Investigações do golpe passam a focar mais diretamente a família Bolsonaro

O comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, participa do programa A Voz do Brasil

Almirante Almir Garnier apoiou entusiasticamente o golpe

Carlos Newton

Em regime democrático, é praticamente impossível evitar vazamentos de informações obtidas em depoimentos de delações premiadas, devido ao número de investigadores e outros operadores da Justiça, como procuradores e serventuários, que fazem a transcrição das gravações e têm de uma forma ou outra acesso aos autos sigilosos.

Pelas informações que até agora foram vazadas para  Bela Megale, Aguirre Talento e Camila Bomfim (O Globo, UOL/Folha e GloboNews), a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal devem pedir imediatamente a intimação dos novos personagens do famoso golpe que não existiu, mas que poderia ter sido deflagrado.

DE SURPRESA – As revelações do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, surpreenderam a todos e estão mudando o foco das investigações, que tinham como principal alvo o delegado federal Anderson Torres, ex-ministro da Justiça,  por ter sido flagrado com uma minuta do golpe, apreendida em sua residência.

Agora o foco passa a ser Filipe Martins, um amigo dos filhos de Bolsonaro, que era discípulo do filósofo/guru Olavo de Carvalho e passou a integrar o núcleo duro do Planalto, como assessor internacional, que acompanhava o presidente em suas viagens ao exterior.

Isso significa que as investigações vão avançar também sobre os filhos de Bolsonaro (Flávio, Carlos e Eduardo) e também sobre assessores do chamado Gabinete do Ódio, comandado por Carlos Bolsonaro e administrado pelo assessor presidencial Tércio Arnaud, especialista em informática, que também teria participado de reuniões sobre o golpe.

NOVAS INTIMAÇÕES – As revelações de Mauro Cid estão destinadas a ter uma importância absurda na política brasileira, porque podem atingir a família Bolsonaro como um todo, no efeito cascata dos depoimentos, como ocorreu na Lava Jato, em que as sucessivas delações iam indicando a participação de elementos ainda não investigados.

No momento atual, a Polícia Federal precisa ouvir, com a máxima urgência, o ex-assessor Filipe Martins, para esclarecer de quem recebeu a minuta do golpe, por que ele é despreparado e não teria condições de redigir esse tipo de proposta.

Os delegados da PF também devem intimar os comandantes militares da época, especialmente o almirante Almir Garnier Santos, que apoiou o golpe, e o general Marco Antonio Gomes, que evitou o prosseguimento da conspiração. Eles certamente vão contar o que houve na reunião, para não se desmoralizarem perante a classe militar.

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P.S. 1
O futuro do delegado federal Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, depende desses depoimentos. Se ficar comprovado que participou da reunião com os comandantes militares, sua situação se complicará muito. No entanto, se não tiver participado da trama, o que é difícil de acreditar, será um alívio para seu advogado.

P.S. 2As revelações de Mauro Cid abrem outra vertente nas investigações, que agora podem apurar o que realmente fazia o Gabinete do Ódio, instalado no 3º andar do Planalto, próximo à sala de despachos do presidente da República. E vida que segue, diria o genial João Saldanha. (C.N.)

Na verdade, se todos saíssem perdendo com a inflação, ela já teria acabado no mundo

Charge do Duke (otempo.com.br)

Pedro do Coutto

Foi importante, sem dúvida, o discurso do presidente Lula da Silva na abertura da sessão anual da ONU, especialmente quando focalizou o problema da fome e das agressões ao meio ambiente, responsáveis por problemas que vêm se eternizando e que não encontram solução por parte dos países mais ricos.

Esse apoio, digo, não é sem sentido. Não se trata de um ato assistencialista, mas uma dívida, principalmente no caso do clima, das duas maiores potências industriais, Estados Unidos e China, pela poluição no mundo. Hoje, verifica-se que a questão climática, a começar pela Amazônia, não se refere apenas ao Brasil ou à uma região da América do Sul. Mas está fortemente vinculada ao futuro do próprio planeta pelos efeitos extremamente perigosos decorrentes do aquecimento global.

DISCURSO – A recepção ao discurso de Lula foi positiva, conforme se constatou nos comentários da GloboNews, da CNN e também no enfoque dado pela reportagem de Alice Cravo, Eliane Oliveira e Janaina Figueiredo, no O Globo, e de Fernando Perrin, na Folha de S. Paulo. Lula focalizou o que classifica como “desigualdade”.

De fato, a desigualdade existe. Mas não é apenas ela a causa da fome e da miséria, já que os seres humanos não são iguais e a desigualdade sempre existirá, a começar, por exemplo, pela remuneração de artistas e atletas que se destacam no contexto dos países e, no caso dos atletas, nas competições mundiais.

O que tem que ser combatido é a distância estabelecida pela desigualdade absoluta que inclui a falta de saneamento, a falta de emprego, o tratamento cruel para com aqueles que nascem em cenários de menor renda. Não tem cabimento o fato denunciado pelo presidente brasileiro de que praticamente 9% a 10% da população mundial têm dúvida à noite se poderão se alimentar no amanhecer e ao longo do dia seguinte.

CONCENTRAÇÃO – É um tratamento desumano causado pela concentração absurda de renda, pela acumulação cada vez maior da riqueza mundial, e também pela riqueza predominante numa série de países, inclusive o Brasil. Uma fração pequena dos mais ricos no mundo produz parte enorme do produto mundial que ultrapassa US$ 120 trilhões por ano, mas que nem por isso possui o compromisso no combate à miséria.

Bastaria uma pequena fração destinada ao desenvolvimento social para que ele se realizasse num prazo estimado de 50 anos. Mas, esse princípio humanista, presente no Cristianismo, só se verifica na palavra, na concordância, e não se observa na solução prática e concreta.

DÍVIDAS – As dívidas de 71 milhões de brasileiros e brasileiras abrangidos na operação “Desenrola” ultrapassam R$ 350 bilhões, dos quais 25% se referem às contas de luz, gás, água e telefone. As dívidas com bancos e cartões de crédito de lojas atingem praticamente 30% no total. A média de endividamento por pessoa é de R$ 4900.

O grande problema não é só reduzir esse montante, mas evitar que novas dívidas se acumulem. É difícil. Terça-feira à noite vi um anúncio na televisão de banco pouco conhecido oferecendo cartão de crédito e dizendo que a concessão não dependia de cadastro. É um convite ao endividamento.

A chuva de granizo fustiga o cafezal, no modernismo de Menotti Del PIcchia

Pin on QuotesPaulo Peres
Poemas & Canções

O político, tabelião, advogado, jornalista, pintor, cronista, ensaísta, romancista e poeta paulista Paulo Menott Del Picchia (1892-1988), um dos organizadores da Semana de Arte Moderna e membro da Academia Brasileira de Letras, se inspirou numa chuva de granizo que fustigava um cafezal.

CHUVA DE PEDRA
Menotti Del Picchia

O granizo salpica o chão como se as mãos das nuvens
quebrassem com estrondo um pedaço de gelo
para a salada de frutas do pomares…

O cafezal, numa carreira alucinada,
grimpa as lombas de ocre
apedrejada matilha de cães verdes…
fremem, gotejam eriçadas suas copas
como pêlos de um animal todo molhado.

O céu é uma pedreira cor de zinco
onde estoura dinamite dos coriscos.
Rola de fraga em fraga a lasca retumbante
de um trovão.

Os riachos correm com seus pés invisíveis e líquidos
para o abrigo das furnas. No terreiro,
as roupas penduradas nos varais
dançam, funambulescas, com as pedradas,
numa fila macabra de enforcados!

