Na Serenata de Meyer, geme o violão pelos ares, corda a corda, dedo a dedo…

Augusto Meyer | Leveza e EsperançaPaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, folclorista, ensaísta, memorialista e poeta gaúcho Augusto Meyer (1902-1970) foi membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filologia. Romântico, compôs uma “Serenata” pelas noites enluaradas do outono.

SERENATA
Augusto Meyer

Ai luares de outono, ai luares
lá na rua do Arvoredo!
Serenatas e cantares
Até quase manhã cedo!

Geme o violão pelos ares
corda a corda, dedo a dedo,
abre o peito, e ao cantares
alivia o teu segredo!

Lá se vão de rua em rua,
flauta, violão, cavaquinho
lá se vão ladeira abaixo.

Treme nas águas a lua
e o luar bate, branquinho,
na velha ponte do Riacho.

Chegou o Dia D e a Hora H para Israel aceitar o plano de paz que lhe é proposto

entrelinhas 1011 - (crédito: Caio Gomez)

Charge da Caio Gomez (Correio Braziliense)

Carlos Newton

Importantíssimo o artigo do jornalista Thomas L. Friedman no New York Times sobre a surpreendente negociação de paz iniciada pelos Estados Unidos e pela Arábia Saudita, para pôr fim à Guerra na Faixa de Gaza e iniciar uma nova era no Oriente Médio.

Diretamente de Riad, capital saudita, Friedman explica que Israel conseguiu conter o Hamas em Rafah, na fronteira com o Egito, uma cidadezinha com apenas 21 mil habitantes, onde se diz que estão os últimos quatro batalhões do Hamas e, talvez, seu líder Yehia Sinwar. A área abriga mais de 20 mil residentes permanentes e agora também mais de 1 milhão de refugiados palestinos.

ENIGMA FINAL -Se despejar bombas sobre Rafah, o lider israelense Benjamin Netanyahu estará mesmo se equiparando a Hitler na História Universal. Porém, se aceitar o cessar-fogo pedido pelo Hamas e levar adiante o plano de paz que está sendo abonado pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos, pode até se tornar um dos expoentes da Nova Ordem Mundial, aquela que dizem estar para ser implantada, mas não acontece nunca.

Friedman diz que, se Netanyahu lançar uma invasão de Rafah em larga escala, para tentar acabar com o Hamas, sem oferecer qualquer estratégia de saída israelense de Gaza ou qualquer horizonte político para uma solução de dois Estados com palestinos não liderados pelo Hamas, só irá agravar o isolamento global de Israel e forçar uma verdadeira rutura com o governo Biden e o resto do mundo.

FORÇA DE PAZ – O plano inclui uma força árabe de paz para Gaza e uma aliança de segurança liderada pelos EUA contra o Irã. Isso com um compromisso de Israel aceitar ter como vizinho um Estado palestino gerido pela Autoridade Palestina reformada.

E tudo isso com o benefício de inserir Israel na mais ampla coalizão de defesa de que o Estado judeu já desfrutou e a maior ponte com o restante do mundo muçulmano que Israel já recebeu, ao mesmo tempo em que cria ao menos alguma esperança de que o conflito com os palestinos não será uma “guerra eterna”.

Friedman lamenta que não exista nenhum líder israelense importante que esteja ajudando consistentemente os israelenses a entender essa escolha — ser um pária global ou um parceiro do Oriente Médio. Os israelenses estão todos cegos de ódio pelo atentado do Hamas e se recusam a enxergar a realidade.

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P.S.Se atacar Rafah, Israel vai aumentar a radicalização e favorecer o crescimento de grupos como Hamas,  Estado Islâmico, Irmandade Muçulmana e Al Qaeda, além de unir todos os países árabes contra ele. Vamos aguardar para conferir até que ponto vai a insanidade política. (C.N.)

Com a tragédia no Sul, novo penduricalho dos juízes deve permanecer engavetado

VIVER É PERIGOSO: SENHOR JUIZ, PARE AGORA !

Charge do Lane (Arquivo Google)

Vicente Limongi Netto

Licença para três comentários, de notícias publicados no Correio Braziliense, dia 9: Manchete principal do jornal triste, mas não poderia ser outra: “Chuva, frio e falta de água agravam situação no Sul”. Creio, nessa linha, que a quadra de agonia, destruição e dor no Rio Grande do Sul com as devidas proporções, é semelhante as tragédias que abalam a Faixa de Gaza. Só perde para o número assustador – e infinitamente maior –  de mortes;

Coluna “Eixo Capital” dedica amplo espaço para queixumes banhados de hipocrisia e patetice do deputado e pastor Daniel de Castro, protestando contra o show de Madonna, na praia de Copacabana. Não sei se o irado pastor vai excomungar os evangélicos que vibraram com o show.

NA GAVETA – Colunista Denise Rothenburg tem razão. Escreveu ela: “Com a situação no Rio Grande do Sul cada dia mais triste, o quinquênio do Judiciário tente a ir para a gaveta”. Tomara que o bom senso enterre de vez a descabida e medonha excrescência.

Gerson Nunes, craque dentro e fora de campo, coloca o Instituto Canhotinha de Ouro coletando doações, roupas, alimentos e água, para as vítimas do Rio Grande do Sul, com posto no Estádio Caio Martins, Niterói e núcleos pela cidade, 

No mesmo sentido, o Clube Militar convocou associados para fazerem doações aos irmãos do Rio Grande do Sul. Tudo deve ser entregue na sede esportiva da Lagoa, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro.

SHOWS ILEGAIS – Atendendo pedido do Ministério Público do Amazonas (MPAM), que ingressou com Ação Civil Pública (ACP) contra a realização de shows com despesas acima de R$ 480 mil na cidade do Careiro Castanho, a Justiça do município decidiu, na quinta-feira (09/05), suspender o show da cantora Naiara Azevedo, previsto para o próximo domingo, dia 12 de maio. O município carece de serviços básicos de infraestrutura, saúde e educação.

