O sonho de o ser humano tornar-se eterno, na poesia de Carlos Nejar

Carlos Nejar lança livro com poemas sobre as tragédias brasileiras

Carlos Nejar, grande poeta gaúcho.

Paulo Peres
Poemas & Canções

O crítico literário, tradutor, ficcionista e poeta gaúcho Luís Carlos Verzoni Nejar, membro da Academia Brasileira de Letras, no poema “Crença”, aborda o sonho do ser humano tornar-se eterno.

CRENÇA
Carlos Nejar

Ainda serei eterno.
Não sei quando.
Sei que a sombra se alonga
e eu me alongo,
bólide na erva.

Ainda serei eterno.
Tenho ânsias cativas
no caderno. Cortejo
de símbolos, navios
e nunca mais me encerro
no meu fio.

Ainda serei eterno.
O mês finda, o ano,
o recomeço.
E o fraterno em mim
quer campo, monte, algibe.
Mas sou pequeno
para tanto aceno.
Metáforas me prendem
o eterno
que se pretende isento.

Numa dobra me escondo;
Noutra, deito.
Os nomes me percorrem no poente.
Sou sobrevivente
de alguma alta esfera
que saía de si mesma
e é primavera.

O eterno ainda será viável
como o sol, o dia,
o vento,
misturado ao que me entende
e transborda.
Misturado ao permanente
que me sobra.

Esqueceram-se do “juiz de garantias”? Ele é fundamental na democracia moderna

Charge 14/01/20

Charge do Marco Jacobsen (Arquivo Google)

José Carlos Werneck

Ao contrário do que a Grande Mídia divulgou a época que o assunto foi aventado e da opinião de alguns juristas, a instituição do Juiz das garantias é considerada uma importante evolução no Direito Processual Penal e é uma tendência mundial, como meio de evitar-se eventuais indesejáveis influências entre os setores de investigação da Polícia Judiciária e do Ministério Público, com magistrados que acumulam competências para as fases investigativas e julgadoras dos processos .

Bernd Schünemann, destacado jurista alemão e filósofo, autor de robusto estudo, fruto de exaustiva pesquisa realizada com a participação de 58 juízes e promotores escolhidos leatoriamente por todo o território alemão, com a finalidade de realizar uma análise comportamental, durante audiências simuladas de instrução e julgamento, especialmente na forma de decidir a causa.

AS DIFERENÇAS – O ponto de partida foi avaliar a diferença entre juízes que se envolvem com o material produzido na investigação preliminar e têm participação ativa durante a instrução criminal e os juízes que atuam de forma mais equidistante como destinatários dos elementos trazidos pelas partes.

Neste artigo, Shünemann cita a Teoria da Dissonância Cognitiva de Festinger, na versão reformulada de Irle, que entende que cada pessoa ambiciona obter harmonia em seu sistema cognitivo, a assegurar-lhe relações estáveis entre seus conhecimentos e suas opiniões.

Quando opiniões antagônicas lhe são contrastadas, o resultado dessa motivação cognitiva é a redução mental de fatores dissonantes, com a preponderância de fatores de consonância.

MAIS EQUILÍBRIO – Dessa importante pesquisa realizada na Alemanha, foi possível obter-se o seguinte padrão comportamental do juiz criminal: “Todos que tiveram contato maior com a investigação preliminar e, depois, atuação mais ativa na instrução criminal, acabaram por condenar, enquanto que aqueles que não foram equipados com as peças de informações preliminares tiveram maior nível de ambivalência, ou seja, houve equilíbrio entre o número de condenações e de absolvições”.

O que ocorre em outros países? O Código de Processo Penal Português de 1987,em seu artigo 17,diz que compete ao juiz de instrução decidir quanto à pronúncia e exercer todas as funções jurisdicionais até a remessa do processo a julgamento ao juízo da causa.

O Código de Processo Penal italiano de 1989 também prevê a separação entre os elementos informativos coletados para investigar (elementos investigativos) e as provas que sedestinam ao julgamento da causa (elementos de prova).

OUTROS PAÍSES – A Ley de Enjuiciamiento Criminall da Espanha prevê, no art.259, a existência de um juiz para atuar na fase investigativa (juez de instrucción), e, com a conclusão (art. 324.6), o encaminhamento dos autos ao tribunal competente.

Os doutrinadores, de forma quase unânime, consideram que o Chile possui, atualmente, o sistema processual penal acusatório mais moderno da América do Sul. O Código de Processo Penal chileno de 2000, com suas atualizações, faz, em seu art.70, expressa alusão à importância do juiz de garantias.

Nos Estados Unidos, depois de realizada a investigação preliminar, em vários Estados, segue-se uma audiência que pode ter a finalidade de decidir acerca da submissão do caso a julgamento, bem como encaminhamento ao grande júri. Dessa maneira, pode-se afirmar que o juiz da audiência de apresentação não será aquele que irá valorar as provas da causa, na forma da sempre citada 5ª Emenda.

Águas enfim estão descendo e surgem cenas emocionantes do resgate de cães e de gatos

Mais de 11 mil animais afetados pelas enchentes no RS foram resgatados |  Agência Brasil

Mais de 11 mil animais foram resgatados no Rio Grande do Sul

Vicente Limongi Netto

Emocionantes as imagens de centenas de gatos e cães, resgatados por incansáveis bombeiros e voluntários, no maltratado e sofrido Rio Grande do Sul. Não têm forças para latir. Resmungam choros. Estão sem rumo, perdidos. Parecem saber que jamais voltarão a rever seus donos. São animais de raça, vira latas, grandes, pequenos, gordos ou magros. Resistiram pendurados em galhos de árvores. Em janelas, telhados. Em cima de móveis, geladeiras ou carros. Ou mesmo dentro das águas das enxurradas. Nadando entre barro e lama.

REENCONTRO – Chegam aos abrigos batendo os dentes de frio. Com sede e fome. Olhos espantados. Recebem conforto, alimentação, remédios.

Uma cidade gaúcha em situação normal, acolhia 100 cães. Hoje, passam de 500. Donos de muitos dos cães e gatos estão dispersos pelo imenso Rio Grande do Sul. Partiram para o céu.