Promiscuidade, nepotismo e apadrinhamento estão esculhambando a política brasileira

CORRUPÇÃO: O que é Nepotismo Cruzado e suas consequências - Folha do Estado SC

Charge do Nani (naniihumor.com)

 Vicente Limongi Netto

Ao mesmo tempo, o noticiário político consegue ser hilário, patético e sinistro. O cardápio de cargos à disposição de senadores, deputados, governadores e ministro é atraente e apetitoso. É preciso fortalecer a base parlamentar agradando os gulosos partidos e seus membros influentes. Querem sempre mais.  O centrão tira o couro do governo sem perdão.  

Políticos, ministros e Lula tratam do assunto como se estivessem escalando times de futebol para disputar uma “pelada”, ou, então, escolhendo o tipo do filé para jantar. Afinal, ninguém é de ferro. Sobremesa predileto a cota. De quem é a cota? Do partido, do fulano, beltrano ou de Lula?

DEBOCHE COM O POVO – Os conchavos são intensos.  A pantomima é um abissal deboche com o povo, que deveria e merecia ser o mais ouvido e beneficiado com as escolhas. O judiciário também entra na rinha. Tribunais superiores tornaram-se meras casas políticas. erior

Para o Supremo e tribunais superiores, Lula precisa tirar da cartola nomes que defendam os interesses do governo. Se o escolhido for ministro de Estado, tem que ser também da cota do PT. É o fim da picada. 

Os jornais informam que determinado eleito, senador ou deputado, merece ser premiado com algum ministério porque pertence “a cota do partido tal”.  A televisão revela que o fulano será escolhido porque é exigência daquele partido que ajudou para a eleição de Lula. Colunistas garantem que beltrano vai ganhar ministério forte porque o partido dele tem bancada poderosa.

APADRINHAMENTO – Encontram um jeito de abrigar políticos derrotados em cargos do segundo escalão. São filiados a partidos aliados do governo, amigos do peito de figuras próximas a Lula ou são amigos pessoais do próprio presidente ou apadrinhados da primeira-dama, Janja. 

Quem tem padrinho ou madrinha, não morre pagão. Por fim, permanecem duas perguntas, aguardando respostas, dentro do viciado, cretino e surrado presidencialismo brasileiro: 1) quando, finalmente, anunciarão ministros e ministérios que trabalharão para solucionar os imensos problemas que afligem a maioria esmagadora da população? 2) Quando os ministérios passarão a ser escolhidos e conhecidos como legitimas cotas do cidadão?

Rosa Weber propõe igualdade entre juízes e juízas nos Tribunais Superiores

Ministra é favorável à nomeação de uma mulher para substituí-la

Pedro do Coutto

Na fase final de sua permanência na Presidência do Supremo Tribunal Federal, a ministra Rosa Weber propôs ao Conselho Nacional de Justiça, na tarde de segunda-feira, paridade no número de juízes e juízas nos Tribunais Superiores, incluindo o próprio CNJ, o Tribunal Superior de Justiça, o Superior Tribunal Militar, Tribunal Superior Eleitoral e o Tribunal Superior do Trabalho, deixando aberto o caminho para o próprio STF, inclusive porque é favorável à nomeação de uma mulher para substituí-la.

A paridade entre homens e mulheres é uma exigência da sociedade moderna. Não há razão para se manter uma diferença que parte de um preconceito que o tempo está superando. Não há razão para que as mulheres não ocupem os mesmos lugares de destaque ocupados historicamente por homens. A própria lei sancionada pelo presidente Lula estabeleceu no país a paridade de vencimentos entre homens e mulheres por tarefas iguais no trabalho. O exemplo tem que começar pelo serviço público federal.

PROJETO – Sobre a paridade das empresas privadas, o problema exigirá um projeto mais profundo que deve ter a participação dos sindicatos que assim justificariam melhor as contribuições financeiras que recebem ou que poderão voltar a receber dos trabalhadores e trabalhadoras do país.

A lei existe, mas é preciso que seja aplicada na prática; o que é um problema político tradicional. O gesto não corresponde à palavra. Políticos, incluindo presidentes da República, governadores e prefeitos asseguram muita coisa. Mas na execução prática isso nem sempre se observa. No O Globo, a matéria é de Mariana Muniz. Na Folha de S. Paulo, de Géssica Brandino e de José Marques.

SELIC –  O mercado financeiro aguarda para esta semana a redução de 0,5% na taxa Selic que assim cairá para 12,75% ao ano. Relativamente aos compromissos do governo federal, meio ponto significa R$ 30 bilhões, uma vez que a dívida brasileira é de US$ 6 trilhões. De qualquer forma, o recuo está ocorrendo paulatinamente, mas nem por isso, digo, a posição política de Roberto Campos Neto melhora junto ao governo Lula.

A meta de combate à inflação está sendo alcançada. A previsão agora, entretanto, subiu de 4,2% para 4,8% no final deste ano. Em em relação ao Produto Interno Bruto está sendo previsto um crescimento de 3,2% e de acordo com o ministro Fernando Haddad, o salário mínimo a partir de janeiro será reajustado em 8%, da mesma forma que as aposentadorias e pensões do INSS.

CODEVASF –  Flávio Ferreira e Matheus Vargas, Folha de S. Paulo desta terça-feira, publicaram reportagem com base em dados do Tribunal de Contas da União, sustentando que as fraudes se espalham intensamente com as obras da Codevasf.

Técnicos do tribunal apontam manobras para realizar serviços superfaturados e o descontrole é muito grande. A Codevasf é dirigida por representantes do PP, partido do deputado Arthur Lira.

Se você quiser falar com Deus, tem que ficar a sós, apagar a luz e calar a voz

Roberto Carlos pode gravar música com Pabllo Vittar: “Por que não? Está em  evidência” | Alto Astral

Gil fez essa canção para o amigo Roberto Carlos

Paulo Peres
Poemas & Canções

O político, escritor, cantor e compositor baiano Gilberto Passos Gil Moreira, conhecido como Gilberto Gil, na letra “Se Eu Quiser Falar Com Deus”, retrata o cotidiano na sua mais pura realidade, enfatizando o desapego ao material e os sacrifícios para estar na presença do criador, porque o final seria a morte. O compositor fez essa música para o amigo Roberto Carlos, que a achou muito forte e não quis incluí-la no repertório, e foi gravada pelo próprio Gilberto Gil, em 1980, pela WEA.

SE EU QUISER FALAR COM DEUS
Gilberto Gil

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

É triste ver um jurista como Fux ajudando a fazer do STF uma “fábrica de terroristas”

ConJur - Novo presidente do STF, Fux tem perfil rigoroso na aplicação da lei

Fux é o ministro mais preparado e precisa dar o exemplo

Carlos Newton

Não conheço pessoalmente Luiz Fux, mas acompanho a carreira dele desde os tempos em que era juiz, nos anos 80, porque tínhamos amigos em comum, que o admiravam e constantemente  falavam sobre ele. Sua vida é um exemplo de vitória pessoal por conta da capacidade e do empenho. Em sua biografia, ele conta que sua família é de romenos exilados de guerra, que sofreram perseguição nazista e foram bem acolhidos no Brasil.

Estudou na escola judaica Liessin e depois passou no concurso para o colégio Pedro II, referência no ensino público brasileiro. Trabalhava durante o dia e à noite estudava Direito na UERJ. Dedicou-se aos estudos e ao trabalho de forma obsessiva.

Daí em diante; somente vitórias, nas carreiras de advogado, promotor, juiz, desembargador, professor universitário, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ministro do Superior Tribunal de Justiça e agora no Supremo.

CURRÍCULO IMPECÁVEL – A trajetória de Luiz Fux é impressionante e admirável. Em toda a carreira, nenhum fato desabonador, exceto o esforço para a filha ser nomeada desembargadora, mas isso merece ser perdoado, porque amor paterno é louvável, Fux nada fez de ilegal.

É considerado o maior processualista do país e tem atuado expressivamente na reforma das leis, sendo considerado o principal autor do atual Código de Processo Civil, que apelidaram de “Código do Fux”. No Supremo, estou de olho nele e acompanho seus votos e pronunciamentos, que o tornaram uma exceção perante os demais ministros, sem jamais ter cometido erro nos julgamentos, uma circunstância que o diferenciava dos atuais integrantes da Suprema Corte.