A ação movida contra a Prefeitura do Careiro havia solicitado e também suspendeu shows dos artistas Wanderley Andrade e da dupla sertaneja Dom Marcos e Davi. Somados, os valores dos três shows superam R$ 480 mil. As apresentações faziam parte da programação da 43ª Festa da Padroeira de Nossa Senhora de Fátima.

Em sua alegação, o promotor de Justiça Daniel de Menezes disse que “não há motivo para a realização dos shows com valores exacerbados, enquanto o município não oferece o básico aos cidadãos, incluindo os salários dos servidores públicos municipais que se encontram em atraso”.

Ajuda às vítimas do Rio Grande do Sul é questão de humanidade

Brasileiros por todo o país se unem para ajudar as vítimas

Pedro do Coutto

A tragédia causada pelas chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul proporcionou um exemplo de solidariedade humana no país, com a  sociedade se mobilizando para socorrer as vítimas. Inúmeras correntes de ajuda se formaram por todo o território nacional comprovando que a população pode agir em prol de causas importantes e emergenciais. O governo federal também tem articulado através dos seus ministérios e órgãos de administração para atender aos milhares de atingidos.

O desastre exigiu uma resposta à altura da tragédia marcada por centenas de municípios em estado de calamidade pública, centros urbanos submersos, cidades isoladas, infraestrutura comprometida e milhares de moradores sem água e luz. Não há espaço para desentendimentos que atrapalhem a assistência às vítimas e a reconstrução.

SOLIDARIEDADE – É comovente ver o movimento de solidariedade com doações e iniciativas diversas para ajudar a população atingida. No último domingo, o presidente Lula da Silva viajou para o RS com uma comitiva que incluía os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira, o ministro Edson Fachin do Supremo Tribunal Federal, o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, além de vários ministros de Estado.

Claro que a expectativa é que autoridades visitem áreas afetadas por desastres, especialmente em ano eleitoral. Mas, em um país ainda influenciado pela polarização, é gratificante ver a cooperação entre muitas forças contribuindo para agilizar decisões que envolvem diferentes níveis de governo e demonstra que divergências não serão um impedimento para fazer o necessário. Nesse momento, é preciso ver em primeiro plano a vida e não questões políticas divergentes ou incentivos aos discursos que buscam a desinformação.

Em versos, a declaração do amor de Castro Alves à atriz Eugênia Câmara

Como eu Vi Castro Alves e Eugênia Câmara no Vendaval Maravilhoso de suas  Vidas - Leitão de Barros - Traça Livraria e Sebo

O poeta amava a atriz desesperadamente

Paulo Peres
Poemas & Canções

O baiano Antônio de Castro Alves (1847-1871), conhecido como poeta abolicionista, tem seu nome vinculado também à música popular brasileira, especialmente ao gênero “modinha”, muito cultivado pelos poetas românticos na segunda metade do século XIX. Teve vários de seus poemas musicados. O mais famoso é, sem dúvida, “O Gondoleiro do Amor”, com música de Salvador Fábregas, gravada por Mário Pinheiro, em 1912, pela Record.

Os versos são construídos com antíteses, refrão, metáforas, hipérbole e vocativo, numa barcarola dedicada a Eugênia Câmara, atriz portuguesa e o grande amor de Castro Alves. Vale ressaltar a associação da cor dos olhos da “dama negra” com a ideia de profundidade.

Em 1941, a modinha “O Gondoleiro do Amor” foi cantada por Sílvio Caldas, acompanhado por um coro de 30 mil vozes regidas pelo maestro Villa-Lobos no estádio de São Januário, pertencente ao Clube de Regatas Vasco da Gama, no Rio de Janeiro.

FELICIDADE É DOM
Salvador Fábregas e Castro Alves

Teus olhos são negros, negros,
Como as noites sem luar…
São ardentes, são profundos,
Como o negrume do mar;

Sobre o barco dos amores,
Da vida boiando à flor,
Douram teus olhos a fronte
do Gondoleiro do amor.

Tua voz é a cavatina
Dos palácios de Sorrento,
Quando a praia beija a vaga,
Quando a vaga beija o vento;

E como em noites de Itália,
Ama um canto o pescador,
Bebe a harmonia em teus cantos
O Gondoleiro do amor.

Teu sorriso é uma aurora,
Que o horizonte enrubesceu,
-Rosa aberta com o biquinho
Das aves rubras do céu.

Nas tempestades da vida
Das rajadas no furor,
Foi-se a noite, tem auroras
O Gondoleiro do amor.

Teu seio é vaga dourada
Ao tíbio clarão da lua,
Que, ao murmúrio das volúpias,
Arqueja, palpita nua;

Como é doce, em pensamento,
Do teu colo no languor
Vogar, naufragar, perder-se
O Gondoleiro do amor!?…

Teu amor na treva é – um astro,
No silêncio uma canção,
É brisa – nas calmarias,
É abrigo – no tufão;

Por isso eu te amo querida,
Quer no prazer, quer na dor…
Rosa! Canto! Sombra! Estrela!
Do Gondoleiro do amor

Resposta do Supremo agrava acusações de censura feitas a Moraes nos EUA

Gilmar Fraga: Telegram.. | GZH

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Carlos Newtom

A fotografia do ministro Alexandre de Moraes, exibida no comitê de Direitos Humanos da Câmara dos Estados Unidos, como se ele fosse garoto-propaganda da censura no Brasil, fez com que o Supremo Tribunal Federal distribuísse uma nota oficial à imprensa, tentando reagir à ofensiva da bancada republicana no Capitólio.

O documento, divulgado pelo Serviço de Comunicação Social do STF, procura justificar as 88 decisões do ministro Alexandre de Moraes tomadas tanto na Supremo quanto no Tribuna Superior Eleitoral, que era presidido por ele nas últimas eleições.

As ordens judiciais de Moraes determinaram às plataformas digitais que suspendessem, bloqueassem e até desmonetizassem os perfis e contas em redes sociais que internautas utilizavam para atacar o sistema eleitoral, fazer apologia aos atentados de 8 de janeiro ou criticar instituições brasileiras.