Tentam recompor a própria vida ou simplesmente não sabem onde seus animais de estimação estão. Se estão vivos ou foram tragados e levados pelas enxurradas. Adultos e crianças choram. Admitem a perda.  Alguns animais já foram adotados por outros corações bondosos. Quando o caos acabar. Quando o sol alto e forte voltar a brilhar. Quando os abraços serão de alegria. Quem sabe, cães e gatos poderão voltar a lamber seus donos. Pular e adormecer no colo deles. Com infinita, divertida e doce ternura.

ARRE ÉGUA!!! – Governo federal ajudando na reconstrução do Rio Grande do Sul e dos gaúchos. Maioria flagelados perdeu tudo. Calamidade que entristece o Brasil e o mundo. Contudo, Lula erra feio, nomeando para “ministro extraordinário” da crise, um ministro gaúcho. O falastrão e encrenqueiro Paulo Pimenta.

Não precisava Lula politizar o drama dos gaúchos. Pimenta vai criar atritos com adversários políticos. Vai, desde já, botar banca para ser candidato a governador. Desgostando muita gente, dentro do próprio PT. Nessa linha, as homenagens” ao Pimenta começaram.

Uma delas, que certamente deixará Pimenta radiante, é que a égua resgatada no terceiro andar de um prédio, ganhou o nome sugestivo de Pimenta.

Prates estava em confronto com amplos setores do governo e sua demissão era esperada

Crise do pagamento de dividendos  levaram à demissão

Pedro do Coutto

O presidente Lula da Silva resolveu demitir Jean Paul Prates da Presidência da Petrobras, substituindo-o por Magda Chambriard, que foi diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no governo Dilma Rousseff e atuou como funcionária de carreira da petroleira por mais de duas décadas. Engenheira de formação, Magda é também consultora na área de energia e petróleo.

A demissão de Prates era esperada e só não se realizou antes em função da inundação no Rio Grande do Sul, com a necessidade do governo dirigir sua atenção e esforços para a situação das milhares de famílias atingidas. Com a nomeação de Magda Chambriard, Lula também vai ao encontro da reivindicação dos setores que desejam colocar mulheres na direção de órgãos da administração pública. Uma vez oficializada no cargo, será a segunda presidente mulher da estatal – a primeira foi Graça Foster (2012-2015).

CONFRONTO – Jean Paul Prates estava incompatibilizado com amplos setores do governo que já o haviam questionado diante da crise do pagamento de dividendos da Petrobras. A demissão terá que ser confirmada pelo Conselho da Petrobras, mas isso não é problema difícil de ser resolvido. Afinal, ninguém pode exercer um cargo dessa importância quando a sua decisão se choca com a orientação governamental.

O reflexo na Bolsa de Valores não deverá ultrapassar a reação normal dos investidores com a decisão. No fundo do problema, a demissão de Prates era aguardada, conforme dito. As contradições vieram à tona e tornaram insustentáveis a posição do presidente da empresa. É possível que tenha alguma repercussão, mas que não será capaz de abalar a política colocada em prática. A Petrobras é um órgão difícil de se administrar, tendo registrado uma série de substituições em seu comando nos últimos anos.

FAKE NEWS – Enquanto isso, em função das fake news injetadas na rede da internet, o presidente do Supremo Tribunal federal, Luís Roberto Barroso, voltou a defender a regulamentação do setor, matéria complexa em função da forma com que podem ser colocados textos nas plataformas. O tema volta ao debate e tem regido pautas diversas. Mas ainda não se chegou a uma solução efetiva que, ao meu ver, encontraria fácil solução com a aplicação da Lei de Imprensa.

Afinal de contas, a liberdade de imprensa não significa impunidade ou imunidade sobre matérias postas no sistema de comunicação. Há que se defender a responsabilidade dos autores e afastar as desinformações que são inseridas por pessoas que têm prazer em criar confusão e levar à contradições nas mais diversas áreas. É incrível que a maldade se faça sentir em tragédias como a do RS. As fake news tem se proliferado, não só nesses casos, mas também em relação a ele. Barroso defende a regulamentação. Mas quais as medidas necessárias? Aí está a questão.

A matéria legal tem a sua origem no bom senso e as fake news contrariam esse princípio fundamental, invadindo as redes sociais, algo repugnante no comportamento dos autores das notícias falsas. Regulamentá-las no sentido de impedir a sua publicação não é tarefa fácil, mas a responsabilidade dos autores é algo que exige uma ação direta tanto do poder público quanto das pessoas ou organizações atingidas.

Espalhar desinformação atinge a democracia e a vida de milhares de vítimas do RS

Aproveitadores ignoram o rastro de destruição das chuvas

Pedro do Coutto

Em meio à tragédia que assolou milhares de famílias no Rio Grande do Sul, é triste constatar a grande incidência de fake news disseminadas nas redes sociais da internet, demonstrando que muitas pessoas têm prazer em mentir e adulterar conceitos, conturbando um cenário já devastado. Afinal, são inúmeras as pessoas que foram atingidas diretamente no episódio, inclusive com o registro de mais de cem vítimas fatais.

As redes sociais infelizmente têm sido usadas como um instrumento de propagação de desinformação sobre a tragédia provocada pelas chuvas no estado, desde teorias da conspiração sobre o motivo do desastre, até boatos estapafúrdios, de cunho fundamentalista religioso.

ALVOS – Alguns dos principais alvos da campanha de desinformação promovida são as instituições públicas. São notícias falsas que, desde os primeiros momentos da tragédia, buscam desacreditar governos e órgãos públicos.

São fake news sobre caminhões sendo impedidos de entrar no estado com donativos às vítimas, sobre a demora do governo federal em agir no RS e sobre alguns empresários estarem atuando mais que governos em prol dos gaúchos.

É um ponto extremamente preocupante a questão da contestação da eficácia e da atuação das instituições, pois essas têm sido muito atuantes e estão sendo descredibilizadas nesse processo. Não há apenas um risco para a democracia, mas também para a própria segurança e saúde das vítimas.

O coração do poeta era como um rio, a chorar de queda em queda…

Olhando O Rio | Poema de Belmiro Ferreira Braga com narração de Mundo Dos  Poemas - YouTubePaulo Peres
Poemas & Canções 

O poeta Belmiro Ferreira Braga (1872-1937), nascido em Vargem Grande (MG), no soneto “Olhando o Rio”,  compara o transcurso do rio com o sofrimento de seu coração tristonho.

