seu objetivo era evitar milhares de casos de gravidez indesejada. A reprodução indesejada chegou a ser inclusive fortemente criticada pelo Papa Francisco, afirmando que a gravidez acarreta uma responsabilidade.

O tema agora voltou ao debate, que a meu ver deve ser incentivado porque o DIU pode ser retirado a qualquer momento quando, aí sim, a mulher desejar engravidar. As mulheres têm razão quanto à gravidez, são os direitos do seu corpo. Cabe a elas a decisão final e única em combinação com seus maridos ou companheiros.

PROJETO – O governo Lula da Silva, através de um pronunciamento do ministro Rui Costa, anunciou o lançamento de mais um projeto integrado para o setor de Segurança Pública, a começar pelo Rio de Janeiro e por Salvador, onde as situações passaram a ser caóticas com o crime organizado dispondo de armamentos de uso exclusivo das Forças Armadas e violando os direitos das populações em áreas de renda baixa.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, também se pronunciou, afirmando que, com base na própria Constituição do país, o governo federal nesse campo tem que atuar em conjunto com os poderes estaduais e municipais. Flávio Dino lançou também um plano de combate à criminalidade a partir do uso da Inteligência e a identificação dos verdadeiros chefões do crime.

No O Globo, reportagem,de Sérgio Roxo e Jeniffer Gularte, focaliza amplamente o assunto e as dificuldades através das quais têm se revestido as tentativas anteriores que figuram com destaque nos lançamentos, mas que até hoje não encontraram uma continuidade prática. Rio e Bahia lideram as estatísticas de mortes violentas. O plano de ação deve se voltar para emergência imediata e para um processo de redução gradativa da criminalidade.

“Lá vem o lança-chamas, pega a garrafa de gasolina e atira”, dizia Oswald de Andrade

12 ideias de Oswald de Andrade | oswald de andrade, semana da arte moderna,  modernismo brasileiro

Oswald de Andrade, retratado por Tarsila do Amaral

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, escritor, ensaísta, dramaturgo e poeta paulista José Oswald de Souza Andrade (1890-1954) foi um dos principais articuladores do movimento modernista literário e da célebre Semana de Arte Moderna, marco divisório na história das artes brasileiras, realizada em São Paulo, em 1922.

A rebeldia de Oswald o levava a querer muito mais do que simplesmente revolucionar forma e conteúdo da criação artística. O que ele queria mesmo era uma revolução que transformasse a vida social dos brasileiros, suas instituições e costumes.

ALERTA
Oswald de Andrade

Lá vem o lança-chamas
Pega a garrafa de gasolina
Atira

Eles querem matar todo amor
Corromper o polo
Estancar a sede que eu tenho doutro ser

Vem do flanco, de lado
Por cima, por trás
Atira
Atira
Resiste
Defende
De pé
De pé
De pé
O futuro será de toda a humanidade.

Justiça condena São Paulo a pagar juros de quase R$ 1 bilhão (sem haver atrasados)

Parque Villa-Lobos visto de cima

O parque Villa Lobos é um dos mais belos de São Paulo

Carlos Newton

Repercutiu intensamente em São Paulo o acórdão do desembargador Fernão Borba Franco, da 7ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça, nos autos dos agravos de instrumento interpostos por S/A Central de Imóveis e Construções e Antonio João Abdalla Filho, dando prejuízo de quase R$ 1 bilhão à Fazenda paulista.

O acórdão derrubou decisão do Juízo das Execuções Estaduais, que considerara indevido o pagamento de juros moratórios em sete parcelas de precatório quitadas sem atraso pela Fazenda, entre 2004 e 2010, em favor da família Abdalla.

TUDO PAGO EM DIA – Para o juiz de primeira instância, não havia juro a ser pago, como estipulado na Emenda Constitucional 30/2000, porque as parcelas foram pagas em dia.