NOTIFICAÇÃO – O documento, divulgada pelo Serviço de Comunicação Social do Supremo, esclarece que o material vazado se trata de notificação, como se fosse um mandado judicial, enviado às empresas que comandam plataformas para informar decisões a serem cumpridas. Além do X (antigo Twitter), a Meta, dona do Facebook e do WhatsApp, a Rumble e outras companhias foram notificadas.

“Todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas têm acesso à fundamentação”, diz a nota.

A Corte usou a analogia com um mandado de prisão, e destacou que o material divulgado são apenas ofícios, e não as decisões. Só determinam o cumprimento da medida judicial, sem com isso quebrar o sigilo dos processos.

NÃO ADIANTA NADA – A tentativa de defender Moraes não adiantou nada e até agravou a situação dele, porque a nota do Supremo admite que os processos são “sigilosos”, uma expressão que a matriz USA abomina. Lá nos States são raríssimos os processos sigilosos. A Justiça é transparente, pela própria natureza, realizada com as portas abertas. Bem diferente da filial Brazil, onde advogado nem pode mais fazer defesa oral no Supremo.

As 88 decisões de Moraes foram tomadas no “inquérito do fim do mundo”, aquele iniciado em 2019 e que nunca termina. São consideradas como atos de censura, porque não houve queixa judicial, Moraes tomou decisões por moto próprio, atendendo a pedidos de uma comissão de policiais federais criada por ele dentro do TSE, sem ter consultado os demais ministros.

Na matriz USA e no resto do mundo democrático, isso é considerado censura, exercida por policiais e a mando da Suprema Corte, sem ter havido abertura do devido processo legal nem direito de defesa.

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P.S. 1
A pequenina Constituição americana (a menor do mundo, com sete artigos e 27 emendas) não prevê que os atos processuais devam ser públicos. Todavia, os tribunais reconhecem que existe o direito de inspecionar e copiar registros de processos judiciais com base na “common law” (jurisprudência sem base em lei) e nas 1°, 6° e 14° Emendas à Constituição.

P.S. 2Nos EUA, a transparência processual garante o direito de assistir ao julgamento e de ter  acesso aos documentos do processo, obtendo-se cópias mediante pagamento de taxa ao tribunal, Enquanto isso, aqui no Brasil, o Supremo atualmente se especializa em processos sigilosos, na contramão da História. (C.N.)

Pesquisa Quaest mostra que o presidente Lula acertou no socorro ao RS

Lula garantiu que não haverá falta de recursos para atender o RS

Pedro do Coutto

Matéria publicada na Folha de S. Paulo, edição de ontem, revela que a atuação de Lula da Silva nas redes sociais melhorou na medida em que trava o debate com a ofensiva tradicional bolsonarista de desacreditar o governo. Realmente, é importante assinalar que o governo tem o que oferecer através de suas ações. A questão do meio ambiente, por exemplo, é onde o Brasil leva vantagem, bem como no socorro das milhares de vítimas das chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul.

Ao mesmo tempo, Pesquisa Quaest divulgada também nesta quarta-feira, aponta que 50% dos entrevistados aprovam o trabalho de Lula. Por outro lado, 47% desaprovam. Esta é a primeira vez que o percentual dos que aprovam e desaprovam empata tecnicamente. Outros 3% não souberam ou não responderam. O levantamento encomendado pela Genial Investimentos ouviu 2.045 pessoas, em 120 municípios, entre os dias 2 e 6 de maio. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

ACERTO – A equipe governamental avalia que a pesquisa mostra que o governo acertou, conforme dito no início deste artigo, no socorro prioritário ao Rio Grande do Sul. Além disso, o diálogo com evangélicos aberto recentemente foi um ponto positivo. Assessores presidenciais destacam também que o governo precisa evitar estimular a polarização e acenar para os eleitores que não votaram nem em Lula nem em Jair Bolsonaro, grupo que acaba sendo um termômetro importante sobre a avaliação da administração petista.

Segundo a equipe de Lula, o trabalho do governo em dois setores teve resultados. Na região Sul, a aprovação subiu de 40% para 47% entre fevereiro e maio. Enquanto a desaprovação caiu de 57% para 52%. Reflexo da atenção e prioridade para o socorro ao Rio Grande do Sul, um estado bolsonarista.

Entre os evangélicos, grupo que ganhou atenção especial de ações do governo e foco de publicidade, a reprovação caiu de 62% para 58% e a aprovação subiu de 35% para 39%. Ou seja, destacam auxiliares, o governo acertou ao fazer esses movimentos nas últimas semanas. O levantamento mostra que o governo conseguiu estancar a queda na aprovação do presidente Lula, mas o alerta vem do fato de que as curvas estão empatadas tecnicamente. Enquanto 50% aprovam o trabalho do petista, 47% desaprovam.

A tragédia de Branca Dias, condenada à fogueira da Inquisição pelo amor proibido 

REGINA DUARTE (NAMORADINHA DO BRASIL): REGINA DUARTE É BRANCA DIAS NA PEÇA  DE TEATRO, O SANTO INQUÉRITO (1978)

Regina Duarte viveu Branca Dias no teatro

Paulo Peres
Poemas e Canções 

O professor e poeta Antônio Carlos Ferreira de Brito, mineiro de Uberaba e conhecido como Cacaso (1944-1987), tem o seu lugar entre os gênios que fazem a história da Música Brasileira em seus diversos estilos populares. “Branca Dias” tem parceria de Edu Lobo e faz parte do seu LP Camaleão, gravado em 1978, pela Polygram/Philips.

Essa é uma das músicas incluídas na peça “O Santo Inquérito”, de Dias Gomes, cuja letra reproduz a poesia que os movimentos do vento transmitem, comparando-o com os dias de sofrimento vividos por Branca Dias, personagem que devido a conduta do Padre Bernardo para com ela, que, a princípio, era a de conduzi-la à ortodoxia da fé e expurgá-la de seus pecados, todavia quando a paixão carnal começa a queimá-lo por dentro, ele vê que só a condenação dela poderá livrá-lo da perdição do inferno e, consequentemente, condena Branca Dias a ser queimada viva na fogueira da Inquisição.