OLHANDO O RIO
Belmiro Braga

Nas noites claras de luar, costumo
ir das águas ouvir o vão lamento;
e, após o ouvi-las, cauteloso e atento
que o rio também sofre, eis que presumo.

Nesse que leva tortuoso rumo,
que fado triste e por demais cruento:
Vai deslizando agora doce e lento
e agora desce encachoeirado e a prumo.

O dorso aqui lhe encrespa leve brisa,
ali o deslizar calhau lhe veda;
além, de novo, sem fragor, desliza…

És como o rio, coração tristonho:
Se ele vive a chorar de queda em queda,
vives tu a gemer de sonho em sonho.

E agora surge o “Moraes Paz & Amor”, o novo ministro que vai pacificar o país

É preciso amar Alexandre de Moraes

Xandão, depois Xandinho e agora o ministro Paz & Amor

Carlos Newton

Como já assinalamos aqui na Tribuna da Internet, o ministro Alexandre de Moraes está sofrendo uma mudança capaz de surpreender até mesmo o escritor escocês Robert Louis Stevenson, autor do clássico “O Médico e o Monstro”. Sua transformação é lenta e segura, e já se consegue perceber que aquele juiz implacável, que agia como um monstro, está sendo substituído por um jurista de verdade, justo e compreensivo.

Infelizmente, porém, Moraes não está mudando por moto próprio ou tratamento de reabilitação. Na verdade, está sendo forçado a fazê-lo, para limpar sua barra no Brasil e no exterior, depois que suas sentenças exageradas e até desumanas condenaram brasileiros comuns por terrorismo, quando deveriam ter sido julgados por invasão de prédio público e depredação de patrimônio. Além de tudo isso, decidiu reinstituir a censura no país, apesar de vivermos uma época que deveria ser de democracia plena.

NA LINHA TERNURA – Muitos não acreditavam que pudesse acontecer uma mudança tão acentuada. Porém, não mais que de repente, Moraes libertou o tenente-coronel Mauro Cid e absolveu Bolsonaro no caso da visita prolongada e atípica à Embaixada da Hungria.

Deu seguimento a essa linha ternura, digamos assim, ao libertar os dois coronéis da PM que ainda estavam presos. Agora os cinco oficiais estão fora da cadeia – Klepter Rosa Gonçalves, Fábio Augusto Vieira, Paulo José Bezerra, Marcelo Casimiro e Eduardo Naime.

AMACIAMENTO – Além de amaciar em suas decisões, o polêmico ministro orientou sua equipe nos tribunais superiores a evitar radicalismo, uma determinação logo acolhida pelo ministro Floriano de Azevedo Marques, do Tribunal Superior Eleitoral, e pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Com isso, o senador Jorge Seif (PL-SC), ameaçado de perder o mandato, teve seu processo suspenso pelo relator Azevedo Marques, que pediu à Procuradoria a produção de mais provas.

O mesmo ministro apresentou há poucos um voto a favor da absolvição do senador Sérgio Moro, que vai surfar na onda da ternura e escapar de uma cassação indevida, mas que era quase certa, no esquema mais radical antes liderado por Alexandre de Moraes.

EFEITO MUSK – Pode-se afirmar, com toda certeza, que o milagre da transformação do monstro Hyde no médico Jekill, que ocorre nos tribunais brasileiros, começou com o ataque sofrido por Moraes em pleno julgamento de um “terrorista” no Supremo, quando o advogado Sebastião Coelho o considerou “o homem mais odiado deste país”.

Mais recentemente, as acusações do empresário americano Elon Musk e as investigações em dois comitês da Câmara dos Estados Unidos (Jurídico e de Recursos Humanos), com a exibição de uma foto de Moraes pela deputada republicana Maria Salazar, fizeram com o ministro enfim caísse na real.

O que ele tem feito, com apoio de um órgão de assessoria que criou no TSE, formado por policiais federais, é recriar a censura no Brasil. E não tem como se defender, porque se trata de censura mesmo, sem a menor dúvida. E assim o monstro está saindo discretamente de cena, em nome do restabelecimento da Justiça e do Direito.

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P.S.
É óbvio que os demais membros do Supremo perceberam que Moraes ultrapassou todos os limites e recomendaram que ele se curve à realidade dos fatos. E assim prevaleceu o espírito de corpo (corporativismo) que é bem mais aceitável do que o espírito de porco, a expressão idiomática utilizada para definir uma pessoa cruel, que se especializa em complicar situações ou causar constrangimentos. (C.N.)

Está na hora de todos implorarmos para que passe essa tragédia das chuvas

Guaíba segue subindo nesta terça-feira e chega a 5,22

Lago Guaíba segue subindo nesta terça-feira e chega a 5,22m

Vicente Limongi Netto

Rastros de agonias crescem com escombros. Garras do desespero secam as lágrimas dos obreiros gaúchos. A teimosa esperança pela vida esmaga a raiva. Penaliza sorrisos. O frio espanta o choro. Trava soluços. A volúpia das águas das enchentes levou os sonhos de uma criança de 6 meses. Esmagando e dilacerando a felicidade de uma família inteira.

É hora do batalhão dos corações abatidos e cansados bater na porta do castelo dos infortúnios e pavores para implorar pelo fim da feroz desgraça climática.

LEVAR PARA LONGE – A abrangente e implacável calamidade que destrói o Rio Grande do Sul comove o planeta. Manda que imploremos ao escritor italiano, Dante Alighieri, autor do inferno, a primeira parte da sua “Divina Comédia”, que leve o inferno para bem longe.

A tensão coletiva não sai da alma. Permanece doendo nos ossos. Dias e noites surgem tristes. Ninguém prega o olho. O quadro avassalador de tragédias se multiplica. O volume excessivo das águas do Guaíba amedronta. Humilha o céu. Ninguém sabe quando o sofrimento vai acabar.

Continuam a fibra e o ânimo para ajudar os necessitados que perderam tudo. A energia vem de Deus. Ganharia saudável alívio caso São Pedro puxasse as orelhas das açodadas chuvas.

CURSO DE TIRO – O Ministério Público do Amazonas, por meio do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça Criminais, realizou um treinamento de arma e tiro para novos promotores do curso de ingresso.

De acordo com o procurador-geral de Justiça, Alberto Rodrigues do Nascimento Júnior, trata-se de uma medida de segurança essencial para todos os envolvidos. “Na nossa condição de autoridades da área de Justiça, entendo que precisamos estar resguardados em todos os níveis e momentos, o que reforça a importância de uma capacitação como esta”, afirmou.