Nas votações mais importantes dos últimos anos, quando foi iniciada essa moda de o Supremo agir politicamente na “reinterpretação” das leis, Fux foi o único a manter a coerência, não participou de conluios, votou sempre seguindo o espírito das leis, rigorosamente.

TOTAL COERÊNCIA – Poucos perceberam, mas em 2019 Fux votou contra a “interpretação” vexatória que encontraram para libertar Lula da Silva, quando transformaram o Brasil no único país do mundo que não prende condenados após segunda instância.

Em 2021, manteve a coerência ao votar contra a suposta “incompetência territorial absoluta”, outra medida que também não existe no Direito Universal, mas foi a saída alegada pelo relator Edson Fachin para “descondenação” do petista, devolvendo-o à política. Na mesma época, também votou contra a pretensa “parcialidade” do então juiz Sergio Moro, colocada em votação por Gilmar Mendes.

Reconheça-se que o ministro carioca honrou sua toga e se pronunciou sempre na forma da lei, sem aderir às criativas “interpretações” de outros ministros. Recordar é viver, e há ocasiões em que isso se torna fundamental, para que as pessoas não deixem de perceber o que é certo e o que é errado.

FUX FRAQUEJOU – Na semana passada, para minha decepção, Fux fraquejou pela primeira vez. Votou a favor da condenação de um modesto operário de estatal a 17 anos de reclusão, 100 dias-multa e a pagar a parte que lhe caberá em R$ 30 milhões de danos coletivos, e tudo isso sob acusações juridicamente aleatórias, apenas para dar exemplo aos demais cidadãos.

Não havia prova material, salvo um selfie que Aécio Lúcio Costa Pereira postou em rede social, para mostrar que estava no plenário da Câmara. Não havia o menor indício de que tivesse participado do quebra-quebra. Nem foto, nem imagem de câmera nem testemunho do policial que o prendeu. Nada, nada, nada. Os autos mostravam que não era vândalo ou terrorista, apenas um invasor.

Em outro julgamento, na 8ª Vara Federal, dia 11 de maio, um terrorista de verdade, George Washington de Oliveira Sousa, réu confesso, preso com diversas armas e farta munição, que tentou explodir um caminhão de combustível e poderia matar centenas de pessoas, foi condenado a apenas nove anos e quatro meses de prisão. Que justiça é essa?

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P.S. –
Espera-se que o grande processualista Luiz Fux acorde do sono ruim e convença os demais ministros a julgar os supostos “terroristas” na forma da lei, para que não se insista em cometer um erro judiciário de tamanha magnitude. Diz a Bíblia, em Salmos 19: “Quem pode perceber os próprios erros? Purifica-me dos que ainda não me são claros”. Bem, é hora de o Supremo se purificar, ao invés de se transformar numa fábrica de “falsos terroristas”. Mas quem se interessa? (C.N.)

Cai o otimismo com o governo Lula, mas o pessimismo segue muito baixo no país

Os resultados, de modo geral, foram positivos para o governo Lula

Pedro do Coutto

No início do governo Lula da Silva, o otimismo da população para com a melhora da economia atingia 79% e agora encontra-se em 66%, mas o grau de pessimismo é de apenas 7%. Esse é o resultado de pesquisa do Datafolha, objeto de reportagem na Folha de S. Paulo desta segunda-feira de Alexa Salomão, focalizando os números do levantamento.

O resultado deve preocupar um pouco o governo na medida em que o declínio pode ter continuidade ou ser estancado no índice em que se encontra. O período em foco é o que vai de janeiro até o início de setembro. De outro lado, uma parcela de 35% acha que de qualquer forma a sua situação melhorou. Para 25%, permaneceu como estava. Para 26%, piorou.

CONFIANÇA – A pesquisa destaca, entretanto, uma confiança da sociedade de que nos próximos meses a sua situação irá melhorar. É opinião de 55%; 31% sustenta que a sua situação ficará como está e para 12%, irá piorar.

O governo deve se preocupar apenas com a perspectiva de um recuo permanecer marcando a reação popular, mas não é provável. O índice dos que acham que vai piorar reflete evidentemente a visão de oposicionistas que naturalmente se colocam contra o governo. Os resultados, de modo geral, foram positivos para o governo Lula.

SUPERÁVIT – Neste ano, até agosto, a balança comercial está apresentando um resultado positivo de US$ 90 bilhões, com as exportações atingindo US$ 224,5 bilhões contra as importações que registraram US$ 162 bilhões. O agronegócio foi responsável pelo avanço e se tornou um fator positivo para a economia brasileira e para o governo Lula da Silva.

A exportação industrial, entretanto, apresentou uma queda de 29%. Especialistas afirmam que a cada US$ 1 bilhão que deixamos de exportar, perdemos 30 mil empregos. O setor manufaturado, assim, preocupa o país. O resultado poderia ser muito mais positivo se o setor industrial pudesse ter colocado produtos numa escala maior do que a  colocada neste ano.

ENTREGADORES –  Em artigo publicado no O Globo desta segunda-feira, Fernando Gabeira defende o reconhecimento das relações trabalhistas das empresas com os entregadores de encomendas, inclusive a alimentação. Acentua Gabeira que algo deve ser feito para que algo possa ser resolvido no impasse atual, sobretudo porque restaurantes cobram adicional de 10% pelas entregas de refeições e a situação dos entregadores se complica nos dias de chuva forte e enchentes nas ruas.

De fato, como Gabeira acrescenta, é grande a importância social dos que atuam nas entregas de restaurantes, de farmácias, de supermercados, entre tantos outros estabelecimentos. Mais uma vez, coloca-se a questão fundamental da remuneração do trabalho humano que vem perdendo para a inflação ao longo dos últimos tempos.

DEBÊNTURES –  No momento em que foi finalizada a sombria e nominal privatização da Eletrobras, Furnas lançou R$ 189 milhões em debêntures, quantia considerada necessária pela Eletrobras para assegurar a privatização. A promessa era de que as tarifas de energia não subissem. Aconteceu o contrário.

Agora, a Eletrobras coloca mais sete milhões de debêntures no mercado, assumindo uma dívida reajustada no mínimo pelo valor da inflação do IBGE; no máximo pela Selic que se encontra em 12,25% ao ano. Os efeitos positivos da privatização ainda não se concretizaram.

Uma rua morta, mas que revive no cheiro dos cabelos das moças de outrora

TRIBUNA DA INTERNET | Os domingos festivos nas praças do interior, na  lembrança poética de Mauro Motta

Mauro Mota, grande poeta pernambucano

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, jornalista, professor, memorialista, cronista, ensaísta e poeta pernambucano Mauro Ramos da Mota e Albuquerque (1911-1984), da Academia Brasileira de Letras, no poema “Rua Morta”, sente um cheiro não dos jardins abandonados, mas dos cabelos das moças de outras épocas.

RUA MORTA
Mauro Mota

Longa rua distante de subúrbio,
velha e comprida rua não violada pelos prefeitos,
passo sobre ti suavemente neste fim de tarde de domingo.
Sinto-te o coração pulsando oculto sob as areias.
O sangue circula na copa imensa dos flamboyants.

Tropeço nos passos perdidos há muito nestas areias,
onde as pedras não vieram ainda sepultá-los.
Passos de homens que jamais voltarão.

Ó velhos chalés de 1830, eterniza-se entre as paredes
o eco das vozes de invisíveis habitantes.
Mãos de sombras femininas abrem de leve janelas no oitão.

Há um cheiro de jasmins e resedás
que não vem dos jardins abandonados,
mas dos cabelos dos fantasmas das moças de outrora.