No entanto, para a 7ª Câmara de Direito Público, integrada também pelos desembargadores Eduardo Gouvêa e Magalhães Coelho, o acordo firmado pela Procuradoria do Estado com a S/A Central de Imóveis e Construções e Antonio João Abdalla Filho incluía o compromisso de pagamento de juros moratórios, a serem pagos mesmo que não houvesse atraso no pagamento.

Daí a pergunta que não quer calar: o artigo 78 das Disposições Transitórias da Constituição não teria prevalência sobre o acordo que onerou desnecessariamente o Tesouro Estadual?

POR UNANIMIDADE – Assim, foi reformada a decisão do Juiz das Execuções que determinou a exclusão dos juros, com base na Emenda Constitucional 30/2000.

Desde a promulgação dessa emenda, tanto o Superior Tribunal de Justiça como o Supremo Tribunal Federal têm centenas de acórdãos negando o direito a juros moratórios em precatórios pagos anualmente e no prazo legal.

Em tradução simultânea, a Fazenda do Estado vai recorrer, exigindo de volta o que pagou a mais, por força de um acordo que não deveria e nem poderia ter celebrado.

DESAPROPRIAÇÃO – Esse precatório, decorrente de desapropriação promovida em 1988 em área de 600 mil m2, localizada na marginal Pinheiros, em São Paulo, de propriedade da família Abdalla, já custou aos cofres públicos cerca de R$ 7 bilhões, o maior valor já pago pelo governo estadual.

Esse imóvel era conhecido como Lixão de Pinheiros e transformou-se no Parque Villa Lobos, há pouco privatizado. Só com honorários advocatícios foram gastos cerca de R$ 500 milhões.

O recurso da Procuradoria da Fazenda poderá impedir o Poder Judiciário de liberar a 10ª e última parcela do precatório bilionário, do qual a Prefeitura de São Paulo tem 30%, em valores atualizados que beiram os R$ 900 milhões.

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P.S. 1
Nessa ação bilionária, a competência para julgamento não seria da 12ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça? Afinal, em 2013, na ação popular apresentada pelo ex-deputado Afanasio Jazadji, foi a 12ª Câmara que reconheceu a ilegalidade e a lesividade dos pagamentos desses juros moratórios, com decisão transitada em julgado. No entanto, não se sabe o motivo, a ação foi distribuída à 7ª Câmara de Direito Público.

P.S. 2Por que uma matéria de tamanha importância somente é noticiada na Tribuna da Internet, sem interessar a nenhum outro órgão de imprensa? (C.N.)

Ingrato e insensível, o ser humano costuma esquecer seus maiores benfeitores

Corpo do Rei Pelé começa a ser velado na Vila Belmiro - Jornal Sempre Nova  Lima

Câmara do DF recusou título de “Cidadão” a Pelé duas vezes

Vicente Limongi Netto

Na longa e entusiasmada entrevista ao Correio Braziliense (01/10), a gloriosa vice-governadora Celina Leão (ou Leoa?) afirmou que a luta pela manutenção do fundo constitucional de Brasília “foi uma construção histórica”. Bela e legítima sacada. Celina faltou acrescentar e recordar, como pleito justo, o que nenhuma boa alma fez até agora — a criação do Fundo Constitucional foi de autoria do constituinte Valmir Campelo, grande defensor de Brasília.

O Fundo foi criado e consagrado com apoios irrestritos do relator-geral Bernardo Cabral e do então presidente da Comissão do Distrito Federal, Mauro Benevides, determinando que a União destinasse recursos ao Distrito Federal, para educação, saúde e segurança pública.

Mais tarde, dentro desta equação política, criou-se, então, o Fundo Constitucional para atender Brasília. Registre-se e afixe-se.