A instrução foi organizada pela Polícia Militar do Amazonas. De acordo com o assessor de Segurança Institucional, coronel Antônio Marcos Beckman de Lima, o objetivo é capacitar os membros visando situações de perigo, a fim de garantir a segurança dos participantes.

A que ponto chegamos.

Tragédia no Rio Grande do Sul: alerta para novas inundações

Defesa Civil do RS emitiu alerta para novas chuvas intensas

Pedro do Coutto

Em meio às enchentes catastróficas que atingiram o Rio Grande do Sul, as perspectivas são de que a resolução dos inúmeros problemas estejam distantes. Estão previstas mais chuvas nas regiões que já apresentam problemas críticos. Neste domingo, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul emitiu um alerta para informar sobre novas inundações que poderão ocorrer no estado.

De acordo com o órgão, a água dos rios continuam subindo devido às chuvas que atingiram diversas regiões neste fim de semana. “O Rio Jacuí apresenta tendência de seguir em níveis elevados, conforme a vazão for escoando e descendo das bacias dos Vales. Com isso, locais já inundados continuarão em elevação, podendo atingir e, até mesmo, ultrapassar os níveis registrados recentemente, entre terça e quarta-feira, em razão das chuvas intensas”, informava parte do alerta.

BOLETIM –  Além disso, o órgão pediu para que os moradores procurem abrigos e não retornem para lugares que já foram prejudicados pela chuva. O Rio Grande do Sul confirmou mais sete mortes neste domingo, elevando o número de vítimas para 143. O boletim da Defesa Civil ainda contabiliza 125 desaparecidos e 806 feridos. Desde o início das operações de socorro, já foram resgatadas 76.399 pessoas e 10.555 animais.

O governo do presidente Lula da Silva anunciou que irá propor ao governo do Rio Grande do Sul que o pagamento mensal da dívida estadual junto à União seja suspenso por um período de três anos. Segundo fontes do Palácio do  Planalto, a moratória deve dar um alívio de cerca de R$ 10 bilhões aos cofres do Rio Grande do Sul durante a catástrofe que atinge a região. O período de três anos para a suspensão do pagamento da dívida foi estabelecido como um meio-termo entre as posições do Ministério da Fazenda e do governo gaúcho.

JOGO POLÍTICO – Enquanto isso, o União Brasil, partido com o maior número de deputados dentre os que integram o governo Lula da Silva, o União Brasil caminha para ficar separado do PT nas principais capitais nas eleições municipais deste ano.

O cenário nas municipais reflete o jogo político do partido, que comanda três ministérios ao mesmo tempo em que constrói projetos políticos de viés oposicionista. Exemplo disso são os movimentos para viabilizar a candidatura presidencial do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, em 2026.

É preocupante para Lula essa situação, na medida em que a impressão que dá é que o impulso para a sucessão presidencial em 2026, quando concorrerá à reeleição, não está com a solidez necessária.Fica um aviso político.

Chico Buarque e o desafio de compor a música Beatriz, com o amigo Edu Lobo

Letícia Colin faz aulas de circo para filme - Patrícia Kogut, O Globo

Letícia Colin interpretou Beatriz no cinema

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor, escritor, poeta e compositor carioca Chico Buarque de Holanda, buscou inspiração para fazer a letra da música “Beatriz”, tanto que se baseou num poema de Jorge Lima, onde a personagem chamava-se Agnes e era equilibrista, mas chegou a um ponto que a letra não saía com esse nome, Agnes. Então, passados alguns dias, surgiu o nome “Beatriz”, que era a musa inspiradora de Dante Alighieri, a qual podemos notar quando Chico faz alusão ao citar na letra “comédia” e “divina”, mencionando outra obra de Dante, A Divina Comédia.

Dizem que Dante viu Beatriz uma única vez, e nunca falou com ela, nutrindo uma paixão que iria inspirar seus poemas. Beatriz é uma das canções do musical “O Grande Circo Místico”, cujo disco com o mesmo nome foi lançado, em 1983, pela Som Livre.

BEATRIZ
Edu Lobo e Chico Buarque

Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz

Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Olha
Será que ela é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Sim, me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz

Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se o arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida

Israel despreza nova proposta de paz e palestinos serão dizimados em Rafah

Mai Anseir com os filhos na escola onde se abrigam em Rafah

Carlos Newton

Os governos dos Estados Unidos e da Arábia Saudita fizeram uma nova proposta de paz a Israel, com apoio do Hamas, mas o governo de Benjamin Netanyahu simplesmente a desprezou e mandou que moradores palestinos e refugiados abandonem não só a zona leste de Rafah, mas também as áreas centrais da cidade.

Isso significa que Israel não aceitará a formação de um Estado palestino sem influência do Hamas e que seria controlado por uma força de paz árabe. E significa também que vai destruir Rafah, a última cidade que restou na Faixa de Gaza, onde vivem cerca de 21 mil pessoas e estão refugiados mais de um milhão de palestinos.

Não se sabe quantas pessoas vão morrer nesta última ofensiva israelense para destruir o Hamas e transformat toda a Faixa de Gaza em terra arrasada. Talvez o número de vítimas – incluindo crianças, mulheres e idosos – possa passar de 100 mil, não se pode prever com exatidão. A fronteira com Egito está fechada, eles não têm para onde ir.

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À ESPERA DA MORTE, SEM TER COMO FUGIR

Deu no Infomoney
Agência Reuters

A família Anseir carregou seus escassos pertences em um carro amassado, na esperança de escapar antes de uma ofensiva terrestre de Israel em Rafah, onde mais de um milhão de habitantes de Gaza, que pensavam estar seguros, agora lutam para encontrar meios de fugir novamente.

Mai Anseir e sua família de 25 pessoas — que já tiveram que se mudar três vezes por conta dos bombardeios israelenses — dizem que ficaram sem opções à medida que as tropas de Israel se aproximam do último santuário no extremo sul da Faixa de Gaza.

“Estamos aqui, não sabemos como sair. Nossa capacidade financeira não nos permite conseguir transporte para irmos embora”, disse a mãe de cinco filhos em uma escola abandonada da ONU, onde a família se abrigou.

SEM ÁGUA E SEM LUZ – “E não podemos voltar de onde viemos porque está tudo destruído. Não há serviços, não há água, não há eletricidade. Não há vida no lugar em que estávamos.”