Fábrica de “terroristas” do Supremo oferece acordo para réus confessarem os “crimes”

RECRUTANDO GENERAIS: O STF ATUAL LEMBRA A IDADE MÉDIA EUROPEIA - Patria  Latina

Charge do Mariano (Charge Online)

Carlos Newton

Temos visto muitas irregularidades nesses julgamentos iniciais dos réus do incidente de invasão e vandalismo dos edifícios-sedes dos três Poderes em 08 de janeiro. A começar pela concessão de foro privilegiado a réus que não estão incluídos nas determinações do artigo 102 da Constituição Federal.

O mais incrível é que esses réus não reivindicaram o foro privilegiado, a decisão sequer foi tomada pelo colegiado do STF e não há qualquer jurisprudência a favor, apenas contra.

MORAES DECIDE – Os réus do 08 de janeiro estão sendo julgados no Supremo por decisão pessoal do ministro Alexandre de Moraes, que deveria ter cumprido a lei e enviado as ações à primeira instância federal criminal do Distrito Federal, que tinha e detém a competência para julgar o golpe de estado

A competência é da 8ª Vara, por haver recebido o primeiro processo, aberto contra os réus que tentaram explodir o caminhão de combustível no aeroporto, para causar o golpe de estado.

Assim, qualquer estudante de Direito sabe que Moraes simplesmente usurpou a competência da 8ª Vara, jogando no lixo todas as leis e regras processualistas da conexão entre ações.

INQUÉRITO DO FIM DO MUNDO – Não adianta o ministro alegar que o inquérito 4.781, aberto em março de 2019 para investigar fake news e ameaças a membros do Supremo, tenha se tornado a nave-mãe de qualquer crime correlato.

“Isso non ecziste”, diria padre Quevedo, cheio de razão. Tanto assim que o inquérito da 8ª Vara já foi sentenciado e seguiu para segunda instância, sem que jamais tenha sido alegada a incompetência do juiz Osvaldo Tovani.

Moraes, repita-se, simplesmente desprezou a conexão processual e assumiu o inquérito do 08 de janeiro, como se fosse uma fake news ou uma ameaça a ministro do STF, vejam a que ponto de esculhambação jurídica chegamos.

DISCREPÂNCIA REVELADORA – A discrepância entre a sentença da 8ª Vara e os acórdãos nos julgamentos dos três primeiros réus demonstra que o Supremo perdeu completamente as noções de Direito, sem respeitar a presunção de inocência, o devido processo legal, a necessidade de provas materiais e o direito de recurso.

Além de transformar em “terroristas” os réus que apenas invadiram prédios públicos, agora o Supremo está chegando à perfeição em matéria de fraudar a Justiça. Sob os auspícios de Alexandre de Moraes, a Procuradoria está oferecendo acordo aos réus que confessarem que culpados e pretendiam derrubar o governo pela força das armas.

Assim, a fábrica Tabajara de falsos terroristas que foi instalada no Supremo está oferecendo essa grande oportunidade. Os procuradores simplesmente dizem “seus problemas acabaram!” e vendem seu peixe, alegando que os “réus confessos” que não quebraram nada e apenas invadiram os palácios agora terão penas menores, certamente de 14 anos, com casa, comida e roupa lavada…

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P.S.
E ainda há quem chame isso de “Justiça”. Na verdade, é um “Justiçamento coletivo”, que jamais se viu neste país. Se ainda estivesse entre nós, Ruy Barbosa, o criador do Supremo, perguntaria: “Que diabos de país é esse?”. (C.N.)  

Será lançada dia 26 a biografia de Marco Maciel, um político competente e trabalhador

Capa do livro: O estilo Marco Maciel

Maciel foi um exemplo de honestidade e dedicação

José Carlos Werneck

“O Estilo Marco Maciel”, livro do jornalista Magno Martins, será lançado dia 26, em evento no Senado Federal, em Brasília. A obra retrata a trajetória vitoriosa do político pernambucano, que se elegeu deputado estadual, pela Arena, em 1966, partido que apoiava o Regime Militar. Foi eleito duas vezes deputado federal e governador biônico de Pernambuco, no governo do presidente Ernesto Geisel, em 1978. Também foi ministro da então Casa Civil e da Educação, no governo José Sarney, e senador.

Foi, igualmente, vice-presidente de Fernando Henrique Cardoso em seus dois governos. Para o autor, Maciel foi uma das mais importantes vozes que convenceram parte da direita a apoiar Tancredo.

CONSTRUIR CONSENSOS – “Ele usou a infinita capacidade de construir consensos, principalmente em 1984. Tornou-se peça-chave na criação de uma aliança com os oposicionistas ao regime militar e operou a transição sem que se derramasse uma gota de sangue. Teve papel tão importante que chegou a ter o nome ventilado para vice de Tancredo”.

Na apresentação do livro, o ex-senador e ex-governador Jorge Bornhausen, um dos líderes da direita no regime militar, classificou Maciel como “o grande líder da transição democrática”.

Já FHC, no testemunho para o livro, contou que Maciel “apagou vários incêndios, agindo na hora certa e com muita competência, sabedoria e respeito”. E completou: “Não conheço registro na história da política brasileira de um político tão correto, honesto, leal e firme. Está fazendo muita falta ao Brasil neste momento”.

O VICE IDEAL – No cenário político, Maciel era considerado o “vice ideal” pela discrição, a simplicidade e o silêncio. Uma personalidade que, segundo Magno Martins, se verificava também na vida pessoal, pois o político tinha certo desapego a bens materiais. Só teve um carro, um Opala, e para comprar uma residência em Brasília, precisou vender a de Recife.

Magno Martins diz que Maciel levou uma vida modesta, de classe média, literalmente franciscana. “Dedicou-se à vida pública como um sacerdócio. Não construiu patrimônio nem acumulou riquezas. Por muito tempo só teve um carro, que ficou de herança para o motorista que com ele trabalhou a vida inteira”.

Quando ministro, era servido diariamente por duas equipes, porque chegava às 7 horas da manhã e raramente saía antes das 9 da noite. Marco Maciel morreu em junho de 2021, aos 80 anos, vítima do Alzheimer.

O segredo das joias abalou fortemente a posição política de Jair Bolsonaro

Charge do Amarildo (agazeta.com.br)

Pedro do Coutto

Pesquisa do Datafolha, reportagem de Igor Gielow, edição da Folha de S. Paulo deste domingo, revelou que 68% dos brasileiros consideram que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava ciente da venda de joias recebidas por ele de autoridades sauditas, com 52% deles enxergando tal ação como crime.

Como se observa, o índice de 68% é muito acima do volume de votos alcançado por Lula da Silva nas eleições presidenciais de outubro de 2022, o que conduz à certeza de que nesses 68% encontram-se eleitores e eleitoras que votaram no próprio Bolsonaro. Não se trata apenas de uma pesquisa que refletiu em sua essência posições políticas divergentes, a exemplo daquela que recentemente o Datafolha fez também sobre a aprovação e desaprovação do governo Lula.

POLARIZAÇÃO – Basta comparar os resultados; 38% aprovam o atual governo, considerando-o entre bom e ótimo. Mas 31% desaprovam, classificando-o como ruim e péssimo. A proximidade dos números como as pesquisas indicam podem confirmar o impulso de lulistas e bolsonaristas se manifestarem, reproduzindo uma polarização que nas urnas de outubro foi decidida pela margem de apenas 1,5%.

A manifestação de 68% extrapola largamente o limite da divergência entre os que votaram em Lula e os que votaram em Bolsonaro. Inclusive, vale acentuar que uma faixa de 52% de eleitores e eleitoras consideram que o ex-presidente praticou crime, enquanto 38% acham que não.

A perda de apoio popular e de liderança relativa no quadro político está configurada nos números do Datafolha. É uma sensação inevitável porque é praticamente impossível que uma parte dos que chegam ao ponto de admitir a prática de crime, possam apoiá-lo com o mesmo vigor com o qual o fizeram nas eleições. Tanto assim, que o prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes, numa longa entrevista a Artur Rodrigues e Joelmir Tavares, Folha de S. Paulo, afirma que Bolsonaro não é seu padrinho político, embora o considere um democrata.