BRANCA DIAS
Edu Lobo e Cacaso

Esse soluço que ouço, que ouço
Será o vento passando, passando
Pela garganta da noite, da noite
A sua lâmina fria, tão fria
Será o vento cortando, cortando
Com sua foice macia, macia
Será um poço profundo, profundo
Alvoroço, agonia

Será a fúria do vento querendo
Levar teu corpo de moça tão puro
Pelo caminho mais longo e escuro
Pela viagem mais fria e sombria
Esse seu corpo de moça tão branco
Que no clarão do luar se despia
Será o vento noturno clamando
Alvoroço, agonia

Será o espanto do vento querendo
Levar teu corpo de moça tão puro
Pelo caminho mais longo e escuro
Pela viagem mais fria e sombria
Esse soluço que ouço, que ouço
Esse soluço que ouço, que ouço

Defesa de Moraes fraquejou no comitê dos EUA que discute censura no Brasil

Advogado que defendeu Moraes não tinha o que dizer

Carlos Newton

Nesta terça-feira (dia 7), a censura imposta no Brasil pelo ministro Alexandre de Moraes, com apoio do Supremo Tribunal Federal e do governo Lula da Silva, começou a ser efetivamente analisada em dois comitês da Câmara dos Deputados norte-americana.

É uma luta entre democratas (Biden) e republicanos (Trump), mas quem fica no meio da ringue, levando pancadas de todo lado, é o ministro Moraes, que virou sparring na política internacional.

DEPOIMENTOS – No primeiro assalto dessa luta, quatro testemunhas foram convidados a subir no ringue e três delas foram logo espancando Moraes – o jornalista e apresentador Paulo Figueiredo (ex-Jovem Pan), neto do ex-presidente João Figueiredo, a executiva Chris Pavlovski, diretora da rede social Rumble, e o jornalista americano Michael Shellenberger, que divulgou os arquivos do Twitter relacionados ao Brasil, em abril.

Esses três depoentes apontaram múltiplas e sucessivas violações de liberdade de expressão cometidas por autoridades brasileiras, especialmente pelo ministro Moraes.

Não houve novidade, porque os documentos já estavam  em poder do comitê, cujos integrantes já tiveram oportunidade de analisá-los.

DEFESA FRACA – O quarto integrante do painel, indicado por democratas, foi o professor de estudos brasileiros da Universidade de Oklahoma, Fábio de Sá e Silva, que assumiu a espinhosa função de rebater as acusações a Moraes.

Sem ter argumentos para justificar o comportamento ditatorial do ministro brasileiro, o advogado Sá e Silva classificou de nonsense as alegações de perseguição e censura. Alegando ser a única pessoa na sala com um diploma de direito no Brasil, ele disse que a legislação brasileira permite que juízes ordenem a remoção de contas nas redes sociais em caso de violações.

Acontece que isso não é verdade. A lei brasileira prevê a apresentação de queixa por suposta vítima, com direito de defesa garantido ao infrator. Moraes não respeitava esta lei e excluía perfis, bloqueava contas e até mandava prender, sem que houvesse queixa judicial, investigação e processo. E isso significa censura, em qualquer país democrático.

FOTO DE HERZOG – O advogado alegou que Moraes estava justamente tentando evitar um golpe de estado no Brasil, mas nos EUA ninguém entende que possa ser necessário instituir censura para impedir a instauração de um regime ditatorial, e assim a alegação se torna Piada do Ano.

No desespero, o defensor de Moraes mostrou uma foto do jornalista Vladimir Herzog, torturado e morto em 1975 pelo regime militar, que simulou suicídio no cárcere. “Isso é o que acontecia com jornalistas brasileiros na ditadura”, disse o depoente.

Nesse clima, as audiências vão ter seguimento nos dois comitês, e o ponto básico é o desrespeito da filial Brazil à Primeira Emenda da Constituição da matriz USA, que consagra a liberdade de expressão, com expressa proibição a qualquer tipo de censura.

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P.S. 1 –
Nos comitês do Capitólio, os republicanos terão oportunidade de contar livremente sua versão dos acontecimentos políticos aqui na filial Brazil, que não têm sido nada respeitosa em relação à Primeira Emenda, especialmente pelos atos ditatoriais que Moraes toma, inclusive colocando deputado federal na cadeia, um fato que os americanos da matriz USA consideram delírio total antidemocrático. Preparem as pipocas. 

P.S. 2 Se arrependimento matasse, o ministro Moraes já teria passado desta para a melhor, como se dizia antigamente. Ele já sentiu o tamanho do problema que criou e agora está se apresentando em nova versão de Xandinho Paz & Amor. Não vai adiantar nada, é claro, porque Moraes está sendo investigado pelos atos que praticou no passado, quando ainda se julgava o rei da cocada preta, e não pelas bondades que está fazendo agora. E haja Lexotan! (C.N.)

Desvincular do reajuste do salário mínimo a aposentadoria do INSS será um crime

Sorriso Pensante-Ivan Cabral - charges e cartuns: Charge: Salário x Fim do  mês

Charge do Ivan Cabral (Sorriso Pensante)

José Carlos Werneck

A jornalista Vera Rosa, em sua coluna, em “O Estado de São Paulo” noticiou nesta terça-feira que “nos bastidores, cúpula do PT acha que Haddad “terceirizou” a má notícia, ainda em estudo, para medir impacto na população, enquanto Luiz Marinho, ministro do Trabalho, diz que proposta é “absurda”.

Realmente essa perversa, desumana e infeliz ideia de desvincular da política de aumento real do salário mínimo o pagamento das aposentadorias do INSS conta com a oposição de ministérios de áreas sociais e abre nova frente de ataques do PT na direção do titular da Fazenda, Fernando Haddad.

BALÃO DE ENSAIO – Embora a ideia tenha sido externada pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, a cúpula do PT tem absoluta certeza que Haddad “terceirizou” a notícia e lançou a maldade no ar como uma espécie de balão de ensaio para medir o impacto na população.

É a velha tática de apresentar o bode mal-cheiroso à sala para ver a reação dos presentes. Além de Tebet, que desconhece por completo a miséria em que vivem os menos favorecidos, com suas ínfimas aposentadorias e pensões, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, também admitiu que o governo Lula pode recorrer a novas medidas para conter a explosão dos gastos previdenciários.