Israel ordenou que os residentes saíssem do leste de Rafah na semana passada e estendeu a ordem às áreas centrais da cidade nos últimos dias, fazendo com que centenas de milhares de refugiados fugissem buscando novos abrigos, que não existem.

Tanques israelenses já cortaram a via principal de Salahuddin, que separa os distritos leste e central de Rafah. Com a ordem de retirada e a chegada dos combatentes, os hospitais e os escassos suprimentos de ajuda desapareceram. Moradores dizem não ter ideia de para onde ir agora, ou como chegar lá.

SEM COMIDA – Mai Anseir relatou que precisa de leite e tratamento médico para uma criança com problema cardíaco. Ela não pode mais obtê-los em Rafah.

“A vida e a morte agora são a mesma coisa. Esperamos em Deus que logo haja alívio, porque o alívio está apenas nas mãos de Deus. Ele não virá de ninguém. Apelamos apenas para aqueles que têm corações compassivos; organizações humanitárias”, disse ela.

Sua cunhada Abeer, que tem oito filhos, disse que a comida de caridade que a família costumava receber agora já não existe mais. “Toda a área, que eles dizem ser segura, não é mais segura”, disse, enquanto a chuva caía sobre o terreno vazio da escola.

À ESPERA DA MORTE – “Em gaza, vimos muitas mortes, vimos pessoas sem cabeça. Mal ficamos aqui por dois meses, e então eles disseram para irmos embora. Eles jogaram panfletos em nós”, disse ela.

“Como você pode ver, não sabemos para onde ir ou vir. É como se estivéssemos escapando de morte em morte.”

Mai Anseir e sua família estão provisoriamente numa escola abandonada, onde se abrigam enquanto se preparam para fugir de Rafah após Israel invadir a cidade. Mas não sabem para onde ir.

Reconstrução do Rio Grande do Sul exigirá os mais amplos esforços

O esforço grandisoso terá impactos profundos em diferentes áreas

Pedro do Coutto

O grande problema da tragédia do Rio Grande do Sul, além das centenas de vítimas que causou, implica também nos esforços de reconstrução. Na última semana, o governador do estado, Eduardo Leite, afirmou que o custo deve chegar ao valor de R$ 19 bilhões.

Parte do território gaúcho foi devastado pelos temporais das últimas semanas, que destruíram a infraestrutura local e resultaram em 107 mortes até o momento. “Os cálculos iniciais das nossas equipes técnicas indicam que serão necessários, pelo menos, R$ 19 bilhões para reconstruir o Rio Grande do Sul. São necessários recursos para diversas áreas”, escreveu Leite, no X (ex-Twitter).

RESPONSABILIDADES – Sob esse ângulo, as responsabilidades sobre a questão crescem de forma substancial, pois também abrangem a assistência às famílias, sobretudo sob o ponto de vista social e econômico. O efeito das enchentes e a extensão da tragédia são devastadores e as ações projetadas devem contemplar diversas necessidades.

No plano imediato, por exemplo, as fortes enchentes afetaram em cheio o abastecimento de combustíveis, serviços de telecomunicações e energia elétrica. Apesar da mobilização conjunta entre empresas e governos, não há previsão para o restabelecimento dos serviços. Entre os postos de combustíveis, o cenário é de falta de produto e racionamento em diversos locais.

No segmento de telefonia, a situação também é caótica. Segundo dados do Ministério das Comunicações, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e operadoras, cinco cidades no estado estão completamente sem serviços de telecomunicações: Arroio do Meio, Encantado, Estrela, Pouso Novo e Progresso.

SEM PREVISÃO – Fontes do setor afirmam que ainda não há previsão para que o sistema seja totalmente restabelecido no estado. Segundo fontes do setor, embora algumas localidades já tenham rede, ela ainda é limitada.

É preciso que se tenha uma atenção redobrada em relação a tudo que está acontecendo e, sobretudo, estabelecer-se não só no Rio Grande do Sul, mas em todo o país, medidas de planejamento efetivo para que as ações não sejam sempre pós-tragédia, mas num âmbito de evitar ao máximo suas ocorrências. Agora, não se trata apenas de obras de engenharia, mas de devolver à população atingida a dignidade necessária.

Um soneto romântico de Aurélio Buarque de Holanda, que entendia de palavras

Figuras da Linguagem (II): Aurélio Buarque de Holanda

Aurelio era um imortal muito bem-humorado

Paulo Peres
Poemas & Canções

O crítico literário, lexicógrafo, filólogo, professor, tradutor e ensaísta alagoano, Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989), grande dicionarista brasileiro, também sabia usar as palavras para nos brindar com este belo soneto “Amar-te”.

AMAR-TE
Aurélio Buarque de Holanda

Amar-te – não por gozo da vaidade,
Não movido de orgulho ou de ambição,
Não à procura da felicidade,
Não por divertimento à solidão.

Amar-te – não por tua mocidade
– Risos, cores e luzes de verão –
E menos por fugir à ociosidade,
Como exercício para o coração.

Amar-te por amar-te: sem agora,
Sem amanhã, sem ontem, sem mesquinha
Esperança de amor, sem causa ou rumo.

Trazer-te incorporada vida fora,
Carne de minha carne, filha minha,
Viver do fogo em que ardo e me consumo.

Lulistas e bolsonaristas têm fricotes com fake news nas enchentes do RS

Charges fake news

Charge do Duke ( O Tempo)


Carlos Newton

A política brasileira é surreal e repetitiva, chega a dar canseira. É preciso tem muita paciência para aguentar a mesmice. De uns anos para cá, começou essa gritaria contra fake news, com políticos e celebridades dando chiliques e tendo fricotes e fanicos quando seus nomes são mencionados de forma negativa. Parecia até existir novidade nessa prática, mas na verdade não havia nada de novo no front ocidental, porque os boatos existem desde a época em que surgiram as primeiras moradias coletivas dos homídeos.

É certo que o mundo adora uma fofoca, tanto assim que há jornalistas que se dedicam de corpo e alma a esse ramo da mídia, que consegue atrair um número enorme de leitores, a ponto de causar inveja às páginas de esporte e às notícias policiais.