RESSALVA – Com as declarações, o atual prefeito de São Paulo procura claramente não se caracterizar como um bolsonarista de raiz. Deixou aberta a porta para a ressalva de não ser um afilhado político do ex-presidente, demonstrando assim que estrategicamente pretende receber os votos do bolsonarismo contra Guilherme Boulos, mas não se compromete com a caracterização de se alinhar com ele em todas as questões.

As eleições para a Prefeitura de São Paulo incluem também como candidata do PSB, Tábata Amaral que está bem próxima de Ricardo Nunes nas pesquisas, e com ele, portanto, espera competir para ver qual dos dois disputará o segundo turno com Guilherme Boulos.

O panorama assim não é favorável ao ex-presidente da República, sobretudo porque na análise atual não se inclui ainda concretamente o efeito da delação do tenente-coronel Mauro Cid. de qualquer forma, no entanto, não tem cabimento admitir que a delação do ex-ajudante de ordens poderá somar para Jair Bolsonaro.

REFORMA TRIBUTÁRIA –  Reportagem de Vinicius Neder, O Globo, destaca que a reforma tributária deve destravar a independência financeira das prefeituras do país. A matéria baseia-se em dados do Ipea que traçam um caminho otimista para o poder técnico da reforma.

Mas acho, principalmente, que a independência financeira das prefeituras, da mesma forma que o equilíbrio financeiro da União, depende do avanço da produção e do consumo, principalmente porque o sistema tributário brasileiro tem o seu êxito dependente do consumo. E, para elevar o consumo, é indispensável ampliar o poder de compra dos salários, uma decorrência lógica e clara do mercado de empregos.  

Atormentado pela incerteza de um amor fugaz, um belo poema triste de Quintana

AS MAIS LINDAS FRASES SOBRE A VIDA - MARIO QUINTANA (frases,citacões,uma  linda reflexão de vida) - YouTubePaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, tradutor e poeta gaúcho Mário de Miranda Quintana (1906-1994), no poema “Eu Escrevi um Poema Triste”, afirma tê-lo feito apenas com sua própria tristeza, causada pelo amor incerto, que nem sempre é correspondido.

EU ESCREVI UM POEMA TRISTE
Mário Quintana

Eu escrevi um poema triste
E belo, apesar da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…

Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel! 

Envergonhado pela decisão sobre Odebrecht, Tofolli só fala através da imprensa amestrada

Dias Toffoli tem melhora do quadro de Covid e deixa UTI semi-intensiva - Folha PE

Dias Toffoli ficou isolado e ninguém quis sair em sua defesa

Carlos Newton

A imprensa mudou muito e ficou sensivelmente pior e menos confiável. Há algumas décadas, nenhum jornalista publicava informações oriundas de “fontes do setor tal”, de “pessoas ligadas a Fulano”, de “interlocutores de Beltrano” ou de “aliados de Sicrano”. Os chefes de reportagem não admitiam esse tipo de matéria, ficavam pensando que o jornalista estava aceitando propinas…

Agora, porém, essas informações estão liberadas e poluem o noticiário, são até consideradas “furos de reportagem”, com o jornalista mostrando que tem fontes garantidas, vejam que absurdo.

EXEMPLO TOFFOLI – Um excelente exemplo é o ministro Dias Toffoli, que no último dia 6 assinou uma decisão estapafúrdia, anulando todas as delações da Odebrecht, feitas voluntariamente por dirigentes da empresa e 78 executivos.

Uma delas, do patriarca Emilio Odebrecht, ficou famosa pelo bom-humor do depoente, que revelou sua amizade com o ex-presidente Lula, detalhando propinas e caixa 2 do PT, coisa pequena, de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões , uma festa.

Como a decisão jurídica mostrou ser verdadeiramente escatológica, um monte de asneiras, com base em informações erradas, mandando até abrir inquérito contra quem já tinha sido investigado, realmente vexatória, Toffoli virou um fantasma e  sumiu do mapa, até reaparecer sutilmente na sexta-feira, dia 15.

De repente, não mais que de repente, diria Vinicius de Moraes. “interlocutores” anônimos do ministro foram ouvidos pelos principais jornais, todos contando a mesma conversa fiada, com o ectoplasma de Toffoli dizendo não ver espaço para rever a decisão sobre provas da Odebrecht, mesmo diante dos novos dados do Ministério da Justiça que destroem sua tese.

ADAPTAÇÃO DA NARRATIVA – Para tentar livrar Toffoli do vexame e devolver-lhe alguma dignidade, as pessoas “ligadas” ao ministro tentaram adaptar a decisão furada dele, desta vez dizendo que houve “manipulação das provas sem respeitar a cadeia de custódia”.

Os jornalistas não têm a menor ideia do que seja a “cadeia de custódia”, parece alguma coisa importante, e tocam para frente as desculpas esfarrapadas de Toffoli. Compram a ideia e explicam que “a cooperação com o exterior é importante para se manter a chamada cadeia de custódia das provas, que se refere à manutenção da história cronológica dos elementos utilizados como prova de crime”.

Vejam que primor de informação: “Toffoli tem dito nos bastidores que a equipe da Lava Jato utilizou dados obtidos de outros países antes de ser finalizado o processo de atuação conjunta internacional”.

LAVA JATO VIVE – Conforme assinalamos aqui na Tribuna, a patética decisão de Toffoli teve efeito contrário e está revivendo a Lava Jato.

O repertório de falsas denúncias contra a Lava Jato está mais do que esgotado, e as pessoas agora até prestam mais atenção às respostas de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, com argumentos convincentes.

O mais impressionante é que, passadas duas semanas, até agora nenhum ministro do Supremo — seja ativo ou inativo — comentou a decisão fajuta de Toffoli.

Fica claro que eles fizeram um pacto de silêncio e deixaram o companheiro abandonado na arena. Já que ele não consultou ninguém antes de fazer a besteira, que se vire sozinho agora, deve ser o lema.

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P.S. –
O mais incrível é que o Supremo pode vir a apoiar as maluquices de Toffoli, que serão analisadas pela Segunda Turma e depois pelo plenário conjunto. Na forma da lei, a decisão de Toffoli é insustentável. Mas o que significa a lei para esses ministros e ministras que nem reagem mais quando alguém lhes diz que são as pessoas mais odiadas dos país? Essa é a pergunta que não quer calar. (C.N.) 

Maioria absoluta do país quer a nomeação de uma mulher para o Supremo Tribunal

Rosa Weber engrossa pressão para nomeação de mulher ao STF

Pedro do Coutto

Pesquisa do Datafolha divulgada no início da noite de sexta-feira pela GloboNews e comentada na edição deste sábado na Folha de S. Paulo, reportagem de Igor Gielow, revela, analisando-se bem os números que representam, que a grande maioria do país quer a nomeação de uma mulher para a vaga de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal.

Rosa Weber deixa a Corte em outubro porque atingiu a data limite de 75 anos. Não se pode ver apenas os números da pesquisa, mas é preciso ver-se nos números da pesquisa que mostra que 47% quer a nomeação de uma mulher para o STF. Para 51% tanto faz uma mulher ou um homem.

ACEITAÇÃO – Logo, nesses 51% localiza-se também a aceitação de mulheres para a Corte. Somando-se com os que desejam a nomeação feminina, verifica-se que a vontade de ver uma mulher no cargo é muito alta. Na minha opinião, superior a 70%, maioria absoluta no país. O fato é importante como uma afirmação à presença maior da mulher nos cargos de destaque no país, que ainda é pequena.

É uma manifestação relevante para as mulheres, pois demonstra que elas estão lutando por mais espaço em todos os setores. Essa luta encontra respaldo entre a opinião pública masculina que apresenta determinado grau de aceitação, mesmo entre os aparentemente indiferentes.