GRANDE FIGURA – Valmir Campelo é um  personagem extraordinário. Ex-senador por Brasília, ministro aposentado do Tribunal de Contas da União (TCU) e ex-vice-presidente do Banco do Brasil. Mora em Brasília, vascaíno otimista e completa 79 anos de idade no vindouro dia 22. O ser humano, regra geral, costuma ter memória ruim. É ingrato e insensível. Para dizer o mínimo. Mas os benfeitores precisam ser lembrados.

Título de Cidadão Honorário de Brasília é honraria chula, desacreditada, avacalhada, banal, demagoga, oportunista. As vestais grávidas da Câmara Legislativa, também conhecida como “Casa dos Horrores”, repleta de endinheirados, evangélicos e corporativistas, tiveram o descaramento de negar duas vezes o título ao Rei Pelé.

Mais tarde, tentaram aliviar o remorso e a colossal desfeita, mas Pelé já havia partido. Patéticos e inacreditáveis.

FALSA HONRARIA – A nova fornada da medonha iniciativa, segundo a coluna Eixo Capital (Correio Braziliense -27/09) é um banquete de políticos e ministros de tribunais superiores.

Valha-me Deus. Não se sabe o que os impolutos senhores já fizeram por Brasília.  Quem sabe, belo dia, a Câmara Distrital tenha um estalo de Vieira e lembre de homenagear os candangos, operários, garis e donas de casa. 

Lula precisa escalar ministros que tenham afinidade com as suas pastas

Charge do Gilmar Fraga (gauchazh.clicrbs.com.br)

Pedro do Coutto

O desempenho do governo Lula na área de política externa vem alcançando sucesso, sobretudo porque reincluiu o Brasil no mapa universal do qual foi afastado pelo governo Bolsonaro. Mas, no plano interno, o resultado não tem sido tão positivo, embora tenham ocorrido avanços nas áreas da Fazenda e do Planejamento.

Em muitos casos, porém, ministros nomeados por indicação do Centrão não têm a mínima afinidade com os setores que ocupam, a começar pelo ministro dos Esportes, que desconhece a história esportiva do país, e não apareceu em qualquer momento em que as seleções de voleibol e de ginástica olímpica lutam para classificar-se para a Olimpíada de 2024 em Paris.

SEM NOÇÃO – O ministro André Fufuca chegou a dizer que os resultados internacionais do esporte brasileiro são quase iguais a zero. Esqueceu, por exemplo, o fato de o Brasil ser pentacampeão do mundo no futebol, além de vários outros casos emblemáticos. O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, por sua vez, também não tem afinidade também com o setor. Portanto, o rendimento não pode ser positivo para o governo e nem para o país.

Não basta preencher os cargos por indicação do Centrão.  É preciso haver o mínimo de critérios e ajustar pessoas com conhecimento pelo menos básico. Sem isso, a administração não avança e o país perde. Pelas nomeações fora de foco, a população não vê a realização de projetos que poderiam beneficiar a todos.

PETROBRAS – Bruno Rosa, O Globo deste domingo, publicou uma excelente reportagem sobre os 70 anos da Petrobras, completados há poucos dias. Foi uma luta incrível a que se travou para a sua criação, sobretudo em face do monopólio estatal. As pressões internacionais se fizeram sentir porque havia um mercado exportador em expansão.

No governo Juscelino, a ampliação se ampliou de 5 mil para 100 mil barris por dia. Hoje, passados 70 anos, o Brasil passou de importador para exportador de petróleo, com uma produção diária de três milhões de barris por dia. Atualmente, a luta se desenrola no setor do refino. É preciso que a Petrobras dê um passo decisivo nessa área.

“Choveu tanto esta tarde que as árvores estão pingando de contentes”, dizia Olegário Mariano.

Mariano, retratado por Portinari

Paulo Peres
Poemas & Canções

O “Arco-Íris” marca presença na visão poética do diplomata, político e poeta pernambucano Olegário Mariano Carneiro da Cunha (1889-1958), membro da Academia Brasileira de Letras.