Assim como a ministra do Planejamento, Ceron tratou a questão como um “sinal de alerta”.

OBJETIVO CRUEL – Ninguém do governo afirma com todas as letras, mas, na prática, o plano é mesmo rever alguns benefícios sociais, hoje atrelados ao aumento do mínimo, para o ajuste fiscal avançar e sair das cordas, à custa dos aposentados e pensionistas.

A infeliz e perversa proposta não é novidade. No governo de Bolsonaro, a estratégia foi defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, mas não chegou a prosperar. Agora reapareceu, com outros argumentos, em uma entrevista de Simone Tebet ao jornal Valor Econômico.

Para a insensível ministra, o país não conseguirá estender indefinidamente a política de valorização do mínimo à aposentadoria, ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), ao seguro-desemprego e ao abono salarial.

CONVICÇÃO OU DOR – “Teremos que cortar o gasto público pela convicção ou pela dor”, disse Simone Tebet. Foi o que bastou para virem a público as críticas ao “sinal de alerta” dado pela equipe econômica.

“Sou totalmente contra essa proposta, que acho absurda”, afirmou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho. “Se é para apresentar uma proposta dessas, vamos logo acabar com a política de valorização permanente do salário mínimo”.

Para o ministro da Previdência, Carlos Lupi, do PDT, a sugestão apresentada por Tebet não tem como prosperar. “Isso é tirar renda da parte mais pobre da população”, constatou Lupi. “Lutarei contra.”

CONTAS NÃO FECHAM – Desde o ano passado, a equipe econômica tem avaliado formas de reduzir as correções de benefícios previdenciários e sociais porque as contas não fecham dentro do arcabouço fiscal.

Desta vez querem fazer o ajuste de contas nas costas dos menos aquinhoados. A meta do governo é zerar o déficit em 2024 e 2025, embora o presidente Lula da Silva admita ficar “irritado” com esses números. “Essa é uma discussão que nenhum país do mundo faz”, observou Lula, nesta terça-feira,

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, diz que partido não vai admitir tesourada sobre benefícios dos mais pobres: e indagou, sabiamente: “Por que não cortam os juros?”

Pesquisas eleitorais não são propagandas antecipadas

Charge do AFTM (blogdoafmt.com.br)

Pedro do Coutto

Setores políticos e até da Justiça Eleitoral debatem a possibilidade de que as pesquisas eleitorais podem ser consideradas propagandas antecipadas de candidatos às eleições deste ano. Não creio que seja procedente o argumento. As pesquisas eleitorais apenas identificam o potencial de candidatos aos cargos majoritários e não induz ninguém a votar em função de seus resultados.

Os resultados, aliás, se generalizam  em relação ao potencial que cada postulante possui. Essa revelação não é uma propaganda eleitoral em si, mas apenas um instrumento de orientação da opinião pública.

ORIENTAÇÃO – Inclusive há casos em que candidatos pontuam muito bem nas pesquisas e nas urnas não têm o mesmo resultado. Logo, a pesquisa eleitoral é algo que interessa não só aos partidos, mas ao eleitorado de forma geral, além de servir de orientação sobre a administração de gestores frente aos desafios que lhes são colocados.

O potencial de cada candidato é realmente do interesse público dos eleitores e das legendas que assim escolhem em seus quadros os melhores situados. Trata-se apenas de um levantamento que busca revelar a força de cada candidato postulante ao cargo em questão.

As pesquisas existem no país há décadas e nunca ninguém levantou a tese de que se trata de propaganda eleitoral, tanto que os veículos de comunicação as utilizam como desejam.  Aliás, as próprias pesquisas mudam seus resultados ao longo da campanha, não indicando preferências, mas um panorama geral e as tendências dos próprios eleitores, sob critérios de igualdade.

REAÇÃO – Enquanto isso, vemos uma reação do Congresso contra o senador Randolfe Rodrigues. Parlamentares criticam a atuação do líder do governo no Congresso por dificuldades em firmar acordos para a análise de vetos presidenciais. Diante desse impasse, o Parlamento não realizou nenhuma sessão conjunta neste ano. As queixas não são restritas a membros da oposição. Nos bastidores, parlamentares da própria base do governo Lula  se mostram insatisfeitos com o que classificam de falta de traquejo político do senador.

Aliados do senador no Congresso afirmam que ele entrou na artilharia do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e que boa parte da desaprovação se dá pelo apetite insaciável dos parlamentares por emendas. É um grande equívoco tudo isso. A queda ou manutenção de vetos não pode estar em jogo em decorrência de quem lidera o governo ou a oposição. Os vetos são matérias concretas, e ficam a cargo dos deputados e senadores defini-los.,

Não é Randolfe Rodrigues o responsável pela falta de articulação do governo. Ele é apenas um líder, mas que não pode, necessariamente, impor a sua vontade sobre os outros parlamentares.

Em poucos versos, Affonso Romano faz uma bela e precisa definição de amor 

Acervo Pernambuco - Affonso Romano de Sant'Anna encara as demandas do tempo

Affonso Romano, grande poeta

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista e poeta mineiro Affonso Romano de Sant’Anna, no poema “Arte Final”, explica que não é somente um imenso amor que nos leva a poetizar.

ARTE FINAL
Affonso Romano de Sant’Anna

Não basta um grande amor
para fazer poemas.
E o amor dos artistas, não se enganem,
não é mais belo
que o amor da gente.

O grande amante é aquele que silente
se aplica a escrever com o corpo
o que seu corpo deseja e sente.

Uma coisa é a letra,
e outra o ato,
quem toma uma por outra
confunde e mente.

Debates na internet atingem um nível de radicalismo realmente insuportável

Imagem

Charge do Lafa (Arquivo Google)

Carlos Newton

Em recente artigo na Folha, Joel Pinheiro da Fonseca, economista e mestre em filosofia pela USP, levantou uma tese muito importante e verdadeira, ao criticar a polarização, que torna inútil qualquer debate político e prejudica expressivamente as discussões sobre temas econômicos ou sociais. Realmente, na fase atual, qualquer debate parece ser apenas perda de tempo.