REIVINDICAÇÃO –  O resultado da pesquisa é bastante expressivo. A reivindicação alcançou o nível internacional. Houve uma manifestação pública em Nova York, com a presença de artistas de forma marcante. Cresce a consciência favorável à ocupação cada vez maior da mulher em cargos públicos relevantes no Brasil.

No caso do STF, reportagem de Géssica Brandino destaca as manifestações dos artistas a favor da nomeação de uma ministra de raça negra para o Supremo, acentuando que há mulheres negras na magistratura e no ramo do Direito de grande capacidade e com competência para ocuparem o cargo. Um levantamento feito pelo Conselho Nacional de Justiça mostra que 15% das vagas são ocupadas por juristas negras. Todas habilitadas para preencher cadeiras no Supremo.

SINDICALIZAÇÃO –  Um levantamento no IBGE – reportagem de Leonardo Vieceli na Folha de S. Paulo, de Daniela Amorim, no Estado de S. Paulo e de Carolina Nalin, O Globo, edições deste sábado – revela que o número de trabalhadores e trabalhadoras sindicalizados no país caiu nos últimos 10 anos. Em 2012, eram 16,1 milhões de pessoas. Em 2022, passaram a ser 14,4 milhões.

O percentual, portanto, é pequeno em relação à mão-obra efetiva brasileira que oscila em cerca de 100 milhões de pessoas. Mas uma explicação deve se encontrar no avanço de trabalhadores sem vínculo empregatício, e que portanto não puderam se sindicalizar, somados a uma parcela de outros que, mesmo tendo vínculo, não se interessaram em se associar a um sindicato.

O trabalho sem vínculo pode gerar um problema muito grande na próxima década, pois muitos trabalhadores e trabalhadoras vão atingir a idade mínima para se aposentar. Muitos não contribuíram para a Previdência Social no período, nem com autônomos, e terão que recorrer ao benefício de prestação continuada.

FILA DE REQUERIMENTOS –  Idiana Tomazelli, Folha de S. Paulo, publicou na edição de ontem ampla matéria sobre a fila de solicitações de aposentadorias, pensões, serviços, perícias médicas e benefícios de prestação continuada que permanece na escala de 1,6 milhão de pessoas. O INSS não conseguiu reduzir esse número, apesar das medidas tomadas pelo ministro Carlos Luppi que estabeleceu horas extraordinárias e gratificação para funcionários que realizarem serviços fora de seu horário normal de trabalho.

O problema é grave por vários aspectos, entre eles a demora de mais de dois anos que não foi diminuída. O outro, a despesa adicional que o INSS terá com os requerimentos. Há também um problema orçamentário do INSS para 2024, pois a equipe econômica pretende comprimir despesas.Mas as despesas previdenciárias não podem ser comprimidas, pois é um direito assegurado dos que passaram a vida inteira comprometidos com os seus pagamentos mensais. O problema, portanto, ainda não foi equacionado devidamente pelo governo Lula da Silva.

Uma canção marcou a despedida de Geraldo Vandré, quando se tornou exilado em 1968

Antes de partir para o exílio, Vandré compôs com Geraldo Azevedo a “Canção  da Despedida!” – Carlos Sousa

Perseguido pela ditadura, Vandré deixou o país

Paulo Peres
Poemas & Canções

“Canção da Despedida” é a única parceria de dois Geraldos, os cantores e compositores Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, o Geraldo Vandré, paraibano, com Geraldo Azevedo de Amorim, o Geraldo Azevedo, pernambucano.

Para entendermos melhor a letra desta música devemos saber que Geraldo Vandré foi um dos que sentiram fortemente o peso da ditadura militar. E a maior responsável por isso foi sua canção “Pra não dizer que não falei de flores”, ou “Caminhando”, apresentada no III Festival Internacional da Canção, em 1968. A canção ficou em segundo lugar (perdeu para “Sabiá”, de Chico e Tom Jobim, que receberam a maior vaia de suas vidas), mas foi cantada e recantada pelo público e chamada de a “Marselhesa Brasileira”. Agora, 55 anos depois, é cantada nas ruas de Israel como hino da revolta popular.

O certo é que, após o sucesso estrondoso de “Caminhando”, um verdadeiro hino contra a ditadura, a vida de Vandré tornou-se um martírio. Para se ter uma ideia, Zuenir Ventura faz uma referência a um artigo revoltado de um general, publicado no Jornal do Brasil em 06 de outubro de 1968, com o militar dizendo que a final do Festival da canção contemplara 3 injustiças:

  1. Do Júri, ao colocar a música em segundo lugar, desconsiderando a “pobreza” da letra com seus gerúndios e rimas terminadas em “ão”, sem falar da canção em dois acordes.
  2. Do público, que vaiou “Sabiá”.
  3. De Geraldo Vandré, que se insurgira contra “soldados armados”. Mas neste caso o general dizia que apenas essa terceira injustiça poderia ser reparada.

Antes mesmo de ser proibida oficialmente no dia 23 de outubro de 68, os discos já eram apreendidos, e Vandré vivia na paranoia de ser preso. Medo que se intensificou na sexta-feira 13 de dezembro de 1968, quando veio o AI-5, que fechava o Congresso, suprimia garantias individuais (como o habeas corpus) e fazia com que a ditadura mostrasse sua face mais horrenda.

Vandré era advogado, e sabia dos riscos que corria, passou a esconder-se, viver na clandestinidade, mesmo sem saber se ele seria preso ou não, e, como relata Dalva Silveira, no seu livro “Geraldo Vandré: A vida não se resume em festivais” (FT Editora), ele passou a planejar a fuga para um autoexílio. Mas, antes de fugir do Brasil, Vandré passou um tempo escondido com ajuda da viúva de Guimarães Rosa.

No período em que estava foragido, uma das pessoas que tinha acesso a Geraldo Vandré era Geraldo Azevedo, que compunha o “Quarteto livre”, banda que o acompanhara na turnê do show “Pra não dizer que não falei de flores”, cujo título, censurado, passou a ser “Socorro – a poesia está matando o povo”.

Geraldo Azevedo disse que, para ver Vandré, tinha que se comportar “como um militante de organização clandestina; entrava num carro, mudava para outro, fazia tudo para despistar pessoas da repressão que pudessem estar me seguindo para, por meu intermédio, chegar a Vandré”.

Nesse clima compuseram em parceria, Vandré e Azevedo, a “Canção da Despedida”, cuja letra é absolutamente clara e explícita.

A primeira gravação de “Canção da Despedida” foi feita por Geraldo Azevedo no LP A Luz do Solo, em 1985, pela Polygram.

CANÇÃO DA DESPEDIDA
Geraldo Vandré e Geraldo Azevedo

Já vou embora, mas sei que vou voltar
Amor não chora, se eu volto é pra ficar
Amor não chora, que a hora é de deixar
O amor de agora, pra sempre ele ficar

Eu quis ficar aqui, mas não podia
O meu caminho a ti, não conduzia
Um rei mal coroado,
Não queria
O amor em seu reinado
Pois sabia
Que não ia ser amado

Amor não chora, eu volto um dia
O rei velho e cansado já morria
Perdido em seu reinado
Sem Maria
Quando eu me despedia
No meu canto lhe dizia

Já vou embora…

Ia explodir o aeroporto, pegou 9 anos; fez um selfie, pegou 17 anos. Isso é Justiça?

Tentativa de atentado não tem elo com 8 de Janeiro, diz preso

George Sousa, um perigoso terrorista. foi poupado

Carlos Newton

Na Justiça, todos os caminhos levam a Roma, depois do Código de Hamurabi, na Babilônia, e das leis da Grécia Antiga. O Direito Romano consolidou tudo, com base na lógica, na razoabilidade e na racionalidade. Todas as leis, para serem adotadas, têm de ser lógicas, razoáveis e racionais. E todos os regimes políticos precisam obedecer aos critérios das leis. Fora disso, não existe direito nem democracia, apenas ditadura.