ARCO-ÍRIS
Olegário Mariano

Choveu tanto esta tarde
Que as árvores estão pingando de contentes.
As crianças pobres, em grande alarde,
Molham os pés nas poças reluzentes.

A alegria da luz ainda não veio toda.
Mas há raios de sol brincando nos rosais.
As crianças cantam fazendo roda,
Fazendo roda como os tangarás:

“Chuva com sol!
Casa a raposa com o rouxinol.”
De repente, no céu desfraldado em bandeira,

Quase ao alcance da nossa mão,
O Arco-da-Velha abre na tarde brasileira
A cauda em sete cores, de pavão.

Lula humilha Alckmin, ao transformar Janja numa vice-presidência “ressignificada”

Charge do Jonilson Souza (O Antagônico)

Carlos Newton

A humilhação a que o presidente Lula da Silva está submetendo o vice Geraldo Alckmin faz lembrar o atentado a Ronald Reagan em 30 de março de 1981, 69 dias após ter assumido a presidência dos Estados Unidos, quando levou um tiro no peito ao deixar um compromisso público no Washington Hilton Hotel. O presidente Reagan e três outros membros da sua equipe foram baleados pelo jovem John Hinckley Jr., de 26 anos, que tinha problemas mentais e obsessão com o filme “Taxi Driver” e a atriz Jodie Foster.

Reagan, que tinha 70 anos, sofreu uma perfuração no pulmão, mas resistia a ser operado, para não tomar anestesia geral e ser obrigado a transmitir o cargo ao vice George Bush (pai). Os médicos prometeram operá-lo com anestesia local, deram uma embromada e o apagaram. Não se sabe bem o motivo, mas Reagan tinha horror ao vice Bush, que tinha sido diretor da CIA (Agência Central de Inteligência) e poderia ter informações sigilosas sobre ele.

O CASO LULA – Quatro décadas depois, o presidente Lula precisou ser operado, tomou anestesia geral, mas não aceitou transmitir o cargo ao vice Geraldo Alckmin, que nunca foi diretor da CIA nem da Abin, sabe muito bem o que Lula fez no verão passado, digamos assim, mas tem manifestado uma comovente lealdade a ele.

No caso do presidente brasileiro, a situação era bem mais grave do que a cirurgia de Reagan, de fácil recuperação. Tiraram o projétil, costuraram o pulmão dele, e um abraço. Já no caso de Lula, ele ainda vai demorar até 10 semanas para se livrar das dores no quadril, e sua recuperação total pode levar entre três e quatro meses, segundo o cirurgião Giancarlo Polesello.

Ao invés de colocar o neoamigo Alckmin para substituí-lo, conforme manda a Constituição, Lula preferiu dar posse informal à primeira-dama Janja da Silva, que viajou sexta-feira para o Rio Grande do Sul como chefe da comitiva de ministros e dirigentes de estatais encarregados de socorrer os flagelados das enchentes.

UMA NOVA EVITA – Ao que parece, Lula pretende transformar Janja numa nova Evita (ou Isabelita), conforme publicou na Tribuna o articulista gaúcho Duarte Bertolini. Se for isso, o presidente Lula está no caminho errado.

No primeiro mandato, o caudilho argentino Juan Perón usou Evita para socorrer os pobres, que ela chamava de “descamisados”. Em seu segundo mandato, já viúvo de Evita, Perón foi derrubado por um golpe militar em 1952. De volta do exílio, colocou Isabelita, ex-dançarina, como vice de sua chapa em 1973. Venceu a eleição, mas deu tudo errado. Perón morreu em 1º de julho de 1974, Isabelita assumiu sem ter as menores condições para governar, foi derrubada em março de 1976 e expulsa do país.

Se não deu certo para Perón, agora Lula quer repetir a dose com a “ressignificada” dona Janja, escanteando Alckmin na vice-presidência. É claro que isso não vai funcionar, mas no Brasil os socialistas refinados são capazes de tudo. E o amor é lindo.