Conforme destaca o articulista, as opiniões já estão previamente extratificadas e o debate se torna estéril, não interessa quem esteja defendendo a tese mais correta, digamos assim, e a discussão confirma o velho ditado de que “opinião é como bunda, cada um tem a sua”.

EXEMPLO DO BLOG – Aqui na Tribuna da Internet comprova-se a procedência da tese exposta na Folha por Joel Pinheiro da Fonseca, que é um dos destaques entre os novos articulistas da grande imprensa.

Atualmente, todo debate é travado com a faca nos dentes, cada qual tenta ofender e ridicularizar ao máximo o adversário, é uma chatice sem fim, agravada pela participação de todos os tipos de robôs possíveis e imagináveis, com inteligência artifical ou pré-fabricada.

Mesmo assim, devemos considerar positiva a existência dessas discussões exacerbadas. Radicalismos à parte, qualquer debate é muito melhor do que nenhum debate. Não há coisa mais enfadonha do que esses espaços na web que só publicam texto a favor de Lula ou a favor de Bolsonaro, uma mesmice abominável.

ACIMA DA BAIXARIA – A Tribuna da Internet luta para escapar dessa baixaria institucionalizada, até porque ninguém está sempre certo, o tempo todo, repetiria o genial Abraham Lincoln.

Assim, apelamos aos comentaristas e robôs que travem as discussões com respeito, sem ofensas ou palavrões, e até apelando para o humor.

Com toda certeza, é preciso que haja espaços independentes na internet, que operem sob o signo da liberdade, para que esse país fique com aparência de uma democracia, já que sabemos que ele ainda está longe, muito longe de ser considerado uma nação verdadeiramente civilizada.

BALANÇO DE ABRIL – Como sempre fazemos, vamos publicar o balanço das contribuições ao blog, que nos possibilitam trabalhar essa utopia jornalística.

De início, as colaborações efetuadas através da Caixa Econômica Federal:

DIA   REGISTRO    OPERAÇÃO             VALOR
01     000001         CRED TED……………..30,00
12     120949         DEP DIN LOT……….230,00
16     161511         DEP DIN LOT……….100,00
26     261655         DEP DIN LOT……….230,00

Agora, os depósitos feitos na conta do Itaú/Unibanco:

01   TED 033.3591.ROBER SNA……….200,00
02   TED 001.5977.JOSE APJ……………302,04
02   PIX TRANS JOSE FR………………….100,00
02   PIX TRANS PAULO RP………………..100,00
15   TED 001.4416.MARIO ACRO…….300,00
15   PIX TRANS JOAO NA…………………..50,00
30   TED 033.3591.ROBERTO SNA……200,00

Por fim, a contribuição feita no Bradesco:

02   TRANS LC BRANCO PAIM………….400,00

Agradecendo muito a todos os amigos e amigas que participam dessa aventura de manter um espaço livres na internet, e vamos em frente, como diz o Pedro do Coutto, nosso decano (C.N.).                 

Lembrando Havelange, o brasileiro que fez o futebol ser um superesporte

COI não fará homenagem a Havelange, morto aos 100 anos - Jornal O Globo

Havelange foi o maior dirigente esportivo da História

Vicente Limongi Netto

Guerreiro João Havelange completaria amanhã, dia 8, 108 anos de idade. Uma vida dedicada ao futebol. Quando assumiu a presidência da FIFA, a entidade era um pardieiro. Com competência e lucidez, Havelange transformou a FIFA numa potência esportiva e financeira. Uniu o mundo e raças com o futebol. Minha amizade com Havelange nasceu de pai para filho.

Usando calça curta, ia, com meu pai, cartola do futebol amazonense, visitá-lo, na então CBD, Rua da Alfândega, centro do Rio de Janeiro. Lembro que ficava admirado, ouvindo o vozeirão daquele homem. Alto e elegante. Impecável, sempre de paletó e gravata.

TUDO PELO FUTEBOL -Havelange gostava muito de meu pai, Andréa, filho de italiano, e que foi um homem bom, divertido, operoso e leal aos amigos.  Amizade cresceu. Tempo passando. Trocávamos cartas, relatando suas missões pela FIFA. No mundo inteiro. Recebido por reis, rainhas e presidentes.

Parasitas e venais que não ergueram sequer um tijolo em benefício do futebol, jamais mancharão a trajetória e o legado de conquistas de Havelange. A imensa e irretocável contribuição que deixou ao futebol, brasileiro e mundial.

Estivemos juntos, na missa celebrando os 100 anos de idade dele, numa igreja em Ipanema. Doente, conversávamos pelo telefone.  Guardo no coração a amizade de Havelange. Deus e Maria têm Havelange em bom lugar.

Janja foi conferir de perto a tragédia no Sul

DONA JANJA – Colunista do Correio Braziliense, Denise Rothenburg, mostrou-se encantada com o gesto da primeira dama, dona Janja, por adotar uma cadela, resgatada da tragédia no Rio Grande do Sul. Gesto saudável da mulher de Lula. Depois apareceu toda pronta, carregando um saco de ração.

Porém, a meu ver, Janja agiria melhor, ganharia aplausos gerais, se saísse do conforto dos palácios do Planalto e do Alvorada e da Granja do Torto e pegava o avião em direção as regiões atingidas. Com calça jeans, blusa simples, botas e mochila, para ajudar no resgate de idosos, crianças e adultos. Colaborando com voluntários, na distribuição de alimentos, água e roupas. Com a tropa de assessores, aspones e seguranças, não importa. Mas que vá. Coloque os pés na lama e no barro. Sinta-se útil, com alma e coração grandiosos.  Contribua, de fato, para abrandar o sofrimento do povo que perdeu tudo. O maridão dela, Lula, está fazendo, com méritos e patriotismo, a parte dele. Ande, Janja, não perca tempo.

BOM JORNALISMO – APLAUSOS PARA O JORNALISMO DA TV-GLOBO, gerando os jornais, inclusive o programa da Patrícia Poeta e o Jornal Nacional, com William Bonner, ao vivo, direto dos locais atingidos.

Elogios merecidos, pelo profissionalismo.