ARMAS POLÍTICAS – Aqui na Tribuna da Internet passamos ao largo desse tipo de informação. Mas registramos nossa surpresa ao constatar que os boatos, fofocas e fuxicos – agora chamados de  fake news – passaram a ser usados mais frequentemente como armas políticas, o que sempre existiu, mas não com essa abrangência alcançada pelas redes sociais.

Alheio ao terraplanismo, o mundo gira, a população não para de crescer, hoje todo mundo tem celular e se comunica ao vivo com todo o Brasil e o mundo, então é óbvio que as fofocas, os fuxicos e os boatos teriam de ganhar maior dimensão, isso é natural e faz parte.

O que não é normal é a reação dos políticos contra as fake news, especialmente os que estão no poder, embora o assunto seja comum de dois, como se dizia antigamente.

ENCHENTE DE FAKE NEWS – Na cobertura das enchentes no Rio Grande do Sul, parte do noticiário passou a se dedicar a fake news, com lulistas e bolsonaristas se acusando reciprocamente, porque as pessoas, decididamente, não têm medo do ridículo.

Em meio a essa farsa, surgiu uma notícia verdadeira, interessantíssima, apurada pela repórter Márcia Dantas, ao revelar que estavam sendo multados os caminhões que levavam ajuda humanitária aos flagelados, porque não tinham nota fiscal ou excediam o peso, na ânsia de ajudar a quem perdeu tudo.

A excelente reportagem foi taxada de fake news, vejam a que ponto chegamos. Mas o diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Rafael Vitale, admitiu o erro e anunciou que as multas seriam canceladas. Mesmo assim, continuou a haver críticas à jornalista.

FREIO DE ARRUMAÇÃO – Como se vê, é preciso dar um freio de arrumação e colocar ordem nesse rolo sobre fake news, que já transformou o ministro Alexandre de Moraes num censor vulgar, assessorado por uma comissão de policiais federais que ele mesmo criou para fazer o serviço ilegal.

Ao cair nessa cilada, Moraes não somente está sujo na rodinha, como também faz sucesso às avessas nos Estados Unidos, ao interpretar no Capitólio o papel de supremo censor da filial Brazil, só falta ganhar o Oscar de Coadjuvante.

Assim, é preciso que o ex-presidente Michel Temer, por ter inventado Moraes como homem público, pegue o ministro pelo braço e o faça cair na real. Ele precisa entender que, enquanto vivermos, haverá cada vez mais fake news, boatos, fofocas e fuxicos, porque todo mundo tem celular.

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P.S 1
Se você não aceita boatos, fofocas e fuxicos, procure os portais, sites e blogs mais responsáveis. Repare que é muito difícil haver fake news no jornalismo de verdade. que precisa ser prestigiado e reconhecido. É você que decide: pode ler o The Guardian ou os famosos tablóides londrinos. Isso é democracia.

P.S 2 – Tentar impedir as fake news e regulamentá-las é querer barrar o Sol com uma peneira. Se insistir nessa insânia, o ministro Alexandre de Moraes, que já não bate muito bem, vai enlouquecer de vez. Ele pensa (?) estar fazendo um belo serviço em defesa da democracia, mas pode acabar se transformando em Napoleão de hospício, dando ordem unida para outros internos. (C.N.)

Caramelo é um personagem tão marcante que seu salvamento estava sendo “disputado”

Cavalo Caramelo tem quadro estável após resgate

Uma imagem que ficará para sempre em nossa memória

Vicente Limongi Netto

Caramelo estava sem chão. Voou sem asas. Se equilibrou no telhado. Puro instinto de sobrevivência. Sob pena de vir a ser mais um nas estatísticas tristes das enchentes no Rio Grande do Sul. Ajeitou-se com esmero sobre as telhas de alumínio. Forte e bravo, Caramelo não esmoreceu. Ficou dias ilhado. Olhos graúdos e negros olhando o céu cinzento. Com acordes de trovões e relâmpagos.

Resistiu aprumado, patas brancas, cascos e ferraduras firmes. Tirou forças do dorso amarelado e raçudo. Salvo por bombeiros e dois veterinários, alinhou a vasta cabeleira acaramelada, com tons de esperança. Abatido, esfomeado, relinchou aliviado, depois da anestesia geral. Agora, farta-se com montes de capim, feno e alfafa, no Hospital Veterinário da Ulbra (Universidade Luterana).

Depois da odisseia que viveu, Caramelo tornou-se o xodó, herói da resistência e personagem de críticas à primeira-dama, dona Janja, que teria mandado um helicóptero da FAB para resgatar o cavalo e não gostou nada que os bombeiros tenham decidido não esperar a ajuda da Aeronática. Será fake news?

EXCELENTE LIVRO – “A vida misteriosa dos gatos”, novo e excelente livro do jornalista e escritor Pedro Rogério Moreira. Lançamento da Editora Thesaurus. Pedro escreve como fala e conversa. Com simplicidade, clareza,  alorizando seus personagens.

Com rigoroso ardor e verdades. Justo e grandioso. Sublinhando palavras amorosas, envolventes e divertidas. Obra saborosa, histórias verdadeiras. Colhidas como flores pelo autor. Pedro conviveu de perto com as figuras públicas e intelectuais que destaca.

Páginas com José Sarney, Itamar Franco, Hélio Fernandes (“defensor do interesse público”), ACM, Mário Palmério, Marcio Moreira Alves, Roberto Marinho, José Aparecido, João Figueiredo, Gilberto Amaral, Henrique Hargreaves, Mauro Durante, e uma página ao pai dele, memorialista Vivaldi Moreira.  Com quem aprendeu lições de decência, lealdade e firmeza de atitudes. Pedro dedica a vida aos amigos e ao bom jornalismo.

LIGA DO BEM – Muito boa a matéria do Correio Braziliense( 12/05), destacando o formidável trabalho da “Liga do Bem”,  a meritória iniciativa dos servidores do Senado, empenhada em arrecadar donativos para famílias carentes e moradores de rua. As atuais ações da Liga do Bem estão voltadas para as vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul.

A liga do Bem está precisando de voluntários. Muitas doações chegando. O trabalho é incessante. Dezenas de servidores e voluntários de fora da Câmara Alta, estão dia e noite trabalhando duro. A diretora-geral do senado, Ilana Trombka, está sempre lá. Ajudando e estimulando.