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P.S.
Enquanto isso, a receita do governo cai pelo terceiro mês seguido, o déficit público aumenta, a dívida também cresce ameaçadoramente, e dona Janja ainda não disse como pretende resolver a crise econômica. (C.N.)

Nessa polarização, o mais incrível é que ainda há quem acredite que não haveria golpe

Yahoo Noticias - http://yhoo.it/1ztEHu4 - Reeleição de Dilma motiva  internautas a pedirem volta dos militares. Concorda? | Facebook

Charge do Alpino (Arquivo Google)

Roberto Nascimento

É preciso repetir sempre que o perigo de um golpe de estado, em pleno Século XXI, realmente rondou o país, e a polarização permanece, cada vez mais radicalizada. Nesse clima, o mais incrível é que ainda exista quem não acredite que haveria golpe. Muitos extremistas de direita alegam que se trata de “um golpe que não houve” e, por isso, não deve haver punidos.

Esquecem que o então candidato Jair Bolsonaro foi eleito com apoio ostensivo do então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, e sempre demonstrou pretensões golpistas.

GOVERNO PARAMILITAR – Ao assumir o poder, Bolsonaro empregou mais de 6 mil militares em cargos civis, algo inimaginável e que jamais aconteceu durante os 21 anos de regime militar. Ainda não satisfeito com a eleição, cooptou um grupo de oficiais-generais para permanecer no poder indefinidamente. Tudo isso é sabido e inquestionável.

O golpe somente deu errado, porque desde o início do governo surgiu entre os próprios militares uma desconfiança sobre o caráter de Bolsonaro, que foi deixando grandes amigos pelo caminho, e sempre os humilhando, como o general Santos Cruz e o advogado Gustavo Bebiano, que ousaram contrariar as decisões do presidente e seu clã.

Nesse percurso, Bolsonaro cometeu muitos erros e jamais admitiu que fosse contrariado. Detonou todos os ministros e assessores que ousaram alertá-lo sobre decisões que poderiam prejudicar o país e o próprio presidente.

LISTA GRANDE – Essa resistência a críticas foi reduzindo a credibilidade de Bolsonaro junto aos militares, especialmente depois que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, pediu demissão e Bolsonaro afastou o então ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, desagradando os comandantes do Exército, general Edson Pujol, da Marinha, almirante Ilques Barbosa, e da Aeronáutica, Moretti Bermudes, que colocaram os cargos à disposição.

Bolsonaro nomeou comandantes mais ligados a seu grupo. Mesmo assim, continuou a haver desentendimentos com a cúpula dos militares, que foram minando a confiança dos oficiais superiores.

Por isso, na reta de chegada, o presidente tentou, mas não conseguiu apoio para a minuta do golpe, na última reunião com o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e os comandantes militares.

POSTURA COVARDE – Bolsonaro jamais teve a postura de um líder militar. Pelo contrário, teve uma atitude covarde de golpista, ao viajar para os EUA e deixar seus apoiadores depredarem o Planalto, o Congresso e o Supremo, para criar o caos e abrir caminho para uma decisão de convocar as Forças Armadas para GLO (Garantia da Lei e da Ordem), o que ele pensava redundar na intervenção militar com Bolsonaro no Poder.

Mas foi um sonho shakespeariano de uma noite de verão, porque uma intervenção armada pressupõe um general no comando, jamais um capitão, especialmente se ele foi considerado um mau militar por generais respeitados como Ernesto Geisel e Leônidas Pires Gonçalves.

O tenente-coronel Mauro Cid percebeu que também seria abandonado em plena arena, quando Bolsonaro inadvertidamente declarou: ”Cid tinha autonomia plena, às vezes agia sem o meu comando”. Foi a senha para o ex-ajudante de ordens cuidar da própria vida e de sua família. Agora Bolsonaro, na mira da Justiça, está cada vez mais desprestigiado pelos militares da ativa. E são eles que contam.