Ofensiva negacionista: Bolsonaro mira Reforma Tributária nas redes

Bolsonaro alimenta suas redes através  da polarização

Pedro do Coutto

Reportagem publicada pelo O Globo de ontem revela que o ex-presidente Jair Bolsonaro está usando as redes sociais para combater a regulamentação da reforma tributária e, dessa forma, tenta manter-se envolto pelo clima de polarização que ainda movimenta as correntes de oposição ao governo Lula.

Entre 26 de abril e 1º de maio, Bolsonaro fez dez postagens nas redes sociais expressando sua oposição ao texto apresentado ao Congresso Nacional, algumas delas contendo informações imprecisas sobre o assunto. De acordo com um relatório da consultoria Bites, encomendado pelo O Globo, essas postagens alcançaram em média 558 mil pessoas, liderando o ranking de relevância digital relacionado à reforma.

MUDANÇAS – A proposta da Reforma Tributária visa consolidar os impostos federais, estaduais e municipais sobre bens e serviços. O texto da Emenda Constitucional 132, que estabeleceu a reforma, propõe que as mudanças no sistema de cobrança de impostos sejam neutras em termos de impacto financeiro.

Em outras palavras, a Constituição prevê que não haverá aumento na carga tributária em relação ao nível atual ao final do período de transição da reforma. Isso significa que não se espera que os brasileiros paguem mais impostos como resultado dessas mudanças.

NEGACIONISMO – As contestações de Bolsonaro chocam-se diretamente com a posição de Fernando Haddad, tratando-se assim de mais uma ofensiva negacionista de Bolsonaro que deseja alimentar e intensificar a sua posição contrária ao governo Lula da Silva, criando confusão sobre a matéria.

Afinal de contas, quais seriam os motivos da oposição que visam abalar as ações do governo e estender uma competição que não tem sentido ? De que adianta agora ir contra a regulamentação da reforma ? Nada. A exemplo do que fez durante a sua gestão, Bolsonaro, mais uma vez, está perdendo o seu tempo sem um propósito definido.

Evidentemente, sempre existirão correntes contra a favor em um debate. Mas se opor simplesmente para gerar engajamento nas redes sociais, porém sem argumento algum ou base sólida, visando apenas alimentar o clima de polarização, reflete o esvaziamento de conteúdo das pautas defendidas.

A coisa mais fina do mundo é o sentimento, o amor, ensina Adélia Prado

Amor pra mim é ser capaz de permitir... Adélia Prado - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A professora, escritora e poeta mineira Adélia Luzia Prado de Freitas, no poema “Ensinamento”, fala de opiniões e sentimentos.

ENSINAMENTO
Adélia Prado

Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.

Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
“Coitado, até essa hora no serviço pesado”.
Arrumou pão e café,
deixou tacho no fogo com água quente.

Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.

Lula é aconselhado a evitar estímulos à polarização em seus discursos

Lula reduziu menções a Bolsonaro e a Moro

Pedro do Coutto

Reportagem publicada no O Globo revela que o presidente Lula da Silva reduzirá as citações que estimulem a polarização política em seus pronunciamentos e discursos. A decisão foi tomada após uma série de debates com seus assessores, e a partir de agora a intenção é que Lula direcione menos energia para a polarização política. Uma mudança notável foi a redução dos ataques diretos ao seu principal adversário, Jair Bolsonaro, após pesquisas indicarem uma queda em sua popularidade.

Lula também diminuiu as referências ao senador Sergio Moro, outro rival, e reduziu suas críticas à Operação Lava-Jato. A percepção entre os colaboradores de Lula é que ao focar menos nos adversários, as conquistas e iniciativas do governo passam a receber mais destaque.

SINAL DE ALERTA – Embora publicamente ministros tenham tentado minimizar o impacto das pesquisas divulgadas a partir de março, os números geraram um sinal de alerta no Palácio do Planalto. Levantamentos do Datafolha, da Quaest e do Ipec mostraram queda ou estagnação na avaliação positiva e aumento no percentual daqueles que consideram a gestão como ruim ou péssima.

A última crítica mais incisiva de Lula a Bolsonaro ocorreu em 18 de março, durante a abertura da primeira reunião ministerial do ano. Na ocasião, o presidente referiu-se ao seu adversário como “covardão”, sem mencionar o nome diretamente, ao afirmar que não houve golpe no final de 2022 por essa razão. Esse ataque dominou a repercussão da reunião ministerial, obscurecendo os temas tratados em pauta. Esse episódio tem sido usado como exemplo por auxiliares nas discussões internas com Lula.

INICIATIVAS – Além de defender que o presidente concentre na divulgação das iniciativas do governo, a percepção no círculo próximo de Lula é que fazer menções ao adversário intensifica o clima político. Para os assessores do presidente, essa postura contradiz o discurso de pacificação nacional proferido por Lula no dia de sua vitória nas eleições presidenciais de outubro de 2022. Portanto, houve um esforço dos auxiliares para que Lula mudasse o foco. Diante do alerta das pesquisas, o presidente atendeu ao apelo.

O silêncio, de fato, poderá colaborar para minimizar o clima de polarização no país, sobretudo não dando aos bolsonaristas munição para revides imediatos que acabam por os contemplarem nos espaços da mídia. O país precisa de ações políticas efetivas, articulações que revertam efeitos para as demandas da sociedade e mais planejamento para as necessidades da população. Alimentar confrontos não surtem efeitos práticos em benefício da sociedade. Pelo contrário, ocupa um demasiado espaço nas agendas e deixam para escanteio as verdadeiras preocupações do país.

Mauro Cid pode estar armando para anular a delação contra Bolsonaro

Cid assumiu tudo, não colocou Bolsonaro em nada”, diz advogado | Metrópoles

Advogado de Mauro Cid alega que o réu está arrependido

Carlos Newton

Não existe política mais surrealista do que a brasileira. Para confirmar essa certeza, basta acompanhar a trajetória do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL), que acaba de sair de nova temporada na cadeia. Desta vez, ficou preso durante dois meses devido à gravação de uma conversa dele com um amigo, na qual criticou os “poderes absolutos” do ministro Alexandre de Moraes e afirmou ter sofrido coação da Polícia Federal em seus depoimentos.