No Brasil, vive-se uma situação anômala. Ainda não há ditadura, mas o direito está perdendo a lógica, a razoabilidade e a racionalidade.

NUVEM PASSAGEIRA – Devemos acreditar que se trate de um fenômeno passageiro, porque não há condições de a democracia sofrer retrocesso; o mais provável é que o direito volte a ser exercido com base nas leis e sem interpretações e adaptações que nos surpreendam a cada momento.

Vamos analisar um exemplo definitivo. Em 15 de maio, o juiz Osvaldo Tovani, da 8ª Vara Criminal de Brasília, condenou dois envolvidos no caso da bomba colocada em caminhão de combustível próximo ao Aeroporto de Brasília. George Washington de Oliveira Sousa foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão e Alan Diego dos Santos Rodrigues à pena de cinco anos e quatro meses, ambos em regime inicial fechado.

A sentença não causou polêmica nem despertou comentários. Passou batida, porque houve consenso de que a pena tinha sido justa, aplicada a dois terroristas que tentaram e não conseguiram causar uma explosão que poderia matar centenas de pessoas na véspera de Natal.

HAVIA AGRAVANTES – Havia até agravantes, porque George Sousa levara para Brasília diversas armas de fogo, acessórios e munições com o propósito de distribuir os armamentos a indivíduos dispostos a usá-los no cumprimento de seu intuito de possibilitar um golpe de estado. Mesmo assim, só pegou 9 anos e quatro meses de prisão, sem maiores comentários.

Quatro meses depois, o Supremo condenou Aécio Lucio Costa Pereira a 17 anos de prisão, 100 dias/multa e pagamento de sua parte nos R$ 30 milhões por danos coletivos. Sem nenhuma prova de ter participado do vandalismo, sem estar armado, foi punido dessa forma exagerada.

Em tradução simultânea, uma das autoridades está errada. Ou o juiz Osvaldo Tovani, que sentenciou dois perigosos terroristas a penas menores, ou o Supremo, que condenou a 17 anos um trabalhador de estatal que invadiu prédio público e fez uma foto selfie, apenas isso, sem a menor prova de que tenha cometido crime algum além de invadir prédio alheio, que nem dá cadeia aqui no Brasil? Quem errou? O juiz ou o Supremo?

COMPETÊNCIA – É uma maluquice judicial: por que os dois terroristas foram julgados na primeira instância e o servidor foi punido direto pelo Supremo?

A Constituição Federal é claríssima a esse respeito. Em seu artigo 102, inciso I, define quem o Supremo pode julgar nos casos de crimes comuns. Servidor de estatal não tem foro privilegiado nem está relacionado em nenhuma das alíneas.

E agora, quem explica essa disparidade de competência? Talvez o ministro Edson Fachin, aquele que inventou a competência territorial absoluta e conseguiu “descondenar” Lula…

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P.S.
Caramba! Que Justiça é essa que alivia perigosos terroristas e pune com rigor extremo um trabalhador que fez um selfie dentro do Congresso, considerando-o como se também terrorista fosse, e ainda mais perigoso para a sociedade. Tem alguma lógica? É razoável? Seria racional? Claro que não. Isso não é Justiça, é Justiçamento, em meio à mais completa esculhambação jurídica. (C.N.)

Penas aplicadas aos primeiros réus foram exageradas e merecem que haja revisão

100 mil pessoas assinaram petição contra indicação de Alexandre Moraes para  o STF - Polêmica Paraíba - Polêmica Paraíba

Charge do Cícero (Correio Braziliense)

Roberto Nascimento

Realmente, a dosimetria das penas aplicadas pelo relator Alexandre de Moraes aos três primeiros réus, foi demasiada, em relação à conduta delitiva na tentativa de provocar uma ruptura institucional e abrir caminho para um golpe de estado militar, através da chamada GLO (Garantia de Lei e Ordem), em que haveria um pedido às Forças Armadas para intervenção temporária, mas quando isso acontece pode se tornar permanente, todos sabem.

Os votos de Roberto Barroso e André Mendonça, no tocante a pena aplicada, foram mais razoáveis e acredito mais justos, porque punir com 17 anos de reclusão, sem provas concretas de vandalismo ou atos de terrorismo, é ultrapassar os limites.

SEM DEFESA – Os três primeiros réus não tiveram a indispensável defesa plena. Seus advogados, que foram a tribuna sustentar oralmente os argumentos para inocentar seus clientes, não o fizeram plenamente.

O primeiro tratou de se defender da investigação que corre contra ele no Conselho Nacional de Justiça. Como desembargador aposentado, estava na linha de frente em apoio ao golpe bolsonarista. Mas sua defesa do cliente inexistiu, nota zero.

O segundo, mais político do que advogado, faz parte de uma OAB clandestina da direita e foi para o Supremo ter o seu minutinho de fama e depois postar nas redes sociais, e ainda confundiu “O Príncipe” de Maquiavel com “O Pequeno Príncipe” de Saint-Exupéry. Patético. Outra nota zero.

PERDEU PRAZO – A terceira advogada chorou. Ela perdeu o prazo regimental para sustentar a defesa oral, e a Defensoria Pública precisou entrar no vácuo da advogada. Nos últimos minutos, entrou com um recurso e foi lá fazer um papelão. Também defesa zero do réu.

Sem defesa plena, cabe arguir nulidade nos três julgamentos, o que seria interessante, para reduzir as penas excessivas.

Concordo que os julgamentos deveriam começar pelos planejadores, que se organizaram em quadrilha, assim como os financiadores e os que incentivaram diretamente os manifestantes, além dos militares da ativa e da reserva que utilizaram a massa de vândalos como bois de piranha para seus objetivos macabros, que começam com golpe de estado e depois podem incluir vinganças, torturas, desaparecimentos, mortes, exílios e desvios de dinheiro da nação, conforme já assistimos.

HISTÓRICO DE GOLPES – Como bem pontuou o ministro Luís Roberto Barroso, o Brasil tem o histórico de golpes de estado. E as consequências não são muito boas.

O primeiro, o Golpe da República, quase resultou no massacre do Imperador Pedro II e da família real. Queriam uma cópia da Revolução Francesa, com a decapitação do imperador. Deodoro da Fonseca, era amigo dele, foi contra. O imperador foi despachado para a Europa com a família, deixou tudo para trás;

Depois Floriano Peixoto não passou em branco, novo golpe de estado. O filme “O Preço da Paz” retrata muito bem a violência de seu governo. O Barão de Cerro Azul, cidade do Paraná, foi executado friamente dentro do trem com destino ao Porto de Paranaguá, por ordens emanadas do governo de Floriano.

OUTROS GOLPES – A seguir, a Revolução de 30 e a Revolução de 64, duas tragédias, com prisões ilegais, encarceramentos, torturas e mortes. Uma lástima.

Se o golpe de estado preparado durante os quatro anos de Bolsonaro tivesse tido êxito, não estaríamos aqui para comentar essa história de horrores. Este blog nem existiria.

E nem digo que o oito de janeiro tenha essa relevância toda, depois do vandalismo impune do dia 12 de dezembro, com ônibus incendiados na capital e invasão da sede da PF.  Depois, na véspera de Natal, a tentativa de explosão de bomba no aeroporto de Brasília, que resultaria em centenas de mortos, também foi uma história macabra de tudo pelo Poder.

ANOS E ANOS… – Agora, esse processo contra os golpistas levará anos e aos, até chegar ao final. Vamos ser torturados com o resultado dessa tentativa brancaleone e circense do golpe de estado. Espera-se que não continuem com penas excessivas e revisem as iniciais.

Quanto ao golpe em si, parece que muitos idiotas estavam à frente desse processo mal preparado, porém jamais serão perseguidos e condenados. As investigações ainda nem chegaram perto deles.