“Mas plantar pra dividir, não faço mais isso, não”, cantava o genial João do Vale.

João do Vale será tema de Escola de Samba natalense – Brechando

João do Vale era conhecido como o Poeta do Povo

Paulo Peres
Poemas & Canções

O compositor e cantor maranhense João Batista do Vale (1933-1996), o Poeta do Povo, representou o grito contido das massas contra todo o tipo de injustiça social, conforme dispõe a letra “Sina de Caboclo”, em parceria com Zélia Barbosa e J.B. de Aquino. Essa música foi gravada por João do Vale no LP O Poeta do Povo, em 1965, pela Philips.

SINA DE CABOCLO
Zélia Barbosa, J.B. de Aquino e João do Vale

Mas plantar pra dividir
Não faço mais isso, não.

Eu sou um pobre caboclo,
Ganho a vida na enxada.
O que eu colho é dividido
Com quem não planta nada.
Se assim continuar
vou deixar o meu sertão,
mesmos os olhos cheios d’água
e com dor no coração.
Vou pró Rio carregar massas
pros pedreiros em construção.
Deus até está ajudando:
está chovendo no sertão!

Mas plantar pra dividir
Não faço mais isso, não.

Quer ver eu bater enxada no chão,
com força, coragem, com satisfação?
e só me dar terra pra ver como é :
eu planto feijão, arroz e café ;
vai ser bom pra mim e bom pro doutor.
eu mando feijão, ele manda trator .
vocês vai ver o que é produção!
modéstia á parte, eu bato no peito :
eu sou bom lavrador!

Mas plantar pra dividir
Não faço mais isso, não.

Se vetar o marco temporal, Lula colocará o país numa gravíssima crise institucional

A favor dos indígenas, STF derruba marco temporal com placar de 9 a 2 - Últimas Notícias

Indígenas foram ao Supremo para pressionar os ministros

Carlos Newton

Aprovado pelos senadores nesta quarta-feira (dia 27), o projeto que confirma o marco temporal para demarcação de terras indígenas se transforma no pivô de uma gravíssima crise institucional entre os três Poderes. Com apoio do Supremo, o governo não aceita o marco temporal que existe na Constituição desde 1988, e o presidente Lula pode vetar a nova lei, criando uma guerra contra o Congresso que balançará o governo, com toda certeza.

Mesmo se Lula proceder à sanção, a lei pode ser questionada no Supremo, embora o novo presidente Luís Roberto Barroso já tenha declarado que o STF não pode declarar inconstitucionalidade em ato do Congresso que não atinja cláusula pétrea, com é o caso do marco temporal.

Assim, o Supremo errou ao usar seus superpoderes para considerar inconstitucional o marco temporal, como se fosse possível assegurar aos povos indígenas os direitos sobre as terras que historicamente sempre ocuparam, e não somente as que lhes pertenciam em outubro de 1988.

FATO CONCRETO – A situação é delicadíssima, porque o Congresso não abre mão do marco temporal, por uma questão de segurança jurídica de cidades inteiras e milhares de propriedades produtivas. Assim, se o Supremo insistir, os parlamentares podem aprovar uma emenda constitucional que dê poderes ao Congresso para corrigir possíveis erros cometidos pelo STF em suas “reinterpretações” legais, como neste caso do marco temporal.

É claro que os ministros do STF não irão aceitar a transformação do Legislativo num outro superpoder. Vão reagir e será então aberta uma disputa institucional jamais vista em nossa História.

Assim, os três poderes entrarão em guerra, ao invés de conviver na harmonia preconizada pelo Barão de Montesquieu (1689/1755), em sua genial obra “O Espírito das Leis”.

TODOS ESTÃO ERRADOS – Nessa situação esdrúxula e arriscada, os três poderes brasileiros conseguiram atingir a perfeição em matéria de esculhambação institucional, porque, ao mesmo tempo, todos os três estão errados, seja Executivo, Legislativo ou Judiciário.