A sede da liga do Bem fica no entorno da gráfica do Senado. Nessa linha, senadores e senadoras, sobretudo senadoras, filhos, cunhados, irmãs e netos, ou, ainda, mulheres de senadores, também poderiam arregaçar as mangas. Tirar momentos de folga, colocar jeans, sapato baixo ou chinelo de dedo e ir ajudar a Liga do Bem. Não custa nada. Não vai tirar pedaços. Fazer discursos calorosos e lamentar a tragédia não é suficiente. Soa como demagogia. Quem comparecer para ajudar será bem recebido. Estará dando contribuição preciosa e importante, que engrandecerá alma e coração de todos.

PRETENSÃO DE LULA – O presidente Lula não pode, não deve, não tem autoridade para impedir, muito menos criticar, os alagoanos que vaiaram o deputado Arthur Lira.

Se Lira foi saudado com vaias, é porque mereceu. Pode ser tudo de ruim, menos santo imaculado.

Média cretina de Lula. Não demora, a política do morde e assopra volta ao normal.

Cruéis e abomináveis, aproveitadores ignoram o sofrimento das vítimas no Rio Grande do Sul

Mal intencionados usam a tragédia para disseminar fake news

Pedro do Coutto

Incrível como aparecem especuladores sobre a questão das chuvas e inundações no Rio Grande do Sul. Surgiram sobre a tragédia ladrões, proliferaram as fake news nas redes da internet e espalharam-se boatos sobre os preços de produtos, como é o caso do arroz. Como é possível alguém ter prazer em espalhar desinformação com o propósito de aumentar a pressão e as depressão que se disseminam pelas áreas mais atingidas ?

O Globo de ontem focaliza os casos de crianças que perderam os pais nas chuvas e agora não têm para onde ir, dependendo praticamente de uma adoção que tem que ser melhor estudada, pois se trata de um problema que inclui vulneráveis expostos às ações de pessoas que não conseguem agir nos limites da lei e do pensamento humanístico.É um problema grave este que está está acometendo o RS e o próprio país. Pessoas doentias tentam injetar mais questões no cenário.

CRUELDADE – O comandante do Exército, Tomás Paiva, classificou as fake news envolvendo as enchentes no Rio Grande do Sul como “cruéis e abomináveis”. “Essas postagens falsas são abomináveis e atrapalham o trabalho. As pessoas que disseminam fake news estão batendo em gente que está ajudando, que está salvando vidas. Muitos dos soldados que estão lá, trabalhando, foram diretamente afetados pela tragédia. Essas publicações são cruéis e antiéticas”, disse Tomás Paiva.

O general explicou que, algumas vezes, as pessoas podem ver um comboio militar passando e se queixar que os soldados não pararam, mas explica que essas guarnições seguem em direção a atendimentos urgentes, que são muitos.

Após o comandante militar do Sul, o general Hertz Pires do Nascimento, destacar os impactos causados pelas mentiras, em reunião de emergência com ministros realizada no Palácio do Planalto, na terça-feira, decidiu-se abrir um inquérito para investigar fake news sobre as enchentes .

DESINFORMAÇÃO – O militar relatou a distribuição de conteúdos falsos, como o de que a Marinha estaria fazendo blitz em barcos e dificultando as operações de resgate no estado, o que é mentira. A Advocacia-Geral da União (AGU) acionou na Justiça o influenciador Pablo Marçal, por disseminar conteúdos falsos sobre a atuação das Forças Armadas na tragédia.  

Mesmo em situações como a que agora assistimos, surgem pessoas sem alma que tentam obter vantagens e até roubos. O problema das fake news é algo tão repugnante, pois os responsáveis por tais investidas sentem prazer na tentativa que fazem de aumentar o sofrimento de centenas de milhares de pessoas, atingidas diretamente pela tragédia que desabou no Rio Grande do Sul. Um absurdo.

Bastos Tigre se defende da acusação de uma mulher que ele teria difamado

Bastos Tigre | Poemas, Frases motivacionais, PensamentosPaulo Peres
Poemas & Canções

O publicitário, bibliotecário, engenheiro, humorista, jornalista, compositor e poeta pernambucano Manoel Bastos Tigre (1882-1957), no soneto “Argumento de Defesa”, ao ser acusado de caluniar uma senhora, apresenta o seu melhor argumento de defesa, embora preconceituoso, ou seja,  ele sempre achou-a feia demais para não ser honesta.

ARGUMENTO DE DEFESA
Bastos Tigre

Disse alguém, por maldade ou por intriga,
que eu de Vossa Excelência mal dissera:
que tinha amantes, que era “fácil”, que era
da virtude doméstica, inimiga.

Maldito seja o cérebro que gera
infâmias tais que, em cólera, maldigo!
Se eu disser tal, que tenha por castigo
o beijo de uma sogra ou de outra fera!

Ponho a mão espalmada na consciência
e ela, senhora, impávida, protesta
contra essa intriga da maledicência!

Indague a amigos meus: qualquer atesta
que eu acho e sempre achei Vossa Excelência
feia demais para não ser honesta…

Primeiro passo é aumentar a vazão do Lago Guaíba e da Lagoa dos Patos

Desnivel do estuário da Lagoa dos Patos é muito pequeno

Roberto Nascimento

Os prejuízos das famílias, que perderam suas casas, e das empresas, com instalações devastadas, além dos prédios públicos inundados, pontes destruídas, aeroportos alagados, formando um dantesco cenário de destruição.

O que aconteceu no Rio Grande do Sul foi uma manifestação da natureza. Uma sucessão de fenômenos naturais, que ocorreram naquela região. Impossível de serem contidos pela mão inteligente do homem.

NINGUÉM SABERÁ – Por que no Sul e não em outro lugar? Ninguém saberá. Como não sabemos a razão da devastação de Petrópolis, Teresópolis, Friburgo, que foram também devastados, até com maior número de vítimas. Na última calamidade em Petrópolis, por exemplo, morreram 240 pessoas.

Não gosto de falar em clima de guerra, porque esse desastre é também culpa dos homens, porque a tragédia teve um componente de controle hidrológico da Lagoa dos Patos, que tem 265 km de extensão, mais da metade do trajeto Rio São Paulo.

Todos os rios da região desembocam no Lago Guaíba e depois vão para a Lagoa dos Patos, cuja vazão, a caminho do mar, é sempre muito lenta, devido ao desnível ser pequeno.