Mas não nos livramos completamente de uma nova tentativa de golpe de estado. Talvez continue em curso uma intentona mais refinada e trabalhada para obter êxito. É preciso estar atento, esse tipo de gente não desiste nunca.

Moraes pede que Mendonça “tenha dó!”, mas esquece que também o STF precisa “ter dó!”

URGENTE: Moraes e Mendonça discutem feio e promovem briga tensa no STF  (veja o vídeo)

Moraes exagera nas penas e pede que Mendonça tenha dó…

Vicente Limongi Netto

Um enfático “tenha dó”, duas vezes, do irritado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ao ministro André Mendonça, por criticar o espalhafatoso ministro da Justiça, Flávio Dino, trouxe de volta nas batucadas dos pagodeiros versos da dupla Claudinho e Bochecha, no samba “Tenha dó!”. Diz parte da letra:

“Tenha dó/de compaixão/tenha dó nas cordas do violão”. Nessa linha, no cotidiano do brasileiro, o tenha dó tem lugar cativo. Cresce como capim.

FATOS QUE DOEM – Aumenta, assustadoramente, a quantidade de moradores de rua, tenha dó!; a fome aumenta, é triste e desesperador ver pais que não têm nada de dar para comer aos filhos, tenha dó!; o governo pensando (pensando? foi mal) em comprar avião de luxo, autêntico hotel voador, para transportar Lula, Janja e aspones, tenha dó!

O ministro Alexandre de Moraes exagerou, tenha dó!, nas críticas ao jovem advogado que insultou os ministros da Suprema Corte. Não abriu o bico, porém, quando o desembargador aposentado afirmou que os mesmos ministros do STF são as pessoas mais odiadas do país tenha dó!

Faltam creches em Brasília, perto de 15 mil crianças aguardam vagas. A população cada vez mais insegura, com roubos, assaltos e assassinatos, tenha dó, governador Ibaneis Rocha!

OUTRAS DORES – A minirreforma eleitoral aprovada pela Câmara Federal insulta o bom senso e agride a sociedade, tenha dó! Lula cada vez mais refém dos gulosos do centrão, insaciáveis por vantagens. querem sempre mais, o povo que se dane, tenha dó! E os mais pobres sofrem sem bons postos médicos, sem vagas nos hospitais públicos, tenha dó!

De uma hora para outra, delator vira herói nacional, e para livrar a cara, entrega a própria mãe, tenha dó! Um escárnio, a numerosa comitiva de Lula a Cuba e aos Estados Unidos, mordomia que humilha e ofende milhões de brasileiros sem moradia, emprego e comida, tenha dó! Assim, podemos perguntar quando a maioria dos políticos vai finalmente começar a lutar pelos direitos e pleitos do cidadão, deixando de cuidar e preservar seus próprios interesses? Tenha dó!

RENAN EM FESTA – O senador Renan Calheiros é um homem público que não para de lutar pelas boas causas. Por isso, tem tantos eleitores em seu Estado e tanta importância na política nacional.

Quatro vezes presidente do Senado Federal. Defensor implacável da governabilidade, tornou-se aliado de primeira hora do presidente Lula.

Calheiros sustenta com fervor suas opiniões e pontos de vista. Sabe que a verdade sempre prevalece. O senador pelo MDB de Alagoas completa hoje (dia 16) 68 anos de idade. Calheiros é mais forte do que o histerismo das paixões políticas. A família é o oxigênio da sua força.

Condenação ao golpe foi histórica e apenas Nunes Marques e Mendonça se esquivaram

Charge do Cláudio (folha.uol.com.br)

Pedro do Coutto

O Supremo Tribunal Federal condenou todos os que participaram da invasão de Brasília e das depredações. Apenas os ministros Nunes Marques e André Mendonça rejeitaram o crime de tentativa de golpe contra a democracia, deixando claro – comentário brilhante de Natuza Nery na tarde de quinta-feira, na GloboNews – que visavam no fundo oferecer algum tipo de blindagem a Jair Bolsonaro, uma vez que reconhecer o projeto de golpe, inevitavelmente, envolve o ex-presidente da República.

Assim, os oito votos a três incluem apenas uma divergência entre Alexandre de Moraes e Luiz Roberto Barroso quanto à classificação dos crimes e a diferença de um ano no prazo de prisão dos culpados. Nunes Marques e André Mendonça condenaram os invasores pelas depredações e prejuízos causados aos bens públicos. Portanto, pode-se dizer que ao que se refere ao reconhecimento de culpa, o julgamento foi unânime nos 11 votos.

ACEITAÇÃO – A diferença está na classificação dos crimes e nas penas aplicadas. Evidentemente, a maioria de oito ministros, incluindo o voto da presidente, Rosa Weber, foi de aceitação do relatório de Alexandre de Moraes que estabeleceu a pena de 17 anos de prisão, dos quais 15 anos em regime fechado.

Os advogados de defesa, na realidade, concentravam suas atuações não a favor dos acusados, mas contra o STF e, principalmente, contra a pena por tentativa de golpe de Estado. Luiz Roberto Barroso achou que a figura do atentado à democracia já envolve por si o projeto de golpe de Estado. O fato é que o julgamento revelou que as condenações não se limitarão aos três primeiros réus julgados, cujas imagens foram exibidas durante a acusação.

Foi um episódio terrível para a vida do país. Mas o julgamento do Supremo deixa para sempre assinalado um desfecho histórico a favor da democracia, da liberdade e do respeito à Constituição. Tentar negar a tentativa de golpe é negar o óbvio. E uma tentativa de golpe somente poderia interessar ao ex-presidente Jair Bolsonaro e aos seus apoiadores da extrema-direita.

MOVIMENTO – De outro lado, um movimento como o de 8 de janeiro, antecedido pela colocação de uma bomba em um caminhão que transportava combustível para o Aeroporto de Brasília, os acampamentos em frente ao Quartel General da cidade, a tentativa de invadir o prédio da Polícia Federal, logo após a diplomação de Lula da Silva, revelam com a mais absoluta clareza que esses atentados e a invasão de 8 de janeiro nasceram de longo e minucioso estudo.

O planejamento incluiu o transporte, a alimentação e a injeção de uma dose enorme de ódio devastador para criar a atmosfera golpista e de intervenção militar no resultado das urnas, conforme previa o projeto de decreto apreendido na residência de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.

A decisão do Supremo transformou-se, assim, num episódio de fundamental importância na história do Brasil. Um exemplo para o amanhã, para o futuro do país. No O Globo, a reportagem é de Mariana Muniz e Reynaldo Turollo. No Estado de S. Paulo, de Rayssa Motta, Daniel Haidar e Rubens Anater. Na Folha de S. Paulo, a matéria é de Constança Rezende.

IPTU – A vereadora Teresa Bergher iniciará na próxima semana um movimento na Câmara Municipal do Rio que deverá ter reflexo nas Câmaras Municipais de todos os estados sobre um dispositivo incluído na lei de reforma tributária que estabelece que o IPTU poderá ser reajustado com base na avaliação dos imóveis diretamente pelos prefeitos, excluindo as Câmaras dos Vereadores.

Esse dispositivo abre o caminho para um aumento do tributo de acordo com a vontade dos prefeitos e sem a participação constitucional das Câmaras de Vereadores. A correção sobre o valor dos imóveis trata-se de matéria complexa que não pode ser generalizada, de acordo com as vontades dos prefeitos, sem levar em consideração a opinião pública que se expressa tanto por intermédio da Imprensa quanto através do posicionamento dos vereadores.

Não pode ser a correção de valor uma prerrogativa do prefeito. E, além disso, é algo que atinge tanto os proprietários de imóveis quanto os inquilinos. O movimento a ser lançado por Teresa Bergher deve refletir de imediato nas cidades de São Paulo e Brasília, e em todos os municípios brasileiros.