No mesmo dia em que foi libertado, seu advogado Cesar Bitencourt se apressou em declarar aos repórteres Caio Vinícius e Luísa Carvalho, do Poder360, que seu cliente afirma que “pisou na bola” em relação aos áudios vazados, em que revelou ter sido obrigado a delatar seu ex-chefe, mediante “a narrativa” já traçada pela PF etc. e tal.

TUDO COINCIDÊNCIA? – Parece coincidência, mas não é. Com a insistência em lembrar a denúncia de que Mauro Cid teria sido pressionado por seus interrogadores, o advogado Cesar Bitencourt deixa entreaberta a brecha da lei, para que possa ser aproveitada no futuro, imitando a linha de defesa que foi adotada para desmontar a Lava Jato.

Na gravação com o amigo desconhecido (que Mauro Cid disse não lembrar quem era, vejam a que ponto chega a desfaçatez dessa gente), o tenente-coronel deixou bem claro que os delegados da Polícia Federal faziam as perguntas e tentavam fazê-lo responder da forma que eles desejavam.

Em tradução simultânea, basta o advogado de Bolsonaro requisitar as fitas dos depoimentos. Se em algum trecho aparecer o delegado federal pressionando Mauro Cid, as provas vão para o espaço, a delação será anulada e seu conteúdo não mais terá serventia jurídica.

MORAES ELOGIA CID – Foi por isso que, ao libertar o tenente-coronel, o ministro Moraes fez questão de reafirmar a validade da delação.

“Consideradas as informações prestadas em audiência nesta Suprema Corte, bem como os elementos de prova obtidos a partir da realização de busca e apreensão, não se verifica a existência de qualquer óbice à manutenção do acordo de colaboração premiada nestes autos, reafirmadas, mais uma vez, a regularidade, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração à exigência legal e a voluntariedade da manifestação de vontade”, escreveu o ministro.

Caramba! Moraes, o mais rigoroso dos ministros da História, passa a borracha nas gravíssimas denúncias de Mauro Cid para tentar apagá-las dos autos. Mas isso “non ecziste”, diria padre Quevedo. As acusações feitas pelo tenente-coronel nao podem ser desqualificadas sem serem antes apuradas, e não foi aberta apuração interna para investigar se os interrogadores de Mauro Cid já tinham mesmo uma narrativa pronta, conforme ele afirma na gravação com o amigo misterioso.

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P.S. 1 – 
O advogado de Cid acompanhou toda a delação e não denunciou irregularidades. Mais à frente, porém, pode alegar que também foi coagido, porque aqui na filial Brazil tudo é possível. Com isso, Bolsonaro não se livraria da inelegibilidade, mas poderia escapar da prisão, que é seu maior pavor.

P.S.
 2É por essas e outras – muitas outras, aliás – que a gente reafirma que a política brasileira não tem igual e se tornou um desafio à critividade de qualquer roteirista de Hollywood.  Aqui na filial Brazil, o que vale hoje pode não valer nada amanhã. E vida que segue, diria João Saldanha. (C.N.)

Ao libertar Mauro Cid, Moraes revela estar confiante na delação do militar

Mauro Cid  estava preso desde o dia 22 de março

Pedro do Coutto

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mandou soltar na última sexta-feira, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro na Presidência e delator Mauro Cid. Na decisão, Moraes manteve o acordo de delação que está firmado com o militar e também as mesmas medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.

Na decisão, Moraes afirma que Cid compareceu à Diretoria de Inteligência da PF após ser detido em março e, na ocasião, prestou novos depoimentos com “informações complementares sobre os áudios divulgados”. O ministro ainda considerou que, em seu pedido de soltura, Cid reafirmou a validade dos relatos que fez até então no âmbito das investigações que atingem, principalmente, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

PERCEPÇÃO DE RISCO – “Nessas circunstâncias reduziu-se a percepção de risco para a instrução criminal e para a aplicação da lei penal. A pretensão de revogação da custódia cautelar parece reunir suficientes razões práticas e jurídicas, merecendo acolhimento sem embargo de serem retomadas integralmente as medidas cautelares diversas da prisão anteriormente impostas ao investigado”, afirmou o ministro.

Alexandre de Moraes, ao suspender a prisão do tenente-coronel Mauro Cid, no fundo, revelou que está confiante na delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Mauro Cid, portanto, manterá firme as suas versões sobre as jóias que foram destinadas ao ex-presidente da República, e que teve que devolvê-las ao patrimônio público. Confirmará também a questão da falsificação de atestados de vacinas, e, por fim, e o mais importante, as articulações na tentativa de um golpe de Estado que culminou com as depredações do dia 8 de janeiro de 2023 em Brasília.

Conheça uma balada quase metafísica, com duração, tempo e espaço 

Biblioteca do Senado Federal - Abgar Renault foi um professor, educador,  político, poeta, ensaísta e tradutor brasileiro. Seu primeiro livro de  poesia, “Sofotulafai”, foi publicado em 1972; seguido por “Sonetos Antigos”  e “Paulo Peres
Poemas & Canções

O professor, tradutor, ensaísta e poeta mineiro Abgar de Castro Araújo Renault (1901-1995), no poema “Balada Quase Metafísica”, implora a Deus que tenha pena dele.

BALADA QUASE METAFÍSICA
Abgard Renault

Eu estou assim
absolutamente irremediável
por dentro e por fora, acordado ou dormindo
na Duração, no Tempo e no Espaço.

Eu sou assim:
sem cômodo comigo, sem pouso, sem arranjo aqui dentro.
Quero sair, fugir para muito longe de mim.
Todas as portas e janelas estão irrevogavelmente trancadas
na Duração, no Tempo e no Espaço.

Que é que eu vou fazer?
Não fica bem, assim sem mais nem menos, falecer.
Queria rezar, mas eu sou isto, meu Deus!,
e de minha reza, se reza fosse,
não ouvirias uma só palavra.

Tem pena, uma pena bem doída de mim,
meu Deus, e ouve para sempre esta oração,
e ampara isto que sou eu
na Duração, no Tempo e no Espaço.