PEQUENA VAZÃO – O final da Lagoa tem uma passagem estreita. Quando a maré está alta, as águas têm dificuldades para desembocar no oceano, e desta vez houve problemas nas engrenagens usadas para aumentar a vazão no Lago Guaíba e na Lagoa dos Patos.

As obras iniciais de engenharia deveriam focar nessa dificuldade. É o primeiro passo para impedir que a tragédia se repita. Se a Lagoa dos Patos vazar mais rapidamente, com a abertura de novos escoadouros e ampliação dos já existentes, o Lago Guaíba não transbordará tão facilmente, reduzindo o refluxo das águas e os trágicos efeitos em Porto Alegre e nos municípios a montante, rio acima.

MAIS DIQUES – Outra obra necessária, seria aumentar o número de diques, construídos na altura de cinco metros, principalmente em torno de Porto Alegre e São Leopoldo. Todos os diques da região foram ultrapassados por causa do volume gigantesco das águas.

Há possibilidade também de fazer diques subterrâneos, como o governo Leonel Brizola fez na Baixada Fluminense e o governo Marcello Alencar construiu no Rio Carioca, bairro de Laranjeiras.

No Sul, o prejuízo está sendo grande, mas a população gaúcha é forte e em pouco tempo há de recuperar tudo, para voltar ao estágio de potência agrícola e industrial do Brasil. Algumas cidades, porém, devem ser reconstruídas em locais mais altos, assim como todas as sedes, celeiros e silos das propriedades rurais que sofreram inundação.

Sem alternativa, Israel vai aceitar a paz que americanos e sauditas oferecem?

Parem o genocídio em Gaza! - O Trabalho

Há feridas que jamais cicatrizam e podem impedir a paz

Carlos Newton

A Guerra na Faixa de Gaza chegou a seu ponto de não-retorno, como dizem os norte-americanos. Israel destruiu quase toda a faixa de Gaza e conseguiu conter o Hamas em Rafah, na fronteira com o Egito, uma cidadezinha com apenas 21 mil habitantes, onde se diz que estão os últimos quatro batalhões do Hamas e, talvez, seu líder Yehia Sinwar. A área abriga mais de 20 mil residentes permanentes e agora também mais de 1 milhão de palestinos refugiados.

Para liquidar com o Hamas, Israel terá de trucidar milhares e milhares de palestinos. Talvez o número de vítimas – incluindo crianças, mulheres e idosos – possa passar de 100 mil, não se pode prever com exatidão.

SIM OU NÃO – Se atacar Rafah, Israel vai causar uma comoção tão forte no mundo árabe que haverá um brutal fortalecimento de grupos terroristas como Hamas, Irmandade Muçulmana, Estado Islâmico e Al Qaeda. E daqui em diante, o Estado Judeu sabe que jamais terá um só dia de paz.

No início da guerra, havia consenso, porque mesmo os pacifistas israelenses e líderes árabes moderados apoiavam a dizimação do Hamas, uma das ramificações da Irmandade Muçulmana que ameaça todos os monarcas árabes.

Aos poucos, esse consenso se diluiu, porque o que ocorreu foi uma desumana mortandade de civis, incluindo crianças, mulheres e idosos, um verdadeiro genocídio, a palavra é esta. A estratégia falhara, o Hamas resistiu e a matança prosseguiu.

NENHUMA VOZ CONTRA – Como destacou no New York Times o editorialista Thomas L. Friedman, considerado o mais importante jornalista do mundo, o mais perturbador e deprimente é que não haja nenhum líder israelense importante hoje na coalizão governante, na oposição ou no meio militar que defenda o plano de paz anunciado pelos governos dos EUA e da Arábia Saudita.

Friedman diz que Israel não tem opção e precisa aceitar o plano de paz, com criação do Estado Islâmico e a proteção oferecida pelos Estados Unidos e Arábia Saudita para neutralizar ameaças do Irã.

Ou Israel se torna um parceiro do Oriente Médio ou se transforma num pária global, sem a solidariedade integral que os Estados Unidos e os países ocidentais sempre ofereceram ao Estado Judeu. Eis a questão.

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P.S. –
Ao que parece, os pacifistas israelenses já perderam a esperança. Acham que o genocídio em Gaza foi grave demais, nunca será esquecido e daqui em diante Israel passará a viver em permanente estado de guerra, pois a proposta dos EUA e da Arábia Saudita é muito bonita na prática, mas dificilmente impedirá novos atentados dos grupos terroristas islâmicos que agem no mundo inteiro, matando em nome de Deus. (C.N.)

Supremo revalida as restrições à nomeação de políticos em estatais

Corte preservou indicados do governo Lula

Pedro do Coutto

O Supremo Tribunal Federal considerou válida a lei que impede nomeações políticas para empresas estatais. Por 8 votos a 3, a Corte determinou a manutenção de trecho da Lei das Estatais que restringe a indicação de políticos para cargos públicos.

O Supremo, no entanto, determinou que as nomeações que não se enquadram na legislação feita desde a suspensão da norma, em março de 2023, devem continuar válidas. O caso chegou ao STF por meio de uma ação movida pelo PCdoB para questionar trechos que proíbem a indicação de ministros de Estado, secretários estaduais e municipais e titulares de cargo de natureza especial, de direção ou de assessoramento na administração pública para postos no conselho de administração e na diretoria de estatais.

MANUTENÇÃO – Apesar de atestar a validade da Lei das Estatais, porém, o STF decidiu por unanimidade manter as indicações concretizadas durante a vigência da liminar de Lewandowski. A iniciativa tem um caráter importante na medida em que evita o loteamento de cargos na administração pública indireta, mas é difícil estabelecer o conceito entre o que é nomeação política e o que não é.

Regras são estabelecidas a partir de um currículo de nomeados, mas pode haver os casos dos postulantes serem realmente muitos bons, mesmo tendo participado de campanhas políticas. É uma mistura de conceitos que não resolverá o essencial  que é garantir o descompromisso de quem foi nomeado com aquele que o nomeou. Há casos que ficam na história como exemplos de contradições.

Dias Toffoli foi indicado para o STF pelo ex-presidente Lula em sem mandato anterior. Isso não impediu que ele não resolvesse a questão que acabou por impedir a saída de Lula quando estava preso para o enterro de seu irmão que havia falecido. Mas, depois, Toffoli se arrependeu e pediu até o perdão de Lula, mas o presidente responde até hoje com silêncio. Assim, esse critério é muito vago.