O Supremo, em sua nova fase “reinterpretativa”, errou feio ao declarar inconstitucional um artigo sem vício redacional e cujo teor obedeceu fielmente à clara decisão da maioria dos constituintes. No julgamento, os ministros foram presunçosos e atrevidos.

O governo também errou ao ser contra o marco temporal e apoiar a decisão verdadeiramente intempestiva e tempestuosa do STF. Por óbvio, como os índios eram donos de tudo, é preciso haver algum marco temporal para as novas demarcações. E o Congresso errou por último, ao deixar de procurar uma saída.

COMO RESOLVER? – Diante dessa absoluta necessidade de definir algum marco temporal, a melhor solução seria o Congresso, ao regulamentar a Constituição, definir que poderiam existir exceções.

Ou seja, o marco temporal não seria aplicado se já houvesse pendência judicial sobre invasões da respectiva área indígena, na data da entrada em vigor da Constituição, em 5 de outubro de 1988, 

Assim, todas as áreas sem litígios respeitariam o marco temporal e a demarcação das demais seria realizada somente após trânsito em julgado das ações possessórias, por uma simples questão de bom senso.

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P.S. –
Quanto à crise institucional já instalada, precisamos repetir o sempre presente comentarista Delcio Lima e avisar que “essa bagaça não vai dar certo”. (C.N.)

Assista a “Getúlio”, o filme que retrata  uma fase crucial da política brasileira

GETÚLIO - FILME - YouTube

“Getúlio” é um filme de qualidade, fiel aos fatos históricos

José Carlos Werneck

O Canal Curta exibiu esta semana o filme “Getúlio”, dirigido por João Jardim, com produção de Pedro Borges, Carla Camurati e Carlos Diegues. O filme mostra a intimidade dos 19 últimos dias de vida do ex-presidente da República, Getúlio Vargas, período em que ele fica isolado no palácio do Catete, enquanto seus opositores o acusavam de ser o mandante do atentado da rua Tonelero contra o jornalista Carlos Lacerda, no qual foi morto o major aviador Rubens Florentino Vaz.

Lançado em 1º de maio de 2014, “Getúlio” é estrelado por Tony Ramos no papel principal e Drica Moraes como Alzira Vargas, filha do ex-presidente.

Do elenco, fazem parte, entre outros, Alexandre Borges, como Carlos Lacerda; Marcelo Médici, como Lutero Vargas; Thiago Justino, como Gregório Fortunato; Adriano Garib, como o General Zenóbio da Costa, ministro da Guerra do ex-presidente; Jackson Antunes, como o vice-presidente Café Filho; e Clarice Abujamra como a mulher de Getúlio, dona Darcy Vargas.

O filme é realmente da melhor qualidade, fiel aos fatos que realmente aconteceram, sendo uma verdadeira aula de História e merece ser visto por todos. A obra cinematográfica está disponível no Youtube Filmes e também na Netflix.

STF não promulgou lei, estabeleceu a inconstitucionalidade do Marco Temporal

Charge de Mário Adolfo (marioadolfo.com)

Pedro do Coutto

O Supremo Tribunal Temporal por nove votos a dois declarou a inconstitucionalidade do Marco Temporal que envolve a propriedade e ocupação das terras indígenas, o que dá margem, isso sim, à aprovação de uma lei complementar regulando a matéria e reconhecendo direitos, conforme acentuou em seu voto o ministro Alexandre de Moraes, para aqueles que de boa-fé realizaram melhorias nessas áreas.

A matéria neste ponto é complexa, envolvendo, como a própria decisão do STF assinalou, indenizações a serem pagas pela União. Aí, portanto, temos uma janela destinada a um amplo acesso e à uma ampla visão. Mas o problema fundamental não é esse, mas o fato de que o Senado votou equivocadamente um projeto já aprovado pela Câmara em maio propondo a vigência do Marco Temporal, o que restringia as terras indígenas ocupadas até 5 de outubro de 1988, data em que foi promulgada a Constituição Federal.

