
Heloísa dos Santos passou por cirurgia e está internada
Pedro do Coutto
Calculo que diariamente no país, pelo menos um milhão de orações, religiosas ou não, são feitas pela vida e pela plena recuperação da menina Heloísa dos Santos Silva, três anos de idade, atingida por um tiro de fuzil disparado por uma unidade da Polícia Rodoviária Federal no Arco Metropolitano da Rodovia Presidente Dutra ao perseguir o automóvel de placa suspeita dirigido pelo seu pai, transportando a sua família.
A brutalidade do episódio é revoltante e desperta uma repulsa generalizada por se tratar de uma criança de três anos, além de contrariar o regulamento estabelecido pelo governo federal, inclusive pelo primeiro governo Lula, de que não sejam disparados tiros em automóveis que desrespeitem o sinal de parar e sim adotados outros procedimentos para a sua identificação.
ATENTADO – Os dois tiros disparados, mais um atentado contra o futuro, tiveram a intenção de matar quem estava no carro, pois não foram dirigidos aos pneus e sim penetraram pelo vidro de trás do automóvel, portanto direcionados aos que se encontravam no veículo. Não tem o menor cabimento uma ação desse tipo. Muitos desses disparos são chamados de “balas perdidas”. Perdidas, porém, foram as vidas e a integridade de todos que se encontravam nesse alvo fictício para justificar violências absurdas sem limites.
Conforme disse, é revoltante o que acontece. Balas perdidas dão pretexto a uma série de evasivas formas de não apurar as verdadeiras responsabilidades. Neste caso da menina Heloísa ficou patente e impossível de ser adotada qualquer maneira de se reduzir a responsabilidade do crime praticado. No Estado de S. Paulo, a reportagem é de Paula Ferreira.
FAROESTE – O próprio diretor da PRF reconheceu a calamidade. Violências desse tipo têm que parar porque, caso contrário, aliás como vem acontecendo, o panorama urbano do Rio de Janeiro, incluindo a Baixada Fluminense, transforma-se num faroeste, uma terra sem lei, um espaço dominado pelo crime e suas facções em confronto. Entre os bandidos e a Polícia, vive a população sobressaltada.
O governo do Estado e a Prefeitura da Cidade do Rio divulgam publicidades comerciais na televisão apresentando tanto a Cidade quanto o Estado no caminho de uma plena recuperação. As imagens, entretanto, e as reportagens nos jornais provam exatamente o contrário.
LIBERDADE – No início da tarde deste sábado, as edições online de O Globo e do Estado de S. Paulo noticiaram a decisão do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo, concedendo a liberdade com o uso de tornozeleira eletrônica ao tenente-coronel Mauro Cid. E, ao mesmo tempo, aceitando a proposta de delação premiada feita pelo ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O Globo, a Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo, em suas edições impressas de ontem, deram grande destaque à proposta de delação premiada feita pelo tenente-coronel Mauro Cid. No O Globo, reportagem de Mariana Muniz, Eduardo Gonçalves e Dimitrius Dantas. No Estado de S. Paulo, de Pepita Ortega, Fausto Macedo e Pedro Prata. Na Folha de S. Paulo, de Constança Rezende.
Todas as três convergiam para o mesmo propósito que, como se observa na decisão de Alexandre de Moraes, foi aceita pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Abre-se um novo capítulo no processo voltado contra Jair Bolsonaro. Mauro Cid, com a sua delação, tem como alvo o ex-presidente.
ATRASO – Numa reportagem que se transformou na manchete principal da edição de ontem da Folha de S. Paulo, Joana Cunha revela que os hospitais estão a registar um atraso bilionário no pagamento por parte dos planos de saúde, matéria que deve chamar atenção dos segurados para verificar se a situação refere-se ao plano do qual participam.
Um sinal de alerta porque os planos de saúde são indispensáveis aos que pagam mensalmente por eles diante dos custos dos atendimentos hospitalares, sobretudo nos casos de emergência. Há cerca de dois anos, um conhecido meu ficou três dias internado na UTI e lhe foi apresentada uma conta de R$ 82 mil. Logo, os planos e os seguros de saúde são fundamentais.