CONFRONTO – O Senado, na realidade, aprovou uma matéria destinada a debater a decisão do STF, o que não é o caso. O objetivo da votação do Senado é confrontar o STF, destacando sua posição de que legislar é uma competência do Congresso e não do Supremo. Em sua essência, a questão não é essa. Agindo dessa maneira, o Senado desconheceu a declaração de inconstitucionalidade do Marco Temporal e, por isso, provocou uma colisão com o Poder Judiciário.

Na verdade, o que o Senado votou foi um projeto voltado para anular uma declaração de inconstitucionalidade. Absurdo completo que não foi ainda comentado por esse ângulo, mas que é o verdadeiro enfoque de um fato sensível politicamente para o governo em toda a sua extensão.

Na edição de O Globo desta sexta-feira, Sérgio Roxo, Camila Turtelli, Marianna Muniz, Dimitrius Dantas e Fernanda Alves publicaram ampla reportagem sobre a iniciativa do Senado, destacando que o presidente Lula deve vetar o projeto. O veto, como qualquer outro, poderá ser derrubado pelo Legislativo, mas nem o veto, muito menos a hipótese de sua derrubada, funcionam para conter a crise aberta, a meu ver, pela falta de uma perspectiva concreta relativa ao caso.

VETO – É claro que o presidente Lula, recuperado da operação a qual se submeteu ontem, vetará a proposição. Primeiro porque se sancionasse estaria agredindo o Supremo Tribunal Federal. Segundo, porque estaria provocando uma reação enorme por parte dos povos indígenas e tal reação alcançaria repercussão internacional, incluindo também o problema do desmatamento e da expansão de empresas rurais em busca de espaço sempre crescente para a produção agropecuária.

As direções do Senado e da Câmara, com Rodrigo Pacheco e Arthur Lira à frente, devem se reunir com o presidente Lula ou o presidente em exercício Geraldo Alckmin, e também com o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, em busca de um denominador comum capaz de superar, pelo caminho da lógica e do interesse público, o problema criado por uma precipitação difícil de explicar e mais ainda de entender.

COMPETÊNCIA – O que está em questionamento é se o Poder Legislativo tem ou não competência para anular, através de um projeto de lei, uma declaração de inconstitucionalidade do STF. No Supremo, apenas os ministros Nunes Marques e André Mendonça, nomeados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, votaram a favor do Marco Temporal e, provavelmente, foram esses dois votos que propiciaram a frágil concepção de que o Parlamento teria o poder de anular a definição de inconstitucionalidade por parte do Supremo.

A Constituição de 1988 definiu o STF como guardião do texto constitucional do país. Assim, para anular uma declaração de inconstitucionalidade, o Poder Legislativo formado pelo Senado e pela Câmara necessitaria de uma emenda constitucional. Isso, em tese, pois uma emenda fixando tal absurdo teria a sua legitimidade contestada pela Corte Suprema. Não há saída para o problema desencadeado a não ser através de um consenso reparador da votação absurda praticada pelo Senado na quarta-feira.

CEF – Vitória Abel, Lauriberto Pompeu e Renan Monteiro, O Globo de ontem, revelam que o ministro Fernando Haddad encontrou-se com o deputado Arthur Lira, presidente da Câmara, para destravar a aprovação da agenda econômica. O obstáculo originou-se pelo fato de o presidente Lula não ter ainda nomeado a candidata indicada pelo Centrão para a Presidência da Caixa Econômica Federal.

O episódio é incrível e, no O Globo, é comentado também em artigo de Vera Magalhães. Ela destacou o problema do nível que marca boa parte das reivindicações partidárias nos tempos de hoje.